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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO JUIZ DE FORA


JORNALISMO

Joice do Nascimento Fernandes

O COLUNISMO ALÉM DO SOCIAL:


ANÁLISE DA COLUNA CESAR ROMERO NA TRIBUNA DE MINAS

Juiz de Fora
2018
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Joice do Nascimento Fernandes

O COLUNISMO ALÉM DO SOCIAL:


ANÁLISE DA COLUNA CESAR ROMERO NA TRIBUNA DE MINAS

Monografia apresentada ao Centro


Universitário Estácio Juiz de Fora como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Jornalismo.
Orientador: Leonardo Toledo

Juiz de Fora
2018
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Joice do Nascimento Fernandes

O colunismo além do social: análise da coluna Cesar Romero na Tribuna de Minas

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Jornalismo, no Centro Universitário Estácio Juiz de Fora – Minas Gerais.

Orientador: Leonardo Toledo

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em 28/11/2018 pela banca formada pelos seguintes
membros:

_____________________________________________________
Prof. Dr. Leonardo Toledo (Centro Universitário Estácio Juiz de Fora) - Orientador

_____________________________________________________
Profa. Dra. Tâmara Lis (Centro Universitário Estácio Juiz de Fora) - Convidada

_____________________________________________________
Profa. Dra. Aline Maia (Centro Universitário Estácio Juiz de Fora) - Convidada

Conceito Obtido________________________________________

Juiz de Fora
Novembro - 2018
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RESUMO

O colunismo social pode produzir uma relação de confiança entre o colunista e suas fontes.
Algumas vezes, esse fator pode justificar a publicação em primeira mão de notícias sobre
fatos políticos, econômicos e culturais, algo que pode ocorrer em detrimento dos cadernos
específicos dessas editorias. Sendo assim, este trabalho pretende verificar se essa realidade se
repete em Juiz de Fora, no jornal Tribuna de Minas, em relação à coluna de Cesar Romero.
Paralelamente, questiona-se como se dá a relação entre o colunista e suas fontes.

PALAVRAS CHAVE: coluna social; jornalismo opinativo; fonte; Cesar Romero


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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus amados pais, Divino e Sônia, que me apoiaram e me
deram essa oportunidade de realizar meu sonho. Também dedico as minhas avós, Ana e
Cecília, e aos meus anjos que estão me protegendo lá de cima e me dando força para
continuar nessa caminhada, vô Folozino e tia Divina. Amo muito vocês!
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus, por todas as bênçãos alcançadas nessa jornada nada fácil.
Agradeço também as minhas amigas Andressa e Liz, que sempre me incentivaram em ir em
frente nas dificuldades, minha família e amigos pelo apoio e ao Cesar Romero e equipe pela
ajuda em tudo que precisei. Agradecimento também ao meu orientador, Leonardo Ramos,
pela força e por aguentar meus choros. Obrigada de coração a cada um que de alguma
forma me ajudou nesse sonho!
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

1. O COLUNISMO SOCIAL E A FONTE 10


1.1 COLUNISMO SOCIAL 10
1.2 A FONTE NO COLUNISMO 14

2. A COLUNA CESAR ROMERO 21


2.1 O COLUNISTA 21
2.2 A COLUNA CESAR ROMERO NA TRIBUNA DE MINAS 23

3. NOTÍCIAS EM PRIMEIRA MÃO 28


3.1 ANÁLISE DE CONTEÚDO E ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE 28
3.2 ANÁLISE DA COLUNA CESAR ROMERO 30

CONCLUSÃO 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39

ANEXO 41
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INTRODUÇÃO

Há pelo menos três décadas as colunas sociais deixaram de ser dedicadas


exclusivamente à vaidade das elites e à futilidade em geral. Para sobreviver em uma realidade
cada vez mais dinâmica, os colunistas abriram espaço para temas que antes se faziam
presentes apenas nas editorias de política, economia, cultura ou esportes. Essa realidade
revelou algo que antes se escondia por trás de um conteúdo considerado trivial; muitos
colunistas sociais conseguem manter uma relação privilegiada com fontes, obtendo em
primeira mão informações que só chegarão às editorias convencionais dias depois, por meio
de pronunciamentos oficiais.
O colunismo social, assim, poderia se beneficiar de uma relação de confiança
entre ele e suas fontes. Algumas vezes, esse fator pode justificar “furos” sobre fatos políticos,
econômicos e culturais, algo que pode ocorrer em detrimento dos cadernos específicos dessas
editorias. Sendo assim, este trabalho pretende verificar se essa realidade se repete em Juiz de
Fora, no jornal Tribuna de Minas, em relação à coluna de Cesar Romero. Paralelamente,
questiona-se como se dá a relação entre o colunista e suas fontes.
A coluna em questão mantém-se há quatro décadas como um dos espaços mais
prestigiados da cidade. Publicada de terça a domingo na Tribuna de Minas, a página destaca
os aniversariantes, os casamentos marcantes para a sociedade, mas também assuntos que estão
nas rodas de amigos, como fatos da política, da economia e do esporte.
Ao que se verifica, esse privilégio na obtenção de certas informações seria
resultado do relacionamento pessoal que o colunista criou com algumas fontes ao longo de
mais de quatro décadas. Em seus anos de colunismo, Romero se aproximou de grandes nomes
da sociedade brasileira como Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Itamar Franco,
Djalma Morais e outros.
Para explorar o referido tema, este trabalho foi construído em três capítulos e
aplicou duas diferentes metodologias de pesquisa. Em um primeiro momento, será discutido o
conceito de coluna social, seu histórico e suas características elementares. A abordagem
teórica, feita a partir da revisão bibliográfica referente, também debate a questão da fonte, seu
relacionamento com os jornalistas e/ou colunistas, assim como os eventuais problemas éticos
envolvidos na concessão de informações privilegiadas.
No segundo capítulo, será realizada a contextualização do objeto de estudo deste
trabalho: a coluna Cesar Romero, publicada no jornal Tribuna de Minas. Partimos de um
levantamento sobre a carreira do colunista, em passagens por diferentes veículos de
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comunicação da cidade, chegando à configuração de sua página no referido periódico, em


relação que dura mais de vinte anos.
No terceiro e último capítulo, será realizada a análise da coluna; primeiramente,
por meio de uma análise de conteúdo da página, realizada durante setembro de 2018. Nas
edições apuradas, foram verificadas notícias exclusivas que não foram publicadas em outras
editorias da Tribuna de Minas, embora preenchessem os requisitos de noticiabilidade para tal.
Presume-se que esse privilégio da informação em primeira mão, em relação à
equipe de reportagem do jornal, pode ser atribuído ao prestígio do colunista no cenário local,
mas também ao tipo de relacionamento mantido entre ele e suas fontes. Como forma de
investigar essa questão, foi realizada uma entrevista em profundidade com Cesar Romero.
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1 O COLUNISMO SOCIAL E A FONTE

Por ser historicamente associado à divulgação de notícias sobre amenidades


relacionadas às elites e às celebridades, as colunas sociais não costumam figurar entre os
temas de pesquisa em comunicação. Esse aspecto se reflete na bibliografia escassa sobre o
tema. Diante disso, se faz necessária a discussão sobre alguns fundamentos desse gênero de
publicação. Este é o objetivo deste capítulo.
Primeiramente, realizaremos um breve levantamento sobre o surgimento da
coluna social e sua evolução histórica conforme seus períodos mais relevantes. Em seguida,
tendo em vista a transformação desse tipo de página em um espaço para variedades,
discutiremos algumas das principais características que marcam as colunas.
Por fim, será debatida a questão da fonte no colunismo social. A partir de uma
conceituação geral do tema, discutiremos os tipos de fontes mais comuns na produção desse
tipo de conteúdo, assim como as implicações técnicas e éticas trazidas, eventualmente, por um
relacionamento mais pessoal entre estas e o colunista.

1.1 COLUNISMO SOCIAL

O pouco prestígio das colunas sociais diante de muitos profissionais do


jornalismo, e também da academia, pode ser comprovado pelo reduzido número de livros e
artigos científicos dedicados a esse tema. No escasso material bibliográfico consultado, os
autores não chegam a definir formalmente esse tipo de colunismo. No entanto, algumas
características básicas comuns podem ser consideradas. Tecnicamente, a coluna social pode
ser considerada um subgênero do jornalismo opinativo. Esse tipo de seção, entretanto,
diferencia-se dos demais por dedicar-se à cobertura da vida de elites da sociedade, o que elas
fazem de suas vidas e como o fazem, que valores permeiam suas mentes e como interagem
entre si e com as demais camadas sociais de menor poder aquisitivo.
No Brasil, esse tipo de jornalismo começa a ser praticado oficialmente na década
de 1920. Entretanto, Beatriz Dornelles destaca algumas manifestações que poderiam ser
consideradas antecessoras desse gênero. A primeira delas seria a coluna O Binóculo, de 1907,
publicada no jornal Gazeta de Notícias, pelo jornalista Figueiredo Pimentel. Essa experiência
inicial traria algumas das premissas que marcariam as páginas desse tipo nas décadas
seguintes. De modo geral, teve início um tratamento mais leve dos textos jornalísticos, em
contraponto com a profusão de notícias policiais que preenchiam os periódicos dessa época.
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Dentro desse contexto, as notas publicadas nas colunas eram feitas com humor. As
notícias abordando os integrantes da burguesia eram escritas, algumas vezes, de
forma irônica, ressaltando o lado extravagante dos ricos, e, aos poucos, dando maior
importância às fofocas, ainda sem atingir seriamente a reputação dos personagens
retratados. Com o tempo as colunas sociais foram sofrendo alterações, inaugurando
um estilo também chamado gossip column – ou coluna de mexericos, como foi
chamada no Brasil. (DORNELLES, 2017, p.128)

