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EDUARDO NO
REINO DA TABUADA!

“DEDICADO AOS PROFESSORES


QUE PROCURAM CAMINHOS...”

HISTÓRIA E ILUSTRAÇÕES:

ADRIANO EDO NEUENFELDT


1ª EDIÇÃO
SANTA MARIA-RS
2010

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BIOGRAFIA DO AUTOR

Adriano Edo Neuenfeldt é formado em Matemática (Licenciatura


Plena) e bacharel em Desenho e Plástica, ambos pela UFSM.
Também é Mestre em Educação e desenvolve oficinas pedagógicas
trabalhando prioritariamente com Literatura Infantil e Ensino de
Matemática. Atuou durante dois períodos como professor substituto
na UFSM e como professor da rede pública de ensino. Atualmente
é professor de Matemática do Ensino à Distância – Curso de
Pedagogia – UAB.

Contato: nea2007@bol.com.br

N481e Neuenfeldt, Adriano Edo


Eduardo no reino da tabuada /
ilustrações e história de Adriano Edo Neuenfeldt. –
1. ed. – Santa Maria : [s. n.], 2009.
20 p. : il. ; 20 cm.

1. Literatura 2. Literatura infanto-juvenil


3. Literatura infantil I. Título.

CDU 82-93

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Era uma vez...

Era uma vez um menino chamado


Eduardo. Eduardo era um menino
como muitos outros, com a mesma
rotina diária. Todo dia sua mãe
acordava-o, arrumava o seu café, sua
sacola e o mandava para a escola.
Eduardo não gostava muito de
estudar. Na verdade se perguntava
todo dia:
- Por que preciso ir à escola? A escola
é chata!
Mas além de não gostar da escola,
ele detestava Matemática.
Sua professora, e ele não entendia
porque a professora os chamava de
“meus alunos”, ele não era dela, fazia
perguntas. Para Eduardo eram
perguntas demais. Se ela já sabia a
resposta por que perguntar? Ela
perguntava sobre números inteiros,
frações, tabuada... de tudo um pouco.
Além disso, gostava que todos
fossem para o quadro responder as
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perguntas. Isto ele detestava. Ficar lá
na frente, para que os outros
observassem e rissem se não
soubesse a resposta.
Certo dia a professora o chamou
para ir até o quadro, era o dia da
tabuada.
- Mas eu não gosto de ir ao quadro!
Chame alguém que goste!
A professora insistiu:
- Eduardo, responda: quanto é 2 x
3?

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Ele pensou e pensou, e não conseguiu
responder.
Mas também para que ia servir
saber quanto era 2 x 3?
- Não sei professora, não gosto
disso!
A professora o repreendeu e
mandou que ele escrevesse no seu
caderno 100 vezes quanto era 2 x 3.
Páginas e páginas forma preenchidas:
2 x 3, 2 x 3, 2 x 3, ... Para que tudo
aquilo? Pensava Eduardo.
Se não bastasse isto, a professora
começou a chamar Eduardo todos os
dias, era Eduardo para cá, Eduardo
para lá. E, assim, cada dia que
passava, Eduardo gostava menos de
matemática e da escola. Se encontrava
a professora na rua atravessava para o
outro lado.
Cansado daquilo, ele começou a
inventar desculpas para não ir à escola.
No início elas funcionaram, mas aos
poucos não havia mais dor de cabeça,
dor de barriga, dor de dente, feriados,
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etc, que bastasse. Então, o menino não
viu outra alternativa, começou a desviar
do caminho da escola. No fundo ele
não achava tão ruim a escola, o recreio
e a merenda ele adorava, mas a
professora! Bah!
Num desses dias resolveu que ia
pescar. Ele já tinha escondido a sua
vara e a isca entre os arbustos.

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Eduardo fez de conta que estava
indo para escola e durante o caminho
foi noutra direção.
- Ir na escola para quê? Vou pescar!
Na beira do riacho, Eduardo se
deitou, não estava muito interessado
nos peixes, queria mesmo tirar um
cochilo.

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Acabou adormecendo profundamente.
Durante o seu sono Eduardo pensou
ter despertado, será que estava
sonhando?

