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Apresentado por:
Dânia Abdul Gafur
MZSPMSP3889789
Orientador:
Dra. Elsy Tavares
MAPUTO, MOÇAMBIQUE
2023
AGRADECIMENTOS
“Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso. Todos os louvores são para Ele...”
Aos meus pais, Abdul e Ruquia, que me ensinaram a ser sempre persistente e não desistir
dos meus sonhos mesmo enfrentando vários obstáculos...
Aos meus irmãos, Adil, Neid, Junelda, Yumna e Shélsia, que sempre me deram e dão todo
o suporte que eu preciso a todos os momentos e me encorajaram a não desistir...
Aos Serviços de Saúde da Cidade de Maputo, e aos profissionais de saúde dos Hospitais
Gerais de Mavalane e da Polana Caniço, em especial a Directora Clínica Dra. Maria
Helena, Dra. Yumna Nabi, Dra. Suzana Chivale e ao Director Clínico Dr. Marino Marengue
pelo suporte no processo de recolha de dados, o qual permitiu a elaboração deste
trabalho...
Aos docentes do curso e principalmente a Dra. Elsy Tavares pelo suporte, paciência e
ensinamento durante a execução deste trabalho...
“Não perca a esperança, nem fique triste. Você certamente será vitorioso se for um
verdadeiro crente”.
Alcorão 3:139
COMPROMISSO DO AUTOR
Eu, Dânia Abdul Gafur, declaro que:
Assinatura:
AUTORIZACIÓN PUBLICACIÓN ELECTRÓNICA
Maputo, 01 de Fevereiro de 2023
Contato daniagafur@gmail.com
Atenciosamente,
Assinatura:
ÍNDICE GERAL
1. INTRODUÇÃO 1
2. MARCO TEÓRICO 4
2.1. Contextualização da COVID-19 4
2.1.2. Origem 4
2.1.3. Etiologia e características virais 5
2.1.4. Transmissão e manifestação clínica 6
2.1.5. Diagnóstico e Tratamento 6
2.2. Epidemiologia da COVID-19 no Mundo 8
2.3. COVID-19 no contexto Moçambicano 9
2.4. Sistema Nacional de Saúde 10
2.4.1. Conceitos 10
2.4.2. Rede Sanitária Pública 11
2.4.3. Funcionários e Agentes do Sistema Nacional de Saúde 11
2.4.3.1. Conceitos 11
2.4.3.2. Papel dos Profissionais de Saúde no SNS 11
2.4.3.3. Atuação dos profissionais de saúde no contexto da COVID-19 12
2.5. Riscos Ocupacionais 13
2.5.1. Conceitos 13
2.5.2. Caracterização dos Riscos Ocupacionais 14
2.5.2.1. Riscos biológicos 14
2.5.2.2. Riscos quimicos 15
2.5.2.3. Riscos ergonómicos 15
2.5.2.4. Riscos físicos 15
2.5.2.5. Riscos acidentais 15
2.5.2.6. Riscos psicossociais 15
2.5.3. Avaliação dos riscos biológicos para os profissionais de saúde no contexto da
COVID-19 15
2.5.4 Medidas de prevenção dos riscos ocupacionais biológicos 16
3. METODOLOGIA 18
3.1. Projeto de pesquisa 18
3.2. População e amostra 18
3.3. Variáveis 19
3.4. Instrumentos de medição e técnicas 21
3.5. Procedimentos 21
3.6. Análise estatístico 22
4. RESULTADOS 24
4.1. Locais de estudo 24
4.2. Perfil dos Participantes 26
4.3. Acidentes com material biológico 28
4.4. Medidas de Prevenção implementadas 30
4.5. Uso de Equipamentos de Proteção Individual 36
4.6. Lições Aprendidas 39
5. DISCUSSÃO 43
6. CONCLUSÕES 49
7. BIBLIOGRAFIA 52
APÊNDICES E ANEXOS 57
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1: Estrutura do SARS-COV 2 5
Figura 2.2: Medidas opcionais de tratamento 6
Figura 2.3: Dados epidemiológicos de COVID-19 pelo mundo 9
Figura 2.4: Percentagem da Positividade por cidade 9
Figura 2.5: Dados epidemiológicos de COVID-19 em Moçambique 10
Figura 2.6: Esquema do Sistema Nacional de Saúde 11
Figura 3.7: Fluxograma dos procedimentos aplicados 22
Figura 4.1: Distribuição dos Profissionais de Saúde por sexo 25
Figura 4.2: Variação das idades dos Profissionais de Saúde em intervalos 25
Figura 4.3: Distribuição percentual das categorias profissionais 26
Figura 4.4: Representação dos Profissionais de Saúde inquiridos por Instituição de trabalho
27
Figura 4.5: Distribuição dos Profissionais de Saúde por sector de trabalho 27
Figura 4.6: Taxa de exposição a acidentes de trabalho pelos Profissionais de Saúde 28
Figura 4.7: Percentagem da incidência de acidentes biológicos quanto ao tipo 29
Figura 4.8: Percentagem dos registos de óbitos em Profissionais de Saúde por COVID-
19
29
Figura 4.9: Percentagem do número de óbitos em Profissionais de Saúde por COVID-
19
30
Figura 4.10: Percentagem dos Profissionais de Saúde quanto ao tipo de medidas de
prevenção mais usadas 31
Figura 4.11: Percentagem dos Profissionais de Saúde que prestaram cuidados directos
aos pacientes com COVID-19 31
Figura 4.12: Percentagem dos Profissionais de Saúde que tiveram contacto directo com
um caso de COVID-19 no serviço 32
Figura 4.13: Percentagem dos Profissionais de Saúde que tiveram contacto directo com
um caso de COVID-19 no serviço 33
Figura 4.14: Percentagem dos Profissionais de Saúde presentes em procedimentos com
geração de aerossol 33
Figura 4.15: Taxa dos tipos de procedimentos realizados 34
Figura 4.16: Percentagem dos Profissionais de Saúde que tiveram contacto directo com
superfícies ambientais contaminadas 34
Figura 4.17: Percentagem dos Profissionais de Saúde que participaram de cuidados
assistenciais com ou sem remuneração 35
Figura 4.18: Taxa de infeção dos Profissionais de Saúde pelo COVID-19 35
Figura 4.19: Percentagem do uso de Equipamentos de Proteção Individual nos cuidados
assistenciais a pacientes com COVID-19 36
Figura 4.20: Percentagem da frequência do uso de cada item do Equipamento de Proteção
Individual 36
Figura 4.21: Percentagem de frequência no uso de Equipamentos de Proteção Individual
pelos Profissionais de saúde 37
Figura 4.22: Percentagem da frequência de descontaminação das superfícies de alto
contacto 38
ÍNDICE DE TABELAS
The present research work on the biological risks of occupational exposure which health
professionals are directly exposed to COVID-19 and the adherence degree to preventive
measures by health professionals regarding the peak period of COVID-19 cases in
Mozambique in general and Maputo Province in particular, aims to assess the biological
risks of occupational exposure for health professionals directly associated with care and
treatment of COVID-19 at Polana Caniço General Hospital and Mavalane General Hospital
in Mozambique, in 2022. In its methodological conception of mixed nature and descriptive
design study, surveys were applied to 144 health professionals, including physicians,
nurses, radiology technicians, laboratory, reception and service agents, for two consecutive
weeks, aiming at collecting data on the prevention measures used, accidents with biological
material, adherence to the personal protective equipment use and lessons learned in the
fight against COVID-19. The results indicate that health professionals, in the hospitals under
study, are mostly aged between 20 and 30 years (43%), respecting the use of PPE and
hand hygiene with higher rates of 54% in terms of adherence prevention measures, they
are mostly exposed to accidents with biological agents related to splashes of biological fluid
and respiratory secretions on the mucous membrane of the mouth and nose (47%). The
use of PPE, training related to the subject and the availability of human resources were the
greatest lessons learned from this study, corroborating with the implementation of
contingency plans for public health problems in Mozambique.
