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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL/USP

MARINA GABRIELE MARTINS VILLELA

CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DE IODOPOVIDONA NA FORMULA-


ÇÃO DE ANTISSÉPTICOS DE USO TÓPICO.

LORENA – SP

2021
MARINA GABRIELE MARTINS VILLELA

CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DE IODOPOVIDONA NA FORMULA-


ÇÃO DE ANTISSÉPTICOS DE USO TÓPICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Escola de Engenharia de Lorena da Universidade
de São Paulo como um dos requisitos obrigatórios
para a obtenção do título de Engenheira Bioquí-
mica.

Orientadora: Profª. Dra.Talita Martins Lacerda

LORENA – SP

2021
“Na minha experiência, você pode quase sempre aproveitar as coisas se você se men-
talizar com firmeza de que isso vai acontecer”

L.M MONTGOMERY
RESUMO
VILLELA, Marina Gabriele Martins. Considerações sobre a utilização de iodopovidona na
formulação de antissépticos de uso tópico. 2021. 39 f. Trabalho de Conclusão de Curso –
Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2021.

Devido à pandemia de COVID-19, a demanda por antissépticos de uso tópico para a higieniza-
ção das mãos aumentou de forma exponencial, gerando a escassez de produtos como o álcool
em gel no primeiro semestre de 2020. A baixa variedade de formulações químicas de produtos
antissépticos disponíveis no mercado, o alto custo e a disponibilidade limitada de matérias-
primas fez com que houvesse a necessidade de inovar nas formulações de produtos higienizan-
tes que inativam o SARS-CoV-2. A iodopovidona é uma substância utilizada como antisséptico
hospitalar, indicada para curativos, queimaduras, ferimentos superficiais da pele e procedimen-
tos cirúrgicos, e sua eficiência na inativação do vírus responsável pela COVID-19 tem sido
citada na literatura. O presente trabalho tem como objetivo estimular a utilização da iodopovi-
dona na composição de uma formulação de antisséptico, trazendo vantagens na utilização dessa
substância em relação às formulações contendo os principais saneantes do mercado, como a
clorexidina, álcool etílico e cloreto de benzalcônio. Foram desenvolvidos e comercializados
antissépticos contendo iodopovidona, com formulações regulamentadas pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), onde foi realizado um estudo de caso a partir de entrevistas
com os clientes destes antissépticos. A formulação contendo iodopovidona possui um preço
competitivo no mercado, eficácia comprovada para a inativação dos principais agentes biocidas.

Palavras-chave: COVID-19, SARS-CoV-2, Antisséptico, Iodopovidona, Assepsia, Inovação.


ABSTRACT
VILLELA, Marina Gabriele Martins. Utilização da iodopovidona na formulação de antis-
sépticos de uso tópico. 2021. 39 f. Projeto de monografia (Trabalho de Conclusão de Curso I
em Engenharia Bioquímica) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo,
Lorena, 2020.

Due to the COVID-19 pandemic, the demand for antiseptics for hand hygiene has increased
exponentially, causing a shortage of products such as alcohol gel in the first half of 2020. The
low variety of antiseptic formulations available, the higher cost and the limited availability of
raw materials made it necessary to innovate in the formulation of sanitizing products that inac-
tivate SARS-CoV-2. Povidone iodine is a substance used as a hospital antiseptic, indicated in
dressings, burns, superficial skin wounds and surgical procedures, and its effectiveness in inac-
tivating the virus responsible for COVID-19 was mentioned in the literature. The present term
paper aims to stimulate the use of povidone iodine in the composition of an antiseptic formula-
tion, bringing advantages in the use of this substance in relation to formulations containing the
main sanitizers on the market, such as chlorhexidine, ethyl alcohol and benzalkonium chloride.
Antiseptics containing povidone iodine were developed and marketed, with formulations regu-
lated by the National Health Surveillance Agency (ANVISA), where a case study was carried
out based on interviews with customers of these antiseptics. The formulation containing pov-
idine iodine has a competitive price in the market, proven efficacy in inactivating the main
biocidal agents and good public acceptance.

Key-words: Alcohol in gel, Antiseptic, Iodine-Povidone, Iodine, Asepsis, Coronavirus, SARS-


CoV-2, COVID-19, Sanitation, Innovation.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Cloreto de Benzalcônio e tipos de emprego para os quais foram aprovados pelo
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), para uso geral. ...................................... 15
Quadro 2: Cloreto de Benzalcônio em concentrações específicas para o uso contra o SARS-
CoV-2. ...................................................................................................................................... 15
Quadro 3:Utilizações da iodopovidona aprovadas pelo CDC para uso geral........................... 19
Quadro 4:Concentrações específicas de iodopovidona para o uso contra o SARS-CoV-2...... 21
Quadro 5: Etapas da coleta de dados. ....................................................................................... 24
Quadro 6: Aplicações aprovadas para a utilização dos saneantes. ........................................... 25
Quadro 7: Eficiência dos agentes biocidas estudados. ............................................................. 26
Quadro 8: Quadro comparativo entre os preços das formulações contendo os saneantes. ...... 27
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Concentrações específicas de iodopovidona para o uso contra o SARS-CoV-2...... 19


Tabela 2: Mecanismos de ação dos principais saneantes ......................................................... 25
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação esquemática da estrutura química dos vírus, com partículas


envelopadas e não envelopadas. ............................................................................................... 13
Figura 2: Representação esquemática da iodopovidona, formada pela complexação entre
polivinilpirrolidona (PVP) e iodo. ............................................................................................ 18
Figura 3: Coloração da formulação contendo 0,55% de iodopovidona ................................... 28
Figura 4: Aceitação de produto sanitizante com coloração específica. .................................... 29
Figura 5: Consideração da cor na compra de produtos. ........................................................... 29
Figura 6: Cor mais apreciada para um antisséptico. ................................................................. 30
Figura 7: Satisfação do cliente ao adquirir um antisséptico contendo iodopovidona. ............. 31
Figura 8: Iodopovidona versus álcool em gel. .......................................................................... 32
Figura 9: Possíveis alergias causadas utilizando o produto contendo iodopovidona. .............. 32
LISTA DE SIGLAS

