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Intervenção do Ministro Mauro Vieira no segmento de Chefes de Estado e governo da XXVIII Cúpula

Ibero-americana, na qual representou o Presidente Lula


GOV , GOV
NOTA À IMPRENSA Nº 111
Sua Excelência, Presidente da República Dominicana, Luís Abinader, em nome de quem cumprimento os
demais Chefes de Estado e de Governo;
Sua Excelência, Ministro das Relações Exteriores da República Dominicana, Embaixador Roberto Álvarez,
em nome de quem saúdo os colegas Ministros e Ministras de Relações Exteriores;
Senhor Secretário-Geral Ibero-Americano, Andrés Allamand,
Senhoras e senhores,
É com muita honra que represento o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na XXVIII Cúpula Ibero-Americana,
em São Domingos.
O Presidente Lula esteve presente em seis cúpulas ibero-americanas, durante seus mandatos anteriores.
Isso dá mostra de seu comprometimento e engajamento pessoal com a Ibero-América.
Impossibilitado de estar presente hoje aqui, instruiu-me a reiterar junto aos mandatários ibero-americanos seu
comprometimento com este importante espaço, no qual se celebram os vínculos históricos, linguísticos,
culturais, políticos e econômicos que ligam a América Latina e a Península Ibérica.
Em nome do Presidente Lula e do Governo brasileiro, quero agradecer a o
Presidente Luís Abinader a calorosa acolhida estendida à delegação do Brasil pelo povo dominicano em São
Domingos, que é uma cidade muito especial para o mundo ibero-americano.
Quero também cumprimentar o governo da República Dominicana pela diligente preparação da XXVIII
Cúpula Ibero-Americana nas circunstâncias desafiadoras impostas pela pandemia da COVID-19.
Aproveito a oportunidade para desejar ao governo do Equador todo êxito na presidência da próxima
Secretaria Pro Tempore, que se inicia logo após a realização desta cúpula.
O Governo brasileiro está preparado para contribuir para o êxito da próxima cúpula, em 2024.
Senhoras e senhores,
A mensagem que trago do Presidente Lula é a de que o Brasil volta a engajar-se ativamente em sua região e
no cenário internacional.
Estamos prontos para trabalhar lado a lado com seus tradicionais parceiros latino-americanos e ibéricos, com
um forte sentimento de solidariedade e de proximidade.
A integração regional e o aprofundamento do diálogo com nossos sócios voltam a constituir pilares da política
externa brasileira.
Nesse sentido, gostaria de destacar alguns aspectos historicamente presentes na diplomacia brasileira, que
voltam a fazer parte da agenda internacional do país.
O Brasil tem um papel crucial na segurança alimentar mundial, pela diversidade de seus recursos naturais.
Conscientes de nossas responsabilidades, voltamos a dar prioridade ao combate à fome, atuando para
fortalecer todos os elos da cadeia mundial de suprimentos alimentares, desde a livre circulação de insumos e
tecnologias de produção até o acesso a alimentos de qualidade.
Na área de energia, contamos com importantes capacidades, que nos posicionam para participar, de forma
vantajosa, da transição energética global. Em particular, temos matrizes energéticas diversificadas e grande
potencial de crescimento em energias renováveis e limpas.
No campo do meio ambiente, renovamos nosso compromisso de alcançar desmatamento zero na Amazônia.
Até 2028 pretendemos erradicar o desmatamento ilegal no país.
Como demonstração desse compromisso, apresentamos a candidatura da cidade de Belém do Pará para
sediar a COP-30, em 2025. Estamos, com isso, indicando ao mundo que o Brasil voltou a ser um líder no
enfrentamento à crise climática e um exemplo de país social e ambientalmente responsável.
Esperamos realizar também em Belém do Pará, em agosto deste ano, a Cúpula de Países do Tratado de
Cooperação Amazônica, em que nossos líderes discutirão temas ambientais fundamentais para o futuro da
Floresta Amazônica.