- Onde estou? Perguntou Eduardo


assustado. O lugar era o mesmo, mas
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estava estranho. Por toda parte havia
muitos “vezes” e muitos números. Eles
cresciam em todos os lugares: nas
árvores, na grama e até nas flores.
Eduardo começou a caminhar,
procurando o caminho de casa, quando
de repente encontrou alguém vestido
como se fosse um rei.

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- Quem é você? Perguntou Eduardo,
assustado.
Aquele
senhor
olhou, sorriu
e
respondeu:
- Eu sou
o Rei
Tabuada e
você está no
meu reino.
Eduardo
não gostou
muito e
disse:
- Acho que me perdi. O senhor sabe
como eu faço para voltar para casa?
- Ah! - exclamou o rei – sua casa está
longe, mas se você realmente quiser vou
lhe ensinar o caminho. E então, o rei
levou Eduardo até a presença dos seus
vice-reis, os números, e um a um ele os
apresentou a Eduardo. Cada número
cuidava de uma parte do grande reino e
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assim, explicou o rei, cada um deles
ensinaria um pouco do caminho.
- Você terá que responder a todas as
perguntas que os meus vice-reis farão!
Completou o rei.
Eduardo ficou novamente com medo.
Mas o rei era bom e deu para Eduardo
uma sacola. Era uma sacola mágica!
- Na hora certa, os vice-reis vão lhe
ensinar a usá-la, enfatizou o rei.

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O menino ficou pensando:
Será que era por isto que a
professora sabia todas as respostas, por
que usava mágica? Será que para saber
matemática precisamos de mágica?
Talvez ele jamais tivesse a resposta,
mas pelo menos ficou pensando.
Eduardo acompanhado do primeiro
vice-rei , o Número Um, partiu. O vice-rei
Número Um, começou a mostrar sua
parte do reino. Era lindo! Eduardo
percebeu olhando num canteiro de
flores, que elas
cresciam
separadas.
Não havia
duas flores
juntas e logo
ele percebeu
que a mesma
coisa acontecia
com as
árvores, com
os pássaros,
com as pedras,
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enfim, tudo naquele lugar existia de um
em um.
- Aqui todo o meu reino é assim,
disse o Número Um.
Eduardo estava encantado, mas de
repente o Número Um o relembrou do
que o Rei Tabuada havia falado:
- Você já conhece boa parte do meu
reino, mas se você quiser ir mais longe e
ficar mais perto de casa terá que
responder as três perguntas do meu
reino. Eduardo parou por um momento.
Ele esquecera que estava procurando o
caminho de casa.
– Perguntas? Indagou Eduardo.
- Sim, e aqui estão elas, disse o vice-
rei, com um passe de mágica, o vice-rei
fez aparecer no ar uma tábua. Nela
escreveu três multiplicações:

3x1= 5x1= 8x1=


Eduardo se assustou:
- Ah! Tabuada eu não sei!

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- Calma, disse o vice-rei. – Eu vou
lhe ensinar. E o Número Um levou
Eduardo até um canteiro de flores que
tinha apenas três flores.
- Abra sua sacola.
Eduardo abriu e nela encontrou dez
pedacinhos de madeira mágica.
- Eduardo, você sabe somar?
- Somar eu sei, mas tabuada não.
Replicou.
– Eduardo, veja o canteiro de flores.
Veja como elas estão separadas,
sempre de
uma a uma.
Você
percebe?
Agora, pegue
um pedacinho
de madeira
para cada flor.
Eduardo
pegou e
colocou à
frente de cada
flor.
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- Quantos pedacinhos você pegou?
Perguntou o Número Um.
- Três! respondeu Eduardo.
- As flores estão unidas de quantas
em quantas? Continuou o vice-rei.
- De uma em uma! Respondeu
novamente Eduardo.
- Então veja: aparecem três vezes
uma flor, isso é a mesma coisa que eu
escrever 3 x 1. E agora Eduardo,
quantas flores há, se temos três vezes
uma flor?
Primeiramente, Eduardo pensou.
Depois olhou para o canteiro de flores,
para as madeirinhas, sorriu e respondeu:
- Bom, se eu tenho um pedacinho de
madeira para cada flor, então eu tenho
três vezes uma flor que é igual a três
flores.
3x1=

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+ + =

– Viva! Pulou feliz o vice-rei Número


Um. – E agora, vejamos este outro
canteiro, indicou o vice-rei. Eduardo
pegou novamente a sua sacola e retirou
dela uma madeirinha para cada flor do
canteiro. Usou cinco pedacinhos.
Eduardo logo achou a segunda resposta.
– Se usei cinco pedacinhos de
madeira, um para cada flor, eu tenho
cinco vezes uma flor, que é igual a ...
(Eduardo contou as madeirinhas) cinco
flores.

