M A N U E L A L C Á N T A R A , M E R C E D E S G A R C Í A M O N T E R O

Y F R A N C I S C O S Á N C H E Z L Ó P E Z ( C o o r d s . )

A r t e
M E M O R I A D E L 5 6 . º C O N G R E S O
I N T E R N A C I O N A L D E A M E R I C A N I S T A S
D O I : h t t p : / / d x . d o i . o r g / 1 0 . 1 4 2 0 1 / 0 A Q 0 2 5 1 _ 3
 M A N U E L A L C Á N T A R A
M E R C E D E S G A R C Í A M O N T E R O
F R A N C I S C O S Á N C H E Z L Ó P E Z
( C o o r d s . )

A r t e
D O I : h t t p : / / d x . d o i . o r g / 1 0 . 1 4 2 0 1 / 0 A Q 0 2 5 1 _ 3

uI n n i s v t e i r s t i u d t a o d d d e e s a I l ab m e a r n c o a a m é r i c a
 A Q U I L A F U E N T E , 2 5 1

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a y
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1 ª edición: juli o, 2 0 1 8
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 1 3 - 5 ( p d f o b r a c o m p l e t a )
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9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 1 9 - 7 (pdf, vol. 6 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 0 - 3 (pdf, vol. 7 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 1 - 0 (pdf, vol. 8 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 2 - 7 (pdf, vol. 9 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 3 - 4 (pdf, vol. 1 0 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 4 - 1 (pdf, vol. 1 1 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 5 - 8 (pdf, vol. 1 2 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 6 - 5 (pdf, vol. 1 3 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 7 - 2 (pdf, vol. 1 4 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 8 - 9 (pdf, vol. 1 5 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 2 9 - 6 (pdf, vol. 1 6 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 3 0 - 2 (pdf, vol. 1 7 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 3 1 - 9 (pdf, vol. 1 8 )
9 7 8 - 8 4 - 9 0 1 2 - 9 3 2 - 6 (pdf, vol. 1 9 )
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e u s @ u s a l . e s

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C í c e r o , S.L.
T e l . : 9 2 3 1 2 3 2 2 6
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  C o m i t é p e r m a n e n t e 
[*]
J a n - Å k e A L V A R S S O N , S u e c i a – Presidente
Elizabe th D Í A Z B R E N I S , M é x i c o – V i c e p r e s i d e n t e [*]
W a l t e r R A U D A L E S , E l S a l v a d o r – S e c r e t a r i o [*]
A n t o n i o A C O S T A R O D R Í G U E Z , E s p a ñ a
M i l k a C A S T R O L U C I C , C h i l e [*]
H o r a c i o C E R U T T I G U L D B E R G , M é x i c o [ * ]
K e e s D E N B O E R , P a í s e s B a j o s [*]
J o h n R . F I S H E R , R e i n o U n i d o [*]
E n r i q u e F L O R E S C A N O M A Y E T , M é x i c o
J o r g e R . G O N Z Á L E Z M A R M O L E J O , M é x i c o [*]
A d o l f o L. G O N Z Á L E Z R O D R Í G U E Z , E s p a ñ a
M a r t i n a K A L L E R , Austria[*]
J a c q u e s L A F A Y E , F r a n c i a
M a r í a L u i s a L A V I A N A C U E T O S , E s p a ñ a [*]
M i g u e l L E Ó N P O R T I L L A , M é x i c o
C a t a l i n a M A C H U C A , E l Salvador[*]
E l i o M A S F E R R E R K A N , M é x i c o [*]
D a v i d M A Y E R , Austria[*]
B e r t h o l d M O L D E N , A u s t r i a [*]
S e g u n d o E . M O R E N O Y Á N E Z , E c u a d o r [*]
N o h r a R E Y D E M A R U L A N D A , C o l o m b i a
Rafael R I V A S P O S A D A , C o l o m b i a
R a m ó n R I V A S , E l Salvador[*]
L u i s A . R I V E R O S C O R N E J O , C h i l e
M a r i u s z Z I Ó L K O W S K I , Polonia[*]
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
C o n asterisco los m i e m b r o s del C P - I C A q u e h a n asistido a, p o r lo m e n o s , u n o d e los tres últimos Congresos:
[*]

5 3 I C A - 2 0 0 9 , 5 4 I C A - 2 0 1 2 , 5 5 I C A - 2 0 1 5 .

 C o m i t é C i e n t í f i c o 

A n t r o p o l o g í a
C a r m e n M a r t í n e z - N o v o , University of K e n t u c k y
P a b l o Palenzuela, U n i v e r s i d a d d e Sevilla
A r t e y p a t r i m o n i o cultural
A n t o n i o N o t a r i o , U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a
A r q u e o l o g í a
C h r i s Pool, University of K e n t u c k y
A n d r é s C i u d a d , U n i v e r s i d a d C o m p l u t e n s e d e M a d r i d
C i e n c i a s y m e d i o a m b i e n t e
B a r b a r a H o g e n b o o m , C e n t r e for L a t i n A m e r i c a n Research a n d D o c u m e n t a t i o n – C E D L A / Universiteit v a n A m s t e r d a m
A l f r e d o Stein, University of M a n c h e s t e r
C o m u n i c a c i ó n y n u e v a s t e c n o l o g í a s
Á n g e l Badillo, U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a
D e l i a C r o v i , U N A M
C o s m o v i s i o n e s y s i s t e m a s religiosos
Elizabeth D í a z Brennis, Escuela N a c i o n a l d e Antropología e Historia
M e r c e d e s Saizar, C O N I C E T
E d u c a c i ó n
José M ª H e r n á n d e z , U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a
P a b l o Gentili, C L A C S O
E s t u d i o s culturales
C a t h e r i n e B o y l e , King’s College L o n d o n
M a r t i n a Kellar, Universität W i e n
E s t u d i o s d e g é n e r o
G i o c o n d a H e r r e r a , F L A C S O - E c u a d o r
A r a n t x a E l i z o n d o , E u s k a l H e r r i k o Unibertsitatea / U n i v e r s i d a d del País Vasco
E s t u d i o s e c o n ó m i c o s
D i e g o S á n c h e z , University of O x f o r d
A n d r é s Rivarola, S t o c k h o l m s Universitet
 E s t u d i o s políticos
Scott M o r g e n s t e n , University of Pittsburg
Gisella Sin, University of Illinois
E s t u d i o s sociales
A l b e r t o M a r t í n , Instituto M o r a
H e l e n e R e n e e R o u x , Institut d e R e c h e r c h e p o u r le D é v e l o p p e m e n t
Filosofía y p e n s a m i e n t o
José L u i s M o l i n u e v o , U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a
H o r a c i o Ce rutti G u l d b e r g , U n i v e r s i d a d N a c i o n a l A u t ó n o m a d e M é x i c o
H i s t o r i a
M a r í a L u i s a L a v i a n a , C S I C
A s c e n s i ó n M a r t í n e z Riaza, U n i v e r s i d a d C o m p l u t e n s e
G u i l l e r m o M i r a Delli-Zotti, U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a
Lingüística y literatura
Francisca N o g u e r o l , U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a
C a r l o s Franz, A c a d e m i a d e Chile
M i g r a c i o n e s
A l b e r t o d e R e y , U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a
C h r i s t i a n Zlolniski, University of Texas at Arlington
M o v i m i e n t o s sociales
S a l v a d o r M a r t í , Universitat d e G i r o n a
D a v i d G a r i b a y , Université d e L y o n 2
R e l a c i o n e s I n t e r n a c i o n a l e s
Sergio Caballero, U n i v e r s i d a d d e D e u s t o
D e t l e f N o l t e , G I G A – G e r m a n Institute o f G l o b a l a n d A r e a Studies
S i m p o s i o s i n n o v a d o r e s
R o d r i g o R o d r i g u e s , U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a
E m e r s o n Urizzi Cervi, U n i v e r s i d a d e Federal d o P a r a n á