PVPI Iodopovidona ou Povidona-iodo


CMC Carboximetilcelulose
CDC Centro de Controle e Prevenção de Doenças.
PVP Polivinilpirrolidona
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
FDA Food and Drug Admnistration
CFF Conselho Federal de Farmácia
OMS Organização Mundial da Saúde
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
CDC Centers for Disease Control and Prevention
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
MHV Mouse Hepatitis Virus
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 12
2.1 Microrganismos ................................................................................................................ 12
2.2 Vírus ................................................................................................................................. 12
2.2.1 SARS-CoV-2................................................................................................................. 13
2.3 Substâncias saneantes....................................................................................................... 14
2.3.1 Cloreto de Benzalcônio ................................................................................................. 15
2.3.2 Álcoois .......................................................................................................................... 16
2.3.3 Clorexidina .................................................................................................................... 16
2.3.4 Iodóforos ....................................................................................................................... 17
2.3.4.1 Iodopovidona.............................................................................................................. 17
3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 20
3.1 Método de Pesquisa.......................................................................................................... 20
3.2 Levantamento de dados bibliográficos ............................................................................. 21
3.3 Coleta de dados e pesquisa de campo .............................................................................. 21
3.3.1 Problema ....................................................................................................................... 22
3.3.2 Possível solução para o problema ................................................................................. 22
3.3.3 Validação da solução..................................................................................................... 23
3.4 Análise de Dados.............................................................................................................. 23
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 24
4.1 Análise do problema ........................................................................................................ 24
4.2 Análise das substâncias saneantes .................................................................................... 25
4.2.1 Eficiência dos saneantes presentes no mercado ............................................................ 26
4.2.2 Disponibilidade e preço de mercado dos principais saneantes ..................................... 27
4.3 Coloração ......................................................................................................................... 28
4.4 Reações a iodopovidona e feedback dos clientes ............................................................. 30
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 35
1. INTRODUÇÃO

Desde o primeiro caso reportado na segunda metade do ano de 2019, o vírus SARS-CoV-
2, causador da COVID-19, infectou milhões de pessoas ao redor do mundo, o que fez com que
a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificasse o fenômeno como uma pandemia. Os
países e os órgãos de saúde buscaram diversas maneiras de conter a disseminação do vírus
(PIMENTEL, 2020). A utilização de máscaras e o uso de antissépticos para a higienização das
mãos mostraram-se medidas fundamentais para a diminuição da proliferação do vírus (DE OLI-
VEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA, 2020).
A pandemia da COVID-19 ocasionou um grande aumento pela demanda por álcool em gel
(EMBRAPA, 2020), que se mostrou eficaz na inativação do SARS-Cov-2 (KAMPF, 2020) e
extremamente útil para a desinfecção das mãos, principalmente na impossibilidade de lavá-las
com água e sabão (ANVISA, 2020). Tal fato ocasionou um desabastecimento do produto no
mercado brasileiro.
A formulação típica do álcool em gel inclui espessante e etanol 70%. Os espessantes (ou
agentes gelificantes) têm como principal função a alteração da reologia e a estabilização da
solução (SEQUINEL, 2020). O Carbopol® (ácido prop-2-enoico) frequentemente empregado
como agente espessante, tornou-se escasso devido à grande demanda pelo álcool em gel. Subs-
tâncias alternativas passaram a ser utilizadas para o mesmo fim, como é o caso da carboxime-
tilcelulose (CMC) (CERRUTTI; FROLLINI, 2009) e de outras substâncias que não apresenta-
ram as mesmas propriedades quando em contato com a pele (EMBRAPA, 2020).
Apesar do álcool em gel possuir diversas vantagens como baixo custo, alta solubilidade em
água e baixa toxicidade ao meio ambiente, algumas desvantagens como a falta de matéria-prima
ocasionada pela grande demanda e o ressecamento das mãos (BURG, 2007) merecem atenção.
Nesse sentido, diversos estudos recentes (HERNANDES, 2020) têm mostrado a eficácia de
outras substâncias na inativação do SARS-CoV-2 (PIMENTEL, 2020). A iodopovidona é uma
substância citada para este propósito, apresentando resultados satisfatórios (CONSELHO FE-
DERAL DE FARMÁCIA, 2020).
Considerando a importância do pleno entendimento de alternativas disponíveis para serem
incluídas na formulação de antissépticos para a prevenção do novo coronavírus, este trabalho
teve como objetivo executar uma pesquisa bibliográfica, com ênfase nos estudos referentes à
utilização de substâncias higienizantes, para a formulação de um antisséptico para uso tópico
baseado em iodopovidona, destacando pontos relacionados ao preço, à eficácia e à aceitação do
10
público. Algumas características importantes da iodopovidona foram levantadas, destacando as
vantagens e as desvantagens de sua utilização para a formulação de um spray antisséptico com
preço acessível, textura agradável, baixa ou ausência de irritabilidade na pele, eficaz e prático.

11
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Microrganismos

Microrganismos são seres vivos microscópicos que não podem ser vistos a olho nu. Habi-
tam os mais diversos ecossistemas e podem ter como habitat os mais diversos locais. Muitos
microrganismos estão presentes no corpo humano, fazendo parte da microbiota natural dos ani-
mais e das plantas de forma geral (DO NASCIMENTO, 2012). Entretanto, podem também
ocasionar efeitos indesejáveis, como a depreciação de diversos objetos e alimentos, e o surgi-
mento de doenças de menor ou maior gravidade.
Fungos, bactérias, protozoários e vírus podem causar diferentes tipos de patogenias. Al-
guns exemplos de doenças causadas por microrganismos são a doença de Chagas, a toxoplas-
mose e a giardíase, causadas por protozoários, as micoses de pele causadas pela ação de fungos,
as pneumonias causadas por bactérias, e doenças como a gripe e o HIV, causadas por vírus.
Recentemente, estes últimos têm ganhado atenção pelo surgimento da Covid-19, doença respi-
ratória viral causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 (Y LOBO, 2020).

2.2 Vírus

Os vírus são as entidades biológicas mais abundantes no planeta Terra, possuindo grande
dominância em oceanos, solo, ar e em todos os seres vivos (MOELLING; BROECKER, 2019;
KOONIN, 2016; KOONIN; DOLJA, 2013). Há espécies de vírus capazes de suportar diversas
condições adversas.
De acordo com a biologia clássica, os vírus não são classificados como seres vivos, prin-
cipalmente por não serem capazes de replicar ou metabolizar de forma independente. Estes
microrganismos são seres acelulares que necessitam de células para a replicação, sendo todos
os vírus parasitas intracelulares obrigatórios (DO NASCIMENTO, 2012) que necessitam de
uma célula hospedeira para que ocorram processos metabólicos. No entanto, os vírus não po-
dem ser classificados como seres inanimados, pois são constituídos de moléculas biológicas
que carregam informações genéticas (DISNER, 2020).
De acordo com a estruturação química, os vírus são compostos por duas classes de subs-
tâncias: proteínas e ácidos nucleicos, podendo ser o ácido desoxirribonucleico – DNA ou o

12
ácido ribonucleico – RNA) (DO NASCIMENTO, 2012). As proteínas são partes constituintes
do capsídeo, cápsula proteica que envolve o material genético viral (Figura 1).