De acordo com Mastroeni (1), “as doenças e acidentes derivados do trabalho compõem
um relevante problema de saúde pública em todo o mundo, sendo necessário direccionar
a atenção para a prevenção dos mesmos e o acompanhamento pós-exposição
ocupacional”.
1
com COVID-19 em Moçambique, buscando desta forma a adoção de planos de ação e de
contigência, bem como estratégias inteligentes e práticas baseadas na experiência, para o
tratamento de outras doenças endémicas como a varíola dos macacos.
Desta forma, a pesquisa objectivou num contexto geral, avaliar os riscos biológicos de
exposição ocupacional dos profissionais de saúde associados directamente aos cuidados
e tratamentos do COVID-19 no Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital Geral de
Mavalane em Moçambique, no ano de 2022, e especificamente:
Caracterizar o perfil demográfico e laboral dos profissionais de saúde nos hospitais
em estudo,
Identificar os riscos ocupacionais biológicos enfrentados pelos profissionais de
saúde associados directamente aos cuidados e tratamentos do COVID-19 nos
hospitais em estudo,
Descrever as medidas de prevenção implementadas nos hospitais em estudo para
reduzir e impedir a transmissão da COVID-19 entre paciente e profissional de
saúde,
Analisar o grau de adesão às medidas preventivas pelos profissionais de saúde dos
hospitais em estudo e por fim,
Captar lições aprendidas no sector da saúde ocupacional sequentes da prevenção,
diagnóstico e tratamento de doentes com COVID-19, como referência para futuros
desafios de saúde pública.
A abordagem sobre o conceito do Sistema Nacional de Saúde é aqui incluída, onde o papel
dos profissionais de saúde e sua actuação no contexto do COVID-19 são expostos. Os
conceitos de riscos ocupacionais e sua caracterização são também descritos neste
capítulo.
2
O terceiro capítulo, por sua vez, apresenta os procedimentos metodológicos a serem
empregues durante a pesquisa, de forma a alcançar os objetivos geral e específicos aqui
propostos, descrevendo-se como todo o processo de revisão da literatura e pesquisa foi
conduzido. A metodologia usada para a coleta e análise de dados é igualmente
mencionada e explicada neste capítulo.
O quarto capítulo descreve os resultados desta pesquisa. Neste capítulo discute-se o que
foi alcançado nas duas instituições sanitárias com este trabalho, descrevendo os riscos
biológicos a que os profissionais são expostos e as medidas preventivas maioritariamente
adoptadas.
3
2. Marco Teórico
2.1. Contextualização da COVID-19
2.1.1. Origem
“O coronavírus (CoV), inicialmente isolado em 1937, ficou conhecido em 2002 e 2003 por
causar uma síndrome respiratória aguda grave no ser humano denominada SARS. Na
época, a epidemia foi responsável por muitos casos de infecções graves no sistema
respiratório inferior, acompanhado de febre e, frequentemente, de insuficiência
respiratória”.
4
Figura 2.1. Estrutura do SARS-CoV 2 (5)
O SARS-CoV possui uma ligação que se acopla aos receptores da célula hospedeira
ACE2, permitindo a entrada viral nas células e facilitando a transmissão entre humanos.
Esta ligação é extremamente importante para determinar o nível de infeciosidade e
patogênese viral, para o uso em tratamentos e vacinação contra o SARS-CoV-2 (4).
Contudo, outros autores (7), incluem a sensação de cansaço, dor na garganta e cabeça,
diarreia e vômitos produção de escarro, entre outros sintomas muito comuns em gripes
frequentes e comuns.
A COVID-19 pode trazer várias complicações, que incluem mas não se resumem a
síndrome do desconforto respiratório agudo, lesões cardíacas, hepáticas e renais agudas,
5
arritmia, disfunção da coagulação, choque, infecções secundárias e múltiplas falência do
órgão resultando em morte (4).
Segundo Yang, Yang, Sheng et al, (7) “o escarro é a amostra mais confiável, seguida pelo
teste de RT-PCR”.
6
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (9), a Organização Mundial da
Saúde (OMS) recomendou o uso de vacinas produzidas por fabricantes como a
Pfizer/BioNtrch, AstraZeneca/Oxford, Janssen, Moderna, Sinopharm, Sinovac, Bharat,
Novavax, Casino e Valneva (tabela 2.1).
7
2.2. Epidemiologia da COVID-19 no Mundo
Segundo Oliveira (10) “a pandemia da doença causada pelo novo coronavírus 2019
(COVID-19) tornou-se um dos grandes desafios do século XXI. Seus impactos ainda são
inestimáveis, mas afectam direta e/ou indiretamente a saúde e a economia da população
mundial”.
Segundo dados da John Hopkins (12), actualmente, mais de 648 milhões de casos
confirmados, dos quais 52% são do sexo masculino e mais de 6.6 milhões de mortes são
reportadas a nivel global (ver figura 2.3).
