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ESCOLA TÉCNICA DATAFOX

NAYARA PRIOSTE VILANOVA LEONI

A IMPORTÂNCIA DA NORMA REGULAMENTADORA NR06 PARA


PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID19

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ


2021
NAYARA PRIOSTE VILANOVA LEONI

A IMPORTÂNCIA DA NORMA REGULAMENTADORA NR06 PARA


PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID19

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado em cumprimento às
exigências para a obtenção do grau no
curso de Técnico de Segurança do
Trabalho no Institutos de Ensino
Datafox.

Orientadora: Prof.ª

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ


2021
A IMPORTÂNCIA DA NORMA REGULAMENTADORA NR06 PARA
PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID19

Por

NAYARA PRIOSTE VILANOVA LEONI

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado em cumprimento às
exigências para a obtenção do grau no
curso de Técnico de Segurança do
Trabalho no Institutos de Ensino Datafox

Aprovada em ___de_____________de _____

EXAMINADORA

XXXXXXXXXXXXX,
Engenheira de Segurança do Trabalho, pós-graduada em segurança do trabalho e
tecnóloga em petróleo e gás – Instituto DATAFOX
AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por iluminar nosso caminho, permitindo que


nosso objetivo se tornasse realidade, nos sustentado e protegendo.
Agradecemos aos nossos pais, Lenílson dos Santos Barros, Márcia Valéria Barcelos
de Azevedo e Hermínia maria dos Santos Cordeiro que com todo amor e carinho
viveram todos os momentos ao nosso lado. Sorriram com nossas vitórias e
choraram as nossas dores. Nossos corações transbordam de alegria por ter a
dádiva de tê-los ao nosso lado neste momento de grande realização.
Nossos agradecimentos aos professores que com muita dedicação e
desprendimento, estiveram ao nosso lado, ofertando todo o seu conhecimento em
prol de nossa formação. E em especial a professora e coordenadora Delaine
Lordello Sardinha, que com seus ensinamentos e incentivo nos impulsionou a seguir
a jornada, e nos fez chegar até aqui, momento de realização deste grande objetivo,
um sonho de nossas vidas que se torna realidade.
“A segurança não é o simples ato egoísta de não
querer se acidentar, mas sobretudo um ato de
solidariedade de não deixar ocorrer acidentes”.
Autor desconhecido
RESUMO

A COVID-19, doença do coronavírus, com os primeiros casos catalogados no início


em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, China.
Devido sua alta transmissibilidade, logo se expandiu para países adjacentes,
ocasionando a pandemia da COVID-19, formando um novo cenário nos serviços de
saúde. Com relação às ações em saúde e segurança dos profissionais envolvidos
nos cuidados à população o desenvolvimento de todas as atividades
desempenhadas nos serviços de saúde depende da organização de medidas de
segurança e saúde de seus trabalhadores. Os profissionais de saúde em suas
atribuições estão expostos a riscos físicos, químicos, mecânicos e biológicos, porém
o risco biológico apresenta-se em grande escala, tendo em vista o contato com
sangue e outros fluidos orgânicos, o que conferem a estes trabalhadores uma alta
possibilidade de adoecerem por contaminação biológica. A norma regulamentadora
NR32, com especificidade para profissionais de saúde, estabelece as diretrizes
básicas para a implementação de medidas de proteção, segurança e saúde para
profissionais em serviço de saúde ou qualquer unidade de assistência à saúde ou,
qualquer estabelecimento que promova a recuperação, assistência, pesquisa e
ensino em saúde. O referido trabalho trata-se de uma revisão de literatura, a qual
versa em construir uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões
sobre métodos e resultados apresentados na pesquisa, assim como as reflexões
sobre a realização sobre futuros estudos, tendo em vista que todos os assuntos que
abrangem a temática da Pandemia da COVID-19. Diante do exposto, o presente
trabalho justifica-se pela relevância necessária quanto ao tema da disponibilização e
utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), para profissionais de
saúde diante da pandemia da COVID-19. E para tal, estabeleceu-se como objetivo
evidenciar através da literatura científica a importância das Normas
Regulamentadoras para os profissionais de saúde na pandemia da COVID-19. Para
tanto, o trabalho possui os seguintes objetivos específicos: relatar sobre a evolução
da pandemia da COVID-19 no Brasil e mundo; estabelecer a classificação de
atividade nos espaços de serviço de saúde; expor sobre a contaminação pelo
Coronavírus a profissionais de saúde; aludir sobre a legislação brasileira para uso de
EPIs; descrever a relação da NR06 como instrumento garantidor de acesso a EPIs.
Garantir aos trabalhadores dos serviços de saúde o acesso aos EPIs é condição
indispensável, e para alcançar este objetivo é imprescindível dentre outras ações,
coordenar a cadeia de fornecimento destes insumos, otimizando sua disponibilidade,
implementando estratégias que minimizem a necessidade de EPIs, assim
economizando a utilização dos mesmos.