5x1=
18
+ + + + =

– Viva! Comemorou novamente o


vice-rei. E assim Eduardo respondeu a
segunda pergunta e da mesma forma
respondeu a terceira.
Ajude Eduardo e elabore a resposta
de 8 x 1

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Eduardo estava feliz, tinha aprendido
a tabuada do um e agora estava mais
perto de casa. Então o vice-rei levou
Eduardo para a divisa do seu reino, onde
começava o reino do vice-rei Número
Dois.
Lá havia, sobre um penhasco, uma
ponte, do outro lado o vice-rei Número
Dois o esperava. O Número Um
despediu-se e disse:
- Vá e
não tenha
medo! Esta
ponte
significa
que você
conseguiu
passar
pela
primeira
etapa.
Eduardo
respirou
fundo e
com
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firmeza atravessou a ponte.
O vice-rei Número Dois festejou a
sua chegada.
– Não tenha medo. O meu reino
também é lindo. Este é o reino dos pares
e dos casais.

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Então, Eduardo percebeu que todas
as coisas do reino se organizavam em
pares ou casais: viviam, cresciam e
existiam de dois em dois. Eduardo e o
vice-reis foram até um lugar onde havia
muitos pássaros e eles pousavam nos
galhos das árvores sempre de dois em
dois. Eram casais. Ali o vice-rei falou:
- Do mesmo modo que o vice-rei
Número Um, eu terei que fazer três
perguntas.
- Eduardo novamente voltou à
realidade. Ele estava distraído olhando
os pássaros.
– Perguntas?
– É, respondeu o vice-rei. Mas não
tenha medo. Quanto é 3 x 2, 5 x 2 e 7 x
2?
- Tabuada de novo? Resmungou
Eduardo. Ele devia estar no sonho da
professora, só tinha matemática!
Pensou.
– Sim, mas pense do mesmo jeito
que você fez no reino do Um, completou
o vice-rei.
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- Do mesmo jeito?
- É, do mesmo jeito. Eduardo abriu a
sacola mágica e ficou surpreso ao ver
que agora as madeiras estavam
grudadas de duas em duas.
O vice-rei olhou ao redor e viu uma
árvore com três casais de pássaros.
- Vamos até aquela árvore, continuou
o vice-rei. Veja aqueles pássaros.
Eduardo olhou.
- Estas madeirinhas estão juntas
como aqueles casais de pássaros, então
tire para cada casal um grupo de
madeirinhas.
- Eduardo olhou novamente para a
árvore. Viu que eram três casais e então,
tirou três grupos de madeira, um para
cada casal.
- Agora veja, quantos grupos você
tirou, Eduardo? Indagou o vice-rei
esperando a resposta.
- Três! Respondeu Eduardo.
- Você tem três grupos de quantas
madeirinhas?
- De duas madeirinhas.
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- Muito bom, Eduardo, então você
tem três vezes duas madeirinhas, mas
quantas madeirinhas você tem ao todo
Eduardo?
Ele olhou para as madeirinhas. Havia
seis madeirinhas.
– Seis, respondeu ele.

3x2=

+ + =

24
– Muito bem, Eduardo, então três
vezes duas madeirinhas são seis
madeirinhas. Você acaba de responder a
primeira pergunta. Descobriu que 3 x 2 =
6.
– Só isso? Espantou-se Eduardo e já
saiu correndo procurando uma árvore
para responder a segunda pergunta.

5x2=

+ + + + =

25
Assim, da mesma forma, respondeu
a terceira. Auxilie Eduardo a responder a
terceira pergunta: 7 x 2.

– Bem, disse o vice-rei Número Dois,


agora você pode deixar o meu reino.
Vamos!
O vice-rei acompanhou Eduardo até
o reinado do vice-rei Número Três. Mas
para chegar ao vice-rei Número Três,
Eduardo teria que descer por uma
encosta. Novamente ele ficou com
medo, mas o vice-rei Número Dois o
encorajou:
- Você chegou até aqui porque
aprendeu, pode descer, continue
confiando em você.
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Eduardo respirou fundo e segurando
firme a corda começou a descer. Lá
embaixo o vice-rei Número Três o
esperava.