O país com maior número de casos é os Estados Unidos da América com mais de 99
milhões de casos até a data, seguido da França com mais de 38 milhões de casos. Em
relação ao número de óbitos, o Brasil registou mais de 690 mil mortes (12).
De acordo com Lima et al (13), “um cálculo feito pela American Nurses Association
sinaliza que, aproximadamente, 3,8 milhões de enfermeiros nos Estados Unidos, e mais
de 20 milhões de enfermeiros em todo o mundo estão envolvidos no enfrentamento da
pandemia”.
Na China, estima-se que 0.7% dos cerca de 3.300 profissionais de saúde infectados
evoluíram a óbito (11).
Quanto a Itália, 4.824 profissionais de saúde foram infectados por COVID-19. Tendo 0,5%
evoluído a óbitos na classe médica. Esta situação levou a Federação Italiana de
Profissionais de Saúde a considerar inadequado o sistema de saúde usado pelos
trabalhadores de saúde nesse estabelecimento de saúde (11).
8
Figura 2.3. Dados epidemiológicos de COVID-19 pelo mundo(12)
De acordo com o MISAU (14), Moçambique, confirmou o primeiro caso de infecção pelo
COVID-19 em 22 de Março e subida para 5 casos em 25 de Março, e desde então os casos
foram aumentando gradualmente (ver figura 2.4).
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde (INS) (15), a zona sul é a que apresenta
maiores índices de casos positivos do COVID-19 (média de 5% de taxa de positividade),
seguido da zona norte (2,9% de taxa de positividade). Contudo, a cidade da Beira contribue
significativamente para a elevada taxa de positividade, com a frequência elevada (5,3%).
9
Actualmente mais de 59% da população moçambicana está vacinada, o último caso
positivo foi registado a 24 de Janeiro de 2023 (figura 2.5) (12).
Neste capítulo serão abordados os aspectos ligados ao Sistema Nacional de Saúde, seu
funcionamento e características ligadas ao sistema e aos funcionários que nele estão
integrados.
2.4.1. Conceitos
O SNS está organizado em 4 níveis de atenção de saúde (ver figura 2.6), sendo estes, o
nível primário (centros de saúde rurais tipo I e II, urbanos tipo A,B, e C com ou sem
maternidade, nível secundário, constituído por hospitais rurais, distritais e gerais, nível
terciário representado pelos hospitais provinciais e o nível quartenário, correspondentes
aos hospitais centrais e de especialização (16).
10
Figura 2.6. Esquema do Sistema Nacional de Saúde – SNS (16)
Define-se como o sistema hospitalar público e nacional, com a finalidade de gerir situações
adversas ao funcionamento normal do sistema de saúde gerados por efeitos adversos.(16).
2.4.3.1. Conceitos
Saraiva (17) define funcionário público como um trabalhador de serviço público que pode
exercer actividades remuneradas para outras entidades, enquanto que o agente, é
especificamente alocado para um determinado cargo.
Segundo a OMS (18), “os profissionais de saúde desempenham um papel central e crítico
na melhoria do acesso e na qualidade da atenção à saúde da população. Eles fornecem
11
serviços essenciais que promovem a saúde, previnem doenças e prestam serviços de
saúde a indivíduos, famílias e comunidades com base na abordagem de atenção primária
à saúde”.
Segundo Garcia (19) “todos os profissionais de saúde são seres humanos, assim como os
utentes, contudo, nem todos são humanizados e para um bom atendimento com qualidade
é necessária a sensibilização destes por meio de treinamentos”.
Os profissionais de saúde são a base para estimular, criar e manter a melhoria dos
cuidados de saúde, pois são responsáveis pelos cuidados primários de saúde e
particularmente estão na linha da frente no combate ao COVID-19.
12
2.5. Riscos Ocupacionais
2.5.1. Conceitos
O Banco Mundial (21), define ”risco como a probabilidade de um efeito adverso ocorrer em
um organismo, sistema ou subpopulação sob condições de exposição a um agente”.
Segundo Miranda e Stancato (22), “riscos ocupacionais são situações que podem pôr fim
ao equilíbrio físico, mental e social dos trabalhadores e não apenas as situações oriundas
de acidentes e doenças”.
Para Bessa et al. (23), “os riscos ocupacionais são condições que derivam de sua natureza,
portanto, das próprias funções e em resultado de acções ou factores externos, o que
aumenta a probabilidade de ocorrência de lesão física, psíquica ou matrimonial”.
Para Teixeira & Valle (24), a biossegurança pode ser definida como “um conjunto de
medidas e procedimentos técnicos necessários para a manipulação de agentes e materiais
biológicos capazes de prevenir, reduzir, controlar ou eliminar riscos inerentes às atividades
que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o meio ambiente”.
A exposição ocupacional por agentes biológicos consiste no contacto existente com fluídos
corpóreos entre o paciente e o profissional de saúde (25).
13
2.5.2. Classificação dos Riscos Ocupacionais
Segundo EU-OSHA (26), os riscos ocupacionais podem ser classificados em: riscos
biológicos, quimicos, físicos, ergonómicos, acidentais e psicossociais.
Riscos biológicos
Podem ser definidos como um incidente ocorrido através de agentes de origem biológica,
podendo estar inclusos animais, insectos, bactérias, vírus, fluídos, poeira, esgoto, sangue
e mofo(26).
De acordo com Oda e Ávila (27), “os riscos biológicos ocorrem através do contacto directo
dos microorganismos e o homem, podendo provocar doenças, principalmente em
actividades como a indústria de alimentação, hospitais, coleta de lixo, laboratórios, entre
outros, por meio da via cutânea ou percutânea, a via respiratória (aerossóis), a via
conjuntiva e a via oral”.
“Classe 1 – para os agentes que não apresentam riscos para o manipulador, nem para a
comunidade (ex.: E. coli, B. subtilis);
Classes 2 - apresentam risco moderado para o manipulador e fraco para a comunidade e
há sempre um tratamento preventivo (ex.: bactérias - Clostridium tetani, Klebsiella
pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus - EBV, herpes; fungos- Candida albicans;
parasitas - Plasmodium, Schistosoma);
Classe 3 - são os agentes que apresentam risco grave para o manipulador e moderado
para a comunidade, sendo que as lesões ou sinais clínicos são graves e nem sempre há
tratamento (ex.: bactérias - Bacillus anthracis, Brucella, Chlamydia psittaci, Mycobacterium
tuberculosis; vírus - hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, malária; fungos -
Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; parasitos - Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma
gondii, Trypanosoma cruzi);
Classe 4 - apresentam risco grave para o manipulador e para a comunidade, não existe
tratamento e os riscos em caso de propagação são bastante graves (ex.: vírus de febres
hemorrágicas, COVID-19)”.