 C o m i t é o r g a n i z a d o r l o c a l 

P r e s i d e n t e
M a n u e l A l c á n t a r a S á e z
Secretario G e n e r a l
F r a n c i s c o S á n c h e z L ó p e z
V o c a l e s
R o m á n Á l v a r e z R o d r í g u e z
I g n a c i o B e r d u g o G ó m e z d e la T o r r e
M i g u e l C a r r e r a T r o y a n o
Á n g e l B a l d o m e r o E s p i n a B a r r i o
M e r c e d e s G a r c í a M o n t e r o
José M a r í a H e r n á n d e z D í a z
G u i l l e r m o M i r a Delli-Zotti,
Francisca N o g u e r o l J i m é n e z
E m i l i o Prieto d e los M o z o s
A n t o n i o N o t a r i o
Julio S á n c h e z G ó m e z
José M a n u e l S a n t o s
 P R E S E N T A C I Ó N

B i e n v e n i d o s
E l C o m i t é O r g a n i z a d o r del 5 6 º C o n g r e s o Internacional d e A m e r i c a n i s t a s ( I C A ) invita a la c o m u n i d a d a c a d é m i
c a a participar e n el e n c u e n t r o q u e se celebrará e n la U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a el 1 5 al 2 0 d e julio d e 2 0 1 8 . B a j o el
l e m a « U n i v e r s a l i d a d y particularismo e n las A m é r i c a s » , esta e d i c i ó n del I C A l l a m a a la reflexión s o b r e la dialéctica
entre la universalidad y los particularismos e n la p r o d u c c i ó n d e c o n o c i m i e n t o , u n d i á l o g o e n el q u e la n e c e s i d a d
d e c o n o c e r los particularismos d e los f e n ó m e n o s sociales, políticos, artísticos y culturales obliga a f o r m u l a r n u e v a s
hipótesis q u e e n r i q u e c e n y r e p l a n t e a n las g r a n d e s teorías generales d e las ciencias y las h u m a n i d a d e s .
E l carácter interdisciplinario e inclusivo q u e h a caracterizado al I C A d e s d e s u inicio e n 1 8 7 5 , c o m o u n c o n g r e s o
d e estudios d e área e n s e n t i d o c o m p l e t o , h a c e a ú n m á s significativa esa d i n á m i c a d e p r o d u c c i ó n d e c o n o c i m i e n t o .
C o n u n p l a n t e a m i e n t o interdisciplinario e inclusivo, I C A r e ú n e a investigadores q u e e s t u d i a n el c o n t i n e n t e a m e
ricano, d e s d e A l a s k a hasta Tierra d e F u e g o , i n c l u y e n d o el territorio del C a r i b e , a partir del análisis d e s u política,
e c o n o m í a , cultural, lenguas, historia y prehistoria. Así, el C o m i t é O r g a n i z a d o r les invita a presentar sus p r o p u e s t a s
y participar e n el análisis y la reflexión s o b r e las especificidades d e las A m é r i c a s y el C a r i b e c o n el objetivo d e enri
q u e c e r las g r a n d e s teorías generales.

B e m - v i n d o
O C o m i t ê O r g a n i z a d o r d o 5 6 º C o n g r e s s o Internacional d e A m e r i c a n i s t a s ( I C A ) c o n v i d a a c o m u n i d a d e a c a d ê
m i c a a participar d o e n c o n t r o q u e se celebrará n a U n i v e r s i d a d e d e S a l a m a n c a d e 1 5 a 2 0 d e j u l h o d e 2 0 1 8 . S o b o
l e m a “ U n i v e r s a l i d a d e e particularismo n a s A m é r i c a s ” , esta e d i ç ã o d o I C A c h a m a à reflexão s o b r e a dialética entre a
u niversalidade e o s particularismos n a p r o d u ç ã o d o c o n h e c i m e n t o , u m d i á l o g o n o q u a l a n e c e s s i d a d e d e c o n h e c e r
o s particularismos d o s f e n ô m e n o s sociais, políticos, artísticos e culturais o b r i g a a f o r m u l a r n o v a s hipóteses q u e
e n r i q u e c e m e r e f o r m u l a m as g r a n d e s teorias gerais d a s ciências e h u m a n i d a d e s .
O caráter interdisciplinar e inclusivo q u e caracteriza o I C A d e s d e o s e u início e m 1 9 7 5 , c o m o u m c o n g r e s s o d e
e s t u d o d e área n o s e u s e n t i d o c o m p l e t o , t o r n a a i n d a m a i s significativa esta d i n â m i c a d e p r o d u ç ã o d o c o n h e c i m e n
t o. C o m u m caráter interdisciplinar e inclusivo, o I C A r e ú n e p e s q u i s a d o r e s q u e e s t u d a m o c o n t i n e n t e a m e r i c a n o ,
d e s d e o A l a s k a até a T e r r a d o F o g o , i n c l u i n d o o território d o C a r i b e , a partir d a análise d e s u a política, e c o n o m i a ,
c ultura, línguas, história e pré-história. O C o m i t ê O r g a n i z a d o r c o n v i d a - l h e s a apresentar suas p r o p o s t a s e participar
n a análise e n a reflexão s o b r e as especificidades d a s A m é r i c a s e d o C a r i b e c o m o objetivo d e e n r i q u e c e r as g r a n d e s
t eorias gerais.

W e l c o m e
T h e O r g a n i z i n g C o m m i t t e e of t h e5 6 t h International C o n g r e s s of A m e r i c a n i s t s ( I C A ) invites t h e scholarly c o m
m u n i t y to partici pate in t h e c o n g r e s s that will take place in S a l a m a n c a f r o m t h e 1 5 t h to the 2 0 t h of July of 2 0 1 8 .
U n d e r t h e m o t t o “Universality a n d p articularism in t h e A m e r i c a s , ” this edition of t h e I C A invites u s to reflect o n
t h e relationship b e t w e e n universality a n d particularism in t h e p r o d u c t i o n of k n o w l e d g e , a d i a l o g u e in w h i c h t h e
n e e d to k n o w t h e idiosyncrasies of soc ial, political, artistic, a n d cultural p h e n o m e n a , leads u s to create n e w h y p o t h
eses in o r d e r to e n r i c h a n d rethink g r a n d social theories in t h e sciences a n d the h u m a n i t i e s .
T h e multidisciplinary a n d inclusive character o f I C A since its b e g i n n i n g i n 1 8 7 5 as a n area c o n g r e s s u n d e r s c o r e s
th e i m p o r t a n c e of this d y n a m i c in t h e p r o d u c t i o n o f k n o w l e d g e . B a s e d o n a n interdisciplinary a n d inclusive a p p r o a c h ,
I C A g a t h e r s together researchers w h o s t u d y the politics, the e c o n o m i c s , the cultures, the languages, the history, a n d
th e pre history of t h e A m e r i c a s , f r o m A l a s k a to t he C a r i b b e a n a n d Tierra del F u e g o . T h e congress w e l c o m e s c o n t r i b u
ti ons o n t h e specificities o f L a t i n A m e r i c a a n d t h e C a r i b b e a n . T h e g o a l is t o e n r i c h social g e n e r a l theories.

