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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURB

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT


ENGENHARIA ELÉTRICA

RODRIGO BLOEMER

CONTROLE DE POTÊNCIA PARA SISTEMA DE SOLDAGEM POR


RESISTÊNCIA ELÉTRICA

BLUMENAU
2016
2
3

RODRIGO BLOEMER

CONTROLE DE POTÊNCIA PARA SISTEMA DE SOLDAGEM POR


RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Controle de Potência Para Sistema de


Soldagem Por Resistência Elétrica
apresentada ao Curso de Graduação em
Engenharia Elétrica do Centro de Ciências
Tecnológicas da Fundação Universidade
Regional de Blumenau, como requisito
parcial para a obtenção do grau de
Engenheiro Eletricista.

Prof. Romeu Hausmann, Dr. – Orientador

BLUMENAU
2016
4
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter permitido que tudo isso acontecesse, não
apenas no meio acadêmico, mas também no âmbito profissional e familiar. Aos meus pais
pelo apoio e incentivo dedicados ao logo da minha vida. A universidade por ter
proporcionado um ambiente adequado ao aprendizado. Aos professores que contribuíram
diretamente na minha formação acadêmica. Aos amigos que de forma mútua
proporcionaram a troca de experiências e conhecimentos.
6

RESUMO

Este trabalho consiste em estudo e implementação de um conversor CA/CA


monofásico para aplicação em um sistema de soldagem por resistência elétrica. O objetivo
do conversor é, controlar a potência aplicada ao sistema de soldagem, por meio da
variação da tensão eficaz, cuja carga é um transformador. O conversor é composto por
um circuito de controle de disparos, circuito de isolação de sinal e circuito de potência. O
circuito de potência é formado pela associação em antiparalelo de tiristores. Para o
circuito de controle de disparo dos tiristores é utilizado o CI TCA785. Após a simulação,
os circuitos forma implementados cujos resultados são apresentados pelas formas de
onda.

Palavras-chave: Conversor CA/CA, Soldagem por resistência, Tiristores, Controle de


potência, TCA785.
7

ABSTRACT

This work is to study and implementation of an converter AC/AC single phase for
use in a system for resistance spot welding. The goal of the converter is to control the
power applied to the welding system, by varying the rms voltage, a load and a
transformer. The converter consists of a trigger control circuit, signal isolation circuit and
power circuit. The power circuit is formed by the association in antiparallel thyristors.
For the thyristor trigger control circuit is used the CI TCA785. After the simulation, the
circuits have been implemented and the results are shown by waveforms.

Keywords: AC/AC Converter, Resistance Spot Welding, Thyristor, Power Control,


TCA785.
8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Método de soldagem por resistência elétrica. Fonte: [1] .............................. 18


Figura 2 - Modelo do transformador ideal. Fonte: [2].................................................... 20
Figura 3 - Transformador com derivações no secundário. Fonte: [3]. ........................... 21
Figura 4 - Maquina de solda por resistência com controle manual de potência. Fonte [4].
........................................................................................................................................ 22
Figura 5 - Diagrama simplificado controle de potência por SCR. Fonte [1].................. 22
Figura 6 - Esquema simplificado de máquina de solda inversora. Fonte [1] ................. 23
Figura 7 - Estrutura interna e símbolo do tiristor. Fonte [5]........................................... 24
Figura 8 - Equilíbrio da junção P-N. Fonte [6]............................................................... 25
Figura 9 - Região de depleção formada pela difusão. Fonte [6].................................... 25
Figura 10 – Curva característica ideal do SCR. Fonte [7] .............................................. 26
Figura 11 – Curva característica real do SCR. Fonte [7]................................................ 27
Figura 12 - Tempo de entrada em condução ton. Fonte [12] ......................................... 31
Figura 13 - Circuito de controle de fase com carga resistiva e formas de onda. Fonte [8]
........................................................................................................................................ 35
Figura 14 - Circuito com carga indutiva e formas de onda. Fonte [8] ........................... 37
Figura 15 - Circuitos de amortecimento (Snubber). Fonte [16] ..................................... 39
Figura 16 - Circuito de isolação com transformador de pulso. Fonte [14] ..................... 40
Figura 17 - Circuitos de proteção da porta. Fonte [14] .................................................. 41
Figura 18 - Diagrama de blocos do TCA785. Fonte [11]............................................... 42
Figura 19 - Formas de ondas do TCA785. Fonte [11].................................................... 44
Figura 20 - Circuito de controle com TCA785. Fonte [Próprio Autor] ......................... 46
Figura 21 - Formas de onda no simulador. Fonte [Próprio Autor] ................................. 47
Figura 22 - Estágio de isolação do sinal e circuito de potência. Fonte [Próprio Autor]. 48
Figura 23 - Forma de onda da tensão na carga com α = 90º. Fonte [Próprio Autor] ..... 48
Figura 24 - Circuito de controle de disparos. Fonte [Próprio Autor] ............................. 49
Figura 25 - Circuito de isolação do sinal de disparo. Fonte [Próprio Autor] ................. 49
Figura 26 - Circuito de Potência. Fonte [Prórpio Autor] ................................................ 50
Figura 27 - Carga do sistema, transformador 600 VA ................................................... 50
Figura 28 - Forma de onda da rampa capacitiva com a tensão de controle. Fonte [Próprio
Autor] ............................................................................................................................. 51
9

Figura 29 - Forma de onda da tensão de sincronismo com o pulso de disparo do semiciclo


positivo. Fonte [Próprio Autor] ...................................................................................... 52
Figura 30 - Forma de onda da tensão de sincronismo com o pulso de disparo do semiciclo
negativo. Fonte [Próprio Autor] ..................................................................................... 52
Figura 31 - Formas de onda da tensão e corrente para carga resistiva. Fonte [Próprio
Autor] ............................................................................................................................. 53
Figura 32 - Formas de onda da tensão e corrente com carga indutiva sem snubber. Fonte
[Próprio Autor] ............................................................................................................... 54
Figura 33 - Formas de onda da tensão e corrente em carga indutiva com snubber. Fonte
[Próprio Autor] ............................................................................................................... 54
Figura 34 - Defasagem entre tensão e corrente com carga indutiva. Fonte [Próprio Autor]
........................................................................................................................................ 55
Figura 35 – Formas de onda da tensão e corrente no primário com o secundário em curto.
Fonte [Próprio Autor] ..................................................................................................... 55
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros nominais e símbolos usuais do SCR .......................................35


11

ABREVIATURAS

ABREVIAÇÃO SIGNIFICADO

RSW Resistance Spot Welding


CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
IACS International Annealed Copper Standard
SCR Silicon Controlled Rectifier
IGBT Insulated Gate Bipolar transistor
CI Circuito Integrado
12

SIMBOLOGIA

Símbolo Significado Unidade

Q Energia térmica gerada pela corrente de solda J


I Corrente de solda A
R Resistência equivalente Ω
C Capacitor de amortecimento F
D Diodo
L Indutância H
t Tempo de soldagem s
IF Corrente direta no tiristor A
IR Corrente reversa no tiristor A
VAK Tensão entre anodo e catodo V
VBR Tensão reversa máxima V
VBO Tensão direta máxima V
IR Corrente de fuga reversa mA
IF Corrente de fuga direta mA
RD Resistência em condução mΩ
IG Corrente de disparo na porta mA
VGK Tensão de disparo na porta V
IAV Corrente média de anodo A
IEF Corrente eficaz de anodo A
IP Corrente de pico no anodo kA
VGRM Tensão máxima reversa entre catodo e porta V
IGTM Corrente máxima de disparo na porta mA
VGTM Tensão máxima de disparo na porta V
IGT Corrente mínima de dispato na porta mA
VGT Tensão mínima de disparo na porta V
IL Corrente de travamento mA
IH Corrente de manutenção mA
td Tempo de atraso na porta µs
tr Tempo de subida de corrente µs
tq Tempo de comutação µs
di/dt Taxa de crescimento da corrente A/µs
dv/dt Taxa de crescimento da tensão V/µs
α Ângulo de disparo do tiristor ˚
VS Tensão da rede V
VO Tensão na carga V
13

