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Saúde e Nutrição

Avaliação dos Riscos Biológicos de Exposição Ocupacional dos


Profissionais de Saúde Associados Directamente aos Cuidados e
Tratamentos do COVID-19 no ano de 2022 em Moçambique: O Caso do
Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital Geral de Mavalane.

Dissertação para obtenção do grau de:


Mestre em Saúde Pública

Apresentado por:
Dânia Abdul Gafur
MZSPMSP3889789

Orientador:
Dra. Elsy Tavares

MAPUTO, MOÇAMBIQUE
2023
AGRADECIMENTOS
“Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso. Todos os louvores são para Ele...”
Aos meus pais, Abdul e Ruquia, que me ensinaram a ser sempre persistente e não desistir
dos meus sonhos mesmo enfrentando vários obstáculos...

Aos meus irmãos, Adil, Neid, Junelda, Yumna e Shélsia, que sempre me deram e dão todo
o suporte que eu preciso a todos os momentos e me encorajaram a não desistir...

Aos Serviços de Saúde da Cidade de Maputo, e aos profissionais de saúde dos Hospitais
Gerais de Mavalane e da Polana Caniço, em especial a Directora Clínica Dra. Maria
Helena, Dra. Yumna Nabi, Dra. Suzana Chivale e ao Director Clínico Dr. Marino Marengue
pelo suporte no processo de recolha de dados, o qual permitiu a elaboração deste
trabalho...

Aos docentes do curso e principalmente a Dra. Elsy Tavares pelo suporte, paciência e
ensinamento durante a execução deste trabalho...

O meu muito obrigada, o meu mais alto respeito e reconhecimento!

“Não perca a esperança, nem fique triste. Você certamente será vitorioso se for um
verdadeiro crente”.

Alcorão 3:139
COMPROMISSO DO AUTOR
Eu, Dânia Abdul Gafur, declaro que:

O conteúdo deste documento é original e constitui um reflexo do meu trabalho


pessoal. Declaro que, no caso de qualquer notificação de plágio, autoplágio, cópia
ou erro na fonte original, sou o responsável direto jurídico, econômico e
administrativo sem afetar o Orientador do trabalho, a Universidade e quaisquer
instituições que colaboraram no referido trabalho, assumindo as consequências
derivadas de tais práticas.

Assinatura:
AUTORIZACIÓN PUBLICACIÓN ELECTRÓNICA
Maputo, 01 de Fevereiro de 2023

Att: Direção Acadêmica

Autorizo a publicação eletrônica da versão aprovada do meu Projeto Final sob


o título “Avaliação dos riscos biológicos de exposição ocupacional dos profissionais
de saúde associados directamente aos cuidados e tratamentos do COVID-19 no ano
de 2022 em Moçambique, : O Caso do Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital
Geral de Mavalane” no campus virtual e em outros espaços de divulgação eletrônica
desta Instituição.

Informo os dados para a descrição do trabalho:

Avaliação dos riscos biológicos de exposição ocupacional dos


profissionais de saúde associados directamente aos cuidados e
Título tratamentos do COVID-19 no ano de 2022 em Moçambique: O
Caso do Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital Geral de
Mavalane.

Autor Dânia Abdul Gafur

Os profissionais de saúde constituem um grupo de risco para a


Covid-19 por estarem directamente expostos aos pacientes
infectados, o que faz com que recebam uma alta carga viral
Resumo (milhões de partículas de vírus), sendo que a heterogeneidade
que caracteriza este contingente da força de trabalho determina
formas diferentes de exposição, tanto ao risco de contaminação
quanto aos factores associados às condições de trabalho.
Mestrado em Saúde Pública, com especialização em Saúde
Programa Ocupacional

Palavras- COVID-19; Profissionais de saúde; Pandemia; Medidas de


chave prevenção; Riscos ocupacionais

Contato daniagafur@gmail.com

Atenciosamente,

Assinatura:
ÍNDICE GERAL
1. INTRODUÇÃO 1
2. MARCO TEÓRICO 4
2.1. Contextualização da COVID-19 4
2.1.2. Origem 4
2.1.3. Etiologia e características virais 5
2.1.4. Transmissão e manifestação clínica 6
2.1.5. Diagnóstico e Tratamento 6
2.2. Epidemiologia da COVID-19 no Mundo 8
2.3. COVID-19 no contexto Moçambicano 9
2.4. Sistema Nacional de Saúde 10
2.4.1. Conceitos 10
2.4.2. Rede Sanitária Pública 11
2.4.3. Funcionários e Agentes do Sistema Nacional de Saúde 11
2.4.3.1. Conceitos 11
2.4.3.2. Papel dos Profissionais de Saúde no SNS 11
2.4.3.3. Atuação dos profissionais de saúde no contexto da COVID-19 12
2.5. Riscos Ocupacionais 13
2.5.1. Conceitos 13
2.5.2. Caracterização dos Riscos Ocupacionais 14
2.5.2.1. Riscos biológicos 14
2.5.2.2. Riscos quimicos 15
2.5.2.3. Riscos ergonómicos 15
2.5.2.4. Riscos físicos 15
2.5.2.5. Riscos acidentais 15
2.5.2.6. Riscos psicossociais 15
2.5.3. Avaliação dos riscos biológicos para os profissionais de saúde no contexto da
COVID-19 15
2.5.4 Medidas de prevenção dos riscos ocupacionais biológicos 16
3. METODOLOGIA 18
3.1. Projeto de pesquisa 18
3.2. População e amostra 18
3.3. Variáveis 19
3.4. Instrumentos de medição e técnicas 21
3.5. Procedimentos 21
3.6. Análise estatístico 22
4. RESULTADOS 24
4.1. Locais de estudo 24
4.2. Perfil dos Participantes 26
4.3. Acidentes com material biológico 28
4.4. Medidas de Prevenção implementadas 30
4.5. Uso de Equipamentos de Proteção Individual 36
4.6. Lições Aprendidas 39
5. DISCUSSÃO 43
6. CONCLUSÕES 49
7. BIBLIOGRAFIA 52
APÊNDICES E ANEXOS 57
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1: Estrutura do SARS-COV 2 5
Figura 2.2: Medidas opcionais de tratamento 6
Figura 2.3: Dados epidemiológicos de COVID-19 pelo mundo 9
Figura 2.4: Percentagem da Positividade por cidade 9
Figura 2.5: Dados epidemiológicos de COVID-19 em Moçambique 10
Figura 2.6: Esquema do Sistema Nacional de Saúde 11
Figura 3.7: Fluxograma dos procedimentos aplicados 22
Figura 4.1: Distribuição dos Profissionais de Saúde por sexo 25
Figura 4.2: Variação das idades dos Profissionais de Saúde em intervalos 25
Figura 4.3: Distribuição percentual das categorias profissionais 26
Figura 4.4: Representação dos Profissionais de Saúde inquiridos por Instituição de trabalho
27
Figura 4.5: Distribuição dos Profissionais de Saúde por sector de trabalho 27
Figura 4.6: Taxa de exposição a acidentes de trabalho pelos Profissionais de Saúde 28
Figura 4.7: Percentagem da incidência de acidentes biológicos quanto ao tipo 29
Figura 4.8: Percentagem dos registos de óbitos em Profissionais de Saúde por COVID-
19
29
Figura 4.9: Percentagem do número de óbitos em Profissionais de Saúde por COVID-
19
30
Figura 4.10: Percentagem dos Profissionais de Saúde quanto ao tipo de medidas de
prevenção mais usadas 31
Figura 4.11: Percentagem dos Profissionais de Saúde que prestaram cuidados directos
aos pacientes com COVID-19 31
Figura 4.12: Percentagem dos Profissionais de Saúde que tiveram contacto directo com
um caso de COVID-19 no serviço 32
Figura 4.13: Percentagem dos Profissionais de Saúde que tiveram contacto directo com
um caso de COVID-19 no serviço 33
Figura 4.14: Percentagem dos Profissionais de Saúde presentes em procedimentos com
geração de aerossol 33
Figura 4.15: Taxa dos tipos de procedimentos realizados 34
Figura 4.16: Percentagem dos Profissionais de Saúde que tiveram contacto directo com
superfícies ambientais contaminadas 34
Figura 4.17: Percentagem dos Profissionais de Saúde que participaram de cuidados
assistenciais com ou sem remuneração 35
Figura 4.18: Taxa de infeção dos Profissionais de Saúde pelo COVID-19 35
Figura 4.19: Percentagem do uso de Equipamentos de Proteção Individual nos cuidados
assistenciais a pacientes com COVID-19 36
Figura 4.20: Percentagem da frequência do uso de cada item do Equipamento de Proteção
Individual 36
Figura 4.21: Percentagem de frequência no uso de Equipamentos de Proteção Individual
pelos Profissionais de saúde 37
Figura 4.22: Percentagem da frequência de descontaminação das superfícies de alto
contacto 38
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1: As 10 vacinas mais usadas a nível mundial 7


Tabela 3.2: Operacionalização de variáveis 20
Tabela 4.3: Ilustração das percentagens da frequência de higienização das mãos dos
profissionais em diferentes laborais 37
ÍNDICE DE APÊNDICES E ANEXOS

Apêndice 1: Inquérito de Exposição dos Profissionais de Saúde ao COVID-19 56


Apêndice 2: Questionário para levantamento de lições aprendidas 61
Anexo 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 63
Anexo 2: Autorização dos Serviços de Saúde da Cidade de Maputo para a realização do
estudos nos Hospitais Gerais da Polana Caniço e de Mavalane 66
Anexo 3: Autorização da Área de Pesquisa Clínica e Investigação Científica do Hospital
Geral de Mavalane 67
Anexo 4: Os 5 momentos para higienização das mãos 68
Anexo 5: Ações a serem tomadas quanto a exposição de um profissional de saúde a
COVID-19 69
LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS
ACE2 - Enzima Conversora de Angiotensina 2
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CDC – Centers for Disease Control and Preventions
COV - Coronavirus
COVID-19 - Doença de coronavírus de 2019
DNA – Ácido Disoxiribonucleico
DPP4 - Dipeptidyl Peptidase 4
EBV – Vírus da Herpes
EPI – Equipamento de Proteção individual
EU-OSHA - Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho
FASNS – Funcionários e Agentes do Sistema Nacional de Saúde
HTLV - Human T-lymphotropic Virus
MISAU – Ministério da Saúde
NSPs – Proteínas não-estruturais
OMS – Organização Mundial da Saúde
PdS – Profissionais de Saúde
RNA – Ácido Ribonucleico
RT-PCR - Transcrição Reversa da Reação de Polimerização em Cadeia
SARS-COV-2 - Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus
SNS – Sistema Nacional de Saúde
RESUMO

O presente trabalho de pesquisa sobre os riscos biológicos de exposição ocupacional a


que estão sujeitos os profissionais de saúde directamente expostos a COVID-19 e o grau
de adesão às medidas preventivas pelos profissionais de saúde referentes ao período de
maior pico dos casos de COVID-19 em Moçambique em geral e na província de Maputo
em particular, tem o objectivo de avaliar os riscos biológicos de exposição ocupacional dos
profissionais de saúde associados directamente aos cuidados e tratamentos do COVID-19
no Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital Geral de Mavalane em Moçambique, no
ano de 2022. Na sua concepção metodológica de natureza mista e delineamento descritivo,
foram aplicados inquéritos a 144 profissionais de saúde, dentre médicos, enfermeiros,
técnicos de radiologia, laboratório, recepção e agentes de serviço, por um período de duas
semanas consecutivas, objectivando-se a colecta de dados das medidas de prevenção
usadas, acidentes com material biológico, adesão ao uso de equipamentos de proteção
individual e lições aprendidas no combate ao COVID-19. Os resultados indicam que os
profissionais de saúde, nos hospitais em estudo, têm idades compreendidas entre os 20 a
30 anos (43%) na sua maioria, respeitando o uso de EPIs e higienização das mãos com
maiores índices de 54% em termos de adesão as medidas de prevenção, estão
maioritariamente expostos a acidentes com agentes biológicos relacionados aos respingos
de fluído biológico e secreções respiratórias na membrana mucosa da boca e nariz (47%).
O uso de EPIs, as capacitações relacionadas a temática e a disponibilização de recursos
humanos foram as maiores lições aprendidas levantadas neste estudo, corraborando com
a implementação de planos de contigência para problemas de saúde pública em
Moçambique.

