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Coordenação-Geral de Tributação
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por meio de precatório, mantém a natureza jurídica do fato que lhe deu
origem, mesmo quando transferido a outrem com base em cessão do
direito de crédito. Independentemente da apuração do ganho de capital a
que se submetem o cedente e o cessionário, deverá a Fazenda Pública ou a
Instituição Financeira, por ocasião do pagamento ou crédito do valor do
precatório ao cessionário, efetuar a retenção e o recolhimento do imposto
sobre a renda na fonte, com base na tabela progressiva resultante da
multiplicação da quantidade de meses a que se referem os rendimentos
pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao
mês do recebimento ou crédito. Referido imposto não poderá ser deduzido
nas declarações de ajuste anual do cedente e do cessionário.
Dispositivos Legais: Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, art. 12-A;
Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010; Lei nº 13.149, de 21 de julho
de 2015; Instrução Normativa RFB nº 1.500, de 29 de outubro de 2014,
arts. 36 e 37; Instrução Normativa RFB nº 1.558, de 31 de março de 2015;
Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010; Medida Provisória nº
670, de 10 de março de 2015.
Relatório
Fundamentos
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2. Destaque-se que a Solução de Consulta desenvolve-se com base nos fatos
descritos pela interessada, mas não os convalida, pois isso importaria análise de matéria
probatória, o que é incompatível com o processo de consulta, disciplinado pela IN nº 1.396, de
16 de setembro de 2013, cujo objetivo é propiciar o correto cumprimento das obrigações
tributárias pelo sujeito passivo que apresenta dúvida sobre dispositivo da legislação aplicável
ao fato narrado.
5. Posteriormente, de acordo com a nova redação dada ao art. 12-A da Lei nº 7.713,
de 1988, pela MP nº 670, de 10 de março de 2015 (convertida na Lei nº 13.149, de 21 de julho
de 2015), a sistemática de tributação dos RRA acima referida, a partir de 11 de março de 2015,
passou a ser aplicada de forma mais genérica aos rendimentos submetidos à incidência do
imposto sobre a renda com base na tabela progressiva, e não somente aos rendimentos
decorrentes do trabalho, aposentadoria, pensão e reserva ou reforma, como previsto
anteriormente. Nesse sentido, confere-se a nova redação dada ao caput do art. 12-A da Lei nº
7713, de 1988:
Os rendimentos recebidos acumuladamente e submetidos à incidência do imposto
sobre a renda com base na tabela progressiva, quando correspondentes a anos-
calendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na
fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos
recebidos no mês.
6. Tratando-se de cessão dos direitos de créditos, não se pode esquecer que, além
da tributação exclusivamente na fonte a que se refere o art. 12-A da Lei nº 7.713, de 1998,
acima destacada, deve-se observar ainda que o cessionário deverá apurar o ganho de capital,
tributando o resultado positivo obtido. Assim, a análise será feita em duas partes: a) incidência
do imposto sobre a renda sobre o ganho de capital apurado na cessão dos créditos; e b)
incidência do imposto exclusivamente na fonte prevista no art. 12-A da Lei nº 7.713, de 1998.
7.1. Nas palavras de Silvio Rodrigues (Direito Civil. 9ª edição, volume 4. São Paulo:
Ed. Saraiva, 1995, pág. 297), o negócio jurídico cessão de crédito:
7.2. O imposto sobre a renda tem como fato gerador a aquisição de disponibilidade
econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, inclusive rendimentos e
ganhos de capital, sendo que, em relação às pessoas físicas, no regime de retenção na fonte,
essa disponibilidade ocorre quando do pagamento do rendimento.
§ 1º - O imposto de que trata este artigo deverá ser pago até o último dia útil do
mês subsequente ao da percepção dos ganhos.
7.5. Nos termos da legislação exposta nas linhas anteriores, observa-se que se
encontra dirimida a forma de tributação do ganho de capital, restando esclarecer pontos
específicos relativos à obrigação do consulente (cessionário) relativamente ao negócio jurídico
da cessão de direito sobre o crédito recebidos por meio dos precatórios.
7.6. Quanto à pessoa do cessionário, no caso ora sob análise, está sujeito à incidência
do imposto sobre a renda, conforme §§ 2º e 3º do art. 3º da Lei nº 7.713, de 1988, o ganho de
capital apurado pela diferença positiva entre o valor recebido por meio dos precatórios
decorrentes de verbas salariais contra a Fazenda Estadual e o respectivo custo de aquisição dos
créditos (valor pago aos cedentes na aquisição dos direitos).
7.7. O ganho de capital será apurado no mês em que for auferido, e tributado em
separado, à alíquota de 15% (quinze por cento), não integrando a base de cálculo do imposto na
declaração de rendimentos, e o valor do imposto pago não poderá ser deduzido do devido na
declaração (artigo 21 e parágrafos da Lei nº 8.981, de 1995).
Quanto ao cedente:
Os ganhos de capital serão apurados, pela pessoa física cedente, no mês em que
forem auferidos, e tributados em separado, à alíquota de 15% (quinze por cento),
não integrando a base de cálculo do imposto na declaração de rendimentos, e o
valor do imposto pago não poderá ser deduzido do devido na declaração.
Quanto ao cessionário:
...
