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Volta Redonda, RJ
2022
A PROBLEMÁTICA PRESENÇA DE METAIS PESADOS EM COSMÉTICOS
Orientadora:
Volta Redonda, RJ
2022
AGRADECIMENTOS
À Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades, por todos os momentos em
que achei que não conseguiria e Ele me mostrou que eu sou capaz.
À esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que me permitiram conhecer
um novo horizonte superior.
À minha orientadora, Renata Martins, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas
correções e incentivos.
À minha família que sempre me apoiou, me ajudou e me fez acreditar em tudo o que eu posso
conquistar.
Ao meu pai, João Batista, que sempre fez o possível e impossível para que eu pudesse
conquistar tudo o que eu almejo. O apoio, suporte e incentivo em todos os momentos me
fizeram chegar até aqui.
À minha mãe, Elizabeth Batista, que esteve ao meu lado em diversos momentos, me apoiando
e me incentivando nesta jornada.
Às minhas irmãs, Evelyn Batista e Francyelen Batista, que sempre fizeram de tudo para que eu
pudesse conquistar os meus objetivos, estão ao meu lado desde que nasci, sempre me dando o
suporte necessário para que eu enfrentasse essa jornada.
Ao meu cunhado, Francisco Jr, que é como um irmão para mim, que sempre me ajudou e me
incentivou nos meus objetivos.
Aos meus amigos que estavam comigo antes e os que eu fiz durante esta trajetória, que sempre
estiveram comigo, principalmente nos momentos em que eu mais precisava
Ao meu namorado, Gabriel Amaral, que esteve comigo do início ao fim deste trabalho, que em
todos os momentos esteve ao lado me apoiando, incentivando e me acalmando.
Agradeço a todos que fizeram parte desta fase na minha vida, que de alguma forma fizeram a
diferença para que eu chegasse até aqui.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dra Renata Luz Martins – UFF
_____________________________________________
Prof. Dra Alessandra Rodrigues Rufino – UFF
_____________________________________________
Prof. Dr Thiago Simonato Mozer - UFF
Volta Redonda, RJ
2022
RESUMO
A utilização de cosméticos está presente desde o início das civilizações. No Egito Antigo foram
encontrados os primeiros registros de tal afirmação. A utilização de diversas matérias-primas
na produção de cosméticos utilizados no rosto, pode conter metais pesados como impurezas.
Sabe-se que a contaminação por metais pesados pode levar a diversas alergias e
hipersensibilidades. Podem estar presentes os metais como Cobre, Níquel, Cobalto, Chumbo,
Cádmio, entre outros, nas formulações de produtos cosméticos. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), é responsável pela produção e comercialização dos cosméticos a
partir do Decreto Presidencial n° 3029 de 16 de abril de 1999. Visando regulamentar, fiscalizar,
controlar a produção e a comercialização dos produtos. A partir da pesquisa bibliográfica
qualitativa sobre o tema, baseando-se em diferentes trabalhos científicos, foi possível constatar
a presença destes metais em diversas sombras para os olhos que estavam disponíveis para
acesso ilimitado pela população. A preocupação decorrente dos efeitos bioacumulativos destes
elementos a curto, médio e a longo prazo torna-se cada vez mais em evidência, devido ao seu
uso constante no cotidiano e as diferentes formas de aplicação.
Pb Chumbo
Cd Cádmio
Cr Cromo
Ni Níquel
HPPC Produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos
RDC Resolução de diretoria colegiada
NOTIVISA Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária
VIGIPOS Sistema de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária
SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
D.O. U Diário oficial da União
FDA Food and Drug Administration
EUA Estados Unidos da América
UE União Europeia
PPM Parte por milhão
TiO2 Dióxido de Titânio
Co Cobalto
Hg Mercúrio
Al Alumínio
Pb(C2H3O2) 2 Acetato de Chumbo
FeAsS Arsenopirita
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 12
2 OBJETIVOS................................................................................................ 14
2.1 Objetivo geral................................................................................................ 14
2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 14
3 REVISÃO DA LITERATURA................................................................... 15
3.1 HISTÓRIA DA COSMETOLOGIA........................................................... 15
3.4.1 Matérias-primas............................................................................................. 23
3.4.2 Maquiagem..................................................................................................... 25
3.5 MAQUIAGEM PARA OS OLHOS – SOMBRAS.................................... 27
3.5.1 A Pele............................................................................................................. 29
3.6 EFEITOS ADVERSOS CAUSADOS POR SUBSTÂNCIAS
TÓXICAS...................................................................................................... 30
3.6.1 Efeitos dos resíduos de metais em cosméticos............................................... 31
4 METODOLOGIA........................................................................................ 32
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 33
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 42
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 43
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1 - INTRODUÇÃO
A história dos cosméticos começa na pré-história, onde a pintura corporal era de suma
importância, com a utilização de terra, seiva de folhas esmagadas, cascas de árvores e orvalho,
aplicados sobre a pele garantiam o efeito desejado, seja para higiene pessoal ou religioso.
