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CAPANEMA
2022
VINICIUS LAURI DA CUNHA
CAPANEMA
2022
FOLHA DE APROVAÇÃO
1 INTRODUÇÃO 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 13
2.1 TELETRABALHO (TELEWORK) 13
2.2 PRECARIZAÇÃO E FLEXIBILIZAÇÃO 15
3 MATERIAL E MÉTODOS 18
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 19
4.1 PERSPECTIVAS FUTURAS DO TRABALHO EM CASA 22
4.2 SAÚDE, BEM-ESTAR E SATISFAÇÃO 24
4.2.1 SAÚDE FÍSICA 26
4.3 MULHERES E REFUGIADOS 27
4.4 IMPACTOS E DESAFIOS 29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
REFERÊNCIAS 33
11
1 INTRODUÇÃO
Identificado na cidade de Wuhan (província de Hubei), na República Popular
da China, o SARS-CoV 2 trata-se de um vírus da família dos "coronaviridae" com um
alto poder de transmissão. Sua rápida dispersão e extensão global levaram a
Organização Mundial da Saúde (OMS) a caracterizar, no dia 11 de março de 2020, o
surto como uma pandemia. Com isto foi imposta à população medidas de segurança
de saúde, em que o distanciamento social foi de suma importância para não
sobrecarregar os sistemas de saúde do mundo todo (BRASIL, 2020). No Brasil,
ainda em 03 de fevereiro de 2020 o Ministério da Saúde instaurou estado de
emergência sanitária, assim encaminhando para o legislativo a regulamentação para
enfrentamento da crise (SENADO, 2020).
Com o agravamento da disseminação impostas pelo coronavírus (Covid-19),
os governos colocaram em prática restrição à circulação de pessoas em diversos
setores, o chamado “lockdown” (em português: “confinamento”), medidas de
isolamento social para contenção do vírus, visando a segurança da população
mundial, o que acarretou na necessidade repentina de adaptação a modalidade de
trabalho não presencial ou work from home (OMS, 2020). As empresas diante deste
cenário tiveram que adaptar-se rapidamente, a viabilidade encontrada foi o do
trabalho não presencial conhecido como “home office” ou “work from home”,
mudando toda a conexão entre a empresa e o trabalhador (NASCIMENTO, 2020).
Com a operação organizacional afetada, novos desafios apareceram: a
divisão entre ambiente profissional e pessoal; a demanda de tecnologia; a
capacidade sobre o controle do tempo de trabalho; a saúde mental do trabalhador; o
crescimento profissional; perca de comunicação coletiva; e a falta de direitos
trabalhistas estabelecidos sobre a modalidade (ROCHA, 2018). A legislação
brasileira apresenta pouca regulamentação sobre o teletrabalho, a mais recente é a
medida provisória 1108/2022, que altera a disposição da CLT sobre teletrabalho e o
pagamento do auxílio alimentação (BRASIL, 2022).
A consolidação deste modelo de trabalho transformará as relações sociais
do trabalho, a gestão do indivíduo sobre o trabalho em uma crescente tendência e
impactará diretamente da forma cultural em que o trabalho é visto. O home office
veio para ficar com seu desenvolvimento e diversificação interessando cada vez
mais diferentes setores empresariais (ROCHA, 2018).
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3 MATERIAL E MÉTODOS
Então, para tal metodologia foi definido o Web Of Science como base de
dados, onde foram pesquisados artigos científicos produzidos em língua inglesa com
as seguintes sequências de palavras-chaves: “Business Opportunity” AND “remote
work” OR “Work From Home” OR “Work From Office” AND “pandemic” AND
“covid-19”, do período de 01 de março de 2020 a 31 de agosto de 2022.
Gerando 60 artigos, a partir da leitura dos títulos e resumos foram
selecionados os trabalhos conforme os seguinte critérios: (i) relação com a temática
da pesquisa; (ii) respeito aos objetivos estabelecidos. Para consolidação e
demonstração das etapas sequenciais e dos resultados obtidos foram produzidos
diagramas, redes de palavras, gráficos e histogramas a partir do R Studios ® ,
MicroSoft Excel e Google Planilhas.
19
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
equipamentos (KUMARA et al., 2022, p. 1). A pesquisa de Kong et al. (2022), que
por meio de clusters (agrupamentos) realizou uma investigação sobre o Work from
Home (WFH), os dados apresentados no C1 (Cluster 1) indicam uma tendência de
não gostar do modelo, para este grupo a falta de disciplina, falta de interação e a
ineficiência de reuniões online:
Este cluster demonstra que, para aqueles que não têm experiência em
trabalhar em casa antes da pandemia de COVID-19, indivíduos com
educação relativamente superior e que estão sendo forçados a WFH por
motivos externos (regras governamentais e políticas do empregador) são
frequentemente contra WFH após a pandemia, já que a adaptação ao novo
modo WFH durante a pandemia não foi muito bem-sucedida. Este grupo de
trabalhadores está ansioso para interagir com colegas de trabalho e confiar
no 'normal' ambiente de trabalho para manter a produtividade. Mesmo
durante a pandemia, esses indivíduos não estão totalmente comprometidos
com o modo WFH, e escolhem e têm a opção de trabalhar no ambiente de
trabalho 'normal' pelo menos um dia por semana. (KONG et al., 2022, p.
