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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


BACHARELADO EM QUÍMICA TECNOLÓGICA

CAROLINI BATISTA DE OLIVEIRA

A PROBLEMÁTICA PRESENÇA DE METAIS PESADOS EM COSMÉTICOS

Volta Redonda, RJ
2022
A PROBLEMÁTICA PRESENÇA DE METAIS PESADOS EM COSMÉTICOS

CAROLINI BATISTA DE OLIVEIRA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de Bacharelado em Química Tecnológica
da Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Química Tecnológica.

Orientadora:

Prof.ª Dr.ª RENATA LUZ MARTINS

Volta Redonda, RJ
2022
AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades, por todos os momentos em
que achei que não conseguiria e Ele me mostrou que eu sou capaz.
À esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que me permitiram conhecer
um novo horizonte superior.
À minha orientadora, Renata Martins, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas
correções e incentivos.
À minha família que sempre me apoiou, me ajudou e me fez acreditar em tudo o que eu posso
conquistar.
Ao meu pai, João Batista, que sempre fez o possível e impossível para que eu pudesse
conquistar tudo o que eu almejo. O apoio, suporte e incentivo em todos os momentos me
fizeram chegar até aqui.
À minha mãe, Elizabeth Batista, que esteve ao meu lado em diversos momentos, me apoiando
e me incentivando nesta jornada.
Às minhas irmãs, Evelyn Batista e Francyelen Batista, que sempre fizeram de tudo para que eu
pudesse conquistar os meus objetivos, estão ao meu lado desde que nasci, sempre me dando o
suporte necessário para que eu enfrentasse essa jornada.
Ao meu cunhado, Francisco Jr, que é como um irmão para mim, que sempre me ajudou e me
incentivou nos meus objetivos.
Aos meus amigos que estavam comigo antes e os que eu fiz durante esta trajetória, que sempre
estiveram comigo, principalmente nos momentos em que eu mais precisava
Ao meu namorado, Gabriel Amaral, que esteve comigo do início ao fim deste trabalho, que em
todos os momentos esteve ao lado me apoiando, incentivando e me acalmando.
Agradeço a todos que fizeram parte desta fase na minha vida, que de alguma forma fizeram a
diferença para que eu chegasse até aqui.

“A felicidade só é real quando compartilhada”


Christopher McCandless
CAROLINI BATISTA DE OLIVEIRA

A PROBLEMÁTICA PRESENÇA DE METAIS PESADOS EM COSMÉTICOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de Bacharelado em Química Tecnológica
da Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Química Tecnológica.

Aprovada em 08de dezembro de 2022.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
Prof. Dra Renata Luz Martins – UFF

_____________________________________________
Prof. Dra Alessandra Rodrigues Rufino – UFF

_____________________________________________
Prof. Dr Thiago Simonato Mozer - UFF

Volta Redonda, RJ
2022
RESUMO

A utilização de cosméticos está presente desde o início das civilizações. No Egito Antigo foram
encontrados os primeiros registros de tal afirmação. A utilização de diversas matérias-primas
na produção de cosméticos utilizados no rosto, pode conter metais pesados como impurezas.
Sabe-se que a contaminação por metais pesados pode levar a diversas alergias e
hipersensibilidades. Podem estar presentes os metais como Cobre, Níquel, Cobalto, Chumbo,
Cádmio, entre outros, nas formulações de produtos cosméticos. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), é responsável pela produção e comercialização dos cosméticos a
partir do Decreto Presidencial n° 3029 de 16 de abril de 1999. Visando regulamentar, fiscalizar,
controlar a produção e a comercialização dos produtos. A partir da pesquisa bibliográfica
qualitativa sobre o tema, baseando-se em diferentes trabalhos científicos, foi possível constatar
a presença destes metais em diversas sombras para os olhos que estavam disponíveis para
acesso ilimitado pela população. A preocupação decorrente dos efeitos bioacumulativos destes
elementos a curto, médio e a longo prazo torna-se cada vez mais em evidência, devido ao seu
uso constante no cotidiano e as diferentes formas de aplicação.

Palavras-chave: metais pesados; cosméticos; efeitos adversos; tratamento; elementos tóxicos.


ABSTRACT
The use of cosmetics has been present since the beginning of civilizations. In Ancient Egypt,
the first records of such a statement were found. The use of various raw materials in the
production of cosmetics used on the face may contain heavy metals as impurities. It is known
that contamination by heavy metals can lead to various allergies and hypersensitivities. Metals
such as Copper, Nickel, Cobalt, Lead, Cadmium, among others, may be present in the
formulations of cosmetic products. The National Health Surveillance Agency (Anvisa) is
responsible for the production and marketing of cosmetics as of Presidential Decree no. 3029
of April 16, 1999. Aiming at regulating, inspecting, controlling the production and marketing
of products. From the qualitative bibliographic research on the subject, based on different
scientific works, it was possible to verify the presence of these metals in several eye shadows
that were available for unlimited access by the population. The concern arising from the
bioaccumulative effects of these elements in the short, medium and long term is becoming
increasingly evident, due to their constant use in everyday life and the different forms of
application.

Keywords: heavy metals; cosmetics; adverse effects; treatment; toxic elements.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação dos egípcios utilizando maquiagens.…………………………...…15


Figura 2 – Maquiagens………………………………………………………………………..25
Figura 3 – Representação dos corantes e pigmentos utilizados nos cosméticos……………...28
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Registro de Produto - RDC e Portaria.......................................................................18


Quadro 2 – Autorização/Inspeção de produtos de acordo com suas RDCs e Portaria Normativa….18
Quadro 3 – Novas RDCs implementadas....................................................................................19
Quadro 4 – Resumo da lista dos produtos classificados pela ANVISA..........................................22
Quadro 5 – Matérias-primas mais utilizadas nas indústrias de cosméticos.....................................24
Quadro 6 – Linha do tempo das principais mudanças na utilização de maquiagens........................26
Quadro 7 – Pigmentos e corantes e suas cores características.......................................................28
Quadro 8 – Definições das camadas da pele................................................................................29
Quadro 9 – Principais agentes quelantes utilizados em casos de intoxicação crônica por metais
pesados e suas principais características……………………………………………………40
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Elementos químicos e portais de regulamentação do Brasil, EUA e UE........................21


Tabela 2 – As impurezas máximas de metais permitidas para os corantes orgânicos artificiais, de
acordo com o Anexo II da RDC 07/2015…………………………………………………………....25
Tabela 3 – Metais pesados determinados em cosméticos com concentrações em mg/Kg (ppm).......35
Tabela 4 – Dados de porcentagem de metal tóxico referentes às massas médias de cada sombra….36
Tabela 5 – Resultados obtidos das concentrações de metais em diferentes cores de sombras
mostrados pelo menor e maior valor...........................................................................................37
Tabela 6 – Resultados obtidos das concentrações de metais em amostras de sombra para área dos
olhos........................................................................................................................................38
Tabela 7 – Concentração de elementos tóxicos (µg g -1) em amostras de maquiagem para os olhos de
diferentes marcas......................................................................................................................39
LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agência nacional de vigilância sanitária


ABIHPEC Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos

Pb Chumbo
Cd Cádmio
Cr Cromo
Ni Níquel
HPPC Produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos
RDC Resolução de diretoria colegiada
NOTIVISA Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária
VIGIPOS Sistema de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária
SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
D.O. U Diário oficial da União
FDA Food and Drug Administration
EUA Estados Unidos da América
UE União Europeia
PPM Parte por milhão
TiO2 Dióxido de Titânio
Co Cobalto
Hg Mercúrio
Al Alumínio
Pb(C2H3O2) 2 Acetato de Chumbo
FeAsS Arsenopirita
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 12
2 OBJETIVOS................................................................................................ 14
2.1 Objetivo geral................................................................................................ 14
2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 14
3 REVISÃO DA LITERATURA................................................................... 15
3.1 HISTÓRIA DA COSMETOLOGIA........................................................... 15

3.2 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTOS....................................................... 17


3.3 PRODUTOS COSMÉTICOS.......................................................................... 22

3.4 COMPOSIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS COSMÉTICOS.... 23

3.4.1 Matérias-primas............................................................................................. 23
3.4.2 Maquiagem..................................................................................................... 25
3.5 MAQUIAGEM PARA OS OLHOS – SOMBRAS.................................... 27
3.5.1 A Pele............................................................................................................. 29
3.6 EFEITOS ADVERSOS CAUSADOS POR SUBSTÂNCIAS
TÓXICAS...................................................................................................... 30
3.6.1 Efeitos dos resíduos de metais em cosméticos............................................... 31
4 METODOLOGIA........................................................................................ 32
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 33
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 42
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 43
12

1 - INTRODUÇÃO
A história dos cosméticos começa na pré-história, onde a pintura corporal era de suma
importância, com a utilização de terra, seiva de folhas esmagadas, cascas de árvores e orvalho,
aplicados sobre a pele garantiam o efeito desejado, seja para higiene pessoal ou religioso.
Registros da utilização de argila corporal encontrados, assim como o uso do sabão com uma
mistura perfumada à base de cinzas, caracterizam o início da história cosmetológica a partir do
Egito Antigo (ALMEIDA, et al, 2019).

