Você está na página 1de 7

Importação bélica ao Brasil cresce; expansão coincide com governo Bolsonaro

UOL , Jamil Chade


As importações de armas por parte do Brasil aumentaram no período entre 2018 e 2022, em comparação aos
cinco anos precedentes. Dados publicados nesta segunda-feira pelo Instituto Internacional de Pesquisas para
a Paz, de Estocolmo, revelam que o crescimento foi de 48%, enquanto o mercado mundial sofreu uma queda.
Alguns dos contratos foram assinados nos anos anteriores, mas diversas entregas ocorreram durante a
gestão de Jair Bolsonaro.
O levantamento que é considerado como a principal referência mundial no comércio de armas não apresenta
os dados em valores.
De uma maneira geral, a importação de armas pelos países do continente americano caiu em 21% entre
2013-2017 e 2018-2022. O governo dos EUA foi o maior importador da região, com 47% de tudo o que foi
comprado na região. Mas o Brasil apareceu em segundo lugar, com 15%.
Na América do Sul, a comparação entre os dois períodos ainda viu uma queda de 34% nas importações de
armas.
Para a entidade, apesar de a região ter poucos casos de "tensão entre estados", alguns países registraram
um "aumento significativo de programas de importação de armas". Um deles foi o Brasil, que passou a
responder por quase metade de toda a compra de material bélico da América do Sul no período entre 2018 e
2022, justamente no período que coincide com o governo Bolsonaro.
Grande parte do fornecimento (39%) veio da França, contra 14% do Reino Unido e 13% com a Suécia, país
com o qual o Brasil fechou um acordo para a compra de jatos.
Hoje, o Brasil representa 0,9% das importações de armas do mundo, o que coloca o país na 22a posição, ao
lado de Filipinas e Indonésia. No período entre 2013 e 2017, o Brasil representou 0,6% do mercado mundial.
No mundo, a liderança entre os maiores importadores é da Índia, seguida pelos sauditas e Catar. A grande
novidade foi o surgimento da Ucrânia como terceiro maior importador do mundo, em 2022, além da posição
de destaque da França como exportador, já ameaçando o segundo lugar ocupado tradicionalmente pelos
russos.
Paris aumentou suas vendas em 44% e passou a ocupar 11% do mercado mundial de armas, contra apenas
7% entre 2013-2017.
Segundo o levantamento, o volume internacional de transferências de armas ficou 5,1% abaixo dos
patamares do período entre 2013-2017.
Os maiores exportadores foram os EUA, Rússia, França, China e Alemanha. Juntos, eles controlaram 76% do
mercado mundial.
Os americanos ampliaram seu controle internacional e, se entre 2013-2017 eles representavam 33% do
comércio mundial de armas, eles terminaram 2022 controlando 40% de todas as transferências, 14% a mais
que nos cinco anos precedentes.
No total, os EUA forneceram armas para 103 países no mundo e o total vendido ficou 148% superior às
vendas russas, o segundo maior exportador do mundo.
O grande destino de armas dos EUA é o Oriente Médio, que ficou com 41% do abastecimento americano.
Para o instituto, o fornecimento é parte da estratégia para conter a influência iraniana. Não por acaso, quatro
dos dez principais destinos de armas americanas estão na região: Arábia Saudita (19%), Catar (6,7%), Kuwait
(4,8%) e Emirados Árabes Unidos (4,4).
Já as exportações da Rússia e da China caíram, em 31% e 23% respectivamente.
De acordo com a publicação, as exportações brasileiras aumentaram nesse período, com um crescimento
de 35%. Com isso, o Brasil passou a representar 0,3% do mercado mundial e ocupando a 23a posição. ?
Ainda assim, o país fica abaixo de Noruega e África do Sul. 25% das vendas são direcionadas para a
França, além de Nigéria e Chile. No Afeganistão, o Brasil é o segundo maior fornecedor de armas. Mas
com apenas 2,6% do mercado, contra mais de 90% por parte dos americanos. Data original da
publicação: 13 de março de 2023
Da guerra ao narcotráfico ao plano estratégico de fronteiras
Interesse Nacional , André Luiz de Azevedo
No Brasil a tradução da cooperação interagência estadunidense teve início com a securitização do
narcotráfico, tendo sofrido catalisação pela securitização do terrorismo nos EUA. O processo teria levado
tanto à definição de um modelo próprio de cooperação Defesa-Segurança Pública através do PEF, quanto à
policiação das Forças Armadas.
A presente pesquisa buscou compreender o atual modelo brasileiro de cooperação interagências, adotado
pelo binômio Defesa-Segurança Pública. Para tanto passou-se a investigar a gênese e as transformações
sofridas ao longo dos 20 anos compreendidos entre 1990 e 2010.
A questão da dinâmica interagências no Brasil não se distingue no aspecto conceitual daquilo que é
preconizado noutros Estados nacionais, especialmente aqueles localizados na América Latina e Caribe.
Entretanto, o modelo desenvolvido no Brasil possui particularidades que se alojam no centro das
transformações vivenciadas pela gestão pública governamental, notadamente a partir do processo político
brasileiro da redemocratização.
Merece destaque a definição do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF) e a inserção formal das Forças
Armadas na moldura da Segurança Pública, tanto como força subsidiária, para a garantia da lei e da ordem
(GLO, art. 15, §2º LC nº. 97/999), quanto nas atividades ordinárias de patrulhamento, na região da fronteira.
Tais elementos representariam a materialização no Brasil de um processo de tradução da ideia norte-
americana de cooperação interagências.
A securitização da guerra às drogas
A despeito de ter sido consolidada na gestão do então presidente dos EUA Bill Clinton, foi ainda na gestão do
presidente Ronald Reagan que se deu o ponto de partida do processo que ficou conhecido como a
securitização da guerra às drogas nos EUA.
Um dos marcos normativos que demonstra a atmosfera naquele período, no qual os EUA insistiam na
urgência em militarizar o combate ao narcotráfico na América Latina e Caribe foi a edição, em abril de 1986
de um documento chamado National Security Decision Directive (NSDD), de número 221, que integrava a
estratégia conhecida como Narcotics and National Security.
A peça afirmava que alguns grupos insurgentes financiam suas atividades pela taxação de ações vinculadas
ao tráfico de drogas, provendo proteção a traficantes locais ou cultivando suas próprias colheitas de drogas
(EUA, NSDD-221, 1986, p. 2). O documento teria sido a sinalização formal daquilo que anos mais tarde seria
classificado pelo governo dos EUA como ameaça existencial.
Já na década de 1990 são identificadas evidências da instalação no Brasil de um processo de tradução do
projeto estadunidense de combate às novas ameaças, o qual teve início no ambiente castrense, mas logo
passou a envolver agências civis. O processo é explicado pela forte mobilização discursiva, identificadas nas
estratégias Bush e Clinton e muito bem definida pela chamada teoria da securitização.
Essa iniciativa por parte da potência hegemônica teve ensejo principalmente pelo deslocamento do eixo
geopolítico, identificado já na 1ª Estratégia Nacional de Segurança dos EUA, no final da Guerra Fria, que
passou a contemplar entre suas prioridades estratégicas de segurança nacional o combate ao tráfico
internacional de drogas (EUA, NSS, 1991, p. 22).