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 7 – A r t e - I C A ' 1 8
 E S P A Ç O E A P L á S T I C A M O D E R N A
O
N A A R Q U I T E T U R A R E L I G I O S A D E C A R L O S M I L L A N
E J O A Q U I M G U E D E S

L i m a J u n i o r , M á r c i o A n t o n i o

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 0 – A r t e - I C A ' 1 8
 O E S P A Ç O E A P L Á S T I C A M O D E R N A N A A R Q U I T E T U R A
R E L I G I O S A D E C A R L O S M I L L A N E J O A Q U I M G U E D E S

I. I N T R O D U Ç Ã O
A s s o l u ç õ e s a d o t a d a s p a r a a arquitetura religiosa d o s é c u l o X X n o Brasil n ã o f o r a m
h o m o g ê n e a s , s e u s e x e m p l a r e s p o s s u e m d i v e r s o s arranjos plásticos, funcionais, litúrgicos e
simbólicos. A utilização d a a b s t r a ç ã o n a arte e arquitetura M o d e r n a seria q u e s t i o n a d a pela
Igreja Católica r o m a n a . E m b o r a a p r e s e n t a s s e dificuldade e m deixar a arte figurativa p o r
acreditar n o caráter didático d a m e s m a , c o m o t e m p o verificou-se q u e a arte e arquitetura
sacra t e r i a m o potencial d e n ã o a p e n a s p r o p o r c i o n a r u m a r e p r e s e n t a ç ã o precisa d a s f o r m a s
materiais, m a s t a m b é m c o m u n i c a r u m a realidade espiritual invisível e oculta. A a b s t r a ç ã o
p o d e r i a c o l a b o r a r n a criação d e u m a m b i e n t e c o n t e m p l a t i v o , c o n s t i t u i n d o u m a p r o p o s i ç ã o
d a realidade m a i s sugerida d o q u e e f e t i v a m e n t e representada. E s p e r a v a - s e q u e essa a m b i ê n c i a
arquitetônica d e s e m p e n h a s s e u m p a p e l d e f o r m a ç ã o e d e edificação espiritual, c o m i n t e n ç ã o
m e n o s didática e m a i s c o n t e m p l a t i v a . A partir d e s s e e n t e n d i m e n t o h o u v e r a m a l g u m a s
iniciativas d e abertura p a r a a arte e arquitetura m o d e r n a . E m relação a arquitetura, o n o v o
edifício deveria ser f u n c i o n a l e inteligível e m relação a o p r o g r a m a . A s reivindicações
funcionais d o M o v i m e n t o M o d e r n o s e r v i r a m c o m o b a s e reflexiva p a r a a d e p u r a ç ã o formal,
f u n c i o n a l e linguística d a arquitetura religiosa. E n t r e t a n t o , o f u n c i o n a l i s m o litúrgico n ã o
tratou a p e n a s d e r e s p o n d e r a o s requisitos p r o g r a m á t i c o s e físicos d a edificação, c o m o
c a p a c i d a d e , visibilidade e acústica, m a s t a m b é m c o m p r o m e t e u - s e a r e s p o n d e r as i m p l i c a ç õ e s
s i m b ó l i c a s relacionadas c o m a realidade d o transcendente. E s s a b u s c a pela essencialidade,
d e s p o j a m e n t o e f u n c i o n a l i d a d e d a arquitetura religiosa, tinha a f o r m a c o m o m o t i v o e o
“invisível” c o m o finalidade, a s p e c t o tratado c o m o s i m b ó l i c o , m o n u m e n t a l o u poético. N e s s a
b u s c a p o r u m a r e n o v a ç ã o d o e s p a ç o litúrgico, a l é m d a s influencias d o M o v i m e n t o M o d e r n o
a p r o p r i a d a s n a f o r m a e material, o M o v i m e n t o Litúrgico e x e r c e u g r a n d e influência p a r a
m u d a n ç a s q u e a b a r c a r a m o e s p a ç o d e celebração, a arte sacra e a p r ó p r i a vivência d a fé. U m
p o u c o m a i s tarde o C o n c í l i o V a t i c a n o II e as r e s o l u ç õ e s conciliares c o o p e r a r i a m p a r a as
definições já trabalhadas p e l o M o v i m e n t o Litúrgico.
O s n o v o s projetos d e igrejas, b u s c a r a m e n c o n t r a r m e t á f o r a s a partir d o s sólidos
p u r o s , o material e d o t r a b a l h o c o m a luz, c r i a n d o a s s i m o s n o v o s s í m b o l o s q u e se
d
i n t e g r a r a m n a s f o r m a s n a s c e n t e s d a g e o m e t r i a . E s t e s projetos a t r i b u í r a m às f o r m a s abstratas
m a n e i r a s d e despertar u m caráter espiritual. D e v i d o a a b s t r a ç ã o f o r m a l típica d a l i n g u a g e m
m o d e r n a , h o u v e u m a m i n i m i z a ç ã o d a d e t e r m i n a ç ã o figurativa d a arquitetura religiosa, o q u e
possibilitou u m a e x p l o r a ç ã o m a i o r d a plástica, d a f o r m a , d o e s p a ç o e d o s r e c u r s o s materiais,
esses exercícios projetuais p r o p o r c i o n a r i a m n o v a s experiências, seja n o c a m p o d a
materialidade c o m o d o espírito. O s arquitetos J o a q u i m G u e d e s e C a r l o s Millan, através d a
e x p r e s s ã o m o d e r n a n a arquitetura r e s p o n d e r a m a o p r o g r a m a s a c r o c o m a sensibilidade e
r e n o v a ç õ e s r e q u e r i d o s n o s é c u l o X X .

II. A A T U A Ç Ã O D O S D O M I N I C A N O S N A R E N O V A Ç Ã O D A A R T E E
A R Q U I T E T U R A R E L I G I O S A E M S Ã O P A U L O

O M o v i m e n t o Litúrgico b u s c o u u m r e n o v o p a r a a li turgia através d o resgate d o

esse ncia l n a espir itualidade cristã, essa r e n o v a ç ã o implicaria e m m u d a n ç a s p a r a arte e
arqu itet u ra sacra. O m o v i m e n t o se e s p a l h o u pela E u r o p a , A m é r i c a d o N o r t e e A m é r i c a
Lati na, m a r c a n d o u m m a i o r d i á l o g o entre te ólogos, artistas e arquitetos. O s e s f o r ç o s d o
M o v i m e n t o Litúrg ico c a m i n h a m n a d i r e ç ã o d a r e n o v a ç ã o d a viv encia religiosa; s e u s t e ó l o g o s

