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Estudos em Mateus 6.33

Introdução/problematização.

No último estudo abordamos de forma geral os vs. 22-34


onde trabalhamos algumas questões relacionadas às riquezas, a
ansiedade quanto ao dia de amanhã, a luz e as trevas, bem como
os dois senhores que podem governar nossas vidas.

Sobre a questão das riquezas, em várias parábolas Jesus


enfatizou que a nossa atitude correta em relação às riquezas e aos
bens materiais deve ser determinada por nossa vida com Deus, ou
seja, somos mordomos Dele cuidando das coisas que Ele nos
confiou para o nosso conforto e para o bem de outros.

A pessoa que tem um profundo relacionamento com Deus


tratará dos bens materiais sem apego avarento e idólatra, bem
como sem esbanjamento e desperdício.

Isso porque, enquanto os fariseus eram avarentos e


gananciosos usando a religião para se enriquecerem (e assim
mostravam quem era o deus deles), os discípulos de Cristo devem
mostrar a verdadeira justiça de Cristo em suas vidas tendo uma
atitude correta em relação aos bens materiais.

Enquanto os pagãos (gentios) eram ansiosos por não


conhecerem a providência, os discípulos devem mostrar a partir de
suas vidas uma forma melhor de se viver por confiarem em Deus.
Continuando nosso estudo hoje vamos aprofundar um ponto
muito importante que está no v.33 que é o antidoto contra toda a
preocupação. Na verdade, esse é o ponto central do Sermão de
Monte.
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“Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas” (v. 33).

No texto original, Mateus 6.33 começa com a conjunção


"mas". Isso nos permite saber que não é um versículo
independente. É a continuação de uma conversa que começou
muito antes. A conjunção une Mateus 6:33 aos versículos que
começam já em Mateus 6:25 e terminam com Mateus 6.34.

Em vista dos versículos anteriores, Jesus deixa claro aqui que


seus discípulos não devem apenas deixar de fazer algumas coisas
que os pagãos fazem, essa busca prioritária pelas coisas
temporais: Portanto, não se preocupem, dizendo: "Que comeremos?", "Que
beberemos?" ou "Com que nos vestiremos?" Porque os gentios é que
procuram todas estas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês
precisam de todas elas” (Vs.31,32).

Jesus oferece a alternativa à preocupação com a vida.


Este versículo é o mais importante de todo o sermão do monte.
Porém o interessante é que Jesus não nos diz para esquecermos
nossas preocupações, mas, em vez disso, para focarmos nossas
preocupações e nossos pensamentos no reino de seu Pai. As
coisas que nos forem acrescentadas serão consequência de
canalizarmos nossos desejos em seu reino.

Com o objetivo de se diferenciar dos pagãos que não


conhecem a Deus, precisamos substituir essa busca por algo mais
relevante, sólido. Não é apenas uma atitude passiva, mas é
assumir uma postura ativa na busca pelo Reino de Deus. É desejar
acima de tudo entrar nesse reino, submeter-se a ele e participar da
tarefa de anunciar as boas novas do Salvador.
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Basicamente se resume em desejar e buscar as coisas
pelas quais oramos nas três primeiras petições do Pai Nosso.
Santificado seja o Teu Nome; venha o Teu Reino; seja feita a Tua
vontade.

Antes de iniciar o sermão de Monte, Mateus disse que Jesus,


após a tentação começou a pregar a seguinte mensagem: Mateus
4.17 “Daí em diante Jesus começou a pregar e a dizer: — Arrependam-se,
porque está próximo o Reino dos Céus”

O que Jesus quer dizer com reino de Deus? Lucas


17.20,21 nos ajuda a entender melhor um aspecto sobre o Reino.

Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes
respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo
aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.

O reino, em outras palavras, não era o que os fariseus


esperavam, mas eles não eram os únicos. Nos dias de Jesus, havia
todo tipo de expectativas conflitantes sobre o reino de Deus, assim
como há interpretações conflitantes hoje.

Entre o próprio círculo de discípulos de Jesus, entre os


Doze, havia um homem que tinha essa perspectiva política sobre o
reino de Deus, especialmente quando os romanos, os pagãos e
infiéis, seriam expulsos de Israel e o trono davídico, o legítimo trono
judeu fosse restabelecido.

A resposta de Jesus sobre o Reino de Deus elimina


qualquer aparência física e classifica como algo mais profundo e
verdadeiro. Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo
aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.

Paulo segue nessa mesa direção em Romanos 14.17


discutindo a questão da distinção de alimentos que alguns faziam.
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“Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria
no Espírito Santo”.

Na Bíblia, reino refere-se mais ao trabalho, ao governo ou


reinado de um rei, do que à sua terra. Quando Jesus diz "o reino
está próximo", ele quer dizer: "Deus começou a governar ou reinar".
(Reino é um substantivo de ação.)

O Novo Testamento tem muito a dizer sobre o Reino de Deus,


mas uma das visões mais memoráveis do governo de Deus
substituindo os governos humanos pode ser encontrada no livro de
Daniel, no Antigo Testamento.