Figura 1: Representação esquemática da estrutura química dos vírus, com partículas envelopadas e não envelopa-
das.

Fonte: Do Nascimento, (2012).


Legenda: (1) Ácido nucleico: genoma viral; (2) capsídeo: envoltório proteico que envolve o material genético
viral; (3) nucleocapsídeo: estrutura formada pelo capsídeo, associado ao ácido nucléico que ele engloba; (4) cap-
sômeros: monômeros proteicos, que agregados compõe o capsídeo; (5) envelope: membrana lipídica que envolve
a partícula viral externamente; (6) peplômeros: constituídos de glicoproteínas e lipídeos, que são encontradas an-
coradas ao envelope.
A infecção viral é capaz de gerar alterações metabólicas nas células dos infectados, podendo
causar reações adversas e morte celular. Os vírus frequentemente apresentam alta disseminação,
e as doenças virais podem atingir altas proporções, como é o caso de doenças como o HIV, a
hepatite B, o ebola e a COVID-19. É possível inativar certas espécies de vírus através de re-
médios, contato com determinadas substâncias químicas e altas temperaturas. A utilização de
máscaras e a higienização adequada das mãos são considerados métodos eficazes, de forma
geral, para a prevenção ao contágio de vírus. Entretanto, as vacinas são a maneira mais eficiente
para o combate das doenças virais.

2.2.1 SARS-CoV-2

O SARS-CoV-2 é o vírus causador da COVID-19, doença que pode desencadear pro-


cessos inflamatórios graves no sistema respiratório dos seres humanos. A entrada do vírus no
corpo humano acontece principalmente pelo contato com gotículas do nariz ou da boca do pa-
ciente infectado, principalmente por meio de tosse ou espirro (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
13
2020). O contágio pode ocorrer pelo contato direto com as gotículas, pelo ar, ou pelo contato
com gotículas depositadas sob superfícies inanimadas, sendo esta última menos relevante. Essas
gotículas entram pela boca, olhos e/ou nariz de pessoas saudáveis, e o material viral se multi-
plica até atingir o pulmão. Algumas comorbidades como como o diabetes, hipertensão, HIV e
câncer, e até a idade avançada, podem aumentar o risco de agravamento da infecção causada
pelo vírus (LEMOS, 2020), mas pessoas sem histórico de comorbidades também podem apre-
sentar a forma grave da doença, já está relacionada à carga viral à qual o indivíduo foi exposto.
Os métodos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou para minimizar o
contágio são: o uso de máscaras em ambientes públicos, o distanciamento de no mínimo um
metro entre as pessoas, e a frequente higienização das mãos com água e sabão ou com álcool
em gel (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020).
A higienização das mãos é uma medida primária muito importante para o controle de in-
fecções e de outros problemas de saúde. A higienização correta das mãos tem sido considerada
um dos principais métodos preventivos ao contágio do novo coronavírus, sendo um dos pilares
da prevenção e do controle de infecções nos serviços de saúde (ANVISA, 2020).
A OMS destaca a higienização das mãos como um fator fundamental para a prevenção
ao contágio de doenças, principalmente as causadas por vírus. Segundo a Organização Pan-
Americana de Saúde (OPAS), “a OMS destaca a necessidade urgente de reduzir as desigualda-
des na disponibilidade de boa higienização das mãos e outras medidas de prevenção e controle
de infecções” (OPAS, 2021). A higienização das mãos é um fator fundamental para a prevenção
de doenças e deve estar disponível a toda população (OPAS, 2021).

2.3 Substâncias saneantes

As técnicas de higienização são atuantes no combate às disseminações de contágios por


microrganismos. De acordo com as recomendações da OMS, os hábitos cotidianos de limpeza
e higienização são de suma importância para a diminuição da transmissão de patógenos, influ-
enciando nos decréscimos da população infectada e consequentemente reduzindo mortes
(LIMA et al., 2020). Os saneantes são substâncias destinadas à higienização ou à desinfecção,
possuindo um grande papel na higienização de ambientes, superfícies e, dependendo do com-
posto químico, podem ser utilizados para a lavagem das mãos (ANVISA, 2009).
Os saneantes são capazes de proporcionar a desinfecção por ação de forças intermolecula-
res ou pela capacidade oxidativa de um dado agente biocida contra as biomoléculas de interesse
14
existentes nos microrganismos-alvo. Os detergentes, sabonetes, sabões e desinfetantes domici-
liares são exemplos de saneantes que possuem as forças intermoleculares como método de ação
para a desinfecção. Os princípios ativos destes saneantes são capazes de desestabilizar a estru-
tura tridimensional de proteínas e membranas biológicas, contribuindo para a desestruturação
e inativação do microrganismo de interesse. Os compostos à base de etanol também são capazes
de ocasionar a desinfecção por ação de forças intermoleculares.
Alguns dos principais saneantes recomendados pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
tária (ANVISA, Brasil), pelo Conselho Federal de Farmácia e pelo FDA (Food and Drug Ad-
ministration, Estados Unidos) para o combate à proliferação de microrganismos e do SARS-
CoV-2 são apresentados na sequência.

2.3.1 Cloreto de Benzalcônio

O cloreto de benzalcônio (cloreto de alquil propil dimetil benzil amônio) é um sal com
propriedades antissépticas utilizado para a lavagem das mãos antes de cirurgias e para a prepa-
ração pré-operatória da pele de pacientes (FDA, 2016). As principais aplicações aprovadas para
o cloreto de benzalcônio estão apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1: Cloreto de Benzalcônio e tipos de emprego para os quais foram aprovados pelo Centers for Disease
Control and Prevention (CDC), para uso geral.

Fonte: FDA (2016).


Pesquisas recentes foram feitas em relação à utilização do cloreto de benzalcônio para ina-
tivação do Sars-Cov-2, e os resultados são apresentados de forma simplificada no Quadro 2.

Quadro 2: Cloreto de Benzalcônio em concentrações específicas para o uso contra o SARS-CoV-2.

Fonte: Conselho Federal de Farmácia (2020).