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 1 – A r t e - I C A ' 1 8
 b u s c a v a m introduzir u m a liturgia m e n o s individualista, e isso se refletiria n a criação d e
e s p a ç o s d e culto q u e refletissem f o r m a s a u t e n t i c a m e n t e comunitárias. D o p o n t o d e vista d a
o r g a n i z a ç ã o d o s locais d e culto, a s u g e s t ã o era aplicar o c o n c e i t o d e “cristocentrismo”, este
m o d e l a r i a a d e v o ç ã o , a liturgia e p r o c u r a v a n o b á s i c o e indispensável c o n g r e g a r o p o v o
e s p a c i a l m e n t e a o r e d o r d o altar, s í m b o l o d o Cristo.
O M o v i m e n t o Litúrgico d i f u n d i d o pela O r d e m d o s D o m i n i c a n o s e m S ã o P a u l o
Brasil, se e m p e n h o u e m p r o m o v e r c e l e b r a ç õ e s bilíngues, latim e p o r t u g u ê s , e o c o n j u n t o d e
ideias trazidos pela o r d e m influenciariam vários intelectuais católicos, p r o m o v e n d o a
n e c e s s i d a d e d e u m a d e p u r a ç ã o litúrgica, a volta a o s e n t i d o c o m u n i t á r i o d a c e l e b r a ç ã o
eucarística e c o n s e q u e n t e m e n t e , d e u m a n o v a c o n c e i t u a ç ã o d o e s p a ç o sacro. O s t e m p l o s
d e v e r i a m ser s i g n o s d e u n i d a d e , a m p l i a n d o a participação d a c o n g r e g a ç ã o e d i m i n u i n d o a
s e p a r a ç ã o , q u e até e n t ã o existia, e n t r e clero e c o r p o d e fiéis. P o r isso, u m a d a s p r i m e i r a s
a ç õ e s d o M o v i m e n t o Litúrgico foi p r o p o r a r e c o n f i g u r a ç ã o d a planta d a igreja, a p r o x i m a n d o
o altar d o s fiéis. E s s a s a ç õ e s , n ã o s e r i a m m u i t o b e m vistas inicialmente, p o i s i a m c o n t r a a
u m a m e n t a l i d a d e d e v o c i o n a l individualizada, a m p l a m e n t e d i f u n d i d a entre o p o v o . A
c o m u n i d a d e católica d e S ã o P a u l o se m o s t r a r i a reacionária a esse e m p e n h o d o M o v i m e n t o
Litúrgico. A s m i s s a s d i a l o g a d a s q u e a p r e s e n t a v a m u m a d i m e n s ã o m a i s coletiva f o r a m
proibidas f o r m a l m e n t e p o u c o t e m p o d e p o i s d e s e u início. A c o n s t r u ç ã o d e igrejas c o m
arquitetura m o d e r n a seria f o r t e m e n t e criticada n e s s a c o m u n i d a d e , t r a z e n d o n ã o p o u c a s
dificuldades. T o d a v i a , o s e s f o r ç o s p r o m o v i d o s p e l o s D o m i n i c a n o s n a r e n o v a ç ã o d a arte e d a
arquitetura religiosa n ã o p a r a r a m c o m as resistências.
O s D o m i n i c a n o s e m S ã o P a u l o t a m b é m f o r a m atuantes e m iniciativas n o q u e diz
respeito a q u e s t õ e s sociais, d e s s a s a ç õ e s n a s c e a C a p e l a d o Cristo O p e r á r i o . A C a p e l a fazia
parte d e u m C e n t r o Social d a C o m u n i d a d e d e T r a b a l h o U n i l a b o r , idealizada p e l o frei J o ã o
Batista Pereira d o s S a n t o s . A C a p e l a , c e n t r o d o c o m p l e x o d e oficinas e galpões, seria o b r a
d a s m a i s i m p o r t a n t e s n a p r o d u ç ã o d e arte religiosa m o d e r n a . C o n s t r u í d a e m 1 9 5 0 através
d a s d o a ç õ e s d e materiais e o t r a b a l h o d a c o m u n i d a d e , c o n t o u c o m a participação d e vários
artistas m o d e r n o s p a r a a a m b i e n t a ç ã o d o e s p a ç o d e culto. O s artistas f o r a m a p r o x i m a d o s d a
C a p e l a pela a ç ã o d o frei B e n e v e n u t o d e S a n t a C r u z , c o n t o u c o m a c o l a b o r a ç ã o d o M u s e u d e
A r t e M o d e r n a d e S ã o P a u l o e o t r a ba l h o d e diversos artistas m o d e r n o s . O pintor A l f r e d o
V o l p i criou três pinturas m u r a i s , e m t e m p e r a fina, p a r a o altar d a capela, através dela
estabelece u m a relação f u n d a m e n t a l p a r a a p e r c e p ç ã o d o e s p a ç o . A o l o n g o d a n a v e , q u a t r o
vitrais g e o m é t r i c o s , t a m b é m d o m e s m o artista a p r e s e n t a m o s q u a t r o s evangelistas m a r c a d o s
pela g e o m e t r i z a ç ã o , o u t r o s artistas c o m o B r u n o G i o r g i e Y o l a n d a M o h a l y i t a m b é m
c o n t r i b u í r a m c o m o b r a s p a r a a capela.
H o u v e certo e s t r a n h a m e n t o n a r e c e p ç ã o d a capela pela c o m u n i d a d e local, já q u e n ã o
e s t a v a m a d a p t a d o s c o m a l i n g u a g e m m o d e r n a , d e s p o j a d a e g e o m é t r i c a n u m a igreja. E s s e
d e s c o m p a s s o p r o c u r o u ser tratado p e l o p r ó p r i o t r a b a l h o d a U n i l a b o r , o n d e se p r o c u r o u
através d e u m a e d u c a ç ã o estética, ajustar a integralidade d o h o m e m , através d e atividades d e
inspiração h u m a n i s t a , religiosa e estética.
A l g u n s arquitetos referenciais n a p r o d u ç ã o d a arquitetura m o d e r n a e m S ã o P a u l o
p a r t i c i p a r a m a t i v a m e n t e d e s s e m o v i m e n t o d e r e n o v a ç ã o arquitetônica e artística n a esfera
religiosa, q u e t e m s e u início c o m o M o v i m e n t o Litúrgico e c u l m i n a r i a c o m as o r i e n t a ç õ e s d o
C o n c í l i o V a t i c a n o II p a r a a liturgia, arte e arquitetura. A O r d e m d o s D o m i n i c a n o s , n o d e s e j o
d e r e n o v a ç ã o , p r o m o v e r i a u m c o n c u r s o d e a n t e projetos p a r a a c o n s t r u ç ã o d a igreja d e S ã o
D o m i n g o s , edificação ligada a o C o n v e n t o d a O r d e m . O c o n c u r s o d a t a d o d e 1 9 5 2 c o n t o u
c o m a participação d e n o m e s i m p o r t a n t e s n o c e n á r i o d a arquitetura m o d e r n a brasileira e t e v e
c o m o v e n c e d o r o arquiteto carioca S é r g i o B e r n a r d e s , n o entanto, s e u p r o j e t o n ã o foi
construído, construiu-se o u t r o p r o j e t o d e m a t r i z m o d e r n a d o arquiteto F r a n z H e e p .

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 2 – A r t e - I C A ' 1 8
 O M o v i m e n t o Lit
a briria c a m i n h o s p a r a q u
p r o p o s i ç õ e s v i n h a m d e e n
f uncionalidade, s i m p l i c i d a
a tuantes n e s s a r e n o v a ç ã o
M illan, q u e inclusive p a r t i
s ignificativos.
úrgico p r o m o v i d o pela O r d e m d o s D o m i n i c a n o s e m S ã o P a u l o ,
e a arquitetura m o d e r n a religiosa g a n h a s s e e s p a ç o , p o i s s u a s
c o n t r o a o s p a r a d i g m a s d o p r ó p r i o M o v i m e n t o M o d e r n o , c o m o a
d e d a f o r m a e s e n t i d o coletivo d a edificação. D o s arquitetos m a i s
p r o m o v i d a p e l o s d o m i n i c a n o s está J o a q u i m G u e d e s e C a r l o s
c i p a r a m d a C o m i s s ã o d e A r t e s d a o r d e m , d e s e n v o l v e n d o projet os