Palavas-chave: COVID-19; Profissionais de saúde; Pandemia; Medidas de prevenção;


Riscos ocupacionais.
ABSTRACT

The present research work on the biological risks of occupational exposure which health
professionals are directly exposed to COVID-19 and the adherence degree to preventive
measures by health professionals regarding the peak period of COVID-19 cases in
Mozambique in general and Maputo Province in particular, aims to assess the biological
risks of occupational exposure for health professionals directly associated with care and
treatment of COVID-19 at Polana Caniço General Hospital and Mavalane General Hospital
in Mozambique, in 2022. In its methodological conception of mixed nature and descriptive
design study, surveys were applied to 144 health professionals, including physicians,
nurses, radiology technicians, laboratory, reception and service agents, for two consecutive
weeks, aiming at collecting data on the prevention measures used, accidents with biological
material, adherence to the personal protective equipment use and lessons learned in the
fight against COVID-19. The results indicate that health professionals, in the hospitals under
study, are mostly aged between 20 and 30 years (43%), respecting the use of PPE and
hand hygiene with higher rates of 54% in terms of adherence prevention measures, they
are mostly exposed to accidents with biological agents related to splashes of biological fluid
and respiratory secretions on the mucous membrane of the mouth and nose (47%). The
use of PPE, training related to the subject and the availability of human resources were the
greatest lessons learned from this study, corroborating with the implementation of
contingency plans for public health problems in Mozambique.

Keywords: COVID-19; Health professionals; Pandemic; Prevention measures;


Occupational hazards.
1. INTRODUÇÃO

O sector de saúde tem a finalidade de garantir serviços essenciais de promoção, proteção


e recuperação de saúde da população. Este sector é composto por profissionais que de
acordo com a natureza do trabalho estão frequentemente expostos a vários tipos de riscos,
acidentes e doenças no exercício do seu trabalho.

De acordo com Mastroeni (1), “as doenças e acidentes derivados do trabalho compõem
um relevante problema de saúde pública em todo o mundo, sendo necessário direccionar
a atenção para a prevenção dos mesmos e o acompanhamento pós-exposição
ocupacional”.

De acordo com Research, Society and Development (2):

“A reflexão sobre os danos causados aos profissionais de saúde actuantes contra a


Pandemia da COVID-19, possibilitando um olhar direcionado a esse profissional, permitirá
a elaboração e estruturação da atenção à saúde do trabalhador, com uma abordagem
eficiente quanto aos determinantes de saúde relacionados à exposição ocupacional a
agentes biológicos”.

Pesquisas anteriormente elaboradas, as quais são referências para a presente proposta,


abordam os riscos decorrentes da exposição directa aos agentes infecciosos do SARS
COV-2 dos profissionais que estão na linha da frente no combate e redução da
dissiminação e casos de óbitos do COVID-19, contudo não buscam medir o grau de adesão
às medidas preventivas pelos profissionais de saúde. No contexto Moçambicano,
concretamente no Hospital Geral de Mavalane e da Polana Caniço ainda nenhuma
pesquisa foi conduzida para esta temática.

A escolha do tema alia-se ao programa de estudo na vertente de aprofundar e trazer


possíveis soluções para uma problemática de Saúde Pública, centrada especificamente na
saúde ocupacional, identificando os maiores riscos que os profissionais de saúde
enfrentam no sector laboral actuantes na linha de frente no internamento e tratamento da
COVID-19, trazendo um aprendizado actual e realístico, baseado na experiência nas
medidas de prevenção e sistemas de tratamentos de problemas em saúde pública
recentemente usados para os profissionais de saúde que estão em constante contacto com
os doentes nas principais unidades sanitárias de referência para o tratamento de doentes

1
com COVID-19 em Moçambique, buscando desta forma a adoção de planos de ação e de
contigência, bem como estratégias inteligentes e práticas baseadas na experiência, para o
tratamento de outras doenças endémicas como a varíola dos macacos.

Desta forma, a pesquisa objectivou num contexto geral, avaliar os riscos biológicos de
exposição ocupacional dos profissionais de saúde associados directamente aos cuidados
e tratamentos do COVID-19 no Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital Geral de
Mavalane em Moçambique, no ano de 2022, e especificamente:
 Caracterizar o perfil demográfico e laboral dos profissionais de saúde nos hospitais
em estudo,
 Identificar os riscos ocupacionais biológicos enfrentados pelos profissionais de
saúde associados directamente aos cuidados e tratamentos do COVID-19 nos
hospitais em estudo,
 Descrever as medidas de prevenção implementadas nos hospitais em estudo para
reduzir e impedir a transmissão da COVID-19 entre paciente e profissional de
saúde,
 Analisar o grau de adesão às medidas preventivas pelos profissionais de saúde dos
hospitais em estudo e por fim,
 Captar lições aprendidas no sector da saúde ocupacional sequentes da prevenção,
diagnóstico e tratamento de doentes com COVID-19, como referência para futuros
desafios de saúde pública.

O estudo apresenta-se em seis capítulos, sendo o primeiro referente à introdução do tema


em estudo. Este capítulo aborda o objetivo geral e os objetivos específicos. A pergunta de
pesquisa é aqui apresentada, onde como resposta pretende-se avaliar os riscos biológicos
a que os profissionais de saúde estão expostos nos Hospitais Gerais de Mavalane e da
Polana Caniço, em Moçambique.

O segundo capítulo debruça-se sobre a fundamentação teórica. Este capítulo caracteriza


o vírus do COVID-19, sua origem, diagnóstico e tratamento, bem como a prevalência no
Mundo em geral e em Moçambique em particular.

A abordagem sobre o conceito do Sistema Nacional de Saúde é aqui incluída, onde o papel
dos profissionais de saúde e sua actuação no contexto do COVID-19 são expostos. Os
conceitos de riscos ocupacionais e sua caracterização são também descritos neste
capítulo.

2
O terceiro capítulo, por sua vez, apresenta os procedimentos metodológicos a serem
empregues durante a pesquisa, de forma a alcançar os objetivos geral e específicos aqui
propostos, descrevendo-se como todo o processo de revisão da literatura e pesquisa foi
conduzido. A metodologia usada para a coleta e análise de dados é igualmente
mencionada e explicada neste capítulo.

O quarto capítulo descreve os resultados desta pesquisa. Neste capítulo discute-se o que
foi alcançado nas duas instituições sanitárias com este trabalho, descrevendo os riscos
biológicos a que os profissionais são expostos e as medidas preventivas maioritariamente
adoptadas.

No que concerne ao quinto e último capítulo, serão feitas as considerações finais,


apresentando-se o alcance dos objetivos inicialmente definidos na pesquisa. Dar-se-ão a
conhecer as limitações vivenciadas durante o processo de elaboração desta pesquisa, bem
como as sugestões para futuras pesquisas na mesma área e para as partes afetadas.

3
2. Marco Teórico
2.1. Contextualização da COVID-19

Neste capítulo discutem-se os diferentes conceitos referentes a pandemia do COVID-19,


designadamente a sua origem a nível mundial e contexto Moçambicano, suas formas de
transmissão e manifestação, formas de diagnóstico e tratamento.

2.1.1. Origem

De acordo com Fung (3):

“O coronavírus (CoV), inicialmente isolado em 1937, ficou conhecido em 2002 e 2003 por
causar uma síndrome respiratória aguda grave no ser humano denominada SARS. Na
época, a epidemia foi responsável por muitos casos de infecções graves no sistema
respiratório inferior, acompanhado de febre e, frequentemente, de insuficiência
respiratória”.

Pesquisas apontam para os morcegos como o primeiro hospedeiro do SARS-CoV-2,


devido ao seu acúmulo de coronavírus no genes, com 96% de concordância com os SARS
do morcego. Podendo sofrer mutação, a primeira transmissão do SARS-CoV-2, teria
ocorrido entre um morcego e um animal hospedeiro intermediário (4).

2.1.2. Etiologia e características virais

Caracterizados por envelopes de ácido ribonucléico (RNA) com cadeias simples e


positivas, codificadas por várias proteínas não estruturais e quatro estruturas (glicoproteína
da espícula (S), proteínas de envelope (E), hemaglutinina (M) e RNA e nucleocapsídeo (N)
(ver figura 2.1)) (5).

Segundo Gouveia e Campos (4), a espícula dos coronavírus reconhece e se acopla as


células humanas, incluindo a enzima conversora de angiotensina II (ACE2) e a dipeptidil
peptidase 4 (DPP4).

4
Figura 2.1. Estrutura do SARS-CoV 2 (5)

O SARS-CoV possui uma ligação que se acopla aos receptores da célula hospedeira
ACE2, permitindo a entrada viral nas células e facilitando a transmissão entre humanos.
Esta ligação é extremamente importante para determinar o nível de infeciosidade e
patogênese viral, para o uso em tratamentos e vacinação contra o SARS-CoV-2 (4).

2.1.3. Transmissão e manifestação clínica

O COVID-19 pode ser transmitido através de gotículas de saliva, secreções respiratórias,


mucosa nasal, que entram em contato com as vias respiratórias ou com os olhos (4). Outra
via alternativa considerada, mas não confirmada aponta para fluídos fecais – orais e
corporais (4).

Quanto ao diagnóstico, baseia-se na pesquisa do histórico epidemiológico aliado aos


sintomas apresentados e ao exame realizado (5).

Segundo Rodríguez-Morales et al (6), a febre, tosse e dispneia, são considerados os


sintomas mais comuns.

Contudo, outros autores (7), incluem a sensação de cansaço, dor na garganta e cabeça,
diarreia e vômitos produção de escarro, entre outros sintomas muito comuns em gripes
frequentes e comuns.

A COVID-19 pode trazer várias complicações, que incluem mas não se resumem a
síndrome do desconforto respiratório agudo, lesões cardíacas, hepáticas e renais agudas,

5
arritmia, disfunção da coagulação, choque, infecções secundárias e múltiplas falência do
órgão resultando em morte (4).

2.1.4. Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico é realizado através do teste de ácido nucleico por reação em cadeia da


polimerase com transcrição reversa (RT-PCR) com recurso a amostras respiratórias que
incluem cotonetes nasofaríngeos e orofaríngeos, enquanto escarro, representam amostras
do trato respiratório inferior (4).

Segundo Yang, Yang, Sheng et al, (7) “o escarro é a amostra mais confiável, seguida pelo
teste de RT-PCR”.

As opções de tratamento terapêutico usadas até a data desta pesquisaincluem


hidroxicloroquina, macrolídeos, análogos de nucleosídeos e medicamentos anti-
inflamatórios (4). Estando em processo várias pesquisas científicas, podendo a posterior
contrariar ou subsidiar a informação acima.

Não obstante ao tratamento terapêutico, categorizou-se toda a abordagem de tratamento


em dois grupos principais: o terapêutico referente a intervenções médicas e o fisiológico
referente a monitoria de sintomas, suporte de equipamentos, dietas e alimentação rica em
vitaminas.(figura 2.2) (8).

Figura 2.2. Medidas opcionais de tratamento (8)

6
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (9), a Organização Mundial da
Saúde (OMS) recomendou o uso de vacinas produzidas por fabricantes como a
Pfizer/BioNtrch, AstraZeneca/Oxford, Janssen, Moderna, Sinopharm, Sinovac, Bharat,
Novavax, Casino e Valneva (tabela 2.1).

Tabela 2.1. As 10 vacinas mais usadas a nível mundial (9)

Designação Fabricante Tecnologia Dose Estágio Eficácia


Comirnaty or Pfizer and mRNA 2 doses (3 2/3 91.3%
Tozinameran or BioNTech semanas)
BNT162b2
mRNA1273 or Moderna mRNA 2 doses (3 3 Mais de 90%
Spikevax semanas)
Sputnik V or Gamaleya Ad5, Ad26 2 doses (3 3 91.6%
Gam-Covid-Vac) Research (Adenovirus) semanas)
Institute
Vaxzevria or University of ChAdOx1 2 doses 2/3 76%
AZD1222 Oxford
(also known as and the
Covishield in British-Swedish
India) company
AstraZeneca
Convidecia CanSino Ad5 Única dose 3 65.28%
(also known Biologics (Adenovirus)
as Ad5-nCoV) and Institute of
Biology,
Academy of
Military Medical
Sciences
Ad26.COV2.S Johnson & Ad26 Dose única 3 72%(USA)
Johnson (Adenovirus) 68%(Brasil)
Beth Israel 64%(África do Sul)
Deaconess
Medical Center
EpiVacCorona Vector Institute Proteína 2 doses (3 3 Desconhecido
semanas)
NVX-CoV2373 Novavax Proteína 2 doses (3 3 89.7%
semanas)
BBIBP-CorV Sinopharm Inactivo 2 doses (3 3 78.1%
semanas)
CoronaVac Sinovac Inactivo 2 doses (2 3 50.65% (Brasil)
(formerly Biotech semanas) 83.5%(Turquia)
PiCoVacc)

7
2.2. Epidemiologia da COVID-19 no Mundo

Segundo Oliveira (10) “a pandemia da doença causada pelo novo coronavírus 2019
(COVID-19) tornou-se um dos grandes desafios do século XXI. Seus impactos ainda são
inestimáveis, mas afectam direta e/ou indiretamente a saúde e a economia da população
mundial”.