IO Corrente na carga A
δ Ângulo de condução da corrente ˚
β Ângulo de extinção da corrente ˚
VCC Tensão em corrente contínua V
VCA Tensão em corrente alternada V
DM Diodo de roda livre
P Potência ativa W
14

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 16

1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................... 17


2 SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA ELÉTRICA ....................................... 17

2.1 COMPONENTES DE UM SISTEMA DE SOLDAGEM POR RESISTÊCNIA


ELÉTRICA ........................................................................................................ 19
2.1.1 O Transformador .............................................................................................. 19

2.1.2 Eletrodos de soldagem...................................................................................... 20

2.1.3 Sistema de refrigeração .................................................................................... 21

2.1.4 Controle de potência ......................................................................................... 21

3 O TIRISTOR .................................................................................................. 23

3.1 FORMAÇÃO DE UMA JUNÇÃO P-N ........................................................... 24


3.2 FUNCIONAMENTO DO SCR ......................................................................... 25
3.3 DISPARO DO SCR........................................................................................... 26
3.3.1 Disparo por corrente na porta ........................................................................... 27

3.3.2 Disparo por sobretensão ................................................................................... 28

3.3.3 Disparo por taxa de crescimento da tensão direta (dv/dt) ................................ 29

3.3.4 Disparo por elevação de temperatura ............................................................... 29

3.4 COMUTAÇÃO DO TIRISTOR ....................................................................... 29


3.4.1 Comutação natural ............................................................................................ 30

3.4.2 Comutação forçada ........................................................................................... 30

3.5 CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DO SCR ............................................... 30


3.5.1 Tempo de entrada em condução ....................................................................... 31

3.5.2 Tempo de comutação........................................................................................ 31

3.6 PARAMETROS NOMINAIS DO SCR ............................................................ 32


4 CONTROLE DE FASE ................................................................................. 34

4.1 CONTROLE DE FASE PARA CARGAS RESISTIVAS ................................ 34


4.2 CONTROLE DE FASE PARA CARGAS INDUTIVAS ................................. 36
15

5 CIRCUITO DE AMORTECIMENTO (SNUBBER) .................................. 38

6 ISOLAÇÃO DO SINAL DE DISPARO ....................................................... 39

7 CIRCUITO DE GERAÇÃO DOS PULSOS DE DISPARO ...................... 41

7.1 CIRCUITO INTEGRADO TCA 785 ............................................................ 42


8 PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE DE POTÊNCIA .................. 45

8.1 CIRCUITOR DE CONTROLE DE DISPARO ................................................ 45


9 IMPLEMENTAÇÃO ..................................................................................... 49

9.1 RESULTADO DA IMPLEMENTAÇÃO ......................................................... 51


10 CONCLUSÃO ................................................................................................ 55

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 57

ANEXO A – FOLHA DE DADOS TYN1225............................................................. 59


16

1 INTRODUÇÃO

A soldagem é uma técnica que promove a união de peças através do aquecimento


entre as partes, assegurando a resistência mecânica por meio da fusão. Trata-se de um
processo muito antigo que vem sendo aprimorado desde o advento do fogo, juntamente
com as técnicas de forja e fundição.

Desde sua descoberta, a soldagem é um dos principais processos dentro da


indústria, com inúmeras aplicações e variadas técnicas. Dentro desta gama de processos,
a soldagem a ponto por resistência elétrica RSW (resistance spot welding) ou populamente
conhecida como solda ponto, é a principal técnica de soldagem onde não há adição de
material. Sua aplicação é muito vasta e presente em larga escala no setor automobilístico,
destinada a união de chapas da carroceria de veículos cuja estrutura seja do tipo
monobloco.

Basicamente a soldagem por resistencia elétrica consiste em circular corrente


entre as peças a serem soldadas, promovendo o aquecimento até que atijam a fusão em
um único ponto. O aquecimento se dá pela resistência à passagem de corrente das peças
a serem soldadas.

Com base neste princípio, ter o controle da corrente elétrica é fundamental para o
sucesso desta técnica de soldagem, visto que é o parâmetro de maior influência na geração
de calor necessário ao processo.

As técnicas do controle da corrente elétrica no processo de soldagem por


resistência elétrica, são basicamente as seguintes:

 Transformador conectado diretamente à rede elétrica, com derivações no


secundário, sem intermédio de componentes eletrônicos;

 Transformador conectado a rede elétrica através de semi condutores, onde


destaca-se o uso de tiristores para variação da tensão aplicada ao primário;

 Conversores CA/CC com o uso de transistores, alimentando um


transformador em alta frequência.

Este trabalho é direcionado ao estudo e implementação de um modelo em escala


reduzida da topologia que utiliza transistores como meio de variação da tensão primária
do transformador.
17

1.1 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é implementar um conversor CA/CA para alimentar um


transformador de solda em escala reduzida, permitindo a variação da tensão primária por
intermédio de tiristores. O conversor será composto por circuito de geração de pulso de
disparos, circuito de isolação de sinal e circuito de potência para carga indutiva.

2 SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA ELÉTRICA

A soldagem por resistência RSW, é um dos inúmeros processos de soldagem


existentes, com ampla aplicação em diversos setores da indústria. Normalmente destina-
se a união de chapas metálicas, onde as mesmas são unidas devido à pressão mecânica e
o aquecimento gerado pela resistência dos materiais à passagem da corrente elétrica
(Efeito Joule). O aquecimento da superfície deve ser suficiente para gerar a fusão dos
materiais ocorrendo a união no ponto de fusão.
Este processo de soldagem apresenta como principal vantagem o fato de não ser
necessário a adição de material e tem grande confiabilidade para processos seriados.
Diferente de outros processos de soldagem que são mais complexos, a solda a ponto por
resistência não requer muita experiência ou habilidade do operador para realizar o
processo. [9]
O principal parâmetro a ser controlado neste processo é a corrente elétrica aplicada
aos eletrodos e o tempo de solda. A corrente elétrica utilizada para a realização deste
processo de soldagem, tipicamente é fornecida pela rede elétrica, passando por um
transformador e posteriormente através do enrolamento secundário é aplicada nas peças
a serem soldadas por intermédio dos eletrodos de solda, conforme demonstra a figura 1.
18

Figura 1 – Método de soldagem por resistência elétrica. Fonte: [1]

Este processo de soldagem apresenta algumas limitações, como a espessura das


chapas a serem soldadas e baixa portabilidade do equipamento, que em geral tem grande
dimensões e massa. Constantemente se faz necessário o ajuste da geometria e posição dos
eletrodos, devido ao desgaste gerado pelo calor e pressão a qual são submetidos.
O intenso aquecimento na área de contato devido a passagem da corrente elétrica,
pode comprometer a estrutura molecular dos materiais soldados, tornando-os quebradiços
na região onde foi aplicada a solda.
Pela lei de Joule tem-se a relação entre a energia térmica e a corrente elétrica que
passa por uma resistência em um determinado tempo, conforme equação abaixo:

𝑄 = 𝐼 2 𝑅𝑡 [8]

Onde:
Q = Energia térmica gerada (J);
I = Corrente elétrica (A);
R= Resistencia elétrica de soldagem em (Ω);
t= tempo de aplicação da corrente elétrica (s);

Porém, se a corrente elétrica não for constante em relação ao tempo, temos a


aplicação da integral, conforme equação abaixo:
19

𝑡
𝑄 = ∫0 𝐼²𝑅𝑑𝑡 [8]

Onde:
Q = Energia térmica gerada (J);
I = Corrente elétrica (A);
R= Resistencia elétrica de soldagem em (Ω);
t= tempo de aplicação da corrente elétrica (s);

2.1 COMPONENTES DE UM SISTEMA DE SOLDAGEM POR RESISTÊCNIA


ELÉTRICA

Os equipamentos destinados a soldagem por resistência elétrica, são de construção


relativamente simples. Basicamente estes equipamentos são compostos por:
transformador, eletrodos, sistema de refrigeração e controle de potência.