Registros da utilização de argila corporal encontrados, assim como o uso do sabão com uma
mistura perfumada à base de cinzas, caracterizam o início da história cosmetológica a partir do
Egito Antigo (ALMEIDA, et al, 2019).
Ainda assim, alguns produtos podem oferecer riscos à saúde, devido às suas
formulações, impurezas de metais tóxicos podem estar presentes através do meio de fabricação,
na origem dos pigmentos que conferem cor aos produtos ou até mesmo por produtos de origem
duvidosa. Nas sombras, esses pigmentos, como forma de óxidos metálicos, contaminam o
cosmético. Essas impurezas podem desencadear uma sucessão de eventos adversos ou até
mesmo hipersensibilidades em quem utiliza.
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Uma variedade de estudos encontrou metais pesados como Chumbo (Pb), Cádmio
(Cd), Cromo (Cr), Níquel (Ni), entre outros, presentes como forma de impurezas nas
formulações de maquiagens. Esses metais possuem efeito acumulativo no organismo,
favorecido pelo uso constante desses produtos que ocasionam doenças que possuem
diagnósticos difíceis, pois inicialmente possuem características assintomáticas. Sendo assim,
torna-se cada vez mais necessário analisar e quantificar essas impurezas (FRIGO, et al, 2021).
Dentro deste contexto, este trabalho teve como objetivo levar a informação necessária
para que o consumo de produtos de maquiagens, com destaque para as sombras, seja mais
consciente. A partir de uma revisão bibliográfica onde o foco foi buscar informações sobre as
regulamentações dos limites dos metais presentes, quais estão presentes e seus problemas, assim
como os riscos em potencial em que a população tem acesso ilimitado ao utilizar maquiagens
no cotidiano.
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2 - OBJETIVOS
3 - REVISÃO DA LITERATURA
Segundo Vita (2008), o uso do blush, na Grécia Antiga, era feito com amoras e
algas marinhas, sua coloração era por meio do uso do cinabre, conhecido como sulfeto de
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mercúrio, possuindo uma coloração avermelhada. Seu contato direto na pele facilitava a
ingestão do produto provocando envenenamentos. No teatro era comum mortes por intoxicação
pela utilização de maquiagens à base de pigmentos minerais onde havia a presença de chumbo
ou mercúrio (CSORDAS, 2010).
No Império Romano, o médico Cláudio Galeno (129-199), desenvolveu um creme,
nomeado de Unguentum Refrigerans, onde sua composição continha cera de abelha, óleo de
oliva e água de rosas. Utilizado até os dias atuais, o creme proporciona uma sensação refrescante
na pele. Após a queda do Império Romano, o declínio do uso de cosméticos foi marcado pelos
inúmeros obstáculos até a sua ascensão. O radicalismo religioso e a criação de leis foram os
principais causadores do período da erradicação do uso de cosméticos na Europa (CRQ, 2022).
Segundo Csordas (2010), na Idade Média, os banhos foram proibidos e assim
seguiu durante os 400 anos seguintes, motivado pela epidemia de peste-negra, onde o
cristianismo e a medicina da época acreditavam-se que a água quente abriria os poros
permitindo-lhes que a doença entrasse no corpo. Segundo o Conselho Regional de Química “As
Cruzadas devolveram a este período alguns costumes do culto à beleza, já que os cruzados
traziam do oriente, cosméticos e perfumes.”
Na Idade Moderna, no século XV, o Renascimento trouxe de volta o culto à beleza e
o florescimento das artes. O homem se torna o centro do universo. Leonardo da Vinci quando
representou Monalisa, com a pele saudável, suave, delicada e exaltando sua beleza,
proporcionou a retomada dos cuidados com o embelezamento (TANIKAWA, 2015).
