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LORENA – SP
2021
MARINA GABRIELE MARTINS VILLELA
LORENA – SP
2021
“Na minha experiência, você pode quase sempre aproveitar as coisas se você se men-
talizar com firmeza de que isso vai acontecer”
L.M MONTGOMERY
RESUMO
VILLELA, Marina Gabriele Martins. Considerações sobre a utilização de iodopovidona na
formulação de antissépticos de uso tópico. 2021. 39 f. Trabalho de Conclusão de Curso –
Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2021.
Devido à pandemia de COVID-19, a demanda por antissépticos de uso tópico para a higieniza-
ção das mãos aumentou de forma exponencial, gerando a escassez de produtos como o álcool
em gel no primeiro semestre de 2020. A baixa variedade de formulações químicas de produtos
antissépticos disponíveis no mercado, o alto custo e a disponibilidade limitada de matérias-
primas fez com que houvesse a necessidade de inovar nas formulações de produtos higienizan-
tes que inativam o SARS-CoV-2. A iodopovidona é uma substância utilizada como antisséptico
hospitalar, indicada para curativos, queimaduras, ferimentos superficiais da pele e procedimen-
tos cirúrgicos, e sua eficiência na inativação do vírus responsável pela COVID-19 tem sido
citada na literatura. O presente trabalho tem como objetivo estimular a utilização da iodopovi-
dona na composição de uma formulação de antisséptico, trazendo vantagens na utilização dessa
substância em relação às formulações contendo os principais saneantes do mercado, como a
clorexidina, álcool etílico e cloreto de benzalcônio. Foram desenvolvidos e comercializados
antissépticos contendo iodopovidona, com formulações regulamentadas pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), onde foi realizado um estudo de caso a partir de entrevistas
com os clientes destes antissépticos. A formulação contendo iodopovidona possui um preço
competitivo no mercado, eficácia comprovada para a inativação dos principais agentes biocidas.
Due to the COVID-19 pandemic, the demand for antiseptics for hand hygiene has increased
exponentially, causing a shortage of products such as alcohol gel in the first half of 2020. The
low variety of antiseptic formulations available, the higher cost and the limited availability of
raw materials made it necessary to innovate in the formulation of sanitizing products that inac-
tivate SARS-CoV-2. Povidone iodine is a substance used as a hospital antiseptic, indicated in
dressings, burns, superficial skin wounds and surgical procedures, and its effectiveness in inac-
tivating the virus responsible for COVID-19 was mentioned in the literature. The present term
paper aims to stimulate the use of povidone iodine in the composition of an antiseptic formula-
tion, bringing advantages in the use of this substance in relation to formulations containing the
main sanitizers on the market, such as chlorhexidine, ethyl alcohol and benzalkonium chloride.
Antiseptics containing povidone iodine were developed and marketed, with formulations regu-
lated by the National Health Surveillance Agency (ANVISA), where a case study was carried
out based on interviews with customers of these antiseptics. The formulation containing pov-
idine iodine has a competitive price in the market, proven efficacy in inactivating the main
biocidal agents and good public acceptance.