A palavra cosmético vem do grego “kosmetikós”, que significa “habilidade em


adornar”. São preparações constituídas por diversas substâncias naturais ou sintéticas. A
maquiagem para os olhos possui grande referência dos tempos egípcios, que utilizavam o Kohl,
por exemplo, um pigmento preto, nas pálpebras como referência religiosa e como forma de
embelezamento. As sombras para os olhos são aplicadas diretamente à pálpebra, área sensível
do rosto (CHORILLI, et al, 2006.; AKHTARŸ, et al, 2020).

A ascensão da utilização de cosméticos cresce cada vez mais, o que coloca em


evidência os benefícios e malefícios decorrentes do uso diário destes produtos. O consumo de
maquiagem no Brasil está em 7° lugar na classificação de produtos mais utilizados de acordo
com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
(ABIHPEC). Diversos estudos, como o do Akhtary, et al, determinaram indícios de que
componentes desses produtos fiquem na superfície da epiderme, favorecendo a taxa de
contaminação do metal presente na maquiagem dos olhos.

O avanço tecnológico permitiu o grande crescimento da indústria cosmetológica. A


partir disso, novas formulações e novos produtos estão sempre em evidência. Para haver um
controle químico e garantir a segurança do consumidor, existe a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, visando regulamentar os produtos que estão disponíveis para a população (Anvisa,
2022).

Ainda assim, alguns produtos podem oferecer riscos à saúde, devido às suas
formulações, impurezas de metais tóxicos podem estar presentes através do meio de fabricação,
na origem dos pigmentos que conferem cor aos produtos ou até mesmo por produtos de origem
duvidosa. Nas sombras, esses pigmentos, como forma de óxidos metálicos, contaminam o
cosmético. Essas impurezas podem desencadear uma sucessão de eventos adversos ou até
mesmo hipersensibilidades em quem utiliza.
13

Uma variedade de estudos encontrou metais pesados como Chumbo (Pb), Cádmio
(Cd), Cromo (Cr), Níquel (Ni), entre outros, presentes como forma de impurezas nas
formulações de maquiagens. Esses metais possuem efeito acumulativo no organismo,
favorecido pelo uso constante desses produtos que ocasionam doenças que possuem
diagnósticos difíceis, pois inicialmente possuem características assintomáticas. Sendo assim,
torna-se cada vez mais necessário analisar e quantificar essas impurezas (FRIGO, et al, 2021).

As diferentes legislações presentes nos Estados Unidos da América, União Europeia e


Brasil, dificultam a padronização sobre quais substâncias podem ser utilizadas ou quais limites
permitidos são seguros para a população. Diante disso, é uma problemática crescente visto que
os malefícios decorrentes da utilização dos produtos cosméticos muitas vezes são mascarados
(ATZ, 2008).

Dentro deste contexto, este trabalho teve como objetivo levar a informação necessária
para que o consumo de produtos de maquiagens, com destaque para as sombras, seja mais
consciente. A partir de uma revisão bibliográfica onde o foco foi buscar informações sobre as
regulamentações dos limites dos metais presentes, quais estão presentes e seus problemas, assim
como os riscos em potencial em que a população tem acesso ilimitado ao utilizar maquiagens
no cotidiano.
14

2 - OBJETIVOS

2.1 - OBJETIVO GERAL


Investigar a presença de metais pesados em cosméticos a partir de trabalhos publicados
sobre os riscos à utilização devido a exposição a elementos contaminantes, a legislação vigente
e suas problemáticas.

2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS


- Identificar os elementos químicos nas formulações dos cosméticos;
- Indicar as legislações vigentes para a comercialização e produção dos
cosméticos;
- Debater os efeitos toxicológicos causados pelos metais pesados presentes em
sombras para os olhos;
- Determinar os metais pesados presentes nas maquiagens;
- Apresentar os tipos de tratamentos para intoxicações por metais pesados.
15

3 - REVISÃO DA LITERATURA

3.1 - HISTÓRIA DA COSMETOLOGIA

Historiadores apontam o uso de cosméticos desde a antiguidade, definido como o


período entre o aparecimento das primeiras civilizações do oriente e o surgimento da escrita
silábica até a queda do império Romano do Ocidente. Portanto, as civilizações como o Egito e
a Mesopotâmia, entre outros, são ditas como Oriental, contudo, Grécia e Roma são civilizações
clássicas (PEDRO; CÁCERES, 1984).
Registros do Egito Antigo, datados de 4000 a.C. evidenciam o seu uso com finalidade
de embelezamento, higiene pessoal, crenças ou medicinais. Como, por exemplo, o uso de
cremes feitos com gordura animal e vegetal, mel e leite, cera de abelhas, para evitar a exposição
às altas temperaturas do clima da região (ALMEIDA, et al., 2019).
O uso do Kohl, pigmento preto usados nas pálpebras, composto por sais de
antimônio, era utilizado para evitar a contemplação direta do Deus do Sol. Os rituais de beleza
dos egípcios, principalmente da rainha Cleópatra, foram um marco no desenvolvimento da
cosmetologia, onde todos os homens, mulheres, crianças, de todas as classes e funções se
maquiavam (Hardy et al, 2006). A figura 1 representa uma fotografia dos egípcios usando
maquiagens.

Figura 1 - Representação dos Egípcios utilizando maquiagens

Fonte: <https://falauniversidades.com.br/5-curiosidades-sobre-a-maquiagem-no-antigo-egito/>, <2022>

Segundo Vita (2008), o uso do blush, na Grécia Antiga, era feito com amoras e
algas marinhas, sua coloração era por meio do uso do cinabre, conhecido como sulfeto de
16

mercúrio, possuindo uma coloração avermelhada. Seu contato direto na pele facilitava a
ingestão do produto provocando envenenamentos. No teatro era comum mortes por intoxicação
pela utilização de maquiagens à base de pigmentos minerais onde havia a presença de chumbo
ou mercúrio (CSORDAS, 2010).
No Império Romano, o médico Cláudio Galeno (129-199), desenvolveu um creme,
nomeado de Unguentum Refrigerans, onde sua composição continha cera de abelha, óleo de
oliva e água de rosas. Utilizado até os dias atuais, o creme proporciona uma sensação refrescante
na pele. Após a queda do Império Romano, o declínio do uso de cosméticos foi marcado pelos
inúmeros obstáculos até a sua ascensão. O radicalismo religioso e a criação de leis foram os
principais causadores do período da erradicação do uso de cosméticos na Europa (CRQ, 2022).
Segundo Csordas (2010), na Idade Média, os banhos foram proibidos e assim
seguiu durante os 400 anos seguintes, motivado pela epidemia de peste-negra, onde o
cristianismo e a medicina da época acreditavam-se que a água quente abriria os poros
permitindo-lhes que a doença entrasse no corpo. Segundo o Conselho Regional de Química “As
Cruzadas devolveram a este período alguns costumes do culto à beleza, já que os cruzados
traziam do oriente, cosméticos e perfumes.”
Na Idade Moderna, no século XV, o Renascimento trouxe de volta o culto à beleza e
o florescimento das artes. O homem se torna o centro do universo. Leonardo da Vinci quando
representou Monalisa, com a pele saudável, suave, delicada e exaltando sua beleza,
proporcionou a retomada dos cuidados com o embelezamento (TANIKAWA, 2015).
Segundo Almeida, et al. (2019), em 1880, século XIX, é a data marcada pelo
nascimento da moderna indústria de cosméticos. Ainda assim, somente no século XX, com os
avanços da indústria química fina, os cosméticos se tornam produtos de uso geral.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria
e Cosméticos (ABIHPEC), com base no panorama do setor atualizado, o Brasil se encontra em
4° lugar no ranking do mercado consumidor global, ficando atrás apenas dos EUA, China e
Japão, respectivamente. O consumo de maquiagem no território nacional fica em 7° lugar na
classificação por categorias. Em 2021/2020, o segmento de produtos de higiene pessoal,
perfumaria e cosméticos (HPPC) no Brasil obteve um crescimento de 5,4%.
O objetivo maior dos produtos cosméticos é proporcionar uma experiência de bem-
estar e cuidados com a saúde do ser humano. Portanto, é necessário que haja resoluções da
legislação sanitária e regulamentos, controlando a qualidade dos produtos que estão disponíveis
no mercado brasileiro. A grande preocupação com a segurança dos produtos origina-se por
17

serem considerados de venda livre, portanto, o consumidor pode adquiri-los quando desejar,
como preferir, sem a interferência de um profissional da saúde (BEHRENS; CHOCIAI, 2007).