Pretendemos levar as principais conclusões da Cúpula ao conhecimento de toda a comunidade internacional
na abertura do Debate-Geral da 78ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova York,
como forma de ampliar as possibilidades de cooperação internacional em favor das agendas de preservação
ambiental, combate às mudanças climáticas e promoção do desenvolvimento sustentável.
O mundo tem enfrentado múltiplas crises no passado recente: a pandemia de COVID-19, a mudança do
clima, desastres naturais e tensões geopolíticas, entre outras. Tudo isso em um quadro inaceitável de
aumento das desigualdades, da pobreza e da fome.
Precisamos unir forças em prol de melhor infraestrutura, tanto física como digital; da criação de cadeias de
valor entre nossas indústrias e de mais investimentos em pesquisa e inovação.
Ao mesmo tempo, é crucial que tais estratégias de desenvolvimento caminhem passo a passo com a redução
da desigualdade em suas diversas dimensões, e com a garantia de acesso aos direitos fundamentais no
campo da educação, da saúde e do trabalho.
Não é mais possível conviver com o sentimento de que a tantos não é facultado compartilhar das condições
mais elementares de uma sobrevivência digna.
Precisamos combater, igualmente, a violência de gênero e respeitar e proteger nossos povos originários.
A luta contra o racismo também deve ser diretriz fundamental para os nossos países.
Senhoras e senhores,
A Cúpula Ibero-Americana é um mecanismo fundamental de concertação, no qual prevalecem a
solidariedade e a cooperação, elementos essenciais para as relações de nossos países.
A cooperação técnica estabeleceu-se, nos últimos anos, como verdadeira vocação da Conferência Ibero-
americana.
Nesse sentido, a aprovação do Terceiro Plano de Ação Quadrienal da Cooperação Ibero-Americana aqui em
São Domingos é uma notícia alvissareira e pressagia nova fase do sistema de cooperação iberoamericano.
O Plano Quadrienal será o guia que teremos para orientar as atividades, cada vez mais amplas, de um tipo
que de cooperação que se firmou como verdadeiro paradigma global de cooperação Sul-Sul, por ser
horizontal, solidária e multidimensional.
Contem com o apoio do Brasil para que a cooperação ibero-americana possa continuar a promover melhores
condições de vida, especialmente em benefício das populações mais vulneráveis, e para avançar na
realização da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Para o Brasil, é especialmente louvável o ingresso da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa, a CPLP, como membro observador da Conferência Ibero-americana, por se
tratar do encontro de duas esferas de diálogo e concertação a que atribuímos centralidade em nossa visão
de mundo.
Senhoras e senhores Chefes de Estado e Governo,
Há uma clara contribuição a ser dada pela região ibero-americana para a construção de uma ordem mundial
pacífica, baseada no diálogo, no reforço do multilateralismo e na construção coletiva da multipolaridade.
A persistência do conflito na Ucrânia exige que um maior número de atores da comunidade internacional
assuma compromisso com a paz.
Temos visto e ouvido a preponderância de discursos defendendo a transferência de armas, naturalizando a
retórica belicista e qualificando chamados pelo diálogo e pela diplomacia como “ingênuos”.

O Brasil pensa de forma diferente.


Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia e a anexação de suas províncias, tendo votado
de forma consistente na Assembleia-Geral e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde
cumprimos atualmente assento eletivo.
Defendemos uma solução negociada para o conflito, que, a nosso juízo, só será possível a partir do
estabelecimento de diálogo – direto ou indireto – entre as partes.
Entendemos que a imposição de sanções unilaterais não é um instrumento legítimo, ademais de ser, no fim
das contas, contraproducente.
Como tem dito o Presidente Lula, o Brasil está disposto e pronto a colaborar com um esforço em favor da paz
para o qual contamos com a mobilização de esforços de tantos países que pensam como nós.