Quadro 1: Cloreto de Benzalcônio e tipos de emprego para os quais foram aprovados pelo
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), para uso geral. ...................................... 15
Quadro 2: Cloreto de Benzalcônio em concentrações específicas para o uso contra o SARS-
CoV-2. ...................................................................................................................................... 15
Quadro 3:Utilizações da iodopovidona aprovadas pelo CDC para uso geral........................... 19
Quadro 4:Concentrações específicas de iodopovidona para o uso contra o SARS-CoV-2...... 21
Quadro 5: Etapas da coleta de dados. ....................................................................................... 24
Quadro 6: Aplicações aprovadas para a utilização dos saneantes. ........................................... 25
Quadro 7: Eficiência dos agentes biocidas estudados. ............................................................. 26
Quadro 8: Quadro comparativo entre os preços das formulações contendo os saneantes. ...... 27
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 12
2.1 Microrganismos ................................................................................................................ 12
2.2 Vírus ................................................................................................................................. 12
2.2.1 SARS-CoV-2................................................................................................................. 13
2.3 Substâncias saneantes....................................................................................................... 14
2.3.1 Cloreto de Benzalcônio ................................................................................................. 15
2.3.2 Álcoois .......................................................................................................................... 16
2.3.3 Clorexidina .................................................................................................................... 16
2.3.4 Iodóforos ....................................................................................................................... 17
2.3.4.1 Iodopovidona.............................................................................................................. 17
3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 20
3.1 Método de Pesquisa.......................................................................................................... 20
3.2 Levantamento de dados bibliográficos ............................................................................. 21
3.3 Coleta de dados e pesquisa de campo .............................................................................. 21
3.3.1 Problema ....................................................................................................................... 22
3.3.2 Possível solução para o problema ................................................................................. 22
3.3.3 Validação da solução..................................................................................................... 23
3.4 Análise de Dados.............................................................................................................. 23
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 24
4.1 Análise do problema ........................................................................................................ 24
4.2 Análise das substâncias saneantes .................................................................................... 25
4.2.1 Eficiência dos saneantes presentes no mercado ............................................................ 26
4.2.2 Disponibilidade e preço de mercado dos principais saneantes ..................................... 27
4.3 Coloração ......................................................................................................................... 28
4.4 Reações a iodopovidona e feedback dos clientes ............................................................. 30
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 35
1. INTRODUÇÃO
Desde o primeiro caso reportado na segunda metade do ano de 2019, o vírus SARS-CoV-
2, causador da COVID-19, infectou milhões de pessoas ao redor do mundo, o que fez com que
a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificasse o fenômeno como uma pandemia. Os
países e os órgãos de saúde buscaram diversas maneiras de conter a disseminação do vírus
(PIMENTEL, 2020). A utilização de máscaras e o uso de antissépticos para a higienização das
mãos mostraram-se medidas fundamentais para a diminuição da proliferação do vírus (DE OLI-
VEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA, 2020).
A pandemia da COVID-19 ocasionou um grande aumento pela demanda por álcool em gel
(EMBRAPA, 2020), que se mostrou eficaz na inativação do SARS-Cov-2 (KAMPF, 2020) e
extremamente útil para a desinfecção das mãos, principalmente na impossibilidade de lavá-las
com água e sabão (ANVISA, 2020). Tal fato ocasionou um desabastecimento do produto no
mercado brasileiro.
A formulação típica do álcool em gel inclui espessante e etanol 70%. Os espessantes (ou
agentes gelificantes) têm como principal função a alteração da reologia e a estabilização da
solução (SEQUINEL, 2020). O Carbopol® (ácido prop-2-enoico) frequentemente empregado
como agente espessante, tornou-se escasso devido à grande demanda pelo álcool em gel. Subs-
tâncias alternativas passaram a ser utilizadas para o mesmo fim, como é o caso da carboxime-
tilcelulose (CMC) (CERRUTTI; FROLLINI, 2009) e de outras substâncias que não apresenta-
ram as mesmas propriedades quando em contato com a pele (EMBRAPA, 2020).
Apesar do álcool em gel possuir diversas vantagens como baixo custo, alta solubilidade em
água e baixa toxicidade ao meio ambiente, algumas desvantagens como a falta de matéria-prima
ocasionada pela grande demanda e o ressecamento das mãos (BURG, 2007) merecem atenção.
Nesse sentido, diversos estudos recentes (HERNANDES, 2020) têm mostrado a eficácia de
outras substâncias na inativação do SARS-CoV-2 (PIMENTEL, 2020). A iodopovidona é uma
substância citada para este propósito, apresentando resultados satisfatórios (CONSELHO FE-
DERAL DE FARMÁCIA, 2020).
Considerando a importância do pleno entendimento de alternativas disponíveis para serem
incluídas na formulação de antissépticos para a prevenção do novo coronavírus, este trabalho
teve como objetivo executar uma pesquisa bibliográfica, com ênfase nos estudos referentes à
utilização de substâncias higienizantes, para a formulação de um antisséptico para uso tópico
baseado em iodopovidona, destacando pontos relacionados ao preço, à eficácia e à aceitação do
10
público. Algumas características importantes da iodopovidona foram levantadas, destacando as
vantagens e as desvantagens de sua utilização para a formulação de um spray antisséptico com
preço acessível, textura agradável, baixa ou ausência de irritabilidade na pele, eficaz e prático.