Ainda conforme Dornelles, as colunas sociais definiram seu modelo tradicional,


que ficou consagrado durante o século XX, a partir de bem-sucedidas experiências nos
Estados Unidos. No entanto, a autora ressalta que as mesmas sofreram diversas modificações,
acompanhando a evolução dos outros gêneros de jornalismo.
Inicialmente, as notícias relacionadas à alta sociedade eram restritas a anúncios de
casamentos, nascimentos, formaturas e batizados, sempre em tom formal e com abordagem
respeitosa. No entanto, aos poucos, as colunas começam a ser influenciadas pelo estilo do
jornalista Walter Winchell, criador da chamada gossip column. A grande inovação desse
norte-americano estava na abordagem muitas vezes maliciosa de suas notícias, a partir das
coberturas que realizava dos bastidores do teatro em Nova York, na virada do século XIX
para o XX. “Como reflexo do estilo jornalístico da época, o colunista divulgava escândalos
típicos da imprensa sensacionalista, como informações não oficiais sobre mulheres grávidas,
divórcios e especulações.” (DORNELLES, 2017, p.129)
O estilo de Winchell começou rapidamente a ser copiado em diferentes periódicos
dos Estados Unidos, sendo que esse modelo atingiu seu ápice entre as décadas de 1930 e
1940, com a ascensão da indústria cinematográfica de Hollywood e suas muitas celebridades.
Por outro lado, esse tipo de publicação começou a ser vista como uma oportunidade
interessante às produtoras de filmes que, assim, conseguiam publicidade espontânea para seus
filmes.
Dornelles pondera, ainda, que as notícias sobre personalidades famosas também
eram comuns na Europa. No entanto, foram os americanos os inventores de um tipo de coluna
em que as notícias se apresentam de modo ligeiro, com pequenas notas sobre assuntos
variados, escritos em linguagem leve e informal, e combinados a grande quantidade de fotos.
No Brasil, o colunista Maneco Muller é considerado o primeiro jornalista a
manter uma coluna social nos moldes das de Winchell. Em 1945, ele assumiu o pseudônimo
de Jacinto de Thormes e começou a publicar suas notas no jornal Folha Carioca, passando,
pouco tempo depois, para o Diário Carioca. Maneco foi o primeiro jornalista brasileiro a
receber oficialmente o título de colunista social, sendo que ele próprio criaria, anos mais
tarde, o termo “colunável” para se referir a pessoas em condições de figurar em sua página.
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No início dos anos 1950, Getúlio Vargas volta a governar e passa a estimular a
industrialização do país. Essa realidade impulsionou também a expansão dos jornais, que
passaram a contar com um público de leitores bem maior, formado por empregados
assalariados. “As colunas aos poucos foram deixando de ser sociais e locais, ampliando o
leque de assuntos abordados. Muitas colunas de maior prestígio também passaram a ser
reproduzidas em jornais do interior, aumentando [...] o seu alcance.” (SOUZA, 2005, p.4)
A partir da década de 1970, o colunismo vivencia uma ampliação de assuntos, a
parte social desses espaços, em alguns casos, passaria a ficar em segundo plano, resumindo-se
a pequenos registros, muitos deles divulgado por assessorias de imprensa de gravadoras,
editoras, empresas privadas e outros meios. Além disso, políticos influentes começam a
repassar com exclusividade aos colunistas informações sobre os bastidores do poder, que
podem ser relevantes ao interesse público ou apenas servir ao jogo de interesses dos mesmos.
Na visão de Caroline Vidal Netto, as mudanças no conteúdo das colunas sociais
demonstram a capacidade de adaptação do gênero a uma nova realidade social. Uma vez que
as antigas elites entraram em decadência, perdendo o posto de destaque para celebridades da
moda e eventuais sucessos comerciais do mercado econômico, esse tipo de jornalismo foi
obrigado a se reinventar e abrir espaço para outros tipos de notícias.
O colunista atual não se destaca mais por ser aquele do “Depois eu te conto”, ele
precisa ter vários contatos, investir em apurações rigorosas e no “jogo de cintura”
para obter suas “preciosas” informações. (...) E, para fidelizar os leitores, investem
na abordagem diferenciada de notícias “quentes” dosadas com “pitadas” de humor e,
às vezes, ironia. A coluna social, de notas ou de variedades, se transformou em um
espaço onde é possível saber de tudo um “pouquinho”. Se o interesse é moda, existe
lá uma dica das cores que serão usadas na estação. Se o leitor quer saber como anda
a economia de sua cidade, encontra ali uma notinha sobre a indústria, ou o comércio.
E, se quer colaborar com informações, pode fazê-lo através de uma ligação
telefônica ou via e-mail. (NETTO, 2007, p.10)

Assim como ocorre em outros tipos de colunismo, como o político, o colunista


social passa a buscar a inovação, a exclusividade de matérias que poderão, ou não, aparecer
em outras editorias do jornal. Segundo Ricardo Noblat, essa seria uma premissa do jornalismo
diário em geral, uma vez que o objetivo do repórter e editor é sempre a matéria exclusiva,
tentar antecipar em maior quantidade os fatos. (NOBLAT, 2005)
Em um espaço como o da coluna social, entretanto, o ineditismo e o impacto das
informações devem obedecer à dinâmica de notas sincopadas, marcadas pela concisão textual.
Em entrevista à Caroline Netto, realizada em 2007, Cesar Romero declara quais são suas
preocupações com a coluna:
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[...] procurar passar a informação com o menor número de linhas possível e de


forma que o leitor se sinta satisfeito. É claro que se eu faço um comentário sobre um
assunto político ou uma lei polêmica que foi votada na câmara, eu estou apenas
fazendo um registro, é a minha opinião, a opinião da coluna. A questão mais
detalhada sobre essa lei que foi aprovada, como ela foi debatida pelos vereadores, é
outra situação. No caso a editoria de política é que vai cuidar disso [...]. A gente
procura sintetizar, mostrar o que é essencial. (ROMERO, 2007 apud NETTO, 2007,
p.26)

Em resumo, o colunista deve se preocupar em manter os leitores diários na sua


coluna. Para isso, conjuga notinhas que chamam a atenção de todo tipo de público a outras
informações de maior peso político. Conforme observa Souza, isso tudo é sempre articulado a
um grande número de fotos para que haja apelo visual direcionado aos leitores. “A exposição
da vida privada de famosos, ao lado de assuntos públicos, atrai os leitores, e a linguagem
informal, caracterizada pela narrativa conversacional, é uma constante.” (SOUZA, 2005, p.5)
“Uma coluna deve ser leve e gostosa [...]. Precisa oferecer ao leitor o comentário
preciso e sumário das notícias do dia [...]”, complementa Iluska Coutinho. (COUTINHO,
2005, p.25) Por isso, a coluna deve ser objetiva e curta, abrindo espaço para uma gama muito
variada de temas em abordagens superficiais. Desse modo, algumas notícias que não se
encaixam em outras editorias do jornal, podem ser publicadas nas colunas sociais.
Assim, a maneira como o colunista se expressa é de suma importância, levando
em consideração as notas curtas e uma linguagem cotidiana ou característica de uma
determinada região. O leitor precisa ser atraído pela clareza das palavras. Com isso, o
colunista pode, eventualmente, buscar auxílio em uma língua estrangeira, nas gírias populares
em uma determinada época ou, até mesmo, em palavras inventadas pelo próprio. Cesar
Romero, por exemplo, tem a expressão “Antenado” usada em sua coluna para designar
informações rápidas, que mal ultrapassam três linhas.
Ainda conforme Iluska Coutinho, as colunas seguem diretrizes próprias desse tipo
de conteúdo, que conjuga padrões tradicionais de noticiabilidade convencionais a um tipo de
espaço privilegiado por seu alto grau de visibilidade diante dos leitores. Assim, aparecer em
uma coluna seria, por si só, um fato digno de atenção. “[...] as Colunas seriam responsáveis
também por uma espécie de (re) hierarquização dos valores notícia, na medida em que estar
entre suas notas denotaria [...] uma espécie de poder noticioso” (COUTINHO, 2005, p.29)
Assim como ocorre em qualquer outro gênero de jornalismo opinativo, o colunista
social é o principal responsável pelo que escreve. Ele deve ter a certeza do que publica,
procurando a verdade dos fatos.
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De acordo com o “Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros” (apud FENAJ), o


autor de uma matéria deve se responsabilizar por todas as informações que publica.
Dentro da coluna deve vigorar o mesmo princípio. Por isso, não raro os colunistas
recorrerem a estâncias superiores do jornal para ponderar sobre a divulgação de um
fato. Como parte integrante do “produto jornal”, a coluna deve seguir a linha
editorial do veículo. (NETTO, 2007, p.55)

É importante ressaltar que, apesar de a coluna receber a assinatura de um


colunista, muitas vezes, seu conteúdo é produzido por uma equipe, constituída por repórteres,
mas também por fotógrafos e diagramadores. Esse é o caso de Cesar Romero, cuja coluna é
produzida fora da redação da Tribuna de Minas, por sua empresa de comunicação CR Nova.
O colunista acaba ganhando o título de ‘formador de opiniões’ e o que relata na sua coluna
passa a ser uma verdade. “[...] Se ele fala bem de uma festa, todo mundo vai. Se ele faz uma
crítica, as pessoas aceitam e concordam. Nesta questão o colunista supera o jornalista. Suas
notas não exigem imparcialidade e ele não é cobrado por isso”. (AZEVEDO JÚNIOR, 2006,
p. 67).