III. O E S P A Ç O E A P L Á S T I C A M O D E R N A N A A R Q U I T E T U R A
M O D E R N A P A U L I S T A
A s r e c o n s t r u ç õ e s d o s e g u n d o p ó s - g u e r r a e u r o p e u c o n t r i b u í r a m p a r a revisões d a
arquitetura m o d e r n a . O s objetivos e ideais d o M o v i m e n t o M o d e r n o já n ã o c o r r e s p o n d i a m
a o s anseios d e u m a g e r a ç ã o q u e estava insatisfeita c o m a e s t a g n a ç ã o a s s u m i d a pelas
c o n q u i s t a s m o d e r n a s . O Estilo Internacional “ d o m e s t i c a d o n o t e m p o ” n ã o atendia a o s
anseios d e s s a g e r a ç ã o a p e g a d a as c o n s t a n t e s e x p e r i m e n t a ç õ e s d a s v a n g u a r d a s . É n o c a m i n h o
d a s revisões, q u e o B r u t a l i s m o s u r g e c o m o t e n d ê n c i a m a r c a n t e n o c e n á r i o d a arquitetura
m o d e r n a a p ó s o s a n o s 1 9 5 0 . S e u a p o g e u se d á d u r a n t e o s a n o s 1 9 6 0 c o m a frutificação d e
o b r a s afinadas a u m “ c â n o n brutalista”, q u e p o d e ter se e x p a n d i d o a p o n t o d e ser identificada
u m a c o n e x ã o Brutalista n e s t e p e r í o d o , c o m u m f l o r e s c i m e n t o s i m u l t â n e o e m vários países e
regiões. O c o n c r e t o aparente, m a r c a desta c o n e x ã o , está p r e s e n t e n a arquitetura d e várias
partes d o m u n d o , c o m o Inglaterra, E s t a d o s U n i d o s , Itália, C h i l e e Brasil. A l g u n s arquitetos
já h a v i a m t r a b a l h a d o c o m u m a e x p o s i ç ã o franca d o c o n c r e t o , m a s é o arquiteto L e C o r b u s i e r
e m s u a o b r a Unité d’Habitacion de Marseille, q u e a p r e s e n t a a d i g n i d a d e d o c o n c r e t o diante d e
o u t r o s materiais c o n s i d e r a d o s n o b r e s , c o m o o m á r m o r e e a pedra. O material q u e antes
ficava e s c o n d i d o p o r trás d e u m r e v e s t i m e n t o , a g o r a se tornaria protagonista, e s b a n j a n d o
s e u s diversos atributos.
N o Brasil, n o s a n o s 1 9 5 0 , o B r u t a l i s m o e n c o n t r o u u m c a m p o fértil e n t r e o s
arquitetos paulistas, p r i n c i p a l m e n t e p e l o s e u a p e l o a tectônica. E s s a p r o d u ç ã o local n ã o
estava isolada d a sensibilidade plástica internacional e permitia u m a c o m u n i c a ç ã o c o m a
p r o d u ç ã o d o s g r a n d e s mestres. N o B r u t a l i s m o paulista arte e técnica se f u n d e m e e m b o r a
p a r e ç a n ã o c o m p o r t a r u m a definição estrita d e s u a s p o s i ç õ e s estéticas, é p o s s í v e l verificar
a l g u m a s similaridades n a p r o d u ç ã o d e a l g u n s arquitetos. A b a n d o n a - s e certo s e n t i d o d e
e l e m e n t a r i d a d e e d e regularidade p a r a se d e d i c a r a s o l u ç õ e s q u e s ã o r e s u m i d a s pela
h e g e m o n i a estrutural, a l é m d e u m a b u s c a d e restauração d e valores s u b l i m e s d a c o n s t r u ç ã o .
A s edificações s ã o caracterizadas pela h o n e s t i d a d e , b a s e a d a s n a síntese entre e x p r e s s ã o e
técnica, a p r o d u ç ã o t a m b é m m a r c a r i a a s u p e r a ç ã o d o f u n c i o n a l i s m o estrito. C o m
p r e d o m i n â n c i a d a s h á b e i s s o l u ç õ e s estruturais, s e u s traços e m o c i o n a i s n a d a m o d e s t o s ,
c o n s e g u e m se s o b r e p o r a experiência m o d e r n a anterior. C a r a c t e r i z a d a pela austeridade, a
t e n d ê n c i a brutalista paulista e n c o n t r o u n o c o n c r e t o a p a r e n t e o material ideal, s e n d o
e m p r e g a d o t a n t o n a estrutura c o m o n o s p l a n o s d e v e d a ç ã o .
O frei P i e - R a y m o n d R é g a m e y , 1 9 0 0 - 1 9 9 6 , p r o f u n d a m e n t e e n v o l v i d o n o M o v i m e n t o
Litúrgico e u r o p e u , e u m d o s r e s p o n s á v e i s pela revista L ’ A r t Sacré, d e f e n d i a q u e a v e r d a d e
material e a s i m p l i c i d a d e deveria ser a b a s e n a c o n s t r u ç ã o d e n o v a s igrejas, a arquitetura e m
s u a n u d e z e s i m p l i c i d a d e , n o s a r r a n j o s plásticos e espaciais c o m u n i c a r i a a l g o p o r si só.
Q u e s t i o n a r i a frei R é g a m e y : “ A m a a s i m p l i c i d a d e d o e v a n g e l h o , e e m t o d a tarefa u s a o s m e i o s
p o b r e s . O d e s t i n o p r o f u n d o d o s h o m e n s e d a Igreja n o m u n d o e m r e v o l u ç ã o , a miséria
material e t o d a s as misérias d o c o r a ç ã o e d o espírito, a b e m - a v e n t u r a d a p o b r e z a espiritual e
a p o b r e z a d o s m e i o s autênticos d a arte, será q u e t u d o isso n ã o c o n v e r g e ? ” ( R é g a m e y 1 9 6 5 :
210).

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 3 – A r t e - I C A ' 1 8
 O m o v i m e n t o Brutalista p a r e c e vir d e e n c o n t r o a o c h a m a d o m a i s radical p o r u m a
v e r d a d e material, s u a estética é m a r c a d a pela a t m o s f e r a interna austera e p e l o s materiais
d e i x a d o s à m o s t r a , t e m u m d e s e n h o d u r o , simples. A realização d e edifícios e c o m p l e x o s
religiosos c o m a estética Brutalista, foi m u i t o r e c o r r e n t e n a arquitetura religiosa. P o d e - s e citar
o c a s o m a i s e m b l e m á t i c o d e L a Tourette, até a o s projetos d e M a r c e l B r e u e r p a r a a A b a d i a d e
St. John Baptist d e 1 9 6 1 , Collegeville, M i n e s s o t a , o P r i o r a d o d a A n u n c i a ç ã o e m Bismarck, N o r t h
D a k o t a , d e 1 9 6 3 , e o s m o s t e i r o s e igrejas d o arquiteto H a n s B r o o s n o Brasil. P a r a O c h s é , o s
arquitetos m o d e r n o s d e s c o b r i r a m n a p o b r e z a s u a s inesgotáveis riquezas, pois, “ a p o b r e z a ,
q u a n d o r e c u s a c o m p r o m e t e r - s e c o m o l u x o vulgar, é mística e refinada.” ( O c h s é 1 9 6 0 : 1 3 7 ) .
E m b o r a seja q u e s t i o n á v e l até q u e p o n t o a arquitetura p o s s a contribuir c o m as f o r m a s
e m o d o s d e existência d o ser, a simplicidade, a b e l e z a e a h u m a n i d a d e q u e r e s u l t a m d a
tectônica e d o material d e s s a arquitetura s ã o a s p e c t o s q u e f a l a m p r o f u n d a m e n t e a existência
h u m a n a .
P a r a c o m p r e e n d e r a p r o d u ç ã o d a m o d e r n a arquitetura religiosa paulista, n o s p a r e c e
i m p o r t a n t e essa c o n s i d e r a ç ã o d o s possíveis c r u z a m e n t o s entre a estética d o c o n c r e t o
aparente, e a possibilidade p o é t i c o s i m b ó l i c a dela resultante. F o r m a , material e p r o g r a m a
s e r i a m revistos n a c o n s t r u ç ã o d e s s e s locais d e culto, o s a s p e c t o s b á s i c o s d a arquitetura
m o d e r n a s e r i a m m a n t i d o s , m a s ressignificados. C a b e ressaltar q u e a arquitetura m o d e r n a ,
n ã o estabelece u m m o d e l o o u tipologia p a r a o t e m a d o t e m p l o , f u n d a m e n t a l m e n t e , o
M o v i m e n t o M o d e r n o propicia u m a espécie d e laboratório p a r a as e x p e r i m e n t a ç õ e s d e
espacialidade e f o r m a s , q u e se a p r o p r i a d a s o p o r t u n i d a d e s s i m b ó l i c a s oferecidas p e l o
p r o g r a m a eclesiástico. S e g u i m o s e x p l o r a n d o a q u i a l g u n s trabalhos d e s e n v o l v i d o s p e l o s
arquitetos J o a q u i m G u e d e s e C a r l o s Millan, inseridos n e s s a m a t r i z construtiva e estética.
I V . G Ê N E S E D A F O R M A E C O M P O S I Ç Ã O E S P A C I A L N A O B R A
R E L I G I O S A D E J O A Q U I M G U E D E S E C A R L O S M I L L A N : A S P E C T O S F O R M A I S ,
P O É T I C O S E L I T Ú R G I C O S