A policiação das Forças Armadas


O atual modelo brasileiro de cooperação Defesa-Segurança Pública teve como berço a estrutura militar,
notadamente a partir das operações conjuntas realizadas entre as forças singulares, pautadas pelos vetores
da interoperabilidade.
Ao analisar os marcos normativos implementados pelo Estado brasileiro, que se relacionam com o processo
de tradução da política de cooperação interagências norte-americana, pode-se identificar diversos
marcadores legais que deram origem a um microssistema composto pela Constituição Federal de 1988, a Lei
Complementar nº. 97, de 9 de junho de 1999, a Lei Complementar nº. 117, de 2 de setembro de 2004, o
Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008 e a Lei Complementar nº. 136, de 25 de agosto de 2010.
O conjunto normativo reveste-se em vetor do processo de implantação do Estado Democrático de Direito, na
medida em que redimensiona o papel das Forças Armadas, colocando-as sob a tutela civil, com a criação do
Ministério da Defesa.
As transformações associaram plugs internos já existentes aos impactos narrativos norte-americanos, abrindo
caminho ao transbordamento das operações conjuntas, tipicamente militares, para envolver as estruturas da
Segurança Pública.
As operações conjuntas em território nacional, envolvendo as Forças Armadas e as Forças da Segurança
Pública, a despeito de já ocorrerem de forma circunstancial, ganharam maior legitimação no enfrentamento ao
narcotráfico com a Estratégia Nacional de Defesa (Decreto nº 6.703/2008), que tinha entre seus eixos
estratégicos o combate às chamadas novas ameaças à soberania do Estado, como o tráfico de drogas
transfronteiriços.
O processo de policiação das Forças Armadas se consolida com a sua designação para o desempenho de
atribuições tipicamente policiais, na região da fronteira (art. 16-A da LC nº 97/1999, com redação dada pela
LC º. 136/2010).
O conjunto é arrematado pelo Decreto nº. 7.496, de 8 de junho de 2011, que inaugura a 2ª década do Século
XXI, instituindo o PEF, o qual materializou o processo de tradução do modelo de cooperação interagências
idealizado pelos EUA ainda na década de 1980.