1.2 A FONTE NO COLUNISMO

A busca pela fonte é uma constante do trabalho jornalístico, uma vez que ela é
detentora da informação, elemento essencial desse ofício. Por isso mesmo, durante todo o
processo de avaliação estratégica para a apuração, a escolha das fontes requer cuidado
extremo. É preciso manter em mente que as fontes são pessoas e instituições que defendem
seus interesses acima de tudo e raramente são movidas por desprendimento e altruísmo.
Se uma pessoa aceita dar um depoimento para um repórter, ela não está
necessariamente dizendo a verdade, mesmo quando a iniciativa de falar venha da própria
fonte. O repórter deve, então, buscar provas do que foi dito. Por isso, o processo de checagem
é fundamental.
Conforme Nilson Lage, fontes são instituições ou personagens que “testemunham
ou participam de eventos de interesse público”. (LAGE, 2008, p.49) São essas pessoas e
entidades que fornecem ao jornalista as informações necessárias à produção de conteúdo. Há
diferentes maneiras de se classificar as fontes. Lage, entretanto, destaca alguns fatores que
considera mais importantes. Primeiramente, o autor destaca o importante papel das fontes
oficiais e oficiosas.
As fontes oficiais são aquelas “mantidas pelo estado ou por instituições que
preservam algum poder de Estado, como juntas comerciais e os cartórios de ofício; e por
empresas e organizações, como sindicatos, associações, fundações etc.” (LAGE, 2008, p.63)
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Esse seria um dos tipos de fonte mais utilizados não apenas pelo colunismo social, mas pelo
jornalismo em geral, uma vez que grande parte do material publicado é pautado por press
releases, ou por anúncios oficiais em coletivas de imprensa feitos por entidades oficiais. Esse
tipo de informação, entretanto, não garante ao colunista um de seus principais objetivos, a
notícia exclusiva.
Nesse caso, é muito comum que o colunista recorra a seu prestígio social ou a
relacionamentos pessoais com representantes de fontes oficiais para garantir o “furo”.
Diretores de empresas, políticos e chefes de departamentos do governo, aliás, são presenças
frequentes nas fotos que ilustram colunas sociais, seja na cobertura de festas ou mesmo de
eventos públicos.
A fonte oficiosa, por sua vez, pode ser definida como aquela que não pode falar
oficialmente em nome de uma empresa ou entidade pública, mas que tem informações para
passar ao jornalista. Nesse caso, há a garantia ética do anonimato, ou off, condição
indispensável que deve ser respeitada pelo jornalista. Esse tipo de informação passou a ser
cada vez mais utilizada pelo colunismo social, ao mesmo tempo em que a variedade de
assuntos cobertos por esse tipo de página aumentou.
Como sabemos, o off requer do jornalista o compromisso da checagem, uma vez
que a fonte em questão pode estar tentando se beneficiar de sua condição anônima. No
entanto, há certa liberdade no colunismo social que permite ao colunista a publicação de
rumores sem a devida documentação. É preciso ressaltar, nesse caso, que a responsabilidade
pela divulgação da informação passa a ser totalmente atribuída ao colunista, cujo nome assina
a coluna. Vale destacar, ainda, a importância de uma relação de absoluta confiança com a
fonte.
Ricardo Noblat, por sua vez, reitera o risco da publicação de offs e sugere que eles
sejam publicados apenas quando confirmados por, pelo menos, mais uma pessoa: “Quantas
mentiras já não publicamos com base em informações obtidas em off! Quantos crimes o off já
não nos levou a cometer contra a honra e a imagem de pessoas e instituições!” (NOBLAT,
2003, p.62)
O Manual de Redação da Folha de S. Paulo (2010) classifica as fontes conforme
seu grau de confiabilidade, em uma graduação de que vai de zero a três, sendo a de tipo zero a
mais confiável.
1. Fonte tipo zero: aquela que tem tradição e não deixa margem a dúvidas, como
documentos e enciclopédias renomadas.
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2. Fonte tipo um: é a mais confiável quando a fonte é uma pessoa. Tem um histórico de
confiabilidade e não apresenta interesses imediatos na divulgação de uma informação.
O que elas dizem pode ser publicado sem consulta a outro nome.
3. Fonte tipo dois: as informações passadas devem ser consultadas com outras fontes
antes da publicação.
4. Fonte tipo três: é bem informada, mas possui interesses no que será publicado. É a
menos confiável
Cabe repetir, dessa forma, que a entrevista deve sempre ser realizada após uma
pré-apuração de qualidade, independente do tipo de fonte relatado acima. Além disso, o
repórter deve sempre desconfiar das informações ditas, o que torna indispensável o
cruzamento de dados para checagem. O relacionamento mais próximo entre fonte e repórter,
nesse sentido, merece ser colocado sob perspectiva.
Conforme Cleide Floresta e Ligia Braslauskas, a relação entre fonte e entrevistado
deve se pautar no respeito mútuo, mas não pela amizade. Esse tipo de proximidade poderia
colocar em cheque a credibilidade do jornalista em relação aos propósitos de uma notícia.
Além disso, o entrevistador poderia encontrar mais resistência para fazer perguntas
consideradas difíceis por colocar a fonte contra a parede. “Seja quem for o entrevistado, uma
coisa é certa: não existe pergunta proibida. Se há uma notícia, a pergunta deve ser feita”.
(FLORESTA, BRAUSLAUSKAS, 2009, p.98)
Com o crescimento da importância das assessorias de comunicação, boa parte dos
assuntos que pautam o cotidiano de uma redação são encaminhados via e-mail, na forma de
press releases. Com as colunas sociais não é diferente. Diariamente, chega material enviado
por dezenas de assessores, ávidos por tentar emplacar pautas de interesse de seus clientes e
obter mídia espontânea na imprensa. Cesar Romero explica como lida com os releases que
recebe.
Não adianta o assessor enviar para o colunista o mesmo release que será mandado
para a TV, a emissora de rádio ou o portal de internet. Os dados destinados às
colunas devem ser precisos e chamar a atenção de forma clara para o que se quer
“emplacar”. [...] a coluna não é um jornal inteiro, então o que vai sair ali é o
essencial. (ROMERO in NETTO, 2007, p.46)

Floresta e Braslauskas reiteram a importância de uma boa relação com as


assessorias de imprensa. Entretanto, ressaltam que a necessidade de contato com um
intermediário vai depender da relação entre o jornalista/colunista com a fonte em questão.
Caso haja carta branca desta, não há por que hesitar em ligar diretamente para a fonte.
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O contato entre assessores e jornalista é importante, mas não vire refém desse tipo
de relação, caso contrário você corre o risco de só publicar o que é mais conveniente
para eles. E esse não é o procedimento correto – pense sempre no seu papel frente ao
leitor. O repórter tem de brigar por sua pauta, e esse trabalho não é feito apenas
dentro das redações. Muitas vezes o assessor acha que não é hora de falar sobre
determinado assunto, ou que a pauta não é de interesse do seu cliente. Os motivos
são muitos. (FLORESTA; BRASLAUSKAS, 2009, p.110)

Colunas também tendem a criar um tipo de relação bastante próxima com os


leitores, talvez devido a certa personificação do colunista que empresta seu rosto e sua voz a
tudo o que é noticiado em sua página. Com isso, o feedback dos leitores tende a se tornar
frequente, o que acaba por constituir uma importante fonte de pautas. Cesar Romero, por
exemplo, relata várias histórias de pedidos que foram atendidos após a denúncia em sua
coluna, como, a falta de sinalização nas ruas e capina em alguns pontos da cidade.
(FERNANDES, 2018)
Dessa forma, o leitor não apenas recebe a notícia como dá seu feedback ao
colunista sobre o que mais chama a atenção, como ficou determinado assunto após sair na
coluna e elegendo novos assuntos a serem abordados. “[...] são os patrocinadores e leitores do
jornal que atuam na função de editor, sugerindo notas, pautas e analisando o índice de
aceitação da página”. (AZEVEDO JÚNIOR, 2006, p. 66).
Além disso, é necessário destacar o papel dos anúncios em uma coluna social.
Devido à alta visibilidade desse tipo de página e, muitas vezes, por conta dos contatos sociais
dos colunistas, estas costumam ser algumas das páginas mais lucrativas em termos comerciais
de um jornal impresso. Essa fonte de renda, aliás, pode ser de grande valia para garantir a
continuidade desses veículos. Por outro lado, o prestígio dos colunistas dentro dessas
empresas pode estar diretamente ligado a esse êxito comercial.
Na coluna de Cesar Romero, há venda de publicidades. Entretanto, ele garante que
não se deixa influenciar por pedidos dos anunciantes na seleção de conteúdo para a página.
(FERNANDES, 2018)
Para o colunista, entretanto, se faz necessário ter o assunto exclusivo. Na maioria
das vezes, esse tipo de material valioso será garantido por fontes exclusivas, que
estabeleceram ao longo do tempo uma relação de confiança com o jornalista/colunista.
Conquistar uma fonte requer mais esforço do que um contato inicial.
Trata-se de uma relação de confiança mútua. A repórter precisa de alguém
confiável para quem ligar no momento de apurar alguma informação importante. Em
contrapartida, a fonte só abrirá suas informações se confiar no jornalista. Isso implica em não
distorcer o que foi dito e assegurar o off quando necessário.
18

Oportunamente, um dos fatores que garantiriam a sobrevivência das colunas


sociais foi a capacidade dos colunistas em obter informações privilegiadas, em primeira mão.
Muitas vezes, esses profissionais se beneficiam de um tipo de relacionamento com a fonte que
pode refletir seu grau de confiabilidade junto a pessoas do poder, mas também um tipo de
contato que ultrapassa os limites éticos recomendáveis em uma aproximação exagerada do
campo profissional com a amizade pessoal.
Dessa forma, o jornalista deve ter a compreensão de que se trata de uma via de
mão dupla, ou seja, a fonte também usa o jornalista para publicar as informações de seu
interesse, criando um “pacto” de acordo com o que estabelece a ética jornalística. “O ponto
básico dessa ética é que, para o jornalista, a fonte é só um meio de se chegar aos fatos, ou
melhor, à notícia”. (SOBREIRA, 1993, p.21). E para ecoar uma matéria de qualidade, se faz
necessário ter uma boa origem de informação, nomes de pessoas prontas a opinar e delinear
depoimentos importantes.
Beatriz Dornelles ressalta que a construção de uma coluna de notas sempre passou
por um jogo de interesses e poder entre colunistas e suas fontes. Nesse ponto, o colunismo
social se beneficiaria de sua prerrogativa de jornalismo opinativo, se dando a liberdade de
publicar eventuais especulações sem o mesmo tipo de compromisso formal do jornalismo
factual.
Apesar de a maioria dos colunistas brasileiros salientar a importância da apuração
bem feita e a checagem dos fatos correta, as colunas são espaços mais livres, em que
o responsável pode publicar rumores, insinuações, boatos, apenas para “medir a
temperatura” de uma informação passada com exclusividade. (DORNELLAS, 2017,
p.132)