Os primeiros casos diagnosticados, em princípio como uma pneumonia causada por


agente desconhecido, foram registados no fim do ano de 2019, em Wuhan, na China, e
reportados no mesmo período (11).

Segundo dados da John Hopkins (12), actualmente, mais de 648 milhões de casos
confirmados, dos quais 52% são do sexo masculino e mais de 6.6 milhões de mortes são
reportadas a nivel global (ver figura 2.3).

O país com maior número de casos é os Estados Unidos da América com mais de 99
milhões de casos até a data, seguido da França com mais de 38 milhões de casos. Em
relação ao número de óbitos, o Brasil registou mais de 690 mil mortes (12).

A nível mundial, os profissionais da saúde, com particular destaque para os profissionais


de enfermagem, atuam na linha da frente em relação a prestação de cuidados e tratamento
aos pacientes com COVID-19 positivo internados ou não (11).

De acordo com Lima et al (13), “um cálculo feito pela American Nurses Association
sinaliza que, aproximadamente, 3,8 milhões de enfermeiros nos Estados Unidos, e mais
de 20 milhões de enfermeiros em todo o mundo estão envolvidos no enfrentamento da
pandemia”.

Na China, estima-se que 0.7% dos cerca de 3.300 profissionais de saúde infectados
evoluíram a óbito (11).

Quanto a Itália, 4.824 profissionais de saúde foram infectados por COVID-19. Tendo 0,5%
evoluído a óbitos na classe médica. Esta situação levou a Federação Italiana de
Profissionais de Saúde a considerar inadequado o sistema de saúde usado pelos
trabalhadores de saúde nesse estabelecimento de saúde (11).

8
Figura 2.3. Dados epidemiológicos de COVID-19 pelo mundo(12)

2.3. COVID-19 no contexto Moçambicano

De acordo com o MISAU (14), Moçambique, confirmou o primeiro caso de infecção pelo
COVID-19 em 22 de Março e subida para 5 casos em 25 de Março, e desde então os casos
foram aumentando gradualmente (ver figura 2.4).

A detecção de casos de infecções pelo SARS-CoV-2 em Moçambique resulta da testagem


de casos sintomáticos nas unidades sanitárias e a busca ativa de seus contatos diretos
sintomáticos ou assintomáticos (14).

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde (INS) (15), a zona sul é a que apresenta
maiores índices de casos positivos do COVID-19 (média de 5% de taxa de positividade),
seguido da zona norte (2,9% de taxa de positividade). Contudo, a cidade da Beira contribue
significativamente para a elevada taxa de positividade, com a frequência elevada (5,3%).

Figura 2.4. Percentagem da positividade por cidade (15)

9
Actualmente mais de 59% da população moçambicana está vacinada, o último caso
positivo foi registado a 24 de Janeiro de 2023 (figura 2.5) (12).

Figura 2.5. Dados epidemiológicos de COVID-19 em Moçambique (12)

2.4. Sistema Nacional de Saúde

Neste capítulo serão abordados os aspectos ligados ao Sistema Nacional de Saúde, seu
funcionamento e características ligadas ao sistema e aos funcionários que nele estão
integrados.

2.4.1. Conceitos

Segundo o MISAU (16),“Sistema Nacional de Saúde (SNS) é o principal prestador de


serviços de saúde a escala nacional, fazendo se cumprir através do maior provedor o
Ministério de Saúde (MISAU), complementado as 120 ONGs que prestam serviços de
saúde”.

O SNS está organizado em 4 níveis de atenção de saúde (ver figura 2.6), sendo estes, o
nível primário (centros de saúde rurais tipo I e II, urbanos tipo A,B, e C com ou sem
maternidade, nível secundário, constituído por hospitais rurais, distritais e gerais, nível
terciário representado pelos hospitais provinciais e o nível quartenário, correspondentes
aos hospitais centrais e de especialização (16).

10
Figura 2.6. Esquema do Sistema Nacional de Saúde – SNS (16)

2.4.2. Rede Sanitária Pública

Define-se como o sistema hospitalar público e nacional, com a finalidade de gerir situações
adversas ao funcionamento normal do sistema de saúde gerados por efeitos adversos.(16).

2.4.3. Funcionários e Agentes do Sistema Nacional de Saúde

Em Moçambique, segundo o MISAU (16):


“Os profissionais de saúde cresceram 72% entre 2007 e 2015. Representa 25.779
profissionais de saúde, dos quais 12.085 são enfermeiros gerais ou enfermeiros de saúde
materno-infantil. No entanto, a proporção de médicos e enfermeiros é muito baixa (54,8 por
100.000 habitantes) em comparação com os 230 por 100.000 habitantes recomendados
pela OMS”.

2.4.3.1. Conceitos

Saraiva (17) define funcionário público como um trabalhador de serviço público que pode
exercer actividades remuneradas para outras entidades, enquanto que o agente, é
especificamente alocado para um determinado cargo.

2.4.3.2. Papel dos Profissionais de Saúde no SNS

O profissional de saúde desempenha um papel muito importante no processo de


humanização no SNS, referente aos cuidados directos ao paciente.

Segundo a OMS (18), “os profissionais de saúde desempenham um papel central e crítico
na melhoria do acesso e na qualidade da atenção à saúde da população. Eles fornecem

11
serviços essenciais que promovem a saúde, previnem doenças e prestam serviços de
saúde a indivíduos, famílias e comunidades com base na abordagem de atenção primária
à saúde”.

Segundo Garcia (19) “todos os profissionais de saúde são seres humanos, assim como os
utentes, contudo, nem todos são humanizados e para um bom atendimento com qualidade
é necessária a sensibilização destes por meio de treinamentos”.

2.4.3.3. Atuação dos profissionais de saúde no contexto da COVID-19

Os profissionais de saúde são a base para estimular, criar e manter a melhoria dos
cuidados de saúde, pois são responsáveis pelos cuidados primários de saúde e
particularmente estão na linha da frente no combate ao COVID-19.

De acordo com o MISAU (16):


“Os profissionais de saúde são o grupo profissional com maior risco de contrair a COVID-
19, razão pela qual foram priorizados na administração de vacinas, como forma de prevenir
as formas graves da doença, para evitar o colapso dos sistemas de saúde em
consequência da falta de profissionais. Igualmente, com a priorização daquele grupo,
pretendia-se manter activa a área de pesquisa e produção de novo conhecimento, que é
extremamente importante, para enfrentar esta e outras ameaças à existência humana”.

Relacionado a natureza de trabalho dos profissionais de saúde, estes apresentam maior


risco de contaminação e transmissão hospitalar, aliado ao uso inadequado dos
equipamentos de proteção individual (EPI), período de exposição aos agentes infeciosos,
pressão, trabalho intenso e falta de repouso (15).

O MISAU (16) informa que:


“No primeiro trimestre de 2021, houve um registro de 2.937 Funcionários e Agentes do
Sistema Nacional de Saúde (FASNS) infectados por COVID-19, correspondentes a 5% do
total de FASNS existentes até ao final de 2020, dos quais 2451 casos foram reportados
durante a segunda vaga. Como consequência, foram registados 27 óbitos, correspondendo
a 3,5% do total de óbitos ocorridos no país. Destes, 16 foram registados na cidade de
Maputo, correspondendo a 56% do total de óbitos por COVID-19 entre FASNS”.

Estes dados justificam a grande importância no cuidado ao profissional de saúde como


FASNS, de modo a reduzir os casos de infeção e óbitos.

12
2.5. Riscos Ocupacionais

Neste capítulo serão inicialmente conceituados os termos riscos, riscos ocupacionais


seguido da caracterização dos 5 tipos dos riscos ocupacionais, biossegurança e exposição
ocupacional.

2.5.1. Conceitos

Segundo Avanian (20) “na epidemiologia, o conceito de risco corresponde à probabilidade


de um indivíduo, de uma população definida, desenvolver uma determinada doença, em
um período de tempo também estabelecido”.

O Banco Mundial (21), define ”risco como a probabilidade de um efeito adverso ocorrer em
um organismo, sistema ou subpopulação sob condições de exposição a um agente”.

Segundo Miranda e Stancato (22), “riscos ocupacionais são situações que podem pôr fim
ao equilíbrio físico, mental e social dos trabalhadores e não apenas as situações oriundas
de acidentes e doenças”.

Para Bessa et al. (23), “os riscos ocupacionais são condições que derivam de sua natureza,
portanto, das próprias funções e em resultado de acções ou factores externos, o que
aumenta a probabilidade de ocorrência de lesão física, psíquica ou matrimonial”.

Para Teixeira & Valle (24), a biossegurança pode ser definida como “um conjunto de
medidas e procedimentos técnicos necessários para a manipulação de agentes e materiais
biológicos capazes de prevenir, reduzir, controlar ou eliminar riscos inerentes às atividades
que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o meio ambiente”.

A exposição ocupacional por agentes biológicos consiste no contacto existente com fluídos
corpóreos entre o paciente e o profissional de saúde (25).

13
2.5.2. Classificação dos Riscos Ocupacionais

Segundo EU-OSHA (26), os riscos ocupacionais podem ser classificados em: riscos
biológicos, quimicos, físicos, ergonómicos, acidentais e psicossociais.

 Riscos biológicos
Podem ser definidos como um incidente ocorrido através de agentes de origem biológica,
podendo estar inclusos animais, insectos, bactérias, vírus, fluídos, poeira, esgoto, sangue
e mofo(26).

De acordo com Oda e Ávila (27), “os riscos biológicos ocorrem através do contacto directo
dos microorganismos e o homem, podendo provocar doenças, principalmente em
actividades como a indústria de alimentação, hospitais, coleta de lixo, laboratórios, entre
outros, por meio da via cutânea ou percutânea, a via respiratória (aerossóis), a via
conjuntiva e a via oral”.

Oda e Ávila (27), classificam os agentes biológicos em quatro classes:

“Classe 1 – para os agentes que não apresentam riscos para o manipulador, nem para a
comunidade (ex.: E. coli, B. subtilis);
Classes 2 - apresentam risco moderado para o manipulador e fraco para a comunidade e
há sempre um tratamento preventivo (ex.: bactérias - Clostridium tetani, Klebsiella
pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus - EBV, herpes; fungos- Candida albicans;
parasitas - Plasmodium, Schistosoma);
Classe 3 - são os agentes que apresentam risco grave para o manipulador e moderado
para a comunidade, sendo que as lesões ou sinais clínicos são graves e nem sempre há
tratamento (ex.: bactérias - Bacillus anthracis, Brucella, Chlamydia psittaci, Mycobacterium
tuberculosis; vírus - hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, malária; fungos -
Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; parasitos - Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma
gondii, Trypanosoma cruzi);
Classe 4 - apresentam risco grave para o manipulador e para a comunidade, não existe
tratamento e os riscos em caso de propagação são bastante graves (ex.: vírus de febres
hemorrágicas, COVID-19)”.

14
 Riscos quimicos

São definidos como agentes químicos que em contacto com a mucosa da pele e sistema
respiratório podem causar graves consequências ao trabalhador. Entre outros, são
exemplos os produtos de limpeza, tintas que podem culminar em irritação respiratória
grave, alergias, problemas de pele e asma (27).

 Riscos ergonómicos

Muito comuns entre trabalhadores de obras, pedreiros e maqueiros, é definido como a


relação entre o trabalhador e o seu material frequente de trabalho, podendo no seu
manuseiamento causar danos musculoesqueléticos resultantes do seu peso (27).

 Riscos físicos

Segundo OSHA (27), "são fatores ambientais que causam lesões físicas, que incluem
electricidade, incêndios, temperaturas extremas e espaços confinados”.

 Riscos acidentais

São riscos resultantes da falta de segurança no local de trabalho, caracterizado por


condições inseguras, podendo resultar na deslocação e quebras de ossos, na perda parcial
ou total dos membros, ou em morte (27).

 Riscos psicossociais

São caracterizados por todos os aspectos referentes ao exercício das suas funções
laborais, com potencial se causar danos físicos, sociais ou psicológicos. Relaciona todos
os riscos acima citados, podendo resultar no prejuízo da saúde mental do trabalhador (27).

2.5.3. Avaliação dos riscos biológicos para os profissionais de saúde no contexto da


COVID-19

De acordo com Almeida et al. (28), “os riscos biológicos são os maiores causadores de
muitos problemas de saúde entre os profissionais de saúde”.