3.2 - LEGISLAÇÃO E REGULAMENTOS


É de responsabilidade da Anvisa, regulamentar, fiscalizar, controlar a produção e a
comercialização de produtos cosméticos. As exigências regulatórias sobre esses produtos são
fundamentadas em resoluções divididas por etapas que o produto passa até ser liberado (Anvisa,
2004).
Segundo a Anvisa (2005, p. 1) a RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA-
RDC N° 332, DE 01 DE DEZEMBRO DE 2005:
Considerando a missão precípua da Vigilância Sanitária de prevenir
agravos à saúde, a ação reguladora de garantia de qualidade de
produtos e serviços que inclui a aprovação de normas e suas
atualizações, bem como a fiscalização de sua aplicação;
considerando que a legislação sanitária vigente se aplica a produtos
nacionais e importados, provenientes dos Estados Partes do
Mercosul e de outros países (produtos extrazona); considerando a
necessidade de avançar e aprofundar o cumprimento dos padrões de
qualidade dos Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes
produzidos no país; considerando a responsabilidade dos fabricantes
de garantir a segurança e eficácia dos Produtos de Higiene Pessoal,
Cosméticos e Perfumes; considerando a necessidade de cumprir-se
os requisitos obrigatórios relacionados à comprovação da segurança
e eficácia dos Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes.

A cada etapa que o produto cosmético é submetido para ser liberado, como registro,
notificação do produto, autorização de funcionamento/Inspeção, entre outras, existem
resoluções a serem cumpridas, representadas nos quadros 1 e 2.
Segundo a Anvisa, a Resolução n.º 79, de 28 de agosto de 2000, define os produtos
cosméticos, estabelecendo as listas de corantes, substâncias proibidas, restritas e normas de
rotulagem. As escolhas das matérias-primas para o preparo de formulações para os produtos
cosméticos deve ser as resoluções de produtos liberados, restritos ou proibidos.
No quadro 1 estão sendo mostradas as resoluções para registro de produtos, essas
etapas são necessárias para que a Anvisa libere os produtos para acesso pela população. A
Autorização de funcionamento/Inspeção segue portarias e resoluções mostradas no quadro 2,
onde são definidas as etapas para os produtos seguirem para a liberação, como a documentação
necessária para a solicitação de Empresas atuando na área, também como o manual de práticas
de fabricação e roteiro de inspeção para indústrias, entre outras normas.
18

Quadro 1: Registro de Produto - RDC e Portaria


Resolução da Diretoria Colegiada Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e
Portaria Normativa Perfumes.

Resolução - RDC nº 79, de 28 de agosto de Definição de Produtos Cosméticos, Normas e


2000 Procedimentos para Registro.

Resolução - RDC nº 161, de 11 de setembro Lista de filtros ultravioletas permitidos.


de 2001

Resolução - RDC nº 162, de 11 de setembro Lista de conservantes permitidos.


de 2001

Resolução - RDC nº 38, de 21 de março de Critérios e procedimentos necessários para o


2001 registro de categorias novas de produtos de
uso infantil.

Resolução nº 481, de 23 de setembro de Parâmetros de controle microbiológico.


1999

Portaria nº 295, de 16 de abril de 1998 Parâmetros para inclusão, exclusão e alteração


da concentração de substâncias.

Resolução - RDC nº 211/2005 Conceito dos produtos.

Fonte: Anvisa, 2022.

Quadro 2: Autorização/Inspeção de produtos de acordo com suas RDCs e Portaria Normativa


Resolução da Diretoria Colegiada Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e
Portaria Normativa Perfumes.

Portaria nº 71, de 29 de maio de 1996 - A documentação necessária para a solicitação


Anexos I, II e III de Empresas atuando na área.

Portaria nº 348, de 18 de agosto de 1997 Manual de práticas de fabricação e roteiro de


inspeção para indústrias.

RDC nº 1.450, de 11 de setembro Formulário de petição.


de 2001

RDC nº 128, de 9 de maio de 2002 Fabricantes e importadores ficam


responsáveis pela qualificação.
Fonte: Anvisa, 2022.

Na ANVISA existe a cosmetovigilância, que desde 2005, obriga as empresas


fabricantes ou importadoras de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, a terem um
19

sistema para fiscalizar a ocorrência de eventos adversos provocados por esses produtos
(TANIKAWA, 2015).
A cosmetovigilância é um aliado do consumidor, já que o uso de cosméticos está
presente no dia a dia da população, sendo assim, alguns produtos podem, em função de
diferentes fatores, oferecerem riscos à saúde. Sendo assim, possui a função de proteção da saúde
da população, agregando o conhecimento quanto aos riscos associados, facilitando a
comunicação sobre eventuais problemas relacionados ao seu uso (COSMETOVIGILÂNCIA,
2022).
Sendo assim, foi criado a NOTIVISA, um sistema informatizado para registrar reações
adversas, queixas técnicas com a finalidade de monitorar o pós-uso de produtos, conhecida
como VIGIPOS. Após a notificação, que pode ser feita, também, por cidadãos, o Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária(SNVS), analisa conforme a gravidade ou reação esperada,
assim como o risco associado ao uso do produto e a notificação descrita (NOTIVISA, 2022).
Segundo a SNVS, entre 2006 e 2011, foram recebidas 735 notificações sobre reações
adversas de cosméticos. A Anvisa publicou, no Diário Oficial da União (D.O.U.) três novas
RDCs que incorporam ao ordenamento jurídico nacional resoluções existentes no âmbito do
Mercosul, onde é instaurado um prazo de 36 meses para adequação, a partir da entrada em vigor
dos atos normativos. No quadro 3 estão as novas RDCs e suas definições (ANVISA, 2021).

Quadro 3: Novas RDCs implementadas


Resolução da Diretoria Colegiada Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e
Perfumes.

RDC 528/2021 Elementos de ação conservante permitidos,


descrição de 60 substâncias.

RDC 529/2021 Identificação de 1.404 substâncias proibidas.

RDC 530/2021 Lista de mais 100 elementos com restrições


estabelecidas pela Agência.
Lista com 26 componentes que devem ser
indicados na rotulagem ao excederem
0,001% em produtos sem enxágue e 0,01%
com enxágue.
Fonte: Anvisa, 2021.

Com o intuito de padronizar as regulamentações dos países desenvolvidos, a


implementação da resolução MERCOSUL/GMC/RES N.º 19/05, foi decretada para garantir o
cumprimento dos padrões de qualidade dos produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes
20

produzidos nos países integrantes do Mercosul, assim como a eficácia dos produtos e a sua
segurança, enfatizando o cumprimento dos requisitos necessários para o uso dos produtos. A
MERCOSUL/GMC/RES. N° 26/04, diz respeito ao livre comércio destes produtos pelos países
membros. Para isso, precisam apresentar requisitos como: a função dos componentes presentes;
referências dos componentes; comprovação da eficácia e segurança; finalidade do produto;
certificado de venda livre autorizado, entre outros. (CHORILLI, et al. 2006).
Nos Estados Unidos da América, o órgão responsável pelo controle dos produtos
cosméticos é a FDA (Food and Drug Administration). Segundo a FDA (2022):
De acordo com a lei dos EUA, produtos e ingredientes cosméticos não
precisam da aprovação do FDA antes de serem lançados no mercado. A
única exceção são os aditivos de cor (exceto materiais de coloração usados
em tinturas de cabelo de alcatrão de hulha), que devem ser aprovados para
o uso pretendido. As empresas e pessoas físicas que comercializam
cosméticos têm a responsabilidade legal de garantir a segurança de seus
produtos. Para agir por razões de segurança contra um cosmético no
mercado, precisamos de informações confiáveis que demonstrem que ele
não é seguro quando os consumidores o utilizam de acordo com as
instruções da rotulagem ou da maneira habitual ou esperada.

A FDA não apresenta uma norma específica para tratar os limites gerais de
contaminantes metálicos em cosméticos. No entanto, os corantes utilizados para a coloração de
produtos cosméticos estão sujeitos a um rigoroso sistema de aprovação determinados por lei,
de acordo com a FDA (2022), que disponibiliza um resumo de aditivos de cor listados para uso
em medicamentos, cosméticos e dispositivos médicos, sendo divididos em duas categorias
principais:
Aditivos sujeitos à certificação: são aqueles derivados do petróleo, comumente
conhecidos como cores “orgânicas sintéticas”.
Aditivos isentos de certificação: são gerados principalmente de fontes minerais,
vegetais ou animais. Ainda são consideradas cores artificiais e devem seguir os regulamentos
estabelecidos como o título 21 CFR 73.
Na Europa, com a criação da União Europeia, as legislações vigentes são chamadas
Directives e são documentos válidos para todos os países membros (EUROPA, CE nº 1223,
2009). Segundo a revista Cosmetics Europe, a pessoa ou empresa que coloca o produto
cosmético no mercado é responsável por esse produto (a chamada "Pessoa Responsável"). É
responsabilidade dessa pessoa ou empresa (geralmente o fabricante ou importador) garantir que
o produto seja seguro e atenda a todos os requisitos do Regulamento de Cosméticos.
Neste mesmo regulamento de 2009, há uma lista de substâncias de uso proibido em
cosméticos, como, por exemplo, Arsênio, Chumbo, Cádmio, Mercúrio, entre outros. No
21

entanto, com base no artigo 17, fica evidenciado que, apesar da legislação, o controle não é tão
rigoroso. “É permitida a presença não deliberada de uma pequena quantidade de uma substância
proibida, resultante de impurezas de ingredientes naturais ou sintéticos.” (EUROPA, CE n.º
1223, 2009).
A tabela 1 abaixo correlaciona alguns dos principais metais presentes em cosméticos
de uso facial e suas regulamentações no Brasil, Estados Unidos da América e União Europeia.