Segundo Almeida, et al. (2019), em 1880, século XIX, é a data marcada pelo
nascimento da moderna indústria de cosméticos. Ainda assim, somente no século XX, com os
avanços da indústria química fina, os cosméticos se tornam produtos de uso geral.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria
e Cosméticos (ABIHPEC), com base no panorama do setor atualizado, o Brasil se encontra em
4° lugar no ranking do mercado consumidor global, ficando atrás apenas dos EUA, China e
Japão, respectivamente. O consumo de maquiagem no território nacional fica em 7° lugar na
classificação por categorias. Em 2021/2020, o segmento de produtos de higiene pessoal,
perfumaria e cosméticos (HPPC) no Brasil obteve um crescimento de 5,4%.
O objetivo maior dos produtos cosméticos é proporcionar uma experiência de bem-
estar e cuidados com a saúde do ser humano. Portanto, é necessário que haja resoluções da
legislação sanitária e regulamentos, controlando a qualidade dos produtos que estão disponíveis
no mercado brasileiro. A grande preocupação com a segurança dos produtos origina-se por
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serem considerados de venda livre, portanto, o consumidor pode adquiri-los quando desejar,
como preferir, sem a interferência de um profissional da saúde (BEHRENS; CHOCIAI, 2007).
A cada etapa que o produto cosmético é submetido para ser liberado, como registro,
notificação do produto, autorização de funcionamento/Inspeção, entre outras, existem
resoluções a serem cumpridas, representadas nos quadros 1 e 2.
Segundo a Anvisa, a Resolução n.º 79, de 28 de agosto de 2000, define os produtos
cosméticos, estabelecendo as listas de corantes, substâncias proibidas, restritas e normas de
rotulagem. As escolhas das matérias-primas para o preparo de formulações para os produtos
cosméticos deve ser as resoluções de produtos liberados, restritos ou proibidos.
No quadro 1 estão sendo mostradas as resoluções para registro de produtos, essas
etapas são necessárias para que a Anvisa libere os produtos para acesso pela população. A
Autorização de funcionamento/Inspeção segue portarias e resoluções mostradas no quadro 2,
onde são definidas as etapas para os produtos seguirem para a liberação, como a documentação
necessária para a solicitação de Empresas atuando na área, também como o manual de práticas
de fabricação e roteiro de inspeção para indústrias, entre outras normas.
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sistema para fiscalizar a ocorrência de eventos adversos provocados por esses produtos
(TANIKAWA, 2015).
A cosmetovigilância é um aliado do consumidor, já que o uso de cosméticos está
presente no dia a dia da população, sendo assim, alguns produtos podem, em função de
diferentes fatores, oferecerem riscos à saúde. Sendo assim, possui a função de proteção da saúde
da população, agregando o conhecimento quanto aos riscos associados, facilitando a
comunicação sobre eventuais problemas relacionados ao seu uso (COSMETOVIGILÂNCIA,
2022).
Sendo assim, foi criado a NOTIVISA, um sistema informatizado para registrar reações
adversas, queixas técnicas com a finalidade de monitorar o pós-uso de produtos, conhecida
como VIGIPOS. Após a notificação, que pode ser feita, também, por cidadãos, o Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária(SNVS), analisa conforme a gravidade ou reação esperada,
assim como o risco associado ao uso do produto e a notificação descrita (NOTIVISA, 2022).
Segundo a SNVS, entre 2006 e 2011, foram recebidas 735 notificações sobre reações
adversas de cosméticos. A Anvisa publicou, no Diário Oficial da União (D.O.U.) três novas
RDCs que incorporam ao ordenamento jurídico nacional resoluções existentes no âmbito do
Mercosul, onde é instaurado um prazo de 36 meses para adequação, a partir da entrada em vigor
dos atos normativos. No quadro 3 estão as novas RDCs e suas definições (ANVISA, 2021).
produzidos nos países integrantes do Mercosul, assim como a eficácia dos produtos e a sua
segurança, enfatizando o cumprimento dos requisitos necessários para o uso dos produtos. A
MERCOSUL/GMC/RES. N° 26/04, diz respeito ao livre comércio destes produtos pelos países
membros. Para isso, precisam apresentar requisitos como: a função dos componentes presentes;
referências dos componentes; comprovação da eficácia e segurança; finalidade do produto;
certificado de venda livre autorizado, entre outros. (CHORILLI, et al. 2006).