Influência do 11 de Setembro
Impende ressaltar que a demonstração da influência do episódio na modelagem da cooperação interagência
desenvolvida no Brasil carece de evidências que demonstrem a relação entre o modelo de cooperação
brasileiro e a securitização do terrorismo pelos EUA.
Houve tentativas de expansão do pensamento hegemônico dos EUA sobre a América Latina quando o
assunto era terrorismo, no contexto da cooperação regional em segurança. Ainda na gestão Clinton (1993 –
2001) buscava-se sequestrar o debate, no sentido de tornar os vizinhos brasileiros mais sensíveis e
responsivos às novas ameaças, incluindo o assunto terrorismo, sem êxito (SOARES, 2008).
O marco estratégico estadunidense para a guerra ao terrorismo, qual seja a National Defense Strategy, de
2005, não encontra no Brasil os reflexos desejados, havendo tímida menção ao terrorismo na END,
permitindo afirmar que o processo de tradução da cooperação interagências no Brasil era anterior e
independente do evento do 11 de Setembro.
A criação normativa que passou a definir o conceito de terrorismo no Brasil foi a Lei nº. 13.260, de 16 de
março de 2016, distando 15 anos do episódio que marcou o processo de securitização do terrorismo nos
EUA.
Data original da publicação: 07 de março de 2023
Aumento das importações de armas para a Europa, enquanto aumenta o domínio dos EUA no comércio global
de armas
SIPRI , Estocolmo International Peace Research Institute - Instituto de Pesquisa Internacional para a Paz de
Estocolmo
As importações de grandes armas pelos estados europeus aumentaram 47% entre 2013–17 e 2018–22,
enquanto o nível global de transferências internacionais de armas diminuiu 5,1%. As importações de armas
caíram em geral na África (-40 por cento), nas Américas (-21 por cento), na Ásia e na Oceania (-
7,5 por cento) e Oriente Médio (-8,8 por cento) – mas as importações para o Leste Asiático e alguns estados
em outras áreas de alta tensão geopolítica aumentaram acentuadamente. A participação dos Estados Unidos
nas exportações globais de armas aumentou de 33 para 40 por cento, enquanto a da Rússia caiu de 22 para
16 por cento, de acordo com novos dados sobre transferências globais de armas publicados hoje pelo
Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI).
“Mesmo que as transferências de armas tenham diminuído globalmente, as para a Europa aumentaram
acentuadamente devido às tensões entre a Rússia e a maioria dos outros estados europeus”, disse Pieter D.
Wezeman, Pesquisador Sênior do Programa de Transferências de Armas do SIPRI. ‘Após a invasão da
Ucrânia pela Rússia, os estados europeus querem importar mais armas, mais rápido. A competição
estratégica também continua em outros lugares:
as importações de armas para o Leste Asiático aumentaram e aquelas para o Oriente Médio permanecem em
um nível alto.'
(…)
Ucrânia se torna o terceiro maior importador de armas do mundo em 2022
De 1991 até o final de 2021, a Ucrânia importou poucas armas importantes. Como resultado da ajuda militar
dos EUA e de muitos estados europeus após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, a Ucrânia se
tornou o terceiro maior importador de grandes armas em 2022 (depois do Catar e da Índia) e o 14º maior em
2018–22. A Ucrânia foi responsável por 2,0% das importações globais de armas no período de cinco anos.
'Devido a preocupações sobre como o fornecimento de aeronaves de combate e mísseis de longo alcance
poderia aumentar ainda mais a guerra na Ucrânia, os estados da OTAN recusaram os pedidos da Ucrânia
para eles em 2022. Ao mesmo tempo, eles forneceram essas armas a outros estados envolvidos em conflito,
particularmente no Oriente Médio e no Sul da Ásia', disse Pieter D. Wezeman, Pesquisador Sênior do
Programa de Transferência de Armas do SIPRI.
Outros desenvolvimentos notáveis:
As importações de armas para o Sudeste Asiático diminuíram 42% entre 2013–17 e 2018–22. Essa queda
ocorreu, pelo menos em parte, porque os estados ainda estão absorvendo equipamentos entregues antes de
2018. As Filipinas contrariaram essa tendência, com um aumento nas importações de armas de 64%. Os
estados europeus da OTAN aumentaram suas importações de armas em 65 por cento enquanto buscavam
fortalecer seus arsenais em resposta a uma percepção de maior ameaça da Rússia.
As exportações de armas dos EUA para Türkiye diminuíram drasticamente entre 2013–17 e 2018–22 devido