1125)
ligadas desde a mudança para WFH. Nos dados apresentados, além de problemas
ligados diretamente ao trabalho (comunicação com a equipe e carga horária), a falta
de separação entre um ambiente propício para o trabalho e a relação familiar
também prejudicou o bem-estar, principalmente quando há a presença de crianças e
a falta de apoio profissional (XIAO et al., 2021, p. 5).
dificultaram ainda mais para mulheres o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal,
ampliando as desigualdades já latentes (EGUCHI et al., 2022, p. 9).
O lockdown também afetou as crianças, que devido ao isolamento social
migraram para aulas online, conforme Jasrotia e Menna (2021, p. 5), a função de
auxiliar nas atividades escolares decaiu principalmente para as mães. As mulheres
tradicionalmente lidam com o trabalho doméstico e durante a pandemia se acentua o
estereótipo feminino de cuidar do lar, psicologicamente ficam reféns ainda mais de
estresse e depressão (JASROTIA e MENNA, 2021, p. 9; PATHAK et al., 2021, p. 1).
Como comprova a pesquisa de Jasrotia e Menna (2021, p. 9):
E para Frize et al. (2021, p. 14), que obteve respostas em 76 países sobre
análise do WFH e diferenças de gênero, os homens atualmente estão mais
envolvidos com a família e atividades domésticas. Entretanto, apesar do avanço das
mulheres no mercado de trabalho, o peso e preocupações entre gestão profissional
e a família durante a pandemia ainda as afetou mais, por serem o principal pilar
educador e de gerência dos filhos (FRIZE et al.,2021, p. 14).
A pesquisa realizada na Universidade de Ljubljana apresenta outro
resultado: educadoras femininas relataram melhor desempenho que colegas do
gênero masculino (BERTONCELJ et al., 2021. p. 11). Para Bertoncelj et al. (2021, p.
12), as mulheres tiveram melhor controle de tempo e prática física maior o que
proporcionou uma rotina saudável, é claro que as educadoras da Universidade
disponham de um digno serviço e tinham ao seu lado recursos e autonomia no seu
gerenciamento (BERTONCELJ et al., 2021. p. 6).
Um grupo que anterior ao covid-19 já se destacava muito por sua
vulnerabilidade social são os refugiados, por diversas questões sociais na última
década se intensificou uma crise migratória para países europeus (TZORAKI et al.,
2021, p.1). A amostra quantitativa e qualitativa do trabalho de Tzoraki et al. (2021,
p. 6) apresenta que mesmo com um alto grau de escolaridade, 40,2% mestrado e
18,8% doutorado, a falta de oportunidade no mercado de trabalho com WFH gerou
29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O WFH tem suas vantagens e desvantagens, a tecnologia e o trabalho
andam lado a lado e as mudanças sociais com a Revolução Industrial 4.0 precisam
ficar expostas. Em grandes conglomerados urbanos o WFH se apresenta mais
satisfatório para a continuidade, quando bem implementado é gratificante para o
trabalhador que tende a querer o WFH como definitivo ou de maneira híbrida com o
escritório clássico.
A revisão apresentada demonstra que o isolamento social e a intensa
convivência no âmbito familiar é associado ao estresse e ansiedade, e a repetição
no dia-a-dia destes sentimentos traz adoecimento mental, pessoas afligidas sem
amparo psicológico tendem a desenvolver depressão. Problemas físicos também
são associados a WFH, permanecer nas mesma postura por muito tempo atrofia a
atividade muscular e intensifica o cansaço, por isso é essencial um espaço domiciliar
exclusivo para o escritório e o incentivo por parte da empresa para o tema de
cuidado com a saúde, desde exercícios laborais à atividades de comunicação
recreativas.
A pandemia aflorou desigualdades sociais, apesar de discordâncias,
mulheres e minorias sempre foram expostos a situações de risco, o mercado de
trabalho ainda possui uma tradição patriarcal e preconceituosa. A cultura machista e
histórica das mulheres serem responsáveis por cuidados domésticos e cuidados
com os filhos continuou, apesar de muitos companheiros se propuserem a ajudá-las
ou de assumirem um maior protagonismo nestas atividades. A xenofobia força a
informalidade, refugiados são estereotipados e inferiorizados independente de seu
nível educacional.
A crise sanitária deixou marcas e muitos desafios, o bem-estar dos
trabalhadores só podem ser alcançados quando políticas governamentais deem
atenção a precarização do trabalho. A crescente informalidade não pode ser
justificada ou ignorada, pensar na dignidade do trabalho é lutar por direitos
imprescindíveis, e parte primeiramente da própria classe trabalhadora em se colocar
como motor do sistema capitalista atual.
O campo de estudo desta pesquisa foi compreender como o trabalho não
presencial impactou os trabalhadores, as rotinas impostas por uma pandemia e
medo latente por infecção por covid-19 transformaram os espaços em que vivemos.
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REFERÊNCIAS
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