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Estudos em Mateus 6.19-24

Introdução/problematização.

O capítulo 6 conforme vimos no início é dividido em duas


partes. Terminamos a primeira que vai até o v.18 onde Jesus Cristo
abordar a questão das esmolas, da oração e do jejum. É
interessante pensar aqui que Jesus não nos orientou a deixar essas
práticas. Ele não fez isso. Em contraste com os fariseus, Ele estava
reorientando seus discípulos a fazerem da forma correta, ou seja,
para Deus e não para os homens.

Nesta parte do Sermão do Monte que abrange os vs.19-34,


o tema principal é a questão do coração. Este coração luta contra
os ídolos que possam surgir em nossa caminhada. Nos v.19-21
vemos que este coração sabe onde está o seu tesouro; nos v.22-
23, vemos que este coração sabe para qual direção olhar. E por fim,
os v.24-34, este coração sabe o que é mais importante (o Reino de
Deus e a Sua justiça).

Enfim, Jesus dá uma ênfase ao ponto que mais importa em


nossas vidas, nossas motivações, o estado de nosso coração no
que diz respeito ao desempenho daquelas práticas particulares.

Ou seja, onde está nosso coração? Essa é a temática, e


podemos mudar também essa pergunta para o que é sucesso para
nós?

A resposta a esta pergunta depende do que você valoriza


na vida. Se você valoriza a fortuna, o sucesso depende do padrão
de vida e quantidade de dinheiro no banco. Se você valoriza a
fama, o sucesso depende de quantas pessoas sabem quem você é.
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Se você valoriza o poder, o sucesso é determinado pelo número de
pessoas que você tem sob seu controle.

A maioria das pessoas considera o sucesso uma


combinação de fortuna, fama ou poder. A quantidade de cada
um varia, mas o sucesso é descrito em termos dessas coisas. O
indivíduo determina o que é sucesso pelo que ele valoriza
pessoalmente.

O que então é o sucesso para você? O que você valoriza


pessoalmente? Se você quer saber o que você valoriza, pergunte-
se onde você investe seu tempo, energia e dinheiro. A resposta a
essas perguntas lhe dirá o que você valoriza na vida. A questão do
que você valoriza na vida é uma questão importante porque a
resposta tem ramificações eternas.

O que você realmente quer? Qual é o seu grande desejo? O


que você realmente deseja nesta vida? A quem você serve?

Jesus responde a todas essas perguntas apresentando nesta


passagem duas opções três vezes. Ele estabelece dois tesouros, e
diz que você pode amar este tesouro, ou aquele tesouro, mas não
os dois ao mesmo tempo. Ele estabelece duas condições
espirituais e diz que você pode estar nesta condição espiritual ou
naquela condição espiritual, mas você não pode estar em ambas ao
mesmo tempo.

E Ele apresenta também dois senhores e diz que você pode


servir a um ou pode servir ao outro. Jesus está nos forçando a
tomar uma posição, nos forçando a fazer uma escolha e nos
forçando a avaliar o estado do nosso coração.
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Desenvolvimento. Onde está o seu tesouro?

“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós
outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não
escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o
teu coração” (Mt 6.19–21).

Temos em primeiro lugar uma ordem negativa e em seguida


uma positiva. Não façam isto e façam aquilo. A ideia é bem simples.
Os tesouros temporais são perecíveis, os tesouros eternos não.

Os cristãos devem evitar colocar seus corações nas


bênçãos temporais desta vida.

Esta é a primeira coisa que o Senhor Jesus ensina nesta


passagem. Todo homem tem um tesouro. Cada pessoa tem um
desejo. Todo mundo tem sua prioridade final nesta vida. Todo
mundo tem algo em que nos deleitamos acima de qualquer outra
coisa. Jesus está falando sobre esse deleite. Para cada um de nós,
talvez seja um pouco diferente.

O seja, Jesus está fazendo uma advertência sobre fazer


das coisas que são visíveis aquelas que são mais importantes para
nós. As coisas que mais buscamos. As coisas que mais desejamos.
E há várias maneiras diferentes de isso acontecer em nossa
experiência.

Podemos fazer das coisas temporárias o nosso primeiro


desejo, considerando-as em nossa mente e coração como as
melhores e mais úteis coisas que temos. Podemos supor que
algumas dessas bênçãos que o Senhor nos deu são as melhores
coisas que podem ser obtidas na vida.