Tabela 1 - Elementos químicos e portais de regulamentação do Brasil, EUA e UE.


ELEMENTOS ANVISA FDA UE

Pb Proibido Limites de acordo Proibido


(como impureza pode com o corante
até 20 ppm em corantes)

As Proibido Limites de acordo Proibido


(como impureza pode até com o corante
3 ppm em corantes)

Cd Proibido Não há limite Proibido


estabelecido

Ni Proibido Restrições Proibido


(<1 ppm)
Fonte: RDC 529/2021 (ANVISA); FDA (2022); CE nº 1223, 2009 (EUROPA);

Comparando as listas disponíveis dos regulamentos dos EUA, Brasil e UE, pode-se
afirmar que a Europa possui um maior número de substâncias proibidas ou restritas. As
divergências entre as legislações de cada país podem afetar diretamente o mercado consumidor,
pois é preciso adequar-se às legislações locais, afetando a exportação e a importação de
produtos cosméticos.

3.3 - PRODUTOS COSMÉTICOS


Os produtos cosméticos possuem um grande espaço no mercado mundial, a
preocupação com a beleza é cada vez mais induzida. São produtos preparados com substâncias
naturais e sintéticas ou suas misturas para uso externo nas diversas partes do corpo. Os efeitos
de bem-estar, mudança de aparência, limpar e perfumar, assim como muitas outras promessas
de benefícios, garantem a ascensão que estes produtos possuem.
O fácil acesso às infinidades destes produtos motivou uma percepção quanto aos riscos
causados pelo seu uso, levando a ANVISA a classificar esses produtos em função do seu grau
22

de risco potencial, conforme os artigos 30 e 260 da Lei 6.360/76 e artigos 3'. 49° e 50°, do
Decreto 79094/77 (RDC n.º 79, de 28 de agosto de 2000).
No quadro 4, mostrado a seguir, estão os produtos de grau e grau 2, de acordo com a
ANVISA.

Quadro 4: Resumo da lista dos produtos classificados pela ANVISA.

Produtos de Grau 1 Produtos de Grau 2


sem finalidade fotoprotetora

➔ Base facial/corporal; ➔ Batom labial e brilho labial infantil;


➔ Batom labial e brilho labial; ➔ Blush/rouge infantil;
➔ Blush/Rouge; ➔ Clareador da pele;
➔ Corretivo facial; ➔ Desodorante antitranspirante axilar;
➔ Demaquilante; ➔ Maquiagem com fotoprotetor;
➔ Pó facial; ➔ Produto para pele acneica;
➔ Sombra para as pálpebras; ➔ Produto para alisar e/ ou tingir os
➔ Secante de esmalte; cabelos;
➔ Protetor labial sem fotoprotetor; ➔ Sabonete de uso íntimo;
➔ Delineador para lábios, olhos e ➔ Xampu condicionador
sobrancelhas, entre outros. anticaspa/antiqueda;
➔ Clareador para cabelos e pelos do
corpo, entre outros.
Fonte: Anexo II da RDC 07/2015
Os produtos cosméticos são definidos em duas categorias, de acordo com as resoluções
vigentes:
- Produtos de Grau 1: Produtos cuja formulação apresenta todos os ingredientes
com concentrações dentro das faixas permitidas por legislação. Suas
propriedades são básicas ou elementares, não sendo necessário informações
detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso ANVISA (2020).
- Produtos de Grau 2: Produtos que possuem indicações específicas, cujas
características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, assim como
informações sobre cuidados, modo e restrições de uso ANVISA (2020).

3.4 COMPOSIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS COSMÉTICOS

3.4.1 Matérias-primas
A junção das matérias-primas pode produzir uma formulação para produto
cosmético. Se esta for produzida dentro dos parâmetros da ANVISA, é criado um cosmético.
23

As matérias-primas utilizadas em cosméticos são extremamente diversificadas, são escolhidas


com base nas características físico-químicas e propriedades funcionais (Anvisa, 2022).
A composição dos cosméticos é feita por meio de substâncias características que
especificam cada tipo de produto desejado. O uso industrial dessas substâncias está sujeito a
um rigoroso controle baseado em estudos sobre a sua toxicidade para o ser humano, animais e
meio ambiente, viabilizando os limites necessários e substâncias inofensivas (GALEMBECK;
CSORDAS, 2013).
Um exemplo de substância utilizada em cosméticos são as enzimas, utilizadas em
cremes para renovar a pele que atualmente, com os avanços tecnológicos estão substituindo os
alfa-hidróxiácidos, por possuírem maior eficácia. De modo geral, as substâncias têm seu uso a
partir de alguma característica química oferecida por ela, como no do exemplo citado
(GALEMBECK; CSORDAS, 2013).
É importante ressaltar algumas funções características das matérias-primas mais
utilizadas na produção dos cosméticos. Os excipientes são substâncias nas quais os ingredientes
ativos são dissolvidos ou misturados. Possui a função de incorporar os princípios ativos, sem
reagir com eles. Os princípios ativos são componentes da formulação responsáveis pela ação
dos cosméticos (GALEMBECK; CSORDAS, 2013).
Os conservantes são substâncias que impedem ou reduzem a deterioração do produto
causados por micro-organismos durante sua fabricação e estocagem. Os melhores são os que
agem em grande escala, até em baixas concentrações (GALEMBECK; CSORDAS, 2013).
A RDC n° 29, de 1° de junho de 2012 apresenta uma lista de substâncias de ação
conservante permitidas, como o metilparabeno, ácido benzoico etc., como também os limites
de concentração. A presença de metais tóxicos origina-se por impurezas na forma de pigmentos,
conservantes, filtros UV, bem como agentes antitranspirantes, antifúngicos e antibacterianos.
Para a escolha das matérias-primas utilizadas existem muitos critérios como a
disponibilidade, logística de entrega, toxicidade, riscos ambientais, entre outros. Atualmente, é
de interesse do mercado a origem dessas matérias-primas pois afetam diretamente o produto
que está sendo formulado (GALEMBECK; CSORDAS, 2013).
No quadro 5, está representado resumidamente as matérias-primas mais utilizadas nas
composições dos cosméticos, como os pigmentos e corantes, substâncias excipientes, entre
outros, assim como a sua aplicação nos diferentes produtos que estão disponíveis no mercado.
24

Quadro 5: Matérias-primas mais utilizadas nas indústrias de cosméticos


Classificação Função Exemplos de Produtos Aplicação

Xampus, sabonetes
Corantes e Agentes de Mica, estearatos, quartzo líquidos, loções
pigmentos perolização microcristalino cremosas, maquiagens,
esmaltes

Corantes e Dióxido de Titânio e Óxido Todos os cosméticos que


pigmentos Coloração de Zinco (branco), Negro de necessitem de cor
Fumo (preto)

Excipientes Abrasivos e Caulim, sílica, sais de Pastas de dentes, loções e


cargas minerais alumínio, dióxido de titânio cremes para peeling
facial

Excipientes Antiespumantes Óleos de silicone Protetores solares


e repelentes
água

Cremes
BHT, BHA, betacarotenos, antienvelhecimento,
Excipientes Antioxidantes propilgalatos, sulfitos protetores solares
corporais e labiais,
xampus de uso diário e
de proteção da cor,
condicionadores, etc

Esmaltes, batons
Óleo de soja, óleo de líquidos, emulsões
Excipientes Bases oleosas mamona, óleo de canela, óleo/água (cremes e
óleo mineral, dentre outros. loções), óleos de
hidratação pós-banho, etc

Butano, isopropano, etanol, Esmaltes e seus


Excipientes Bases solventes dimetiléter, acetato de etila, removedores, sprays para
e propelentes acetato de butila, acetona cabelo, desodorantes em
aerossol, perfumes

Controle de Sombras, pós compactos,


Excipientes fluidez Sílica, talco, dióxido de sais de banho, talcos
titânio perfumados

Controle de pH Borato de sódio, carbonato Vários cosméticos de


Excipientes (Potencial de sódio, ácido cítrico, ácido base aquosa
Hidrogeniônico) ascórbico, ácido lático
Fonte: Galembeck; Csordas, 2013
Os corantes tornam o produto mais atrativo adicionando cor, assim como as diferentes
cores em produtos de maquiagens para os olhos. Devem obedecer às especificações de
25

identidade e pureza definidas pelos organismos internacionais de referência. A RDC n° 44, de


9 de agosto de 2012 lista as substâncias corantes permitidas, mostradas na tabela 2.