Da mesma forma, é preciso reconhecer que chegamos até aqui porque as ferramentas da governança global
têm-se provado inadequadas para encaminhar a resolução de tantos problemas contemporâneos de escala
global.
Diante do conflito na Ucrânia, o Conselho de Segurança das Nações Unidas encontra-se virtualmente
paralisado como órgão deliberativo, em parte porque sua composição não é representativa da atual
correlação de forças no cenário internacional e seus métodos de trabalho estão defasados.
A reforma do Conselho revela-se, dessa forma, não só necessária para que todos os continentes estejam
representados de forma permanente, mas também para que possa operar de forma eficaz na manutenção da
paz e da segurança internacionais.
Senhoras e senhores,
A América do Sul, a América Latina e Caribe e nossa Ibero-América são espaços de paz.
Temos um exemplo a dar ao mundo sobre compromisso com multilateralismo, respeito ao Direito
Internacional e convivência pacífica entre os povos.
É com o sentimento renovado de engajamento no cenário regional e mundial que o Governo do Presidente
Lula se faz presente nesta XXVIII Cúpula Ibero-Americana.
Muito obrigado.
Data original da publicação: 25 de março de 2023

A importância dos correspondentes estrangeiros na construção da imagem internacional do Brasil


Interesse Nacional , Daniel Buarque
Quando o Brasil começou a desenvolver suas primeiras estratégias sistemáticas de diplomacia pública a fim
de promover uma percepção positiva do país no exterior, entre o final dos anos 1990 e a primeira década do
século XXI, o foco de boa parte das ações era em oferecer subsídios e tentar influenciar jornalistas
estrangeiros baseados aqui. No livro
Diplomacia Pública e Imagem do Brasil no Século XXI, Carlos Luís Duarte Villanova descreve este processo
e mostra como a imprensa internacional foi importante na construção da narrativa sobre a ascensão
internacional do Brasil no período.
Os correspondentes estrangeiros são fundamentais na discussão sobre nation branding, a análise de imagem
de países como se fossem marcas, e na diplomacia pública. Eles são atores importantes na projeção das
nações no resto do mundo. Ainda assim, há poucos estudos acadêmicos sobre o papel deles nesse
processo.
Para o pesquisador chileno César Jiménez‐Martínez, o ponto central é que correspondentes estrangeiros não
devem ser entendidos necessariamente como colaboradores ou antagonistas da tentativa do Brasil de
ampliar o seu soft power. Eles podem potencialmente desempenhar esses papéis em diferentes momentos,
fortalecendo ou prejudicando iniciativas de promoção de uma nação no exterior.
“Há uma dinâmica envolvendo a marca nacional e o jornalismo que às vezes se alinha, quando os esforços
de soft power são comunicados, e às vezes se choca, quando os jornalistas não confiam neles ou os ignoram
porque fazem o jornalista parecer não ‘autônomo’ ou ‘objetivo’”, diz.
O argumento é apresentado no artigo Soft power and media power: western foreign correspondents and the
making of Brazil’s image overseas publicado na edição mais recente da revista acadêmica Place Branding
and Public Diplomacy.
Professor de Global Media and Communications na universidade de Cardiff, no Reino Unido, Jiménez‐
Martínez estudou aprofundadamente a construção da percepção interna e externa dos protestos de junho de
2013 no Brasil e é autor do livro Media and the Image of the Nation during Brazil’s 2013 Protests. O artigo
sobre os correspondentes já circulava de forma virtual desde 2021, mas só agora teve a publicação
formalizada em uma edição do journal.
Jiménez‐Martínez desenvolveu sua análise a partir de 21 entrevistas com correspondentes estrangeiros que
atuaram no Brasil nas últimas duas décadas, examinando como eles avaliavam iniciativas de soft power do
país e elaboravam suas próprias representações sobre a identidade nacional. Seu objetivo é desenvolver
uma compreensão sobre o nexo entre o soft power e o jornalismo, avaliando se correspondentes estrangeiros
são colaboradores ou antagonistas nesse processo.