Segundo OSHA (27), “O risco biológico é altamente presente no ambiente hospitalar e a


necessidade de proteção contra este é definida pela fonte do material, pela natureza da
operação ou experimento a ser realizado, bem como pelas condiçoes de realização”.

15
Os Profissionais de Saúde (PdS) devido as sua práticas laborais são expostos
maioritariamente a diferentes riscos ocupacionais, oriundos de fatores físicos,
ergonômicos, químicos, psicossociais e biológicos. Estes últimos, de forma mais frequente
devido aos agentes biológicos presentes no seu ambiente de trabalho (29).

2.5.4 Medidas de prevenção dos riscos ocupacionais biológicos

Garcia, Fracarolli, Santos, Souza, Cenzi e Marziale (19) afirmam que:

“A analogia em meio ás exposições ocupacionais e o início de doenças são reconhecidas


desde a antiguidade, os quais podem ter maior frequência de acordo com o uso de medidas
de proteção, segurança e do modelo de trabalho exercido. Assim, torna-se imprescindível
a adopção e uso de medidas de prevenção individuais e colectivas, com o objectivo de
prevenir agravos ao trabalhador”.

As medidas de prevenção colectiva consistem em práticas realizadas no ambiente de


trabalho, com o intuíto de proteger à saúde de uma ou mais pessoas. Enquanto que o
equipamento de proteção individual (EPI), é uma prática individual de segurança adotada
para assegurar a saúde e bem estar do próprio trabalhador particularmente(19).

É necessário que as duas medidas de prevenção (individual e colectiva) sejam combinadas


para a redução dos riscos e ameaças no ambiente de trabalho.

Os Centros para prevenção e controle de doenças (CDC) (30), recomendam para a


lavagem das mãos, o uso de EPIs (luvas, máscara, avental, sapato fechado e óculos
protetores), o manuseio de materiais perfurocortantes e o controle ambiental.

Quanto a lavagem das mãos, a OMS (31) defeniu cinco momentos de elevada importância
para interromper a transmissão de patógenos pelas mãos, são estes:
 “Antes do contato com o paciente;
 Antes do procedimento asséptico;
 Após exposição a fluídos corpóreos;
 Após contato com paciente; e
 Após contato com o entorno do paciente”.

Contudo, mesmo com a lavagem frequente das mãos, é necessário que se faça o uso de
luvas para profissionais de saúde, de modo a reduzir a disseminação de patógenos

16
vinculados ao contato direto das mãos com fluídos corpóreos, materiais ou equipamentos
contaminados e para os cuidados com pacientes (32).

Não obstante ao uso de luvas, a sua remoção após o término do procedimento ao paciente
é imprescindível, bem como evitar o toque em superfícies potencialmente contaminadas e
a troca regular dos EPIs para diferentes pacientes e procedimentos (33).

O uso de aventais ou macacões, óculos de proteção e máscaras, são, igualmente medidas


de prevenção individuais para reduzir as contaminações. Os aventais ou macacões e os
óculos, protegem áreas do corpo que ficam expostas a respingos de fluídos corpóreos.
Quanto a máscara, preferencialmente descartável e formada por no mínimo 3 camadas,
protege a mucosa oral e nasal (boca e nariz) de possíveis contato com fluidos corpóreos,
sangue ou aerossóis. EPI de maior uso desde o início do COVID-19, com o objetivo de
proteger o paciente de microrganismos advindos do profissional de saúde, devendo ser
trocada entre os pacientes, sempre que possível e, descartada imediatamente após o uso
(31).

Contudo, o material perfurocortante, é ainda considerado como a maior causa de


acidentes nas instituições de saúde para os profissionais neste sector (34).

17
3. METODOLOGIA

No presente capítulo será abordada a metodologia usada no desenvolvimento do estudo


em questão, de acordo com a sua natureza, carácter, amostra, instrumentos, recolha e
análise dos dados.

De acordo com Zanella (35), a metodologia é definida como:


"O método, ou a linha de pensamento (indutivo, dedutivo, dialético, qualitativo,
quantitativo) que o pesquisador escolhe para desenvolver a pesquisa, sob um tipo
específico (exploratória, descritiva, explicativa, estudo de caso, etc.), um conjunto de
técnicas que possibilitam coletar e analisar informações em busca da compreensão da
realidade, do fato, do fenômeno”.

3.1. Projeto de pesquisa

Estudo de abordagem mista, com carácter transversal e descritivo, realizado com


profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de radiologia, laboratório, agentes
de serviço), do Hospital Geral de Mavalane e Hospital Geral da Polana Caniço, na Cidade
de Maputo.

Para Miguel (36), “as pesquisas de carácter descritivo estabelecem relações existentes
entre variáveis, descrevendo as particularidades de certos eventos ou fenómenos”.

Este estudo é transversal, pois as variáveis foram identificadas no ano de 2022, e


correspondem a dados de maior prevalência do COVID-19 (2020-2021) (37).

Em relação à natureza, esta pesquisa é classificada como mista, sendo que nela são
combinados dados qualitativos e quantitativos em um único objecto de estudo (38) onde,
neste caso, pretende-se avaliar, de forma exata e objectiva, através dos dados recolhidos,
os riscos biológicos referentes a exposição as formas de contaminação pelo COVID-19
para os profissionais de saúde.

3.2. População e amostra

A população de estudo para a pesquisa são os PdS, com um total de profissionais de 593
para o Hospital Geral de Mavalane e 165 para o Hospital Geral da Polana Caniço.

A técnica de amostragem usada será a probabilística aleatória simples.

18
Segundo Shadish, Cook & Campbell (39), “amostragem aleatória é um procedimento que
selecciona uma amostra de unidades de uma população por acaso, normalmente para
facilitar a generalização da amostra para a população”.

N × Z2 × p ×(1−p)
Portanto, para o cálculo da amostra se utilizou a fórmula n = Z2 × p ×(1−p)+e2 ×N−1 em que:

n: amostra calculada;
N: população;
Z: variável normal;
p: real probabilidade do evento;
e: erro amostral.

Considerando uma margem de erro de 10%, IC=95% e Z=1,96, temos que a amostra será
de 83 profissionais de saúde para o Hospital Geral de Mavalane e 61 para o Hospital Geral
da Polana Caniço, divididos entre as categorias profissionais de Médicos, enfermeiros,
técnicos de radiologia, técnicos de laboratório ou de banco de sangue, farmacêuticos ou
Técnicos de farmácia, administrativos, funcionários de higiene e limpeza.

Os critérios de inclusão dos participantes no estudo foram: ser profissional de saúde


efectivo nas instituições de estudo, actuar ou ter actuado no período de eclosão do COVID-
19, aceitar participar do estudo.

3.3. Variáveis

Para o presente estudo foram consideradas 19 variáveis, das quais 5 teóricas com a
finalidade de captar as ideias e opiniões abertas dos inqueridos. Quanto as restantes 14
variáveis, 13 são qualitativas com a finalidade de qualificar as variáveis de acordo com a
sua operacionalização e 1 é quantitativa com a finalidade de quantificar o número de óbitos
ocorridos nos hospitais em estudo (ver tabela 3.2).

19
Tabela 3.2. Operacionalização de variáveis
Variável Tipo Escala Operacionalização
Sexo Qualitativa Nominal Feminino; Masculino
Profissão Qualitativa Nominal médico; médico assistente; enfermeiro (ou
OE1. Perfil demografico e

equivalente); técnico de enfermagem (ou


equivalente); técnico de radiologia; técnico de
laboratório ou de banco de sangue; farmacêutico
laboral

ou técnico de farmácia; atendente da


internação/recepção; equipe de transporte de
pacientes; funcionário de higiene e limpeza.
Instituição Qualitativa Nominal Hospital Geral de Mavalane
Hospital da Polana Caniço
Sector Qualitativa Nominal Emergência; internação clínica médica ou
cirúrgica; unidade de Terapia Intensiva; serviços
de limpeza; laboratório; farmácia.
Vítima de acidente Qualitativa Dicotômica Sim; Não
biológico
OE2. Riscos biológicos

Acidente biológico Qualitativa Nominal Respingo de fluído biológico/secreções


respiratórias na membrana mucosa dos olhos;
Respingo de fluído biológico/secreções
respiratórias na membrana mucosa da
boca/nariz; Respingo de fluído
biológico/secreções respiratórias na pele não
intacta; Acidente de punção/laceração com
qualquer material contaminado com fluído
biológico/secreções respiratórias.
Óbito por COVID-19 Quantitativa Discreta Número de óbitos de profissionais de saúde cuja
a causa foi COVID-19
Medidas de prevenção Qualitativa Nominal Lavar as mãos com frequência; Usar
equipamentos de proteção individual adequados
(máscaras, luvas e óculos de proteção);
OE3. Medidas de prevenção

Esterilizar os materiais a cada uso; Usar


materiais descartáveis nos cuidados ao doente;
Evitar a partilha de materiais; Protocolos de
limpeza; Evitar contacto próximo com o paciente
quando possível
Presença em Qualitativa Nominal Intubação traqueal; Tratamento de nebulização;
procedimento com Aspiração de vias aéreas em sistema aberto;
geração de aerossol Coleta de escarro; Traqueotomia; Broncoscopia;
Ressuscitação cardiopulmonar (RCP); Outro,
especificar
Uso de uma ou mais Qualitativa Dicotômica Sim; Não
medidas de prevenção
Contágio por COVID- Qualitativa Dicotômica Sim; Não
19
Uso de EPI Qualitativa Dicotômica Sim; Não
Adesão

Frequência de uso de Qualitativa Ordinal Sempre, conforme recomendado; na maior parte


OE4.

EPI do tempo; às vezes; raramente.


Frequência de uso das Qualitativa Ordinal Sempre, conforme recomendado; na maior parte
medidas de prevenção do tempo; às vezes; raramente.
Redução da contaminação da COVID-19 Teórica
aprendid

Aumento da contaminação da COVID-19 Teórica


Lições
OE5.

as

Obstáculos encontrados na gestão de casos Teórica


Recomendações Teórica
Estratégias inovadoras implementadas Teórica

20
3.4. Instrumentos de medição e técnicas

O processo de recolha de dados foi realizado no final do mês de Novembro e princípio do


mês de Dezembro de 2022 (em 1 semana para cada hospital), com recurso a dois
questionários impressos e distribuídos aleatoriamente nos dois hospitais em estudo. O
primeiro inquêrito com questões de múltipla escolha, contêm as seguintes secções:

1. Informações do profissional de saúde;


2. Acidentes com material biológico;
3. Medidas de prevenção usadas no tratamento de pacientes de COVID-19;
4. Adesão às medidas de prevenção e controle de infecção (PCI) durante os cuidados
assistenciais e/ou geração de aerossol (vide apêndice 1).

O segundo, é um questionário com 5 perguntas abertas, apartir das quais se pretende fazer
a colecta de lições aprendidas para cada profissional de saúde em particular e no hospital
no geral (apêndice 2).

O apêndice 1 é uma versão do formulário Data collection form and risk assessment tool
updated validado pela Organização Mundial de Saúde (40) adaptada ao contexto a que se
pretende aplicar. O segundo questionário é uma versão adaptada do modelo de registro
de lições aprendidas, validado por Trentim (41).

Os dois instrumentos foram realizados nos hospitais de estudo no horário de preferência


dos inqueridos, tendo em conta a carga de trabalho neste sector, mediante a assinatura do
termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 1).

3.5. Procedimentos

Após a revisão bibliográfica, os questionários e inquéritos foram aplicados presencialmente


em um período de 10 dias (5 dias para cada hospital). As respostas fornecidas através do
preenchimento dos inquéritos e questionários pelos profissionais de saúde, com
acompanhamento e supervisão da inquiridora de modo a esclarecer possíveis dúvidas e
constrangimentos, serão registadas em planilhas em Excel e revistas para correção e
validação dos dados. Serão, posteriormente cruzados e analisados no Excel através da
geração de tabelas dinâmicas que irão filtrar as categorias de respostas e gerar o relatório.

As respostas serão inicialmente apresentadas por dados agregados que serão


transformadas em informação após uma análise tipológica, que se orienta na filtragem das

21
variáveis de estudo e os descreve de forma detalhada, representando o material de forma
específica.

A realização do estudo, conta com a autorização da Direção de Saúde da Cidade de


Maputo (anexos 2 e 3), que é o órgão regulador de estudos de saúde na cidade, para o
qual será apresentada a proposta do presente estudo para início da recolha de dados nos
hospitais em estudo.

