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INTRODUÇÃO

Neste tema iremos de falar sobre a legitimidade e a competência interna e externa dos
tribunais. Para compreender melhor o que é um conflito de competência é necessário saber
o que é competência, que pode ser definida como um critério de distribuição da atuação dos
órgãos/membros do Poder Judiciário para o desempenho de sua função de aplicar as leis
(jurisdição).

As regras para delimitação de competência estão dispostas em diversas normas, mas as


principais estão Código de Processo Civil e em normas de organização Judiciária.

Conforme o texto dos artigos, o conflito de competência ocorre quando dois ou mais juízes
se declaram competentes ou incompetentes para julgar um processo ou quando juízes
discordam quanto à reunião ou separação de processos.

Para resolver o conflito, é instaurado um incidente processual que, pode ser solicitado pelas
partes, Ministério Público ou pelos próprios juízes. Em regra, o incidente é decidido por um
órgão superior.

Por exemplo, conflito entre juízes de um mesmo Tribunal é decidido por um órgão
colegiado da 2a instância do Tribunal a que pertencem. Caso os magistrados sejam de
tribunais diferentes, o conflito é resolvido por um Tribunal Superior.

1.1. Objectivos

Geral:

 Explicar sobre a legitimidade e a competência interna e externa dos tribunais

Específicos:

 Descrever sobre a legitimidade e a competência interna e externa dos tribunais;

 Conhecer sobre a legitimidade e a competência interna e externa dos tribunais;

 Analisar a etapa do trabalho.


II – A LEGITIMIDADE E A COMPETÊNCIA INTERNA E EXTERNA DOS
TRIBUNAIS

2.1 Noções

A actual Constituição da República de Angola, ao estabelecer um novo enquadramento


político-jurídico do sistema judicial, veio criar condições para que se avance na definição e
execução de novas políticas públicas da justiça. A reforma do mapa e da organização
judiciária, que a Proposta de Lei que se apresenta neste trabalho incorpora, insere-se nesse
propósito tendo como objectivos concretos aumentar a eficiência e a qualidade do
desempenho dos tribunais, através da criação de uma nova geografia da justiça e de novos
modelos de organização e gestão dos tribunais da jurisdição comum.
2.2. Competência

Conceito: Trata-se da delimitação da jurisdição, ou seja, o espaço em que cada jurisdição


vai ser aplicada. É o alcance do poder do juiz distribuído por lei.

“Se todo o juiz tem jurisdição, nem todos, porém, se apresentam com competência para
conhecer e julgar determinado litígio. Só o Juiz competente tem legitimidade para fazê-lo.”

Quando é estabelecida

No momento da distribuição do processo. Será responsável por distribuir a lide para cada
órgão responsável de jurisdição, onde irá tramitar. Em regra, a competência não se
modifica.

Há três princípios que se destacam:

 Princípio da Tipicidade: toda competência está tipificada, ou seja, está prescrito em


lei quais são suas regras, qual órgão é competente e qual juiz irá julgar.

 Esta regra serve basicamente para evitar o “vai e vem” dos processos por mudanças;

 De fato (ex. domicílio) ou;

 De direito (lei afirmando que quem rouba camisas azuis deve ser demandado no
foro de seu domicílio).
 A regra serve também para “os engraçadinhos” que querem tirar vantagem com o
processo, atrasando a demanda do mesmo.

2.2.1. Competência Interna

Definida a competência internacional dos tribunais Angolanos ou não colocando o


problema pelo facto de a relação material controvertida a compor se ter desenvolvido
exclusivamente dentro dos limites do terrtitório nacional, impo~ee-se determinar qual dos
tribunais que integram a estrutura (organização) judiciária do País em concreto será o
competente para acção.

A determinação da competência interna dos tribunais Angolanos é feita com a base em


quatro ordens de razão, nomeadamente:

1. A competência em razão da matéria;

2. A competência em razão da hierarquia;

3. A competência em razão do valor;

4. E a competência em razão do território.

Artigo 29.º
Fixação da competência e proibição de desaforamento
A competência do Tribunal fixa-se no momento em que a acção é proposta ou em que é
aberta a instrução ou deduzida a acusação, sendo irrelevantes as modificações de facto que
ocorram posteriormente.
São igualmente irrelevantes as modificações de direito, salvo se for suprimido o órgão a
que o processo estava afecto, ou se deixar de ser competente em razão da matéria e da
hierarquia, ou se lhe for atribuída competência de que inicialmente carecesse para o seu
conhecimento.
Nenhum processo pode ser deslocado do Tribunal competente para outro, excepto nos
casos expressamente previstos na lei.
Artigo 30.º
Competência em razão da matéria
São da competência dos Tribunais da jurisdição comum todas as causas que não sejam por
lei atribuídas a outra jurisdição.
A competência em razão da matéria entre os Tribunais da jurisdição comum é fixada na
presente lei ou no respectivo diploma de criação.
Artigo 31.º
Competência em razão da hierarquia
Os Tribunais encontram-se hierarquizados para efeitos de recurso.
Os Tribunais da Relação conhecem, em regra, de todos os recursos.
O Tribunal Supremo conhece, em regra, apenas os recursos das causas cujo valor exceda a
alçada do Tribunal da Relação ou, em matéria criminal, nos termos definidos na presente lei
e na lei de processo.
Aos Tribunais de Comarca é atribuída competência para apreciar, em via única de recurso,
a conformidade constitucional das decisões dos Julgados de Paz.
A presente lei e as leis de processo estabelecem os critérios definidores da competência dos
Tribunais em razão da hierarquia.
Artigo 32.º
Regra geral sobre competência
Todas as causas devem ser instauradas nos Tribunais de Comarca, sem prejuízo do disposto
na lei quanto à competência em primeira instância dos Tribunais Superiores.
Artigo 33.º
Competência territorial
O Tribunal Supremo tem competência jurisdicional em todo o território nacional, os
Tribunais da Relação na respectiva região judicial e os Tribunais de Comarca na área
territorial da respectiva comarca, conforme os mapas II e III, anexos à presente lei e que
dela fazem parte integrante.
Às Salas de Competência Especializada e de Pequenas Causas, resultantes do
desdobramento do Tribunal de Comarca, pode ser atribuída jurisdição em toda a área
territorial da comarca ou apenas em determinados municípios.
A lei do processo determina os elementos de conexão territorial das causas.
Artigo 34.º
Regra especial de competência territorial
Pode ser atribuída ao Tribunal de Comarca a competência territorial sobre um ou mais
Municípios de outra Província, diferente daquela onde se situa o Tribunal, sempre que
razões de acessibilidade ou de racionalização dos meios judiciais o justifiquem.
Artigo 35º
Alçadas
Em matéria cível, a alçada dos Tribunais da Relação é de 16.000 UCFs e a dos Tribunais de
Comarca é de 8.000 UCFs.
Em matéria criminal não há alçada, aplicando-se as disposições processuais e as constantes
da presente lei relativas à admissibilidade de recurso.
Artigo 36.º
Definição e sede
O Tribunal Supremo é o órgão superior da hierarquia dos Tribunais da jurisdição comum,
sem prejuízo da competência própria do Tribunal Constitucional.
O Tribunal Supremo tem a sua sede em Luanda.
Artigo 37.º
Poderes de cognição
O Tribunal Supremo conhece, em regra, de matéria de direito, podendo conhecer de matéria
de facto nos casos previstos na lei.
O Tribunal Supremo funciona como tribunal de primeira instância, nos casos que a lei
determinar.
Artigo 38.º
Composição, organização, funcionamento e competência
São órgãos do Tribunal Supremo, o Presidente, o Plenário e as Câmaras que podem ser
desdobradas em Salas.
Sem prejuízo do disposto na presente lei, a composição, a competência, a organização e o
funcionamento das Câmaras e das Salas são estabelecidos na respectiva Lei Orgânica.
Artigo 39.º
Regra em matéria de competência
As Câmaras, segundo a sua especialização, julgam, em matéria de facto e de direito, os
recursos das decisões proferidas, em segunda instância, pelos Tribunais da Relação, nos
termos da presente lei e da lei de processo.
É sempre admissível recurso para o Tribunal Supremo, em matéria de direito, das decisões
proferidas pelos Tribunais da Relação nas causas de valor superior à alçada do Tribunal da
Relação ou, em matéria criminal, sempre que seja aplicada pena ou medida privativa da
liberdade.
Sem prejuízo do recurso em matéria de direito, é sempre admissível recurso para o Tribunal
Supremo em matéria de facto das decisões proferidas pelos Tribunais da Relação nas
causas de valor superior ao dobro da alçada do Tribunal da Relação e, em matéria criminal,
sempre que tenha sido aplicada pena ou medida privativa da liberdade superior a cinco
anos.

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