Segundo ele, jornalistas estrangeiros, especialmente de países do Ocidente, são importantes em relação às
iniciativas de soft power de nações do Sul Global, como o Brasil, devido à dependência destes últimos de
garantir cobertura positiva por organizações de notícias estrangeiras e sua necessidade de reconhecimento
pelo Ocidente. Também são importantes porque países como o Brasil dependem de uma projeção de
imagem que os ajudem a ultrapassar algumas das suas limitações de hard power.
O papel dos correspondentes estrangeiros é importante, diz, pois são eles que rotineiramente informam sobre
nações distantes, definem a agenda de notícias estrangeiras e podem influenciar a percepção que as elites e
o público em geral podem ter de uma determinada nação.
O trabalho identifica três modos de relacionamento entre jornalistas e essa construção da marca do Brasil no
mundo. Há o relacionamento desafiador, o de alinhamento e o de filtragem.
O desafio se apresenta como resistência e rejeição da marca do país. Segundo o pesquisador, a maioria dos
entrevistados alegou contestar os esforços de promoção da imagem do Brasil, chamando-os de mera
propaganda, que é mal vista por eles. “A maioria dos correspondentes estrangeiros que entrevistei enfatizou
como suas notícias eram janelas para mostrar e ver o Brasil ‘autêntico’, em contraste com as imagens
propagandísticas e brilhantes da marca da nação”, diz.
O relacionamento pelo alinhamento sugere que, apesar da declarada rejeição ao marketing nacional, o
jornalismo pode seguir uma linha semelhante a ele, especialmente no enquadramento sob a perspectiva do
desempenho econômico. Este é visto como tendo impulsionado a tentativa brasileira de se projetar no mundo
e fez com que as organizações de mídia ocidentais estivessem mais dispostas a financiar reportagens sobre
o Brasil.
De forma semelhante, a capacidade de contar uma história emocionalmente convincente também foi
importante para a imprensa internacional. Neste ponto, a história de vida do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em seus dois primeiros mandatos o ajudava a desenvolver esta imagem mais forte do país. “O foco em
Lula não é surpreendente, dado que as organizações de mídia ocidentais muitas vezes enquadram os líderes
políticos como representantes da legitimidade internacional e dos valores de uma nação. Para os
entrevistados, a história de Lula foi, portanto, fundamental não só para chamar mais a atenção para o Brasil,
mas também para os milhões de brasileiros que saíram da pobreza durante seu governo.”
O relacionamento por filtragem indica que, mesmo quando havia alinhamento, os jornalistas dificilmente eram
simplesmente porta-vozes do Estado e detinham um poder significativo. “Embora os correspondentes
estrangeiros nem sempre contestassem diretamente a marca da nação, às vezes eles filtravam mensagens
promocionais oficiais, dependendo dos interesses e expectativas do público para o qual reportavam, bem
como das histórias de notícias globais percebidas”, diz. Os jornalistas podem, em última análise, filtrar
elementos de iniciativas de soft power, selecionando aqueles que melhor se encaixam com os interesses
percebidos, expectativas e restrições de audiências distantes.
Data original da publicação: 16 de março de 2023

Qual é o saldo da conta corrente de um país e um déficit é bom ou ruim para sua economia?
Fórum Econômico Mundial, Ian Shine
Existem muitas medidas da saúde da economia de um país. O produto interno bruto (PIB) é provavelmente o
mais conhecido, mas outra medida é o saldo da conta corrente de um país.
Muito parecido com uma conta corrente que uma pessoa pode ter com um banco para administrar suas
finanças do dia-a-dia, o saldo da conta corrente de um país rastreia a quantidade de dinheiro que entra e sai.
A OCDE o define como “um registro das transações internacionais de um país com o resto do mundo”.