Posteriormente, o trabalho final será apresentado ao Comitê Nacional de Bioética para


Saúde de Moçambique, sendo que, por não se tratar de um experimento em seres
humanos, não foi necessária a aprovação do Comitê de ética da Universidade.

Figura 3.7. Fluxograma dos procedimentos

Registo das respostas na Correção, validação e


Revisão bibliográfica
planilha excel análise dos dados

Pedido de autorização para Aplicação dos inquêritos


a pesquisa a Direção dos para as amostras Geração de relatórios,
Serviços de Saúde da designadas nos dois tabelas dinâmicas e
Cidade de Maputo (7 dias hospitais (5 dias para cada gráficos
úteis) Hospital)

Submissão do protocolo da
pesquisa aos Hospitais de Recolha de dados gerais
estudo para a autorização dos Hospitais para o
da área científica destes cálculo da amostra
(15 dias úteis)

3.6. Análise estatística

Para a análise estatística serão usadas planilhas simples para dados quantitativos e
codificadas para dados qualitativos em Excel, onde os dados serão digitados, processados
e analisados.

Para a análise dos dados foi feita uma análise descritiva simples, usando a técnica de
análise de conteúdos textuais escritos resultantes de entrevistas, pesquisas documentais
internas e externas ás organizações e registros de observações apresentados com recurso
a gráficos e tabelas para a demonstração dos resultados e interpretação dos dados (35).

22
A técnica de análise de conteúdo, segundo Bardin (42), encontra-se organizada em três
fases, a saber:
 Pré-análise – onde é desenvolvida a ideia inicial da pesquisa, seus objectivos e
problema de estudo, selecionando o material potencial que será usado para a
análise;
 Exploração do material – consiste na transcrição do material encontrado a subsidiar
o problema de pesquisa;
 Tratamento dos resultados, inferência e interpretação – fase onde é realizada a
interpretação dos dados, de forma crítica e reflexiva, resultantes da colecta de
dados, interpretações pessoais e conclusões.

23
4. RESULTADOS

Nesta secção pretende-se apresentar os resultados obtidos no processo de recolha de


dados resultantes do inquérito aplicado a 144 profissionais de saúde onde mais adiante
serão caracterizados e descritos. Os resultados serão apresentados em subsecções
compostas por gráficos de pizza e de barras para facilitar na interpretação de cada variável.

4.1. Locais de estudo

O presente estudo foi realizado em 2 hospitais de referência no cuidado e tratamento de


doentes com COVID-19, nomeadamente o Hospital Geral de Mavalane e Hospital Geral da
Polana Caniço.

4.1.1. Hospital Geral de Mavalane

Localizado na cidade de Maputo, avenidas das Forças Populares de Libertação de


Moçambique (FPLM), distrito municipal de KaMavota, com capacidade actual de 357
camas nas enfermarias. Foi construído em 1948, com uma extensão de 4 hectares e com
capacidade inicial de 40 camas.

4.1.2. Hospital Geral da Polana Caniço


Localizado na cidade de Maputo, bairro da Polana Caniço B, distrito municipal de
Kamaxakeni, é o maior centro de internamento de pessoas com COVID-19 em
Moçambique, com capacidade de 120 camas nas enfermarias.

4.2. Perfil dos participantes


Nesta subsecção serão apresentadas as características da população amostral em relação
ao sexo, idade, profissão que exerce, o sector e o Hospital onde está afecto.

4.2.1. Perfil demográfico dos participantes


4.2.1.1. Sexo
Do universo de 144 profissionais de saúde inquiridos, 107 são do sexo feminino (74,5%),
34 do sexo masculino (23,6%) e 3 (1,9%) preferiram não responder a esta questão. Em
termos percentuais (figura 4.1).

24
Figura 4.1. Distribuição dos Profissionais de Saúde por sexo

4.2.1.2. Idade

Relativamente aos dados etários da amostra (ver figura 4.2), 62 profissionais de saúde
(43%) representam a faixa dos 20 aos 30 anos, 43 PdS (30%), pertencem a faixa dos 31
aos 40 anos, 7 PdS a faixa dos 41 aos 50 (13%), e 3 (6%) e 4 (8%) são maiores de 50
anos e preferiram não responder a esta questão, respectivamente.

Figura 4.2. Variação das Idades dos Profissionais de Saúde por intervalos

25
4.2.2. Perfil laboral dos participantes
4.2.2.1. Categoria Profissional

Quanto as categorias profissionais dos inquiridos, os resultados apontam para maior


frequência de enfermeiros na pesquisa, contabilizados em 31 (22%), e com menor
frequência estão os atendentes da recepção (4%), e técnicos de medicina (4%) (figura 4.3).
No grupo designado como “outros”, estão os psicólogos clínicos, técnicos de saúde pública,
psiquiatria e estatística sanitária, correspondentes a 6%.

Figura 4.3. Distribuição percentual das categorias profissionais

4.2.2.2. Instituição de trabalho

Para a pesquisa foram seleccionados 2 Hospitais Gerais da cidade de Maputo. De acordo


com o número total da amostra (144 PdS), 83 correspondentes a 58% pertencem ao
Hospital Geral de Mavalane e 61 (42%) pertencem ao Hospital Geral da Polana Caniço
(figura 4.4). Esta segregação é devido ao número total da população de estudo, sendo 593
PdS para o Hospital Geral de Mavalane e 165 para o Hospital Geral da Polana caniço.

26
Figura 4.4. Representação dos Profissionais de saúde inquiridos por Instituição de
trabalho

4.2.2.3. Sector de trabalho

Os PdS afectos aos sectores de emergência, internação clínica médica ou cirúrgica


apresentam maior frequência dentre a população da amostra (figura 4.5). Esta revela em
menor número o pessoal da recepção e da radiologia em 4% e 6% respectivamente quanto
a participação no inquérito.

Figura 4.5. Distribuição dos PdS por sector de trabalho

27
4.3. Acidentes com material biológico

Quando questionados se estiveram expostos a algum tipo de acidente de trabalho, 105


PdS (73%) afirmaram não ter estado expostos a nenhum tipo de risco (figura 4.6), contudo,
os 39 (27%) que estiveram expostos, afirmaram maioritariamente terem estado expostos
a respingos de fluído biológico/secreções respiratórias na membrana mucosa da boca/nariz
e secreções respiratórias na pele não intacta (figura 4.7).

Figura 4.6. Taxa da exposição a acidentes de trabalho pelos PdS

28
Figura 4.7. Percentagem dos PdS quanto a incidência por tipo de acidentes biológicos

4.3.1. Mortalidade por COVID-19

No que concerne as mortes registadas nos dois hospitais em estudo, 105 PdS,
correspondentes aos 73%, desconhecem a incidência de mortes na Instituição na qual
exerce as suas funções (figura 4.8). Os restantes 27%, apontam para uma incidência média
de 6 mortes durante os anos de 2020 e 2021, embora 38% dos PdS confirmam a existência
de óbitos no sector da saúde, estes desconhecem o seu número exacto (figura 4.9).

Figura 4.8. Percentagem dos registos de óbitos de PdS por COVID-19

29
Figura 4.9. Percentagem do número de óbitos em PdS por COVID-19

4.4. Medidas de Prevenção implementadas

No exercício das actividades laborais dos PdS, é necessário que sejam mantidas as
medidas recomendadas pela OMS, e indicadas na literatura no presente estudo. Desta,
questionados sobre quais as medidas de prevenção são mais usadas no hospital em que
trabalham, 68 PdS (47%) apontaram para o uso de todas as medidas listadas no inquêrito,
4 apenas usam materiais descartáveis nos cuidados ao doente (3%), 24 optam somente
pelo uso de EPIs (27%). Os restantes 34% (48 PdS) usam duas ou mais medidas de
prevenção, sendo a lavagem das mãos com frequência e uso de EPIs as mais usadas
(figura 4.10).

30
Figura 4.10. Percentagem dos PdS quanto à referência do tipo de medidas de prevenção
mais usadas

4.4.1. Cuidados directos a pacientes de COVID-19


A maior parte da amostra (78%) afirma ter prestado cuidados directos a um ou mais casos
confirmados de COVID-19. Destes, todos confirmam o uso de uma ou mais medidas de
prevenção.

Figura 4.11. Percentagem dos PdS que prestaram cuidados directos aos pacientes com
COVID-19

31
4.4.1.1. No serviço

Foram questionados aos 144 PdS se tiveram algum contacto a menos de 1 metro com
doentes com COVID-19 confirmado, destes 128 (89%) confirmaram terem tido algum tipo
de contacto directo nos cuidados assistenciais ao doente, sendo que 3% não usaram
nenhuma medida de prevenção nos mesmos cuidados.

Figura 4.12. Percentagem dos PdS que tiveram contacto directo com um caso de COVID-
19 no serviço

4.4.1.2. Fora do serviço

Quando questionados sobre a ocorrência de algum contacto a menos de 1 metro com


doentes com COVID-19 confirmado fora do recinto hospitalar, apenas 29 (20%) afirmaram
não terem tido nenhum tipo de contacto directo nos cuidados assistenciais ao doente. Dos
PdS que tiveram qualquer tipo de contacto directo com pacientes confirmados, 97% deles
usaram pelo menos uma medida de prevenção.

32
Figura 4.13. Percentagem dos PdS que tiveram contacto directo com um caso de COVID-
19 fora do serviço

4.4.2. Procedimento com geração de aerossol

No exercício das suas actividades laborais diárias, 84 Pds correspondentes aos 58% do
gráfico realizaram algum tipo de procedimento com geração de aerossol (figura 4.14).
Destes, 21% realizaram procedimentos como a intubação traqueal, tratamento de
nebulização, aspiração de vias aéreas em sistema aberto, colecta de escrro, traqueotomia,
broncoscopia e ressuscitação cardiopulmonar (figura 4.15).
Dos PdS que realizaram algum tipo de procedimento de geração de aerossol, todos usaram
uma ou mais medidas de prevenção.

Figura 4.14. Percentagem dos PdS presentes em procedimentos com geração de


aerossol

33
Figura 4.15. Taxa dos tipos de procedimentos realizados

4.4.3. Exposição a superfícies ambientais

Questionados aos PdS sobre a existência de um contacto directo com as superfícies


ambientais onde o paciente com COVID-19 confirmado foi atendido, 52 (36%) negaram
qualquer contacto existente (figura 4.16). Dos PdS que tiveram contacto directo, 99%
usaram uma ou mais medidas de prevenção.

Figura 4.16. Percentagem dos PdS que tiveram contacto directo com superfícies
ambientais contaminadas

34
4.4.4. Cuidados assistenciais ao domicílio

Quanto aos cuidados assistenciais realizados ao domicílio, 58 PdS correspondentes aos


40% (figura 4.17), estiveram envolvidos a algum tipo de assistência que foi remunerada ou
não e 60% não participaram de nenhum cuidado assistencial ao domicílio. Dos 40%
envolvidos em cuidados assistenciais todos fizeram uso das medidas de prevenção
conforme recomendado.

Figura 4.17. Percentagem dos PdS que participaram de cuidados assistenciais

4.4.5. Taxa de Infeção dos profissionais de saúde pelo COVID-19

No que concerne ao número de infeções entre os PdS pelo COVID-19, pelo menos 52
(36%) profissionais estiveram infectados pelo vírus (figura 4.18). Destes, 21 estiveram
infectados 1 vez, 12 estiveram infectados 2 vezes e 2 PdS tiveram o COVID-19 3 vezes no
período de 2020 a 2022.

Figura 4.18. Taxa de infeção dos PdS pelo COVID-19

35
4.5. Uso de Equipamentos de Proteção individual (EPIs)

Nos cuidados assistenciais a pacientes com COVID-19, os dados revelam que 91%,
correspondentes a 131 profissionais de saúde, fizeram uso dos EPIs (figura 4.19), com
maior enfoque para o uso das máscaras cirúrgicas (34%) e para as luvas descartáveis
(31%) (figura 4.20) usadas sempre, conforme recomendado.

Figura 4.19. Percentagem do uso de EPIs nos cuidados assistenciais a pacientes com
COVID-19

Figura 4.20. Percentagens da frequência do uso de cada item do EPI

4.5.1. Manutenção dos EPIs

Durante os cuidados assistenciais aos pacientes com COVI-19, 54% dos PdS, que
corresponde a 78 profissionais, removeram e/ou trocaram os EPIs sempre, conforme
recomendado (figura 4.21).

36
Figura 4.21. Percentagens da frequência no uso de EPIs pelos PdS

4.5.2. Higienização das mãos

A tabela abaixo (tabela 4.3), ilustra em gráficos, as percentagens correspondentes a aos


PdS no que concerne a higienização das mãos antes e após tocar no paciente infectado
(a), antes e depois de qualquer procedimento limpo asséptico (b), após a exposição a
sangue, urina, saliva e outros fluídos corporais (c) e após tocar superfícies de acesso do
doente, independentemente de estar ou não usando luvas (d).