Palavras-Chave: Saúde, Coronavísrus, Segurança, Trabalho, EPIs, Normas


Regulamentadoras, Prevenção.
ABSTRACT

COVID-19, coronavirus disease, with the first cases cataloged at the beginning in
December 2019, in the city of Wuhan, capital of Hubei province, China. Due to its
high transmissibility, it soon expanded to adjacent countries, causing the COVID-19
pandemic, forming a new scenario in health services. Regarding the health and
safety actions of professionals involved in the care of the population, the
development of all activities performed in health services depends on the
organization of safety and health measures for their workers. The health
professionals in their duties are exposed to physical, chemical, mechanical and
biological risks, but the biological risk presents itself on a large scale, in view of the
contact with blood and other organic fluids, which gives these workers a high
possibility of falling ill due to biological contamination. The regulatory standard NR32,
with specificity for health professionals, establishes the basic guidelines for the
implementation of protection, safety and health measures for professionals in health
services or any health care unit or, any establishment that promotes recovery,
assistance , research and teaching in health. The referred work is a literature review,
which deals with building a broad analysis of the literature, contributing to
discussions about methods and results presented in the research, as well as
reflections on the realization of future studies, considering that all the subjects that
cover the COVID-19 Pandemic theme. In view of the above, the present study is
justified by the necessary relevance on the subject of the provision and use of
Personal Protective Equipment (PPE), for health professionals in the face of the
COVID-19 pandemic. To this end, it was established as an objective to show through
the scientific literature the importance of Regulatory Norms for health professionals in
the COVID-19 pandemic. Therefore, the work has the following specific objectives: to
report on the evolution of the COVID-19 pandemic in Brazil and worldwide; establish
the classification of activity in health service spaces; expose about Coronavirus
contamination to health professionals; allude to Brazilian legislation for the use of
PPE; describe the relationship of NR06 as an instrument that guarantees access to
PPE. Ensuring health service workers access to PPE is an indispensable condition,
and to achieve this goal it is essential, among other actions, to coordinate the supply
chain for these inputs, optimizing their availability, implementing strategies that
minimize the need for PPE, thus saving the need for PPE. their use.

Keywords: Health, Coronavirus, Safety, Work, PPE, Regulatory Norms, Prevention.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................8
2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................10
2.1 A PANDEMIA DO COVID-19 NO BRASIL E NO MUNDO................................10
2.1.1 Contaminação dos Profissionais de Saúde................................................12
2.2 A IMPORTÂNCIA DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL NA
PANDEMIA DO COVID-19......................................................................................13
2.3 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E AS RECOMENDAÇÕES INTERNACIONAIS
SOBRE A EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS AGENTES BIOLÓGICOS............15
2.3.1 As Normas reguladoras como instrumento garantidor de acesso a EPIs por
trabalhadores........................................................................................................17
2.5 A SEGURANÇA DO TRABALHO NA PANDEMIA DO COVID-19....................18
3. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................20
4. DISCUSSÃO...........................................................................................................21
5. CONCLUSÃO..........................................................................................................24
6. REFERÊNCIAS.......................................................................................................25
8

1. INTRODUÇÃO

A COVID-19, doença do Coranavírus SARS-CoV-2, de contágio rápido, com


os primeiros casos apresentados na cidade de Wuhan, província de Hubei, região
central da República Popular da China, em dezembro de 2019. Caracterizado como
um vírus de RNA, com poder de contágio por transmissão através de aerossóis
naturais, condição que favoreceu a disseminação em escala mundial, gerando uma
pandemia de proporções inimagináveis, estando associada à Síndrome Respiratória
Aguda Grave (MCLNTOSH, 2020).
No contexto de uma nova realidade de vivência e convivência mundial,
formou-se um novo cenário em todas as relações de trabalho, e principalmente nos
serviços de saúde no que concerne a vivencia nas rotinas de segurança no trabalho
ainda mais em tempos de pandemia, o que era amplamente difundido necessitou ser
reprogramado, levando a necessidade de reavaliação dos protocolos para a
prevenção da COVID-19, entre os profissionais da área da saúde, devido a seu
altíssimo grau de risco de contaminação por coranavírus durante suas atividades
laborais (ANAIS, 2020).
Nas ações para proteção dos profissionais de saúde, devem estar
evidenciadas as ações que promovam uma barreira de contato, e assim, evitar o
contato prolongado entre pacientes infectados, quer seja pala utilização dos
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), quer seja nas campanhas de incentivo
ou nas orientações para o uso correto destes EPIs (TEIXEIRA, et. al., 2020).
Nos casos do COVID-19, a eficácia dos EPIs está intimamente relacionada a
utilização de todos os equipamentos de proteção necessários, ou seja, não basta
apenas que as unidades contratantes viabilizem um equipamento ou outro, para a
proteção contra o Sars-CoV-2, torna-se necessário a proteção integral, o
fornecimento de equipamentos com proteção suficiente e adequado das equipes de
trabalho para o uso correto e consistente (TEIXEIRA, et. al., 2020).
O trabalho é uma troca, através de um acordo entre empregado e
empregador são estabelecidas as regras, direitos, deveres e demais obrigações a
serem cumpridas. Entretanto, as relações empregado e empregador quanto ao
mercado de trabalho vem evoluindo nos quesitos de proteção e promoção da saúde
dos trabalhadores. As normas regulamentadoras são um exemplo claro desta
9

evolução, com normas específicas para a proteção de trabalhadores, com benefícios


