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26 De Setembro de 2012

CASA
BRANCA
Escritório
do
Secretário
de Imprensa
25 de
Setembro
de 2012

DISCURSO
DO

PRESIDENTE
NA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU

Sede das Nações Unidas


Nova Iorque, Nova Iorque

10h22 Horário de verão da Costa Leste dos EUA

O PRESIDENTE: Senhor presidente, senhor secretário-geral,


colegas delegados, senhoras e senhores: gostaria de começar
hoje por vos falar acerca de um americano chamado Chris
Stevens.

Chris nasceu numa cidade chamada Grass Valley, filho de um


advogado e de uma música. Na juventude, Chris ingressou no
Corpo da Paz e ensinou inglês em Marrocos. E passou a amar e
respeitar o povo do Norte de África e do Médio Oriente. Ao longo
da vida manteve esse compromisso. Como diplomata, trabalhou
do Egito à Síria, da Arábia Saudita à Líbia. Era conhecido por
andar a pé nas ruas das cidades onde trabalhava, provando a
comida local, encontrando tantas pessoas quantas podia,
falando árabe, ouvindo com um sorriso rasgado.
Chris foi para Benghazi nos primeiros dias da revolução Líbia,
chegando num navio de carga. Como representante dos Estados
Unidos, ajudou o povo líbio quando este enfrentava um conflito
violento, cuidou dos feridos e formulou uma visão para um
futuro no qual os direitos de todos os líbios seriam respeitados.
E depois da revolução apoiou o nascimento de uma nova
democracia, enquanto os líbios realizavam eleições, construíam
novas instituições e começavam a avançar após décadas de
ditadura.

Chris Stevens amava o seu trabalho. Orgulhava-se do país em


que se encontrava em missão e via dignidade nas pessoas que
encontrava. E, há duas semanas, deslocou-se a Benghazi para
rever planos para criar um novo centro cultural e modernizar um
hospital. Isso foi quando o recinto americano foi atacado.
Juntamente com três dos seus colegas, Chris foi morto na
cidade que ele ajudou a salvar. Tinha 52 anos.

Conto-vos esta história porque Chris Stevens representa o


melhor dos Estados Unidos. Tal como os seus colegas dos
negócios estrangeiros, ele construiu pontes através de oceanos
e cultura e dedicou-se profundamente à cooperação
internacional que as Nações Unidas representam. Agiu com
humildade, mas também defendeu um conjunto de princípios,
uma convicção de que as pessoas devem ser livres para
decidirem o seu próprio destino e viverem com liberdade,
dignidade, justiça e oportunidade.

Os ataques aos civis em Benghazi foram ataques contra os


Estados Unidos. Estamos gratos pela assistência que
recebemos do governo líbio e do povo líbio. Não deve haver
qualquer dúvida de que foram incansáveis na procura dos
assassinos e em levá-los perante a justiça. E também agradeço
por nos últimos dias os líderes de outros países na região,
incluindo o Egito, a Tunísia e o Iémen, terem tomado medidas
para proteger as nossas instalações diplomáticas e terem
apelado à calma. E o mesmo fizeram as autoridades religiosas
em todo o mundo.
Mas compreendam, os ataques nas últimas duas semanas não
são simplesmente um ataque contra os Estados Unidos. São
também um ataque aos ideais sobre os quais as Nações Unidas
foram fundadas – a ideia de que as pessoas podem resolver as
suas divergências pacificamente; de que a diplomacia pode
substituir a guerra; de que num mundo interdependente todos
nós temos interesse em trabalhar para mais oportunidade e
segurança para os nossos cidadãos.

Se formos sérios quanto à defesa destes ideais, não bastará


colocar mais guardas em frente da embaixada ou fazer
declarações a lamentar e esperar que a atrocidade passe. Se
formos sérios quanto a estes ideais, devemos falar
honestamente acerca das causas profundas da crise, porque
somos confrontados com uma escolha entre as forças que nos
separam e as esperanças que temos em comum.

Hoje, devemos reafirmar que o nosso futuro será determinado


por pessoas como Chris Stevens e não por estes assassinos.
Hoje, devemos declarar que esta violência e intolerância não
têm lugar entre as nossas Nações Unidas.