Em Daniel 2, Nabucodonosor, o antigo rei do Império


Babilônico, sonhou com uma grande imagem ou estátua, com
cabeça de ouro, peito e braços de prata, ventre e coxas de bronze,
pernas de ferro e pés de ferro e barro. Mas, à medida que o sonho
prosseguia, a imagem acabou sendo estilhaçada por uma pedra
cataclísmica (Daniel 2.31-34).

Incerto quanto ao significado do sonho, Nabucodonosor


procurou o profeta Daniel para sua interpretação.

Sob a inspiração de Deus, Daniel explicou o sonho dizendo


que Nabucodonosor era a cabeça de ouro. Mas depois dele surgiria
outro reino inferior; depois outro, um terceiro reino de bronze que
dominará sobre toda a terra. E o quarto reino será forte como
ferro. . . e como o ferro que esmaga, esse reino esmiuçará e
esmagará todos os outros” (Daniel 2.38-40 ).

De acordo com a interpretação de Daniel, a estátua


representava a ascensão e queda de quatro grandes impérios
sucessivos. Esses impérios, ou reinos, foram identificados na
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história como Império Babilônico, Império Medo-Persa, Império
Greco-Macedônio e Império Romano.

Com esse entendimento em mente, observe o que Daniel


disse sobre o simbolismo da pedra que veio e quebrou a imagem:
“Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será
jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá
todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2.44).

Este reino que “permanece para sempre” é o Reino de Deus,


um reino literal com território, súditos, leis e governantes como os
outros grandes impérios.

O Reino de Deus será:

Estabelecido aqui na terra (território).

Governado pelos mandamentos e estatutos (leis) de Deus.

Governado por Cristo e pelos santos (governantes).

O Reino de Deus não é figurativo ou outra forma de dizer ir


para o céu, como muitos argumentam. É o verdadeiro governo de
Deus que iniciou na primeira vinda de Jesus e será estabelecido
aqui na terra na volta de Cristo.

Aqueles que herdarão o Reino de Deus são chamados de


“santos do Altíssimo” e “possuirão o reino para todo o sempre, sim,
para todo o sempre” (Daniel 7:18).

Portanto “Buscar” esse Reino é ter um forte desejo de entrar


nele — uma disposição de fazer qualquer coisa para ser
participante deste reino. Paulo usa esse termo “buscai” em
colossenses dizendo:
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Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do
alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do
alto, não nas que são aqui da terra; Colossenses 3:1,2

Mateus 6:33 nos diz que esta deve ser a principal prioridade
da vida de um cristão.

Jesus começou o reinado de Deus porque ele tem


autoridade para governar (Mateus 28:18). O poder de Deus entra na
história quando ele ensina, cura e destrói as fortalezas de Satanás.
O reino não é uma nação com fronteiras geográficas, mas se
manifesta no espaço e no tempo.

Quando Jesus diz: "O Reino está chegando" (ou já chegou),


ele quer dizer que Deus reina na vida de seus discípulos, em
público e em particular. Quando os seguidores de Jesus fazem a
sua vontade, o reino vem.

Portanto, "entrar no reino" (Mateus 5.20. 7.21) não é cruzar


uma fronteira. Entrar no reino é ceder ao governo de Deus. Quando
entramos no reino, nos juntamos ao lado de Deus no conflito
cósmico entre o bem e o mal.

Enfim, o reino de Deus é Jesus Cristo governando o seu


povo, com exigências e bênçãos, que desconhecem meios-termos.
Esse desejo começa em nós mesmos, até que cada setor de nossa
vida (lar, casamento e família, moralidade pessoal, vida profissional
e ética comercial, saldo bancário, imposto de renda, estilo de vida,
cidadania) seja submetido, a Cristo.

Esse desejo continuará, em nosso ambiente imediato, com


a aceitação da responsabilidade evangelística para com nossos
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parentes, colegas, vizinhos e amigos. E atingirá nossa preocupação
pelo testemunho missionário mundial da Igreja.

Como buscamos então o Reino de Deus e sua justiça?

Podemos começar com:

 A oração muda nosso coração.


 A leitura da bíblia muda nossa forma de pensar.
 A comunhão muda nossas atitudes.

Conclusão.

A preocupação é tão incoerente com o bom senso quanto é


com a fé cristã. No versículo 34, Jesus menciona o hoje e o
amanhã. Toda a preocupação é sobre o amanhã, quer seja
relacionada com a roupa ou o alimento ou qualquer outra coisa;
mas toda a preocupação é experimentada hoje.

Sempre que ficamos ansiosos, ficamos preocupados no


momento presente sobre alguma coisa que vai acontecer no futuro.
Entretanto, esses temores sobre o amanhã, que sentimos com tanta
força hoje, talvez não se concretizem.

E mesmo que se concretizem, precisamos pensar em como


podem contribuir para nosso bem.

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