Para Gonçalves, esse tipo de relação é uma das características fundamentais desse
tipo de jornalismo, o que tornaria oportuna a compreensão do papel do colunista e suas
relações com a elite, estabelecendo, assim, um parâmetro de comportamento para a cobertura
jornalística desse setor pelos profissionais que ingressam na área ou que desejam atuar como
colunistas sociais. (GONÇALVES, 1999)
Não se esquecendo da ética pessoal e profissional, de acordo com Isabel
Travancas Siqueira, “o que é fundamental é se mostrar isento perante os fatos, tentar apura-los
sem preconceitos ou ideias preconcebidas”. Uma ética perfeita solidifica a própria imagem da
coluna social. (SIQUEIRA, 1993, p.94)
Caroline Netto ressalta que o relacionamento entre o colunista e a fonte é algo de
suma importância nesse gênero jornalístico. Normalmente, o tipo de contato que se dá na
coluna social se diferencia do que ocorre em outras editorias, ultrapassando a troca impessoal
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de e-mails ou telefonemas. São comuns os contatos em jantares, festas ou reuniões informais.


Em alguns casos, a fonte integra o grupo de convívio pessoal do colunista.
Desde os tempos de Ibrahim Sued [1976] era notório o companheirismo existente
entre o colunista social e a fonte de informação. Os colunistas frequentavam o alto
escalão do governo e faziam sucesso entre as celebridades do jet set. No intervalo de
uma conversa ou outra tiravam do bolso um bloco de anotações e registravam uma
frase, um gesto, uma impressão, enfim, tudo o que, mais tarde, poderia ser usado nas
notinhas. (NETTO, 2007, p.30)

Essa realidade, conforme veremos mais adiante, pode ser verificada no caso de
Cesar Romero. Em entrevista concedida em 2007 para Caroline Netto, o colunista comentou o
assunto, destacando a importância de seus relacionamentos pessoais para a produção de
conteúdo na coluna. Para ele, o estreitamento de relações em uma amizade pessoal poderia ser
entendido como um critério de confiança na fonte. “Tendo a amizade você tem a certeza de
que a pessoa não vai lhe passar nada furado”. (ROMERO apud NETTO, 2007)
Outro aspecto importante para a compreensão desse novo contexto da coluna
social seria sua aproximação com o jornalismo opinativo, uma vez que o colunista não apenas
apresenta informações como apresenta uma determinada perspectiva autoral sobre os fatos.
Conforme Vinícius Barros Lemos e Thiago Coury Luiz, a divisão do jornalismo em
categorias vem sendo cada vez mais questionada, uma vez que é possível encontrar a
contaminação mútua entre diferentes modalidades. “Os gêneros jornalísticos possuem
organização textual própria e diversos modos de classificação. Eles são dinâmicos e variam
com o tempo, pois as atividades sociais e suas funções não são rígidas e estão em constante
mudança.” (LEMOS; LUIZ, 2017, p.4) No entanto, as colunas sociais teriam
progressivamente assumido características do jornalismo opinativo, uma vez que seus autores
comentam livremente informações que em outras editorias aparecem de maneira bem mais
objetiva.
Ainda segundo os autores, a associação do colunismo social ao gênero opinativo
seria possível pelo fato de o colunista social assinar sua página, por meio de uma chancela no
alto da página, em que registra-se não só o nome do autor da coluna, como também a
fotografia do mesmo. Assim, por meio desse tipo de recurso, o colunista assumiria
publicamente a responsabilidade pelas palavras ali publicadas. (LEMOS; LUIZ, 2017)
Beltrão, aliás, define opinião como “função psicológica pelo qual o ser humano,
informado de ideias, fatos ou situações conflitantes, exprime a respeito seu juízo.”
(BELTRÃO, 1980, p.14) Esse tipo de percepção para o autor estaria na base de qualquer
20

informação, uma vez que a percepção de um fato passa pelo crivo particular de um indivíduo
que conta com conceitos próprios, formado a partir de sua experiência colateral individual.
Nesse sentido, o autor afirma que o fator opinativo pode se manifestar mais
abertamente em conteúdos editoriais, mas também, de maneira velada, em reportagens. No
primeiro caso, entretanto, por estar sob a assinatura de um editor, seria permitido um grau de
parcialidade maior, que se manifesta de maneira aberta ao leitor. “A opinião do editor é
expressa pelos editoriais e pela linha do jornal, identificáveis pelo critério de seleção das
informações, pelo relevo dado a determinadas matérias, pelos títulos, fotografias e outras
características.” (BELTRÃO, 1980, p.19)
Para que seja possível compreender tais questões em relação ao objeto de estudo
deste trabalho, no próximo capítulo, será realizado um levantamento sobre a coluna Cesar
Romero, incluindo seu histórico, seu formato atual no jornal Tribuna de Minas e suas
principais características.
21

2 A COLUNA CESAR ROMERO

A partir de pesquisa bibliográfica realizada no capítulo anterior, foi possível


constatar que o colunismo social pode produzir um tipo relação específica entre o colunista e
suas fontes. Algumas vezes, esse fator pode justificar a publicação em primeira mão de
notícias sobre fatos políticos, econômicos e culturais, algo que pode ocorrer em detrimento
dos cadernos específicos dessas editorias. Sendo assim, este estudo pretende verificar se essa
realidade se repete em Juiz de Fora, no jornal Tribuna de Minas, em relação à coluna de Cesar
Romero. Paralelamente, questiona-se como se dá a relação entre o colunista e suas fontes.
Nesse contexto, este capítulo tem o objetivo de contextualizar o objeto de estudo
escolhido, a coluna social de Cesar Romero, publicada no jornal Tribuna de Minas. Num
primeiro momento, será realizado um breve relato sobre a história profissional do colunista,
incluindo suas experiências anteriores, em outros jornais, e suas principais influências. Em
seguida, o jornal e a coluna diária em questão serão analisados em maiores detalhes, de forma
a embasar o estudo que será realizado no terceiro e último capítulo deste trabalho, relativo às
colunas publicadas no mês de setembro de 2018.

2.1 O COLUNISTA

Cesar Romero Giovanini Corrêa, nascido em 1956, na cidade de Juiz de Fora, é


conhecido também como “Kabelim”. Segundo seu biógrafo, o jornalista Ivanir Yasbeck, “a
paixão pela comunicação surgiu através das reportagens noticiadas pela Rádio Sociedade Juiz
de Fora, em especial, pelo radialista José Carlos de Lery Guimarães, que trazia em sua voz
uma narração minuciosa, com riqueza de detalhes e uma leveza que levava os ouvintes a
sentirem-se parte da notícia. (YAZBECK, 2009, p. 13).
Aos 15 anos, Cesar começa a desenvolver suas habilidades na publicidade e no
jornalismo, lançando um jornal em papel ofício, impresso em mimeógrafo, intitulado Gazeta
Jovem. O periódico trazia matérias sobre os mais variados assuntos além de anúncios de
comerciantes locais eram distribuídos no bairro Bom Pastor, onde residia. “Um dia, haveria
de ser como o empolgado Zé Carlos, indo atrás das notícias de interesse de sua cidade”
(YAZBECK, 2009, p. 14).
22

Com o pontapé inicial, Cesar Romero começava a gerar curiosidade e interesse


dos espectadores juiz-foranos. O jornalista1 já conquistara destaque entre as personalidades da
cidade. Em 1976, seu jornal de fabricação própria encerrava as atividades para que ele
pudesse integrar a equipe do famoso Diário Mercantil, jornal mais vendido de Juiz de Fora na
época. Por lá, Cesar Romero era o mais novo colunista social, sua editoria de nome Agenda
de Cesar Romero foi um pedido especial do dirigente do Diário, José Octávio. Segundo
Yazbeck, Cesar foi adquirindo espaço dentro da redação, abordando temas culturais e sociais
da cidade. Na ocasião, uma apresentação breve foi feita pelo jornal, para mostrar a coluna aos
seus leitores.
Este colunista e uma equipe de fotógrafos estarão sempre presentes nos
acontecimentos que fazem o dia-a-dia social de Juiz de Fora. O que se pretende
então é a demonstração de que uma coluna social é parte integrante de um jornal,
assim como um jornal é parte essencial de uma comunidade. (YAZBECK, 2009, p.
30)

Outro grande passo para sua carreira aconteceu em 1977, quando Cesar foi
convidado pelo prefeito Francisco Antônio de Mello Reis a integrar a equipe de assessoria de
imprensa da Prefeitura de Juiz de Fora, cargo esse que exerceu durante cinco anos e que
possibilitou ao jornalista o acesso a notícias sobre política, muitas delas em primeira mão. O
colunista, assim, conseguia noticiar o que ninguém mais conseguia. “Com acesso facilitado às
decisões executivas e legislativas, os furos na coluna são frequentes e surpreendem até o
próprio prefeito.” (YAZBECK, 2009, p. 37)
Conforme Ivanir Yazbeck (2009), com a coluna social no Diário Mercantil
completando um ano, Cesar fora agraciado com uma “Moção de Aplausos” concedida pela
Câmara Municipal de Juiz de Fora. O colunista prosseguia retratando assuntos do cotidiano da
sociedade juiz-forana, não deixando de fora a política, o esporte, a educação e o lazer. Em
1979 um furo de reportagem alavancara ainda mais sua carreira: A vinda do Presidente João
Figueiredo e do então Senador Tancredo Neves a Juiz de Fora, no ano de 1980.
Em novembro de 1983, o Diário Mercantil encerra a sua circulação, e no ano
seguinte até 1986, Cesar Romero da “sequência” a sua famosa coluna no jornal Estado de
Minas, do qual também foi gerente comercial. No mesmo ano, o colunista começa a integrar a
Tribuna da Tarde. Apesar de ter sede em Belo Horizonte, o jornal mantinha uma edição local
em Juiz de Fora, algo que foi mantido até 1990, quando surge, na capital, o noticiário Hoje em
Dia.