- Bem-vindo ao meu reino, disse o


vice-rei.
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Eduardo já estava começando a
adivinhar as mudanças que encontraria
no novo reino: as coisas existiam
agrupadas de três em três.
Toda aquela caminhada fez com que
Eduardo ficasse com fome:
- Estou com fome, disse ele.
– Ah, então venha comigo. E o vice-
rei levou Eduardo até uma macieira. O
vice-rei apanhou algumas maçãs e
Eduardo percebeu que elas estavam
juntas nos galhos de três em três. Ele
deu ao menino deu um galho com três
maçãs.
- Enquanto Eduardo comia uma das
maçãs o vice-rei subiu na macieira e
sentou-se num galho onde havia outras
tantas.
– Eduardo, já que você gosta de
maçãs, diga-me quantas maçãs há neste
galho maior que possui quatro grupos de
maças juntas de três em três?
- Ei, se opôs o menino, o que maçãs
têm a ver com a tabuada?

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– Ha! Ha! Riu o vice-rei. Calma, é
muito simples, veja o galho onde estou
sentado, as maçãs estão juntas de
quantas em quantas?
- De três em três.
- Então, agora pegue sua sacola
mágica.

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Eduardo obedeceu e ao abri-la notou
que as madeirinhas se agrupavam como
as maçãs, de três em três.
- Retire dela tantos grupos de
madeirinhas quanto grupos de maçãs,
há aqui nesse galho.
E mais uma vez, Eduardo obedeceu.
Olhou para o galho e viu que havia
quatro grupos de maçãs. Retirou, então,
quatro grupos de três maçãs e os
ajeitou: um grupo de madeirinha para
cada grupo de maçãs.
- Quantas vezes você tirou
madeirinhas da sacola?
– Quatro vezes. Respondeu Eduardo.
– Ah, quatro vezes grupos de três
madeirinhas, certo?
– Certo, confirmou Eduardo.
– E quantas madeirinhas você tem?
Ele olhou .
– Bom, eu tenho 3, 3, 3 e 3. Quatro
vezes três, então tenho 12 madeirinhas.
– Muito bem! Então 4 x 3 são 12,
confirmou o vice-rei.

30
4x3=

+ + + =

Sem perder tempo ele pulou para


outro galho.
- E agora Eduardo, quantas maçãs
há em cinco grupos com três maçãs em
cada?
Eduardo olhou para o galho que
agora tinha cinco grupos de três maçãs
e da mesma forma montou as
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madeirinhas. Respondeu corretamente
a questão e como se fosse um
macaquinho o vice-rei pulou então para
outro galho.
5x3=

+ + + + =

E sete grupos com três maçãs em


cada? Perguntou.
Eduardo sorriu, e montou a última
questão. Logo respondeu. E assim o
vice-rei Número Três desceu da árvore.

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Ajude ele a responder a questão:
7x3=

– Venha Eduardo, neste reino você já


cumpriu a tarefa, vou levá-lo além.
Eduardo feliz o acompanhou.
Começava aos poucos compreender
àquela Matemática que antes tanto
detestava.
O Número Três então parou à frente
de um rio, na outra margem o vice-rei
Número Quatro o esperava.
- Como vou atravessar? Perguntou
Eduardo.
– Com o barco.
– Barco?
– É, veja os peixes já estão trazendo.
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E era verdade, em cada lado do
barco havia quatro peixes que o traziam
para a margem, perto de Eduardo.

– Entre! Eles o levarão à outra


margem. Eduardo entrou e em pouco
tempo estava do outro lado.

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O Número Quatro o recebeu
alegremente, mas Eduardo estava um
pouco triste.
- O que foi, Eduardo? Perguntou o
vice-rei.
- Estou cansado, respondeu
Eduardo, e com saudade de casa.
- Ah! Então venha comigo, vou levá-
lo a um lugar de onde você poderá ver,
pelo menos de longe, sua casa.
Eduardo se alegrou e com passos
rápidos seguia o vice-rei, ao mesmo
tempo percebia que todo aquele reino
era agrupado de quatro em quatro,
quatro flores, quatro pedras, quatro
árvores e assim por diante.
O vice-rei apontou para uma
montanha e disse:
- Precisamos chegar lá.
- Mas ela está muito longe! Exclamou
Eduardo. – Vamos levar muito tempo.

