Você está na página 1de 9

Cantigas de Jurema

NO MUNDO DE DEUS NÃO HA QUEM NÃO TENHA SEUS DEFEITOS,QUEM


QUER SE FAZER NÃO PODE,QUEM É BOM JA NASCE FEITO

"Fui pra mata, fui caçar


Atirei no que não vi
Acertei passo sagrado,
Era um Pitiguarí

Mas, Tupã me perdoou


Hoje eu não caço mais
Me chamo Flecha Dourada,
Protetor dos animais.

Os Mestres

É morão que não bambeia


É morão que não bambeia
Os Mestres da Jurema
É morão que não bambeia.
(Gira de Jurema)

"No outro mundo, do lado de lá!


No outro mundo, do lado de cá!
Tem um pé de árvore, Angico real.
Tem um pé de Jurema, tem um pé de Jucá,
Tem um pé de árvore, Angico Real.

II
Ai meu Deus, Mestre Angico sou eu.
Ai meu Deus, Mestre Angico será.
Os anjinhos tão no céu, a sereia no mar.
Ai meu deus mestre Angico Reá.
(Jurema de Mesa)

Setenta anos,
Passei no pé da Jurema.
Mas eu não tenho pena
De quem me faça o mal.

II
Se eu me zangar
Eu toco fogo no rochedo
Meu cachimbo é um segredo
Agora vou me vingar.
(Jurema de Mesa e Gira de Jurema)

"Sou Princesa da Rosa Vermelha


Sou Princesa que venho ajudar
Sou Princesa dos campos de Anadir
O meu ponto venho afirmar

III
Vinde, vinde, vinde minhas irmãs
Vinde, vinde, vinde me ajudar
Eu sou a Princesa Elisa
O meu ponto venho afirmar
(Jurema de Mesa)

Homem pequeno
na minha cama não dormia,
Servia de cafetão,
nas horas que eu queria.

II
Mulher sozinha
é mulher de opinião,
É mulher de muitos homens
más só um no coração.

III
Eu vou dá uma,
vou da duas, vou dá três,
Se você me arretar,
eu dou quatro, cinco, seis.
(Gira de Jurema)

Tava na beira do Cais


Quando um naviu apitou
Um marinheiro me deu um abraço,
Apertou minha mão, minha boca beijou.

II
Ela é Julia Galega,
Foi num cabaré onde se passou
Seus cabelos loiros,
Na Jurema ela deixou.

III
É Julia Galega da Zona do Sul
Ela da lapada, tira o couro e come cru.
(Gira de Jurema)

Todo jardim tem que ter uma flor,


Onde tem paz, tem que ter amor.
Home prá ser home, tem que ter mulher,
Dai-me um cigarro quem quiser Amélia chegou.
(Mesa de Jurema)
I
Minha Santa Terazinha,
Vós queira me ajudar.
Os trabalhos que eu fizer,
Outros não possam desmanchar.

II
Sou massapê,
Barrostroá!
Sou caboclo da Jurema,
Só faço o bem, não faço o mal.
(Jurema de Mesa)

Juremação e Tombo de Jurema

Olha o tombo na Jurema


No terreiro Juremar
Vou pedir força a meu pai
Licença pra trabalha

Ôh de casa Ôh de fora,
Quem é que me bate aí?
É Jesus, Nossa Senhora
As portas me vai abrir.

II
Ôh de casa Ôh de fora
Louvado seja meu deus!
Com Jesus, Nossa Senhora
Mestre Carlos apareceu.

III
Mestre Carlos é um bom mestre
Que nasceu sem se incinar
Três dias levou caido
Na rama do juremá
Quando se alevantou
Foi mestre prá trabalhar.
(Jurema de Mesa)

I
Ôh, Jurema encantada!
Que nasceu em frio chão!
Daí-me força e ciência.
Como destes a Salomão!

II
Rei Salomão bem que dizia
A seus filhos juremados
Para entrar na jurema, mestre!
Tem que Ter muito cuidado!

III
Rei Salomão bem que dizia
A seus filhos juremeiros
Para entrar na Jurema, mestre!
Tem que pedir lisensa primeiro

IV
Vamos salvar a Jurema, Mestre!
Vamos salvar Salomão
Vamos salvar a Jurema, Mestre!
Que é de nossa Obrigação.

V
Rei Salomão, Rei Salomão!
Arreia, Rial!
Rei Salomão do Juremá!
Arreia, Rial!
Eu vou chamar senhores Mestres!
Arreia, Rial!
Para com eles triunfar!
Arreia, Rial!