1
Cesar Romero não é formado em Jornalismo, sua formação é em Direito pela Faculdade Vianna Júnior em
1986.
23

Após um período trabalhando em Belo Horizonte, Cesar retorna para Juiz de Fora
em 1993 e inicia sua coluna no jornal Tribuna de Minas, onde permanece até hoje.

Do sonho adolescente, tornou-se um dos mais influentes colunistas da história da


imprensa de Juiz de Fora e Minas Gerais. Coleciona centenas de comendas,
medalhas, homenagens e diplomas, entre elas, "Ordem de Rio Branco" (conferida
pela Presidência da República), a "Medalha da Inconfidência" (Governo do Estado
de Minas Gerais) e o "Mérito Comendador Henrique Halfeld" (Prefeitura de Juiz de
Fora). (CR NOVA, 2018)

Paralelo aos projetos no jornal impresso, o colunista virou apresentador de TV e,


por mais de três anos, cobriu grandes eventos e realizou entrevistas para a TV Tiradentes. Em
1999, ele ganhou um quadro no programa Panorama Revista, veiculado pela afiliada da Rede
Globo em Juiz de Fora. Sua primeira matéria foi a inauguração da boate Privilège. Com o
surgimento da propaganda eleitoral gratuita, o programa muda de horário e o quadro passa a
chamar Vôo livre, durando até 2001, quando Cesar Romero comemora 25 anos de colunismo
impresso. A TV Visão chega em 2003 e coloca em sua grade o Programa Cesar Romero, que
vai ao ar entre 2006 e 2008, quando a transmissão do canal é encerrada.
Cesar Romero também ficou conhecido por organizar festas renomadas na cidade,
como a Noite do Mais Mais, a Noite de Gala, Noite Borbulhante e a Feijoada CR, que
começou em 1993 com muita alegria e elegância e permanece até hoje, acontecendo uma vez
no ano e registrada em revista com fotos de todos os presentes, sendo um dos eventos mais
aguardados durante o ano em Juiz de Fora.
Além da coluna social na Tribuna de Minas, Cesar atualmente é responsável pela
direção da agência de comunicação CR-Nova, antiga Nova Comunicação, fundada em 1984
por ele, Wilson Cid, José Carlos de Lery Guimarães, José Renato Pereira e o fotógrafo Jorge
Couri. A agência atende diversas áreas dentro da comunicação para diferentes clientes e
empresas, sendo a principal responsável pela coluna Cesar Romero no jornal.
Atualmente, a equipe da agência é formada pelo jornalista e produtor de conteúdo
Jorge Júnior, diretor de conteúdo do site CR-Nova, o arte-finalista André Teixeira, e a
secretária-executiva Maria Imaculada Amaral Viana.

2.2 A COLUNA CESAR ROMERO NA TRIBUNA DE MINAS

Juracy Neves, médico e empresário, em 1981 cria a Tribuna de Minas, como ele
mesmo cita, “num período em que os investimentos empresariais eram contidos, em todos os
setores”. (YAZBECK, 2009, p. 9). Ocupando instalações modestas em um prédio próximo ao
24

Colégio Academia, o periódico reúne uma jovem equipe de jornalistas, tendo os exemplares
impressos na gráfica dos padres verbitas, a Esdeva. A empresa então, não passava de um
pequeno empreendimento.
Tendo o jornal Diário Mercantil como principal concorrente, a Tribuna passa a
circular na cidade, em preto e branco, de terça a domingo, com a intenção de atingir toda a
população, independentemente de idade. Juracy Neves em seu discurso de apresentação do
jornal, declara “O Jornal é a janela através da qual se pode ver o que acontece na cidade, no
país e no mundo. Deve, portanto, fazer parte do cotidiano de cada cidadão.” (TRIBUNA DE
MINAS, 13 dez. 1997)
Em 1983, o Diário Mercantil é fechado e a Tribuna alavanca suas vendas. O
periódico investe na ampliação de seu público e, em 1985, chega a mudar sua sede para Belo
Horizonte, para concorrer com o Estado de Minas. Com isso, nasce a Tribuna da Tarde
(1986) com matérias destinadas a Juiz de Fora. Cesar Romero passa a fazer parte da equipe
com a sua coluna social.
Em Belo Horizonte, a Tribuna de Minas não alcança seu objetivo e volta para Juiz
de Fora, encerrando a circulação da Tribuna da Tarde. Juracy Neves cria o Grupo Solar de
Comunicação para ser encarregado pelo jornal. Em 1994, o impresso passou a ser primeiro da
cidade em cores.
O periódico passou por três grandes reformas gráficas e editoriais, em 1992, 1997
e 2016, respectivamente, em que as fotos e o nome do jornal passaram a ter mais destaque,
valorizando mais a editoria cidade, com matérias factuais, e a coluna social de Cesar Romero.
Segundo editorial publicado na edição inaugural da segunda reforma gráfica, as
transformações são “uma preocupação explícita em valorizar a informação e hierarquizar as
matérias para facilitar a leitura, destacando os fatos mais importantes” (Em busca de novas
perspectivas. Tribuna de Minas, Juiz de Fora, p.3, 10 dez. 1997).
A mudança mais polêmica no jornal, entretanto, ocorreria em 2016, quando o
jornal passou do formato standard para o tabloide. Essa reformulação foi acompanhada por
uma mudança drástica na identidade visual do periódico, incluindo do logotipo. Além disso,
os cadernos foram redistribuídos. Nesse redesign, a coluna de Cesar Romero ganhou mais
autonomia, tendo sido alocada em diferentes lugares, dentro e fora do Caderno Dois.
Entretanto, o colunista manteve o número de páginas reservadas a ele na versão anterior do
jornal, uma durante a semana e três ou quatro aos finais de semana.
Outra mudança digna de menção aconteceu em 2001, quando a Tribuna de Minas
passou a ser impressa no novo parque gráfico da Esdeva Indústria Gráfica S/A, que nesse
25

meio tempo passou de uma pequena gráfica anexa ao Colégio dos Jesuítas para uma das mais
bem equipadas da América Latina.
Após quase 36 anos do seu lançamento, a Tribuna tornou-se um dos maiores
jornais da cidade, vendendo durante a semana uma média de cinco mil exemplares e, aos
domingos, cerca de 20 mil exemplares, conforme informações prestadas pelo grupo Solar.
Atualmente, o jornal também está na internet, com um site interativo, onde busca promover
uma aproximação ao público com o acesso a versão online do jornal e a outros conteúdos
exclusivos.
A coluna César Romero completa 22 anos de existência na Tribuna de Minas em
2018. Depois de algumas tentativas mal-sucedidas de realocação da coluna na sequência de
editorias do jornal, em abril de 2018, a coluna passa a ocupar uma página do Caderno Dois
(figura 1), entre terça e sábado. Aos domingos, quando a tiragem do jornal é quatro vezes
maior, a edição ocupa entre 3 e 4 páginas, recebendo o título “Cesar Romero especial de
domingo”. Além das notas sociais, como nos dias de semana, o espaço traz seções especiais,
como “Papo de Domingo”, “Fala Quem Sabe”, “Eles acontecem”, “Ping-pong, JF”, “Por aí” e
“Fotos do fim de semana”.

Figura 1 – Coluna Cesar Romero (Fonte: Jornal Tribuna de Minas)


26

Em grande parte, o conteúdo da coluna de Cesar Romero se mantém fiel ao de


colunas sociais tradicionais, com cobertura de eventos sociais, divulgação de aniversariantes,
casamentos, lançamentos de livros e de diferentes tipos de produtos, além de outros temas
relacionados a pessoas consideradas colunáveis (em geral, políticos, empresários e pessoas da
elite juizforana). Apesar de haver diversificação de temas abordados nas notas, a página da
Tribuna de Minas se distancia bastante da tônica política de outros exemplares do gênero,
como a coluna de Ancelmo Gois2, no jornal O Globo, e Mônica Bergamo3, na Folha de S.
Paulo.
No entanto, conforme será detalhado no capítulo seguinte, esporadicamente,
podem ser detectadas notas de ordem política ou de relevância para a economia, esporte ou
cultura local. Tais notícias preenchem os critérios de valor-notícia desejáveis no jornalismo e,
assim, poderiam interessar a outras editorias do periódico. Notícias importantes já foram
dadas por ele como a vinda da Mercedes Bens para Juiz de Fora (1996), o falecimento do
jornalista Décio Cataldi (1996), a duplicação da BR-040 no contorno de JF (2001) entre
outras.
Muitas dessas notas estão relacionadas a amigos pessoais do colunista ou a figuras
que aparecem recorrentemente em sua coluna durante eventos sociais. Em mais de 40 anos de
colunismo, Cesar Romero fez amizade com grandes nomes da sociedade brasileira como
Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Itamar Franco, Djalma Morais e outros.
Na biografia do colunista, Paulo César, diretor-geral da Tribuna de Minas,
descreve Cesar com espírito de entusiasmo, além de apresentar habilidade para cultivar
amizades. Segundo ele, “manter-se fiel aos princípios éticos de fazer amigos e preservá-los ao

2
Ancelmo Gois, 70 anos, deu inicio em sua carreira de jornalista na Gazeta de Sergipe com 15 anos, passou
pela revista Veja e atualmente é colunista no jornal O Globo, onde em meia página, traz um mix de notinhas
para todo tipo de público, entre elas estão, música, televisão, justiça, política, cidade (Rio de Janeiro), vida dos
famosos e dos típicos cariocas e frequentemente furos de notícias relacionadas ao mercado financeiro. A
coluna conta com fotos de celebridades e outros, e também com o espaço “Zona Franca” que é composto por
frases curtas com informações sociais. Já na versão online com o nome O Blog da Turma da Coluna, a coluna
tem um espaço maior, trazendo notinhas durante todo o dia e expandindo os temas, história, teatro, futebol,
saúde, natureza etc.
3
Mônica Bergamo, 51 anos, atualmente trabalha na rádio BandNews e no jornal Folha de S. Paulo desde 1999.
Mônica apresenta em sua coluna basicamente três temas, moda, celebridades e política. Ocupando meia
página, a coluna contem uma galeria de fotos e também traz um “Curto-Circuito” onde se encontra
informações rápidas. Tanto impressa, quanto online, a colunista retrata mais notinhas sobre política com
informações de fontes importantes e furos de notícias.
27

longo do tempo, convivendo com estrelas não é para qualquer um...” (YAZBECK, 2009, p.
120).