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– Bem, então... – o vice-rei pensou -
... então vamos voando!
– Voando? Espantou-se Eduardo.
– Sim, você verá. E assoviando o
vice-rei fez aparecer três grupos de
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borboletas e em cada grupo elas se
agrupavam de quatro em quatro.
– Elas nos levarão, mas você terá
que responder as perguntas. Veja esse
grupo de borboletas. Era um grupo de
borboletas azuis.
- Quantos são 2 x 4?
Eduardo franziu a testa.
– Veja Eduardo, são dois grupos de
quatro borboletas.
Então ele se lembrou da sacola
mágica e a mágica estava feita, quando
abriu a sacola as madeirinhas estavam
agrupadas de quatro em quatro, como
as borboletas; ele retirou dois grupos de
madeirinhas olhou para as borboletas e
depois para as madeirinhas.
- Bom, eu tenho dois grupos de
quatro madeirinhas então eu tenho oito
madeirinhas, oito borboletas.

2x4=

37
+ =

– Muito bem, festejou o vice-rei , e


agora quantos são 5 x 4?
Eduardo olhou para o outro grupo de
borboletas, eram borboletas amarelas
que se agrupavam em cinco grupos de
quatro em quatro, associou com suas
madeirinhas, pensou um pouco e então
corretamente respondeu.

38
5x4=

+ + + + =

- E por último, Eduardo, quanto são 7


x 4?

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E da mesma forma, olhando o outro
grupo de borboletas, que eram
borboletas vermelhas, associou e
respondeu.
No final as borboletas comemoraram
voando ao redor do menino e do vice-rei
num lindo vôo colorido, então elas
começaram a envolvê-los e aos poucos
os ergueram do chão, e num vôo suave
se dirigiram para a montanha que antes
parecia tão distante. De lá Eduardo pode
ver uma fumacinha que saia por detrás
das árvores.
- Lá, disse o vice-rei, lá é sua casa.
– Então é para lá que eu vou, falou
Eduardo.
E os dois desceram a montanha, mas
quando chegaram no pé da montanha,
uma forte ventania fez com que
pousassem e ali um outro riacho os
impedia de ir adiante.
– Sinto muito, disse o vice-rei
Número Quatro , no entanto eu não
posso ir adiante, mas olhe, o vice-rei
Número Cinco o acompanhará.
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Porém ele estava do outro lado do
riacho.

- Ei – Ei, vice-rei Número Cinco, me


ajude, gritou Eduardo. Vendo aquilo, o
vice-rei subiu num galho de árvore que
ia até quase o meio do rio, atou uma
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corda e atirou a outra ponta para o
menino. Eduardo a segurou firme e com
um impulso forte conseguiu atravessar o
riacho.
– Viva! gritou o vice-rei. Eduardo mal
atravessou, já comentou, apontando
para onde vira anteriormente a fumaça:
- Eu preciso ir para lá, minha casa
fica para lá.
– Calma, calma, eu sei como
podemos ir mais depressa, falou o vice-
rei, fazendo com que Eduardo o
acompanhasse.
No caminho o vice-
rei ia mostrando o
seu reino.
Também era lindo.
Tudo agrupado de
cinco em cinco.
E depois de
algum tempo eles
chegaram no que
parecia ser uma
charrete, mas

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Eduardo estranhou, pois procurou e
procurou, mas não viu nenhum cavalo.
– Onde estão os cavalos? perguntou
o menino.
– Não existem cavalos, mas os
ratinhos vão nos ajudar.
– Os ratinhos?!
– Sim, venha comigo. pediu o vice-
rei. E logo atrás de uma árvore, Eduardo
viu cinco tocas, e na porta de cada toca
havia uma tabuleta escrito uma
multiplicação.
- Bem, eu acho que os ratinhos de
três tocas serão suficientes, mas você
terá que responder as perguntas das
tabuletas e essas também serão as
perguntas do reino. Eduardo na pressa
de ir para casa correu até próximo as
tocas e escolheu três. Na primeira
estava escrito “3 x 5”.
Eduardo já sabia que podia fazer
como antes, mas ele estava nervoso.
Então o vice-rei, percebendo o
embaraço, bateu na porta daquela toca e
de lá saíram três grupos de ratinhos,
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abraçados, e em cada grupo havia cinco
ratinhos.
O vice-rei piscou para Eduardo,
apontou para a sacola e então Eduardo
entendeu, abriu a sacola e lá estavam as
madeirinhas mágicas agrupadas de
cinco em cinco, como os ratinhos, tirou
três grupos, ajeitou no chão e falou:
- Eu tenho cinco, cinco e cinco, três
grupos de cinco madeirinhas, como se
fossem três vezes cinco, então eu tenho
quinze madeirinhas, quinze ratinhos. Os
ratinhos fizeram barulho e já foram se
ajeitando para puxar a charrete.
3x5=