a tensões bilaterais. Türkiye caiu de 7º para 27º maior destinatário de armas dos EUA.
As importações de armas pelos estados da África subsaariana caíram 23%, sendo Angola, Nigéria e Mali os
maiores receptores. A Rússia ultrapassou a China como o maior fornecedor de armas para a sub-região.
As importações de armas por três estados das Américas aumentaram significativamente: os EUA (+31 por
cento), Brasil (+48 por cento) e Chile (+56 por cento).
Entre os sete maiores exportadores de armas depois dos EUA, Rússia e
França, cinco países tiveram queda nas exportações de armas — China (-23 por cento),
Alemanha (-35 por cento), Reino Unido (-35 por cento), Espanha (-4,4 por cento) e Israel (-15 por cento) -
enquanto dois tiveram grandes aumentos - Itália (+45 por cento) e Coreia do Sul (+74 por cento).
Surge in arms imports to Europe, while US dominance of the global arms trade increases
SIPRI , Stockholm International Peace Research Institute
Imports of major arms by European states increased by 47 per cent between 2013–17 and 2018–22,
while the global level of international arms transfers decreased by 5.1 per cent. Arms imports fell
overall in Africa (–40 per cent), the Americas (–21 per cent), Asia and Oceania (–
7.5 per cent) and the Middle East (–8.8 per cent)—but imports to East Asia and certain states in other
areas of high geopolitical tension rose sharply. The United States’ share of global arms exports
increased from 33 to 40 per cent while Russia’s fell from 22 to 16 per cent, according to new data on
global arms transfers published today by the Stockholm International Peace Research Institute
(SIPRI).
‘Even as arms transfers have declined globally, those to Europe have risen sharply due to the tensions
between Russia and most other European states,’ said Pieter D. Wezeman, Senior Researcher with the SIPRI
Arms Transfers Programme. ‘Following Russia’s invasion of Ukraine, European states want to import more
arms, faster. Strategic competition also continues elsewhere:
arms imports to East Asia have increased and those to the Middle East remain at a high level.’
(…)
Ukraine becomes world’s third largest arms importer in 2022
From 1991 until the end of 2021, Ukraine imported few major arms. As a result of military aid from the USA
and many European states following the Russian invasion of Ukraine in February 2022, Ukraine became the
3rd biggest importer of major arms during 2022 (after Qatar and India) and the 14th biggest for 2018–22.
Ukraine accounted for 2.0 per cent of global arms imports in the five-year period.
‘Due to concerns about how the supply of combat aircraft and long-range missiles could further escalate the
war in Ukraine, NATO states declined Ukraine’s requests for them in 2022. At the same time, they supplied
such arms to other states involved in conflict, particularly in the Middle East and South Asia,’ said Pieter D.
Wezeman, Senior Researcher with the SIPRI Arms Transfers Programme.
Other notable developments:
Arms imports to South East Asia decreased by 42 per cent between 2013–17 and 2018–22. This
decrease was at least partly because states are still absorbing equipment delivered before 2018. The
Philippines bucked this trend, with an increase in arms imports of 64 per cent. European NATO states
increased their arms imports by 65 per cent as they sought to strengthen their arsenals in response to a
perceived heightened threat from Russia.
The USA’s arms exports to Türkiye decreased dramatically between 2013–17 and 2018–22 due to
bilateral tensions. Türkiye fell from 7th to 27th largest recipient of US arms.
Arms imports by states in sub-Saharan Africa fell by 23 per cent, with Angola, Nigeria and Mali the
biggest recipients. Russia overtook China as the largest arms supplier to the subregion.
Arms imports by three states in the Americas rose significantly: the USA (+31 per cent), Brazil (+48 per
cent) and Chile (+56 per cent).
Among the top seven arms exporters after the USA, Russia and
France, five countries saw falling arms exports—China (–23 per cent),
Germany (–35 per cent), the United Kingdom (–35 per cent), Spain (–4.4 per cent) and Israel (–15 per
cent)—while two saw large increases—Italy (+45 per cent) and South Korea (+74 per cent).
Data original da publicação: 13 de março de 2023