Figura 2 - Coluna Cesar Romero online (Fonte: site do jornal Tribuna de Minas)

Além da coluna impressa, as notas são reproduzidas na página da Tribuna na


internet (figura 2). Não há publicação de conteúdo próprio no site. Tanto fotos quanto texto
são reaproveitados da edição impressa, embora a diagramação seja alterada para se adequar ao
formato da página na web. No site, a página de Romero foi alocada no menu “Colunistas”,
junto a outros nomes que escrevem periodicamente para o jornal, a exemplo da jornalista
Daniela Arbex.
28

3 NOTÍCIAS EM PRIMEIRA MÃO

Como foi visto nos capítulos anteriores, atualmente, a coluna social pode exercer
uma função que supera o entretenimento e informações superficiais sobre pessoas
consideradas da elite social ou cultural. Neste capítulo, assim, será realizada uma análise da
coluna Cesar Romero com objetivo de verificar se esse tipo de conteúdo também pode ser
verificado nas páginas da Tribuna de Minas. Além disso, objetiva-se discutir se as notícias
publicadas em primeira mão na referida seção do jornal se devem ao contato privilegiado do
colunista com determinadas fontes.
Nesse intuito, num primeiro momento, serão apresentadas as duas metodologias
de pesquisa empregadas neste trabalho. A partir da análise de conteúdo, será realizada uma
leitura crítica da coluna tendo em vista o conteúdo publicado durante o mês de setembro de
2018. O recorte leva em consideração 25 edições, uma vez que o jornal em questão não
circula às segundas-feiras.
Para uma melhor compreensão do objeto escolhido, a análise de conteúdo será
complementada com uma entrevista em profundidade realizada com o colunista Cesar
Romero, realizada em junho de 2018, disponível no Anexo 1.

3.1 ANÁLISE DE CONTEÚDO E ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE

A análise de conteúdo é um método de pesquisa em ciências humanas e sociais


que tem como objetivo estudar fenômenos simbólicos por meio da codificação, categorização
e investigação crítica de dados. Conforme Wilson Corrêa Fonseca Júnior, este é um sistema
bastante confiável por ser estruturado com sistematicidade, a partir de uma exploração
empírica de elementos sociais ou, no caso deste trabalho, da comunicação. (JÚNIOR, 2006,
p.286)
Esta metodologia foi considerada apropriada para investigar a questão proposta
neste trabalho, uma vez que estamos considerando um objeto de estudo caracterizado por sua
unidade. Assim, foi possível eleger um recorte de 25 colunas, representando todas as páginas
publicadas durante o mês de setembro de 2018. Embora as edições de domingo tenham maior
número de páginas em relação aos outros dias da semana, não há qualquer modificação na
estrutura da publicação, que continua contando com o mesmo tipo de conteúdo e mesmas
seções. Nesse sentido, seria relevante constatar apenas o aumento significativo no número de
fotos em cada página.
29

De acordo com Wilson Corrêa Fonseca Júnior, a análise de conteúdo é organizada


em três etapas sequenciais: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados
obtidos e interpretação. Na primeira fase, realiza-se o planejamento do trabalho, incluindo a
delimitação da questão-tema, do objeto de estudo e do recorte do corpus. Além disso, o
pesquisador deve tomar conhecimento do universo que será explorado, o que foi realizado nos
dois primeiros capítulos deste trabalho. O segundo momento, por sua vez, é dedicado à
análise propriamente dita do material selecionado, o que será realizado no próximo tópico.
Por fim, os dados obtidos são cruzados, permitindo a realização de inferências. (JÚNIOR,
2006, p.290)
Como forma de contextualizar o objeto e também de gerar informações colaterais
para a análise dos dados, foi realizada uma entrevista com o colunista Cesar Romero. De
acordo com Jorge Duarte, a entrevista pode ser utilizada em jornalismo, etnografia, pesquisas,
entre outras funções. Foi a partir de 1930 que esse tipo de metodologia passou a ser visto em
âmbito metodológico, tendo maior propriedade após a Segunda guerra Mundial. A entrevista
também é feita com base nas teorias do entrevistador, cujo intuito é obter respostas a partir de
uma fonte. Não é aceito testar uma hipótese, e sim, fornecer elementos para o entendimento
de uma determinada situação. (DUARTE, 2006, p.63)
Ainda conforme o autor, a entrevista em profundidade é capaz de entender a
produção de conteúdo de um veículo de comunicação e identificar o interesse e procura entre
seus serviços: como são acessados, problemas, vantagens e desvantagens, além de muitas
outras situações.
Para auxiliar a coleta, são necessários instrumentos como: gravadores, telefones e
bloco de notas. As entrevistas também podem ser realizadas através da internet (e-mail),
forma mais rápida, que pode, dependendo da necessidade e disponibilidade, encurtar
distâncias e obter resultados mais rápidos. Por fim, após transpor todas as informações é
necessário que as mesmas sejam checadas e reflexionadas com o tema.
Além dessas questões, é necessário estar atento à validade e confiabilidade da
fonte, assim, selecionando o informante de forma coerente ao tema, tendo o princípio básico
de início, meio e fim da pesquisa. Dentre os tipos de entrevistas, estão a entrevista aberta, a
entrevista semiaberta e a entrevista fechada.
A entrevista aberta é realizada de modo exploratório e sem elaboração de roteiros,
porém, é preciso manter o foco para não sair do assunto. As respostas são obtidas de acordo
com a linguagem e cultura do entrevistado.
30

Já as entrevistas semiabertas ocorrem de forma flexível, mas há um roteiro de


controle. São elaboradas poucas questões e cada pergunta é aprofundada como um funil,
assim passando para a questão seguinte.
A entrevista fechada, por sua vez, é realizada de maneira uniforme, a partir de um
questionário previamente elaborado. Nessa modalidade o entrevistador não discute as
respostas com o entrevistado.
Neste trabalho, o método adotado foi a entrevista semiaberta, com o objetivo de
manter um roteiro com as perguntas, mas deixando o entrevistado acrescentar outras
informações a suas respostas. Para a entrevista com Cesar Romero, foram elaboradas 19
questões guia, elaboradas a partir de pesquisa bibliográfica prévia sobre colunismo social e
relacionamento com a fonte.

3.2 ANÁLISE DA COLUNA CESAR ROMERO

Para a realização da análise proposta neste trabalho, foram selecionadas 25


edições do jornal Tribuna de Minas, referentes a todas as edições do mês de setembro de
2018. As notas foram classificadas, inicialmente, segundo aspectos quantitativos da edição,
como número de notas, número de fotos e número de páginas ocupadas pela coluna.
A partir dessa primeira abordagem, foi possível constatar que Cesar Romero
ocupa uma página durante os dias de semana, passando para quatro páginas aos domingos.
Eventualmente, a coluna se expandiu para uma segunda página durante a semana, mas o
número de notas permaneceu dentro da mesma média, variando entre 12 e 21. Nesses casos, o
espaço foi ocupado por um número significativamente maior de fotos ou de anúncios pagos.
Aos finais de semana, quando o espaço da coluna quadruplica, foram publicadas
entre 25 e 33 notas. Ao contrário, a quantidade que apresentaram tem um aumento bem mais
expressivo, passando de uma média de três para até 49 imagens. No dia 30 de setembro, foi
constatado um caso atípico a essa amostragem, quando a coluna ocupou seis páginas e trouxe
60 fotos, devido a cobertura fotográfica em três eventos sociais.
No gráfico a seguir, é possível visualizar a proporção de notas e fotos publicadas
aos domingos e durante as edições da semana, com grande prevalência de imagens aos finais
de semana.
31

35
30
25
20
Semana
15 Domingos
10
5
0
Notas (média) Fotos (média)

Gráfico 1

Entre as notas publicadas na coluna Cesar Romero foi possível perceber não só
novidades sobre Juiz de Fora e região, mas também a presença de comentários sobre notícias
de repercussão nacional. Esse conteúdo opinativo apareceu 11 vezes durante o período
analisado, a exemplo do dia 1º de setembro, quando a coluna comentou os resultados de uma
pesquisa sobre a qualidade do ensino no Brasil.