Nos Estados Unidos da América, o órgão responsável pelo controle dos produtos
cosméticos é a FDA (Food and Drug Administration). Segundo a FDA (2022):
De acordo com a lei dos EUA, produtos e ingredientes cosméticos não
precisam da aprovação do FDA antes de serem lançados no mercado. A
única exceção são os aditivos de cor (exceto materiais de coloração usados
em tinturas de cabelo de alcatrão de hulha), que devem ser aprovados para
o uso pretendido. As empresas e pessoas físicas que comercializam
cosméticos têm a responsabilidade legal de garantir a segurança de seus
produtos. Para agir por razões de segurança contra um cosmético no
mercado, precisamos de informações confiáveis que demonstrem que ele
não é seguro quando os consumidores o utilizam de acordo com as
instruções da rotulagem ou da maneira habitual ou esperada.
A FDA não apresenta uma norma específica para tratar os limites gerais de
contaminantes metálicos em cosméticos. No entanto, os corantes utilizados para a coloração de
produtos cosméticos estão sujeitos a um rigoroso sistema de aprovação determinados por lei,
de acordo com a FDA (2022), que disponibiliza um resumo de aditivos de cor listados para uso
em medicamentos, cosméticos e dispositivos médicos, sendo divididos em duas categorias
principais:
Aditivos sujeitos à certificação: são aqueles derivados do petróleo, comumente
conhecidos como cores “orgânicas sintéticas”.
Aditivos isentos de certificação: são gerados principalmente de fontes minerais,
vegetais ou animais. Ainda são consideradas cores artificiais e devem seguir os regulamentos
estabelecidos como o título 21 CFR 73.
Na Europa, com a criação da União Europeia, as legislações vigentes são chamadas
Directives e são documentos válidos para todos os países membros (EUROPA, CE nº 1223,
2009). Segundo a revista Cosmetics Europe, a pessoa ou empresa que coloca o produto
cosmético no mercado é responsável por esse produto (a chamada "Pessoa Responsável"). É
responsabilidade dessa pessoa ou empresa (geralmente o fabricante ou importador) garantir que
o produto seja seguro e atenda a todos os requisitos do Regulamento de Cosméticos.
Neste mesmo regulamento de 2009, há uma lista de substâncias de uso proibido em
cosméticos, como, por exemplo, Arsênio, Chumbo, Cádmio, Mercúrio, entre outros. No
21
entanto, com base no artigo 17, fica evidenciado que, apesar da legislação, o controle não é tão
rigoroso. “É permitida a presença não deliberada de uma pequena quantidade de uma substância
proibida, resultante de impurezas de ingredientes naturais ou sintéticos.” (EUROPA, CE n.º
1223, 2009).
A tabela 1 abaixo correlaciona alguns dos principais metais presentes em cosméticos
de uso facial e suas regulamentações no Brasil, Estados Unidos da América e União Europeia.
Comparando as listas disponíveis dos regulamentos dos EUA, Brasil e UE, pode-se
afirmar que a Europa possui um maior número de substâncias proibidas ou restritas. As
divergências entre as legislações de cada país podem afetar diretamente o mercado consumidor,
pois é preciso adequar-se às legislações locais, afetando a exportação e a importação de
produtos cosméticos.
de risco potencial, conforme os artigos 30 e 260 da Lei 6.360/76 e artigos 3'. 49° e 50°, do
Decreto 79094/77 (RDC n.º 79, de 28 de agosto de 2000).
No quadro 4, mostrado a seguir, estão os produtos de grau e grau 2, de acordo com a
ANVISA.
3.4.1 Matérias-primas
A junção das matérias-primas pode produzir uma formulação para produto
cosmético. Se esta for produzida dentro dos parâmetros da ANVISA, é criado um cosmético.
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Xampus, sabonetes
Corantes e Agentes de Mica, estearatos, quartzo líquidos, loções
pigmentos perolização microcristalino cremosas, maquiagens,
esmaltes
Cremes
BHT, BHA, betacarotenos, antienvelhecimento,
Excipientes Antioxidantes propilgalatos, sulfitos protetores solares
corporais e labiais,
xampus de uso diário e
de proteção da cor,
condicionadores, etc
Esmaltes, batons
Óleo de soja, óleo de líquidos, emulsões
Excipientes Bases oleosas mamona, óleo de canela, óleo/água (cremes e
óleo mineral, dentre outros. loções), óleos de
hidratação pós-banho, etc
Arsênico 3 ppm
(expresso em As2O3)
Chumbo 20 ppm
3.4.2 - MAQUIAGEM
A palavra maquiagem deriva da palavra francesa maquillage, com significado de
“pintar o rosto” (Débora; Karina, 2019). Segundo Almeida, et al. (2019) inúmeros materiais
orgânicos e inorgânicos são utilizados para proteger e/ou destacar traços de beleza, e tais
compostos são comumente denominados por cosméticos ou por maquiagens. Na figura abaixo
estão alguns exemplos de produtos de maquiagem.