2.1.1 O Transformador

O transformador é constituído de um fio de material altamente condutor,


normalmente cobre ou alumínio, que formam espiras em torno de um núcleo que é
composto tipicamente por uma liga de aço-silício.
O princípio de funcionamento de um transformador, baseia-se na lei de Faraday,
que relaciona a variação temporal de um campo magnético por um circuito, com o
surgimento de força eletromotriz no mesmo circuito. As espiras formam um enrolamento,
que quando aplicada uma tensão variante no tempo, cria um fluxo magnético que percorre
o núcleo do transformador, este fluxo concatena com outro enrolamento surgindo uma
força eletromotriz induzida. O enrolamento onde é aplicado a tensão é denominado
primário, o outro enrolamento é o secundário.
Conforme figura 2 a tensão obtida no enrolamento secundário é a relação do
número de espiras entre secundário e primário, N2/N1. Já a corrente elétrica obtida no
secundário será o inverso da relação do número de espiras, N1/N2. Desta forma é possível
obter uma elevada corrente elétrica, a partir de uma fonte de menor corrente, o que é ideal
para aplicação em sistemas de soldagem.
20

Figura 2 - Modelo do transformador ideal. Fonte: [2].

2.1.2 Eletrodos de soldagem

Para que a solda por resistência ocorre de maneira mais eficiente, é necessário que
a resistência dos materiais a serem soldados sejam maior que a dos eletrodos, caso
contrário, a maior parcela de potência seria dissipada nos eletrodos e não nas peças a ser
soldada. Isto ocorre porque a resistência do sistema de solda está em série com a
resistência imposta pelas peças a serem soldadas.
Os eletrodos utilizados no processo de soldagem por resistência, como
característica básica, devem apresentar alta condutividade elétrica e características
mecânicas para suportar alta temperatura e pressão que é aplicada ao processo durante a
soldagem. Com base na IACS (International Annealed Copper Standard), norma
internacional que relaciona a condutividade elétrico das ligas de cobre em percentual, a
condutividade dos eletrodos para soldagem por resistência elétrica é na ordem de 48%
(IACS), o que corresponde a uma condutividade de 28 MS/m (mega siemens/metro), que
é o inverso da resistividade dada em Ω.m (ohm x metro).
A liga de cobre mais utilizada para a construção dos eletrodos é o cobre-berílio.
21

2.1.3 Sistema de refrigeração

Em função do intenso calor gerado durante o processo, e da alta condutividade


térmica dos eletrodos, se faz necessário a incorporação de um sistema de refrigeração,
evitanto a deformação e desgaste dos eletrodos em processos contínuos. A refrigeração é
feita com água ou fluido refrigerante, que circula no interior dos eletrodo por meio de
canais previamente contruidos. A troca térmica ocorre por condução e posteriormente o
calor absorvido pelo líquido é dissipada em radiadores. Em alguns casos, onde a água é
utilizada como meio refrigente a mesma é descartada após a utilização, sem a presença
de radiador.

2.1.4 Controle de potência

A soldagem por resistência elétrica, na sua forma mais convencional, o controle


da potência aplicada ao processo é por meio de derivações no enrolamento secundário do
transformador. Conforme figura 3, ao mudar o ponto de ligação do secundário, obtém-se
tensões diferentes, desta forma é possível alterar a potência aplicada, que é o produto da
tensão pela corrente.

Figura 3 - Transformador com derivações no secundário. Fonte: [3].

A mudança do ponto de ligação do secundário, é feita de forma manual pelo


operador da máquina. Na figura 4, é possível visualizar uma máquina de solda por
resistência elétrica, onde em sua lateral encontra-se as derivações do secundário de um
transformador em local de fácil acesso e manuseio para o operador.
22

Figura 4 - Maquina de solda por resistência com controle manual de potência. Fonte [4].

Este método de controle da corrente elétrica, não permite um ajuste fino, visto que
tem poucas opões de derivações no secundário do transformador.

Outra forma, e a mais usual do controle de potência, é com o uso dos componentes
semicondutores. A topologia que tem maior destaque está ilustrada na figura 5, onde são
utilizados os retificadores controlados de silício SCR (Silicon Controlled Rectifier). Por
meio deles é possível controlar a tensão aplicada no transformador de forma eletrônica,
permitindo um controle mais fino da potência aplicada. Outra vantagem é a possibilidade
de padronizar e automatizar o processo de soldagem, onde conhecendo a espessura dos
materiais a serem soldados é possível determinar a potência necessária, eliminando
desperdícios por tentativa e erro no ajuste da máquina.

Figura 5 - Diagrama simplificado controle de potência por SCR. Fonte [1].


23

Algumas máquinas apresentam topologias mais complexas, como as inversoras,


cuja esquema simplificado é ilustrado na figura 6. No primeiro estágio, o sinal senoidal
da rede elétrica é convertido em um sinal contínuo através de uma ponte retificadora. Na
segunda etapa, por meio de transistores, o sinal contínuo é novamente convertido em
alternado por um processo chamado modulação, cuja forma de onda é retangular e em
alta frequência. Na terceira etapa um transformador com núcleo especial, faz o
rebaixamento da tensão para níveis adequados ao processo. O núcleo deste transformador
deve suportar a alta frequência sem que ocorra o fenômeno da saturação no meio
magnético. Por fim, na quarta etapa, o secundário com derivação central, tem um estágio
de retificação para converter o sinal alternado em contínuo, necessário em algumas
aplicações.

Figura 6 - Esquema simplificado de máquina de solda inversora. Fonte [1]

3 O TIRISTOR

Tiristor é a denominação dada a um grupo de componentes semicondutores


composto por quatro camadas P e N. Dentro deste grupo, o retificador controlado de
silício (SCR), é o que se tem maior destaque, visto sua utilização nos mais diversos
seguimentos, permitindo ser aplicado em amplas faixas de tensão e corrente.
O SCR foi desenvolvido no final da década de 50, tornando-se comercialmente
disponível no início da década de 60. O aperfeiçoamento das técnicas de fabricação, a
redução dos custos de produção e o desenvolvimento simultâneo de dispositivos de
24

controle, tais como amplificadores operacionais, elementos lógicos, circuitos integrados


e microprocessadores, tornaram o SCR um componente de importância vital em uma série
de equipamentos onde tem-se a necessidade de controlar a energia elétrica.
O SCR como o próprio nome sugere é um retificador que necessita ser controlado
para operar. Com características semelhantes a um diodo, o SCR é dotado de um terceiro
terminal onde através dele é feito o controle de operação.
A figura 07 mostra o símbolo do SCR e a sua estrutura interna, que é composta
por quatro camadas P e N, formando três junções. Os terminais do SCR são: anodo,
catodo e porta, este último destinado ao controle do componente.