A questão das riquezas.


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Nesse ponto é sempre bom enfatizar que o problema não
está em ser rico, mas, sim, em ser um amante das riquezas. Como
Paulo disse a Timóteo: “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os
males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se
atormentaram com muitas dores” (1Tm 6.10).

O pecado que o Senhor Jesus está condenado aqui é o da


idolatria das riquezas. Em Cl 3.5, Paulo afirma que a avareza (amor
e apego às coisas materiais) é idolatria. Nestes versículos Jesus
nos fala sobre os tesouros deste mundo quando comparados com
os tesouros da eternidade de glória, Ele nos apresenta as seguintes
verdades:

Os tesouros deste mundo, embora sejam visíveis, são


ilusórios (v.19). Assim como uma pessoa desfalecendo no deserto
ao ser iludido por uma miragem de um oásis, da mesma forma é o
coração que coloca nas riquezas materiais a sua esperança.

Os tesouros deste mundo são tão vulneráveis a traça e a


ferrugem. E, mesmo que forem bem preservados dessas pragas,
existem os ladrões. No v.25 o Senhor Jesus descreve as coisas
básicas da vida: roupas e alimentos. Para se adquirir ambos é
necessário dinheiro. Tanto as roupas quanto o alimento podem
ser destruídos pela traça, larvas e outros insetos; o dinheiro pode
ser roubado por ladrões, ou devastados por uma crise econômica,
ou mesmo um infortúnio como uma enfermidade que consome
todas as reservas de uma pessoa.

O que está em questão é que qualquer tesouro neste


mundo, qualquer bem material pode escoar pelas nossas mãos de
uma hora para outra.
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Os tesouros celestes, embora invisíveis por enquanto,
são reais (v.20)

Ao invés de buscar esses tesouros ilusórios na terra somos


advertidos a investir em um reino eterno.

Mas, o que isto significa? Com essas palavras o Senhor


Jesus nos mostra que tudo o que temos é para a glória de Deus, e,
por isso, devemos ser desapegados em relação às coisas materiais,
administrando-as para a glória de Deus, sem usura e sem avareza.

Fazendo um contraste com os tesouros deste mundo, o


Senhor Jesus nos mostra que aquilo que “guardamos” nos céus
com Deus, ninguém tirará de nós, porque Ele é fiel para guardar o
nosso depósito (2Tm 1.12). Enquanto os tesouros deste mundo
podem ser destruídos e roubados facilmente, os tesouros nos céus
estão muito bem guardados por toda a eternidade pelo poder de
Deus.

A referência a tesouros nos céus é usar seu tempo, energia e


finanças para perseguir as coisas que são de valor eterno. Aquelas
coisas que terão valor no céu, não na terra. Ler Cl 3.1-4; 12-14. Fl
4.8

Alguns exemplos de recompensa celestial: Tg 1.12; 1


Coríntios 9.24,25; 2 Timóteo 4.7,8

Quando somos obedientes a Cristo, acumulamos tesouros


no céu. Não há nada mais valioso do que a nossa obediência, e
seu valor é eterno. O mercado no céu nunca está em baixa. Não há
recessões. A glória do reino de Deus é de eternidade a eternidade.
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Aquilo que é importante para nós é o que mais
buscaremos – coração e tesouro. “[...] porque, onde está o teu
tesouro, aí estará também o teu coração” (v. 21).

Jesus prepara seus ouvintes aqui para a questão do pecado


da idolatria em relação às riquezas. Ou nosso coração está nas
coisas de Deus e nas riquezas do céu, ou estará nas coisas deste
mundo envolvido com riquezas frágeis e ilusórias.

Devemos nos perguntar com frequência onde nosso


tesouro está e, da mesma forma, onde nosso coração está. Onde
está aquele ponto de interesse central que domina nossa vida?
Essa é a pergunta diagnóstica que deve ser feita. Ou seja, “Onde
está o seu coração? Onde está o seu principal comprometimento?
No prestígio, no sucesso, na riqueza ou no meu reino?”
Basicamente Ele está perguntando se tem a posse do nosso
coração.

Introdução/parte 2.