11
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Microrganismos
Microrganismos são seres vivos microscópicos que não podem ser vistos a olho nu. Habi-
tam os mais diversos ecossistemas e podem ter como habitat os mais diversos locais. Muitos
microrganismos estão presentes no corpo humano, fazendo parte da microbiota natural dos ani-
mais e das plantas de forma geral (DO NASCIMENTO, 2012). Entretanto, podem também
ocasionar efeitos indesejáveis, como a depreciação de diversos objetos e alimentos, e o surgi-
mento de doenças de menor ou maior gravidade.
Fungos, bactérias, protozoários e vírus podem causar diferentes tipos de patogenias. Al-
guns exemplos de doenças causadas por microrganismos são a doença de Chagas, a toxoplas-
mose e a giardíase, causadas por protozoários, as micoses de pele causadas pela ação de fungos,
as pneumonias causadas por bactérias, e doenças como a gripe e o HIV, causadas por vírus.
Recentemente, estes últimos têm ganhado atenção pelo surgimento da Covid-19, doença respi-
ratória viral causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 (Y LOBO, 2020).
2.2 Vírus
Os vírus são as entidades biológicas mais abundantes no planeta Terra, possuindo grande
dominância em oceanos, solo, ar e em todos os seres vivos (MOELLING; BROECKER, 2019;
KOONIN, 2016; KOONIN; DOLJA, 2013). Há espécies de vírus capazes de suportar diversas
condições adversas.
De acordo com a biologia clássica, os vírus não são classificados como seres vivos, prin-
cipalmente por não serem capazes de replicar ou metabolizar de forma independente. Estes
microrganismos são seres acelulares que necessitam de células para a replicação, sendo todos
os vírus parasitas intracelulares obrigatórios (DO NASCIMENTO, 2012) que necessitam de
uma célula hospedeira para que ocorram processos metabólicos. No entanto, os vírus não po-
dem ser classificados como seres inanimados, pois são constituídos de moléculas biológicas
que carregam informações genéticas (DISNER, 2020).
De acordo com a estruturação química, os vírus são compostos por duas classes de subs-
tâncias: proteínas e ácidos nucleicos, podendo ser o ácido desoxirribonucleico – DNA ou o
12
ácido ribonucleico – RNA) (DO NASCIMENTO, 2012). As proteínas são partes constituintes
do capsídeo, cápsula proteica que envolve o material genético viral (Figura 1).
Figura 1: Representação esquemática da estrutura química dos vírus, com partículas envelopadas e não envelopa-
das.
2.2.1 SARS-CoV-2
O cloreto de benzalcônio (cloreto de alquil propil dimetil benzil amônio) é um sal com
propriedades antissépticas utilizado para a lavagem das mãos antes de cirurgias e para a prepa-
ração pré-operatória da pele de pacientes (FDA, 2016). As principais aplicações aprovadas para
o cloreto de benzalcônio estão apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1: Cloreto de Benzalcônio e tipos de emprego para os quais foram aprovados pelo Centers for Disease
Control and Prevention (CDC), para uso geral.
15
De acordo com a nota técnica de número 47 da ANVISA, amônias quaternárias, como
o cloreto de benzalcônio, são amplamente utilizadas nas indústrias de cosméticos, farmacêutica
e domissanitária para a produção de produtos desinfetantes devido às propriedades bactericidas
e fungicidas. O cloreto de benzalcônio é utilizado na fabricação de detergentes, curativos, de-
sengordurantes, sabonetes e está presente na formulação de diversos cosmétivos, devido a suas
propriedades umectantes e ansitestática (OLIVEIRA, 2015) são substâncias antissépticas, não-
corrosivas, porém capazes de causar sensibilização dérmica, irritação na pele e das vias respi-
ratórias. De forma geral, têm menos ação contra micobactérias, vírus envelopados e esporos, e
são inativadas na presença de matéria orgânica, como sabões e tensoativos aniônicos (ANVISA,
2020).