15
De acordo com a nota técnica de número 47 da ANVISA, amônias quaternárias, como
o cloreto de benzalcônio, são amplamente utilizadas nas indústrias de cosméticos, farmacêutica
e domissanitária para a produção de produtos desinfetantes devido às propriedades bactericidas
e fungicidas. O cloreto de benzalcônio é utilizado na fabricação de detergentes, curativos, de-
sengordurantes, sabonetes e está presente na formulação de diversos cosmétivos, devido a suas
propriedades umectantes e ansitestática (OLIVEIRA, 2015) são substâncias antissépticas, não-
corrosivas, porém capazes de causar sensibilização dérmica, irritação na pele e das vias respi-
ratórias. De forma geral, têm menos ação contra micobactérias, vírus envelopados e esporos, e
são inativadas na presença de matéria orgânica, como sabões e tensoativos aniônicos (ANVISA,
2020).

2.3.2 Álcoois

Os álcoois em geral, principalmente o etanol, possuem um largo espectro de ação contra


fungos, vírus e bactérias. Possuem ação virucida eficaz, principalmente contra vírus envelopa-
dos, como é o caso do SARS-CoV-2 (LIMA et al., 2020). A atividade antimicrobiana dos álco-
ois se eleva com o aumento da cadeia de carbono, que é inversamente proporcional à solubili-
dade em água. Apenas os álcoois alifáticos, preferencialmente o etanol, o isopropanol e o n-
propanol, são utilizados como produtos para higienização das mãos devido a propriedades de
miscibilidade em água (ANVISA, 2009). O modo de atuação virucida dos álcoois está relacio-
nado predominante à desnaturação e à coagulação de proteínas (LIMA et al., 2020).

2.3.3 Clorexidina

O gluconato de clorexidina, ou clorexidina, é uma substância com ação antimicrobiana que


possui grande eficiência no combate à proliferação de bactérias na pele. A atividade antimicro-
biana da clorexidina ocorre devido à lise da membrana citoplasmática da área infectada pelos
microrganismos, o que resulta em precipitação ou coagulação de proteínas e ácidos nucléicos.
A atividade antimicrobiana da clorexidina é inferior ao efeito imediato do álcool, entre-
tanto, o efeito residual desta substância é o melhor entre os principais antissépticos, pois apre-
senta forte afinidade com os tecidos (ANVISA, 2009).

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A clorexidina possui atividade in vitro contra vírus envelopados como por exemplo o vírus
do HIV e SARS-CoV-2, entretanto, as atividades são consideravelmente menores contra os
vírus não envelopados, como por exemplo os adenovírus (ANVISA, 2009).
Uma avaliação da eficácia antimicrobiana de vários produtos utilizados na higienização
das mãos, utilizando o método Padrão Europeu (European Standard EN 1499), revelou que a
clorexidina degermante a 4% apresentou ação antimicrobiana ligeiramente superior a de sabo-
nete comum, mas inferior que a obtida por iodopovidona (PVPI) (ROTTER, 2004). A atividade
antimicrobiana é pouco afetada na presença de matéria orgânica, incluindo o sangue, devido ao
fato de que a clorexidina é uma molécula catiônica e sua atividade pode ser reduzida por sabo-
netes naturais, surfactantes não-iônicos e cremes para as mãos contendo agentes emulsificantes
aniônicos (ANVISA, 2009).

2.3.4 Iodóforos

O iodo tem sido utilizado como uma substância antisséptica desde meados dos anos 1800,
mas devido à irritação e à descoloração da pele, foi substituído pelos iodóforos como compo-
nentes ativos em antissépticos (ROSSATO, 2018).
Segundo Rossato, “os iodóforos são combinações de iodo com um agente solubilizante e
transportador, que atuam carregando as moléculas de iodo, que são liberadas gradualmente em
baixas concentrações, mantendo o efeito germicida do iodo” (ROSSATO, 2018). Os iodóforos
costumam causar menos irritações na pele do que o iodo puro, já que a associação do iodo a um
polímero aumenta a solubilidade da solução e promove a liberação progressiva e contínua de
iodo, reduzindo sua toxicidade e mantendo o efeito germicida. O tempo de contato com a pele
para a liberação do iodo livre é de aproximadamente 2 minutos, possuindo um efeito residual
de 2 a 4 horas (PASCHOAL; BONFIM, 2020).

2.3.4.1 Iodopovidona

Quando em contato com a pele e com outras membranas mucosas, a iodopovidona (poli-
vinilpirrolidona-iodo/PVPI) comporta-se como um iodóforo (FERNANDES, 2011), formado
pela associação do iodo com um polímero carreador, a polivinilpirrolidona (PVP, Figura 2)
(ROSSATO, 2018). Esta associação é utilizada como agente para suspensão e dispersão, e atua
como princípio ativo em fármacos (DOS SANTOS; AFONSO, 2013). Também é utilizada
17
como dilatador do volume sanguíneo, sendo comumente empregada em hospitais e clínicas
como desinfetante da pele e no preparo pré-operatório. A iodopovidona é uma substância já
conhecida no mercado, sendo utilizada como princípio ativo para diversos produtos, porém,
ainda não foi considerada como parte de formulações de produtos antissépticos para uso tópico
(como o álcool em gel).

Figura 2: Representação esquemática da iodopovidona, formada pela complexação entre polivinilpirrolidona


(PVP) e iodo.

Fonte: Fernandes (2011).


A iodopovidona é um complexo químico que já possui efetividade comprovada para as-
sepsia, com aplicação em diversos medicamentos com ênfase em infecções cutâneas, ferimen-
tos e queimaduras (ROSSATO, 2018). Durante o ano de 2020, devido à pandemia de COVID-
19, a iodopovidona foi uma substância submetida a diversos testes de eficácia (KAMPF, 2020),
pois possui um amplo espectro de ação, e é ativo contra o vírus SARS-CoV-2. O complexo
possui vantagens em relação aos demais produtos utilizados para a assepsia das mãos, promo-
vendo baixa probabilidade de toxicidade sistêmica, estabilidade, autopreservação, autoesterili-
dade, disponibilidade e baixo custo, o que gera grandes expectativas em relação à sua introdu-
ção na formulação de antissépticos (PASSOS; AGOSTINI, 2011).
Em concentrações de 5 a 10%, a iodopovidona é bastante utilizada para a lavagem das
mãos de profissionais da saúde, esfoliação cirúrgica das mãos e preparação pré-operatória da
pele do paciente (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2020). Pode ser comercializada
em soluções aquosas, hidroalcóolicas e em solução com tensoativos.
As aplicações atuais mais recorrentes da iodopovidona (de 5 a 10%) e os empregos apro-
vados pelo CDC estão apresentados no Quadro 3.