14
Riscos quimicos
São definidos como agentes químicos que em contacto com a mucosa da pele e sistema
respiratório podem causar graves consequências ao trabalhador. Entre outros, são
exemplos os produtos de limpeza, tintas que podem culminar em irritação respiratória
grave, alergias, problemas de pele e asma (27).
Riscos ergonómicos
Riscos físicos
Segundo OSHA (27), "são fatores ambientais que causam lesões físicas, que incluem
electricidade, incêndios, temperaturas extremas e espaços confinados”.
Riscos acidentais
Riscos psicossociais
São caracterizados por todos os aspectos referentes ao exercício das suas funções
laborais, com potencial se causar danos físicos, sociais ou psicológicos. Relaciona todos
os riscos acima citados, podendo resultar no prejuízo da saúde mental do trabalhador (27).
De acordo com Almeida et al. (28), “os riscos biológicos são os maiores causadores de
muitos problemas de saúde entre os profissionais de saúde”.
15
Os Profissionais de Saúde (PdS) devido as sua práticas laborais são expostos
maioritariamente a diferentes riscos ocupacionais, oriundos de fatores físicos,
ergonômicos, químicos, psicossociais e biológicos. Estes últimos, de forma mais frequente
devido aos agentes biológicos presentes no seu ambiente de trabalho (29).
Quanto a lavagem das mãos, a OMS (31) defeniu cinco momentos de elevada importância
para interromper a transmissão de patógenos pelas mãos, são estes:
“Antes do contato com o paciente;
Antes do procedimento asséptico;
Após exposição a fluídos corpóreos;
Após contato com paciente; e
Após contato com o entorno do paciente”.
Contudo, mesmo com a lavagem frequente das mãos, é necessário que se faça o uso de
luvas para profissionais de saúde, de modo a reduzir a disseminação de patógenos
16
vinculados ao contato direto das mãos com fluídos corpóreos, materiais ou equipamentos
contaminados e para os cuidados com pacientes (32).
Não obstante ao uso de luvas, a sua remoção após o término do procedimento ao paciente
é imprescindível, bem como evitar o toque em superfícies potencialmente contaminadas e
a troca regular dos EPIs para diferentes pacientes e procedimentos (33).
17
3. METODOLOGIA
Para Miguel (36), “as pesquisas de carácter descritivo estabelecem relações existentes
entre variáveis, descrevendo as particularidades de certos eventos ou fenómenos”.
Em relação à natureza, esta pesquisa é classificada como mista, sendo que nela são
combinados dados qualitativos e quantitativos em um único objecto de estudo (38) onde,
neste caso, pretende-se avaliar, de forma exata e objectiva, através dos dados recolhidos,
os riscos biológicos referentes a exposição as formas de contaminação pelo COVID-19
para os profissionais de saúde.
A população de estudo para a pesquisa são os PdS, com um total de profissionais de 593
para o Hospital Geral de Mavalane e 165 para o Hospital Geral da Polana Caniço.
18
Segundo Shadish, Cook & Campbell (39), “amostragem aleatória é um procedimento que
selecciona uma amostra de unidades de uma população por acaso, normalmente para
facilitar a generalização da amostra para a população”.
N × Z2 × p ×(1−p)
Portanto, para o cálculo da amostra se utilizou a fórmula n = Z2 × p ×(1−p)+e2 ×N−1 em que:
n: amostra calculada;
N: população;
Z: variável normal;
p: real probabilidade do evento;
e: erro amostral.
Considerando uma margem de erro de 10%, IC=95% e Z=1,96, temos que a amostra será
de 83 profissionais de saúde para o Hospital Geral de Mavalane e 61 para o Hospital Geral
da Polana Caniço, divididos entre as categorias profissionais de Médicos, enfermeiros,
técnicos de radiologia, técnicos de laboratório ou de banco de sangue, farmacêuticos ou
Técnicos de farmácia, administrativos, funcionários de higiene e limpeza.
3.3. Variáveis
Para o presente estudo foram consideradas 19 variáveis, das quais 5 teóricas com a
finalidade de captar as ideias e opiniões abertas dos inqueridos. Quanto as restantes 14
variáveis, 13 são qualitativas com a finalidade de qualificar as variáveis de acordo com a
sua operacionalização e 1 é quantitativa com a finalidade de quantificar o número de óbitos
ocorridos nos hospitais em estudo (ver tabela 3.2).
19
Tabela 3.2. Operacionalização de variáveis
Variável Tipo Escala Operacionalização
Sexo Qualitativa Nominal Feminino; Masculino
Profissão Qualitativa Nominal médico; médico assistente; enfermeiro (ou
OE1. Perfil demografico e
as
20
3.4. Instrumentos de medição e técnicas
O segundo, é um questionário com 5 perguntas abertas, apartir das quais se pretende fazer
a colecta de lições aprendidas para cada profissional de saúde em particular e no hospital
no geral (apêndice 2).
O apêndice 1 é uma versão do formulário Data collection form and risk assessment tool
updated validado pela Organização Mundial de Saúde (40) adaptada ao contexto a que se
pretende aplicar. O segundo questionário é uma versão adaptada do modelo de registro
de lições aprendidas, validado por Trentim (41).
3.5. Procedimentos
21
variáveis de estudo e os descreve de forma detalhada, representando o material de forma
específica.
Submissão do protocolo da
pesquisa aos Hospitais de Recolha de dados gerais
estudo para a autorização dos Hospitais para o
da área científica destes cálculo da amostra
(15 dias úteis)
Para a análise estatística serão usadas planilhas simples para dados quantitativos e
codificadas para dados qualitativos em Excel, onde os dados serão digitados, processados
e analisados.
Para a análise dos dados foi feita uma análise descritiva simples, usando a técnica de
análise de conteúdos textuais escritos resultantes de entrevistas, pesquisas documentais
internas e externas ás organizações e registros de observações apresentados com recurso
a gráficos e tabelas para a demonstração dos resultados e interpretação dos dados (35).