O comércio de bens e serviços é o maior contribuinte para esses fluxos de dinheiro, mas há mais na conta
corrente do que comércio. Os outros elementos incluem:
Ajuda estrangeira enviada ou recebida.
Investimento estrangeiro direto, que é quando uma entidade de um país faz um investimento duradouro em
outro país.
Salários ou pensões que os residentes recebem.
Remessas, que é o dinheiro que as pessoas que vivem no exterior enviam para casa.
Como é calculado o saldo da conta corrente?
O saldo da conta corrente de um país é medido em dólares americanos e como uma porcentagem do PIB. Se
um país está enviando mais dinheiro do que está entrando, ele terá um déficit em conta corrente. Se estiver
recebendo mais dinheiro do que gastando, terá superávit em conta corrente.
Os países altamente desenvolvidos e altamente subdesenvolvidos tendem a ter déficits em conta corrente,
enquanto as economias emergentes geralmente têm um superávit em conta corrente. Déficits em conta
corrente foram comuns nas Américas, África, Sudeste da Europa e Ásia Central e Ocidental em 2021,
enquanto superávits ocorreram com mais frequência na Europa Central e do Norte, Ásia Oriental e Oceania,
de acordo com a UNCTAD.
Em dólares, o país com maior superávit em 2021 foi a China, e o país com maior déficit foram os Estados
Unidos, conforme tabela abaixo.
A China tem um grande superávit em conta corrente devido ao crescimento das exportações e ao fato de que
as entradas de investimento estrangeiro direto excedem as saídas, de acordo com o Instituto para Economias
Emergentes do Banco da Finlândia. O superávit também foi impulsionado por rápidos aumentos no valor da
moeda estrangeira e das reservas de ouro da China.
Os EUA tiveram um déficit em conta corrente por mais de 20 anos. Isso se deve em parte a um déficit
comercial cada vez maior, mas também ao fato de investidores estrangeiros nos EUA possuírem ativos no
país que valem mais do que o valor dos ativos estrangeiros de entidades americanas, de acordo com a
organização independente de pesquisa sem fins lucrativos Peterson Institute for Economia internacional.
Em termos percentuais, Guiné e Papua Nova Guiné tiveram os maiores superávits em conta corrente em
relação ao PIB em 2021, em mais de 20%. Déficits maiores foram encontrados principalmente entre os países
pobres altamente endividados, em 3,7%, e os países em desenvolvimento sem litoral, em 2,9%, diz a
UNCTAD.
É ruim ter déficit em conta corrente?
Embora um déficit em conta corrente possa soar como uma coisa ruim, isso não é necessariamente o caso.
“Se o déficit reflete um excesso de importações sobre as exportações, pode ser indicativo de problemas de
competitividade, mas como o déficit em conta corrente também implica um excesso de investimento sobre a
poupança, pode igualmente apontar para uma economia altamente produtiva e em crescimento”, afirmou. diz
o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Um país também pode ter um déficit porque tem grandes níveis de dívida para financiar investimentos no
exterior que podem eventualmente se mostrar altamente lucrativos, ou pode estar pagando para importar
muitas matérias-primas que serão processadas em produtos acabados mais valiosos para uso doméstico.
E grandes quedas no déficit não indicam necessariamente boas notícias. Países com altos déficits em conta
corrente correm o risco de desvalorização cambial.
O déficit em conta corrente do Paquistão caiu 90% em janeiro de 2023, mas isso ocorreu porque sua moeda
perdeu mais de um quarto de seu valor em relação ao dólar, o que significa que as importações se tornaram
proibitivamente caras.
Superávit em conta corrente é bom?
Gerar um superávit em conta corrente pode permitir que os países gastem esses fundos excedentes em
investimentos ou reservas em moeda estrangeira. No entanto, ter superávit pode sugerir falta de investimento
do governo – uma acusação que o FMI já fez à Alemanha no passado.
