Pregação Mateus 6.

19 – 24
O tesouro que a traça e a ferrugem não destroem

Introdução.
A um tempo atrás vi uma reportagem muito interessante, tratava-se da
história de um agricultor que durante muito tempo guardou dinheiro para
garantir seu futuro. Durante muito tempo esse agricultor guardou um bom
dinheiro que para a época seria algo inimaginável ter em espécie, olhando para
a quantidade de dinheiro ficamos impressionados. A quantidade era tamanha
que enchia uma mesa grande. Tudo está certo e muito bom nessa história, se
não fosse por um detalhe, na década de 90, o Brasil trocou sua moeda e dessa
forma, todos que tinham dinheiro em espécie foram chamados aos bancos para
trocar o antigo, cruzado e cruzeiro, pelo real. Então esse agricultor não teve
acesso a noticia que era muito difícil para chegar, ainda mais em uma cidade
do interior. O resultado: a data passou e o agricultor que depositou quem sabe
sua aposentadoria na sua economia de anos, perdeu toda aquela quantidade
de dinheiro.

Isso tem relação com o que vamos falar hoje, pois o texto escolhido no
sermão do monte, Jesus nos incentiva a justamente não confiar em tesouros
terrenos ao invés disso, acumularmos tesouros no céu.

Para começarmos, é importante notar que todo texto gira em torno do

versículo 21. “pois onde estiver o seu tesouro, ali estará o seu coração”. Se
quisermos entender esse versículo e a passagem em si precisamos responder
duas perguntas: o que são os tesouros e o que Jesus chama de coração? Em
primeiro lugar, precisamos saber que tesouro não tem relação direta com
dinheiro ou até mesmo bem material. Não é diretamente a nossa conta
bancaria que Jesus está se dirigindo, apesar de ela poder está inserida aqui. A
tesouro Jesus está se referindo aquilo do qual não nos imaginamos sem, onde
está o centro organizador de nossas vidas, ou seja, tesouro é o que move
nosso máximo esforço. Pode ter, ou não ligação com dinheiro. Apesar de na
maioria das vezes estar relacionado com a acumulação de dinheiro e nossa
confiança nesse acumulo, fazendo com que nosso esforço máximo seja
direcionado a ele, como no caso do agricultor, nem sempre está relacionado a
ele. Pode estar relacionado com nosso filho, esposa, empresa, carro e etc. o
que está em jogo aqui é aquilo que faz você levantar da sua cama e continuar
a viver, aquilo que vale a pena lutar. E por isso você deposita nele seu coração,
o que nos leva a segunda pergunta.

Tendo respondido o que é tesouro nessa passagem, precisamos

responder o que é o coração que nós depositamos sobre esse tesouro.
Obviamente que sabemos que Jesus não está se referindo a o principal órgão
do nosso corpo, mas como uma metáfora ele vai muito além disso. Poderíamos
definir coração como o centro das emoções humanas. Explico, estamos
falando de tudo que somos, quando coração aparece de forma metafórica, na
Bíblia, ela está, quase sempre, se referindo ao todo do ser humano. Isso é, sua
força vital. Ou mais do que isso, como coração ora aparece na Bíblia como
fonte de entendimento, ora como fonte de sentimentos, ele denota aquilo que
nos caracteriza como seres. Coração é o que nos caracteriza com tal. É sobre
isso que Jesus diz que não ou sim podemos depositar.

Então estamos prontos para responder o por que não podemos

acumular tesouros na terra. A resposta de Jesus tem a ver com a
transitoriedade em que o tesouro terreno está envolvido. Lembrando que não
sobre ser rico e ter posses que Jesus está condenando, mas o fato de fazer
delas um fim em si mesma. Quando possuímos algo, seja ele o que for, que
fazemos dele o fim ultimo de sua existência, estamos acumulando tesouros na
terra. Um exemplo para além do dinheiro que pode ser um tesouro na terra, é o
status. Muitos e nós podemos não ter nosso coração em algo físico
necessariamente, mas ter ele preso em uma luta por aceitação social. Muitos
de nós somos tão egocêntricos que preferimos um elogio a um bem material,
então receber critica ou uma discordância, torna-se algo muito difícil para nós e
mesmo sabendo que não vamos estar certo todas as vezes, queremos sempre
estar e termos nosso ego acalentado.

Ao passo que Jesus nos ordena não acumular tesouro na terra, ele nos
manda ajuntar tesouros no céu. Fazemos isso quando nosso alvo ultimo são as
coisas concernentes ao reino de Deus. Quando nós não somos a causa última,
mas sim glorificar a Deus e fazer sua vontade, dessa forma estamos ajuntando
tesouros no céu. Podemos fazer isso por meio do nosso testemunho, ou até
mesmo por meio da nossa contribuição, seja da maneira que for, Jesus nos
ordena a ajuntarmos nossos tesouros no céu.

Chegamos agora a uma parte que aparentemente não tem tanta relação
com o texto anterior. Jesus diz, “se os teus olhos forem bons, todo seu corpo
será bom”. Como esse dito de Jesus se harmoniza com o anterior? É muito
provável que Ele esteja repetindo o que disse na primeira parte, com outras
palavras, já que olhos pode ser uma metáfora para o coração. Mas parece que
temos um adicional aqui. Olhos bons e que traz luz é paralelo ao coração que
tem seu tesouro no céu, assim como olhos maus são os que tem seu coração
em tesouros terrenos e o maior problema é que essa pessoa ao invés de ser
cheio de luz, ela é cheia de trevas. A um certo escalonamento que começa em
guardar seu coração em coisas terras rumo a umas trevas morais.

É inevitável que isso ocorra. A pessoa que tem seu coração preso nas
coisas terrenas é levada uma escuridão que o segará fazendo com que ela não
consiga enxergar nada além de aumentar seu tesouro. Para isso, até mesmo
sem que ele perceba, a vida dele vai se tornando cada vez mais escura.

Jesus termina dizendo que não podemos servir a dois senhores.