A Jurema e o Campo Religioso Afro-brasileiro

Senhores Mestres do Outro Mundo


Do Outro Mundo e deste também
Quero fechar meus trabalhos, senhores mestres!
Nas horas de Deus, Amém.
(Jurema de Mesa, Toada de encerramento)
Abertura de mesa

Bate asa e canta o galo


dizendo cristo nasceu
cantam os anjos nas alturas
Rei nuíno
Gloriá no céus se deu.

Gloriá nos céu se deu


abre a mesa e da licença
Santa Tereza
para os mestres trabalhar.

Oh minha Santa Tereza


pelo amor de meu Jesus
abre a mesa e de licença
Santa Tereza
pelo irmão João da Cruz

Por deus eu te chamo


por Deus eu mandei chamar
[ mestre tal ] da Jurema
para vir trabalhar.

Abertura II

Eu andei, eu andei, eu andei


Eu andei, eu andei, vou andar

7 anos eu passei foi em terra


outros 7 eu passei foi no mar

O jurema preta senhora rainha


abra a cidade mas a chave é minha.

O tupirã nauê o tupirã nauá


sou filho da Jurema
e venho trabalhar

Abertura III

Setenta anos
Passei dentro da Jurema

Discípulo não tenha pena


de quem algum dia lhe fez mal.

Quando eu me zango
toco fogo em um rochedo
meu cachimbo é um segredo
que eu vou mandar pra lá.

Abertura IV

A Jurema tem
a Jurema dá
mestre bom para trabalhar.

Um trago que eu dei


meu ponto firmei
7 cachimbos acendi de um vez.

Eu já mandei buscar
vai fumaça para onde eu mandar

Minha pisada é uma só


é na base do Catimbó.

Chamando mestres I

Estava sentado na linha


comendo farinha
quando o trem passou.

Jogaram um balaio de matéria


que veio do inferno
o diabo mandou

Pau-ferro, pau martelô.


Vai virando,. Pau martelô
[ mestre ] pau martelo

Chamando mestres II

Eu moro é debaixo d`agua


debaixo da ponte eu venho.

É na virada
é na virada
é na virada eu venho

é na virada
é na virada
é na virada eu vou.

1) "Dái-me licença senhores mestres e senhoras mestras também, dái-me licença portões
e varandas e o meu Vajucá Príncipe também. Dái-me licença ó tão lindas cidades,
cidades do meu Juremá, dái-me licença portões e varandas, para um Mestre (ou
Discípulo) trabalhar."
2) "Abri ó portões divinos, me arrebenta as cortinas reais, sou Eu o Juremeiro, que aos
mestres venho implorar."

3) "Ó Jurema Preta, senhora rainha, tu és Dona desta Cidade, mas a Chave é minha."

4) "Bate asas meu galinho, meu galinho carijó". Anuncie (nome do mestre) trabalhando
no seu Catimbó.

5) "O meu galo preto do pezinho amarelo, ele pula, ele dança, ele faz o que eu quero.
Galo preto Romanisco do pezinho amarelo, ele pula, ele dança, ele faz o que eu quero."

6) "O meu pássaro preto, meu anu mará... tá chegando a hora do mestre curar, tá
chegando a hora do mestre flechar, tá chegando a hora do mestre matar."

7) "Eu bato minha Marca Mestra, sacudo o meu maracá. Tô chamando Senhores
Mestres para vir me ajudar." – (bis)

Toadas (cantigas) de alguns Mestres do Catimbó ou Jurema:

Mestre Malunguinho:

"Malunguinho está nas matas, ele está é abrindo mês a um Rei. Me abra este mesa
Malunguinho e tire Espec do caminho. Espec aqui, espec acolá para os inimigos não
passar. Espec aqui Espec acolá para os inimigos eu derrotar." – (bis)

Mestre Major do Dia:

"Ó meu Major, ó meu Major, meu Major de Cavalaria. És meu major, és meu Major, és
Meu Major do Dia." – (bis)

Mestre Zezinho do Acaes:

"De longe venho saindo, de longe venho chegando, tocando a minha viola e as meninas
apreciando. Cantando eu venho folgando eu estou. Cantando eu venho da minha cidade.
Minha barquinha nova nela eu venho, feita de aroeira que é pau marinho. Quem vem
dentro dela é o meu Bom Jesus, de braços abertos, cravado na Cruz. – Aurora é
Canindé, Aurora é Canindé."