8.1. A regra prescrita no art. 12-A da Lei nº 7.713, de 1998, encontra-se disciplinada
pela RFB por meio da IN nº 1.500, de 2014, cujo art. 36 (após as alterações promovidas pela
IN RFB nº 1.558, de 31 de março de 2015) contém a seguinte redação:
Art. 36. Os RRA, a partir de 11 de março de 2015, submetidos à incidência do
imposto sobre a renda com base na tabela progressiva, quando correspondentes a
anos-calendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente
na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos
recebidos no mês.
8.3. A questão, agora, reside em saber se essa sistemática deverá ser observada
também quando tiver ocorrido a cessão do direito, sendo o pagamento do precatório efetuado
ao cessionário dos créditos relativas a diferenças salariais correspondentes a anos-calendário
anteriores ao do recebimento. Ou seja, se essa regra persiste concomitantemente com a
tributação do ganho de capital. Em caso positivo, se o cálculo do imposto sobre a renda na
fonte será efetuado com base na tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de
meses a que se referem os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal
correspondente ao mês do recebimento ou crédito, como previsto no art. 48 da IN RFB nº
1.500, de 2014, para a sucessão causa mortis.
8.5. Esse entendimento foi ratificado por meio da Solução de Consulta nº 19, de 25
de fevereiro de 2015, na qual ficou consignado que:
21. Nos termos do item 18 do Parecer SRF/Cosit nº 26, de 2000, o crédito
líquido e certo, decorrente de ações judiciais, instrumentalizado por meio de
precatório, mantém por toda a sua trajetória a natureza jurídica do fato que lhe
deu origem, independendo, assim, de ele vir a ser transferido a outrem, e o
acordo de cessão de direitos não pode afastar a tributação na fonte dos
rendimentos tributáveis relativo ao precatório no momento em que for quitado
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. E ainda de
acordo com o item 18.1 do referido parecer, em função da natureza jurídica do
crédito cedido, ocorrerá a incidência de imposto sobre a renda retido na fonte,
quando cabível, no momento do pagamento do precatório, considerado como tal
quando ocorrer a homologação da compensação do precatório com débitos de
natureza tributária do cessionário para com a União, os Estados, o Distrito
Federal ou os Municípios.
23. Releva notar que o cedente não pode aproveitar o imposto de renda
retido na fonte à medida que não pode computar o respectivo rendimento entre
aqueles tributáveis, em virtude da cessão efetuada, e que o imposto retido na
fonte não compõe a base de cálculo do ganho de capital apurado pelo
cessionário.
8.7. Como se viu, o crédito líquido e certo, decorrente de ação judicial, materializado
pelos precatórios, mantém a natureza jurídica do fato que lhe deu origem, independendo, assim,
de ele vir a ser transferido a outrem com base em cessão do direito de crédito. Desse modo, o
contrato de cessão de direitos não afasta a tributação exclusivamente na fonte dos rendimentos
relativos ao precatório no momento em que este for quitado pela Fazenda Pública, incidência
esta que está expressamente estabelecida no art. 12-A da Lei nº 7.713, de 1998, e que deve
levar em consideração a quantidade de meses de anos-calendário anteriores, a que se referem os
rendimentos pagos.
8.8. Note-se que a incidência do imposto sobre a renda na fonte acima destacada não
se confunde com a obrigação pessoal do cessionário relativa ao acréscimo patrimonial obtido
pela apuração do ganho de capital, sobre o qual deverá recolher o imposto sobre a renda como
já se demonstrou anteriormente. Convém observar que, ao firmar o contrato de cessão, o
cessionário já tinha conhecimento de que o valor do precatório, por sua natureza jurídica
original (verbas salariais de anos-calendário anteriores), seria submetido à incidência do
imposto sobre a renda na fonte nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713 de 1988, e que lhe
caberia o valor líquido, este que será considerado o valor de alienação para o ganho de capital.
8.9. Destarte, havendo a cessão do direito de crédito referente aos valores de RRA,
tributados exclusivamente na fonte, conforme disposto no art. 12-A da Lei nº 7.713, de 1988 –
independentemente da apuração do ganho de capital a que se submetem o cedente e o
cessionário – deverá a Fazenda Pública por ocasião do pagamento do precatório ao cessionário
efetuar o cálculo do imposto com base na tabela progressiva resultante da multiplicação da
quantidade de meses a que se referem os rendimentos pelos valores constantes da tabela
progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito.
Conclusão
9.2. Na cessão original, ou seja, naquela em que ocorre a primeira cessão de direitos,
a pessoa física cedente deve apurar o ganho de capital considerando o custo de aquisição igual
a zero, porquanto não existe valor pago pelo direito ao crédito; nas cessões subsequentes, o
custo de aquisição será o valor pago pelo direito. O valor de alienação será o montante que o
cedente receber do cessionário pela cessão de direitos do crédito.
9.3. A pessoa física cessionária deve apurar o ganho de capital considerando como
custo de aquisição o valor pago ao cedente, quando da aquisição da cessão de direitos do
crédito. O valor de alienação será a importância líquida recebida, descontado o imposto sobre a
renda retido na fonte, por ocasião do recebimento do precatório, e excluídas eventuais
deduções legais.
9.4. O crédito a que se refere o art. 12-A da Lei nº 7.713, de 1988, decorrente de
ação judicial e materializado por meio de precatório, mantém a natureza jurídica do fato que
lhe deu origem, mesmo quando transferido a outrem com base em cessão do direito de crédito.
Assinado digitalmente
GUSTAVO ROTUNNO DA ROSA
Auditor-Fiscal da RFB
Chefe da Dirpj - Substituto
Ordem de Intimação