2.3.2 Álcoois
2.3.3 Clorexidina
16
A clorexidina possui atividade in vitro contra vírus envelopados como por exemplo o vírus
do HIV e SARS-CoV-2, entretanto, as atividades são consideravelmente menores contra os
vírus não envelopados, como por exemplo os adenovírus (ANVISA, 2009).
Uma avaliação da eficácia antimicrobiana de vários produtos utilizados na higienização
das mãos, utilizando o método Padrão Europeu (European Standard EN 1499), revelou que a
clorexidina degermante a 4% apresentou ação antimicrobiana ligeiramente superior a de sabo-
nete comum, mas inferior que a obtida por iodopovidona (PVPI) (ROTTER, 2004). A atividade
antimicrobiana é pouco afetada na presença de matéria orgânica, incluindo o sangue, devido ao
fato de que a clorexidina é uma molécula catiônica e sua atividade pode ser reduzida por sabo-
netes naturais, surfactantes não-iônicos e cremes para as mãos contendo agentes emulsificantes
aniônicos (ANVISA, 2009).
2.3.4 Iodóforos
O iodo tem sido utilizado como uma substância antisséptica desde meados dos anos 1800,
mas devido à irritação e à descoloração da pele, foi substituído pelos iodóforos como compo-
nentes ativos em antissépticos (ROSSATO, 2018).
Segundo Rossato, “os iodóforos são combinações de iodo com um agente solubilizante e
transportador, que atuam carregando as moléculas de iodo, que são liberadas gradualmente em
baixas concentrações, mantendo o efeito germicida do iodo” (ROSSATO, 2018). Os iodóforos
costumam causar menos irritações na pele do que o iodo puro, já que a associação do iodo a um
polímero aumenta a solubilidade da solução e promove a liberação progressiva e contínua de
iodo, reduzindo sua toxicidade e mantendo o efeito germicida. O tempo de contato com a pele
para a liberação do iodo livre é de aproximadamente 2 minutos, possuindo um efeito residual
de 2 a 4 horas (PASCHOAL; BONFIM, 2020).
2.3.4.1 Iodopovidona
Quando em contato com a pele e com outras membranas mucosas, a iodopovidona (poli-
vinilpirrolidona-iodo/PVPI) comporta-se como um iodóforo (FERNANDES, 2011), formado
pela associação do iodo com um polímero carreador, a polivinilpirrolidona (PVP, Figura 2)
(ROSSATO, 2018). Esta associação é utilizada como agente para suspensão e dispersão, e atua
como princípio ativo em fármacos (DOS SANTOS; AFONSO, 2013). Também é utilizada
17
como dilatador do volume sanguíneo, sendo comumente empregada em hospitais e clínicas
como desinfetante da pele e no preparo pré-operatório. A iodopovidona é uma substância já
conhecida no mercado, sendo utilizada como princípio ativo para diversos produtos, porém,
ainda não foi considerada como parte de formulações de produtos antissépticos para uso tópico
(como o álcool em gel).
18
Quadro 3:Utilizações da iodopovidona aprovadas pelo CDC para uso geral.
Redução da
Tempo de
Ingrediente ativo Concentração Vírus infectividade
exposição
viral (log10)
7,50% MERS-CoV 15s 4,6
4,00% MERS-CoV 15s 5
1,00% SARS-CoV 1 min >4
1,00% MERS-CoV 15s 4,3
Iodopovidona 0,47% SARS-CoV 1 min 3,8
0,25% SARS-CoV 1 min >4
0,23% SARS-CoV 1 min >4
0,23% SARS-CoV 15s >4,4
0,23% MERS-CoV 15s ≥4,4
19
Uma possível desvantagem da iodopovidona para uso em formulação de antissépticos para
uso tópico, é o fato do complexo possuir uma coloração específica castanho avermelhada, de-
vido à lenta oxidação do íon I- (incolor) pelo oxigênio do ar. O iodo presente no complexo
iodopovidona também pode ser oxidado pelos íons Fe3+ e Cu2+ e pelos demais halogênios (F2,
Cl2, Br2), produzindo I2 (DOS SANTOS; AFONSO, 2013). A iodopovidona possui uma textura
uniforme e é um tipo de doador de viscosidade (como as dietanolamidas de ácidos graxos) e
acidificantes (como o ácido cítrico) (VANAZ, 2018).