J o a q u i m G u e d e s , 1 9 3 2 - 2 0 0 8 se f o r m o u pela f a c u l d a d e d e A r q u i t e t u r a e U r b a n i s m o
d a U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o n o a n o d e 1 9 5 4 . D u r a n t e s u a g r a d u a ç ã o teve c o n t a t o c o m o
p a d r e d o m i n i c a n o L o u i s J o s e p h Lebret, c o m q u e m estagiou e d e s e n v o l v e u projetos d e escala
u r b a n a . C o m u m a p r o d u ç ã o diversificada e a m p l a , s u a s o b r a s d i a l o g a m c o m p r e s s u p o s t o s d e
L e C o r b u s i e r e A l v a r Aalto. C o n f o r m e o arquiteto, L e C o r b u s i e r o m a r c a r i a d e v i d o a b u s c a
d e u m n o v o e s p a ç o p a r a a s o c i e d a d e m o d e r n a , e A l v a r Aalto, pela revisão d o p e n s a m e n t o
funcionalista, e s u a arquitetura m a i s ligada a o h o m e m e a existência. M u i t o p r ó x i m o d o s
F r a d e s D o m i n i c a n o s , participou d a C o m i s s ã o d e A r t e s d e s s a o r d e m , d e s e n v o l v e n d o vários
projetos m a r c a d o s pela r e n o v a ç ã o litúrgica e artística. E m 1 9 5 6 J o a q u i m G u e d e s projetaria a
Igreja d e S a n t a M a r i a M a d a l e n a , o b r a m a r c a d a p e l o u s o d o c o n c r e t o a r m a d o a p a r e n t e e p e l o
d e s p o j a m e n t o , arranjo registrado n a i m a g e m d a figura 1.

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 4 – A r t e - I C A ' 1 8
 A c o n f i g u r a ç ã o d a planta, é o g r a n d e d e s t a q u e , s e u arranjo i n t e r n o está a f i n a d o a o s
p rincípios d o M o v i m e n t o Litúrgico. A d i s p o s i ç ã o d o altar entre d u a s alas d e b a n c o s e l e v a d a s
m a r c a o c e n t r o ideal d a igreja, a c o m u n i d a d e está disposta e m volta d a m e s a p a r a celebração,
d i s p o s i ç ã o até e n t ã o inédita e m S ã o Pa u l o . A edificação é p e r f e i t a m e n t e simétrica, interior e
e xterior s ã o r i g o r o s a m e n t e distribuídos c o m valorização d a simetria, c o n f o r m e d e m o n s t r a a
p lanta d a figura 2. E s s a h a r m o n i a é q u e b r a d a pela c o n s t r u ç ã o d a torre, u m v o l u m e p r i s m á t i c o
p u r o e i n d e p e n d e n t e . A i l u m i n a ç ã o natural d o e s p a ç o v e m d e a m p l a s aberturas n a parte
s uperior d o s f e c h a m e n t o s d e c o n c r e t o . A luz entra p e l o s tijolos d e v i d r o a partir d a altura d a
p o r t a principal, n ã o h á t r a n s f o r m a ç ã o d e s s a luz, ela é u n i f o r m e e n ã o dirigida. E l a caracteriza
o e s p a ç o a b e r t o m o d e r n o . O interior é d e s n u d o , m a r c a d o e n t ã o pela transgressão d o
c o n c r e t o a r m a d o a p a r e n t e e o s i s t e m a estrutural e v i d e n c i a d o .

A n o v a c o n f i g u r a ç ã o d a a s s e m b l e i a se
i ntegrada n u m e s p a ç o d e c e l e b r a ç ã o c o m u n i t á r i
e s p a ç o basilical, c o m altar e l e v a d o e distante
a rquiteto trabalha c o m a s p e c t o s m e t a f ó r i c o s r e l
e n c i m a e abaixo, entre o a b a i x o o p a c o ,
v i g a / f e c h a m e n t o e m c o n c r e t o , e o e n c i m a p r a
o n d e a a b u n d â n c i a d e luz i n v a d e o e s p a ç o , u m a
m o d e r n o , e m s u a c o m p o s i ç ã o espacial, f o r m a l e
d e s t a c a n e s t e projeto, p o i s p a s s a a estar
o , e n ã o m a i s individualizado, o tradicional
se t r a n s f o r m a n u m e s p a ç o d e partilha. O
a c i o n a d o s a terra e o céu, as relações entre o
escuro, matéria, m a r c a d o pela g r a n d e
t i c a m e n t e t o d o aberto, f e c h a d o p o r v i d r o s
luz q u e v e m d e c i m a . O e s p a ç o t i p i c a m e n t e
material, contribui p a r a o n o v o m o d o d e se

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 5 – A r t e - I C A ' 1 8
 v e r e e n t e n d e r o m u n d o . E s s a experiência espacial estabelece relações significativas entr e o
h o m e m e s e u n o v o e n t o r n o , e s t a b e l e c e n d o p o n t e s d e a p o i o existencial.
T a m b é m o arquiteto C a r l o s Millan, 1 9 2 7 - 1 9 6 4 , j u n t a m e n t e c o m J o a q u i m G u e d e s
integrante d a C o m i s s ã o d e A r t e s d a O r d e m d o s D o m i n i c a n o s , teria o p o r t u n i d a d e d e
d e s e n v o l v e r g r a n d e s projetos religiosos. E n t r e esses trabalhos está a Igreja e a m p l i a ç ã o d o
C o n v e n t o d o s D o m i n i c a n o s e m B e l o H o r i z o n t e , d e m o n s t r a d o p e l o c r o q u i d a figura 3.

A planta d e f o r m a q u a d r a d a a g r e g a o e s p a ç o d e s t i n a d o a o culto, ele seria d e u s o t a n t o

d a v i z i n h a n ç a local, q u a n t o d o s p r ó p r i o s religiosos. A v e r s ã o d e planta livre e m p r e g a d a p e l o s
arquitetos t e m c o m o a s p e c t o n o t á v e l a v o l u m e t r i a c o m p a c t a , u m p r i s m a d e b a s e q u a d r a d a ,
s u b o r d i n a d a pela p o s i ç ã o d o s e l e m e n t o s estruturais e a o r g a n i z a ç ã o estritamente simétrica.
E s t e s princípios e m p r e g a d o s p e l o s arquitetos s ã o d e m a t r i z M i e s i a n a 1 m a r c a d o s pela
e l e m e n t a r i d a d e , característica d e s e u s p a v i l h õ e s diáfanos. N o t r a b a l h o d e M i l l a n e G u e d e s , a
o r g a n i z a ç ã o f o r m a l e p r o g r a m á t i c a é simples, u m a planta q u a d r a d a abriga as n e c e s s i d a d e s
litúrgicas e o e s p a ç o d a assembleia. F u n c i o n a l i d a d e se aplica n a o r g a n i z a ç ã o interna. O a m p l o
presbitério c o n t é m o s e s p a ç o s p a r a altar, a m b ã o , cadeiras p a r a oficiantes e u m a cruz. O
batistério está localizado n a entrada, n o vestíbulo q u e faz a c o m u n i c a ç ã o entre o e s p a ç o d e
culto e a praça, a pia b a t i s m a l está inserida n u m a caixa d e v i d r o q u e se eleva até a cobertura,
s u a total transparência dialoga c o m o p a n o d e v i d r o d a e m p e n a frontal. N o entanto, essa
superfície contrasta c o m o s p l a n o s laterais d e f e c h a m e n t o q u e s ã o o p a c o s e m c o n c r e t o
aparente. N ã o h á n e n h u m a abertura n e s s a s e m p e n a s , existe a p e n a s u m a fresta q u e c o n t o r n a
t o d o o p e r í m e t r o d o t e m p l o , n ã o p e r m i t i n d o q u e e s s e f e c h a m e n t o c h e g u e a laje. O s d e t a l h e s
s e r i a m o s protagonistas, a f o r m a s i m p l e s g a n h a h u m a n i d a d e através d e s s a s particularidades,
c o m o a transparência d a e l e v a ç ã o frontal q u e c o m u n i c a o e s p a ç o i n t e r n o c o m o externo,
a m p l i a n d o a i n d a m a i s a p e r c e p ç ã o d e planta livre c o m o p r e s s u p õ e o M o v i m e n t o M o d e r n o .
A f o r m a q u a d r a d a d a planta é u m a variação básica s o b r e o t e m a d a e s p a ç o centralizado. H á
u m equilíbrio entre ê n f a s e periférica e a t e n d ê n c i a centralizante d o edifício. E s s e tipo
representa “ u m a t o c o n c r e t o d e r e p r e s e n t a ç ã o d e u m a q u a l i d a d e d e i m a g e m , q u e t e m relação
c o m as estruturas básicas d o e s p a ç o existencial, q u e n o transcorrer d a história é utilizado
p a r a as ên f a s e s necessárias.” ( N o r b e r g - S c h u l z 2 0 0 8 : 1 3 1 )