para quem oferece e para quem executa o trabalho (WALCZAK, 2021).
A legislação trabalhista brasileira, através da Norma Regulamentadora de
Segurança e Saúde no trabalho em serviços de Saúde (NR32), apresenta para
empresas e unidades de saúde contratantes a obrigatoriedade de promover ao
trabalhador todos os EPIs em quantidade suficiente para desenvolverem seu
trabalho de forma segura, sendo esses de uso descartáveis ou não (COREN SP,
2010).
Além do fornecimento dos EPIs, a capacitação de forma contínua como ação
complementar de promoção a saúde do trabalhador por parte do empregador é uma
medida garantidora para a proteção destes trabalhadores, tendo em vista que
sempre existem mudanças das condições de exposição a agentes biológicos, e para
o COVID-19 essas mudanças foram ainda mais evidenciadas (COREN SP, 2010).
A norma regulamentadora NR06 por vez, regulamenta sobre a utilização de
EPIs, estabelecendo ações e condições para que os trabalhadores utilizem
corretamente todos os EPIs necessários para as condições ambientais e os riscos
inerentes a cada atividade laboral desenvolvida (WALCZAK, 2021).
Diante do exposto, o presente trabalho justifica-se pela relevância necessária
quanto ao tema da disponibilização e utilização de Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs), para profissionais de saúde diante da pandemia do COVID-19. E
para tal, estabeleceu-se como objetivo evidenciar através da literatura científica a
importância das Normas Regulamentadoras para os profissionais de saúde na
pandemia do COVID-19. Para tanto, o trabalho possui os seguintes objetivos
específicos:
• Relatar sobre a evolução da pandemia do COVID-19 no Brasil e mundo;
• Estabelecer a classificação de atividade nos espaços de serviço de saúde;
• Expor sobre a contaminação pelo Coronavírus a profissionais de saúde;
• Aludir sobre a legislação brasileira para uso de EPIs;
• Descrever a relação da NR06 como instrumento garantidor de acesso a EPIs.
10

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A PANDEMIA DO COVID-19 NO BRASIL E NO MUNDO

Com a pandemia da Covid-19, o mundo do trabalho vem sendo amplamente


afetado. Seja com o enorme quantitativo de pessoas desempregadas ou com suas
rendas diminuídas frente a desordem econômica ocasionada em esfera mundial pela
pandemia, ou devido ao alto risco de contágio a trabalhadores dos mais variados
segmentos (SILVA. P, 2020).
A pandemia (do grego pan: tudo/todo e demos: povo), caracteriza-se pela
existência de epidemias de doenças infecciosas de disseminação entre a população
e com grande prevalência demográfica (DIREITO E PANDEMIA, 2020).
A Organização Mundial de Saúde (OMS), determina a presença de três
condições para o reconhecimento da existência de uma pandemia sendo elas: 1) O
aparecimento de uma nova doença na população; 2) que o agente causador da
doença infecte humanos, causando uma doença séria; 3) que o agente se espalhe
fácil e sustentavelmente entre humanos (OPAS/OMS BRASIL, 2020).
A Covid-19, doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, com aspecto
clínico variado de infecções assintomáticas de quadros graves. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% dos pacientes contaminados
com COVID-19 são assintomáticos (sem sintomas), ou oligossintomáticos (poucos
sintomas), e cerca de 20% das pessoas contaminadas necessitam de atendimento
hospitalar por apresentar dificuldades respiratórias, dos quais 5% podem necessitar
de suporte ventilatório (BRASIL, [s.d]).
Segundo o Ministério da Saúde os sintomas da Covid-19 podem variar de um
resfriado, a um quadro agravado de Síndrome gripas-SG, caracterizado pela
presença de um quadro respiratório agudo, caracterizado por sintomas como: tosse,
febre, dor de garganta, dificuldades para respirar, anosmia, ageusia, distúrbios
gastrintestinais, astenia, hiporexia e dispneia (BRASIL, [s.d]).
No entanto, esse vírus letal se espalhou pelo mundo, infectando 115.584.230
pessoas, desde que foi identificado em dezembro de 2019 na China. Um novo vírus
é sempre perigoso não apenas pela não existência de medicamentos ou vacinas,
mas, porque as pessoas não possuem defesas naturais, ou seja, o organismo
11

humano não está preparado para combater o vírus, e assim, todas as pessoas ficam
suscetíveis a serem infectadas, sendo este, um dos motivos pelos quais a COVID-19
possui a maior propensão de se espalhar (NAVAS, 2020).
O impacto da COVID-19 sobre o trabalho é abrangente, colocando em xeque
o ideário neoliberal e a crescente desregulamentação do trabalho que o mundo tem
experimentado (SILVA. P, 2020).
Teixeira et.al., (2020), enfatiza que profissionais de saúde constituem o grupo
de trabalhadores de maior risco de contaminação pela COVID-19 por estarem
expostos diretamente ao vírus quando em contato com pacientes contaminados,
recebem uma alta carga viral.
O ministério da saúde estabelece como trabalhadores dos serviços de saúde:

Trabalhadores dos serviços de saúde são todos aqueles que atuam em


espaços e estabelecimentos de assistência e vigilância à saúde, sejam eles
hospitais, clínicas, ambulatórios e outros locais. Desta maneira, compreende
tanto os profissionais da saúde – como médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, etc. – quanto os trabalhadores
de apoio, como recepcionistas, seguranças, pessoal da limpeza,
cozinheiros, entre outros, ou seja, aqueles que trabalham nos serviços de
saúde, mas que não estão prestando serviço direto de assistência à saúde
das pessoas (BRASIL – MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020)

Neste contexto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária classifica as


atividades nos espaços e serviços de saúde em:

• Trabalhadores da Assistência: agentes comunitários de saúde,


assistentes sociais; enfermeiros; farmacêuticos; fisioterapeutas;
fonoaudiólogos; médicos; nutricionistas;
odontólogos; psicólogos; técnicos e auxiliares de enfermagem e de saúde
bucal e; terapeutas ocupacionais.
• Trabalhadores da Vigilância em Saúde: profissionais da vigilância
sanitária, epidemiológica, saúde ambiental; saúde do trabalhador; e dos
laboratórios.
• Trabalhadores da Gestão: administradores; diretores; gerentes; gestores.
• Trabalhadores do Apoio: auxiliares administrativos; almoxarifes;
trabalhadores da copa e fornecimento de alimentação.
• Trabalhadores da Conservação: trabalhadores da conservação predial e
trabalhadores da limpeza.
(ANVISA, 2020).