Foi há menos de dois anos que um vendedor na Tunísia se


incendiou em protesto contra a corrupção opressiva no seu país
e desencadeou o que veio a ser conhecido por Primavera Árabe.
E desde então, o mundo tem estado fascinado pela
transformação que ocorreu e os Estados Unidos apoiaram as
forças da mudança.

Fomos inspirados pelos protestos tunisinos que derrubaram um


ditador porque reconhecemos as nossas próprias convicções
nas aspirações de homens e mulheres que saíram à rua.

Insistimos na mudança no Egito, porque o nosso apoio à


democracia, em última análise, nos coloca do lado do povo.

Apoiámos a transição da liderança no Iémen porque os


interesses do povo já não estavam a ser servidos por um status
quo corrupto.
Interviemos na Líbia juntamente com uma vasta coligação e
com o mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas,
porque conseguimos parar a matança de inocentes e porque
acreditámos que as aspirações do povo eram mais poderosas
do que um tirano.

E ao nos reunirmos aqui, declaro mais uma vez que o regime de


Bashar al-Assad deve chegar ao fim para que o sofrimento do
povo sírio possa terminar e começar uma nova alvorada.

Assumimos estas posições porque acreditamos que a liberdade


e a autodeterminação não são exclusivas de uma cultura. Não
são simplesmente valores americanos ou valores ocidentais;
são valores universais. E, apesar de haver desafios enormes
numa transição para a democracia, estou convencido de que, no
fim de contas, o governo do povo, pelo povo e para o povo tem
mais probabilidades de trazer estabilidade, prosperidade e
oportunidade individual que sirvam de base para a paz no nosso
mundo.

Então lembremo-nos de que esta é uma época de progresso.


Pela primeira vez em décadas, tunisinos, egípcios e líbios
votaram em novos líderes em eleições que foram credíveis,
competitivas e justas. Este espírito democrático não ficou
limitado ao mundo árabe. No ano passado, assistimos a
transições pacíficas do poder no Malawi e no Senegal e um
novo presidente na Somália. Na Birmânia, um presidente
libertou presos políticos e abriu uma sociedade fechada, uma
dissidente corajosa foi eleita para o parlamento e as pessoas
esperam por mais reformas. Em todo o mundo, as pessoas estão
a fazer-se ouvir, insistindo na sua dignidade inata e no direito de
decidirem o seu futuro.

E contudo a agitação das últimas semanas lembra-nos que a via


para a democracia não termina no voto. Nelson Mandela disse
uma vez: “Ser livre não é apenas soltar as correntes, mas viver
de uma forma que respeite e aumente a liberdade dos outros”
(Aplausos).

A verdadeira democracia exige que os cidadãos não sejam


atirados para a prisão por causa daquilo em que acreditam e
que possam ser abertos negócios sem se ter que pagar um
suborno. Depende da liberdade dos cidadãos dizerem aquilo que
pensam e de se reunirem sem receio e do Estado de Direito e do
seu exercício, que garante os direitos de todas as pessoas.

Por outras palavras, a verdadeira democracia, a verdadeira


liberdade, é um trabalho árduo. Os que estão no poder têm que
resistir à tentação de serem duros com os dissidentes. Em
períodos económicos difíceis, os países devem ser tentados,
podem ser tentados a mobilizar pessoas contra supostos
inimigos, no país e no estrangeiro, em vez de se concentrarem
no trabalho meticuloso de reforma.

Além disso, haverá sempre aqueles que rejeitam o progresso


humano, ditadores que se agarram ao poder, interesses
corruptos que dependem do status quo e extremistas que
atiçam as chamas do ódio e da divisão. Da Irlanda do Norte ao
Sul da Ásia, de África ao continente americano, dos Balcãs à
Bacia do Pacífico, assistimos a convulsões que podem
acompanhar as transições para uma nova ordem política.

Às vezes os conflitos surgem ao longo de linhas de fratura da


raça ou da tribo. E com frequência resultam de dificuldades em
combinar tradição e religião com a diversidade e a
interdependência do mundo moderno. Em todos os países
existem aqueles que consideram uma ameaça convicções
religiosas diferentes; em todas as culturas aqueles que amam a
liberdade para si mesmos devem perguntar-se até que ponto
estão dispostos a tolerar a liberdade para outros.