Figura 2 - Maquiagens
1980 Usada para deixar a pele pálida, o blush era marcado e o batom era
vermelho opaco
Segundo Arshad, et al. (2020) as maquiagens são compostas por diferentes materiais
orgânicos e inorgânicos. Para a coloração dos cosméticos, pigmentos minerais são geralmente
utilizados, podendo arrastar impurezas contaminantes como metais pesados com elementos
como Cobre, Níquel, Cobalto, Chumbo, Cádmio, entre outros.
Segundo Corrêa (2012 p. 89) qualquer substância que tinge uma superfície
proporcionando cor é denominada corante. São divididos em duas categorias:
- Naturais: urucum, cúrcuma, açafrão, entre outros.
- Sintéticos: geralmente são substâncias orgânicas aromáticas.
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A sombra para as pálpebras pode ser encontrada em pó compacto, creme anidro, lápis,
bastão, emulsão, entre outros, onde a variação de cores proporcionadas pelos corantes e
pigmentos destacam-se neste cosmético (Galembeck; Csordas, 2013).
Segundo Augusto (2014), as sombras apresentam como principais componentes o
talco (mineral silicato), agentes aglutinantes para a adesão do pó à pele, como, por exemplo, o
estearato de magnésio e zinco. Ainda se tratando da composição, produtos como o Dióxido de
Titânio (TiO2), a mica que possui cor branca acinzentada, conferem a opacidade e a aparência
perolada, respectivamente. Quando misturados resultam em pigmentos perolados brancos ou
coloridos. No quadro 7 estão relacionados os compostos químicos e suas respectivas cores de
produtos provenientes destes pigmentos.
Carmine Vermelha
Fonte: ATZ, 2008, p. 74
3.5.1 A pele
A pele é o maior órgão do corpo humano. É formada por três camadas, sendo elas,
a epiderme, a mesoderme e a endoderme. No quadro 8 abaixo estão as definições de acordo
com Csordas (2010).
dela. Já a dermatite alérgica ocorre por uma resposta imunológica, quando há contato prévio
com agente alergênico, o que pode levar meses ou anos para acontecer. Sendo esta segunda a
que mais ocorre devido ao uso diário de produtos cosméticos (CHORILL, et al. 2006).
4 METODOLOGIA
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pb 52,02 0,3755 20
Co 0,48560 0,32900 20
Sb 0 0 100
Tabela 4 – Dados de porcentagem de metal tóxico referentes à massa de amostra de 20 mg de cada sombra
marrom
Cd 0,002 0,07 -
Pb - - -
Cr - - -
Ni 0,09 0,04 -
Co 0,5 - 41,2
Ni 0,5 - 49,7
Cr 0,4 - 5470
O chumbo foi detectado com maior valor em 16,8 ppm e menor valor abaixo do limite
de detecção. O cobalto estava presente em aproximadamente 25% das sombras, com valores
menores que 1 ppm.
O níquel foi detectado com valores maiores que o cobalto. Os valores de concentração
de cromo foram muito elevados, possivelmente indicando o seu uso como pigmento nos
produtos de maior concentração do mesmo. O arsênio foi encontrado em 17% das 88 cores
analisadas.
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Sainio, et al. (1999), determinaram como resultado que as concentrações dos metais
nas sombras não eram suscetíveis causadores de efeitos sistêmicos, no entanto, vale ressaltar a
data de publicação dos seus estudos, 1999 e que atualmente as legislações são diferentes, no
entanto, ainda são encontradas tais impurezas.
Segundo Atz (2008), em seu estudo sobre “Desenvolvimento de Métodos para
Determinação de Elementos Traço em Sombra para Área dos Olhos e Batom” afirmou que em
amostras de sombra para a área dos olhos, produzidas há mais de 15 anos e amostras atuais
possuíam concentrações de metais da mesma ordem de grandeza como as de Sainio, et al. por
exemplo.