Figura 7 - Estrutura interna e símbolo do tiristor. Fonte [5]

3.1 FORMAÇÃO DE UMA JUNÇÃO P-N

A formação de uma junção de dois materiais P e N, pode ser detalhada em três


fases:
1ªFase: Se for provocado um desequilíbrio com a presença de mais elétrons no lado
N do que no lado P, haverá uma tendência de que as concentrações se igualem em ambos
os lados, desta forma os elétrons saem do lado N e seguem rumo ao lado P. De forma
análoga a presença de lacunas criadas no lado P provocará um movimento de lacunas do
lado P para o lado N. Este movimento permanece até que o sistema entre em equilíbrio,
ilustrado pela figura 08.
25

Figura 8 - Equilíbrio da junção P-N. Fonte [6]

2ªFase: Um elétron do lado N, ao cruzar a junção e entrar na região P onde se


depara com um grande número de portadores de sinal oposto, haverá uma grande
possibilidade de ocorrer um fenômeno chamado recombinação, onde um elétron livre
preenche uma lacuna existente na camada de valência, eliminando os portadores livres.

3ªFase: Ao sair do lado N, um elétron deixa atrás de si, um íon ao qual estava
associado. Desta forma inicia-se o processo de difusão com os portadores que estão
próximo a junção. Em ambos os lados da junção formará uma região de íons descobertos,
denominada de região de depleção, ilustrada pela figura 09.

Figura 9 - Região de depleção formada pela difusão. Fonte [6]

3.2 FUNCIONAMENTO DO SCR

Quando uma tensão positiva é aplicada no anodo de um SCR, as junções J1 e J3


ficam polarizadas diretamente. Para esta situação a junção J2 fica reversamente
polarizada, o que impede o SCR de conduzir corrente elétrica do anodo para o catodo.
Esta condição é descrita como condição de bloqueio direto, e apenas uma pequena
corrente flui do anodo para o catodo, que é denominada corrente de fuga direta IF (forward
current).
Para colocar o SCR em estado de condução direta é necessário a aplicação de um
potencial positivo entre porta e catodo, polarizando a junção J2 diretamente. Quando isso
ocorre o SCR entra em condução, e a corrente que flui de anodo para catodo é limitada
26

pela carga que está em série com o componente. Esta condição é denominada condução
direta. A queda de tensão que se deve à resistência ôhmica nas quatro camadas P e N é
tipicamente 1,5 V para os SCR de baixa potência.
Quando a tensão de catodo é positiva em relação ao anodo, as junções J1 e J3
ficam reversamente polarizadas, impedindo a entrada em condução, mesmo com
aplicação de tensão na porta, assim o SCR não conduz, comportando se como um diodo
em polarização reversa, esta condição é denominada de bloqueio reverso. Na condição de
bloqueio reverso, também ocorre a passagem de uma pequena corrente do catodo para o
anodo, que é denominada corrente de fuga reversa IR (reverse current). [8]
A figura 10 ilustra a curva ideal de um SCR, demonstrando as condições de
operação.

Figura 10 – Curva característica ideal do SCR. Fonte [7]

3.3 DISPARO DO SCR

Existem várias maneiras de promover o disparo de um SCR. É fundamental


conhecê-los, pois dependendo da aplicação podem ocorrer disparos não intencionais,
sendo necessário medidas de proteção evitando assim efeitos indesejados no sistema a ser
controlado.
27

3.3.1 Disparo por corrente na porta

A maneira mais usual para promover o disparo é injetando corrente na porta do


SCR. A aplicação de corrente na porta, injeta lacunas no interior da camada P, que, junto
com os elétrons da camada N, leva o SCR a condução, permanecendo nesta condição
mesmo que a corrente na porta seja extinta.
A corrente de anodo limitada pela carga, tem de estar acima de um valor conhecido
como corrente de travamento IL (latching current), a fim de manter a quantidade
necessária do fluxo de portadores na junção. Entretanto, se a corrente direta de anodo for
reduzida abaixo de um valor conhecido como corrente de manutenção IH (holding
current), uma região de depleção se desenvolverá em torno da junção J2, devido ao
reduzido número de portadores, e o SCR entrará em estado de bloqueio direto. A corrente
de manutenção está na ordem de miliampères e é menor que a corrente de travamento. [8]
A figura 11, ilustra a curva real de um SCR e seus principais parâmetros.

Figura 11 – Curva característica real do SCR. Fonte [7]

Onde:
IL (latching current): Corrente de anodo necessária para que o SCR entre em
condução durante a aplicação da corrente de porta IGK;
IH (holding current): É a mínima corrente de anodo necessária para manter o SCR
em condução, após a retirada da corrente de porta.
28

VAK (voltage anode cathode): É diferença de potencial entre anodo e catodo


quando em estado de bloqueio.
IA (average current): Corrente média que circula entre anodo e catodo.
IGK (gate current): Corrente de porta necessária para promover o disparo do SCR.
VTO (turn-on voltage): É diferença de potencial entre anodo e catodo quando em
estado de condução.
VBR (breakdown voltage): é a tensão reversa máxima suportada pelo SCR;
VBO (breakover voltage): é a tensão direta que faz o SCR conduzir, sem que haja
corrente aplicada na porta.
IAMAX (maximum average current): Máxima corrente média de anodo que não
danifica o SCR.
Conforme ilustrado pela figura 11, para VAK<0, praticamente não há condução. A
corrente, que na curva ideal é nula, aqui tem valor muito baixo.
Na região de polarização direta em bloqueio, há várias curvas tracejadas para
diferentes valores de corrente de porta IGK. Quando IGK =0, o SCR permanece bloqueado,
desde que a tensão seja inferior a VBO. Quando VAK= VBO, o SCR entra em condução,
mesmo que não haja sinal de disparo na porta. É possível observar também que quanto
maior o valor da corrente na porta, menor é a tensão VAK necessária para disparar o SCR.

3.3.2 Disparo por sobretensão

Quando o SCR é polarizado diretamente, ou seja, a tensão no anodo é positiva em


relação ao catodo, as junções J1 e J3 permitem a condução da corrente elétrica, porém a
junção J2 está reversamente polarizada, desta forma impede que o SCR entre em
condução. Se for imposta uma tensão muito elevada além dos limites operacionais do
componente, pode ocorrer a ruptura da junção J2, colocando o SCR em condução. Esta
situação é conhecida como ruptura por avalanche, e a tensão necessária para que isto
ocorra é denominada tensão de ruptura VBO (voltage breakover). Como as junções J1 e J3
já estão diretamente polarizadas, haverá um movimento livre de portadores através de
todas as três junções, resultando em uma grande corrente de anodo no sentido direto. O
dispositivo estará então no estado de condução. Esta não é uma situação desejada, e pode
ocorrer quando o SCR controla cargas capacitivas.
29

3.3.3 Disparo por taxa de crescimento da tensão direta (dv/dt)

Conforme a tensão entre anodo e catodo aumenta, pode ocorrer o disparo do SCR
devido a uma elevada taxa de crescimento da tensão.
Quando diretamente polarizado, o SCR sem aplicação de corrente na porta, a
junção J2 está reversamente polarizada, originando uma distribuição de cargas nas
proximidades da junção. Podemos atribuir a esta distribuição de cargas um efeito
capacitivo. A relação entre tensão e corrente em um capacitor é:

𝑑𝑣
𝑖 = 𝐶 𝑑𝑡 [10]

A expressão demonstra que para haver corrente em um capacitor, é necessário que


ocorra a variação da tensão aplicada sobre ele. Se houver uma variação instantânea da
tensão aplicada a um capacitor, haverá uma corrente associada. Entretanto, se a taxa de
variação da tensão for suficientemente elevada, a corrente que atravessará a junção pode
ser suficiente para provocar uma avalanche na junção J2, levando o SCR à condução.