É isso o que vimos nas últimas duas semanas: um vídeo


grosseiro e repulsivo causou indignação no mundo muçulmano.
Ora, eu deixei claro que o governo dos Estados Unidos não tinha
nada a ver com este vídeo e eu acredito que a sua mensagem
deve ser rejeitada por todos aqueles que respeitam a nossa
humanidade comum.

É um insulto não só para os muçulmanos mas também para os


Estados Unidos, porque, como esta cidade demonstra com
clareza, somos um país que acolheu bem pessoas de todas as
raças e de todos os credos. Nós recebemos muçulmanos que
praticam a sua fé em todo o país. Não só respeitamos a
liberdade religiosa, mas também temos leis que protegem as
pessoas de serem molestadas devido ao seu aspeto ou à sua
crença religiosa. Compreendemos porque é que as pessoas se
sentem ofendidas com este vídeo porque entre elas encontram-
se milhões dos nossos cidadãos.

Sei que há alguns que perguntam porque é que não proíbem


simplesmente esse vídeo. E a resposta está contida nas nossas
leis: a nossa Constituição protege o direito à liberdade de
expressão.

Aqui nos Estados Unidos, inúmeras publicações causam ofensa.


Como eu, a maior parte dos americanos são cristãos e portanto
não blasfemamos contra as nossas crenças mais sagradas.
Como presidente do nosso país e comandante supremo das
nossas forças armadas, aceito que as pessoas me chamem
coisas horríveis todos os dias – (risos) – e defenderei sempre o
seu direito de o fazerem. (Aplausos).

Americanos lutaram e morreram no mundo inteiro para


protegerem o direito de todas as pessoas a exprimirem as suas
opiniões, mesmo opiniões das quais discordamos
profundamente. Não o fazemos porque apoiamos discursos de
ódio mas porque os nossos fundadores compreenderam que
sem essas proteções, a capacidade de cada individuo de
exprimir as suas próprias opiniões e praticar a sua própria fé
pode encontrar-se ameaçada. Fazemo-lo porque numa
sociedade diversificada, as medidas para limitar a liberdade de
expressão podem tornar-se rapidamente um mecanismo para
silenciar críticas e oprimir minorias.

Fazemo-lo porque, tendo em conta o poder da religião nas


nossas vidas, e a paixão que as diferenças religiosas podem
inflamar, a arma mais forte contra o discurso de ódio não é a
repressão; é mais discurso – as vozes da tolerância que se
unem contra o fanatismo e a blasfémia e erguem os valores da
compreensão e do respeito mútuo.

Ora, eu sei que nem todos os países neste órgão têm esta
compreensão particular da proteção da liberdade de expressão.
Reconhecemos isso. Mas em 2012, numa altura em que
qualquer pessoa com um telemóvel pode espalhar opiniões
ofensivas em todo o mundo carregando num botão, a ideia de
que podemos controlar o fluxo de informações é obsoleta. Então
a questão que se coloca é como respondemos?
E devemos concordar com isto: não há discurso que justifique a
violência cega. (Aplausos). Não há palavras para desculpar a
matança de inocentes. Não há vídeo que justifique um ataque a
uma embaixada. Não há calúnia que sirva de desculpa para as
pessoas incendiarem um restaurante no Líbano ou destruírem
uma escola em Tunes ou causarem morte e destruição no
Paquistão.

Neste mundo moderno com tecnologias modernas, se


respondermos dessa forma ao discurso de ódio damos poderes
a esse indivíduo que faz esse discurso para criar o caos em todo
o mundo. Damos poderes ao pior de nós mesmos se for assim
que reagirmos.

De modo mais lato, os acontecimentos das últimas duas


semanas também falam da necessidade de todos nós
abordarmos com honestidades as tensões entre o Ocidente e o
mundo árabe que está a caminhar para a democracia.

Agora, permitam-me ser claro: assim como não conseguem


resolver todos os problemas do mundo, os Estados Unidos não
procurarão ditar o resultado de transições democráticas no
estrangeiro. Não esperamos que outros países concordem
connosco em todas as questões, nem supomos que a violência
das últimas semanas ou o discurso de ódio de alguns indivíduos
representem as opiniões da grande maioria dos muçulmanos do
mesmo modo as opiniões das pessoas que produziram este
vídeo não representam as dos americanos. Contudo, acredito
que é dever de todos os líderes em todos os países
pronunciarem-se de forma convincente contra a violência e o
extremismo. (Aplausos).