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Quadro 3:Utilizações da iodopovidona aprovadas pelo CDC para uso geral.

Fonte: Conselho Federal de Farmácia (2020).


Em pesquisas recentes a iodopovidona se mostrou eficiente contra o SARS-CoV-2 em con-
centrações de 0,23- 7,5%. A iodopovidona 1% pode ser, portanto, um produto alternativo ao
álcool etílico 70% para a desinfecção (ANVISA, 2020). Na tabela 1 é possível verificar os
resultados de um experimento utilizando iodopovidona, em que a substância foi submetida ao
contato com o SARS-CoV-2 em diferentes concentrações específicas. O tempo de contato da
iodopovidona com o vírus necessário para sua inativação foi medido e apresentado em função
das concentrações específicas de iodopovidona.

Tabela 1: Concentrações específicas de iodopovidona para o uso contra o SARS-CoV-2.

Redução da
Tempo de
Ingrediente ativo Concentração Vírus infectividade
exposição
viral (log10)
7,50% MERS-CoV 15s 4,6
4,00% MERS-CoV 15s 5
1,00% SARS-CoV 1 min >4
1,00% MERS-CoV 15s 4,3
Iodopovidona 0,47% SARS-CoV 1 min 3,8
0,25% SARS-CoV 1 min >4
0,23% SARS-CoV 1 min >4
0,23% SARS-CoV 15s >4,4
0,23% MERS-CoV 15s ≥4,4

Fonte: Adaptado (KAMPF, 2020)


A partir de estudos recentes, foi possível comprovar que a iodopovidona possui ação anti-
viral contra o SARS-CoV (KAMPF, 2020). Pouco se sabe sobre os mecanismos de ação anti-
viral do iodo, porém, experimentos indicam que os vírus não-lipídicos e parvovírus são menos
sensíveis se comparados aos vírus com envelopes lipídicos (ROSSATO, 2018). Os coronavírus
possuem um envelope lipídico com longas projeções externas, dando ao vírus uma aparência
característica. A presença do envelope lipídico pode explicar a alta eficácia da iodopovidona
apresentada contra os coronavírus, tendo em vista que a ação da substância já havia se mostrado
superior quando submetida a vírus com envelopes lipídicos.

19
Uma possível desvantagem da iodopovidona para uso em formulação de antissépticos para
uso tópico, é o fato do complexo possuir uma coloração específica castanho avermelhada, de-
vido à lenta oxidação do íon I- (incolor) pelo oxigênio do ar. O iodo presente no complexo
iodopovidona também pode ser oxidado pelos íons Fe3+ e Cu2+ e pelos demais halogênios (F2,
Cl2, Br2), produzindo I2 (DOS SANTOS; AFONSO, 2013). A iodopovidona possui uma textura
uniforme e é um tipo de doador de viscosidade (como as dietanolamidas de ácidos graxos) e
acidificantes (como o ácido cítrico) (VANAZ, 2018).
Para a utilização da iodopovidona na formulação de um antisséptico para uso tópico, é
necessário atentar-se à concentração do princípio ativo e de outras substâncias presentes, já que
é possível que o produto final possua uma coloração forte, capaz de manchar as mãos e as
roupas.
O presente trabalho tem como objetivo estimular a utilização da iodopovidona na compo-
sição de antisséptico de uso tópico, através do estudo de caso de uma formulação contendo
iodopovidona e o levantamento de dados em relação às formulações contendo outras substân-
cias saneantes como a clorexidina, álcoois e cloreto de benzalcônio.

3 METODOLOGIA

3.1 Método de Pesquisa

O presente trabalho possui quanto ao objetivo, a pesquisa do tipo exploratória, proporcio-


nando um melhor embasamento para a construção de hipóteses, utilizando-se de levantamento
bibliográfico, questionários, entrevistas, análises de dados e exemplos que estimulem a com-
preensão dos resultados obtidos (GIL, 2007).
Quanto aos procedimentos, utilizou-se da pesquisa de campo, que caracteriza-se pela
apuração de informações através da pesquisa bibliográfica e a coleta de dados junto a pessoas
(GERHARDT, TATIANA; SILVEIRA, 2009).
O método de pesquisa foi baseado em duas etapas, a primeira focada na construção de
hipóteses (GERHARDT, TATIANA; SILVEIRA, 2009), através da metodologia de pesquisa
exploratória, permitindo uma avaliação crítica, meticulosa e ampla das literaturas disponíveis
sobre uma determinada área de conhecimento. Com um caráter exploratório, essa metodologia
permitiu uma maior interação com o tema abordado, fomentando hipóteses, organizando e apri-
morando ideias (AMARAL, 2011). A segunda fase do trabalho, com ênfase na pesquisa de
20
campo, esteve focada em entrevistas, coleta e análise de dados de personagens relevantes atra-
vés do emprego de procedimentos científicos para fomentar a hipótese da utilização da iodopo-
vidona para a produção de um antisséptico para uso tópico, principalmente para as mãos.

3.2 Levantamento de dados bibliográficos

Um levantamento bibliográfico foi feito para identificação e análise de publicações cientí-


ficas, que permitiram um aprofundamento dos temas previamente estudados (GERHARDT,
TATIANA; SILVEIRA, 2009).
O levantamento bibliográfico incluiu contribuições nacionais e internacionais publicadas
no período entre 2005 e 2021. Foram verificadas as bases de dados governamentais nacionais
e internacionais com ênfase em estudos sobre o novo coronavírus, como a base de dados do
FDA e ANVISA. Foram pesquisados artigos publicados pelos portais Web Of Science, Google
Schoolar, Scopus, Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e Biblioteca Digital PBi.

3.3 Coleta de dados e pesquisa de campo

A coleta de dados do presente trabalho foi baseada no método análise de conteúdo, que
possui foco principal na comunicação (BARDIN, 2006). A análise de conteúdo pode ser defi-
nida em 3 etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. A primeira
etapa é baseada nos procedimentos, que devem ser previamente bem definidos e mapeados. A
segunda, consiste na execução dos procedimentos fundamentados, e na terceira e última etapa,
o pesquisador é responsável pela exploração dos dados, traduzindo-os de forma significativa.
Os dados relativos ao presente trabalho foram levantados em três fases, que estão apresen-
tadas no Quadro 4.

Quadro 4: Etapas da coleta de dados.