Tabela 2 - As impurezas máximas de metais permitidas para os corantes orgânicos


artificiais, de acordo com o Anexo II da RDC 07/2015.
Metais Limites permitidos

Bário solúvel em Ácido Clorídrico 0,001N (expresso em Cloreto de Bário)


0,001 mol L-1 500 ppm

Arsênico 3 ppm
(expresso em As2O3)

Chumbo 20 ppm

Outros metais pesados até 100 ppm

Fonte: Anexo II da RDC 07/2015

3.4.2 - MAQUIAGEM
A palavra maquiagem deriva da palavra francesa maquillage, com significado de
“pintar o rosto” (Débora; Karina, 2019). Segundo Almeida, et al. (2019) inúmeros materiais
orgânicos e inorgânicos são utilizados para proteger e/ou destacar traços de beleza, e tais
compostos são comumente denominados por cosméticos ou por maquiagens. Na figura abaixo
estão alguns exemplos de produtos de maquiagem.

Figura 2 - Maquiagens

Fonte: <https://www.quimica.com.br/pigmentos-e-corantes/>,< 2022>


26

O uso de maquiagens está presente em todas as civilizações desde os primórdios da


sociedade. No século XX, com os avanços da indústria de química fina, foi possível obter maior
acessibilidade quanto ao seu uso (Almeida, et al. 2019). No quadro 6 abaixo, é apresentada uma
sequência cronológica referente às mudanças na utilização destes cosméticos.

Quadro 6: Linha do tempo das principais mudanças na utilização de maquiagens


Década Maquiagem

1910 O avanço tecnológico gerado após a 1a° Guerra Mundial culminou em


composições de maquiagens com derivados de petróleo, cores dos pós
faciais de acordo com o tom de pele

1920 Criação de batons com formatos utilizados atualmente

1930 Maior acessibilidade

1940 Novo estilo onde a leveza e sensualidade eram valorizadas

1950 O olhar era mais valorizado. Lançamento de produtos para os olhos,


como sombras, máscaras para cílios, lápis, sobrancelhas e
delineadores

1960 Valorizava o olhar aumentando, arredondado e alongamento dos


olhos

1970 Hippies usavam maquiagens coloridas, glitters, estrelinhas e desenhos


na face

1980 Usada para deixar a pele pálida, o blush era marcado e o batom era
vermelho opaco

1990 Novas matérias-primas e as maquiagens se tornavam cada vez mais


próximas ao natural
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Souza; Machado, 2019.

Segundo Arshad, et al. (2020) as maquiagens são compostas por diferentes materiais
orgânicos e inorgânicos. Para a coloração dos cosméticos, pigmentos minerais são geralmente
utilizados, podendo arrastar impurezas contaminantes como metais pesados com elementos
como Cobre, Níquel, Cobalto, Chumbo, Cádmio, entre outros.
Segundo Corrêa (2012 p. 89) qualquer substância que tinge uma superfície
proporcionando cor é denominada corante. São divididos em duas categorias:
- Naturais: urucum, cúrcuma, açafrão, entre outros.
- Sintéticos: geralmente são substâncias orgânicas aromáticas.
27

Do ponto de vista químico, os pigmentos correspondem a óxidos, carbonatos ou


sulfuretos. A origem da obtenção dos pigmentos e matérias-primas escolhidas ou até mesmo no
processo de preparo dos cosméticos, são fatores que implicam nas impurezas que causam as
reações adversas e as toxicidades do produto (CRUZ, 2000). Pereira et al., (2007), determinou,
por análise química, a presença de metais, em forma de óxidos, em pigmentos naturais de Minas
Gerais, dentre eles estão os óxidos de ferro, magnésio, assim como os dióxidos de titânio, óxido
de alumínio, entre outros.
Os pigmentos são corantes insolúveis em solventes orgânicos e água, possuem alto
poder de cobertura. São divididos em duas categorias, de acordo com Corrêa, 2012 p. 90):
- Inorgânicos: Óxidos Metálicos de Ferro, Titânio, Cobre, Cromo, entre
outros.
- Orgânicos: Negro de fumo de origem mineral, caroteno de origem
vegetal, entre outros.
A diferença entre pigmento e corante é devido ao tamanho das moléculas, onde o
corante é uma molécula grande e pigmentos são moléculas pequenas e possuem maior poder de
tingimento, sendo assim, quando aplicados, os pigmentos são insolúveis e os corantes são
solúveis (CRQ, 2022).
Os solventes, que também fazem parte da composição dos cosméticos, são capazes de
quebrar a proteção lipídica da pele, abrindo caminho para que as substâncias do princípio ativo
dos cosméticos sejam adsorvidas na pele ou absorvidas pelos poros, podendo chegar a outras
regiões do corpo. Os melhores solventes são atóxicos, inodoros e não podem formar peróxidos
em contato com o ar ou a luz solar (Galembeck; Csordas, 2013).
Para Bocca, et al. 2012 “O foco está nos produtos de maquiagem, pois representam
uma importante fonte de sensibilização da pele, sendo usados todos os dias e são aplicados nas
áreas mais finas da pele do rosto, onde a absorção pode ser alta.” Um fator muito importante
que influencia a eficiência da absorção do metal pela pele é a área local de aplicação do
cosmético.

3.5 MAQUIAGEM PARA OS OLHOS – SOMBRAS


O globo ocular está dentro de uma cavidade óssea protegida pelas pálpebras. As
sobrancelhas, glândulas lacrimais e os cílios formam o conjunto ocular, e sua proteção é feita
pelas pálpebras (Galembeck; Csordas, 2013).
28

A sombra para as pálpebras pode ser encontrada em pó compacto, creme anidro, lápis,
bastão, emulsão, entre outros, onde a variação de cores proporcionadas pelos corantes e
pigmentos destacam-se neste cosmético (Galembeck; Csordas, 2013).
Segundo Augusto (2014), as sombras apresentam como principais componentes o
talco (mineral silicato), agentes aglutinantes para a adesão do pó à pele, como, por exemplo, o
estearato de magnésio e zinco. Ainda se tratando da composição, produtos como o Dióxido de
Titânio (TiO2), a mica que possui cor branca acinzentada, conferem a opacidade e a aparência
perolada, respectivamente. Quando misturados resultam em pigmentos perolados brancos ou
coloridos. No quadro 7 estão relacionados os compostos químicos e suas respectivas cores de
produtos provenientes destes pigmentos.

Quadro 7: Pigmentos e corantes e suas cores características.


Pigmentos e corantes Coloração da sombra

Óxido de ferro preto, Negro de Preta, azul ultramarino


Carbono

Ferrocianeto de Potássio Azul

Óxido de Cromo Verde

Óxido de ferro marrom Marrom

Óxido de ferro amarelo Amarelo

Carmine Vermelha
Fonte: ATZ, 2008, p. 74

A hematita é um óxido de ferro amplamente utilizado na composição de maquiagens,


onde proporciona diferentes cores com tons avermelhados, rosados e amarelados. O óxido de
zinco, também presente nas formulações de produtos, auxilia no espalhamento de cremes, assim
como beneficia a pele seca e danificada (MINAS JR, 2019).
Na figura 3 estão ilustradas as cores dos pigmentos e corantes, utilizados em
maquiagens.
29

Figura 3 - Representação dos corantes e pigmentos utilizados nos cosméticos

Fonte: <https://www.quimica.com.br/pigmentos-e-corantes/>,< 2022>


Segundo Almeida, et al. (2019), produtos usados perto dos olhos podem entrar em
contato com a mucosa, sendo facilmente absorvidos para o corpo humano devido à fina camada
epitelial destas áreas. Apesar do controle, metais tóxicos podem estar presentes como o Cd, Co,
Cr, Ni, As, Hg e Pb, devido à composição do produto cosmético. A exposição elevada pode
resultar em diversos problemas de saúde, incluindo alergias na pele, vermelhidão,
inchaço/úlceras na pele, entre muitos outros (Arshad, et al. 2020). Soares (2012, p.172) ressalta
que não haver legislação específica sobre essas impurezas, tanto no Brasil quanto no exterior.

3.5.1 A pele
A pele é o maior órgão do corpo humano. É formada por três camadas, sendo elas,
a epiderme, a mesoderme e a endoderme. No quadro 8 abaixo estão as definições de acordo
com Csordas (2010).

Quadro 8: Definições das camadas da pele.


Composta principalmente por queratina, sendo recoberta por uma fina
Epiderme camada de gordura. É uma camada de células mortas. Possui pH 3.5 e
5.0 que a protege contra micro-organismos.