3.3.4 Disparo por elevação de temperatura

A corrente que circula por uma junção P-N reversamente polarizada, é


extremamente dependente da temperatura. Isto ocorre devido ao fluxo dos portadores
minoritários cuja concentração varia de acordo com a temperatura.
Em dispositivos de silício, a corrente aproximadamente dobra a cada 10º C de
aumento de temperatura. Assim, a elevação da temperatura pode levar a uma corrente
através de J2 suficiente para que o SCR entre em condução.

3.4 COMUTAÇÃO DO TIRISTOR

Comutar um SCR significa colocá-lo em condição de bloqueio após ter entrado


em condução. A comutação normalmente causa a transferência do fluxo de corrente para
outras partes do circuito, então é fundamental considerar esta situação no
desenvolvimento do circuito de controle e potência.
30

Para que o SCR deixe de conduzir é necessário que a corrente de anodo seja
praticamente extinta, permitindo que se restabeleça a barreira da junção J2.

3.4.1 Comutação natural

Quando a fonte de tensão é uma rede CA (corrente alternada), a corrente do tiristor


passa naturalmente por zero, posteriormente uma tensão reversa aparece sobre ele. O
dispositivo é então automaticamente desligado devido à extinção da corrente de
manutenção IH, promovida pela passagem por zero da rede senoidal. Isto é conhecido
como comutação natural. Na prática o tiristor é disparado de maneira síncrona com a
passagem pelo zero da tensão de rede, e esta passagem é a fonte de sincronismo que
fornece um controle contínuo de potência. [10]

3.4.2 Comutação forçada

Em alguns circuitos com SCR a tensão aplicada é proveniente de uma fonte em


CC (corrente contínua), e a corrente direta do tiristor é forçada a zero através de um
circuito adicional, chamado circuito de comutação, permitindo desligar o SCR. Essa
técnica é chamada de comutação forçada.

3.5 CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DO SCR

As características dinâmicas do SCR, estão ligadas diretamente com o


comportamento do componente durante os processos de entrada em condução e de
comutação. O SCR não passa do estado de bloqueio para o estado de condução de forma
instantânea, o mesmo ocorre no processo de comutação.
Em geral são mais lentos que outros semicondutores como o transistor. O tempo de
resposta do SCR está relacionado ao tempo necessário para o armazenamento e a
recombinação dos portadores minoritários nas junções que o compõe.
31

3.5.1 Tempo de entrada em condução

O tempo de entrada em condução compreende o instante em que se aplica o sinal


na porta do SCR, até o momento em que a corrente de anodo atinja seu valor nominal.
Esse tempo pode ser divido em duas etapas, tempo de atraso td e tempo de subida tr. A
soma de td e tr compreende o tempo de entrada em condução, resultante da aplicação de
corrente na porta do SCR e distribuição dos portadores de carga, que levam algum tempo
para se rearranjar. No gráfico da figura 12, são representados os valores típicos de cada
parcela, td e tr. Tipicamente td é definido entre 10% da corrente de gatilho IG e 10% da
corrente de anodo IT. tr é defido entre 10% e 90% da corrente de anodo IT. [8]

Figura 12 - Tempo de entrada em condução ton. Fonte [12]

3.5.2 Tempo de comutação

Em um SCR, a passagem do estado de condução ao bloqueio ocorre quando a


corrente de anodo IA é inferior a corrente de manutenção IH, ou quando a diferença de
potencial entre anodo e catodo é menor ou igual a zero. Na ocorrencia de uma das
situações anteriores, o SCR não consegue de forma intantânea bloquear a passagem de
32

corrente. O tempo necessário para que ocorra o bloqueio é denominado tempo de


comutação tq, que geralmente é maior que o tempo de condução. Da mesma forma, o
tempo de comutação tq, pode ser dividido em duas etapas, o tempo de recuperação inversa
e o tempo de recuperação da porta. [16]

O tempo de recuperação inversa é devido as cargas armazenadas das junções,


oriundas da anulação da corrente de polarização inversa. O tempo de recuperação da
porta, é o tempo necessário para que os portadores minoritários sejam rearranjados na
porta do SCR.

3.6 PARAMETROS NOMINAIS DO SCR

Na tabela 1, são apresentados os principais parâmetros nominais do SCR,


conforme especificação dos fabricantes. Dependendo do fabricante podem surgir
variações de alguns símbolos.
33

Tabela 1 - Parâmetros nominais e símbolos usuais do SCR

DESCRIÇÃO SÍMBOLOS USUAIS UNIDADES


VF
Tensão entre anodo e catodo em condução VTO V
VAK
VRRM V
Tensão máxima reversa
VBR kV
VDRM V
Tensão máxima direta
VBO kV
Corrente de fuga reversa IR mA
Corrente de fuga direta IF mA
RD
Resistência em condução RF mΩ
RT
IG mA
Corrente de disparo na porta
IGK A
Tensão de disparo na porta VGK V
IAV A
Corrente média de anodo
IMED kA
IRMS A
Corrente eficaz de anodo
IEF kA
IP A
Corrente de pico de anodo
ITSM kA
Tensão máxima reversa entre catodo e
VGRM V
porta
µA
Corrente máxima de disparo na porta IGTM
mA
Tensão máxima de disparo na porta VGTM V
µA
Corrente mínima de disparo na porta IGT
mA
Tensão mínima de disparo na porta VGT V
µA
Corrente de travamento IL
mA
µA
Corrente de manutenção IH
mA
Tempo de atraso na porta td µs
Tempo de subida de corrente tr µs
Tempo de comutação tq µs
Taxa de crescimento da corrente di/dt A/µs
Taxa de crescimento da tensão dv/dt V/µs
Fonte: Próprio Autor
34

4 CONTROLE DE FASE

O controle de fase é uma técnica que permite variar o fluxo de potência entregue
a carga que está por intermédio do SCR conectado à rede elétrica. Ao variar o instante
em que o SCR entra em condução ocorre a alteração do valor eficaz da tensão, com a
variação da tensão é possível controlar a potência entregue à carga.

O instante em que o SCR entra em condução é determinado pelo ângulo α, que


varia de 0 à 180º ou de 0 à π.

4.1 CONTROLE DE FASE PARA CARGAS RESISTIVAS

A figura 13 (a) demonstra o circuito de controle de fase de onda completa,


composto por dois SCR em antiparalelo. Cada SCR é responsável pelo controle de um
semiciclo da senoiede. No semiciclo positivo da tensão de rede, o controle de potência é
feito através SCR T1, no semiciclo negativo T2. As formas de onda da tensão de entrada
(VS), tensão na carga (VO), corrente na carga (io) e sinais de disparo (G1 e G2), são
exibidos na figura 13 (b).
35

Figura 13 - Circuito de controle de fase com carga resistiva e formas de onda. Fonte [8]

Se os ângulos de disparos forem iguais para T1 e T2, a tensão eficaz na carga R


pode ser determinada a partir da equação:

1
1 𝑠𝑒𝑛2𝛼 2
𝑉𝑜 = 𝑉𝑠 [𝜋 (𝜋 − 𝛼 + )] [8]
2

Com o valor de α igual a π, a tensão aplicada na carga será igual a tensão de


entrada, se α for zero, a tensão na carga também será zero. Desta forma, a variação de α
determina a tensão aplicada na carga.

A corrente eficaz na carga é:

𝑉𝑜
𝐼𝑜 = [8]
𝑅

Como a corrente de carga é igual a corrente de entrada, o fator de potência de


entrada é:
36

𝑃𝑜 𝑉𝑜 1 𝑠𝑒𝑛2𝛼 1/2
𝐹𝑃 = 𝑉𝐴 = = [𝜋 (𝜋 − 𝛼 + )] [8]
𝑉𝑠 2

O fator de potência somente será unitário quando α for igual a zero.