Os profissionais de saúde envolvidos direta e indiretamente no enfrentamento


da pandemia estão expostos cotidianamente ao risco de adoecer pelo coronavírus,
sendo que a heterogeneidade que caracteriza este contingente da força de trabalho
12

determina formas diferentes de exposição, tanto ao risco de contaminação quanto


aos fatores associados às condições de trabalho (SILVA. P, 2020).
Problemas como cansaço físico e estresse psicológico, insuficiência e/ou
negligência com relação às medidas de proteção e cuidado à saúde desses
profissionais, não afetam da mesma maneira as diversas categorias, sendo
necessário atentar para as especificidades de cada uma, de modo a evitar a redução
da capacidade de trabalho e da qualidade da atenção prestada aos pacientes
(TEIXEIRA, et. al., 2020 p.1).

2.1.1 Contaminação dos Profissionais de Saúde

As Américas possuem o maior número de profissionais de saúde infectados


no mundo. Em setembro de 2020 foram contabilizados quase 570 mil profissionais
de saúde doentes e 2,5mil óbitos pelo Coronavírus (OPAS BRASIL, 2020).
A exposição ao COVID-19, configurada como “exposição biológica” coloca em
risco a saúde dos profissionais de saúde que atendem diretamente, principalmente
durante a realização de procedimentos aos pacientes contaminados, sujeitos ao alto
risco de adquirir a doença, porém, os demais profissionais de saúde não deixam de
conviver com um risco iminente de contaminação, muitas vezes pelo simples fato de
transitar por ambientes que podem estar contaminados. Sendo assim, evidencia-se
que todos os profissionais de saúde quando no exercício de suas funções,
apresentam algum grau eminente de contaminação pelo coronavírus SARS-CoV-2
(SILVA. L, 2020).
Existe no âmbito internacional um debate intenso com relação à utilização de
EPIs por profissionais de saúde. A OMS, recomenda o uso de máscaras comuns
para profissionais responsáveis pelos procedimentos de rotina, e o uso de
respiradores para os cuidados à paciente em procedimento que gerem aerossóis.
Porém, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Departamento de
Saúde Humana dos Estados Unidos e o European Centre for Disease Prevention
and Control (ECDC), na Europa, defendem a utilização de respiradores tanto nos
procedimentos de rotina quanto nos procedimentos de alto risco, destacando a
importância da precaução, porém esbarrando nas condições objetivas da
disponibilidade dos EPIs para proteção dos profissionais de saúde (TEIXEIRA,
2020).
13

No Brasil, a Norma Regulamentadora 32, que estabelece as diretrizes básicas


para a implementação de medidas de proteção, segurança e saúde no trabalho em
serviços de saúde, aborda os agentes biológicos e o Programa de Prevenção da
COVID-19 em Locais de Trabalho (PPCLT), discutem com trabalhadores,
representações sindicais e Comissões Internas de Prevenção de Acidente (CIPA),
sobre as ações que asseguram a ampla participação nas iniciativas de contenção da
pandemia, evidenciando a importância das Normas Regulamentadoras do Trabalho
sejam consideradas e rigorosamente cumprida como medida de prevenção da
COVID-19 nos locais de trabalho (FERNANDES et.al., 2020).
A proteção dos profissionais de saúde é fundamental, e para tal, é necessário
a adoção de protocolos de controle de infecção, além da disponibilização de EPIs,
além da proteção da saúde mental dos profissionais e trabalhadores de saúde,
tendo em vista o stress que estão submetidos neste contexto de trabalho
(TEIXEIRA, 2020).

2.2 A IMPORTÂNCIA DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL NA


PANDEMIA DO COVID-19.

A Constituição Federal Brasileira e a Convenção n.º155, da Organização


Internacional do Trabalho (OIT), internalizada pelo Brasil, estabelecem que todas
empresas ou organizações tem a obrigação de responsabilizar-se pela saúde e
segurança de seus trabalhadores, e demais pessoas que possam ser afetadas por
suas atividades (BUTIERRES, 2015).
A Lei 8.080 - Lei Orgânica do SUS, garante a promoção e proteção da saúde
de trabalhadores submetidos a riscos e agravos advindos de condições de trabalho,
assim como a recuperação, reabilitação e assistência às vítimas de acidentes,
doenças ou agravos relacionados ao trabalho (BRASIL, 1990).
O desenvolvimento de todas as atividades desempenhadas nos serviços de
saúde depende da organização de medidas de segurança e saúde de seus
trabalhadores. A Agência Nacional de Saúde (ANVISA), através da Resolução Direta
Colegiada (RDC) n.º63 de 2011 estabelece obrigações que asseguram medidas de
proteção à saúde de profissionais da área de saúde:
14