22
A técnica de análise de conteúdo, segundo Bardin (42), encontra-se organizada em três
fases, a saber:
Pré-análise – onde é desenvolvida a ideia inicial da pesquisa, seus objectivos e
problema de estudo, selecionando o material potencial que será usado para a
análise;
Exploração do material – consiste na transcrição do material encontrado a subsidiar
o problema de pesquisa;
Tratamento dos resultados, inferência e interpretação – fase onde é realizada a
interpretação dos dados, de forma crítica e reflexiva, resultantes da colecta de
dados, interpretações pessoais e conclusões.
23
4. RESULTADOS
24
Figura 4.1. Distribuição dos Profissionais de Saúde por sexo
4.2.1.2. Idade
Relativamente aos dados etários da amostra (ver figura 4.2), 62 profissionais de saúde
(43%) representam a faixa dos 20 aos 30 anos, 43 PdS (30%), pertencem a faixa dos 31
aos 40 anos, 7 PdS a faixa dos 41 aos 50 (13%), e 3 (6%) e 4 (8%) são maiores de 50
anos e preferiram não responder a esta questão, respectivamente.
Figura 4.2. Variação das Idades dos Profissionais de Saúde por intervalos
25
4.2.2. Perfil laboral dos participantes
4.2.2.1. Categoria Profissional
26
Figura 4.4. Representação dos Profissionais de saúde inquiridos por Instituição de
trabalho
27
4.3. Acidentes com material biológico
28
Figura 4.7. Percentagem dos PdS quanto a incidência por tipo de acidentes biológicos
No que concerne as mortes registadas nos dois hospitais em estudo, 105 PdS,
correspondentes aos 73%, desconhecem a incidência de mortes na Instituição na qual
exerce as suas funções (figura 4.8). Os restantes 27%, apontam para uma incidência média
de 6 mortes durante os anos de 2020 e 2021, embora 38% dos PdS confirmam a existência
de óbitos no sector da saúde, estes desconhecem o seu número exacto (figura 4.9).
29
Figura 4.9. Percentagem do número de óbitos em PdS por COVID-19
No exercício das actividades laborais dos PdS, é necessário que sejam mantidas as
medidas recomendadas pela OMS, e indicadas na literatura no presente estudo. Desta,
questionados sobre quais as medidas de prevenção são mais usadas no hospital em que
trabalham, 68 PdS (47%) apontaram para o uso de todas as medidas listadas no inquêrito,
4 apenas usam materiais descartáveis nos cuidados ao doente (3%), 24 optam somente
pelo uso de EPIs (27%). Os restantes 34% (48 PdS) usam duas ou mais medidas de
prevenção, sendo a lavagem das mãos com frequência e uso de EPIs as mais usadas
(figura 4.10).
30
Figura 4.10. Percentagem dos PdS quanto à referência do tipo de medidas de prevenção
mais usadas
Figura 4.11. Percentagem dos PdS que prestaram cuidados directos aos pacientes com
COVID-19
31
4.4.1.1. No serviço
Foram questionados aos 144 PdS se tiveram algum contacto a menos de 1 metro com
doentes com COVID-19 confirmado, destes 128 (89%) confirmaram terem tido algum tipo
de contacto directo nos cuidados assistenciais ao doente, sendo que 3% não usaram
nenhuma medida de prevenção nos mesmos cuidados.
Figura 4.12. Percentagem dos PdS que tiveram contacto directo com um caso de COVID-
19 no serviço
32
Figura 4.13. Percentagem dos PdS que tiveram contacto directo com um caso de COVID-
19 fora do serviço
No exercício das suas actividades laborais diárias, 84 Pds correspondentes aos 58% do
gráfico realizaram algum tipo de procedimento com geração de aerossol (figura 4.14).
Destes, 21% realizaram procedimentos como a intubação traqueal, tratamento de
nebulização, aspiração de vias aéreas em sistema aberto, colecta de escrro, traqueotomia,
broncoscopia e ressuscitação cardiopulmonar (figura 4.15).
Dos PdS que realizaram algum tipo de procedimento de geração de aerossol, todos usaram
uma ou mais medidas de prevenção.
33
Figura 4.15. Taxa dos tipos de procedimentos realizados
Figura 4.16. Percentagem dos PdS que tiveram contacto directo com superfícies
ambientais contaminadas
34
4.4.4. Cuidados assistenciais ao domicílio
No que concerne ao número de infeções entre os PdS pelo COVID-19, pelo menos 52
(36%) profissionais estiveram infectados pelo vírus (figura 4.18). Destes, 21 estiveram
infectados 1 vez, 12 estiveram infectados 2 vezes e 2 PdS tiveram o COVID-19 3 vezes no
período de 2020 a 2022.
35
4.5. Uso de Equipamentos de Proteção individual (EPIs)
Nos cuidados assistenciais a pacientes com COVID-19, os dados revelam que 91%,
correspondentes a 131 profissionais de saúde, fizeram uso dos EPIs (figura 4.19), com
maior enfoque para o uso das máscaras cirúrgicas (34%) e para as luvas descartáveis
(31%) (figura 4.20) usadas sempre, conforme recomendado.
Figura 4.19. Percentagem do uso de EPIs nos cuidados assistenciais a pacientes com
COVID-19
Durante os cuidados assistenciais aos pacientes com COVI-19, 54% dos PdS, que
corresponde a 78 profissionais, removeram e/ou trocaram os EPIs sempre, conforme
recomendado (figura 4.21).
36
Figura 4.21. Percentagens da frequência no uso de EPIs pelos PdS
Tabela 4.3. Ilustração das percentagens da frequência de higienização das mãos dos
PdS em diferentes situações laborais
a) Nos cuidados ao paciente b) Nos procedimentos
37
Desta, observa-se que:
58,6% dos PdS higienizam as mãos antes e após aos cuidados ao paciente
sempre, conforme recomendado;
61, 8% dos PdS higienizam das mãos antes e depois de realizar qualquer
procedimento limpo ou asséptico sempre, conforme o recomendado;
69,1% dos PdS higienizam as mãos após a exposição de fluídos corporais;
65,5% dos PdS higienizam as mãos após tocar as superfícies no entorno do
paciente.