Tabela 4.3. Ilustração das percentagens da frequência de higienização das mãos dos
PdS em diferentes situações laborais
a) Nos cuidados ao paciente b) Nos procedimentos

c) Na exposição a fluídos d) Na exposição a superfícies


corporais no entorno do paciente

37
Desta, observa-se que:
 58,6% dos PdS higienizam as mãos antes e após aos cuidados ao paciente
sempre, conforme recomendado;
 61, 8% dos PdS higienizam das mãos antes e depois de realizar qualquer
procedimento limpo ou asséptico sempre, conforme o recomendado;
 69,1% dos PdS higienizam as mãos após a exposição de fluídos corporais;
 65,5% dos PdS higienizam as mãos após tocar as superfícies no entorno do
paciente.

4.5.2.1. Descontaminação das superfícies

Concernente aos cuidados assistenciais, 78 PdS, a maioria no caso (54%), defenderam


que as superfícies de maior contacto foram descontaminadas mediante limpezas e
desinfeção com frequência de pelo menos 3 vezes por dia (figura 4.22). Contudo, 20% da
amostra afirmam que raramente era feita uma desinfeção frequente nestas superfícies a
nível institucional.

Figura 4.22. Percentagens da frequência de descontaminação das superfícies de alto


contacto

38
4.6. Lições Aprendidas

Para o levantamento do aprendizado e das lições que a pandemia do COVID-19 deixou,


foram questionados aos PdS sobre aspectos que, na sua opinião, contribuíram para a
redução da contaminação do COVID-19 no seu sector laboral, as respostas cingiram-se
em:
 Uso obrigatório de EPIs;
 Distanciamento entre os profissionais sempre que aplicável;
 Rotatividade entre os profissionais;
 Uso de medidas preventivas de COVID-19;
 Separação dos utensílios (pratos e talheres);
 Gestão correta dos resíduos biológicos;
 Desinfecção da unidade do paciente;
 Assepsia;
 Separação das áreas de contaminação das áreas limpas;
 Isolamento dos casos positivos entre os PdS;
 Descontaminação dos calçados com hipocloreto;
 Educação sanitária;
 Arejar o ambiente;
 A consciencialização de profissionais de saúde sobre o COVID-19.

Quanto aos aspectos que contribuíram potencialmente para que houvesse aumento na
contaminação do COVID-19 no seu sector laboral, os PdS responderam:
 Devido a insuficiente de pessoal, profissionais com sintomas de COVID-19 tinham
que ter critérios para fazer o teste de PCR;
 Constante exposição aos factores de risco de contaminação;
 Aglomerado de funcionários em ambiente fechado (copa, salas de reunião);
 Não cumprimento de escalas de rotatividade;
 Interação direta com todos os pacientes;
 Troca de materiais com pacientes (dinheiro e receitas);
 Negligência no uso do EPI (confiança entre colegas, durante almoços e conversas);
 Falta de EPIs suficientes (no início da pandemia);
 Aumento da demanda dos pacientes;
 Incumprimento das medidas por parte dos pacientes;
 Não adesão a testagem de 15 em 15 dias para os profissionais de saúde;

39
 Partilha de instrumentos de trabalho como Estetoscópio, sem a sua devida
desinfecção;
 A falta de informação por parte de alguns pacientes quanto a gravidade da COVID-
19;
 Exposição prolongada no tempo paramentado nas enfermarias dos Centros de
Internamento da COVID-19.

Quanto aos maiores obstáculos enfrentados na gestão de casos de COVID-19, foram


mencionados os seguintes pontos:
 Ruptura de stock;
 Aumento de casos;
 Falta de pessoal treinado (falta de formação para assistência a pacientes com
COVID19);
 Aprender a lidar com a doença;
 O medo (não poder saber quem está infectado ou não antes do teste e por se tratar
de uma doença nova e de fácil contágio);
 Redução de recursos humanos para gerir a demanda dos pacientes;
 Falta de medicação essencial para o tratamento da doença e complicações;
 Falta de equipamentos como Ecógrafo, RX somente para área de COVID-19;
 Avaria de alguns aparelhos para observação dos pacientes;
 Escassez de alguns medicamentos e equipamentos de intubação;
 A ausência de espaço com sistema de circulação de ar adequada;
 Dificuldades no sistema de oxigenoterapia;
 Estado crítico dos pacientes;
 Sobrecarga do trabalho;
 Falta de vagas para pacientes com COVID;
 Infecção em massa dos PdS;
 Falta de transporte para referenciamento de amostra a INS;
 Falta de meio de coleta das amostras;
 Falta de reagentes para processamento das amostras;
 Gestão de tempo no atendimento ao paciente tendo em conta o tipo de consulta
(45 por paciente);
 Falta de dados suficientes para contatar os familiares em caso de óbitos;
 Recusa de uso da máscara;
 Ter de lidar com óbitos diariamente;

40
 Superlotação das enfermarias;
 Falta de testes para COVID-19;
 Falta de botijas para oxigénio;
 Segregação incorreta do lixo;
 Falta de treinamento na equipe;

De acordo com a experiência que os PdS possuem, foram citadas recomendações de


medidas para gestão de casos em situações similares. Dentre elas, pode-se destacar:
 A garantia da disponibilidade de equipamentos de proteção individual e o seu uso
adequado bem como de medicamentos;
 A massificação da testagem, medidas de proteção e vacinação massiva;
 Evitar aglomerações nos sectores laborais;
 Melhorar a higiene individual e desinfecção de objectos tocados,
 Equipar as enfermarias com instrumentos necessários e prioritários;
 Atendimento psicológico para equipe;
 Formação do pessoal de serviço;
 Gestão adequada dos resíduos biológicos;
 Isolar os profissionais dos seus familiares;
 Alocação de transporte apenas para trabalhadores envolvidos no combate a
epidemia ou pandemia;
 Higienização das roupas dos profissionais no hospital em que trabalha;
 Escalas funcionais para evitar lotação nos gabinetes;
 Processos de paciente em formato electrónico como forma de evitar o contágio;
 Sala expecífica para a realização dos exames para paciente com COVID-19;
 Não atender a população com outras enfermidades nos mesmos serviços que
atendem pacientes em caso de endemia ou pandemia.

No processo de gestão de casos, os hospitais em estudo desenvolveram algumas


estratégias inovadoras, a saber:
 Criação de diversos serviços de abastecimento para suprir as necessidades;
 Criação da paragem única;
 Palestras matinais para falar sobre a COVID;
 Isolamento das áreas frequentemente usadas pelos pacientes com suspeita de
COVID-19 ou seja assintomáticos;
 Permanência de um Médico e Enfermeiro na área contaminada 24H/24H para
situações emergenciais;

41
 Abertura de um sector para a distribuição do EPI a todos os funcionários que fossem
ao CICOV – enfermaria;
 Classificação dos pacientes de acordo com o sexo e gravidade das patologias, com
isolamento de outras patologias infecciosas concomitantes;
 Protocolo de descontaminação e desinfeção de circuito ventilação mecânica
invasiva e não invasiva;
 Formação do pessoal no sistema DISA e instalação do Sistema DISAlink como
banco de dados;
 Consultas de preparação pré-obitos em casos específicos;
 Rodas de terapia a profissionais;
 Cabine de desinfecção;
 Pontos de lavagem das mãos;
 Divisão de turnos entre colegas para evitar mais tempo de permanência a
exposição ao COVID19;
 Criação de enfermarias exclusivas para casos de COVID-19;
 Criação do centro de isolamento transitório para pacientes suspeitos de COVID-19;

Todos os casos internados na UTI, seus endereços e demais dados pessoais são
registrados.

42
5. DISCUSSÃO

Neste capítulo serão discutidos os resultados apresentados no capítulo anterior, de acordo


com os dados e informação disponíveis na literatura.

A presente discussão foi realizada com base nos resultados adquiridos neste estudo
conjuntamente com estudos com baixo nível de evidência, facto dado pela limitação da
pesquisa, tratando-se de uma doença bastante recente, com dados relacionados
disponíveis a partir de dezembro de 2019 a nível mundial e pouca literatura relacionada a
nível nacional.

Vale ressaltar que a literatura usada para a discussão é nacional e internacional, contudo
não apresenta dados específicos de estudos realizados nos dois hospitais em destaque.

Obteve-se respostas de 100% dos inquêritos aplicados aos profissionais de saúde dos dois
hospitais em estudo, tornando a amostra bastante consistente. De realçar que 74,5% são
do sexo feminino, sendo 22% da categoria de enfermeiros. Quanto às suas faixas etárias,
43% estão no intervalo de idade dos 20 aos 30 anos e 6% são constituídos por profissionais
com mais de 50 anos, maioritariamente enfermeiras.

Nos serviços hospitalares e nas unidades de terapia intensiva, a equipe de enfermagem


mantém maior contato, direto e prolongado, com os pacientes, por forma a atender as suas
necessidades, dar maior acompanhamento e cuidados assistenciais (43).

Em Moçambique, concretamente na cidade de Maputo, existem 7,866 profissionais de


saúde (12,2%), sendo a sua maioria constituída por enfermeiros. A mesma fonte, aponta
para o sexo masculino com maior taxa de profissionais de saúde, com 60,61% (44).

A taxa de prevalência encontrada neste estudo quanto aos acidentes com exposição a
material biológico foi de 44,4%. Os dados da literatura variam para taxas de prevalência
superiores a 14%(45).

Verificou-se que após a exposição ao material biológico, a maioria (69,1%) dos PdS
higienizou as mãos. Entretanto, um número significativo (18,2%) afirmou que raramente
fez a higienização das mãos, segundo dados do presente estudo.

43
Este é um facto preocupante, sendo que a probabilidade de contaminação pelo COVID-19
aumenta significativamente com a exposição frequente a materiais biológicos desprotegida
(46).

Treinamentos periódicos sobre a importância e forma de utilização dos EPI, bem como a
fiscalização de sua utilização são medidas que podem contribuir de modo a que reverta
esta situação.

A principal rota para a disseminação do COVID-19 é através de gotículas que são expelidas
durante a tosse, espirros, respiração, ou transmissões aéreas. Sendo que as Unidades de
Terapia Intensiva concentram os pacientes mais graves, e também responsáveis pelo
maior número de procedimentos geradores de aerossóis, incluindo tratamentos com
nebulizadores, ventilação com pressão positiva nas vias aéreas em dois níveis, ventilação
por intubação traqueal e broncospia (47).

Estes dados acima corroboram com os resultados encontrados neste estudo, embora 73%
não estiveram expostos a nenhum tipo de acidente biológicos, dos que estiveram expostos,
47% foi a gotículas expelidas durante a tosse e espirros e 13% por transmissões aéreas.
Quanto aos procedimentos com geração de aerossol, 65% presenciaram algum tipo de
procedimento, sendo que 21% estiveram presentes em procedimentos de intubação
traqueal, tratamento por nebulização, aspiração de vias aéreas em sistema aberto, colecta
de escarro, traqueotomia, broncoscopia, ressuscitação cardiopulmonar, acrescentando a
colheita de amostras orofaringe e nasofaringe, com uma taxa de 6%.

Em relação ao número de mortes registadas nos hospitais em estudo, os resultados


indicam para uma incidência média de 6 mortes entre profissionais de saúde. Os números
exactos dos óbitos registados é desconhecido por alguns profissionais, reduzindo a
consistência do número de mortes. A nível nacional registou-se um total de 32 mortes entre
profissionais de saúde, sendo que 50% destas foram registadas na cidade de Maputo (48).

Quanto às medidas de prevenção, foram apresentadas 7, entre as quais: lavar as mãos


com frequência, usar equipamentos de proteção individual adequados (máscaras, luvas e
óculos de proteção), esterilizar os materiais a cada uso, usar materiais descartáveis nos
cuidados ao doente, evitar a partilha de materiais, protocolos de limpeza e evitar contacto
próximo com o paciente quando possível. Todos os profissionais da amostra usam pelo
menos uma destas medidas de proteção, sendo que 47% usam todas no desempenho das
suas funções.

44
A Organização Mundial da Saúde (49), fundamenta os resultados acima citando as
precauções-padrão a serem tomadas pelos profissionais de saúde:
 “Higienizar as mãos sempre que cuidar de pacientes;
 Uso racional e adequado de EPI;
 Manuseio seguro de perfurocortantes;
 Uso de equipamentos médicos esterilizados;
 Gestão de resíduos hospitalares;
 Manter o ambiente hospitalar limpo”.

