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RESUMO
ABSTRACT
Diante do que já foi dito, considerando que é a consciência que nos oferta as
respostas que se deve dar diante de cada situação, deve-se tomar como
pressuposto que não pode haver várias respostas corretas diante de um mesmo
evento, pois se estaria diante de um relativismo que nos impossibilitaria de avaliar
ou julgar qualquer ato humano.
Em face delas o homem age, sempre, com liberdade que, segundo a visão
da filosofia, é a condição daquele que é livre, capaz de agir por si próprio,
autodeterminado, autônomo e espontâneo.
No contexto desta pesquisa, é a liberdade um vetor importante, uma vez que
é no seu gozo que o homem escolhe como lidar com a vida que se coloca à sua
frente, da mesma forma que é também por ela que o homem é confrontado pelas
circunstâncias da sua história.
Essas circunstâncias atuam de forma condicionante dentro da estrutura da
pessoa humana, isto é, existem fatores que não se escolhe ou altera, são factuais e
irremediáveis. Entretanto, a pessoa pode sim escolher como agir, mesmo diante
delas, ou seja, “apesar delas”.
Se está a falar, pois, da liberdade da vontade humana, da escolha, do livre
arbítrio, e, ainda de forma mais articulada aos conceitos franklianos, fala-se de uma
liberdade que compreende a possibilidade de ação dos sujeitos frente ao seu
destino, à sua história, e não livre daquelas mesmas condicionantes das quais já se
falou e dentre as quais estão, de forma preponderante, as limitações biopsíquicas e
sociais.
Embora os fatores biopsíquicos sociais possam limitar o homem em algumas
circunstâncias, jamais se pode dizer que ele perde a sua liberdade de agir. Pode-se
mencionar as limitações físicas, psíquicas ou sociais existentes em uma pessoa
sem ao mesmo tempo determinar quem ela será ou o que ela fará, pois, na medida
em que a pessoa não se deixa condicionar por suas condições factuais, mas sim
por valores, pode-se, então, ter a liberdade de dizer “sim” à sua realidade humana
mais elevada e deste modo elevar conjuntamente todas as outras dimensões de seu
ser.
Essa liberdade, porém, não pode ser confundida com arbitrariedade, mas
interpretada sob o prisma da responsabilidade. O ser humano é responsável por dar
a resposta certa para as perguntas que a vida o faz, encontrando assim o
verdadeiro sentido de uma situação (FRANKL, 2011, p.81).
A escolha a ser tomada neste momento baseia-se na responsabilidade, na
tomada de decisão de acordo com a consciência. Na tradução alemã da palavra
responder (antworten), nos deparamos com uma palavra que tem nela sua origem a
palavra responsável (verantwortlich). Assim, na língua alemã, poderíamos dizer que
o homem responsável é aquele que responde à vida (FRANKL, 2016, p.130).
A consciência, definida como geradora de responsabilidade, tem, por
pressuposto, a mesma capacidade que a inteligência humana tem de julgar acerca
do valor moral dos próprios atos. Pode-se dizer que o puro arbítrio, ou a liberdade
sem responsabilidade, equivale a culpa como sentimento de ser responsável sem
liberdade.
A consciência é essencial, mas está a serviço de alguma coisa, diz Frankl em
seu livro psicoterapia e sentido da vida: “Assim se quiséssemos definir o homem,
teríamos que caracteriza-lo como o ser que vai se libertando daquilo que o
determina (biologicamente, psiquicamente e sociologicamente), como ser que
transcende todas essas determinações, dominando-as, se bem que dependa
também delas.” (FRANKL, 2019, p. 159)
Frankl diz que o ser humano é a totalidade, enquanto ser humano ele é livre,
é responsável, e é consciência. A formação da consciência se dá na relação com as
pessoas e com o mundo e faz parte de todo processo de aprendizagem que vamos
tendo. Frankl diz que só se descobre o sentido na realização de valores, e a
consciência guia-se nesse caminho tanto da descoberta, quanto da realização.
(FRANKL,2019, p.107 e 108)
Para iniciar o processo do dever-ser, precisa-se realizar valores, e estes
estão ligados ao sentido. Os valores são as possibilidades concretas que se
encontram dentro do contexto da própria vida, o dever-ser não está ligado a algo
distante do que se é, mas aquilo que se é chamado a ser, discernir se algo tem
sentido ou não, discernir o que é essencial e o que não é, o que é importante e o
que não é, estando tudo isso relacionado aos chamados diários da vida. A
consciência ajuda a unir o sentido do que é pessoal ao sentido universal. Torna-se
necessário afinar a consciência para se imunizar das influências que massificam o
homem.
O homem nunca é, mas sim se torna, é um ser que não está feito pois tem
uma tarefa, uma missão a cumprir. Uma missão fraternal, capaz de reconhecer o
outro como pessoa e não fechar-se em si mesmo para superar o egocentrismo.
O desenvolvimento humano com base na responsabilidade perante o outro e
perante a si próprio faz com que se possa atingir um sentido comum para todos,
sendo capaz de decidir e assumir uma atitude responsável diante da vida, de buscar
abrir-se ao outro e ao mundo, de amar e de com dignidade sofrer. Infere-se,
portanto, que ao não agir de modo livre e responsável, se abrindo ao transcendente,
o homem pode vir a abafar a voz de sua consciência.
CONCLUSÃO
FRANKL, Viktor. O que não está escrito nos meus livros: memórias. 2ed. São
Paulo: Editora É realizações, 2010.
FRANKL, Viktor. Sede de sentido. 5ed. São Paulo: Editora Quadrante, 2020.
GOLIN, Monique Francine; PEREIRA, Claudia Carolina; PIVETA, Caio Cesar Atallah
de Castro; BERVIQUE, Janete de Aguirre. AUTENTICIDADE, ANGÚSTIA E
DECADÊNCIA EM MARTIN HEIDEGGER. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA
DE PSICOLOGIA - 1806-0625, Garça, ano IX, ed. 16, maio 2011. Disponível em:
http://faef.revista.inf.br/site/e/psicologia-16-edicao-maio-de-2011.html#tab613.
Acesso em: 30 set. 2022.