É altura de marginalizar aqueles que – apesar de não recorrerem


diretamente à violência – usaram o ódio aos Estados Unidos ou
ao Ocidente ou a Israel como principal princípio organizador de
política. Porque isso apenas dá cobertura e às vezes serve de
desculpa para os que recorrem à violência.

Este tipo de política – que opõe o Oriente ao Ocidente e o Sul ao


Norte, muçulmanos a cristão e hindus e judeus – não pode
cumprir a promessa de liberdade. Aos jovens oferece apenas
uma falsa esperança. Queimar uma bandeira americana não
contribui em nada para proporcionar educação a uma criança.
Destruir um restaurante não enche um estômago vazio. Atacar
uma embaixada não cria um único emprego. Esse tipo de
política apenas torna mais difícil realizar o que devemos fazer
juntos: educar os nossos filhos, criar as oportunidades que eles
merecem, proteger os direitos humanos e expandir a promessa
da democracia.

Compreendam que os Estados Unidos nunca se afastarão do


mundo. Levaremos perante a justiça todos aqueles que fizerem
mal aos nossos cidadãos e amigos e apoiaremos os nossos
aliados. Estamos dispostos a fazer parcerias com países em
todo o mundo para aprofundar laços de comércio e
investimento, ciência e tecnologia, energia e desenvolvimento –
todas estas são medidas que podem desencadear o
crescimento económico para todos os nossos povos e
estabilizar a mudança democrática.

Mas tais medidas dependem de um espírito de interesse mútuo


e de respeito mútuo. Nenhum governo ou companhia, nenhuma
escola ou ONG terá confiança para trabalhar num país em que o
seu povo está em perigo. Para que as parcerias sejam eficazes
os nossos cidadãos devem estar protegidos e os nossos
esforços devem ser bem-vindos.

Uma política baseada no medo, baseada em dividir o mundo


entre “nós” e “eles”, não só atrasa a cooperação internacional,
mas em última análise prejudica os que a toleram. Todos nós
temos interesse em enfrentar essas forças.

Devemos lembrar-nos que os muçulmanos sofreram imenso nas


mãos do extremismo. No mesmo dias em que os nossos civis
foram mortos em Benghazi, um agente da polícia turco foi
assassinado em Istambul apenas uns dias antes do seu
casamento; mais de 10 iemenitas foram mortos num carro
armadilhado em Sana’a; várias crianças afegãs foram choradas
pelos seus pais alguns dias depois de terem sido mortas por um
bombista suicida em Kabul.

O impulso em direção à intolerância e à violência pode


concentrar-se inicialmente no Ocidente, mas com o passar do
tempo não poderá ser contido. Os mesmos impulsos
extremistas são empregues para justificar a guerra entre
sunitas e xiitas, entre tribos e clãs. Não conduz a força e
prosperidade mas sim ao caos. Em menos de dois anos vimos
protestos sobretudo pacíficos a causar mais mudanças em
países de maioria muçulmana do que uma década de violência.
E os extremistas compreendem isto. Porque não têm nada para
oferecer para melhorar as vidas das pessoas, a violência é a
única forma de manterem a sua relevância. Não constroem;
apenas destroem.

Já é altura de deixar para trás o apelo da violência e a política


de divisão. Em tantas questões, enfrentamos uma escolha entre
a promessa do futuro ou os grilhões do passado. E não podemos
correr o risco de nos enganar. Devemos aproveitar este
momento. E os Estados Unidos estão prontos a trabalhar com
todos aqueles que estiverem dispostos a abraçar um futuro
melhor.

O futuro não pertence aos que têm como alvo cristãos coptas
no Egito – deve pertencer aos que na Praça Tahir entoavam,
“Muçulmanos, cristãos somos um só”. O futuro não deve
pertencer aos que tiranizam as mulheres; deve ser moldado por
meninas que vão à escola e por aqueles que defendem um
mundo no qual as nossas filhas possam concretizar os seus
sonhos bem como os nossos filhos. (Aplausos).

O futuro não deve pertencer a alguns corruptos que roubam os


recursos dum país; deve ser ganho por estudantes e
empresários, trabalhadores e donos de empresas que procuram
maior prosperidade para todos os povos. Esses são mulheres e
homens que os Estados Unidos apoiam; é deles a visão que
apoiaremos.