A corente média no SCR é:

1
𝐼𝑎𝑣 = 2𝜋𝑅 (cos 𝛼 + 1) [13]

A corrente eficaz no SCR é:

𝑉𝑠 1 𝑠𝑒𝑛2 1/2
𝐼𝑒𝑓 = [𝜋 (𝜋 − 𝛼 + ] [13]
√2𝑅 2

4.2 CONTROLE DE FASE PARA CARGAS INDUTIVAS

Na prática, é muito comum a aplicação do controle de fase em cargas indutivas,


como motores e transformadores. A figura 14 (a) demonstra o circuito de controle de fase
de onda completa para carga indutiva. Cada SCR é responsável pelo controle de um
semiciclo da senoiede. No semiciclo positivo da tensão de rede, o controle de potência é
feito através de T1, no semiciclo negativo T2. As formas de onda da tensão de entrada
(VS), corrente no SCR 1 (i1) e sinais de disparo (G1 e G2), são exibidos na figura 14 (b).

Devido à indutância da carga, a corrente no SCR 1 não cai a zero no instante em


que o semiciclo positivo da tensão de entrada passa pelo zero e fica negativa. Esta
condição, mantém o SCR 1 conduzindo até que a corrente fique a baixo da corrente de
manutenção. Este fato pode impedir que o SCR 2 entre em condução, pois se o sinal de
disparo ocorrer antes da extinção da corrente no SCR 1, SCR 2 não entra em condução.

Na condição de carga resistiva, os sinais de disparo podem ser pulsos curtos,


porém, pulsos de curta duração não são apropriados para cargas indutivas devido ao fato
relatado anteriormente. Este problema pode ser resolvido com a aplicação de pulsos
37

longos, com duração até π, desta forma quando a corrente no SCR 1 for menor que a
corrente de manutenção, o SCR 2 entrará e condução, devido a presença do pulso de
disparo longo, de α até π.

O instante em que o SCR 1 deixa de conduzir devido a extinção da corrente, é


determinado pelo ângulo β, denominado ângulo de extinção. Com a determinação do
ângulo β, é possível determinar o ângulo de condução (δ):

𝛿 =𝛽−𝛼 [8]

Figura 14 - Circuito com carga indutiva e formas de onda. Fonte [8]

A tensão eficaz para cargas indutivas é:

1 𝑠𝑒𝑛2𝛼 𝑠𝑒𝑛2𝛽 1/2


𝑉𝑜 = [𝜋 (𝛽 − 𝛼 + − )] [8]
2 2

A corrente eficaz do SCR pode ser encontrada a partir de:

2 1/2
𝑅 𝛼
𝑉𝑠 1𝛽 ( )( −𝑡)
𝐼𝑒𝑓 = [ ∫ {𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 𝜃) − 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝜃)𝑒 𝐿 𝜔 } 𝑑(𝜔𝑡) ] [8]
𝑍 𝜋 𝛼
38

E a corrente eficaz na carga é a combinação da corrente eficaz de cada SCR:

𝐼𝑜 = (𝐼𝑒𝑓 2 + 𝐼𝑒𝑓 2 )1/2 = √2 𝐼𝑒𝑓 [8]

O valor médio da corrente no SCR também pode ser encontrado a partir da


seguinte equação:
1 𝛽
𝐼𝑎𝑣 = 2𝜋 ∫𝛼 𝑖1 𝑑(𝜔𝑡) [8]

5 CIRCUITO DE AMORTECIMENTO (SNUBBER)

O circuito snubber é utilizado com o objetivo de minimizar os efeitos provocados


pelo rápido crescimento da tensão direta (dv/dt) no SCR. Um SCR bloqueado apresenta
uma característica capacitiva, resultante do armazenamento de cargas nas junções. Desta
forma na condição de bloqueio, uma rápida variação positiva da tensão nos terminais do
SCR, resultará em uma corrente direta através do componente, que poderá ser
suficientemente grande para colocá-lo em condução. [15]
Para impedir que isso ocorra, o circuito de disparo da porta deve manter este
terminal em curto com o catodo, exceto quando o sinal de disparo é efetua. Porém na
prática isso se torna difícil de aplicar, desta forma com o objetivo de limitar a taxa de
crescimento da tensão nos terminais do SCR são inseridos circuitos em paralelo com o
SCR. Normalmente são utilizados circuitos RC, RCD ou RLCD, conforme figura 15.
39

Figura 15 - Circuitos de amortecimento (Snubber). Fonte [16]

No caso do circuito RC da figura 15, quando o SCR entra em condução, a tensão


direta Vak segue a dinâmica imposta por RC que, além de reduzir a taxa de variação da
tensão também desvia a corrente de anodo facilitando a comutação. Quando a tensão Vak
começa a reduzir, o capacitor descarrega ocasionando um pico de corrente no SCR, esta
corrente é limitada pelo valor de R.
No caso do circuito RCD da figura 15, este pico de corrente pode ser reduzido
pelo uso de diferentes resistores para os processos de carga e descarga de C.
No circuito RLDC da figura 15, o indutor se opõe a variação brusca de corrente
atenuando seu pico. A corrente de descarga de C auxilia na entrada em condução do SCR,
uma vez que se soma a corrente de anodo proveniente da carga.

6 ISOLAÇÃO DO SINAL DE DISPARO

Os níveis de tensão em um circuito com SCR podem ser muito altos, exigindo um
isolamento entre o circuito de acionamento e o dispositivo.
Com a necessidade de isolar o sinal de disparo do sistema de potência, é comum o
emprego de isolação galvânica, obtido através de um transformador de pulso.
O transformador de pulso tem como principal característica resposta rápida,
permitindo o envio de pulso de curta duração.
40

O núcleo dos transformadores de pulso são normalmente de ferrite, pois este material
apresenta menores perdas por histerese e efeito Foucault.
Um circuito de isolação com transformador de pulso é exibido na figura 16. Quando
um pulso é aplicado na base do transistor Q1, o faz saturar permitindo que a tensão Vcc
seja aplicada no primário do transformador, induzindo uma tensão do secundário que é
aplicada entre os terminais de porta e catodo do SCR. Quando o pulso é removido da base
do transistor, o mesmo entra na condição de corte, induzindo uma tensão de polaridade
oposta no primário permitindo que o diodo Dm conduza. A corrente em Dm, devido à
energia armazenada no transformador, cai até zero. Durante este processo, uma tensão
reversa é induzida no secundário, garantido a extinção do sinal de disparo.

Figura 16 - Circuito de isolação com transformador de pulso. Fonte [14]

Após a isolação do sinal de disparo, o circuito é conectado entre a porta e o catodo


do SCR. É necessário a utilização de outros componentes de proteção como mostra a
figura 17.
Na figura 17a, o resistor Rg, aumenta a capacidade de dv/dt, reduz o tempo de
comutação e aumenta as correntes de travamento e manutenção.
Na figura 17b, o capacitor Cg, filtra alguns ruídos de alta frequência, aumenta a
capacidade de dv/dt e tempo de atraso na porta.
Na figura 17c, o diodo Dg, protege a porta contra tensões negativas e também
reduz o tempo de comutação.
41

Na figura 17d, existe a combinação de todos as características, o diodo D1 permite


apenas pulsos positivos e R1 absorve as oscilações e limita a corrente na porta.

Figura 17 - Circuitos de proteção da porta. Fonte [14]

7 CIRCUITO DE GERAÇÃO DOS PULSOS DE DISPARO

Os pulsos de disparos do SCR, são gerados por circuitos de comando que tem por
finalidade enviar corrente elétrica com formato e magnitude adequados no instante
correto, garantindo o funcionamento do sistema. As funções básicas do circuito de
geração dos pulsos são:

-Sincronismo com a rede elétrica: A sincronização com a rede elétrica, é fundamental


para a determinação do instante de disparo. A detecção de passagem por zero da rede, é
método mais usual para a obtenção do sincronismo.