Nesta parte do Sermão do Monte que abrange os vs.19-34,


o tema principal é a questão do coração. Nosso coração luta contra
os ídolos que podem surgir em nossa caminhada. Nos v.19-21
vimos que coração do discípulo de Jesus sabe onde está o seu
tesouro.

Hoje, a partir dos v.22-23, vamos ver que o coração do


discípulo sabe para qual direção olhar. E por fim, os v.24-34, este
coração sabe a quem servir e o que é mais importante (o Reino de
Deus e a Sua justiça).
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Enfim, Jesus dá uma ênfase ao ponto que mais importa em
nossas vidas, nossas motivações, o estado de nosso coração no
que diz respeito ao desempenho daquelas práticas como as
esmolas, da oração e do jejum. É interessante pensar aqui que
Jesus não nos orientou a deixar essas práticas. Em contraste com
os fariseus, Ele estava reorientando seus discípulos a fazerem da
forma correta, ou seja, para Deus e não para os homens.

Portanto, vamos prosseguir com esse tema: Onde está


nosso coração?

Nosso tesouro está naquilo que estimamos e olhamos –


vs. 22-23.

“São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu
corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo
estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes
trevas serão!” (v. 22-23).

Com essa metáfora, Jesus está fazendo a mesma pergunta


que fez na metáfora do tesouro: o que há dentro de nossa alma? Se
ela estiver cheia de trevas, que grandes trevas serão!

O acumular tesouros neste mundo turva a nossa visão;


nos faz ver tudo distorcido, há uma inversão de valores. Na vida de
um servo de Deus a ordem das coisas deve ser: em primeiro lugar
Deus, Seu reino e Sua justiça; em segundo as coisas que nos serão
acrescentadas se Deus assim quiser.

Jesus emprega duas palavras aqui figuradamente que


precisam ser compreendidas: olhos e corpo. Os “olhos” aqui são a
nossa atenção dedicada a alguma coisa, despertando os nossos
desejos (coração, mente), e, o “corpo”, aqui é o nosso ser, a
nossa vida e existência.
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O olho, como disse William Hendriksen é “o guia do qual
todo o corpo depende para a sua iluminação e direção”. Nossos
desejos (coração) são despertados pelo que podemos ver.

Se concentramos nossa atenção (olhos) naquilo que é bom


e agradável a Deus (cf. Fp 4.8), certamente, todo o nosso corpo
(nosso ser) não somente estará na luz, mas, ele próprio (nosso
corpo) será “luminoso”, ou seja, nossa vida brilhará para a glória de
Deus e assim, os homens verão nossas boas obras e glorificarão ao
nosso Pai que está no céu (Mt 5.16).

Ler Gn 3.6-8

Um olho perfeito e sadio consegue ver o que é eterno e


espiritual. O mesmo não acontece com um olho doente. Não
permita que o brilho dos tesouros deste mundo ofusque seus olhos
e o impeça de ver a glória dos tesouros celestiais.

“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho” (Salmos
119:105)

Nós vamos olhar para nosso senhor, aquilo que domina


nossas vidas. Por isso precisamos frequentemente ir ao
oftalmologista celestial e buscar corrigir nossa visão.

Jesus conclui esta parte dizendo: Ninguém pode servir a dois


senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se
devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas
(v. 24).

Jesus não está dizendo que os ricos não podem ser filhos de
Deus. Ele conhecia a riqueza de Abraão, de Jó e sabia que seria
sepultado no túmulo de um homem rico. Todavia, nem Abraão
nem Jó eram escravos das riquezas. Você é escravo daquilo que
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serve. Se sua vida é consumida pela aquisição de riquezas, então
você é um escravo; e, se você é escravo das riquezas, não pode
ser servo de Deus. Os dois são absolutamente incompatíveis.