EDUCAÇÃO
Os dados apresentados pelo MEC são absolutamente preocupantes. Cerca de 70%
dos estudantes que concluem o ensino médio em escolas públicas apresentam
resultados considerados insuficientes em matemática e português. O ensino tem
esbarrado num tripé vicioso: escolas em estado precário, professores desvalorizados
e estudantes desestimulados. Fica difícil ensinar e aprender. (TRIBUNA DE
MINAS, 01º/09/2018)

Notas opinativas, como a exemplificada acima, são redigidas pelo próprio


colunista, embora haja uma equipe que o ajuda a selecionar as notas e fotos que serão
publicadas. Cesar Romero, aliás, afirma que sua página tem o conteúdo opinativo como uma
de suas principais ênfases.
A coluna é bem diversificada. Procuro seguir essa linha. Ela é mais analítica, não só
narra o que aconteceu, mas dá opinião sobre um fato tanto da cidade quanto do país.
Foi-se o tempo que a coluna era restringida as festas, aniversários e outros, hoje ela
é um mini jornal, onde você encontra todos os assuntos como economia, política e
educação. (ROMERO, 2018)

Além do tipo de nota exemplificada acima, a coluna também traz notas


relacionadas à agenda de eventos políticos, sociais ou comerciais. Nesse caso, foram
32

veiculados lançamentos de candidaturas4, visitas de políticos a instituições da cidade,


inaugurações ou novidades relacionadas à empresas e lojas de Juiz de Fora, apresentações
culturais e outros eventos ligados ao entretenimento. É possível perceber nesse tipo de
conteúdo a atuação de assessorias de comunicação por meio do envio de press releases, uma
das principais fontes de pauta para a coluna. “É um volume muito grande. Recebemos e-mail de
várias assessorias de impressa, de órgãos oficiais, de empresas, instituições de ensino; também
recebemos muitas informações via WhatsApp, com notícias que depois são apuradas via e-mail.”
(ROMERO, 2018)
Cidade - Antenado
Hoje, na Câmara, acontece a audiência pública sobre "A chuva em Juiz de Fora:
prevenção e enfrentamento às suas consequências". Na prática, uma das primeiras
medidas seria, certamente, a imediata limpeza das bocas de lobo, muitas delas
entupidas de lixo. (TRIBUNA DE MINAS, 20/09/2018)

Completando o conteúdo, há as notas de conteúdo puramente social, com


anúncios de festas, aniversários, casamentos e viagens de pessoas conhecidas no meio social
de Juiz de Fora. Apesar de Romero afirmar a importância das notas opinativas em sua coluna,
é esse terceiro tipo de informação que consta em maior número na página. Por outro lado, a
maior parte dessas notícias é apresentada na seção “Voo livre”, reservada a notas ligeiras,
com duas ou três linhas de texto.
O gráfico abaixo apresenta a distribuição de conteúdo da coluna Cesar Romero
durante o mês pesquisado. Diante da análise preliminar, descrita nos parágrafos anteriores, as
notas foram classificadas em três tipos: opinativo, agenda geral (referentes a acontecimentos
de política, economia ou cultura) e notas sociais (abrangendo informações relativas às colunas
sociais tradicionais).

4
O período de análise da coluna coincidiu com o lançamento das candidaturas a deputado estadual, deputado
federal, senador, governador e presidente da República, das eleições 2018.
33

Opinativo
Agenda geral
Notas sociais

Gráfico 2

Conforme o gráfico anterior, é possível verificar que, das 458 notas publicadas no
mês de setembro na coluna, 89% referem-se a notas sociais, como festas, casamentos e
aniversários de “colunáveis”. Em seguida, com percentual expressivamente menor, 6%, estão
as notícias relacionadas à agenda, como eventos públicos ou visitas de políticos a instituições
da cidade. Por fim, as notas opinativas constituem apenas 5% do total. Esse resultado, vai de
encontro à afirmação do colunista de que sua página é “diversificada” e segue “linha mais
analítica”. (ROMERO, 2018) Ao contrário, esse tipo de conteúdo representaria quase uma
exceção à regra da coluna social tradicional.
Na etapa seguinte, foram contabilizados os números de “furos” que a coluna
Cesar Romero trouxe em relação às outras editorias do jornal em que é publicada.
Desconsiderando as notas sociais, tradicionalmente não publicadas no conteúdo editorial do
periódico, foram identificadas 48 notícias inéditas. De 50 notas referentes ao conteúdo de
interesse geral (agenda e opinativo), portanto, apenas duas foram publicadas em outras
editorias da Tribuna de Minas. A maioria do conteúdo exclusivo tem caráter político e trata de
temas de abrangência nacional. Mais especificamente, há um comentário sobre o incêndio do
Museu Nacional, na edição do dia 4 de setembro – que foi noticiado na página “Brasil” – e
uma notícia sobre a visita do então governador Antônio Anastasia ao Abrigo Santa Helena, no
dia 9 de setembro – com cobertura completa na página de política do jornal.
34

Exclusivas
Repetidas

Gráfico 3

A constatação presente no gráfico anterior permite uma reflexão sobre o


relacionamento do colunista com suas fontes. De fato, é possível perceber que há um número
considerável de informações publicadas com exclusividade pela coluna. Cabe ressaltar,
entretanto, que entre as notas opinativas, parte repercute fatos de âmbito nacional, publicados
em outros veículos de comunicação. Esse conteúdo corresponde a 10% do total, conforme
demonstra o Gráfico 4.

Regional
Nacional

Gráfico 4
35

Aproximadamente 90% do conteúdo publicado na coluna Cesar Romero,


portanto, corresponde a notícias de Juiz de Fora e região. Conforme o colunista, a maior parte
dessas pautas chega à equipe responsável pela coluna por meio de press releases e mensagens
de WhatsApp. Produzido por assessorias de comunicação, a maioria desse material não
constitui fonte exclusiva para a página. Pelo contrário, as mesmas informações são
compartilhadas com as outras editorias do jornal e com outros veículos de comunicação.
Nesse caso, seria possível notar que a ausência dessas notas em outras páginas da Tribuna de
Minas se deveria menos à exclusividade da fonte e mais à adequação do conteúdo a uma
página de conteúdo social.
Ainda conforme Romero, eventuais notícias em primeira mão publicadas na
coluna não chegam a ser consideradas furos, uma vez que se trata do mesmo jornal. Nesses
casos, a página é utilizada como fonte para reportagens mais aprofundadas publicadas
posteriormente em outras editorias do periódico. “Nunca deixou de ser uma relação amigável,
principalmente entre eu e o editor geral [Paulo Cesar Magela]. Quando a notícia é dada no
jornal, eles até citam a coluna dando crédito pela matéria.” (ROMERO, 2018)
O colunista relata, ainda, que a coluna mantém certa independência em relação à
redação da Tribuna e que o respeito entre ele e o jornal é recíproco.

Eu não tenho um contato diário com todos da redação, apenas com o diagramador
via Skype, pois a coluna é editada e produzida na Agência CR-Nova. Mas, uma vez
na semana, vou à redação do jornal, para fazer uma visita ao diretor geral [Paulo
Cesar Magela] ou para alguma reunião. Com isso, consigo trocar informações com
alguns colegas, no sentido de auxiliar com alguma fonte, informação que ele precisa
ou até contato para apurar. Eu acho importante esse lado de ajuda, da mesma forma
que às vezes eu posso recorrer a eles. (ROMERO, 2018)

Como fica explícito na citação acima, por se tratar de uma coluna assinada, a
página de Cesar Romero não segue os mesmos crivos de edição do restante do jornal, ficando
sob tutela do próprio colunista. “Nunca tive que passar a coluna para ser lida pelo editor geral
ou pela editora executiva antes dela ser publicada. É questão de confiança, de respeito mútuo
e responsabilidade”. (ROMERO, 2018)
Dentre o conteúdo opinativo publicado na coluna (excluindo-se as notas sociais e
agenda), é possível observar a predominância da política, com 60% do total de notas
publicadas. Em seguida, estão as informações relacionadas ao conteúdo de cidade, com 30%.
Cultura e esportes completam o quadro, com apenas 5% para cada assunto.
36

Política
Cultura
Cidade
Esporte

Gráfico 5

A prevalência da política como tema principal do conteúdo opinativo indica que a


coluna recebe uma quantidade considerável de pautas sobre esse assunto. Além das
reportagens de agenda – como convenções de partidos e lançamentos de candidaturas –, é
possível perceber o registro de movimentações internas em pastas da administração municipal
ou comentários relacionados a nomes de políticos especificamente. Em alguns casos, esses
nomes chegam a ser acompanhados de adjetivos, como na nota publicada no dia 13 de
setembro sobre o ex-prefeito de Santos Dumont, Dalton Abud, classificado na coluna como
“boa-praça”: “Política: Ex-vice-prefeito de Santos Dumont, o boa-praça Dalton Abud assumiu
o comando da secretaria de Agropecuária e Abastecimento, onde já vinha atuando há algum
tempo.” (TRIBUNA DE MINAS) É possível perceber, assim, que o colunista expressa
abertamente a simpatia por determinados personagens que aparecem na página.
No geral, as notas de política durante o período analisado, registram o lançamento
de candidaturas ou a agenda de políticos em campanha na cidade. Além disso, há o registro de
algumas declarações de candidatos, como aconteceu durante a visita do então senador
Antonio Anastasia ao Abrigo Santa Helena, no dia 22 de setembro:
37

Política - No Abrigo Santa Helena


Candidato ao governo de Minas, Antonio Anastasia e o deputado Noraldino Júnior
foram tomar o café da manhã, ontem, no Abrigo Santa Helena, sendo recebido pelo
presidente Antônio Carlos Estevão, diretores e conselheiros. Anastasia se mostrou
bem impressionados com o trabalho realizado na centenária instituição. Ele disse
que, se eleito, sua proposta é de "um político de cuidados. Nós sabemos que os
idosos precisam de mais atenção na área de saúde, segurança e lazer. Além disso,
fundamentalmente, qualificação para cuidadores, que é uma função que vem
crescendo, porque, felizmente, aumentamos a idade média no Brasil". Anastasia
afirmou que "o poder público precisa apoiar e estimular iniciativas privadas como o
Abrigo Santa Helena. Uma instituição como esta faz bem melhor que o governo na
administração e no acolhimento carinhoso". (TRIBUNA DE MINAS, 22/09/2018)

