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QUESTÕES DE AULA
As mitocôndrias são organelos especializados na produção de energia metabólica nas células eucarióticas. A
sua origem terá ocorrido há cerca de 2 mil milhões de anos a partir de um ancestral bacteriano de vida livre,
através de um processo de endossimbiose. Todavia, estudos recentes apontam para a possibilidade de muitos
seres eucariontes unicelulares se terem adaptado à vida em habitats anóxicos(1), tendo as suas mitocôndrias
sofrido uma evolução redutiva adicional.
Investigações realizadas no Lago Zug, localizado na Suíça, permitiram identificar protistas ciliados da classe
Plagiopylea que viviam em estratos profundos do lago, permanentemente anóxicos e repletos de nitrato.
Nestes seres foi possível identificar bactérias endossimbióticas obrigatórias da espécie Azoamicus ciliaticola,
que têm um papel primordial no fornecimento de energia ao seu hospedeiro.
A. ciliaticola contém um genoma que codifica uma via de desnitrificação respiratória em vez de oxidases
terminais aeróbias, o que permite que o seu hospedeiro utilize nitrato em vez de oxigénio. Esta descoberta
levanta a hipótese de os eucariontes com mitocôndrias remanescentes terem adquirido, secundariamente,
endossimbiontes que fornecem energia para complementar ou substituir as funções das suas mitocôndrias
(figura 1).
Na sua forma livre, A. ciliaticola codifica apenas a cadeia respiratória de desnitrificação, o que é de salientar,
uma vez que quase todos os organismos desnitrificantes procariontes e eucariontes conhecidos até ao
momento possuem uma cadeia respiratória híbrida que também é capaz de utilizar oxigénio. Neste contexto,
parece provável que o antecessor de A. ciliaticola, adquirido pelo hospedeiro, seria uma bactéria desnitrificante
anaeróbica facultativa. Posteriormente, pode ter perdido a sua capacidade de utilizar oxigénio, quando o
hospedeiro passou a habitar exclusivamente águas anóxicas. A. ciliaticola representa, portanto, um exemplo
de um endossimbionte obrigatório que reteve funções celulares marcadamente semelhantes às das
mitocôndrias, embora não se tenha originado a partir da linha de descendência mitocondrial.
(1)
anóxicos – sem oxigénio
Figura 1 – Hipótese explicativa da evolução de um protista ciliado com A. ciliaticola. (1) A adaptação secundária de um
protista aeróbio a um ambiente anóxico, contendo nitrato, envolveu a deterioração das suas mitocôndrias e a formação de
hidrogenossomas (organelos membranares capazes de produzir hidrogénio). (2) Aquisição de uma bactéria desnitrificante
que entrou no hospedeiro ciliado anaeróbio por endocitose (2a) ou como parasita (2b). Neste último caso, o ancestral de
A. ciliaticola pode já possuir uma proteína transmembranar de ATP/ADP. (3) Alternativamente, a proteína transmembranar
de ATP/ADP foi adquirida por transferência lateral de genes (TLG) a partir de, por exemplo, um co-simbionte bacteriano.
Adaptado de Graf, J. et al. (2021). Anaerobic endosymbiont generates energy for ciliate host by denitrification.
NATURE, 591(7850), 445-450.
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BIOFOCO 11
QUESTÕES DE AULA
COLUNA I COLUNA II
(a) Modelo autogénico (3) Algum DNA do núcleo ter-se-á deslocado para as mitocôndrias.
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BIOFOCO 11
QUESTÕES DE AULA
1. Opção A.
2. Opção B.
3. Afirmações I, IV e V.
4. O aluno deve contemplar na sua resposta os seguintes elementos:
(A) O protista da classe Plagiopylea vive no lago Zug em condições anóxicas.
(B) As bactérias A. ciliaticola, sendo anaeróbias facultativas, conseguem produzir ATP a partir de
nitratos que se encontram no lago Zug.
(C) A endossimbiose das bactérias A. ciliaticola permitiu que o protista fosse beneficiado,
obtendo mais energia nas condições anóxicas.
5. Opção B.
6. Opção C.
7. Opção A.
8. (a) 3, 7; (b) 2, 5, 6; (c) 1, 4.
9. Opção D.
10. E–B–A–C–D
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