38
4.6. Lições Aprendidas
Quanto aos aspectos que contribuíram potencialmente para que houvesse aumento na
contaminação do COVID-19 no seu sector laboral, os PdS responderam:
Devido a insuficiente de pessoal, profissionais com sintomas de COVID-19 tinham
que ter critérios para fazer o teste de PCR;
Constante exposição aos factores de risco de contaminação;
Aglomerado de funcionários em ambiente fechado (copa, salas de reunião);
Não cumprimento de escalas de rotatividade;
Interação direta com todos os pacientes;
Troca de materiais com pacientes (dinheiro e receitas);
Negligência no uso do EPI (confiança entre colegas, durante almoços e conversas);
Falta de EPIs suficientes (no início da pandemia);
Aumento da demanda dos pacientes;
Incumprimento das medidas por parte dos pacientes;
Não adesão a testagem de 15 em 15 dias para os profissionais de saúde;
39
Partilha de instrumentos de trabalho como Estetoscópio, sem a sua devida
desinfecção;
A falta de informação por parte de alguns pacientes quanto a gravidade da COVID-
19;
Exposição prolongada no tempo paramentado nas enfermarias dos Centros de
Internamento da COVID-19.
40
Superlotação das enfermarias;
Falta de testes para COVID-19;
Falta de botijas para oxigénio;
Segregação incorreta do lixo;
Falta de treinamento na equipe;
41
Abertura de um sector para a distribuição do EPI a todos os funcionários que fossem
ao CICOV – enfermaria;
Classificação dos pacientes de acordo com o sexo e gravidade das patologias, com
isolamento de outras patologias infecciosas concomitantes;
Protocolo de descontaminação e desinfeção de circuito ventilação mecânica
invasiva e não invasiva;
Formação do pessoal no sistema DISA e instalação do Sistema DISAlink como
banco de dados;
Consultas de preparação pré-obitos em casos específicos;
Rodas de terapia a profissionais;
Cabine de desinfecção;
Pontos de lavagem das mãos;
Divisão de turnos entre colegas para evitar mais tempo de permanência a
exposição ao COVID19;
Criação de enfermarias exclusivas para casos de COVID-19;
Criação do centro de isolamento transitório para pacientes suspeitos de COVID-19;
Todos os casos internados na UTI, seus endereços e demais dados pessoais são
registrados.
42
5. DISCUSSÃO
A presente discussão foi realizada com base nos resultados adquiridos neste estudo
conjuntamente com estudos com baixo nível de evidência, facto dado pela limitação da
pesquisa, tratando-se de uma doença bastante recente, com dados relacionados
disponíveis a partir de dezembro de 2019 a nível mundial e pouca literatura relacionada a
nível nacional.
Vale ressaltar que a literatura usada para a discussão é nacional e internacional, contudo
não apresenta dados específicos de estudos realizados nos dois hospitais em destaque.
Obteve-se respostas de 100% dos inquêritos aplicados aos profissionais de saúde dos dois
hospitais em estudo, tornando a amostra bastante consistente. De realçar que 74,5% são
do sexo feminino, sendo 22% da categoria de enfermeiros. Quanto às suas faixas etárias,
43% estão no intervalo de idade dos 20 aos 30 anos e 6% são constituídos por profissionais
com mais de 50 anos, maioritariamente enfermeiras.
A taxa de prevalência encontrada neste estudo quanto aos acidentes com exposição a
material biológico foi de 44,4%. Os dados da literatura variam para taxas de prevalência
superiores a 14%(45).
Verificou-se que após a exposição ao material biológico, a maioria (69,1%) dos PdS
higienizou as mãos. Entretanto, um número significativo (18,2%) afirmou que raramente
fez a higienização das mãos, segundo dados do presente estudo.
43
Este é um facto preocupante, sendo que a probabilidade de contaminação pelo COVID-19
aumenta significativamente com a exposição frequente a materiais biológicos desprotegida
(46).
Treinamentos periódicos sobre a importância e forma de utilização dos EPI, bem como a
fiscalização de sua utilização são medidas que podem contribuir de modo a que reverta
esta situação.
A principal rota para a disseminação do COVID-19 é através de gotículas que são expelidas
durante a tosse, espirros, respiração, ou transmissões aéreas. Sendo que as Unidades de
Terapia Intensiva concentram os pacientes mais graves, e também responsáveis pelo
maior número de procedimentos geradores de aerossóis, incluindo tratamentos com
nebulizadores, ventilação com pressão positiva nas vias aéreas em dois níveis, ventilação
por intubação traqueal e broncospia (47).
Estes dados acima corroboram com os resultados encontrados neste estudo, embora 73%
não estiveram expostos a nenhum tipo de acidente biológicos, dos que estiveram expostos,
47% foi a gotículas expelidas durante a tosse e espirros e 13% por transmissões aéreas.
Quanto aos procedimentos com geração de aerossol, 65% presenciaram algum tipo de
procedimento, sendo que 21% estiveram presentes em procedimentos de intubação
traqueal, tratamento por nebulização, aspiração de vias aéreas em sistema aberto, colecta
de escarro, traqueotomia, broncoscopia, ressuscitação cardiopulmonar, acrescentando a
colheita de amostras orofaringe e nasofaringe, com uma taxa de 6%.
44
A Organização Mundial da Saúde (49), fundamenta os resultados acima citando as
precauções-padrão a serem tomadas pelos profissionais de saúde:
“Higienizar as mãos sempre que cuidar de pacientes;
Uso racional e adequado de EPI;
Manuseio seguro de perfurocortantes;
Uso de equipamentos médicos esterilizados;
Gestão de resíduos hospitalares;
Manter o ambiente hospitalar limpo”.
No contexto Moçambicano podem também ser usada a cinza em zonas rurais e peri-
urbanas de difícil acesso a sabão, sabonetes e álcool.
A lavagem das mãos com frequência, uso de EPIs e distanciamento foram destacados no
presente estudo como as medidas de prevenção mais usadas no tratamento de pacientes
de COVID-19.
A OPAS, junto com a OMS (49), apresentam as ações a serem tomadas quando um
profissional da Saúde é exposto ao COVID-19 em um hospital (ver anexo 4). Os mesmos
categorizam a exposição em alto e baixo risco, sendo a primeira definida como “contacto
próximo com um caso de COVID-19 na comunidade ou em casa; prestando cuidados
diretos a um paciente com COVID-19 (exame físico, cuidados de enfermagem, realização
de procedimentos geradores de aerossol, coleta de amostra de secreção de vias aéreas)
ou contato com fluidos corporais de casos com COVID-19, ou com um ambiente
45
contaminado, sem o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI), ou não
higienização das mãos ao cuidar de um paciente”.
Contudo, a falta dos equipamentos de proteção individual é também indicado como factor
contribuente para o aumento da contaminação da COVID-19 nesta camada laboral.