Composta por colágeno, que possui produção máxima na


Mesoderme adolescência, é causadora de rugas e flacidez quando começa a
diminuir a produção.
Elastina é uma proteína que liga a pele aos tecidos musculares, sendo
muito elástica.

Composta por várias proteínas fibrosas e por polissacarídeos


Endoderme sulfatados. Promove a ligação entre as camadas externas e os tecidos
musculares dos órgãos.
Fonte: Csordas, 2010.
30

De acordo Tanikawa (2015) a pele possui funções e características como as citadas


abaixo:
- Função de proteção (Física): protege os músculos e os órgãos por meio
da superfície lisa, epiderme, mesoderme e endoderme.
- Função de sensibilidade: a pele faz parte dos órgãos do sentido, permite
sensações como pressão, dor, entre outros.
- Função de secreção: por meio das suas glândulas sebáceas e sudoríparas,
secretam sebo e suor, respectivamente.
- Função de absorção: absorção cutânea, ocorrendo na camada córnea e
na região dos folículos pilossebáceos.
- Função de cicatrização: a pele possui alta regeneração.
- Função imunitária: acontece pela ação das células de Langerhans contra
vírus, bactérias e fungos.
A pele é um importante órgão de defesa do organismo, possui uma complexa
estrutura em camadas e subcamadas, que constitui a principal barreira contra a penetração de
agentes nocivos ao organismo (HARRIS, 2009). Segundo Bocca (2012), “Em geral, a absorção
de metais pela pele é baixa, mas pode ser preocupante quando soluções concentradas ficam em
contato com a pele por várias horas ou mais, como no caso de cosméticos.”
Os solventes são capazes de quebrar a proteção lipídica da queratina, que forma a
pele. Com isso, ocorre a absorção e adsorção das substâncias presentes nos cosméticos, que
podem conter metais pesados levando a circulação sanguínea e chegando a outras regiões do
corpo (Galembeck; Csordas, 2013).

3.6 EFEITOS ADVERSOS CAUSADOS POR SUBSTÂNCIAS TÓXICAS


O nosso organismo como forma de proteção contra substâncias potencialmente
danosas e invasoras desencadeiam um processo inflamatório ou até mesmo danos na pele que
ocorrem de forma não intencional após a utilização de algum produto (MONTEIRO, 2021).
As reações adversas relacionadas aos cosméticos são classificadas como reações
irritativas, sendo elas rápidas ou acumulativas e reações alérgicas/sensibilizantes como as
dermatites de contato ou por fotossensibilização, reações sistêmicas etc. (CHORILL, et al.
2006).
Uma dermatite por irritação se caracteriza por uma resposta inflamatória na região
em que houve contato com uma substância com potencial irritante dependente da intensidade
31

dela. Já a dermatite alérgica ocorre por uma resposta imunológica, quando há contato prévio
com agente alergênico, o que pode levar meses ou anos para acontecer. Sendo esta segunda a
que mais ocorre devido ao uso diário de produtos cosméticos (CHORILL, et al. 2006).

3.6.1 EFEITOS DOS RESÍDUOS DE METAIS EM COSMÉTICOS


Os metais pesados são quimicamente definidos como um grupo de elementos
situados entre o Cobre (Cu) e o Chumbo (Pb) na tabela periódica. São denominados dessa forma
por contaminarem o meio ambiente. Os principais elementos são: Alumínio, Antimônio,
Arsênio, Cádmio, Chumbo, Cobre, Cobalto, Cromo, Ferro, Manganês, Mercúrio, Molibdênio,
Níquel, Selênio e Zinco. São encontrados naturalmente no solo em concentrações abaixo do
considerado tóxicos para diferentes organismos vivos (TSUTIYA, 1999).
Uma substância é definida como tóxica quando pode provocar um efeito adverso à
saúde humana decorrente da sua interação com o organismo. Tais substâncias têm o potencial
de causar efeitos colaterais que podem variar de uma reação de hipersensibilidade leve a um
processo anafilático ou até mesmo uma intoxicação letal (PEREIRA, 2018).
O fator principal que caracteriza a nocividade para a saúde decorre do processo de
bioacumulação, onde os elementos não são excretados pelos seres vivos (MAEHATA, 2016).
Enquanto Ni, Co e Cr se acumulam na epiderme e podem causar dermatite alérgica de contato,
os elementos como Hg, Pb, Cd e Al atravessam as camadas da pele para vasos sanguíneos sendo
transportados para vários órgãos onde são acumulados e exercem efeitos tóxicos
(BOROWSKA; BRZÓSKA, 2015).
A interação desses metais com o sistema do corpo humano ainda não é totalmente
compreendida já que a absorção, pois, alguns produtos são aplicados e em seguida enxaguados,
outros permanecem por mais tempo em contato com a pele, a distribuição, excreção definem a
complexidade variando a cinética e a dinâmica desses metais presentes nos produtos, afetando
diretamente os seus efeitos (BOROWSKA; BRZÓSKA, 2015).
A bioacumulação por meio da exposição a esses metais pode ser definida como
aguda, onde há um contato maior com o elemento tóxico em pouco tempo ou crônica, quando
a acumulação decorre gradativamente (RIBEIRO, 2017).
32

4 METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através de um levantamento bibliográfico realizado


sobre a presença de metais pesados como impureza em maquiagens para os olhos. A coleta de
dados foi realizada com base em trabalhos publicados como artigos científicos, teses e
dissertações, livros e mídias eletrônicas de fontes oficiais online, em português e inglês.
Foi utilizado como base de dados o Google Acadêmico, SciELO, Science Direct,
SciFinder, Portal da Anvisa e Portal do Governo Federal. Os descritores utilizados foram:
Metais pesados em cosméticos, história da cosmetologia, impurezas em cosméticos e metais
pesados.
Após a pesquisa bibliográfica qualitativa e a seleção de fontes para este trabalho,
foi realizada uma leitura criteriosa e exploratória para selecionar a área de interesse a ser
seguida. Logo após, foi escolhido como base principal os cosméticos utilizados nas pálpebras,
mais especificamente as sombras.
As referências foram obtidas em um grande intervalo de tempo, visto que não há
uma variedade de trabalhos específicos para este assunto. Foi utilizado como critério de
exclusão materiais que fugissem ao tema, trabalhos inconclusivos ou trabalhos que não
obtivessem dados necessários para a pesquisa.
33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os principais metais encontrados na literatura presentes em cosméticos faciais, mais


precisamente, as sombras para os olhos são Pb, Cd, As e Ni (FRIGO, et al. 2021).
Primeiramente será estudado cada um destes metais e o que causa no nosso organismo, a seguir
os resultados das pesquisas sobre a quantificação destes elementos nas sombras e o tipo de
tratamento a ser seguido após as reações adversas.
O chumbo pode estar presente nos cosméticos como resquícios de impurezas
oriundos de pigmentos e corantes, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
como um dos elementos químicos mais perigosos à saúde humana (VANZ, et al., 2003).
A presença deste elemento no organismo pode desenvolver quadros de anemia,
danos neurológicos irreversíveis, encefalopatia, alucinações, perda de memória, convulsões,
paralisia, doença renal etc. (SHRIVAS; PATEL, 2009).
Segundo Pereira (2018), o chumbo é encontrado como acetato de chumbo, com
fórmula química Pb(C2H3O2)2, nas formulações de delineador, lápis de olho, creme de cabelo,
entre outros produtos, em sua forma inorgânica, podendo ser minimamente absorvido pela pele.
Sob o mesmo ponto de vista, Gondal, et al. (2010), afirma que embora este elemento
seja absorvido lentamente pelo corpo, não é facilmente excretado. Em vista disso, uma
exposição constante desse metal causa o acúmulo, devido aos glóbulos vermelhos que o
absorvem, no fígado e rins. Especificamente, o Pb pode até causar câncer devido ao acúmulo
excessivo no corpo humano (WANG, et al. 2020).
Frigo, et al. (2021), realizou uma análise de amostras de dois produtos, sombra e blush,
obtendo as concentrações acima das permitidas pela legislação da ANVISA. Para chumbo (Pb)
e Cromo (Cr), os valores encontrados foram acima de 20 ppm e acima de 100 ppm,
respectivamente. Esse resultado reafirma a grande preocupação quanto às concentrações de
metais presentes com consumo liberado.
A intoxicação aguda pelo chumbo requer uma exposição prolongada, causando cólicas
ou anemia hemolítica, entre outros sintomas. Por outro lado, atualmente esse tipo de
envenenamento é atípico, que provém de quantidades de óxido de chumbo em fragmentos de
tinta com base em chumbo, alimentos e bebidas contaminados (KATZUNG, 2014).
Por outro lado, a intoxicação crônica gera sintomas variados como fadiga, cefaleia,
sintomas gastrointestinais, entre outros. Em decorrência dos sintomas serem inespecíficos para
adultos e crianças, será dificilmente diagnosticado (KATZUNG, 2014).
34