21
Fonte: Autoria Própria.
A estruturação da pesquisa de campo para a coleta de dados foi definida em sete passos,
utilizando como base o método adotado na administração mercadológica. São eles:
- Definição do público alvo e objetivos da pesquisa.
- Definição da coleta de dados (levantamento de dados).
- Definição do método de pesquisa de dados primários.
- Definição da amostra
- Elaboração dos instrumentos de pesquisa
- Aplicação da pesquisa
- Tabulação dos dados

3.3.1 Problema

A primeira etapa da coleta de dados consistiu na validação do problema. O problema-hi-


pótese esteve relacionado ao preço do álcool em gel e à escassez dos insumos para sua produção
(especialmente os espessantes). A validação do problema-hipótese foi feita pela coleta de dados
com dois grupos, i.e., usuários de álcool gel e pessoas em situação de vulnerabilidade.
As entrevistas foram do tipo semiestruturada, contendo perguntas previamente determina-
das, mas sem limitações. As entrevistas foram realizadas de forma quantitativa e qualitativa,
buscando um resultado assertivo nas respostas, para a conclusão da hipótese (COHEN; MA-
NION; MORRISON, 2007; NOOR, 2008). Esta etapa da pesquisa teve como finalidade definir
o público-alvo e estipular os objetivos que se pretende atingir. O público a ser entrevistado foi
escolhido através da persona estruturada que enfrentaria o problema levantado. Foram escolhi-
das pessoas em situação de vulnerabilidade, com o intuito principal da validação da hipótese
relacionada ao preço do álcool em gel, e pessoas adeptas ao uso do antisséptico de forma geral.
As entrevistas foram aplicadas à moradores da comunidade de Paraisópolis e usuários de álcool
em gel.

3.3.2 Possível solução para o problema

A partir da realização da etapa metodológica de coleta de dados previamente descrita, uma


formulação de higienizante para uso tópico contendo iodopovidona foi confeccionada.

22
O produto higienizante foi vendido na forma de spray. A formulação do antisséptico é
composta principalmente de iodopovidona, nas concentrações de 0,4% a 1%, etanol, água des-
tilada, glicerina, aroma artificial de essência de baunilha e outros componentes.
O spray antisséptico foi vendido por uma startup, vencedora do Desafio USP: COVID-19,
contendo o modelo de negócio one for one, em que para cada produto vendido, outro é doado
para pessoas em situação de vulnerabilidade.
A partir da venda dos produtos pela startup, foi possível validar a formulação, a textura, o
preço, a qualidade do produto confeccionado e a aceitação pelo público.
Os produtos contendo iodopovidona na formulação foram vendidos de acordo com as Re-
soluções da Diretoria Colegiada (RDC) publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
tária (ANVISA) de números 350 e 422.

3.3.3 Validação da solução

Os sprays antissépticos contendo iodopovidona na formulação foram vendidos para os mais


diversos tipos de clientes e puderam ser validados através do feedback dos consumidores, que
foi realizado via formulário. Utilizando-se da administração mercadológica, foi possível aplicar
a pesquisa utilizando algumas perguntas-chave. Os questionários foram realizados com o in-
tuito de identificar a qualidade do produto, a aceitação dos clientes e possíveis reações alérgicas.

3.4 Análise de Dados

Para a análise dos resultados, foram utilizadas diversas ferramentas visando resultados cla-
ros, objetivos e precisos. Em posse das respostas dos formulários preenchidos pelos usuários,
os dados foram compilados e consolidados através das ferramentas da Microsoft Excel e Power
BI (plataforma de análises de Business Inteligence).
Através do método da análise de conteúdo, foi possível gerar estratégias previamente defi-
nidas para um melhor estudo da comunicação. Na última etapa, os dados coletados foram ava-
liados e explorados de forma reflexiva. A análise de dados através do método de análise de
conteúdo foi constituída na interpretação inferencial (LAVILLE & DIONNE, 1999). O método
de triangulação teve um importante papel na validação dos dados coletados.

23
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Análise do problema

Foram realizadas entrevistas com três moradores da comunidade de Paraisópolis e três


usuários de álcool em gel. As entrevistas foram realizadas com o objetivo de identificar os
principais problemas enfrentados em relação a utilização do álcool em gel e a higienização das
mãos como forma preventiva à doença COVID-19.
No Quadro 5 é possível visualizar quais são os principais veículos de comunicação uti-
lizados pelos entrevistados para a atualização das informações relacionadas à prevenção do
contágio do vírus SARS-CoV-2.
Quadro 5: Meios de comunicação utilizados

Fonte: Autoria própria.


Os usuários de álcool em gel relataram que se mantêm atualizados em relação às infor-
mações da COVID-19 principalmente através da televisão e internet. Os moradores de Paraisó-
polis destacaram a utilização de carros de som para a veiculação das informações da COVID-
19 como um excelente método para as atualizações relacionadas à doença, assim como a inter-
net e televisão.
Os usuários de álcool em gel destacaram o incômodo na utilização deste produto de
forma exacerbada. Os principais pontos de insatisfação levantados foram a textura do produto,
a sensação “pegajosa” e sujeira acumuladas nas mãos.
Dois dos três entrevistados residentes de Paraisópolis informaram que não possuíam
acesso ao álcool em gel, devido ao preço elevado do produto, mesmo em frascos de baixo vo-
lume. O outro entrevistado, morador da comunidade, informou que teve acesso ao produto atra-
vés de doações realizadas. Todos os moradores de Paraisópolis relataram que há uma grande
dificuldade na higienização das mãos. O álcool em gel é um produto de difícil acesso à comu-

24
nidade de forma geral e a disponibilização da água encanada é interrompida após um determi-
nado horário, dificultando a higienização das mãos de forma correta ao combate da COVID-
19.

4.2 Análise das substâncias saneantes

Através do levantamento de dados realizado no presente trabalho, foi possível identificar


as principais diferenças entre os saneantes disponíveis no mercado, como o álcool etílico, iodo-
povidona, clorexidina e cloreto de benzalcônio. No Quadro 6 é possível visualizar as principais
propriedades das substâncias saneantes e correlacionar as características entre elas, e na Tabela
2 é possível identificar os mecanismos de ação antimicrobiana dos principais saneantes.

Quadro 6: Aplicações aprovadas para a utilização dos saneantes.

Fonte: Adaptado (CFF, 2020)..