O presente estudo revelou que, na prestação de cuidados assistenciais, procedimento com


geração de aerossol e cuidados assistenciais, dos 78%, 58% e 40% respectivamente,
todos usaram as medidas de proteção, e apenas 1% não fizeram uso das medidas de
proteção quando expostos a superfícies ambientais onde o paciente com COVID-19
confirmado foi atendido.

Adicionalmente a ANVISA (33), reforça as recomendações para os profissionais de saúde


através da higienização frequente das mãos com água e sabão e sabonete líquido ou
preparação alcoólica a 70% (ver anexo 3), óculos de proteção ou protector facial, máscara
cirúrgica, avental ou macacão, luvas de procedimento e tocas (para procedimentos que
geram aerossol).

No contexto Moçambicano podem também ser usada a cinza em zonas rurais e peri-
urbanas de difícil acesso a sabão, sabonetes e álcool.

A lavagem das mãos com frequência, uso de EPIs e distanciamento foram destacados no
presente estudo como as medidas de prevenção mais usadas no tratamento de pacientes
de COVID-19.

A OPAS, junto com a OMS (49), apresentam as ações a serem tomadas quando um
profissional da Saúde é exposto ao COVID-19 em um hospital (ver anexo 4). Os mesmos
categorizam a exposição em alto e baixo risco, sendo a primeira definida como “contacto
próximo com um caso de COVID-19 na comunidade ou em casa; prestando cuidados
diretos a um paciente com COVID-19 (exame físico, cuidados de enfermagem, realização
de procedimentos geradores de aerossol, coleta de amostra de secreção de vias aéreas)
ou contato com fluidos corporais de casos com COVID-19, ou com um ambiente

45
contaminado, sem o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI), ou não
higienização das mãos ao cuidar de um paciente”.

O número de infeções em profissionais de saúde registados em Moçambique, é de 4,287,


sendo 26% ocorridos na cidade de Maputo e 11% na província (48). Dados do presente
estudo, mostram que 5% do número de profissionais de saúde infectados pelo COVID-19
no período de 2020 a 2022, são referentes aos dois hospitais gerais do estudo.

A OMS (49), revela que :


“O cenário de elevados casos de infeção e aumento da contaminação de profissionais de
saúde, pode significar no consequente aumento da carga de trabalho, provocando não só
exaustão física, bem como a psicológica, contribuindo para um atendimento menos
humanizado” .

Em forma de aprendizado, os profissionais de saúde citaram vários factores que


eventualmente contribuíram para que houvesse uma redução da contaminação da COVID-
19 nos hospitais, entre estes, o distanciamento entre PdS, rotatividade, educação sanitária,
consciencialização, gestão dos resíduos biológicos, uso obrigatório de EPIs, entre outros,
sendo esta última a de maior destaque.

Contudo, a falta dos equipamentos de proteção individual é também indicado como factor
contribuente para o aumento da contaminação da COVID-19 nesta camada laboral.

Evidências de um estudo de revisão sistemática de artigos sobre infecção e óbitos de


profissionais da saúde pela COVID-19 revelou que o principal factor de risco relacionado à
infeção é a escassez de EPIs com 42,5%, seguido da sobrecarga de trabalho com 14,5%
e uso inadequado, ou não uso de EPIs e higiene inadequada das mãos com 14,5% (50).

Os maiores obstáculos identificados foram o medo, a ruptura do stock, a falta de formação


dos PdS em matéria de COVID-19, falta de recursos hospitalares, como as botijas de
oxigénio, superlotação e elevados indices de infeção entre os PdS.

Estudo realizado pela Fiocruz (51), indicam que:


“43,2% dos profissionais de saúde se sentem desprotegidos na linha da frente do combate
ao COVID-19, pois, para 23% destes, isto é, devido a escasso e inadequado uso de EPIs,
havendo a necessidade em improvisar equipamentos (64%). Foi ainda relatado no mesmo
estudo, por 18% dos PdS, o medo generalizado de contaminação no trabalho, a falta de

46
recursos hospitalares, para 15%. A superlotação e elevados índices de infeção também
foram citados por 12,3% dos PdS, a falta de formação por 11,8% e 10,4% citaram a
insensiblidade da equipe de gestão as necessidades dos PdS”.
Os Profissionais de saúde participantes no estudo, citaram algumas recomendações para
o SNS para a gestão de casos, entre as quais, equipar as enfermarias com instrumentos
prioritários para cada sector, atendimento psicológico ao profissional, gestão adequada dos
resíduos biológicos, existência de uma sala específica para a realização dos exames para
paciente com COVID-19, entre outras.

Quanto às estratégias de gestão de casos de COVID-19, autores defendem o fornecimento


de EPIs, treinamento adequado e o reforço no hábito do uso de EPI, a proteção dos olhos
e adoção de precaução padrão. Devem igualmente ser instituídas restrições ao trabalho
com adoção do isolamento nos casos de aparecimento de sintomas, a testagem frequente
dos PdS, o treinamento intensivo para o manejo dos casos graves e moderados, a
comunicação clara e concisa de protocolos acessíveis (50).

Por conseguinte, o estudo revelou, além das descritas pelos autores, outras estratégias
inovadoras implementadas a nível dos hospitais em estudo, como é o caso da criação da
paragem única, palestras matinais e rodas de terapia a profissionais para falar sobre a
COVID, protocolo de descontaminação e desinfeção de circuito ventilação mecánica
invasiva e não invasiva; formação do pessoal e adopção do sistema DISA e instalação do
Sistema DISAlink como banco de dados, ultas de preparação pré-obitos em casos
específicos, cabine de desinfecção, criação do centro de isolamento transitório para
pacientes suspeitos de COVID-19.

O plano Nacional de resposta a pandemia do COVID-19 (51), prevê algumas estratégias


para a melhoria de gestão de casos futuros no SNS, como:
 “Melhorar a disponibilidade de equipamentos e de infraestruturas dos CICOV;
 Reforçar os recursos humanos (enfermeiros, agentes de serviço, médicos);
 Rever a política de quarentena baseada em hoteis para provedores clínicos que
estiveram a trabalhar nos CICOV;
 Mobilizar fundos para garantir suporte com crédito telefónico e combustível/viaturas
para o pessoal de saúde dps distritos e periferias para manejo de casos leves e
rastreio de contactos;

47
 Efectuar a sessões de capacitação contínua de recursos humanos em PCI, manejo
de casos, cuidado de pacientes críticos/ ventilação mecânica e vigilância
epidemiológica;
 Criar um Programa Nacional de Controlo de Infeções Respiratórias Agudas”.

48
6. CONCLUSÕES

A pandemia do COVID-19 representa um grande desafio no Sistema Nacional de Saúde,


principalmente no que concerne aos profissionais de saúde por constituírem parte
fundamental no diagnóstico e tratamento dos pacientes infectados que procuram por
cuidados nas Unidades Sanitárias.

Os resultados do estudo, permitiram atingir os objetivos propostos:


O Hospital Geral de Mavalane: é uma unidade sanitária do SNS, de nível secundário,
situado na cidade de Maputo, constituído por 597 profissionais, onde a maioria são do sexo
feminino, enfermeiros, com idades compreendidas entre os 20 a 30 anos. O Hospital Geral
da Polana Caniço: é uma unidade sanitária do SNS, de nível secundário, situado na cidade
de Maputo, constituído por 165 profissionais, maioritariamente de sexo feminino,
enfermeiros e maores de 30 anos.

Conclui-se que o risco biológico a que os profissionais de saúde mais estão expostos são
os respingos de fluído biológico e secreções respiratórias na membrana mucosa da boca
e nariz, dado pela forma de contágio do COVID-19 e pelo tipo de intervenções usados na
maior parte dos procedimentos realizados.

Verifica-se que para ambos hospitais em estudo, menos que a metade dos profissionais
faz uso de todas as medidas de prevenção apresentadas, isto é, lavar as mãos com
frequência, usar equipamentos de proteção individual adequados (máscaras, luvas e
óculos de proteção), esterilizar os materiais a cada uso, usar materiais descartáveis nos
cuidados ao doente, evitar a partilha de materiais, protocolos de limpeza, evitar contacto
próximo com o paciente quando possível. O uso de EPIs, é portanto, a medida de
prevenção mais usada em todos os procedimentos, embora seja em quantidade limitada.

A medida de prevenção menos usada é o uso de material descartável, contudo, o material


usado é devidamente esterelizado após o uso para cada paciente.

No geral, os profissionais de saúde aderem a pelo menos uma das medidas de prevenção,
contudo, existe a necessidade de se intensificar o uso das mesmas em todos os
procedimentos em pelo menos 99% dos profissionais usando as medidas preventivas
sempre, conforme recomendado. Tratando-se de uma doença nova e de fácil
disseminação, principalmente pela elevada importância que os profissionais de saúde
possuem não só pelo papel que desempenham, mas como seres humanos, existe ainda

49
uma “despreocupação” na adesão as medidas. É um factor bastante preocupante que uma
percentagem de 20% raramente higienize as mãos e use o EPI antes e depois de
procedimentos efectuados a doentes com COVID-19.

A luta contra a pandemia do COVID-19 trouxe para o sector de saúde vários desafios e
obstáculos que constituíram dificuldades no funcionamento normal do Sistema Nacional de
Saúde no país em particular e no mundo em geral. Contudo, estes desafios deixaram
algumas lições que devem ser usadas para futuros casos epidemiológicos. Entre estas, a
disponibilização rápida, imediata e suficiente de EPIs para os profissionais de saúde a
tempo inteiro, de modo a prevenir a contaminação em massa no sector de saúde, a
rotatividade entre os profissionais, garantindo menor tempo de exposição, peso embora
esteja totalmente condicionada ao número de PdS disponíveis, pelo que, é necessário o
aumento do número de profissionais de saúde. Torna-se necessário também, dotar os
profissionais de saúde de conhecimento através de formações e capacitações acerca da
doença a tempo útil, de modo que melhores cuidados assistenciais sejam providenciados.

É imprescindível que haja um plano de contingência preparado, claro e conciso para casos
futuros semelhantes, de modo a proteger a saúde e segurança do profissional de saúde no
trabalho. Esta é uma tarefa que cabe aos órgãos máximos do sector da saúde em
Moçambique.

Constituíram limitações para a colecta de dados, o regime em turnos, a carga de trabalho


dos profissionais de saúde e a greve dos médicos, dificultando, de certo modo, a
implementação dos questionários e uma ligeira demora na sua entrega.

No que concerne às pesquisas, constata-se a escassez de estudos em relação ao estudo,


principalmente a nível nacional, por se tratar de uma temática muito recente. Estudos estão
a ser feitos e complementados, novas informações e descobertas estão a ser realizadas
para fornecer maior e melhor apoio aos profissionais de saúde.

Para futuras pesquisas neste tópico sugere-se:


 Melhoria metodológica na implementação das ferramentas de colecta de dados;
 Estudos direcionados especificamente aos enfermeiros e profissionais de
laboratório, por serem as categorias que lidam directamente com os respingos
biológicos;

50
 Estudos relacionados a riscos no geral dos profissionais de saúde nos seus
sectores de trabalho, aliados a vários tipos de exposições a que estão sujeitos, a
nível nacional.

Importa referir, que este estudo contribuiu para o enriquecimento dos meus conhecimentos
referentes a saúde pública, no geral, e saúde ocupacional, em particular, melhorando em
termos práticos a percepção da realidade e desafios que serão por mim enfrentados no
decorrer das experiências profissionais relacionadas a problemas de saúde pública.
Abrindo portas para novas oportunidades profissionais dotadas de conhecimento prático.
.

51
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51. Sant´ana, G. Risco Ocupacional: Contaminação por Covid-19 em profissionais de
Saúde é mais frequente nas enfermarias do que que em UTI´s. Scielo em
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Available from: http://ref.scielo.org/gykyht.
52. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Resposta a Pandemia do COVID-19. 2021.

56
APÊNDICES E ANEXOS

Apêndice 1. Inquérito de Exposição dos Profissionais de Saúde ao COVID-19

O presente inquérito tem como objectivo recolher dados dos profissionais de saúde
directamente relacionados com os pacientes nos centros de isolamento e tratamento do
COVID-19. Os dados colhidos serão só e somente usados para fins acadêmicos e não
trarão constrangimentos quer para a instituição de saúde ou para o respondente.