-Geração de rampa dente de serra: A geração de sinal dente de serra, é obtida por meio
de uma rampa capacitiva, cujo comprimento se estende da passagem por zero da rede até
a próxima passagem por zero.

-Comparador: O comparador recebe sinal contínuo tipicamente de um potenciômetro, que


é a principal interface de controle do sistema e da rampa capacitiva. O sinal contínuo é
comparado com o sinal da rampa capacitiva, no cruzamento dos sinais é determinado o
instante de disparo.
42

7.1 CIRCUITO INTEGRADO TCA 785

O circuito integrado TCA785 desenvolvido pela Siemens, é dedicado para o


controle de disparo de tiristores. Sua configuração interna possibilita uma simplificada
seleção de componentes externos, sem tornar muito grande o circuito final.
Devido a sua versatilidade, permite inúmeras aplicações dentro da eletrônica,
apesar de se tratar de um componente dedicado a circuitos de disparo. Na figura 18 é
exibido o diagrama de blocos com as principais funções internas do circuito integrado.

Figura 18 - Diagrama de blocos do TCA785. Fonte [11]

Internamente o circuito é alimentado por uma tensão regulada de 3,1 VCC,


proveniente de uma alimentação externa, que varia entre 8 e 18 VCC. Essa tensão de 3,1
VCC pode ser verificada no pino 8.
O sincronismo com a rede é obtido através de um detector de passagem de zero no
pino 5, conectado a um registrador de sincronismo.
O gerador de rampa, cujo controle está na unidade lógica, provém de uma fonte de
corrente constante carregando o capacitor C10. A corrente em C10 é controlada pelo
potenciômetro P9, cuja variação altera a amplitude da rampa, que vai a zero sempre que
43

a tensão de sincronismo passa por zero, devido a saturação de um transistor em paralelo


com o capacitor.
O comparador de controle, compara a tensão de rampa com a tensão de controle,
quando estas forem iguais envia pulsos na saída através da unidade lógica.
No pino 15 são obtidos os pulsos positivos para o semiciclo positivo da tensão de
rede, e no pino 14 pulsos positivos para o semiciclo negativo da tensão rede, defasados
entre em 180º entre si.
Os pulsos obtidos nos pinos 14 e 15, tem suas larguras determinadas pela conexão
de um capacitor externo C12, entre o pino 12 e o terra.
Nos pinos 2 e 4 obtêm-se saídas complementares dos pinos 14 e 15,
respectivamente, em coletor aberto, necessitando da ligação externa de um resistor entre
os pinos 2-16 e 4-16, proporcionando uma corrente máxima de 5mA. A largura dos
pulsos obtidos nos pinos 2 e 4 tem suas larguras controladas através da conexão de um
resistor entre os pinos 13 e 16.
O pino 6 quando aterrado inibe todas as saídas do TCA785, servindo como proteção
e chave liga / desliga do sistema.
Por se tratar de um circuito integrado, dedicado à construção de circuitos de disparo
para acionamento de tiristores em geral, a preocupação maior é a de fornecer os disparos
nos instantes desejados, e posteriormente interligar os circuitos de potência, evitando
curto circuito.
A figura 19, demonstra as principais formas de ondas obtidos no TCA785.
44

Figura 19 - Formas de ondas do TCA785. Fonte [11]

Da figura 19, a senoide V5 representa a tensão de rede, onde a passagem por zero é
a referência para o sincronismo. A partir desta referência inicia o carregamento do
capacitor conectado ao pino 10, cuja forma de onda é representada por V10. Este
capacitor é carregado a cada semiciclo.
A forma de onda V11 representa a tensão de controle, que é efetuado através de um
potenciômetro conectado ao pino 11. Quando o capacitor em sua rampa ascendente atinge
o valor de V11, ocorre o envio dos pulsos de saída nos pinos 15 e 14 cuja formas de onda
são representadas respectivamente por V15 e V14.
A largura dos pulsos de V14 e V15, são ajustados através de um capacitor conectado
ao pino 12. Quando o pino 12 é conectado à referência do circuito, a largura dos pulsos
de V14 e V15, se estendem até o próximo semiciclo.
As formas de onda de V2 e V4 são complementares às saídas V15 e V14
respectivamente, porém com sinal lógico invertido. Quando V15 vai a nível alto, V2 vai
45

a nível baixo, de forma análoga V14 com V4. O aterramento do pino 13 resulta em um
sinal de nível baixo até o próximo semiciclo, semelhante ao que ocorre com pino 12 para
as saídas V14 e V15.
No pino 3 cuja forma de onda está representada por V3, é obtido um sinal de nível
alto cuja largura do pulso é de α+180º.
A forma de onda V7 representa uma lógica NOR das formas de onda V14 e V15, ou
seja, quando V14 e V15 estiver em nível baixo, V7 estará em nível alto.

8 PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE DE POTÊNCIA

Foi implemento um modelo em escala reduzida de um sistema de controle de


potência para aplicação em soldagem por resistência elétrica. Para o desenvolvimento do
circuito de controle de disparo foi utilizado o CI TCA785.
O sistema de potência é composto por dois SCR’s em antiparalelo. A carga será um
transformador de 600 VA, que terá sua potência controlada a partir do seu enrolamento
primário, o secundário será conectado diretamente aos eletrodos de solda.

8.1 CIRCUITOR DE CONTROLE DE DISPARO

Com o auxílio do software Proteus, foi realizada a simulação do circuito de


controle de disparo, utilizando o CI TCA785. A figura 20 demonstra o circuito projetado.
46

Figura 20 - Circuito de controle com TCA785. Fonte [Próprio Autor]

O circuito da figura 20 demonstra uma das inúmeras configurações possíveis para


o controle de SCR’s. O pino 5 do TCA785, recebe a referência de sincronismo de uma
fonte de alimentação CA 220 Vrms, representada por V1. O resistor R1 limita a corrente
e os diodos D1 e D2 limitam a tensão aplicada ao pino 5.
No pino 11, através do potenciômetro RV3, é feito o controle do ângulo de
disparo, que varia de 0 até 180º.
O capacitor C1 determina a largura dos pulsos, e é conectado ao pino 12. A largura
dos pulsos é determinada por um coeficiente, que conforme o fabricante do TCA785 é na
ordem de 620 µs/ηF. Com base nesta informação é dimensionado o valor de C1.
O pino 10 é a saída de um gerador de rampa fornecendo uma tensão que varia
linearmente com o tempo. Desta forma, o capacitor C3 é carregado linearmente através
de uma fonte constante, cujo valor é controlado pela soma do resistor R4 e do
potenciômetro RV1, que são conectados ao pino 9. Um valor muito elevado de C3,
tornaria sua descarga mais lenta, comprometendo a referência para o próximo disparo.
O capacitor C4 estabiliza a tensão interna do TCA785 que é de 3,1 VCC, que pode
ser constatada no pino 8.
Nos pinos 14 e 15 são obtidos os pulsos de disparo para controle dos SCR’s. No
pino 16, através de uma fonte externa de 12 VCC é feita a alimentação do TCA785, que
permite uma variação de tensão entre 8 e 18 VCC.
47

Figura 21 - Formas de onda no simulador. Fonte [Próprio Autor]

Através da simulação no software Proteus, foi possível visualizar as principais


formas de onda do TCA785. Conforme demonstra a figura 21, é possível observar os
pulsos de disparo defasados em 180º, tendo início na intersecção da rampa capacitiva com
a tensão de controle.

A figura 22, demonstra o estágio de isolação do sinal e o circuito de potência com


uma carga resistiva.
48

Figura 22 - Estágio de isolação do sinal e circuito de potência. Fonte [Próprio Autor]

A figura 23 demonstra a forma de onda na carga puramente resistiva, com o ângulo


de disparo em 90º.