46
recursos hospitalares, para 15%. A superlotação e elevados índices de infeção também
foram citados por 12,3% dos PdS, a falta de formação por 11,8% e 10,4% citaram a
insensiblidade da equipe de gestão as necessidades dos PdS”.
Os Profissionais de saúde participantes no estudo, citaram algumas recomendações para
o SNS para a gestão de casos, entre as quais, equipar as enfermarias com instrumentos
prioritários para cada sector, atendimento psicológico ao profissional, gestão adequada dos
resíduos biológicos, existência de uma sala específica para a realização dos exames para
paciente com COVID-19, entre outras.
Por conseguinte, o estudo revelou, além das descritas pelos autores, outras estratégias
inovadoras implementadas a nível dos hospitais em estudo, como é o caso da criação da
paragem única, palestras matinais e rodas de terapia a profissionais para falar sobre a
COVID, protocolo de descontaminação e desinfeção de circuito ventilação mecánica
invasiva e não invasiva; formação do pessoal e adopção do sistema DISA e instalação do
Sistema DISAlink como banco de dados, ultas de preparação pré-obitos em casos
específicos, cabine de desinfecção, criação do centro de isolamento transitório para
pacientes suspeitos de COVID-19.
47
Efectuar a sessões de capacitação contínua de recursos humanos em PCI, manejo
de casos, cuidado de pacientes críticos/ ventilação mecânica e vigilância
epidemiológica;
Criar um Programa Nacional de Controlo de Infeções Respiratórias Agudas”.
48
6. CONCLUSÕES
Conclui-se que o risco biológico a que os profissionais de saúde mais estão expostos são
os respingos de fluído biológico e secreções respiratórias na membrana mucosa da boca
e nariz, dado pela forma de contágio do COVID-19 e pelo tipo de intervenções usados na
maior parte dos procedimentos realizados.
Verifica-se que para ambos hospitais em estudo, menos que a metade dos profissionais
faz uso de todas as medidas de prevenção apresentadas, isto é, lavar as mãos com
frequência, usar equipamentos de proteção individual adequados (máscaras, luvas e
óculos de proteção), esterilizar os materiais a cada uso, usar materiais descartáveis nos
cuidados ao doente, evitar a partilha de materiais, protocolos de limpeza, evitar contacto
próximo com o paciente quando possível. O uso de EPIs, é portanto, a medida de
prevenção mais usada em todos os procedimentos, embora seja em quantidade limitada.
No geral, os profissionais de saúde aderem a pelo menos uma das medidas de prevenção,
contudo, existe a necessidade de se intensificar o uso das mesmas em todos os
procedimentos em pelo menos 99% dos profissionais usando as medidas preventivas
sempre, conforme recomendado. Tratando-se de uma doença nova e de fácil
disseminação, principalmente pela elevada importância que os profissionais de saúde
possuem não só pelo papel que desempenham, mas como seres humanos, existe ainda
49
uma “despreocupação” na adesão as medidas. É um factor bastante preocupante que uma
percentagem de 20% raramente higienize as mãos e use o EPI antes e depois de
procedimentos efectuados a doentes com COVID-19.
A luta contra a pandemia do COVID-19 trouxe para o sector de saúde vários desafios e
obstáculos que constituíram dificuldades no funcionamento normal do Sistema Nacional de
Saúde no país em particular e no mundo em geral. Contudo, estes desafios deixaram
algumas lições que devem ser usadas para futuros casos epidemiológicos. Entre estas, a
disponibilização rápida, imediata e suficiente de EPIs para os profissionais de saúde a
tempo inteiro, de modo a prevenir a contaminação em massa no sector de saúde, a
rotatividade entre os profissionais, garantindo menor tempo de exposição, peso embora
esteja totalmente condicionada ao número de PdS disponíveis, pelo que, é necessário o
aumento do número de profissionais de saúde. Torna-se necessário também, dotar os
profissionais de saúde de conhecimento através de formações e capacitações acerca da
doença a tempo útil, de modo que melhores cuidados assistenciais sejam providenciados.
É imprescindível que haja um plano de contingência preparado, claro e conciso para casos
futuros semelhantes, de modo a proteger a saúde e segurança do profissional de saúde no
trabalho. Esta é uma tarefa que cabe aos órgãos máximos do sector da saúde em
Moçambique.
50
Estudos relacionados a riscos no geral dos profissionais de saúde nos seus
sectores de trabalho, aliados a vários tipos de exposições a que estão sujeitos, a
nível nacional.
Importa referir, que este estudo contribuiu para o enriquecimento dos meus conhecimentos
referentes a saúde pública, no geral, e saúde ocupacional, em particular, melhorando em
termos práticos a percepção da realidade e desafios que serão por mim enfrentados no
decorrer das experiências profissionais relacionadas a problemas de saúde pública.
Abrindo portas para novas oportunidades profissionais dotadas de conhecimento prático.
.
51
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56
APÊNDICES E ANEXOS
O presente inquérito tem como objectivo recolher dados dos profissionais de saúde
directamente relacionados com os pacientes nos centros de isolamento e tratamento do
COVID-19. Os dados colhidos serão só e somente usados para fins acadêmicos e não
trarão constrangimentos quer para a instituição de saúde ou para o respondente.
Dados do Entrevistador
Nome do entrevistador: Dânia Abdul Gafur
Data da entrevista (DD/MM/AAAA): ____/_____/2022
Contacto do entrevistador: +258 865 562 798
Área de pesquisa e especialização: Saúde Pública, com especialização em
Saúde Ocupacional
Tema de pesquisa: Avaliação do risco de exposição
ocupacional dos profissionais de saúde
associados directamente aos cuidados e
tratamentos do COVID-19 em Moçambique
Propósito: Académico
Grupo alvo: Trabalhadores
Informações do profissional de saúde
Idade:
Sexo: …Masculino …Feminino
Cidade:
Categoria do profissional … Médico
… Médico assistente
… Enfermeiro (ou equivalente)
…Técnico de enfermagem (ou equivalente)
… Técnico de radiologia
… Técnico de laboratório ou de banco de
sangue
… Farmacêutico ou Técnico de farmácia
… Atendente da internação/recepção
… Equipe de transporte de pacientes
… Funcionário de higiene e limpeza
57
… Outro, especificar:
_____________________
Nome da Instituição onde trabalha
Sector onde trabalha Marque todas as opções que se aplicam:
… Emergência
… Internação clínica médica ou cirúrgica
… Unidade de Terapia Intensiva
… Serviços de limpeza
… Laboratório
… Farmácia
… Outro, especificar
58
Medidas de prevenção usadas no tratamento de pacientes de COVID-19
No desenvolvimento do seu trabalho, quais as …Lavar as mãos com frequência
medidas de prevenção são mais usadas neste …Usar equipamentos de proteção individual
estabelecimento hospitalar? (marque com X adequados (máscaras, luvas e óculos de
todas que se aplicam) proteção)
…Esterilizar os materiais a cada uso
…Usar materiais descartáveis nos cuidados ao
doente
…Evitar a partilha de materiais
…Protocolos de limpeza
…Evitar contacto próximo com o paciente
quando possível
Prestou cuidados directos a um ou mais casos …Sim … Não
confirmados de COVID-19?