Dados do Entrevistador
Nome do entrevistador: Dânia Abdul Gafur
Data da entrevista (DD/MM/AAAA): ____/_____/2022
Contacto do entrevistador: +258 865 562 798
Área de pesquisa e especialização: Saúde Pública, com especialização em
Saúde Ocupacional
Tema de pesquisa: Avaliação do risco de exposição
ocupacional dos profissionais de saúde
associados directamente aos cuidados e
tratamentos do COVID-19 em Moçambique
Propósito: Académico
Grupo alvo: Trabalhadores
Informações do profissional de saúde
Idade:
Sexo: …Masculino …Feminino
Cidade:
Categoria do profissional … Médico
… Médico assistente
… Enfermeiro (ou equivalente)
…Técnico de enfermagem (ou equivalente)
… Técnico de radiologia
… Técnico de laboratório ou de banco de
sangue
… Farmacêutico ou Técnico de farmácia
… Atendente da internação/recepção
… Equipe de transporte de pacientes
… Funcionário de higiene e limpeza

57
… Outro, especificar:
_____________________
Nome da Instituição onde trabalha
Sector onde trabalha Marque todas as opções que se aplicam:
… Emergência
… Internação clínica médica ou cirúrgica
… Unidade de Terapia Intensiva
… Serviços de limpeza
… Laboratório
… Farmácia
… Outro, especificar

Acidentes com material biológico


A. Durante os cuidados assistenciais a um … Sim … Não
paciente
de COVID-19, você teve algum tipo de
acidente com fluídos corporais/secreções
respiratórias?
Vide exemplos a seguir
Se sim, que tipo de acidente? … Respingo de fluído biológico/secreções
respiratórias na membrana mucosa dos
olhos
… Respingo de fluído biológico/secreções
respiratórias na membrana mucosa da
boca/nariz
… Respingo de fluído biológico/secreções
respiratórias na pele não intacta
… Acidente de punção/laceração com
qualquer material contaminado com fluído
biológico/secreções respiratórias
No Hospital em que trabalha, foram …Sim. … Não
registados óbitos de profissionais de saúde Quantos?_____
cuja a causa foi COVID-19?

58
Medidas de prevenção usadas no tratamento de pacientes de COVID-19
No desenvolvimento do seu trabalho, quais as …Lavar as mãos com frequência
medidas de prevenção são mais usadas neste …Usar equipamentos de proteção individual
estabelecimento hospitalar? (marque com X adequados (máscaras, luvas e óculos de
todas que se aplicam) proteção)
…Esterilizar os materiais a cada uso
…Usar materiais descartáveis nos cuidados ao
doente
…Evitar a partilha de materiais
…Protocolos de limpeza
…Evitar contacto próximo com o paciente
quando possível
Prestou cuidados directos a um ou mais casos …Sim … Não
confirmados de COVID-19?
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Teve contacto presencial e directo (a menos …Sim … Não
de 1 metro) com um caso confirmado de
COVID-19 no serviço?
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Teve contacto presencial e directo (a menos …Sim … Não
de 1 metro) com um caso confirmado de
COVID-19 fora do serviço?
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Esteve presente durante a realização de …Sim … Não
qualquer procedimento com geração de
aerossol no paciente?
Se sim, que tipo de procedimento? … Intubação traqueal
… Tratamento de nebulização
… Aspiração de vias aéreas em sistema aberto
… Coleta de escarro
… Traqueotomia
… Broncoscopia
… Ressuscitação cardiopulmonar (RCP)
… Outro, especificar
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não

59
Teve contacto directo com as superfícies …Sim … Não
ambientais onde o paciente com COVID-19
confirmado foi atendido?(lençois, fronhas,
equipamentos médicos, banheiros, etc)
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Esteve envolvido em cuidados assistenciais …Sim … Não
(remunerados ou não) ao domicílio?
Usou uma ou mais medidas de prevenção? …Sim … Não
Alguma vez esteve infectado pela COVID-19? …Sim. … Não
Quantas
vezes?_____

Adesão às medidas de prevenção e controle de infecção (PCI) durante os cuidados


assistenciais e/ou geração de aerossol.
Para as perguntas a seguir, quantifique com que frequência você usou EPIs conforme
recomendado: “Sempre conforme recomendado” significa mais de 95% do tempo; “Na
maior parte do tempo” significa 50% ou mais mas não 100%; “Às vezes” significa 20%
até menos de 50% e “Raramente” significa menos de 20%.
A. Durante os cuidados assistenciais a um …Sim … Não
paciente de COVID-19, você usou
equipamentos de proteção individual
(EPIs)?
Se sim, indique com que frequência você usou cada um dos itens de EPI a seguir:
1. Luvas descartáveis … Sempre, conforme recomendado
… Na maior parte do tempo
… Às vezes
… Raramente
2. Máscara cirúrgica … Sempre, conforme recomendado
… Na maior parte do tempo
… Às vezes
… Raramente
3. Protector facial ou óculos de protecção … Sempre, conforme recomendado
… Na maior parte do tempo
… Às vezes
… Raramente

60
4. Avental descartável … Sempre, conforme recomendado
… Na maior parte do tempo
… Às vezes
… Raramente
B. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você removeu e … Na maior parte do tempo
trocou o EPI de acordo com o protocolo … Às vezes
(p.ex. quando a máscara ficou úmida, você … Raramente
descartou o EPI na lixeira, higienizou as
mãos, etc.)?
C. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você higienizou as … Na maior parte do tempo
mãos antes e depois de tocar o … Às vezes
paciente(independentemente de estar ou … Raramente
não usando luvas)?
D. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você higienizou as … Na maior parte do tempo
mãos antes e depois de qualquer … Às vezes
procedimento limpo ou asséptico (p.ex. ao … Raramente
inserir um cateter vascular periférico,
cateter vesical, intubação, etc.)?
E. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você higienizou as … Na maior parte do tempo
mãos após exposição a fluidos corporais? … Às vezes
… Raramente
F. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, você higienizou as … Na maior parte do tempo
mãos após tocar as superfícies no entorno … Às vezes
do paciente (cama, maçaneta da porta, … Raramente
etc.), independentemente de estar ou não
usando luvas?
G. Durante os cuidados assistenciais a um … Sempre, conforme recomendado
paciente de COVID-19, as superfícies de … Na maior parte do tempo
alto contacto foram descontaminadas … Às vezes
(limpeza, desinfecção) com frequência (pelo … Raramente
menos três vezes ao dia)?
Ferramenta de colecta de dados (adaptada) (40).
61
Apêndice 2. Questionário para levantamento de lições aprendidas

Hospital
Categoria Profissional
Sector
Data de preenchimento ____/_____/2022

1. Na sua opinião, cite pelo menos 3 aspectos que contribuíram para a redução da
contaminação da COVID-19 no seu sector laboral.

2. Na sua opinião, cite pelo menos 3 aspectos que contribuíram para o aumento da
contaminação da COVID-19 no seu sector laboral.

3. Quais são/foram os maiores obstáculos encontrados na gestão de casos de


COVID-19 no seu sector laboral? Cite pelo menos 3.

4. De acordo com a experiência que possui, cite pelo menos 3 recomendações que
daria em situações semelhantes de gestão de casos para uma endemia ou
pandemia.

62

5. Mencione pelo menos uma estratégia inovadora implementada no seu sector


laboral para fazer gestão dos casos de COVID-19.

Modelo de registro de lições aprendidas (adaptado) (41).

63
Anexo 1. Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

MAIORES DE IDADE

INFORMAÇÃO

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa “Avaliação dos riscos biológicos
de exposição ocupacional dos profissionais de saúde associados directamente aos
cuidados e tratamentos do COVID-19 em Moçambique: O Caso do Hospital Geral da
Polana Caniço e Hospital Geral de Mavalane”. Seu objetivo consiste em avaliar os riscos
biológicos de exposição ocupacional dos profissionais de saúde associados directamente
aos cuidados e tratamentos do COVID-19 no Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital
Geral de Mavalane em Moçambique, no ano de 2022. Você foi selecionado(a) porque é
um profissional de saúde alocado nos hospitais de estudo e tem contacto directo com os
pacientes com COVID-19.

A pesquisadora responsável por este estudo é Dânia Abdul Gafur, da Universidad


Europeia del Atlantico.

Para decidir participar desta pesquisa, é importante que você considere as informações
a seguir. Sinta-se à vontade para fazer quaisquer perguntas que não estejam claras para
você:

Participação: Sua participação consistirá em preencher o inquêrito que lhe será facultado
e responder as questões abertas. O questionário durará aproximadamente 20 minutos e
incluirá várias perguntas sobre riscos biológicos, medidas de prevenção e sua adesão e
lições aprendidas.

A entrevista será realizada no local, dia e hora que você considerar conveniente. Qualquer
despesa incorrida pelo participante não será paga.

Riscos: A pesquisa não envolve qualquer tipo de risco para os participantes.

64
Benefícios: Você não receberá qualquer recompensa por participar deste estudo. No
entanto, sua participação permitirá a geração de informação para adopção de planos de
ação realísticos e medidas de prevenção precoces para futuros casos de pandemia no
País.

Voluntariedade: Sua participação é absolutamente voluntária. Você será livre para


responder às perguntas que desejar, bem como interromper a sua participação em
qualquer momento que desejar. Isso não implicará qualquer prejuízo.

Confidencialidade: Seus dados e opiniões serão confidenciais e mantidos em estrita


reserva. Nas apresentações e publicações desta pesquisa, você não aparecerá
associado(a) a qualquer opinião em particular.

Conhecimento dos resultados: Você tem o direito de conhecer os resultados desta


pesquisa. Para isso, serã disponibilizada uma cópia a Direção de Saúde da Cidade de
Maputo, que poderá ser consultada.

Informações de contato: Caso necessite de mais informações ou comunicar-se por


qualquer razão relacionada a esta pesquisa, entre em contato com o(a) pesquisador(a)
responsável por este estudo:

Nome do(a) pesquisador(a) responsável: Dânia Abdul Gafur


Telefones: +258 86 556 2798
Endereço: Bairro da Liberdade, Matola - Maputo
E-mail: daniagafur@gmail.com

65
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, ___________________________, aceito participar voluntariamente do estudo


“Avaliação dos riscos biológicos de exposição ocupacional dos profissionais de
saúde associados directamente aos cuidados e tratamentos do COVID-19 em
Moçambique: O Caso do Hospital Geral da Polana Caniço e Hospital Geral de
Mavalane”.

Declaro ter lido e compreendido as condições de minha participação neste estudo.

Em caso de qualquer notificação relacionada com a pesquisa, posso ser contatado


por meio de:

E-mail: __________________________________
Telefone: _______________________

___________________________ ____________________________

Assinatura Participante Assinatura Pesquisador(a)

Local e data:

Este documento é assinado em duas vias, ficando uma cópia em poder de cada
parte.

66
Anexo 2. Autorização dos Serviços de Saúde da Cidade de Maputo para a realização do
estudos nos Hospitais Gerais da Polana Caniço e de Mavalane

67
Anexo 3. Autorização da Área de Pesquisa Clínica e Investigação Científica do Hospital Geral de
Mavalane

68
Anexo 4. Os 5 momentos para a Higienização das mãos (33)

69
Anexo 5. Ações a serem tomadas quanto a exposição de um profissional de saúde a
COVID-19 (49)

Acções

Risco de Estado de Saúde Licença Médica Vigilãncia/ Monitoria


exposição de sinais e síntomas

Profissionais da Assintomático Não Indicada Monitorar o


saúde com surgimento de
sintomas
exposição de baixo
respiratórios e/ou
risco em
febre;
estabelecimentos automonitoria.
de saúde Procurar
assistência médica
se surgirem sinais e
sintomas. Notificar a
gestão.

Profissional da Assintomático Indicada. Parar de Monitorar o


saúde com trabalhar durante 14 surgimento de
exposição de alto dias a partir da sintomas
risco a pacientes última exposição. respiratórios ou
com COVID-19 no febre. Monitoria
serviço de saúde. activa.

Fazer rastreamento
caso surjam sinais e
sintomas.
Quarentena
domiciliar.

O profissional da Assintomático Indicada. Parar de Monitorar o


saúde é um trabalhar durante 14 surgimento de
contato de alguém dias a partir da sintomas
com COVID-19 última exposição. respiratórios ou

70
confirmada em febre. Monitoria
casa. activa.

Fazer rastreamento
se surgirem sinais e
sintomas.
Quarentena
domiciliar

Profissional de Sintomático Indicada. Parar de Conduta do caso


saúde com trabalhar até a clínico de acordo
exposição de baixo remissão dos com os protocolos
ou alto risco em sintomas, e dois locais
estabelecimento resultados
de saúde ou em negativos de PCR,
casa feitos com intervalo
de 24 horas. Se
testes de PCR não
estiverem
disponíveis, sete
dias após a
remissão dos
sintomas. (b)

71

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