Tabela 2: Mecanismos de ação dos principais saneantes

Antisséptico Substâncias comuns Mecanismo de ação específica


Álcoois Etanol e Isopropanol Desnaturação proteica
Clorexidina Gluconato de clorexidina Ruptura osmótica
Iodóforos Iodopovidona (PVP-I) Ruptura osmótica
Ação química nas estruturar celula-
Quaternário de amônio Cloreto de Benzalcônio
res

Fonte: Fernandes (2011).


De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), foi possível identificar as aplica-
ções aprovadas para a utilização dos principais saneantes disponíveis no mercado. A clorexidina
é um saneante que não possui aplicações aprovadas para a higienização das mãos, preparação
pré-operatória, esfregação e escovação cirúrgica das mãos, não sendo recomendável a utilização
desta substância para a formulação de um antisséptico de uso tópico. O iodóforo iodopoviona
é um saneante que possui aplicações aprovadas para a preparação pré-operatória da pele do
25
paciente, higienização das mãos dos profissionais da saúde e escovação cirúrgica das mãos com
antisséptico em barra, sendo uma substância em potencial para a formulação de um antisséptico
de uso tópico.
O álcool etílico nas concentrações de 60% a 80% e o álcool isopropílico nas concentrações
de 70% a 91,3% podem ser utilizados para a lavagem das mãos, esfregação cirúrgica e prepa-
ração pré-operatória da pele do paciente. Estas substâncias são amplamente utilizadas em for-
mulações de álcool em gel.
O cloreto de benzalcônio possui aplicações aprovadas para 4 das 5 utilizações estudadas
pelo Conselho Federal de Farmácia. Esta substância não possui aprovação para a esfregação
cirúrgica das mãos.
Na Tabela 2 foi possível identificar o tipo de mecanismo de ação virucida para cada antis-
séptico estudado.
Os resultados detalhados em relação à análise da eficiência e do preço das principais subs-
tâncias saneantes são apresentados na sequência.

4.2.1 Eficiência dos saneantes presentes no mercado

Kampf (2020) e Conselho Federal de Farmácia (2020) estudaram as eficiências dos prin-
cipais saneantes disponíveis no mercado, que são apresentadas de forma resumida no Quadro
7.
Quadro 4: Eficiência dos agentes biocidas estudados.

26
Fonte: Adaptado de Kampf (2020).
O álcool etílico em concentrações de 78% a 95% foi submetido a uma exposição média
de 30 segundos até a inativação dos vírus SARS-CoV. O álcool etílico a 70% foi exposto ao
Vírus da Hepatite Murina (MHV), com um tempo de exposição de 10 minutos até a inativação
do vírus nesta concentração. A clorexidina em concentração de 0,02% foi exposta ao MHV por
10 minutos até a inativação do vírus. O cloreto de benzalcônio em concentrações de 0,2%,
0,05% e 0,00175% foi submetido, respectivamente, ao coronavírus humano (HCoV), MHV e
coronavírus canino (CCV), apresentando um tempo de exposição de 10 minutos a 3 dias para a
inativação dos vírus.
A iodopovidona em concentrações de 0,23% a 7,5% inativou o vírus SAR-CoV em um
tempo de exposição de 15 segundos a um minuto, possuindo um tempo de exposição promissor
em relação aos outros saneantes.

4.2.2 Disponibilidade e preço de mercado dos principais saneantes

Foram coletados dados em relação ao preço de custo para a produção de um antisséptico


com volume de 100 mL comparando as substâncias: álcool em gel, iodopovidona em solução
aquosa, clorexidina e cloreto de benzalcônio. Os dados foram coletados através de uma cotação
com os principais fornecedores de empresas terceirizadas para a produção de higienizantes,
antissépticos e cosméticos.
O Quadro 8 mostra os preços das formulações utilizando os principais saneantes. Foram
feitas cotações com 8 empresas, sendo que 4 delas foram capazes de orçar as 4 formulações
solicitadas, 3 foram capazes de orçar apenas as formulações de álcool em gel, produto contendo
cloreto de benzalcônio e produto contendo iodopovidona e uma empresa fabricava apenas ál-
cool em gel. Foram escolhidos os melhores preços cotados para a comparação monetária entre
as formulações.

Quadro 5: Quadro comparativo entre os preços das formulações contendo os saneantes.

Fonte: Autoria Própria.

27
O volume cotado para cada formulação foi de 50 litros, totalizando 500 peças de 100mL.
Os produtos contendo iodopovidona e cloreto de benzalcônio obtiveram melhores preços em
relação aos produtos álcool gel e clorexidina.

4.3 Coloração

Ao contrário da maior parte dos saneantes conhecidos e utilizados comumente no mer-


cado, a iodopovidona possui uma coloração âmbar característica, que em grandes quantidades
é capaz de manchar roupas e superfícies. Na Figura 3 encontra-se a imagem obtida a partir da
formulação contendo 0,55% de iodopovidona. A partir de testes de formulação em tecidos e
superfícies foi possível concluir que, nesta concentração, a iodopovidona solubilizada em álcool
não mancha os tecidos e superfícies.

Figura 3: Coloração da formulação contendo 0,55% de iodopovidona

Fonte: Autoria Própria.

Uma pesquisa foi realizada com 105 pessoas, que foram incentivadas a responder um
questionário contendo perguntas relacionadas a coloração do produto higienizante contendo
iodopovidona. Os dados obtidos estão apresentados nas Figuras 4 a 6.

A Figura 4 apresenta a resposta dada pelos 105 respondentes à pergunta: Você deixaria
de comprar um produto antisséptico se ele possuísse a coloração destacada na figura
acima (Figura 3)?

28
Figura 4: Aceitação de produto sanitizante com coloração específica.

Fonte: Autoria Própria.

A Figura 5 apresenta a resposta dada pelos 105 respondentes à pergunta: Você leva em
consideração a cor do produto na hora da sua compra?

Figura 5: Consideração da cor na compra de produtos.

Fonte: Autoria Própria.

A Figura 6 apresenta a resposta dada pelos 105 respondentes à pergunta: Qual tipo de
cor te agrada mais em um produto antisséptico para as mãos.

29
Figura 6: Cor mais apreciada para um antisséptico.

Fonte: Autoria Própria.


Os resultados apresentados na Figura 4 mostram que 66,67% das pessoas comprariam um
produto com a cor destacada na imagem, 25,5% talvez comprariam e 7,6% não comprariam.
Os resultados obtidos e visíveis na Figura 5 revelam que 42,9% dos respondentes consideram
a cor do produto como decisão de compra e 57,1% dos respondentes não consideram a cor do
produto como fator decisivo. Os resultados apresentados na Figura 6 revelam que 69,5% dos
respondentes preferem a cor azul para uma formulação de antisséptico, 21,9% dos respondentes
preferem a cor verde e 8,6% dos respondentes preferem a cor amarela para a formulação de um
produto com característica higienizante.