Superávits em conta corrente também podem sugerir que uma economia pode estar desequilibrada. “O
superávit da conta corrente do Japão … deve-se tanto à baixa demanda interna quanto à sua competitividade
nas exportações. A baixa demanda doméstica se traduziu em estagflação em sua economia e baixo
crescimento salarial”, diz a Investopedia.
Os superávits em conta corrente podem resultar de recessões, que causam quedas nos gastos do consumidor
e reduzem a demanda por importações. Quase dois terços dos entrevistados no relatório Chief Economists
Outlook 2023 do Fórum Econômico Mundial dizem que uma recessão global é provável em 2023, com a
aguda crise do custo de vida em muitos países causando uma queda nos gastos do consumidor.

What is a country's current account balance, and is a deficit good or bad for its economy?
World Economic Forum , Ian Shine
There are many measures of the health of a country’s economy. Gross domestic product (GDP) is probably
the most well-known, but another measure is a country’s current account balance.
Much like a current account that a person may have with a bank to manage their day-to-day finances, a
country’s current account balance tracks the amount of money it has coming in and going out. The OECD
defines it as “a record of a country's international transactions with the rest of the world”.
Trade in goods and services is the biggest contributor to these flows of money, but there is more to the current
account than trade. The other elements include:
Foreign aid sent or received.
Foreign direct investment, which is when an entity from one country makes a lasting investment in
another country.
Salaries or pensions that residents receive.
Remittances, which is money that people living abroad send back home.
How is a current account balance calculated?
A country’s current account balance is measured in US dollars and as a percentage of GDP. If a country is
sending more money out than is coming in, it will have a current account deficit. If it is receiving more money
than it is spending, it will have a current account surplus.
Highly developed and highly underdeveloped countries tend to have current account deficits, while emerging
economies will often have a current account surplus. Current account deficits were common in the Americas,
Africa, Southeastern Europe, and Central and Western Asia in 2021, while surpluses were more often the
case in Central and Northern Europe, Eastern Asia, and Oceania, according to UNCTAD.
In dollar terms, the country with the biggest surplus in 2021 was China, and the country with the biggest deficit
was the United States, as shown in the table below.
China has a large current account surplus because of booming exports and the fact that inflows of foreign
direct investment exceed outflows, according to the Bank of Finland Institute for Emerging Economies. The
surplus has also been boosted by rapid rises in the value of China’s foreign currency and gold reserves.
The US has had a current account deficit for over 20 years. This is partly down to an increasingly large trade
deficit, but also a result of foreign investors in the US owning assets in the country that are worth more than
the value of US entities’ foreign assets, according to independent nonprofit research organization the Peterson
Institute for International Economics.
In percentage terms, Guinea and Papua New Guinea had the highest current account surpluses relative to
GDP in 2021, at more than 20%. Larger deficits were mostly found among heavily indebted poor countries, at
3.7%, and landlocked developing countries at 2.9%, UNCTAD says.
Is it bad to have a current account deficit?
While a current account deficit may sound like a bad thing, this is not necessarily the case.
“If the deficit reflects an excess of imports over exports, it may be indicative of competitiveness problems, but
because the current account deficit also implies an excess of investment over savings, it could equally be
pointing to a highly productive, growing economy,” the International Monetary Fund (IMF) says.
A country may also have a deficit because it has large levels of debt to finance overseas investments that may
eventually prove highly profitable, or it could be paying to import a lot of raw materials that it will process into
more valuable finished goods for use domestically.
And big drops in the deficit do not necessarily indicate good news. Countries with high current account deficits
are at risk of currency depreciation.
Pakistan’s current account deficit fell by 90% in January 2023, but this was because its currency lost more
than a quarter of its value against the dollar, meaning imports mostly became prohibitively expensive.
Is a current account surplus good?
Running a current account surplus can allow countries to spend those excess funds on investments or foreign
currency reserves. However, having a surplus may suggest a lack of government investment – an accusation
the IMF has levelled at Germany in the past.