Mestre Cabeleira - (Zé do Vale)

"Eu venho de porta em porta caindo de déu em deu. E casa que eu conheço é a sombra
do meu chapéu. Fecha a porta gente que o Cabeleira e vem. Pegando rapaz, menina
também. Pegando rapaz, menina também. Minha mãe sempre dizia, “meu filho tome
abenção, meu filho nunca mate, menino pagão” – Subi serra de fogo com alpercata de
algodão, se a alpercata pega fogo, o boto desce de pé no chão. E o meu cavalo, é
maresia...ele vadeia lá na praia do lençol." – (bis)

Mestra Maria de Elisiara:


"Que campos tão lindos, vejo o meu gado todo espalhado, lá vem Maria de Elisiara, que
vem ajuntando o gado. Lá vem Maria de Elisiara, rainha de Salomão, que já foi Mestra
e hoje é discípula do nosso querido Rei João. Que Campos lindo e Varandas" – (bis)

Mestra Joana Pé de Chita: - (Joana Malhada)

"Eu sou Joana da cidade de Santa Rita, tenho um Cachimbo respeitado, eu sou Joana Pé
de Chita" – (bis)

Mestre Emanuel Maior do Pé da Serra:

"Campos Verdes, meus Campos Verdes, tua luz estou avistando, da cidade de Campos
Verdes, Emanuel Maior já vem chegando. Campos Verdes, meus Campos Verdes vejo o
meu gado todo espalhado, da cidade de Campos Verdes Emanuel Maior vem ajuntando
o gado. É fogo na “Gaita” e toque o “Maracá”, bote água na cuia pra Emanuel Maior
tomar."

Mestre Rei dos Ciganos – (Barô Romanó)

"Eu estava sentado na pedra fria, Rei dos Ciganos mandou me chamar. Rei dos Ciganos
e a Cabocla Índia, Índia Africana no Jurema. Quem traz a flecha é a Cabocla Índia, Rei
dos Ciganos mandou me entregar. Quem traz a flecha é a cabocla Índia, eia arma a
flecha que eu vou flechar. Quem traz a flecha é a Cabocla Índia, eia arma a flecha
vamos flechar."

Mestre Tertuliano:

"É de Ipanema, é de Ipanema – Tertuliano trabalhando na Jurema" – (bis)

Mestre Marechal Campo Alegre:

"Eu dei quatro volta no mundo e o sino da capela gemeu. Sou eu Marechal Campo
Alegre, e o Dono do Mundo sou eu." – (bis)

Mestra Judith do Barracão:

"Judith ó minha Judith, Judith lá do Barracão e os campos de Judith, são campos, são
campos. E atira, Judith atira, pedaço "preaca" de mulher. E os campos de Judith são
campos, são campos. E atira, Judith atira cabocla negra de Ioruba, e os campos de Judith
são campos, são campos. E o bueiro de Judith, é bueiro, é bueiro. E o molambo de
Judith, é molambo, é molambo. E o baralho de Judith, é baralho, é baralho."

Mestre Navisala:

"Eu venho de longe, sem conhecer ninguém. Venho colher as rosas que a roseira tem.
Mas eu sou boiadeiro, não nego o meu natural. Quem quiser falar comigo, bem vindo
seja no Juremal."

Mestra Maria Padilha:


"Que grito foi aquele que o mundo estremeceu suas varandas. Foi de Maria Padilha, e a
dona do mundo é ela ó minha varanda."

Mestre Légua Bogi-Buá Trindade:

"Légua, eu sou Légua, Légua Bogi Buá. Mas eu plantei a Légua no tronco do Jurema. –
(bis)"

Mestre Zé Pilintra - (José Aguiar dos Anjos) – Ritual de Catimbó raiz Alhandra, Junça,
Vajucá.

"Mandei chamar Zé Pilintra, nego do pé derramado e quem mexer com Zé Pilintra, ou


fica doido ou vem danado. – (bis) – Seu doutor, seu doutor, Zé Pilintra chegou. Se você
não queria, para que lhe chamou. Dilim-Dilim, bravo senhor, dilim-dilá, bravo senhor,
Zé Pilintra chegou, bravo senhor para trabalhar. Bravo Senhor."

"Lá na Vila do Cabo, ele é primeiro sem segundo. Só na boca de quem não presta, o Zé
Pilintra é vagabundo."

"Zé Pilintra no Reino Eu sou um Rei Real. Zé Pilintra no reino e eu vim trabalhar.
Trunfei, Trunfei, Trunfei, Trunfá. Zé Pilintra no Reino, estou no meu Jurema.
Trunfariá!"

"Chegou José Pilintra, sou o assombro do mundo inteiro. Sou faísca de "fogo-elétrico",
sou trovão do mês de janeiro."

"Na passagem de um rio, Maria me deu a mão. E o prometido é devido, é chegada a


ocasião".

"Eu matei meu pai e minha mãe. Jurei padrinho e Jurei Madrinha. Matei um cego lá na
igreja e um aleijado lá na linha. Seu doutor, seu doutor bravo senhor, Zé Pilintra sou eu,
bravo senhor. Se você não queria, Bravo senhor para que lhe chamou, bravo senhor".

Você também pode gostar