O futuro não deve pertencer aos que difamam o profeta do Islão.


Mas para serem credíveis, aqueles que condenam essa calúnia
devem também condenar o ódio que vemos nas imagens de
Jesus Cristo que são profanadas, nas igrejas que são destruídas
ou no Holocausto que é negado. (Aplausos).

Devemos condenar a incitação contra muçulmanos sufis e


peregrinos xiitas. Já é altura de prestar atenção às palavras de
Gandhi: “A intolerância é em si uma forma de violência e um
obstáculo ao desenvolvimento de um espírito verdadeiramente
democrático”. (Aplausos). Juntos, devemos trabalhar para um
mundo em que somos fortalecidos pelas nossas diferenças e
não definidos por elas. Isso é o que os Estados Unidos
representam, essa é a visão que nós apoiaremos.
Entre israelitas e palestinos, o futuro não deve pertencer aos
que viram as costas a uma perspetiva de paz. Deixemos para
trás aqueles que prosperam no conflito, aqueles que rejeitam o
direito de Israel a existir. O caminho é difícil, mas o destino é
claro: um Estado judaico seguro de Israel e uma Palestina
próspera e independente. (Aplausos). Compreendendo que essa
paz deve ser obtida através de um acordo justo entre as partes,
os Estados Unidos caminharão ao lado de todos os que estão
preparados para fazer essa caminhada.

Na Síria, o futuro não deve pertencer a um ditador que


massacra o seu povo. Se há uma causa que clama por protesto
no mundo de hoje, protesto pacífico, é a de um regime que
tortura crianças e dispara foguetes contra edifícios de
apartamentos. E devemos continuar empenhados em assegurar
que o que começou com cidadãos a exigirem os seus direitos
não termine num ciclo de violência sectária.

Juntos devemos ficar do lado dos sírios que acreditam numa


visão diferente – uma Síria que é unida e inclusiva, na qual as
crianças não precisam de sentir medo do seu próprio governo e
em que todos os sírios tenham uma palavra a dizer sobre como
são governados; sunitas e alauítas, curdos e cristãos. É isso o
que os Estados Unidos defendem. Esse é o resultado para o qual
trabalharemos com sanções e consequências para aqueles que
perseguimos e assistência e apoio para aqueles que trabalham
por este bem comum. Porque nós acreditamos que os sírios que
adotarem esta visão terão a força a legitimidade para liderarem.

No Irão vemos aonde conduz o caminho de uma ideologia


violenta e irresponsável. O povo iraniano tem uma história
notável e antiga e muitos iranianos desejam desfrutar a paz e a
prosperidade juntamente com os seus vizinhos. Mas tal como
restringe os direitos do seu próprio povo, o governo iraniano
continua a apoiar um ditador em Damasco e apoia grupos
terroristas no estrangeiro. Várias vezes perdeu a oportunidade
de demonstrar que o seu programa nuclear se destina a fins
pacíficos e de cumprir as suas obrigações para com as Nações
Unidas.

Portanto, serei claro. Os Estados Unidos querem resolver esta


questão através da diplomacia e acreditamos que ainda há
tempo e espaço para o fazer. Mas o tempo não é ilimitado. Nós
respeitamos o direito dos países de terem acesso a poderio
nuclear para fins pacíficos, mas um dos propósitos das Nações
Unidas é ver se aproveitamos esse poder para a paz. E, não se
enganem, um Irão com armas nucleares não é um desafio que
possa ser contido. Ameaçaria a eliminação de Israel, a
segurança dos países do Golfo e a estabilidade da economia
mundial. Corre o risco de provocar uma corrida a armas
nucleares na região e o fim do tratado de não proliferação. É por
isso que uma coligação de países está a responsabilizar as
autoridades do governo iraniano. E é por isso que os Estados
Unidos farão o que tiverem que fazer para evitar que o Irão
obtenha uma arma nuclear.

Sabemos por experiência dolorosa que a via para a segurança e


a prosperidade não se encontra fora dos limites do direito
internacional e do respeito pelos direitos humanos. É por isso
que esta instituição foi criada a partir de escombros de um
conflito. É por isso que a liberdade triunfou da tirania na Guerra
Fria. E essa é também a lição das últimas duas décadas.