Jesus explica agora, que além da escolha entre dois tesouros


(onde vamos ajuntá-los) e entre duas visões (onde vamos fixar os
nossos olhos) jaz uma escolha ainda mais básica: entre dois
senhores (a quem vamos servir). É uma escolha entre Deus e
Mamom: "Não podeis servir a Deus e a Mamom"; isto é, entre o
próprio Criador vivo e qualquer objeto de nossa própria criação que
chamamos de "dinheiro". Não podemos servir aos dois

Tim Keller

“Houve momentos em que as pessoas me procuraram sobre o fato de que no


Antigo Testamento existem muitos mandamentos claros que os crentes devem
dar 10%. Mas no Novo Testamento, requisitos quantitativos específicos sobre a
doação não são tão claros. Eu rapidamente acrescentava: “Vou lhe dizer por
que você não vê o requisito do dízimo estabelecido claramente no Novo
Testamento. Pense: Hoje recebemos mais da revelação, da verdade e da
graça de Deus do que os crentes do Antigo Testamento, ou menos?
Geralmente, havia um silêncio desconfortável. Somos mais “devedores” da
graça do que eram ou menos? Jesus ‘dizimou’ sua vida e nos chamou a uma
vida de abandono. Logo, 10% pode ser o mínimo a se doar”.

O que é mais importante para nós (vs.25-34).

Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis
de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que
haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do
que o vestuário? (Mateus 6:25)

Observe que há uma continuação do pensamento anterior


com as palavras: “por isso vos digo”. O coração do discípulo é
voltado para o Reino de Deus e por isso sabe para onde olhar (para
o céu, onde Deus está). Sabe também desviar o seu olhar das
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coisas deste mundo que podem atrapalhá-lo a viver de forma que
agrade a Deus.

Antes de nos convocar a agir, Jesus nos convoca a pensar.


Convida-nos a examinar as alternativas que foram expostas
anteriormente. Queremos acumular tesouros? Então, qual das
duas possibilidades é mais durável? Queremos servir ao melhor dos
senhores? Então devemos considerar qual é o mais digno da nossa
devoção.

Apenas depois que tivermos assimilado em nossas mentes


a durabilidade dos dois tesouros (o corruptível e o incorruptível) e o
valor comparativo dos dois senhores (Deus e Mamom), estaremos
prontos a fazer a escolha. E só depois que tivermos feito a nossa
escolha — o tesouro celeste, a luz, Deus — estaremos preparados
para ouvir as palavras que seguem: Por isso vos digo como deveis
vos comportar: Não andeis ansiosos pela vossa vida. . . nem pelo vosso
corpo. . . buscai, pois, em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça (vs. 25, 33).

Em outras palavras, nossa escolha básica quanto a qual


dos dois mestres desejamos servir afetará radicalmente nossa
atitude para com ambos. Não ficaremos ansiosos sobre um
deles, já que o rejeitamos, mas nos concentraremos, mente e
energia, no outro, a quem escolhemos. E, ao invés de nos
perdermos em nossas próprias preocupações, buscaremos em
primeiro lugar aquilo que interessa a Deus

Nestes versículos Jesus nos mostra que o que é mais


importante para um discípulo é o Seu Reino e tudo o que envolve
este Reino. Anteriormente o contraste era com os fariseus que
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faziam as coisas com as motivações erradas. Agora o contraste é
com os pagãos que não conhecem a Deus.

A linguagem de Jesus sobre a busca (contrastando os


gentios no que os seus discípulos devem buscar em primeiro lugar;
vs. 32, 33) introduz à questão da ambição. Jesus está
considerando que todos os seres humanos "buscam" alguma
coisa. Não é natural que as pessoas fiquem à deriva, sem alvo na
vida. Precisamos de alguma coisa pela qual viver, algo que dê
significado à nossa existência, alguma coisa para "buscar", alguma
coisa sobre a qual colocar o nosso coração e a nossa mente.

Jesus está insistindo com os seus discípulos que não se


preocupem com a própria segurança (alimento, bebida e
vestimentas), pois essa é a obsessão dos "gentios", que não o
conhecem; mas que se preocupem antes com o reino de Deus e
com a justiça divina, bem como com a sua propagação.

A. Ambição falsa ou secular: nossa própria segurança material A


maior parte deste parágrafo é negativa.

Três vezes Jesus repete a sua proibição Não andeis ansiosos


(vs. 25, 31, 34), ou "Não vos inquieteis (v.31) E a preocupação que
ele nos proíbe é quanto ao alimento, quanto à bebida e quanto à
roupa: Que comeremos? Que beberemos? Que vestiremos? (v.
31). Basicamente é "a trindade dos cuidados do mundo": porque os
gentios é que procuram todas estas coisas (v. 32).