Current account surpluses can also suggest an economy may be imbalanced. “Japan's current account surplus
… is as much due to low domestic demand as it is to its competitiveness in exports. The low domestic demand
has translated to stagflation in its economy and low wage growth,” Investopedia says.
Current account surpluses can stem from recessions, which cause drops in consumer spending and reduced
demand for imports. Almost two-thirds of respondents to the World Economic Forum’s Chief Economists
Outlook 2023 say that a global recession is likely in 2023, with the acute cost-ofliving crisis in many countries
causing consumer spending to decline.
Data original da publicação: 27 de março de 2023

Banco Mundial alerta para 'década perdida' no crescimento global sem mudanças políticas ousadas
Reuters, Andrea Shalal
O crescimento econômico global potencial médio cairá para uma baixa de três décadas de 2,2% ao ano até
2030, dando início a uma "década perdida" para a economia mundial, a menos que os formuladores de
políticas adotem iniciativas ambiciosas para aumentar a oferta de trabalho, a produtividade e o investimento, o
Banco Mundial avisado na segunda-feira.
O fracasso em reverter a esperada desaceleração de base ampla no crescimento potencial do produto interno
bruto (PIB) teria profundas implicações para a capacidade do mundo de enfrentar as mudanças climáticas e
reduzir a pobreza, afirmou em um novo relatório.
Mas esforços concentrados para aumentar o investimento em setores sustentáveis, cortar custos comerciais,
alavancar o crescimento em serviços e expandir a participação da força de trabalho podem impulsionar o
crescimento potencial do PIB em até 0,7 ponto percentual, para 2,9%, disse o relatório.
"Uma década perdida pode estar se formando para a economia global", disse o economista-chefe do Banco
Mundial, Indermit Gill, embora tenha dito que políticas que incentivam o trabalho, aumentam a produtividade e
aceleram o investimento podem reverter a tendência.
O Banco Mundial também está observando os desenvolvimentos no setor bancário, que ocorrem quando o
aumento das taxas de juros e o aperto das condições financeiras elevam o custo dos empréstimos para os
países em desenvolvimento, disse Ayhan Kose, diretor do grupo de previsão do Banco Mundial, a repórteres.
"A desaceleração que estamos descrevendo... pode ser muito mais acentuada, se outra crise financeira global
estourar, especialmente se essa crise for acompanhada por uma recessão global", disse Kose, observando
que as recessões podem pesar nas perspectivas de crescimento por anos.
A taxa média de crescimento do PIB é uma espécie de "limite de velocidade" para a economia global,
traçando a taxa máxima de longo prazo na qual ela pode crescer sem provocar inflação excessiva.
O relatório disse que as crises sobrepostas dos últimos anos, incluindo a pandemia de COVID-19 e a invasão
da Ucrânia pela Rússia, encerraram quase três décadas de crescimento econômico sustentado, aumentando
as preocupações com a desaceleração da produtividade, essencial para o crescimento da renda e maior
remunerações.
Como resultado, o crescimento potencial médio do PIB caiu para 2,2% em 2022-2030, abaixo dos 2,6% em
2011-21 e quase um terço abaixo da taxa de 3,5% observada em 2000-2010.
O baixo investimento também diminuirá o crescimento nas economias em desenvolvimento, com o
crescimento médio do PIB caindo para 4% no restante da década de 2020, de 5% em 2011-2021 e 6% em
2000-2010.
O aumento da produtividade, o aumento da renda e a queda da inflação ajudaram um em cada quatro países
em desenvolvimento a alcançar o status de alta renda nas últimas três décadas, mas essas forças
econômicas agora estão recuando, disse o relatório.
Ele disse que a produtividade provavelmente crescerá em seu ritmo mais lento desde 2000, o crescimento do
investimento em 2022-2024 será metade da taxa observada nos últimos 20 anos e o comércio internacional
está crescendo a um ritmo muito mais lento.