Para a utilização da iodopovidona na formulação de um antisséptico para uso tópico, é
necessário atentar-se à concentração do princípio ativo e de outras substâncias presentes, já que
é possível que o produto final possua uma coloração forte, capaz de manchar as mãos e as
roupas.
O presente trabalho tem como objetivo estimular a utilização da iodopovidona na compo-
sição de antisséptico de uso tópico, através do estudo de caso de uma formulação contendo
iodopovidona e o levantamento de dados em relação às formulações contendo outras substân-
cias saneantes como a clorexidina, álcoois e cloreto de benzalcônio.
3 METODOLOGIA
A coleta de dados do presente trabalho foi baseada no método análise de conteúdo, que
possui foco principal na comunicação (BARDIN, 2006). A análise de conteúdo pode ser defi-
nida em 3 etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. A primeira
etapa é baseada nos procedimentos, que devem ser previamente bem definidos e mapeados. A
segunda, consiste na execução dos procedimentos fundamentados, e na terceira e última etapa,
o pesquisador é responsável pela exploração dos dados, traduzindo-os de forma significativa.
Os dados relativos ao presente trabalho foram levantados em três fases, que estão apresen-
tadas no Quadro 4.
21
Fonte: Autoria Própria.
A estruturação da pesquisa de campo para a coleta de dados foi definida em sete passos,
utilizando como base o método adotado na administração mercadológica. São eles:
- Definição do público alvo e objetivos da pesquisa.
- Definição da coleta de dados (levantamento de dados).
- Definição do método de pesquisa de dados primários.
- Definição da amostra
- Elaboração dos instrumentos de pesquisa
- Aplicação da pesquisa
- Tabulação dos dados
3.3.1 Problema
22
O produto higienizante foi vendido na forma de spray. A formulação do antisséptico é
composta principalmente de iodopovidona, nas concentrações de 0,4% a 1%, etanol, água des-
tilada, glicerina, aroma artificial de essência de baunilha e outros componentes.
O spray antisséptico foi vendido por uma startup, vencedora do Desafio USP: COVID-19,
contendo o modelo de negócio one for one, em que para cada produto vendido, outro é doado
para pessoas em situação de vulnerabilidade.
A partir da venda dos produtos pela startup, foi possível validar a formulação, a textura, o
preço, a qualidade do produto confeccionado e a aceitação pelo público.
Os produtos contendo iodopovidona na formulação foram vendidos de acordo com as Re-
soluções da Diretoria Colegiada (RDC) publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
tária (ANVISA) de números 350 e 422.
Para a análise dos resultados, foram utilizadas diversas ferramentas visando resultados cla-
ros, objetivos e precisos. Em posse das respostas dos formulários preenchidos pelos usuários,
os dados foram compilados e consolidados através das ferramentas da Microsoft Excel e Power
BI (plataforma de análises de Business Inteligence).
Através do método da análise de conteúdo, foi possível gerar estratégias previamente defi-
nidas para um melhor estudo da comunicação. Na última etapa, os dados coletados foram ava-
liados e explorados de forma reflexiva. A análise de dados através do método de análise de
conteúdo foi constituída na interpretação inferencial (LAVILLE & DIONNE, 1999). O método
de triangulação teve um importante papel na validação dos dados coletados.
23
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
24
nidade de forma geral e a disponibilização da água encanada é interrompida após um determi-
nado horário, dificultando a higienização das mãos de forma correta ao combate da COVID-
19.
Kampf (2020) e Conselho Federal de Farmácia (2020) estudaram as eficiências dos prin-
cipais saneantes disponíveis no mercado, que são apresentadas de forma resumida no Quadro
7.
Quadro 4: Eficiência dos agentes biocidas estudados.
26
Fonte: Adaptado de Kampf (2020).