O Arsênio (As) é um semimetal que está geralmente combinado com enxofre em


vários minerais. As suas propriedades de semicondutor o tornaram muito utilizado em escala
industrial. Minerais contendo arsênio, como os sulfuretos e ouro-pigmento, eram conhecidos
no antigo Egito, como também pelos povos gregos e romanos. Sendo muito utilizados em
pinturas e cosméticos. Hoje, a arsenopirita (FeAsS) é o minério de referência para uso em escala
industrial (MONTE, 2020).
Por consequência, as principais fontes de contaminação pelo As são decorrentes da
poluição de águas e solos. No Brasil, como resultado da exploração mineral, regiões como Nova
Lima, Mariana e Ouro Preto, possuem elevadas contaminações ambientais deste elemento
(SILVA, 2016).
A manifestação de sintomas após uma intoxicação aguda de arsênio inclui náuseas,
vômito, diarreia, dor abdominal etc. Já uma intoxicação crônica, apresenta sintomas sistêmicos,
contudo, lesões de pele, como sintoma característico, são desenvolvidas após anos de exposição
(KATZUNG, 2014).
O cádmio é um elemento químico raro que não se encontra na natureza em sua
forma pura. É um metal cinza-claro, dúctil e macio em temperatura ambiente. Normalmente
está associado a algum mineral de cádmio, como o sulfeto de cádmio (CdS), em pequenas
quantidades no solo (FERNANDES; MAINIER, 2014).
As ações naturais do planeta como atividades vulcânicas, erosão de rochas
sedimentares e incêndios florestais são fontes naturais de Cd na terra. As fontes responsáveis
pela ação do homem decorrem de atividades de mineração, dejetos industriais e até mesmo da
disposição da utilização de produtos que contenham este elemento, como exemplo os pigmentos
(CETESB, 2022).
As principais vias de exposição por cádmio ocorrem por inalação, contato dérmico
e por ingestão. A água contaminada por processos industriais ou por práticas agrícolas, como
na utilização de fertilizantes fosfatados, favorecem o envenenamento por esse elemento (Avila-
Campos, 2022). Por consequência, a ingestão de água e arroz, expostos ao cádmio foram
relacionadas com a doença de itai-itai que afetou mulheres japonesas causando fortes dores nos
ossos e articulações (ASAE, 2022).
O cádmio tem sido muito usado em cosméticos devido aos sais coloridos que
transitam do amarelo ao laranja. Devido a sua absorção através da pele e posterior liberação na
circulação geral, ocasionando a associação de várias doenças, sua presença nas formulações
cosméticas pode ser considerada como um contaminante e não um agente corante (ATTARD,
2022).
35

O Ni é um metal que existe em grande abundância na natureza. Seu uso em


potencial deve-se aos seus sais serem de cor verde e azul sendo utilizados como corantes
(ATTARD, 2022).
Segundo Tuchman (2015), a exposição constante a este elemento decorre da
variedade de produtos e materiais presentes no dia a dia. Gonzalez (2016) afirma que a
exposição a este elemento pode ocorrer por outras fontes como joias, moedas e aço inoxidável.
Diante disso, é uma das causas mais comuns de dermatite alérgica de contato, mesmo
em pequenas quantidades de metais pesados, como 1 ppm de níquel, pode favorecer uma alergia
pré-existente (SAINIO, 2001).
O Ni é transportado através do sangue no corpo humano que, ao entrar em contato
com a pele, pode ser absorvido em decorrência da quebra da barreira lipídica da derme
(GONZALEZ, 2016).
A partir das informações encontradas na literatura sobre os principais metais nas
maquiagens para os olhos, serão mostrados a seguir, análises dos diferentes dados obtidos por
diferentes autores utilizados como referências para este trabalho.
Na tabela 3, há uma relação entre a quantidade, os principais metais encontrados e os
limites permitidos pela Anvisa, que foi verificado no recente trabalho de Frigo, et al. onde foram
analisadas algumas amostras de produtos cosméticos, as sombras, por espectrometrias de
emissão atômica por plasma acoplado.

Tabela 3 – Metais pesados determinados em cosméticos com concentrações em ppm


Metais Sombra A Sombra B L.P*

Pb 52,02 0,3755 20

Co 0,48560 0,32900 20

Cd 0,01184 0,05600 100

Ni 0,28800 0,93650 100

Sb 0 0 100

Fonte: Frigo, et al (2021)


L.P* - Limite permitido pela Anvisa
36

Os valores de Chumbo foram de 52,02 ppm na sombra A e 0,3755 ppm na sombra B.


Visto que os produtos selecionados já estavam disponíveis para acesso pelo consumidor, o valor
da concentração de metais de Pb presentes na sombra A é preocupante, já que está acima do
permitido. Além disso, foram escolhidos produtos com valores baixos de R$20 a R$30. A longo
prazo, a contaminação por este metal pode acarretar patologias a níveis profundos.
Guekezian; Lima jr (2018), avaliaram a presença de cádmio (Cd), chumbo (Pb), cromo
(Cr) e níquel (Ni) , por meio da espectrometria de absorção atômica, de 3 marcas distintas de
sombras marrons de diferentes valores no mercado. Na tabela 4 estão correlacionados os
resultados obtidos e seus valores médios no mercado.

Tabela 4 – Dados de porcentagem de metal tóxico referentes à massa de amostra de 20 mg de cada sombra
marrom

Metais Sombra A Sombra B Sombra C


baixa qualidade qualidade média alta qualidade

Cd 0,002 0,07 -

Pb - - -

Cr - - -

Ni 0,09 0,04 -

Fonte: Guekezian; Lima jr (2018)

Os valores de Cádmio encontrados nos cosméticos foram de 0,00044 mg, equivalente


a 0,002% da amostra de 20 mg de sombra de baixa qualidade e 0,014 mg de Cd que equivale
0,07% da amostra de 20 mg na sombra de qualidade média. Níquel foi detectado nas sombras
de baixa e média qualidade, com valores respectivamente de 0,09% e 0,04% das amostras, 20
mg, analisadas.
Neste estudo, os autores afirmam que “Ni, apesar de ser um alergênico, não é
bioacumulativo e é de uso liberado pela Anvisa; já o Cd é altamente tóxico, um potente agente
carcinogênico, bioacumulativo e de uso proibido pela Anvisa.” No entanto, a ANVISA,
publicou uma nova RDC 529/2021 onde inclui o Níquel, além de outras, como uma das
substâncias proibidas para uso em cosméticos.
A sombra C não houve detecção da presença de metais pesados, o seu valor de mercado
por ser alto torna-se um fator determinante quanto a presença de contaminantes. Os pigmentos,
37

por exemplo, que frequentemente arrastam as impurezas metálicas, dependendo da origem,


possuem uma maior pureza, assim como os outros processos na produção do cosmético. A
pequena diferença de preço das sombras de baixa e média qualidade mostram que produtos que
possuem qualidade duvidosa não são totalmente confiáveis.
Sainio, et al. (1999), determinaram as concentrações de chumbo, cobalto, níquel,
cromo solúvel total e arsênio em amostras de sombras para os olhos de diferentes marcas na
Finlândia, por meio da eletrotérmica espectroscopia de absorção atômica, avaliando a segurança
das sombras com base nos resultados obtidos.
Em seu estudo, foram analisadas 88 cores de 49 produtos selecionados. Nestas cores,
diversos elementos metálicos podem estar presentes, como determinado que, em todas as 88
cores, ao menos 1 ppm de cada elemento da tabela 5 estava presente. Estas concentrações,
mesmo que em valores ínfimos, unidos ao efeito bioacumulativo, podem favorecer as reações
adversas em pessoas com predisposição.
Na tabela 5, mostrada abaixo, estão os valores obtidos dos elementos estudados.

Tabela 5 – Resultados obtidos das concentrações de metais em


diferentes cores de sombras mostrados pelo menor e maior valor
Metais Concentração
ppm (µg g -1)

Pb > 0,5 - 16,8*

Co 0,5 - 41,2

Ni 0,5 - 49,7

Cr 0,4 - 5470

As > 0,3 - 2,3*


Fonte: Sainio, et al. (1999)
*O menor valor está abaixo do limite de detecção

O chumbo foi detectado com maior valor em 16,8 ppm e menor valor abaixo do limite
de detecção. O cobalto estava presente em aproximadamente 25% das sombras, com valores
menores que 1 ppm.
O níquel foi detectado com valores maiores que o cobalto. Os valores de concentração
de cromo foram muito elevados, possivelmente indicando o seu uso como pigmento nos
produtos de maior concentração do mesmo. O arsênio foi encontrado em 17% das 88 cores
analisadas.
38

Sainio, et al. (1999), determinaram como resultado que as concentrações dos metais
nas sombras não eram suscetíveis causadores de efeitos sistêmicos, no entanto, vale ressaltar a
data de publicação dos seus estudos, 1999 e que atualmente as legislações são diferentes, no
entanto, ainda são encontradas tais impurezas.
Segundo Atz (2008), em seu estudo sobre “Desenvolvimento de Métodos para
Determinação de Elementos Traço em Sombra para Área dos Olhos e Batom” afirmou que em
amostras de sombra para a área dos olhos, produzidas há mais de 15 anos e amostras atuais
possuíam concentrações de metais da mesma ordem de grandeza como as de Sainio, et al. por
exemplo.
A partir disso, Atz (2008), afirma que possivelmente as concentrações encontradas
estão ligadas aos óxidos utilizados nas cores dos produtos antigos e dos produtos atuais. Que
apesar do avanço tecnológico, ainda causam os mesmos problemas. Na tabela 6 estão os valores
obtidos pelo estudo.