De acordo com Romero, grande parte das informações exclusivas publicadas na


coluna partem de contatos pessoais, de fontes consideradas suas amigas. “A relação tem que
ser de amizade e você tem que confiar na fonte. Eu tenho fontes como amigas, assim,
certamente elas não vão querer prejudicar a coluna e muito menos o jornal.” (ROMERO,
2018) O colunista também afirma que algumas de suas fontes possuem grau absoluto de
confiança, o que faria com que o processo de checagem passe a ser dispensado.
Se eu tenho certeza daquela informação e essa fonte está sendo mais precisa, ai eu
não tenho que checar. Agora, se é uma informação que deixa dúvidas, eu apuro para
não ter problemas. Também não levo em conta quando a fonte passa informação que
ela vê só o lado dela e quer utilizar a coluna, mas quando é coletivo, vamos publicar.
(ROMERO, 2018)

Tal procedimento contraria as premissas básicas da técnica de apuração


jornalística. Como vimos no primeiro capítulo deste trabalho, a checagem é uma etapa
fundamental e não pode ser colocada em segundo plano, sob pena da perda de credibilidade
do jornalista e do veículo.
Por fim, não foi identificada, no mês analisado, a publicação de notas que tenham
rendido pautas para as outras editorias da Tribuna de Minas em edições posteriores.
38

CONCLUSÃO

A coluna social reivindica, cada vez mais, sua importância nos meios
jornalísticos. Isso se dá através de uma diversificação crescente de temas abordados nessas
páginas e também da possibilidade de publicação de notícias em primeira mão, muitas vezes
obtidas por meio de fontes exclusivas, que priorizam a visibilidade desse tipo de espaço e o
prestígio de determinados colunistas.
Diante do tipo de distribuição de conteúdo verificado na página, é possível
perceber que a coluna Cesar Romero dedica a maior parte de seus esforços aos eventos
sociais, com ampla cobertura fotográfica. Isso reforça que a página do colunista ainda possui
ênfase muito grande nos antigos moldes da coluna social.
Mesmo que a coluna de Romero publique grande número de informações que não
são verificadas em outras páginas da Tribuna de Minas, é possível perceber que a maioria
dessas notícias contêm conteúdos tipicamente veiculados em press releases, como
inaugurações de empreendimentos comerciais, agenda de eventos políticos ou ações em datas
comemorativas.
A exemplo de outras colunas sociais, a página de Romero traz notas de conteúdo
opinativo. Entretanto, algumas delas referem-se a comentários de fatos de abrangência
nacional, veiculados a exaustão em mídias concorrentes. Por outro lado, o colunista também
procura emitir seu ponto de vista a respeito de personalidades da vida pública local, seja por
meio da adjetivação direta ou do espaço conferido a declarações de determinados políticos e
empresários.
Além disso, apesar do conteúdo fortemente opinativo, não foi identificada, no
período analisado, alguma nota em que a coluna tenha sido privilegiada com a exclusividade
de uma fonte, sendo o “furo” praticamente inexistente na coluna. A maioria das informações
em primeira mão, ao contrário, parecem não preencher os critérios de noticiabilidade adotados
nas outras editorias do jornal Tribuna de Minas.
39

REFERÊNCIAS

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Das normas de redação ao planejamento gráfico, um jornal para todas as faixas de leitores.

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<http://www.ojs.ufpi.br/index.php/rbhm/article/view/6657>. Acesso em 30 de abril de 2018.

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FLORESTA, Cleide; BRASLAUSKAS, Ligia. Técnicas de reportagem e entrevista: roteiro


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GONÇALVES, José Henrique Rollo. Escavando o chão da futilidade: colunas sociais,


fontes para o estudo de elites locais. Revista de História Regional, v. 4, n. 2, inverno
1999, p. 35-59. Disponível em:
<http://www.revistas2.uepg.br/index.php/rhr/article/view/2082>. Acesso em: 23 de março de
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LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 7ª edição.


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NETTO, Caroline Vidal. O colunismo social desce do salto: a transformação de um setor do


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40

(Graduação em Comunicação Social) – Faculdade de Comunicação Social, Universidade


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NOBLAT, Ricardo. A arte de escrever um jornal diário. 4ª edição. São Paulo: Contexto,
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SOUZA, Ana Cláudia. A (re) invenção do real: o limite entre vida pública e privada na
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SIQUEIRA, Isabel Travancas. O mundo dos jornalistas. São Paulo: Ed. Summus , 1993.

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frente da Gazeta Jovem, ao mais influente colunista na história da imprensa de Juiz de Fora.
2008. Juiz de Fora: Alva, 2009. 244 p.
41

ANEXO 1 – ENTREVISTA COM O COLUNISTA CESAR ROMERO

Algum jornalista já ficou com raiva por você ter dado algum furo?
R: Acredito que não, mas se teve, eu não fiquei sabendo. (risos)

Seu ponto de vista é emitido na coluna?


R: Sem dúvida. A gente procura personalizar a coluna, porque é aquela questão, escrever é uma coisa,
ter estilo é outra. Então o estilo da coluna esta muito vinculada a minha pessoa.

Alguém te ajuda com a coluna?


R: Tem o jornalista Jorge Júnior, que trabalha diretamente comigo, inclusive na minha ausência de
alguma viagem ou outra ocasião. Porém, mesmo viajando, a coluna nunca vai ao ar ou impressa sem
minha supervisão.

Sua coluna tem uma diagramação certa?


R: Existe um padrão de diagramação do jornal, mas a coluna tem uma certa liberdade na diagramação
no sentido de fotos e destaque de alguma nota. Podemos colocar uma grande foto ou um conjunto de
fotos, mas o padrão gráfico é mantido.

Você já falou em entrevista que não tem aquela pessoa que você consulta todo dia, isso
permanece?
R: Com certeza, se não você fica vinculado nas mesmas fontes. Você tem que variar ao máximo e em
determinados assuntos, é interessante você também recorrer a algumas fontes que não tem contato
permanente.

As fotos ainda têm seu espaço na coluna social?


R: A foto ou a ilustração é muito importante na coluna, acredito que ela tenha o mesmo peso que as
matérias. Uma foto inédita, uma cobertura fotográfica de um evento, representa muito. Na coluna
fazemos uma seleção do de quais vão sair no impresso e quais vão para o site.

Como é a sua relação com os jornalistas e a equipe do jornal Tribuna de Minas?


R: Eu não tenho um contato diário com todos, apenas com o diagramador via Skype, pois a coluna é
editada e produzida na Agência CR-Nova. Mas uma vez na semana vou à redação do jornal, para fazer
uma visita ao diretor geral ou para alguma reunião. Com isso, consigo trocar informações com alguns
colegas, no sentido de auxiliar com alguma fonte, informação que ele precisa ou até contato para
apurar. Eu acho importante esse lado de ajuda, da mesma forma que às vezes eu posso recorrer a eles.
42

Como você define a coluna social hoje?


R: A coluna é bem diversificada, e eu procuro seguir essa linha. Ela é mais opinativa, analítica, não só
narra o que aconteceu, mas dá opinião sobre um fato tanto da cidade quanto do país.
Foi o tempo que a coluna era restringida as festas, aniversários e outros, hoje ela é um mini jornal,
onde você encontra todos os assuntos como economia, política e educação.

Como ter um bom relacionamento com as fontes?


R: É uma questão mútua de confiança, de ver que a pessoa não esta usando a coluna para se promover,
ela esta no sentido de colaborar. Você percebe quando uma fonte é boa e confiável quando a nota tem
uma boa receptividade do leitor no dia seguinte.

Qual a reação do jornal quando a coluna dá um furo?


R: Nunca deixou de ser uma relação amigável, principalmente entre eu e o editor geral [Paulo Cesar
Magela]. Quando a notícia é dada no jornal, eles até citam a coluna dando crédito pela matéria.

Qual a sua relação com as suas fontes?


R: A relação tem que ser de amizade e você tem que confiar na fonte. Eu tenho que ter as fontes como
amigas, assim, certamente elas não vão querer prejudicar a coluna e muito menos o jornal.

Uma fonte, que você não tem muito contato, passa uma informação importante, você apura?
R: Se eu tenho certeza daquela informação e essa fonte esta sendo mais precisa, ai eu não tenho que
chegar. Agora se é uma informação que deixa dúvidas, eu apuro para não ter problemas. Também não
levo em conta quando a fonte passa informação que ela vê só o lado dela e quer utilizar a coluna, mas
quando é coletivo, vamos publicar.
Na coluna social também ocorre da pauta “cair”?
R: Tem sim. Às vezes uma nota que esta programada para sair no dia seguinte cai, porque surgiu uma
de com mais importância, ou o espaço na hora da diagramação não permite a entrada da nota. Já no
online, às vezes no outro dia pela manhã a nota tem importância e depois do almoço não tem mais,
então ela é retirada do ar.

Quantos e-mails por dia a agência recebe com informações de fontes?


R: É um volume muito grande. Recebemos e-mail de várias assessorias de impressa, de órgãos
oficiais, de empresas, instituições de ensino, assessorias pessoas e outros. Hoje também recebemos
muitas informações via whatsapp, com notícias instantâneas que depois são apuradas via e-mail.
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Algum furo de notícia foi importante para você?


R: Uma coisa simples, mas que deu repercussão nacional foi a nota que eu publiquei sobre o término
do relacionamento do ex-presidente Itamar Franco. Um amigo leitor mandou para o Ricardo Boechat e
ele veiculou numa participação que ele tinha no Bom Dia Brasil e ainda citou a fonte. A coluna foi a
primeira a dar a informação da renúncia do prefeito Bruno Siqueira em Juiz de Fora. Claro, cada uma
tem sua importância no momento.

A Tribuna de Minas já te proibiu de publicar alguma coisa?


R: Nunca. A coluna sempre foi muito independente e eu tenho um respeito muito grande pelo jornal e
eles por mim. Nunca tive que passar a coluna para ser lida pelo editor geral ou pela editora executiva
antes dela ser publicada. É questão de confiança, de respeito mútuo e responsabilidade.

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