• Promover mecanismos para imunização contra agentes biológicos com


imunopreveníveis;
• Avaliar os trabalhadores periodicamente em relação à saúde
ocupacional;
• Garantir que os trabalhadores com agravos agudos à saúde ou com
lesões só iniciem suas atividades após autorização médica;
• Garantir que trabalhadores com probabilidade de exposição a agentes
biológicos, físicos ou químicos usem vestimentas para o trabalho,
incluindo calçados, compatíveis com os riscos e em condições de
conforto;
• Garantir mecanismos de prevenção de doenças e acidentes de
trabalho, abarcando o fornecimento de Equipamentos de Proteção
Individual - EPI, em número suficiente e compatível com todas as
atividades desempenhadas pelos trabalhadores;
• O serviço de saúde necessita manter atualizado o registro das
comunicações de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
• Os serviços de saúde com quantitativo superior a vinte trabalhadores é
obrigatório instituir a de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –
CIPA;
• Os Serviços de Saúde devem disponibilizar para todos os
trabalhadores: I – O manual de normas de condutas de segurança
biológica, química, física, ergonômica e psicossocial;
II - Instruções para utilização dos Equipamentos de Proteção Individual -
EPIs;
III – Protocolo em caso de incêndios e acidentes;
IV - Orientação de manuseio e transporte de produtos para saúde que
estejam contaminados (BRASIL, RDC n.º63/2011)

Por se tratar de um vírus de transmissão respiratória, a utilização de


equipamento de proteção EPIs, torna-se uma medida de precaução indispensável,
tendo em vista, a grande possibilidade de contato com gotículas de secreções de
indivíduos contaminados. Portanto, investir no conhecimento, na capacitação e no
treinamento dos profissionais da área de saúde sobre a utilização dos EPIs, como
também no manejo com os pacientes infectados tornam-se ações imprescindíveis
(BUTIERRES, 2015).
A paramentação e a desparamentação adequadamente é uma das medidas
mais eficientes para evitar a contaminação entre os profissionais de saúde quando
somados a implementação e/ou adesão de protocolos rígidos de EPIs (OLIVEIRA
et.al., 2020).
O ministério da saúde divide os profissionais que atuam no atendimento a
pacientes com COVID-19 em dois grupos, estabelecendo modalidades de EPIs para
ambos os grupos conforme o quadro 1, apresentado abaixo:

Quadro 1: Relação de EPIs de Acordo com a Categoria de Atendimento Prestado.


15

Procedimentos Geradores de Aerossóis


(micronebulização, manobras de ressuscitação
Atendimento de Casos Suspeitos ou
cardiopulmonar, intubação ou aspiração traqueal,
Confirmados
coletas de amostras nasotraqueais, e diferentes
procedimentos odontológicos)

Gorro Gorro

Óculos de proteção ou protetor facial Óculos de proteção ou protetor facial

Máscara (cirúrgica ou máscara de proteção


Máscara cirúrgica ex. N.95
respiratória, conforme o procedimento)

Avental impermeável de mangas longa Avental impermeável de mangas longas

Luvas de procedimento Luvas de procedimento

Fonte: BRASIL [s.d]

2.3 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E AS RECOMENDAÇÕES INTERNACIONAIS


SOBRE A EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS AGENTES BIOLÓGICOS

A relação trabalho/saúde no Brasil vem sendo objeto de reflexões constantes.


As políticas de saúde do trabalhador no país, a cada dia amplia suas ações de
proteção e promoção a saúde, ampliando as perspectivas nos processos de
trabalho. No entanto, os esforços existentes, ainda não produzem grau de eficiência
favorável, tendo em vista os alarmantes registros de acidentes de trabalho e
doenças profissionais, demostrando que o modelo de saúde do trabalhador ainda
apresenta pouco impacto frente as injúrias que alcançam a saúde dos trabalhadores
(PINHO, 2007).

Os profissionais de saúde em suas atribuições estão expostos a riscos físicos,


químicos, mecânicos e biológicos, porém o risco biológico apresenta-se em grande
escala, tendo em vista o contato com sangue e outros fluidos orgânicos, o que
conferem a estes trabalhadores uma alta possibilidade de adoecerem por
contaminação biológica (RIBEIRO, 2007).

Além de saber dos riscos em que estão expostos, é fundamental que os


profissionais de saúda conheçam a legislação trabalhista no sentido de identificar
seus direitos e deveres (GALON, MARZIALE e SOUZA, 2011).
16

As normas nacionais e internacionais estabelecem funções que abarcam


adaptações do ambiente de trabalho, mudanças das práticas e comportamentos dos
trabalhadores, na gratuidade de materiais e equipamentos de segurança EPIs, na
assistência médica e na capacitação e vigilância em saúde (GALON, MARZIALE e
SOUZA, 2011).

Em sua grande maioria a leis que regulamentam a saúde e segurança


ocupacional no Brasil é apresentada na forma de Normas Regulamentadoras (NRs).
O quadro 2 apresenta as leis que regulamentam a saúde e a segurança ocupacional
a trabalhadores de saúde.

Quadro 2: Leis que regulamentam a saúde e a segurança ocupacional dos


profissionais de saúde frente ao risco biológico.