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Teve contacto presencial e directo (a menos …Sim … Não
de 1 metro) com um caso confirmado de
COVID-19 no serviço?
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Teve contacto presencial e directo (a menos …Sim … Não
de 1 metro) com um caso confirmado de
COVID-19 fora do serviço?
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Esteve presente durante a realização de …Sim … Não
qualquer procedimento com geração de
aerossol no paciente?
Se sim, que tipo de procedimento? … Intubação traqueal
… Tratamento de nebulização
… Aspiração de vias aéreas em sistema aberto
… Coleta de escarro
… Traqueotomia
… Broncoscopia
… Ressuscitação cardiopulmonar (RCP)
… Outro, especificar
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
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Teve contacto directo com as superfícies …Sim … Não
ambientais onde o paciente com COVID-19
confirmado foi atendido?(lençois, fronhas,
equipamentos médicos, banheiros, etc)
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Esteve envolvido em cuidados assistenciais …Sim … Não
(remunerados ou não) ao domicílio?
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Alguma vez esteve infectado pela COVID-19? …Sim. … Não
Quantas
vezes?_____
60
4. Avental descartável … Sempre, conforme recomendado
… Na maior parte do tempo
… Às vezes
… Raramente
B. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você removeu e … Na maior parte do tempo
trocou o EPI de acordo com o protocolo … Às vezes
(p.ex. quando a máscara ficou úmida, você … Raramente
descartou o EPI na lixeira, higienizou as
mãos, etc.)?
C. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você higienizou as … Na maior parte do tempo
mãos antes e depois de tocar o … Às vezes
paciente(independentemente de estar ou … Raramente
não usando luvas)?
D. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você higienizou as … Na maior parte do tempo
mãos antes e depois de qualquer … Às vezes
procedimento limpo ou asséptico (p.ex. ao … Raramente
inserir um cateter vascular periférico,
cateter vesical, intubação, etc.)?
E. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você higienizou as … Na maior parte do tempo
mãos após exposição a fluidos corporais? … Às vezes
… Raramente
F. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você higienizou as … Na maior parte do tempo
mãos após tocar as superfícies no entorno … Às vezes
do paciente (cama, maçaneta da porta, … Raramente
etc.), independentemente de estar ou não
usando luvas?
G. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, as superfícies de … Na maior parte do tempo
alto contacto foram descontaminadas … Às vezes
(limpeza, desinfecção) com frequência (pelo … Raramente
menos três vezes ao dia)?
Ferramenta de colecta de dados (adaptada) (40).
61
Apêndice 2. Questionário para levantamento de lições aprendidas
Hospital
Categoria Profissional
Sector
Data de preenchimento ____/_____/2022
1. Na sua opinião, cite pelo menos 3 aspectos que contribuíram para a redução da
contaminação da COVID-19 no seu sector laboral.
2. Na sua opinião, cite pelo menos 3 aspectos que contribuíram para o aumento da
contaminação da COVID-19 no seu sector laboral.
4. De acordo com a experiência que possui, cite pelo menos 3 recomendações que
daria em situações semelhantes de gestão de casos para uma endemia ou
pandemia.
62
63
Anexo 1. Termo de consentimento livre e esclarecido
MAIORES DE IDADE
INFORMAÇÃO
Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa “Avaliação dos riscos biológicos
de exposição ocupacional dos profissionais de saúde associados directamente aos
cuidados e tratamentos do COVID-19 em Moçambique: O Caso do Hospital Geral da
Polana Caniço e Hospital Geral de Mavalane”. Seu objetivo consiste em avaliar os riscos
biológicos de exposição ocupacional dos profissionais de saúde associados directamente
aos cuidados e tratamentos do COVID-19 no Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital
Geral de Mavalane em Moçambique, no ano de 2022. Você foi selecionado(a) porque é
um profissional de saúde alocado nos hospitais de estudo e tem contacto directo com os
pacientes com COVID-19.
Para decidir participar desta pesquisa, é importante que você considere as informações
a seguir. Sinta-se à vontade para fazer quaisquer perguntas que não estejam claras para
você:
Participação: Sua participação consistirá em preencher o inquêrito que lhe será facultado
e responder as questões abertas. O questionário durará aproximadamente 20 minutos e
incluirá várias perguntas sobre riscos biológicos, medidas de prevenção e sua adesão e
lições aprendidas.
A entrevista será realizada no local, dia e hora que você considerar conveniente. Qualquer
despesa incorrida pelo participante não será paga.
64
Benefícios: Você não receberá qualquer recompensa por participar deste estudo. No
entanto, sua participação permitirá a geração de informação para adopção de planos de
ação realísticos e medidas de prevenção precoces para futuros casos de pandemia no
País.
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
E-mail: __________________________________
Telefone: _______________________
___________________________ ____________________________
Local e data:
Este documento é assinado em duas vias, ficando uma cópia em poder de cada
parte.
66
Anexo 2. Autorização dos Serviços de Saúde da Cidade de Maputo para a realização do
estudos nos Hospitais Gerais da Polana Caniço e de Mavalane
67
Anexo 3. Autorização da Área de Pesquisa Clínica e Investigação Científica do Hospital Geral de
Mavalane
68
Anexo 4. Os 5 momentos para a Higienização das mãos (33)
69
Anexo 5. Ações a serem tomadas quanto a exposição de um profissional de saúde a
COVID-19 (49)
Acções
Fazer rastreamento
caso surjam sinais e
sintomas.
Quarentena
domiciliar.
70
confirmada em febre. Monitoria
casa. activa.
Fazer rastreamento
se surgirem sinais e
sintomas.
Quarentena
domiciliar
71