+ + =

44
Então Eduardo foi até as outras duas
tocas, que tinham as tabuletas “6 x 5” e
“8 x 5”, e da mesma maneira respondeu
as tabuletas. 6x5=

+ + + + + =

30
Outra maneira de acharmos a solução:

+ + + +

3x5= 3x5=
15 15
15 + 15 = 30
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Encontre diferentes formas de achar
a solução de 8 x 5.

46
Quando todos os ratinhos se
posicionaram, Eduardo e o vice-rei
embarcaram na charrete. O vice-rei
sinalizou para os ratinhos, e eles
começaram a se mover, puxando a
charrete, cada vez mais rápido e em
pouco tempo atravessaram o reino do
vice-rei Número Cinco.
Chegando Eduardo e o vice-rei
desembarcaram. Os outros vice-reis e o
Rei Tabuada também os esperavam. E
Eduardo percebeu pela primeira vez,
que os números eram seus amigos.
Os números comemoravam, Eduardo
sabia a tabuada, aprendera a tabuada.
Então, o rei o levou até uma parte
distante do reino, um lugar mágico e
maravilhoso. Lá, pelas cores do arco-íris
os números desciam brincando, na
água, os peixes desenhavam pequenos
números que se transformavam em
continhas que saiam da água em forma
de bolhas, que os pássaros fazendo
piruetas carregavam até o céu, onde se
transformavam em nuvens coloridas,
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onde apareciam as respostas das
continhas, e depois as nuvens viravam
pequenos flocos de neve que caiam e
caiam. Eduardo estendeu a mão e um
pequeno floco que caiu nela se
transformou numa linda borboleta.

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Vendo a felicidade de Eduardo, o rei
falou:
- Eduardo você aprendeu um pouco
do meu reino, e como respondeu as
perguntas dos vice-reis, eu quero que
feche os olhos e faça um pedido.
Eduardo obedeceu, fechou os olhos
e desejou estar em casa. E como num
passe de mágica quando ele abriu os
olhos estava novamente deitado à beira
do rio que conhecia. Eduardo perguntou:
- Será que sonhei?
Mas ao seu lado o vento folheava o
caderno de matemática e nele estava
escrito algumas multiplicações, e no lado
do caderno estava uma sacola. Eduardo
a reconheceu, era a sacola mágica.
Eduardo sorriu, levantou-se, pegou as
suas coisas e saiu caminhando.
Ele continuava a se fazer certas
perguntas:
Por que aprender às vezes é chato?
Por que precisava aprender tudo
aquilo?
Por que precisa retornar à escola?
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Por que a escola, os professores, a
matemática, ..., precisam causar medo?
Por quê? Por quê? Por que ...
Eram muitos “porquês”... E ele ainda
não tinha as respostas.
Enquanto retornava olhava o
caminho em volta:
- Três vezes um pássaro são três
pássaros, quatro vezes duas pedras são
oito pedras...
Talvez o que Eduardo aprendera no
seu sonho é de que existem outras
formas de aprender e ensinar. Mas se
ele aprendera num sonho, será que a
escola e a professora que conhecia
algum dia teriam o mesmo sonho?
Quando Eduardo percebeu, estava
na frente de sua escola. Ele olhou a
escola, que antes parecia tão grande e
assustadora, franziu a testa, sorriu e
falou:
- Eu não tenho mais medo de você.
Você só existe porque eu existo.

50
Quanto a matemática, bem, não
precisamos ser mágicos para aprendê-
la, mas ela poderá ser mágica.

Até a próxima...

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