ULTIMA FONT
TÍTULO ATUALIZAÇÃO EMENTA E
Norma Regulamentadora (NR)4 - Serviços
Portaria Nº 3.214, DE Portaria SIT nº17 de Especializados em Engenharia de segurança em MTE
08 de junho de 1978 01 de agosto de 2007 medicina do trabalho (SESMT)
Portaria Nº 3.214, de Portaria SIT nº16 de NR5 - Comissão Interna de prevenção de Acidentes
de Trabalho (CIPA). MTE
08 de junho de 1978 10 de maio de 2001
NR 6 - Equipamentos de proteção Individual - EPI
Portaria Nº 3.214, de
Portaria nº 194, de 22 MTE
08 de junho de 1978
de dezembro de 2006
Portaria Nº 3.214, de NR7 - Programa de Controle Médico em Saúde MTE
Portaria SSST nº 19, Ocupacional (PCMSO)
08 de junho de 1978 de 09 de abril de 1998
Portaria SSST nº25, NR9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais MTE
Portaria Nº 3.214, de
de 29 de dezembro de (PPRA)
08 de junho de 1978
1994
Portaria Nº3.214 de 08 NR26 - Sinalização de Segurança MTE
de junho de 1978  
Portaria Nº2616/GM CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
de 12 de maio de MS
1998  
Portaria Nº1339/GM Lista de doenças Relacionadas ao Trabalho
de 18 de novembro de MS
1999  
Dispõe sobre a estrutura da rede nacional de Atenção
Portaria Nº 1679/GM
Integral à Saúde do Trabalhador no Sistema Único de
de 19 de setembro de MS
Saúde (SUS) - RENAST e dá outras providências.
2002
 

Dispõe sobre os procedimentos técnicos para a


Portaria Nº777/GM de
notificação compulsória de agravos à saúde do MS
28 de abril de 2004
trabalhador em rede de serviços sentinela específicas
  no SUS
Resolução RDC
Nº306 de 07 de Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o MS
dezembro de 2004   gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
17

Portaria GM Nº485 de NR32 - Segurança e Saúde no trabalho em Serviços


Portaria Nº939, de 18
11 de novembro de de Saúde MTE
de novembro de 2008
2005
Fonte: (o autor)

Mesmo que cumprindo apenas teoricamente com as recomendações


internacionais, no Brasil, a maioria dos serviços de saúde em seu cotidiano pouco
representa como cenário cumpridor de todas as normas estabelecidas. É muito
comum encontrar situações que não se estabelecem total vigilância em ações de
promoção da saúde dos trabalhadores (RIBEIRO, 2007).

2.3.1 As Normas reguladoras como instrumento garantidor de acesso a EPIs por


trabalhadores

A Lei n.º13.979/2020, regulamentada pelo decreto n.º10.282/2020, define


serviços e atividades essenciais como aquelas indispensáveis ao atendimento das
necessidades inadiáveis de uma comunidade. Para a realização de todas as
atividades enquadradas dentro da classificação de trabalho essencial devem ser
acauteladas medidas para a redução da transmissibilidade do Covid-19 conforme
apresentam o Art.3°, §1° e §7° do decreto:

§ 1º São serviços públicos e atividades essenciais aqueles indispensáveis


ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, assim
considerados aqueles que, se não atendidos, colocam em perigo a
sobrevivência, a saúde ou a segurança da população, tais como:
I - assistência à saúde, incluídos os serviços médicos e hospitalares;
§ 7º Na execução dos serviços públicos e das atividades essenciais de que
trata este artigo devem ser adotadas todas as cautelas para redução da
transmissibilidade da covid -19 (BRASIL, 2020, p.3).

Qualquer dispositivo, equipamento ou produto para ser considerado EPI


precisa cumprir os requisitos contidos na NR 6: ser de uso individual, promover a
proteção dos riscos e ameaças à segurança e a saúde no trabalho; conter o
indicativo do Certificado de Aprovação (CA), o qual atesta a eficácia do produto
como meio garantidor de proteção contra os agentes nocivos à saúde (NEVES,
2020).
As Normas regulamentadoras fornecem orientações sobre procedimentos
obrigatórios que trazem segurança à saúde do trabalhador, porém, outros
dispositivos legais referenciam o exato direito referido, seguindo diversos pontos
18

consolidados na Lei do Trabalho (CLT), desta forma, identifica-se que a lei sobre o
uso de EPIs (Lei n.º6.514/77), faz parte da CLT, tornando-se um dos dispositivos e
proteção da segurança do trabalhador, juntamente com as normas
regulamentadoras (BRASIL, 2020).
A norma regulamentadora NR32, com especificidade para profissionais de
saúde, estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de
proteção e segurança e saúde para profissionais em serviço de saúde ou qualquer
unidade de assistência à saúde ou qualquer estabelecimento que promova a
recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde (NEVES, 2020).
A NR32, dentro dos seus parâmetros de abrangência, traz a obrigatoriedade
da vacinação dos profissionais de saúde e igualmente de seu reforço nos casos
cabíveis conforme recomendação do Ministério da Saúde, devendo ser devidamente
registrada em prontuário funcional e disponibilizado comprovante de vacinação ao
trabalhador (NEVES, 2020).

2.5 A SEGURANÇA DO TRABALHO NA PANDEMIA DO COVID-19

A Pandemia do novo Coronavirus trouxe muitas mudanças, e com elas muito


aprendizado para todos. Porém, para alguns ambientes corporativos, algumas
práticas, ganharam ainda mais rigor. Dentre as quais a Segurança do trabalho se
enquadra como setor que viu sua atuação ser colocada à prova neste período de
inconstância, quando o inimigo é poderoso e invisível (LIMA, 2020)
Por definição a segurança do trabalho é a ciência que promove a proteção
aos trabalhadores em seus ambientes laborais, promovendo a vigilância, a
prevenção e ou a redução de acidentes de trabalho (LIMA, 2020).
O Boletim da Saúde do trabalhador para Enfretamento da Pandemia da
EBSERH (2020), define a atuação dos profissionais de segurança de trabalho como:

Uma atividade hostil, esses profissionais devem desenvolver iniciativas para


reduzir a exposição a agentes contaminantes e manter os funcionários
capacitados para manuseio e descarte correto de materiais, entre outras
atribuições. Como os perigos presentes em uma unidade hospitalar
costumam ser variados, exigem-se avaliações individuais para cada local.
Identificar e mapear as áreas de risco é o primeiro passo para manter um
ambiente seguro, tarefa que deve ser executada pela equipe que, em nosso
nosocômio, é conhecida como Saúde Ocupacional e Segurança no
Trabalho (Sost), em conjunto com a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (Cipa), participando das reuniões e mantendo contato constante
19

para discussão e melhorias do ambiente de trabalho, investigação de


acidentes de trabalho e Brigada de Incêndio. Identificar e mapear as áreas
de risco é o primeiro passo para manter um ambiente seguro, tarefa que
deve ser executada pela equipe que, em nosso nosocômio, é conhecida
como Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho (Sost), em conjunto
com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), participando
das reuniões e mantendo contato constante para discussão e melhorias do
ambiente de trabalho, investigação de acidentes de trabalho e Brigada de
Incêndio (EBSERH, 2020, p. 3)

No contexto da crise econômica e sanitária provocada pela pandemia, reforça


a existência de uma realidade diferente quanto ao âmbito do trabalho. Com base na
realidade apresentada em tempos de pandemia os profissionais da segurança do
trabalho necessitam acompanhar em tempo real o cenário epidemiológico local e
global, devendo estar atento as recomendações das autoridades locais, nacionais e
internacionais de saúde (OMS), e do trabalho (OIT) (SAFETLINE, 2020).
Nos ambientes laborais, incluindo os de atendimento ao público e as unidades
de saúde, além das medidas de proteção individuais é necessário que a segurança
do trabalho promova ações que garantam a higienização e o descarte adequado dos
materiais, além de propiciarem o distanciamento entre todas as pessoas. A
realização de capacitação faz parte do protocolo de prevenção, porém com o
aumento exponencial no número de casos de pessoas contaminadas no Brasil e no
mundo, faz com que a atuação da equipe de segurança do trabalho dos centros de
saúde, hospitais e demais unidades de atendimento a pacientes com COVID-19,
ocorra de maneira a fornecer treinamento educacional e materiais informativos de
maneira programada e com fluidez, levando em consideração a atuação em escala
extenuante, extremamente exaustiva pelas quais os profissionais de saúde estão
inseridos. No contexto da atenção à saúde humana, o que antes requeria um nível
de atenção e cuidado, com a pandemia se tornou atividade arriscada, árdua que
geram inseguranças (SAFETLINE, 2020).

3. MATERIAIS E MÉTODOS
20

O referido trabalho trata-se de uma revisão de literatura, a qual versa em


construir uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre
métodos e resultados apresentados na pesquisa, assim como as reflexões sobre a
realização sobre futuros estudos, tendo em vista que todos os assuntos que
abrangem a temática da Pandemia do COVID-19, precisam ser investigados e
amplamente estudados devido as diversas interrogações que ainda permeia o
assunto.
Foi delimitado como critério de inclusão, o recorte temporal referente ao
período de vinte anos para as publicações de artigos, livros e periódicos que tratam
sobre as medidas de segurança do trabalho no ambiente hospitalar e demais locais
de atendimento em saúde frente a pandemia do COVID-19.
O levantamento da bibliografia de base para a construção deste, ocorreu no
período compreendido entre vinte de fevereiro a 18 de março do ano de dois mil e
vinte um, em meios eletrônicos com relevância científica tais como: Pan-Americana
da Saúde/Organização Mundial da Saúde por meio do Centro Latino-Americano e do
Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME/OPAS/OMS).
Posteriormente foi realizado a avaliação crítica dos artigos para fins na
discussão dos resultados e por fim identificando as conclusões e implicações
resultantes da pesquisa.
Após a construção da pesquisa e o levantamento das evidências
apresentadas foi criado o resumo das evidências disponíveis e os principais
resultados apresentados por este estudo

4. DISCUSSÃO
21

A utilização de EPIs nos ambientes de trabalho tem como prioridade o


objetivo de proteger a saúde do trabalhador e prevenir acidentes. Os EPIs durante a
pandemia do COVID19 são instrumentos fundamentais para trabalhadores que não
podem ficar em isolamento necessitando manter contato com o público, como é o
caso dos profissionais da saúde e demais serviços essenciais.
Atualmente, a recomendação para profissionais de saúde é o uso dos
respiradores N95 ou máscaras PFF2, luvas, óculos protetores e aventais. Higienizar
as mãos também é ação indispensável, principalmente antes e após o uso dos EPIs.
A legislação brasileira preconiza que todo equipamento de proteção deve ser
fornecido de forma gratuita pelos órgãos empregadores a seus funcionários, estando
estes, em plena condição de funcionamento e conservação.
Entretanto, o efeito da utilização de máscaras cirúrgicas descartáveis e
respiradores (máscaras com filtros acoplados) a cada dia, são mais evidenciados e
colocados nos enfoques das discussões pelos órgãos de políticas em saúde,
existentes em diversos países, tendo em vista que as máscaras consistem em
equipamento originalmente projetados para evitar o contato com gotículas,
respingos, borrifos de sangue ou demais fluidos corporais. Em contraste com
isso, os respiradores são projetados para proteção respiratória de infecções
transmitidas pelo ar, sendo assim, mais recomendados para enfrentamento da
pandemia.
Devido à escassez dos EPIs é muito comum ouvir relatos de reutilização ou
uso prolongado de máscaras e demais equipamentos de proteção, sendo práticas
de alto risco, podendo ocasionar a autocontamiação. Vale ressaltar que devido ao
colapso do sistema de saúde, os profissionais de saúde acabam por interagir com
um quantitativo muito elevado de pacientes, e assim, tendo contato com patógenos
respiratórios desses pacientes que estando contaminados ou não, respiram, tossem,
espirram próximo a estes profissionais, ou ainda, existem aqueles casos que exigem
maior proximidade entre profissional e pacientes, ocorrendo nos mais variados
procedimentos médicos geradores de aerossóis, procedimentos estes que podem
ocasionar a contaminação das máscaras usadas pelos profissionais de saúde,
aumentando o risco de contaminação por longos períodos e por fim, podem
ocasionar na infecção do usuário por contaminação das mãos ou da pele, pela
ingestão ou contato com a membrana mucosa.
22