A história mostra que a paz e o progresso chega aos que fazem


escolhas acertadas. Países em todos os cantos do mundo
percorreram este caminho difícil. A Europa, o campo de batalha
mais sangrento do século XX, está unida, livre e em paz. Do
Brasil à África do Sul, da Turquia à Coreia do Sul, da Índia à
Indonésia, pessoas de raças, religiões e tradições diferentes
tiraram milhões da pobreza, ao mesmo tempo que respeitavam
os direitos dos seus cidadãos e cumpriam os seus deveres
como nações.

E é por causa dos progressos a que assisti durante a minha


própria vida, progressos que testemunhei após cerca de quatro
anos como presidente, que continuo a ter muitas esperanças no
mundo em que vivemos. A guerra no Iraque terminou. As tropas
americanas regressaram a casa. Iniciámos uma transição no
Afeganistão e os Estados Unidos e os seus aliados terminarão a
guerra na data prevista em 2014. A al-Qaeda foi endraquecida e
Osama Bin Laden já não existe. Os países uniram-se para travar
materiais nucleares e os Estados Unidos e a Rússia estão a
reduzir os seus arsenais. Vimos que foram feitas escolhas
difíceis, de Naypyidaw ao Cairo a Abidjan, para colocar mais
poderes nas mãos dos nossos cidadãos.

Numa época de dificuldades económicas, o mundo uniu-se para


alargar a prosperidade. Através do G20 fizemos parcerias com
países emergentes para manter o mundo na via da recuperação.
Os Estados Unidos prosseguiram com uma agenda de
desenvolvimento que promove o crescimento e corta a
dependência e trabalhou com líderes africanos para os ajudar a
alimentar os seus países. Foram forjadas novas parcerias para
combater a corrupção e promover um governo que seja aberto e
transparente e foram assumidos novos compromissos através
da Parceria Futuros Iguais para assegurar que mulheres e
meninas possam participar plenamente na política e beneficiar
de oportunidades. E mais tarde hoje discutirei os nossos
esforços para combater o flagelo do tráfico humano.

Todas estas coisas dão-me esperança. Mas o que me dá mais


esperança não são as nossas ações, as ações dos líderes, mas
as pessoas que eu vi. As tropas americanas que arriscaram a
sua vida e sacrificaram os seus membros por estrangeiros a
meio mundo de distância; os estudantes em Jacarta ou Seul que
estão ansiosos por usarem os seus conhecimentos em beneficio
da humanidade; rostos numa praça em Praga ou um parlamento
no Gana que vê a democracia a dar voz às suas aspirações; os
jovens nas favelas do Rio e nas escolas de Bombaim cujos olhos
brilham de promessa. Estes homens, mulheres e crianças de
todas as raças e de todas os credos lembram-me que para cada
multidão furiosa que se vê na televisão, há biliões em todo o
mundo que têm as mesmas esperanças e os mesmos sonhos.
Dizem-nos que o coração da humanidade bate em uníssono.

É dada tanta atenção no nosso mundo ao que nos separa. É o


que vemos nos noticiários. É o que consome os nossos debates
políticos. Mas quando deitamos tudo isso fora, as pessoas em
toda a parte anseiam por liberdade para decidir o seu destino;
pela dignidade que vem com o trabalho; pelo conforto que vem
com a fé; e a justiça que existe quando os governos servem o
seu povo e não o contrário.

Os Estados Unidos da América defenderão sempre estas


aspirações, para o seu próprio povo e para todos os povos do
mundo. Esse era o nosso propósito inicial. Isso é o que a nossa
história mostra. É para isso que Chris Stevens trabalhou ao
longo da sua vida.

E eu prometo-vos isto: muito depois dos assassinos terem sido


levados perante a justiça, o legado de Chris Stevens
permanecerá nas vidas que ele influenciou, em dezenas de
milhares que marcharam contra a violência pelas ruas de
Benghazi; nos líbios que mudaram a sua foto no Facebook para
o de Chris; nos cartazes que dizem simplesmente “Chris
Stevens era amigo de todos os líbios”.

Eles devem dar-nos esperança. Devem lembrar-nos de que


enquanto trabalharmos para isso será feita justiça, que a
história está do nosso lado e que uma maré crescente de
liberdade nunca será derrotada.

Muito obrigado. (Aplausos).

FIM

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