1 O arquiteto M i e s v a n d e r R o h e trabalha c o m b a s i c a m e n t e d u a s estruturas f o r m a i s distintas, q u e s e t o r n a r i a m

canônicas, p r e s e n t e s n o s projetos d o C r o w n Hall, C h i c a g o , E s t a d o s U n i d o s ( 1 9 5 0 - 1 9 5 6 ) e o o u t r o n a Galeria N a c i o n a l e m
B e r l i m ( 1 9 6 2 - 1 9 6 8 ) .

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 6 – A r t e - I C A ' 1 8
 A planta livre seria característica d o e s p a ç o m o d e r n o , d a v i d a m o d e r n a e d a religião
q u e dialoga c o m o m u n d o , r e p r e s e n t a d o pela p r a ç a e m frente à igreja q u e é lugar d e e n c o n t r o
d a c o m u n i d a d e , c o n t í n u o v i s u a l m e n t e c o m a n a v e . H á c o n f i a n ç a n a delicadeza rústica d o s
e l e m e n t o s d e c o n c r e t o aparentes, m a i s d o q u e d a s superfícies sólidas d e alvenaria. A
d i g n i d a d e d e s s a arquitetura, característica n e g a d a p e l o s antagonistas d a arquitetura m o d e r n a
religiosa, foi possível n ã o p o r m e i o d e o r n a m e n t a ç õ e s , falsos s í m b o l o s diretos, m a s p o r m e i o
d o p r ó p r i o material. H á u m r i t m o espacial i m p o n e n t e , a l i a n d o reverencia e m o d e r n i d a d e .
A i l u m i n a ç ã o é garantida pela cortina d e v i d r o d a e m p e n a principal e pela abertura
d a fresta q u e existe entre a laje e o s p l a n o s d e f e c h a m e n t o . E n t r e t a n t o , n u m a estratégia
projetual d e u s o d a luz natural, o s arquitetos f i z e r a m três aberturas n a laje n e r v u r a d a q u e
c o n d u z e m luz zenital d i r e t a m e n t e s o b r e o altar. T r ê s aberturas dispostas d e m o d o triangular
a s s i n a l a m a centralidade e d e s t a q u e d o altar, essa q u a n t i d a d e d e aberturas e s u a d i s p o s i ç ã o
d i z e m s o b r e o s i m b o l i s m o d a d o u t r i n a trinitária, m e t á f o r a utilizada d e f o r m a inteligente,
através d o s p r ó p r i o s r e c u r s o s arquitetônicos. N e s t e p r o j e t o h á a luz m o d e r n a q u e se distribui
d e f o r m a u n i f o r m e n o e s p a ç o , m a s t a m b é m h á a luz q u e v e m d e c i m a , m e t a f ó r i c a e poética.
D e m o n s t r a n d o a possibilidade d e extrair n o v a s i m a g e n s f o r m a i s d o s sistemas construtivos
m o d e r n o s .
A torre é v o l u m e a f a s t a d o d o c o r p o d o t e m p l o , exercício e l e m e n t a r c o m p o s t o p o r
q u a t r o pilares q u e s u s t e n t a m p e q u e n a s lajes, dispostas h o r i z o n t a l m e n t e , f o r m a n d o vazios. A
torre faz contraste c o m o edifício q u e t e m u m a o r i e n t a ç ã o horizontal. T a m b é m p o d e m o s
falar d a capela d e u s o restrito d o s frades, q u e fica v o l t a d a p a r a o claustro. E l a é u m p r i s m a
retangular c o n t í g u o a o edifício, v o l u m e transparente, f e c h a d o p o r p a n o s d e v i d r o
s u b d i v i d i d o s e m áreas g e o m é t r i c a s q u a d r a d a s . U m p ó r t i c o e m c o n c r e t o a p a r e n t e sustenta a
laje p l a n a d e p é direito d u p l o q u e c o b r e a p e q u e n a capela. N e l a , a p e n a s o essencial c o m p õ e
o e s p a ç o , b a n c o s , altar e u m a cruz, q u e g a n h a d e s t a q u e pois, está c o n t r a u m a cortina
v e r m e l h a , e l e m e n t o q u e g a n h a p r o e m i n ê n c i a n a s i m p l i c i d a d e e p u r e z a d o e s p a ç o .
C a r l o s Millan, t a m b é m projetaria a Igreja N o s s a S e n h o r a A p a r e c i d a , d e s e n v o l v i d o
entre 1 9 5 9 e 1 9 6 2 . S u a p r o p o s t a p a r a a igreja t e m u m a c o n c e p ç ã o f o r m a l escultórica,
c o n f o r m e figura 4, q u e é u m a f o t o d a m a q u e t e d a igreja n ã o construída. A planta s e g u e a
o r g a n i z a ç ã o longitudinal, a tradicional o r g a n i z a ç ã o basilical q u e a c e n t u a o p e r c u r s o r u m o a o
altar. E s t e se e n c o n t r a e l e v a d o e m a l g u n s d e g r a u s e m relação á assembléia, o c o n j u n t o d e
altar e presbitério s ã o m a i s a m p l o s , v a l o r i z a n d o a p o s i ç ã o exclusiva d o altar. A regularidade
d a planta é q u e b r a d a pela localização d a s capelas laterais, f o r m a d o p o r p r i s m a s irregulares
q u e se p r o j e t a m p a r a o exterior, c o n f o r m e planta a p r e s e n t a d a n a figura 5.

N o d e s e n v o l v i m e n t o d o s a s p e c t o s m e t a f ó r i c o s e p o é t i c o s s ã o valori zados c o n c e i t o s
p r o f u n d o s d a tradição cristã. H á u m a d e p u r a ç ã o d e s i m b o l i s m o s relig iosos c o n v e n c i o n a i s , a
m e n ç ã o a o t r a n s c e n d e n t e se d á p e l o p r ó p r i o arranjo arquitetô nico, e v o c a n d o áreas d e luz e
s o m b r a , c o m o n o batistério c o m a m b i e n t e o r q u e s t r a d o pela i l u m i n a ç ã o zeni tal indireta q u e
i ncide s o b r e o e s p e l h o d’água, est e refle tindo, contribui p a r a a d i f u s ã o d a luz p a r a o a m b i e n t e ,

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 7 – A r t e - I C A ' 1 8
 t e n d o a á g u a c o m o s i m b o l o g i a cristã. O p e r c u r s o é e l e m e n t o d e sig nificado aqui, o i n d i v i d u o
t e m q u e d e s c e r p a r a acessar o batistério, b a t i s m o é v o c á b u l o d e o r i g e m g r e g a ( baptizo) q u e
significa imergir o u s u b m e r g i r , n e s s e s e n t i d o o p e r c u r s o é d e i m e r s ã o n o e s p a ç o . U m d o s
a c e s s o s a n a v e se d á p e l o a s c e n d e r , ressurgir d o e s p a ç o c o n f i n a d o d o batistério p a r a o e s p a ç o
a m p l o d a igreja, c o n f o r m e d e m o n s t r a o corte d a figura 6.