As medidas de segurança para trabalhadores preconizam que nos casos de


coletas de amostras, deve-se estar ainda mais atento as condições da máscara, não
devendo estas estar danificada, umedecida ou suja, e ainda não podendo ser
utilizada quando em contato com vários pacientes. Sua utilização em ambientes
hospitalares não deve ultrapassar um período máximo de 4 horas. Deve-se atentar
para o devido encaixe da máscara ao rosto, não deve haver espaço entre o rosto e
máscara, além de observar situações que diminuem a proteção como por exemplo,
os casos de homens com barba que impedem a máscara de se adaptar
integralmente a face.
Com relação às luvas, estas devem ser utilizadas quando em unidades de
saúde em duplicidade, considerando o alto risco de rasgar e expor o trabalhador a
infecção. Com relação aos cuidados nos ambientes de trabalho, o técnico de
segurança o trabalho deve em tempos de pandemia estreitar as relações com as
equipes de limpeza, programando treinamentos e orientações sistêmicas e
constantes quanto a limpeza de todas as áreas das unidades de saúde. Para tais
profissionais a utilização de EPIs e a higienização das mãos também são essenciais,
tendo em vistas que esses colaboradores não convivem com pacientes, porém
manipulam objetos e utensílios utilizados por pacientes, além de serem esposáveis
pelo descarte correto de matérias de utilização médica que foram descartados em
procedimentos médicos e hospitalares.
Estudos apontam que a saúde mental de profissionais que atuam no combate
a pandemia sofreu maior impacto, devido ao stress que o trabalho direto a pacientes
contaminados por COVID-19 sofre, tendo em vista que esses profissionais além do
medo e das inseguranças quanto a contaminação, ainda convivem com a
insegurança de contaminar seus familiares.
Diante de tanta insegurança, é importante considerar que para todos os
aspectos afetam diretamente na segurança do trabalho.
Com tantas mudanças correlacionadas à segurança dos trabalhadores de
unidades de saúde frente a pandemia, onde a segurança dos profissionais deve ser
prioridade, traz a atuação do profissional de segurança do trabalho uma área de
atuação que promove mais seguridade a profissionais de saúde em suas atividades
laborais. Tendo em vista que tais profissionais se capacitam para promover um
ambiente seguro, estando atento todos os itens que promovem segurança laboral,
quer sejam na utilização de EPIs, quer seja na higienização ideal dos ambientes
23

quer seja pelo conhecimento aprofundado das normas regulamentadoras (NRs), que
detalham a aplicação das disposições da CLT sobre todas as medidas preventivas
dentro da medicina do trabalho.
24

5. CONCLUSÃO

A segurança uma constante preocupação do homem, e um dever do


empregador, cabendo ao mesmo, equipar seu funcionário com todo e qualquer
equipamento que previna acidentes, oferecendo a seus colaboradores, adequadas
condições de trabalho, bem como, é obrigação de todo funcionário adotar as
recomendações de segurança que lhes são incididas.
Considerando as necessidades evidentes de proteção os trabalhadores de
saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia de Covid-19 e os
problemas relacionados ao desabastecimento internacional e nacional dos EPI, o
uso racional destes equipamentos é essencial de modo a minimizar os impactos
desta crise, principalmente no que se refere ao adoecimento dos trabalhadores.
Por este viés, torna-se necessário a atuação integrada entre setores da saúde
com a comunidade científica para auxiliar os profissionais com evidências científicas
que garantam a segurança destes trabalhadores. Levantamentos epidemiológicos,
avaliações sistemáticas dos ambientes de trabalho e fiscalizações dos órgãos de
classe podem evidenciar a vulnerabilidade dos profissionais da saúde e condições
de trabalho inadequadas nas unidades de saúde.
Garantir aos trabalhadores dos serviços de saúde o acesso aos EPIs é
condição indispensável, e para alcançar este objetivo é imprescindível dentre outras
ações, coordenar a cadeia de fornecimento destes insumos, otimizando sua
disponibilidade, implementando estratégias que minimizem a necessidade de EPIs,
assim economizando a utilização dos mesmo, tendo em vista a escassez mundial
destes equipamentos, porém, obedecendo ao princípio básico de jamais expor o
trabalhador a qualquer risco de contaminação ou qualquer outro sinistro que a falta
do EPI pode ocasionar. Sendo assim, é fundamental garantir o uso de maneira
adequada destes produtos. Por fim, cabe asseverar que por se tratar de uma doença
recentemente descoberta, novas recomendações devem surgir ao longo da crise, à
medida que estudos são desenvolvidos no Brasil e no mundo.
25

6. REFERÊNCIAS

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