A TECNOLOGIA GANHA GUERRAS?


Relações Exteriores, Jacquelyn Schneider
As Forças Armadas dos EUA precisam de inovação de baixo custo - não de grandes gastos
É irônico que, apesar de duas décadas de conflito liderado pelos EUA no Afeganistão e no Iraque, foram
necessários apenas alguns meses da guerra da Rússia na Ucrânia para finalmente chamar a atenção para o
estado esgotado dos estoques de armas dos EUA e as vulnerabilidades nas cadeias de suprimentos militares
dos EUA. Nos últimos meses, os líderes militares americanos expressaram crescente frustração com a base
industrial de defesa. Como o oficial superior da Marinha dos EUA, almirante Mike Gilday, disse ao Defense
News em janeiro: “Não estou apenas tentando encher os depósitos com armas, mas estou tentando colocar
as linhas de produção dos EUA em seu nível máximo agora e tentar manter esse conjunto de faróis nos
orçamentos subsequentes para que continuemos a produzir essas armas.” Os combates na Ucrânia,
observou Gilday, deixaram claro para os líderes militares “que o gasto dessas armas de ponta em conflito
pode ser maior do que estimamos”.
Notavelmente, apenas 100 dias depois que os Estados Unidos aprovaram a transferência dos mísseis Javelin
e Stinger para a Ucrânia, os fabricantes de mísseis Raytheon e Lockheed-Martin alertaram que poderia levar
anos para restaurar seus estoques aos níveis pré-invasão. À medida que a guerra avança, os Estados Unidos
enfrentarão não apenas desafios na linha de produção, mas também dificuldades para obter acesso a
semicondutores e recursos brutos como cobalto, neon e lítio - elementos essenciais para a fabricação de
tecnologia militar moderna e que a China cada vez mais controles. Os Estados Unidos terão de desenvolver
os meios para sustentar seus atuais arsenais de armas sem sacrificar os recursos necessários para pesquisar
e desenvolver plataformas e munições de próxima geração.
Desde o fim da Guerra Fria, o Pentágono tem investido em tecnologia que limita as baixas, mas não diminui o
custo da mão de obra. Ele gastou pesadamente em tecnologias caras e escassas para ofensivas de primeiro
ataque, ignorando em grande parte o efeito de tais gastos em sua capacidade de financiar guerras e garantir
cadeias de suprimentos. Trinta anos depois desse impulso tecnológico, os Estados Unidos carecem de
tecnologia e recursos para manter o apoio à Ucrânia nos níveis atuais, muito menos para impedir a China de
invadir Taiwan.
Agora que essas fraquezas foram reveladas, elas merecem atenção séria. As dificuldades que os Estados
Unidos enfrentaram para atender às necessidades de armas da Ucrânia indicam os desafios muito maiores
que Washington provavelmente enfrentaria para manter sua vantagem em uma guerra travada com
tecnologias de campo de batalha mais avançadas. Uma compreensão clara da relação histórica entre
mudança tecnológica e guerra sugere que os Estados Unidos devem priorizar urgentemente uma tecnologia
que reduza não apenas os custos políticos, mas também os custos econômicos da guerra.