4.4 Reações a iodopovidona e feedback dos clientes

As respostas foram avaliadas de acordo com as vendas dos antissépticos em um período


de 2 meses. No total, foram vendidas 2.853 unidades do spray antisséptico contendo iodopovi-
dona para 356 clientes. Ao realizar a compra dos produtos, os clientes recebiam uma bonifica-
ção ao responder o questionário de feedback. Foi possível coletar o feedback de 298 clientes
respondentes, e os resultados estão apresentados nas Figuras 7 a 9.

30
Figura 7: Satisfação do cliente ao adquirir um antisséptico contendo iodopovidona.

Fonte: Autoria Própria.


Os resultados apresentados na Figura 7 revelam que 2 pessoas não comprariam nova-
mente o produto spray antisséptico contendo iodopovidona na formulação, o que representa
0,67% dos respondentes. No total, 24 pessoas talvez adquiririam novamente o produto, repre-
sentando 8,05% do total dos respondentes, 169 pessoas comprariam novamente o produto, re-
presentando 56,72% dos resultados e 34,56% dos respondentes, ou seja, 103 pessoas com cer-
teza adquiririam novamente o produto antisséptico de iodopovidona.
No total 272 pessoas responderam ao questionamento de forma positiva, representando
91,28% dos respondentes, 24 pessoas (8,05%) responderam de forma indeterminada e 2
(0,67%) pessoas de forma negativa.

31
Figura 8: Iodopovidona versus álcool em gel.

Você preferiria comprar um produto antisséptico


contendo iodopovidona ou álcool em gel?
180
160
140
Quantidade de pessoas

120
100
80
60
40
20
0
Álcool em Gel Indiferente Produto contendo
Respostas Iodopovidona

Fonte: Autoria Própria.


Os resultados apresentados na Figura 8 revelam que 61 pessoas (20,47%) preferem ad-
quirir o produto álcool em gel, 153 pessoas (51,34%) responderam de forma indiferente entre
a compra do álcool em gel e do spray contendo iodopovidona, e 84 pessoas (28,19%) preferem
adquirir o produto contendo iodopovidona.

Figura 9: Possíveis alergias causadas utilizando o produto contendo iodopovidona.

Fonte: Autoria Própria.

32
Os resultados apresentados na Figura 9 revelam que 292 pessoas (97,99%) não apresen-
taram nenhum tipo de alergia, vermelhidão, coceira ou incômodo ao utilizar o produto contendo
iodopovidona, 4 pessoas (1,34%) responderam de forma indeterminada, não sabendo dizer com
precisão se foram apresentadas reações ao utilizar o produto e 2 pessoas (0,67%) afirmaram ter
apresentado alergias na utilização do produto.
Os clientes que responderam o questionário de forma indeterminada e aqueles que afir-
maram ter apresentado alergias foram entrevistados de forma mais precisa para que a reação
fosse estudada profundamente. Um cliente que apresentou alergia informou que nas primeiras
aplicações do produto não ocorreram reações, entretanto, após a utilização exacerbada do pro-
duto, uma vermelhidão no pulso foi notada. O outro cliente que afirmou ter apresentado alergia
informou que já possuía alergia ao iodo previamente detectada e após a utilização de aproxi-
madamente 15 aplicações do produto uma vermelhidão e coceira foi notada na palma da mão
de forma leve.
Os clientes que responderam o formulário de forma indeterminada foram acompanhados
durante 2 semanas para a determinação correta em relação às reações. No total, 3 clientes des-
creveram que, ao utilizar o produto antisséptico com outras substâncias químicas, como desin-
fetantes e produtos de limpeza, uma certa vermelhidão leve era notada. Um cliente que respon-
deu o questionário de forma indeterminada foi acompanhado e determinou-se que a alergia era
decorrente de outros produtos utilizados e não do produto contendo iodopovidona.

33
5 CONCLUSÃO

A pandemia da Covid-19 fez com que diversos estudos relacionados ao combate da


proliferação do vírus SARS-CoV-2 ocorressem. Diversos estudos sobre vacinas, medicamen-
tos, saneantes, máscaras e outros possíveis métodos ao combate à Covid-19 foram veiculados.
No presente trabalho foi possível comparar o preço de um produto com formulação con-
tendo iodopovidona, a eficácia, reações alérgicas e feedbacks dos clientes. Foi possível notar
que a formulação contendo iodopovidona possui um preço competitivo no mercado, sendo o
segundo menor preço entre as formulações cotadas, apenas mais cara do que a formulação con-
tendo o sal cloreto de benzalcônio.
No que se diz respeito à eficácia, os testes realizados com o cloreto de benzalcônio fo-
ram inconclusivos em relação à inativação do vírus SARS-CoV-2, sendo assim, a formulação
utilizando este sal foi descartada.
O álcool etílico é comumente utilizado na porcentagem de 70% para a formulação dos
álcoois gel. Nesta concentração o álcool apresentou um resultado de aproximadamente 10 mi-
nutos para a inativação do vírus SARS-Cov-2, enquanto a iodopovidona apresentou cerca de 1
minuto para a inativação do vírus entra as concentrações de 0,23% a 1%.
A clorexidina apresentou um resultado de 10 minutos para a inativação do vírus MHV
(Mouse Hepatitis Vírus), não possuindo dados em relação ao SARS-CoV-2, sendo assim, a
formulação utilizando esta substância ao combate do novo coronavirus deve ser descartada por
fatores como: indeterminação da eficácia contra o SARS-CoV-2, cheiro da substância, pode
causar manchas nas roupas e ressecar as mãos.
A iodopovidona se mostrou um princípio ativo com eficácia contra o SARS-CoV-2,
com baixo índice de reações alérgicas e um bom feedback dos clientes de forma geral. A iodo-
povidona em baixas concentrações e solubilizada em álcool não manchou tecidos e superfícies.
O baixo custo para a formulação de um produto antisséptico utilizando iodopovidona
fez com que fosse possível vender o produto com um preço competitivo no mercado se compa-
rado ao álcool gel, sendo possível vender o produto no estilo one for one (para cada produto
comprado, um mesmo produto é doado para pessoas em vulnerabilidade), apresentando quali-
dade, eficácia e uma boa aceitação do público de forma geral.

34
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