A partir disso, Atz (2008), afirma que possivelmente as concentrações encontradas
estão ligadas aos óxidos utilizados nas cores dos produtos antigos e dos produtos atuais. Que
apesar do avanço tecnológico, ainda causam os mesmos problemas. Na tabela 6 estão os valores
obtidos pelo estudo.
Co 1,43 - 16,8
Ni 7,21 - 106
Cr 3,29 - 206
Ao sentir uma reação adversa, o consumidor pode, além de fazer a queixa técnica no
órgão NOTIVISA e obter as orientações específicas, buscar tratamentos para a reação causada.
Como referido neste trabalho, existe o diagnóstico de intoxicação aguda e crônica
quando se refere às exposições a metais tóxicos. O diagnóstico de uma intoxicação crônica, é
possível quando há associação dos sintomas com exames mais específicos sobre as dosagens
de elementos metálicos no organismo.
Ao apresentar qualquer reação, a primeira alternativa é suspender o uso do possível
contaminante. Feito isso, se houver necessidade, há terapias por agentes quelantes, um dos mais
utilizados em casos de intoxicação por metais pesados.
Agentes quelantes são moléculas que se ligam, fortemente, por uma estrutura de anel
a metais, são inertes e não tóxicos. A sua eficácia está ligada a sua capacidade de remover
metais tóxicos intracelulares, possuindo maior afinidade por elementos tóxicos do que por
elementos essenciais presentes no organismo. São facilmente excretados pelo corpo e podem
ser administrados por via oral, intravenosa ou intramuscular (KIM, et al. 2019).
No quadro 9 estão relacionados os principais metais encontrados nas sombras para os
olhos e os principais agentes quelantes utilizados no tratamento de intoxicação por estes metais
e suas funções, baseado nos autores Kim, et al. (2019) e Rooney (2007).
Quadro 9 – Principais agentes quelantes utilizados em casos de intoxicação crônica por metais pesados e suas
principais características. continua
Agentes quelantes Metais Funções
Quadro 9 – Principais agentes quelantes utilizados em casos de intoxicação crônica por metais pesados e suas
principais características. conclusão
O DMSA contém dois grupos carboxílicos e
Ácido dimercaptosuccínico Chumbo dois grupos tiol, com os grupos tiol participando
(DMSA) Arsênio da reação metal-ligante.
Mercúrio
Durante o tratamento com os quelantes é possível que haja piora dos efeitos adversos,
como náuseas, desconforto gastrointestinal, dores musculares, pressão baixa/alta, entre outros.
No entanto, este tratamento é o protocolado.
42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de cosméticos constantes no dia a dia nos leva a uma exposição frequente
às substâncias que podem ocasionar doenças e reações que possuem diagnóstico dificilmente
específico devido à dificuldade na identificação da origem da contaminação. Os metais pesados
mais encontrados nas sombras para os olhos foram o Pb, Cd, As e Ni. Onde as sombras com
mais pigmentadas possuem maiores concentrações de impurezas metálicas.
A cosmetovigilância com as resoluções do MERCOSUL demonstram uma maior
clareza para o enfrentamento à problemática apresentada. A partir dessas políticas públicas, é
possível que haja uma comunicação melhor entre o produtor e o consumidor. O Brasil está em
4° lugar no mercado consumidor global, favorecendo as produções clandestinas e o fácil acesso
a produtos falsificados, que possuem origens duvidosas de componentes que fazem parte da
formulação final dos produtos, disponibilizados para consumo e não possuem garantia de
qualidade.
É imprescindível que haja uma maior fiscalização no cumprimento das leis vigentes e
maiores punições para que o mercado consumidor não favoreça apenas as demandas de
quantidades de produtos disponíveis, mas que a prioridade seja a qualificação deles. É preciso
que haja maiores especificações quanto aos limites das impurezas nas maquiagens, visto que
muitas vezes, a contaminação ocorre de forma imperceptível para quem está produzindo. Uma
sugestão é que os fabricantes analisem a matéria-prima antes de montar os ingredientes nos
produtos.
Os tipos de tratamento e as maiores causas relacionadas às contaminações estão sendo
cada vez mais discutidos, visto que na literatura, o problema tratado neste trabalho ainda é
recente. O que pode ser um problema porque não há uma legislação específica para evitar as
contaminações, os recentes avanços tecnológicos permitem que novos estudos sejam
realizados, no entanto, às demandas do mercado consumidor estão cada vez maiores.
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REFERÊNCIAS
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