Does Technology Win Wars?


Foreign Affairs , Jacquelyn Schneider
The U.S. Military Needs Low-Cost Innovation—Not Big-Ticket Boondoggles
It is ironic that, despite two decades of U.S.-led conflict in Afghanistan and Iraq, it took just a few months of
Russia’s war in Ukraine to finally draw attention to the depleted state of U.S. weapons stocks and the
vulnerabilities in U.S. military supply chains. In recent months, American military leaders have expressed
increasing frustration with the defense industrial base. As the U.S. Navy’s top officer, Admiral Mike Gilday, told
Defense News in January, “Not only am I trying to fill magazines with weapons, but I’m trying to put U.S.
production lines at their maximum level right now and to try and maintain that set of headlights in subsequent
budgets so that we continue to produce those weapons.” The fighting in Ukraine, Gilday noted, has made it
clear to military leaders “that the expenditure of those high-end weapons in conflict could be higher than we
estimated.”
Tellingly, just 100 days after the United States approved the transfer of Javelin and Stinger missiles to Ukraine,
the missile manufacturers Raytheon and Lockheed-Martin warned that it could take years to restore their
stocks to pre-invasion levels. As the war drags on, the United States will face not only production line
challenges but also difficulties gaining access to semiconductors and raw resources such as cobalt, neon, and
lithium— elements that are essential to the manufacture of modern military technology and that China
increasingly controls. The United States will have to develop the means to sustain its current weapons
arsenals without sacrificing the resources it will need to research and develop nextgeneration platforms and
munitions.
Since the end of the Cold War, the Pentagon has invested in technology that limits casualties but does not
decrease the cost of manpower. It has spent heavily on expensive and scarce technologies for first-strike
offensives, largely ignoring the effect of such expenditures on its ability to fund wars and to secure supply
chains. Thirty years into this technological push, the United States lacks the technology and resources to
maintain support for Ukraine at present levels, much less to deter China from invading Taiwan.
Now that these weaknesses have been revealed, they deserve serious attention. The difficulties the United
States has faced in meeting Ukraine’s weapons needs hint at the far greater challenges Washington would
likely confront in maintaining its edge in a war fought with more cutting-edge battlefield technologies. A clear
understanding of the historical relationship between technological change and war suggests that the United
States should urgently prioritize technology that reduces not just the political costs but also the economic costs
of war.
Data original da publicação: 03 de março de 2023

Você também pode gostar