O álcool etílico em concentrações de 78% a 95% foi submetido a uma exposição média
de 30 segundos até a inativação dos vírus SARS-CoV. O álcool etílico a 70% foi exposto ao
Vírus da Hepatite Murina (MHV), com um tempo de exposição de 10 minutos até a inativação
do vírus nesta concentração. A clorexidina em concentração de 0,02% foi exposta ao MHV por
10 minutos até a inativação do vírus. O cloreto de benzalcônio em concentrações de 0,2%,
0,05% e 0,00175% foi submetido, respectivamente, ao coronavírus humano (HCoV), MHV e
coronavírus canino (CCV), apresentando um tempo de exposição de 10 minutos a 3 dias para a
inativação dos vírus.
A iodopovidona em concentrações de 0,23% a 7,5% inativou o vírus SAR-CoV em um
tempo de exposição de 15 segundos a um minuto, possuindo um tempo de exposição promissor
em relação aos outros saneantes.
27
O volume cotado para cada formulação foi de 50 litros, totalizando 500 peças de 100mL.
Os produtos contendo iodopovidona e cloreto de benzalcônio obtiveram melhores preços em
relação aos produtos álcool gel e clorexidina.
4.3 Coloração
Uma pesquisa foi realizada com 105 pessoas, que foram incentivadas a responder um
questionário contendo perguntas relacionadas a coloração do produto higienizante contendo
iodopovidona. Os dados obtidos estão apresentados nas Figuras 4 a 6.
A Figura 4 apresenta a resposta dada pelos 105 respondentes à pergunta: Você deixaria
de comprar um produto antisséptico se ele possuísse a coloração destacada na figura
acima (Figura 3)?
28
Figura 4: Aceitação de produto sanitizante com coloração específica.
A Figura 5 apresenta a resposta dada pelos 105 respondentes à pergunta: Você leva em
consideração a cor do produto na hora da sua compra?
A Figura 6 apresenta a resposta dada pelos 105 respondentes à pergunta: Qual tipo de
cor te agrada mais em um produto antisséptico para as mãos.
29
Figura 6: Cor mais apreciada para um antisséptico.
30
Figura 7: Satisfação do cliente ao adquirir um antisséptico contendo iodopovidona.
31
Figura 8: Iodopovidona versus álcool em gel.
120
100
80
60
40
20
0
Álcool em Gel Indiferente Produto contendo
Respostas Iodopovidona
32
Os resultados apresentados na Figura 9 revelam que 292 pessoas (97,99%) não apresen-
taram nenhum tipo de alergia, vermelhidão, coceira ou incômodo ao utilizar o produto contendo
iodopovidona, 4 pessoas (1,34%) responderam de forma indeterminada, não sabendo dizer com
precisão se foram apresentadas reações ao utilizar o produto e 2 pessoas (0,67%) afirmaram ter
apresentado alergias na utilização do produto.
Os clientes que responderam o questionário de forma indeterminada e aqueles que afir-
maram ter apresentado alergias foram entrevistados de forma mais precisa para que a reação
fosse estudada profundamente. Um cliente que apresentou alergia informou que nas primeiras
aplicações do produto não ocorreram reações, entretanto, após a utilização exacerbada do pro-
duto, uma vermelhidão no pulso foi notada. O outro cliente que afirmou ter apresentado alergia
informou que já possuía alergia ao iodo previamente detectada e após a utilização de aproxi-
madamente 15 aplicações do produto uma vermelhidão e coceira foi notada na palma da mão
de forma leve.
Os clientes que responderam o formulário de forma indeterminada foram acompanhados
durante 2 semanas para a determinação correta em relação às reações. No total, 3 clientes des-
creveram que, ao utilizar o produto antisséptico com outras substâncias químicas, como desin-
fetantes e produtos de limpeza, uma certa vermelhidão leve era notada. Um cliente que respon-
deu o questionário de forma indeterminada foi acompanhado e determinou-se que a alergia era
decorrente de outros produtos utilizados e não do produto contendo iodopovidona.
33
5 CONCLUSÃO
34
REFERÊNCIAS
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