Basta olharmos para a propaganda na televisão, nos jornais e


hoje nas redes sociais onde temos uma ilustração moderna do que
Jesus ensinou há cerca de dois mil anos atrás.
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A preocupação é incompatível com a fé cristã (vs. 25-30).

No versículo 30 Jesus atinge aqueles que ficam ansiosos por


causa de roupa e de comida, chamando-os de "homens de pequena
fé". Os motivos que ele apresenta, pelos quais deveríamos confiar
em Deus em lugar de ficar ansiosos, são: Um extraído da
experiência humana (vida e alimento – corpo e vestis); O outro vem
da experiência sub-humana (aves e flores).

Nossa experiência humana é a seguinte: Deus criou e


agora sustenta a nossa vida; ele também criou e continua
sustentando o nosso corpo. Nós não nos fizemos, nem nos
mantemos vivos. A nossa "vida" (pela qual Deus é o responsável) é
obviamente mais importante do que o alimento e a bebida que nos
nutrem.

Semelhantemente, o nosso "corpo" (pelo qual Deus


também ê responsável) é mais importante do que a roupa que o
cobre e aquece. Se Deus já cuida do maior (nossa vida e nosso
corpo), não podemos confiar nele para cuidar do menor (nosso
alimento e nossa roupa)? No versículo 27, Jesus a reforça com a
pergunta: Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar
um côvado ao curso da sua vida?

Em seguida Jesus se volta para o mundo sub-humano e


argumenta de outra maneira. Ele usa as aves como ilustração do
cuidado divino em alimentar (v. 26) e as flores para ilustrar o seu
cuidado no vestir (vs. 28-30). Em ambos os casos, ele nos manda
"olhar" ou "considerar", isto é, pensar sobre os fatos do cuidado
providencial de Deus nesses dois casos.

Problemas relacionados com a fé cristã.


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Existem alguns problemas relacionados com a fé cristã que,
segundo Jesus, deve ser como a de uma criança.

Primeiro, os crentes não estão isentos de ganhar a sua


própria vida. Não podemos ficar sentados numa poltrona,
murmurando sem fazer nada. Precisamos de trabalhar. Como Paulo
disse mais tarde: "Se alguém não quer trabalhar, também não
coma." Jesus usou as aves e as flores como evidências da
capacidade de Deus para nos alimentar e vestir.

Mas como Deus alimenta as aves? Providenciando na


natureza os recursos para que eles se alimentem. Pode-se dizer o
mesmo das plantas. "As flores não fazem o trabalho dos homens no
campo ('não trabalham'), nem o trabalho das mulheres em casa
('não fiam')", mas Deus as veste. Como? através de um processo
complexo que arranjou, em que elas extraem do sol e do solo o seu
sustento. O mesmo acontece com os seres humanos. Deus supre,
mas nós temos de cooperar.

A preocupação é incompatível com o bom senso (v. 34).

A preocupação é tão incoerente com o bom senso quanto é


com a fé cristã. No versículo 34, Jesus menciona o hoje e o
amanhã. Toda a preocupação é sobre o amanhã, quer seja
relacionada com a roupa ou o alimento ou qualquer outra coisa;
mas toda a preocupação é experimentada hoje.

Sempre que ficamos ansiosos, ficamos preocupados no


momento presente sobre alguma coisa que vai acontecer no futuro.
Entretanto, esses temores sobre o amanhã, que sentimos com tanta
força hoje, talvez não se concretizem
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Conclusão.

Em várias de Suas parábolas, Ele enfatizou que a nossa


atitude correta em relação às riquezas e aos bens materiais deve
ser determinada pela nossa vida com Deus, ou seja, somos
mordomos Dele cuidando das coisas que Ele nos confiou para o
nosso conforto e para o bem de outros.

Alguém que tem um profundo relacionamento com Deus


tratará dos bens materiais sem apego avarento e idólatra, bem
como sem esbanjamento e desperdício.

Enquanto os fariseus eram avarentos e gananciosos usando


a religião para se enriquecerem (e assim mostravam quem era o
deus deles), os discípulos de Cristo deveriam mostrar a verdadeira
justiça de Cristo em suas vidas tendo uma atitude correta em
relação aos bens materiais.

Enquanto os pagãos (gentios) eram ansiosos por não


conhecerem a providência, os discípulos devem mostrar a partir de
suas vidas uma forma melhor de se viver por confiarem em Deus.

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