Figura 23 - Forma de onda da tensão na carga com α = 90º. Fonte [Próprio Autor]
49

9 IMPLEMENTAÇÃO

Com base nas informações obtidas na simulação efetuada no software Proteus, foi
iniciada a montagem do circuito de controle de disparos, onde utilizou-se o TCA 785. A
figura 24, demonstra o circuito montado.

Figura 24 - Circuito de controle de disparos. Fonte [Próprio Autor]

A figura 25, demonstra o circuito de isolação do sinal de disparo, onde foram


utilizados transformadores de pulsos para isolar o circuito de potência do circuito de
controle. Este circuito foi construído separadamente de modo a permitir reutilização do
circuito de controle no caso da troca do circuito de potência. Desta forma facilita a
adequação para qualquer situação.

Figura 25 - Circuito de isolação do sinal de disparo. Fonte [Próprio Autor]


50

A figura 26, demonstra o circuito de potência que contempla dois SCR’s em


antiparalelo, um responsável pela condução no semiciclo positivo e o outro para o
semiciclo negativo.

Figura 26 - Circuito de Potência. Fonte [Prórpio Autor]

O SCR utilizado foi o TYN1225, cuja folha de dados é apresentada no anexo A.

A figura 27 demonstra a carga do sistema, um transformador com potência


aparente de 600 VA, tensão do primário 220 Vca e tensão do secundário 2,5 Vca.

Figura 27 - Carga do sistema, transformador 600 VA


51

9.1 RESULTADO DA IMPLEMENTAÇÃO

Após realizar a montagem do circuito, foram obtidas as principais formas de onda


com o auxílio de um osciloscópio. A figura 28, demonstra a forma de onda da rampa
capacitiva obtida no pino 10 do TCA785, que está conectado no canal 1 do osciloscópio.
O canal 2 do osciloscópio representa a tensão de controle ajustada através de um
potenciômetro conectado ao pino 11.

Figura 28 - Forma de onda da rampa capacitiva com a tensão de controle. Fonte [Próprio Autor]

A figura 29, no canal 1 do osciloscópio, demonstra a forma de onda de tensão de


sincronismo, coletada pelo pino 5 do TCA785. O canal 2 demonstra a forma de onda do
pulso de disparo obtido no pino 15, que neste caso foi configurado para se obter um pulso
longo, que vai do instante desejado até o final do semiciclo positivo.
52

Figura 29 - Forma de onda da tensão de sincronismo com o pulso de disparo do semiciclo positivo. Fonte
[Próprio Autor]

A figura 30, no canal 1 demonstra a forma de onda do pulso de disparo obtido no


pino 14, que neste caso foi configurado para se obter um pulso longo, que vai do instante
desejado até o final do semiciclo negativo. O canal 2 do osciloscópio, demonstra a forma
de onda de tensão de sincronismo, coletada pelo pino 5 do TCA785.

Figura 30 - Forma de onda da tensão de sincronismo com o pulso de disparo do semiciclo negativo. Fonte
[Próprio Autor]

Após constatado o funcionamento do circuito de controle uma carga resistiva de


800 Ω com potência de 60 W, foi conectado ao sistema de modo a constatar o
funcionamento dos circuitos de isolação de sinal e de potência.
53

A figura 31 demonstra as formas de onda da tensão e corrente na carga. O canal 1


do osciloscópio demonstra a forma de onda da tensão onde foi obtido uma tensão eficaz
de 145Vca.

O canal 2 demonstra a forma de onda da corrente, que foi obtida atravéz de um


resistor shunt de 4,0 Ω. O valor da tensão obtida no canal 2 que foi de 654 mV, dividindo
pelo valor ômico do shunt, foi obtido uma corrente eficaz de 163,5 mA. Foi desprezada a
queda de tensão sobre o resistor shunt devido a pouca influência nos resultados (menor
que 0,5 %).

Neste caso é possível observar que não há defasagem da corrente em relação à


tensão, característico de sistemas com carga resistiva.

Figura 31 - Formas de onda da tensão e corrente para carga resistiva. Fonte [Próprio Autor]

Constatado o funcionamento do circuito com carga resistiva, foi conectada uma


carga indutiva ao sistema, um transformador à vazio. A figura 32 demonstra as formas de
onda da tensão sobre a carga no canal 1 e a corrente no canal 2.

Devido a presença da carga indutiva, a corrente não se extingue quando a tensão


se anula no final do semiciclo positivo ou negativo. Este fato mantém o SCR conduzindo
até que a corrente armazenada pela carga fique abaixo da corrente de manutenção do
SCR, ocorrendo a comutação. É fundamental conhecer o ângulo de extinção da corrente,
evitando que o pulso de disparo do próximo semiciclo avance para esta região, sob pena
da perda de controle do sistema. Outro fator importante é largura dos pulsos de disparo,
54

que deve ser suficiente para garantir o disparo do próximo semiciclo quando da extinção
da corrente do semiciclo anterior. A ocorrência de um pico de tensão do final de cada
semiciclo, se dá pelo fato do armazeamento de carga no transformado.

Figura 32 - Formas de onda da tensão e corrente com carga indutiva sem snubber. Fonte [Próprio Autor]

Com a inclusão do cicuito snubber RC em paralelo com os SCRs, ocorre a redução


da taxa de crescimento da tensão, suavizando o pico de tensão e corrente, conforme
demonstrado pela figura 33.

Figura 33 - Formas de onda da tensão e corrente em carga indutiva com snubber. Fonte [Próprio Autor]

A figura 34 demonstra a defasagem entre tensão e corrente de aproximadamente


1 ms, que corresponde a 22,5º.
55

Figura 34 - Defasagem entre tensão e corrente com carga indutiva. Fonte [Próprio Autor]

A figura 35, demonstra as formas as formas de onda da tensão e corrente com o


secundário do transformador em curto, simulando o processo de soldagem. Observando
a forma de onda da corrente, nota-se o comportamento dinâmico do SCR que impede a
subida na forma de degrau.

Figura 35 – Formas de onda da tensão e corrente no primário com o secundário em curto. Fonte [Próprio
Autor]

10 CONCLUSÃO

No desenvolvimento deste trabalho, foi possível comprovar e reforçar os


conceitos adquiridos ao longo do curso de engenharia elétrica em diversas disciplinas. A
56

implementação do conversor CA/CA trouxe vários desafios, onde a superação foi obtida
no aprofundamento dos estudos conceituais.

A aplicação deste conversor em sistemas de soldagem, garante um ajuste fino da


corrente elétrica, que é o parâmetro de maior influência no processo de soldagem. Possui
alta confiabilidade graças a robustez do SCR e permite ser automatizado para produção
seriada. O aspecto negativo deste modelo de conversor, é a introdução de harmônicas de
corrente de ordem 3,5 e 7, as de ordem par são nulas para esta estrutura.

A partir da implementação foi possível observar a necessidade do controle da


largura dos pulsos do TCA785, quando da aplicação de carga indutiva, em função do
armazenamento de carga do transformador, sob pena da perda de controle do sistema.
Outro ponto de grande importância no circuito de potência, é o circuito snubber, que se
opões às variações bruscas de tensão, suavizando a forma de onda da tensão e corrente.

Para trabalhos futuros, estudar os efeitos da aplicação da corrente contínua no


processo de soldagem, e a aplicação de um conversor CA/CC operando em alta frequência
numa estrutura transistorizada.
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REFERÊNCIAS

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em: <http://www.entroncontrols.com/images/downloads/700101F.pdf>. Acesso em 03
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ANEXO A – FOLHA DE DADOS TYN1225


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