Para mudar a trajetória, os formuladores de políticas devem priorizar o controle da inflação, garantindo a
estabilidade do setor financeiro e reduzindo a dívida, ao mesmo tempo em que promovem investimentos
favoráveis ao clima que podem acrescentar 0,3 ponto percentual ao crescimento potencial anual.
A redução dos custos associados ao transporte, logística e regulamentações pode impulsionar o comércio,
afirmou, pedindo mudanças para remover o atual viés em relação a produtos intensivos em carbono inerente
às tabelas tarifárias de muitos países e eliminar as restrições ao acesso a bens e serviços ecologicamente
corretos.
A expansão das exportações de serviços digitais pode resultar em grandes ganhos de produtividade,
enquanto o aumento das taxas de participação na força de trabalho para mulheres e outros pode aumentar as
taxas de crescimento potencial global em até 0,2 ponto percentual ao ano até 2030.
World Bank warns of 'lost decade' in global growth without bold policy shifts
Reuters , Andrea Shalal
Average potential global economic growth will slump to a three-decade low of 2.2% per year through 2030,
ushering in a "lost decade" for the world's economy, unless policymakers adopt ambitious initiatives to boost
labor supply, productivity and investment, the World Bank warned on Monday.
Failure to reverse the expected broad-based slowdown in potential gross domestic product (GDP) growth
would have profound implications for the world’s ability to tackle climate change and reduce poverty, it said in
a new report.
But concerted efforts to boost investment in sustainable sectors, cut trade costs, leverage growth in services,
and expand labor force participation could boost potential GDP growth by up to 0.7 percentage point to 2.9%,
the report said.
"A lost decade could be in the making for the global economy," said World Bank chief economist Indermit Gill,
although he said policies that incentivize work, increase productivity, and accelerate investment could reverse
the trend.
The World Bank is also watching developments in the banking sector, which come as rising interest rates and
tightening financial conditions drive up the cost of borrowing for developing countries, Ayhan Kose, director of
the World Bank's forecasting group, told reporters.
"The slowdown we are describing ... could be much sharper, if another global financial crisis erupts, especially
if that crisis is accompanied by a global recession," Kose said, noting that recessions could weigh on growth
prospects for years.
The average GDP growth rate is a sort of "speed limit" for the global economy, charting the maximum long-
term rate at which it can grow without sparking excess inflation.
The report said the overlapping crises of the past few years, including the COVID-19 pandemic and Russia's
invasion of Ukraine, had ended nearly three decades of sustained economic growth, adding to building worries
about slowing productivity, which is essential for income growth and higher wages.
As a result, average potential growth in GDP was seen dropping to 2.2% from 2022-2030, down from 2.6% in
2011-21, and nearly a third lower than the 3.5% rate seen from 2000-2010.
Low investment will also slow growth in developing economies, with their average GDP growth dropping to 4%
for the rest of the 2020s, from 5% in 2011-2021 and 6% from 2000-2010.
Rising productivity, higher incomes and declining inflation helped one out of four developing countries reach
high-income status over the past three decades, but those economic forces are now in retreat, the report said.
It said productivity was likely to grow at its slowest clip since 2000, investment growth in 2022-2024 would be
half the rate seen in the last 20 years and international trade was growing at a much slower rate.
To change the trajectory, policymakers should prioritize taming inflation, ensuring financial-sector stability and
reducing debt, while promoting climate-friendly investments that could add 0.3 percentage point to annual
potential growth.
Lowering the costs associated with shipping, logistics, and regulations could boost trade, it said, calling for
changes to remove the current bias toward carbon-intensive goods inherent in many countries’ tariff schedules
and eliminate restrictions on access to environmentally friendly goods and services.
Expanding exports of digital services could result in big productivity gains, while raising labor force
participation rates for women and others could raise global potential growth rates by as much as 0.2
percentage point a year by 2030.
Data original da publicação: 27 de março de 2023

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