Tabela 6 – Resultados obtidos das concentrações de metais, por diferentes técnicas,


em amostras de sombra para área dos olhos
Metais Concentração
ppm(µg g -1)

Pb < 1,12 - 8,49

Co 1,43 - 16,8

Ni 7,21 - 106

Cr 3,29 - 206

As < 0,32 - 11,1


Fonte: ATZ (2008)
*O menor valor está abaixo do limite de detecção

Seu estudo utilizou a metodologia recomendada pela EPA (Environmental Protection


Agency) 3052. As concentrações de Cr e Ni foram as maiores encontradas nas análises, já Co
e Pb, foram as menores. Os menores valores e maiores valores da tabela foram escolhidos pela
mesma técnica que poderia ser a ICP OES e GF ASS.
Akhtar, et al. (2020), utilizaram um método inovador para quantificar
simultaneamente os metais pesados As, Cd, Ni e Pb. Este método é uma microextração não
dispersiva à base de líquido iônico de gota única usando uma coluna de vidro estreita. Esse
método propõe a exclusão das etapas de dispersão e centrifugação que demandam maior tempo,
otimizando a nova proposta, além de não ser tóxica para o meio ambiente.
39

Na tabela 7 estão os valores das concentrações encontradas das impurezas em sombras


para os olhos, referentes ao trabalho de Akhtar, et al. (2020).

Tabela 7 – Concentração de elementos tóxicos ppm (µg g -1) em amostras


de maquiagem para os olhos de diferentes marcas
Cores das sombras As Cd Pb Ni

Roxo 0.82-2.42 1.25-1.40 12.0-16.0 230-245

Cinza escuro 0.18-0.32 4.82-6.54 9.84-14.2 252-261

Marrom 0.23-0.28 1.97-2.35 8.58-10.6 199-217

Rosa 0.658-1.61 3.00-5.64 28.5-40.6 116-126

Azul 0.35-0.45 1.8-2.45 19.9-24.5 207-218

Verde 0.44-0.65 1.37-1.9 13.1-15.6 225-230

Dourado 0.076-0.123 0.45-0.86 7.53-9.45 181-188

Preto 0.082-0.14 0.825-1.55 4.82-5.95 209-255

Amarelo cintilante 0.86-1.6 1.94-2.82 16.5-21.5 205-225

Branco 1.33-1.84 1.29-1.49 12.7-16.2 51.9-60.6

Marrom cintilante 0.14-0.17 4.35-6.24 4.88-8.54 242-272

Cinza 0,52-0,61 4.96-6.85 5.43-7.85 195-198

Fonte: Akhtar, et al. (2020)

Em sombras mais escuras, os valores dos elementos tóxicos, mostrados na tabela 7,


foram maiores.
Todos os elementos tóxicos selecionados foram detectados, apesar dos níveis
encontrados serem baixos, o problema está relacionado ao uso contínuo, que acarreta no
acúmulo dessas pequenas quantidades até causar problemas tóxicos para o organismo.
As reações adversas estão suscetíveis a ocorrer visto que a presença de impurezas estão
presentes em muitos produtos cosméticos. Sendo assim, estudos referentes às terapias estão
sendo cada vez mais apresentados.
40

Ao sentir uma reação adversa, o consumidor pode, além de fazer a queixa técnica no
órgão NOTIVISA e obter as orientações específicas, buscar tratamentos para a reação causada.
Como referido neste trabalho, existe o diagnóstico de intoxicação aguda e crônica
quando se refere às exposições a metais tóxicos. O diagnóstico de uma intoxicação crônica, é
possível quando há associação dos sintomas com exames mais específicos sobre as dosagens
de elementos metálicos no organismo.
Ao apresentar qualquer reação, a primeira alternativa é suspender o uso do possível
contaminante. Feito isso, se houver necessidade, há terapias por agentes quelantes, um dos mais
utilizados em casos de intoxicação por metais pesados.
Agentes quelantes são moléculas que se ligam, fortemente, por uma estrutura de anel
a metais, são inertes e não tóxicos. A sua eficácia está ligada a sua capacidade de remover
metais tóxicos intracelulares, possuindo maior afinidade por elementos tóxicos do que por
elementos essenciais presentes no organismo. São facilmente excretados pelo corpo e podem
ser administrados por via oral, intravenosa ou intramuscular (KIM, et al. 2019).
No quadro 9 estão relacionados os principais metais encontrados nas sombras para os
olhos e os principais agentes quelantes utilizados no tratamento de intoxicação por estes metais
e suas funções, baseado nos autores Kim, et al. (2019) e Rooney (2007).

Quadro 9 – Principais agentes quelantes utilizados em casos de intoxicação crônica por metais pesados e suas
principais características. continua
Agentes quelantes Metais Funções

Acontece por meio da ligação do átomo/íon


Arsênio metálico com um grupo tiol, que é responsável
Dimercaprol Mercúrio pelo transporte do metal no organismo,
Chumbo formando um complexo metal-ligante estável,
que é posteriormente excretado pelos rins.

O DMPS tem um grupo sulfônico e dois grupos


3-Dimercapto- Arsênio tiol. Retira o mercúrio depositado nos rins,
Propanesulfonato (DMPS) Mercúrio possui melhor efeito colateral do que o
Dimercaprol.

Eliminado via renal. O átomo de cálcio presente


EDTA de sódio-cálcio pode ser substituído pelos íons metálicos
(CaNa2.EDTA) Chumbo formando um complexo solúvel em água.
41

Quadro 9 – Principais agentes quelantes utilizados em casos de intoxicação crônica por metais pesados e suas
principais características. conclusão
O DMSA contém dois grupos carboxílicos e
Ácido dimercaptosuccínico Chumbo dois grupos tiol, com os grupos tiol participando
(DMSA) Arsênio da reação metal-ligante.
Mercúrio

Arsênio Pode atravessar a membrana plasmática e entrar


MiADMSA Chumbo no espaço intracelular para remover os metais
Cádmio pesados.
Mercúrio

Fonte: Kim, et al. (2019)

Durante o tratamento com os quelantes é possível que haja piora dos efeitos adversos,
como náuseas, desconforto gastrointestinal, dores musculares, pressão baixa/alta, entre outros.
No entanto, este tratamento é o protocolado.
42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de cosméticos constantes no dia a dia nos leva a uma exposição frequente
às substâncias que podem ocasionar doenças e reações que possuem diagnóstico dificilmente
específico devido à dificuldade na identificação da origem da contaminação. Os metais pesados
mais encontrados nas sombras para os olhos foram o Pb, Cd, As e Ni. Onde as sombras com
mais pigmentadas possuem maiores concentrações de impurezas metálicas.
A cosmetovigilância com as resoluções do MERCOSUL demonstram uma maior
clareza para o enfrentamento à problemática apresentada. A partir dessas políticas públicas, é
possível que haja uma comunicação melhor entre o produtor e o consumidor. O Brasil está em
4° lugar no mercado consumidor global, favorecendo as produções clandestinas e o fácil acesso
a produtos falsificados, que possuem origens duvidosas de componentes que fazem parte da
formulação final dos produtos, disponibilizados para consumo e não possuem garantia de
qualidade.
É imprescindível que haja uma maior fiscalização no cumprimento das leis vigentes e
maiores punições para que o mercado consumidor não favoreça apenas as demandas de
quantidades de produtos disponíveis, mas que a prioridade seja a qualificação deles. É preciso
que haja maiores especificações quanto aos limites das impurezas nas maquiagens, visto que
muitas vezes, a contaminação ocorre de forma imperceptível para quem está produzindo. Uma
sugestão é que os fabricantes analisem a matéria-prima antes de montar os ingredientes nos
produtos.
Os tipos de tratamento e as maiores causas relacionadas às contaminações estão sendo
cada vez mais discutidos, visto que na literatura, o problema tratado neste trabalho ainda é
recente. O que pode ser um problema porque não há uma legislação específica para evitar as
contaminações, os recentes avanços tecnológicos permitem que novos estudos sejam
realizados, no entanto, às demandas do mercado consumidor estão cada vez maiores.
43

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