O t e m p l o t e m e s p a ç o caracterizado pela elevação, as e m p e n a s a s c e n d e n t e s

p r o m o v e m essa experiência espa
d a s p a r e d e s desmaterializadas d o
aliás, u m a abertura n o alto f o r m
zenital q u e a c e n t u a a p r e s e n ç a
a m b i ê n c i a sacra significações i m p
luz e d a s o m b r a , o e s p a ç o a s c e n d
cial, típico d a s igrejas góticas. E n t r e t a n t o , d i f e r e n t e m e n t e
gótico, a q u i o e s p a ç o é d u r o , p e s a d o , c o m p o u c a s aberturas ,
a d a p e l o d e s e n c o n t r o d a s e m p e n a s d a cobertura, traz lu z
d o altar. O arquiteto d e m a n e i r a refinada t r o u x e p a r a a
o r t a n t e s q u e r e m e t e m a o t r a n s c e n d e n t e , c o m o a mística d a
e n t e , a singeleza e a materialidade d o c o n c r e t o aparente.

V . C O N C L U S Õ E S

O b s e r v a m o s q u e o c a m i n h a r histórico e m o r f o l ó g i c o d a arquitetura sacra esta

i nseparável d o d i n a m i s m o d a cultura, o q u e p o d e ser analisado d e s d e as p r i m e i r a s edificações
p rojetadas p a r a o culto cristão. A s instituições religiosas e n c a r a m inicialmente a arquitetura
m o d e r n a c o m o anti religiosa, n o entanto, r e c o n h e c e r a m q u e ela p o d e r i a a t e n d e r a u m d e s e j o
d e r e n o v a ç ã o d a espiritualidade e p r o p o r c i o n a r u m a a m b i ê n c i a s a g r a d a m a i s abstrata e
d e p u r a d a , a l é m d a valorização d o coletivo. C o m esse incentivo, p r o d u z i r a m - s e e s p a ç o s
r eligiosos o n d e seria e m p r e g a d o o v o c a b u l á r i o f o r m a l m o d e r n o , e n c a r a n d o a n e c e s s i d a d e d e
f u n ç ã o e técnica, m a s t a m b é m o i m p e r a t i v o d a s d i m e n s ã o d o “espírito”, d o significado e d a
m e t á f o r a . O p a n o r a m a religioso brasileiro n e s s e s a n o s seria caracterizado pelas restrições
q u a n t o á utilização d a arquitetura e arte m o d e r n a p a r a o e s p a ç o sacro. T a l p r o d u ç ã o seria
i ncentivada m a i o r m e n t e p e l o M o v i m e n t o Litúrgico a t u a n t e n a c i d a d e d e S ã o P a u l o através
d a O r d e m d o s D o m i n i c a n o s , q u e i n c e n t i v a r i a m u m a r e n o v a ç ã o d a liturgia e d a p r ó p r i a
a rquitetura d o t e m p l o . F o i possível identificar u m a m a i o r abertura d e d i á l o g o c o m a estética
m o d e r n a d e v i d o a esses estímulos, a relação c o m o s arquitetos e artistas r e p r e s e n t a n t e s d a
l i n g u a g e m m o d e r n a permitiria o p r o j e t o e a p r o d u ç ã o d e i m p o r t a n t e s o b r a s religiosas,
r e s p o n s á v e i s p o r trazer o r e n o v o desejado.
O t r a b a l h o d o s arquitetos J o a q u i m G u e d e s e C a r l o s M i l l a n d e m o n s t r a r a m as
m u d a n ç a s realizadas pela estética c h a m a d a Brutalista. S e u s projetos s ã o m a r c a d o s p e l o
d e s t a q u e d a estrutura, enfatizada p e l o u s o d o c o n c r e t o a r m a d o aparente, q u e a s s u m e u m
p a p e l d e definidor d o p a r t i d o e d e referência n a criação d a s f o r m a s . O s valores construtivos

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 8 – A r t e - I C A ' 1 8
 e materiais d a arquitetura t a m b é m s e r i a m enfatizados, d e s t a c a n d o o u s o d o c o n c r e t o a r m a d o
a p a r e n t e e m s e u s valores tectônicos e p o é t i c o simbólicos. N a t u r a l i d a d e d o g e s t o e p u r e z a
prismática m a r c a d o s pela tectônica e plasticidade c a r a c t e r i z a m essas obr as.
A p r o d u ç ã o religiosa d e s s e s arquitetos d e m o n s t r a m e x p e r i m e n t a ç ã o f o r m a l e a
e x p l o r a ç ã o d e relações poéticas, materiais, s i m b ó l i c a s e espirituais, t r a d u z i n d o m a t e r i a l m e n t e
a s p e c t o s pertinentes a existência h u m a n a e a o t r a n s c e n d e n t e .

V I . R E F E R E N C I A S
L i m a Junior, M á r c i o A . (20 13): O traço m o d e r n o n a arquitetura religiosa paulista.
D i s s e r t a ç ã o d e M e s t r a d o . S ã o P a u l o
: U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o . F a c u l d a d e d e A r q u i t e t u r a e
U r b a n i s m o . P r o g r a m a d e P ó s - G r a du a ç ã o e m Arquitetura.
N o r b e r g - S c h u l z , Christian. (2008): L o s princípios d e L a arquitectura m o d e r n a : s o b r e
L a n u e v a tradición del siglo X X . B a r c e l o n a : R e v e r t é D L
O c h s é , M a d e l e i n e . (1960): U m a A r t e S a c r a p a r a n o s s o T e m p o . S ã o P a u l o :
F l a m b o y a n t .
R e g a m e y , P i e - R a y m o n d . (1965): A r t e S a c r a C o n t e m p o r â n e a . S ã o P a u l o : H e r d e r
Editora.
Í n d i c e d e figuras
F i g u r a 1: Igreja d e S a n t a M a r i a M a d a l e n a , S ã o P a u l o , 1 9 5 7 , arq uiteto J o a q u i m
G u e d e s . ( F o t o M á r c i o L i m a )
F i g u r a 2: P l a n t a B a i x a d a Igreja d e Sta. M a r i a M a d a l e n a , S ã o P a u l o , 1 9 5 7 , J o a q u i m
G u e d e s . C o n s t r u í d a . ( A c e r v o d e P r o j e t o s d a F A U U S P )
F i g u r a 3: P e r s p e c t i v a d a igreja d o C o n v e n t o D o m i n i c a n o e a praça, B e l o H o r i z o n t e
M G , 1 9 5 7 , C a r l o s M i l l a n e J o a q u i m G u e d e s . N ã o construído. ( A c e r v o d e P r o j e t o s d a
F A U U S P )
F i g u r a 4: Vista d a m a q u e t e d a Igreja N o s s a S e n h o r a A p a r e c i d a , S ã o C a e t a n o d o Sul
- SP, 1 9 5 7 , C a r l o s Millan. N ã o construído. ( A c e r v o d e P r o j e t o s d a F A U U S P )
F i g u r a 5: P l a n t a b a i x a d a Igreja N o s s a S e n h o r a A p a r e c i d a , S ã o C a e t a n o d o Sul -SP,
1 9 5 7 , C a r l o s Millan. N ã o construído. ( A c e r v o d e P r o j e t o s d a F A U U S P )

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d d e S a l a m a n c a / C C B Y N C N D – 4 4 9 – A r t e - I C A ' 1 8