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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

MATHEUS CEREJA WANDERLEY


RÔMULO FREITAS NASCIMENTO

ESTUDO SOBRE OS DESAFIOS NO TRATAMENTO DE EFLUENTES


DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Niterói
2/2017
MATHEUS CEREJA WANDERLEY
RÔMULO FREITAS NASCIMENTO

ESTUDO SOBRE OS DESAFIOS NO TRATAMENTO DE EFLUENTES


DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em


Engenharia Química, oferecido pelo departamento de
Engenharia Química e de Petróleo da Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Química.

ORIENTADOR

Prof. Geraldo de Souza Ferreira

Niterói
2/2017
Dedicamos este
trabalho às nossas
famílias.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ser essencial em nossas vidas, sempre guiando
nossos caminhos e permitindo que conseguíssemos chegar até aqui (Rômulo).

A nossos pais, Elisa e José Batista (Rômulo) e Márcio (Matheus) por todo amor,
incentivo, apoio e por todo o esforço para que pudéssemos concluir mais essa etapa em nossas
vidas, e, principalmente, no período de execução do TCC. Seus apoios afetivo e emocional nos
motivaram a cada dia.

Ao meu irmão Rhamon (Rômulo) por todo carinho, incentivo e suporte para superar
todas as dificuldades durante toda a jornada na universidade. E que apesar da distância, continua
sendo essencial para essa conquista.

A minha namorada Luísa por ser minha melhor amiga e ser minha parceira de todas as
horas, por estar do meu lado em todos os momentos e por todo o carinho, compreensão e amor
(Rômulo).

Aos colegas de trabalho da GSK, por estarem sempre dispostos a me ajudar quando
precisei, por toda a paciência que tiveram comigo. Sou muito grato pela experiência e
convivência (Rômulo).

A nossos amigos Gabriela, Iam e Maria Júlia pela amizade e companheirismo construído
ao longo desses anos. Nossa amizade fez com que essa jornada se tornasse mais prazerosa e
incrível.

A nossos familiares em geral e nossos amigos por sempre nos apoiarem e estarem a
nossos lados em todos os momentos de nossas vidas.

Aos professores da Universidade Federal Fluminense por todos os ensinamentos, por


todo o tempo dedicado a nós, alunos, para que nos tornemos profissionais dignos e competentes.

Por fim, porém não menos importante, a nosso orientador Geraldo de Souza Ferreira
por todo o suporte, pela paciência, compreensão e ensinamentos que fizeram com que a
realização deste trabalho se tornasse possível.

Muito obrigado!
RESUMO

A indústria farmacêutica é responsável por produzir medicamentos e tem um papel


fundamental na sociedade ao fabricar produtos com a finalidade de tratar sintomas, curar ou
prevenir doenças. Nas últimas décadas, as empresas em geral passaram a se pronunciar mais
intensamente sobre suas responsabilidades ambientais. Dado que o setor farmacêutico é um
grande gerador de resíduos que podem provocar impactos no meio ambiente, é essencial um
estudo profundo sobre seu funcionamento e suas características. A Engenharia Química, por
ser o campo de conhecimento responsável por transformar matérias-primas e por criar ou
aperfeiçoar novos produtos e processos, se torna um agente capaz de modificar a forma como
os resíduos dessa indústria são produzidos, descartados, tratados e reutilizados. Diante da
relevância desse tema, o presente trabalho apresenta um estudo acerca da história da indústria
farmacêutica no Brasil e no mundo; um levantamento do cenário econômico do mercado
farmacêutico; uma análise dos impactos diretos e indiretos dessa indústria no meio ambiente,
principalmente por meio dos efluentes industriais; uma discussão das legislações aplicáveis e
suas consequências na gestão empresarial do setor; uma abordagem dos tipos de tratamentos
utilizados no processamento dos efluentes industriais do setor farmacêutico. A partir dessa
revisão bibliográfica, pôde se concluir que a atuação do engenheiro químico é crucial para o
avanço do setor farmacêutico no âmbito socioambiental, na implementação de novas políticas
de planejamento e gestão e no surgimento de novos processos de tratamentos de efluentes para
o problema recente dos poluentes emergentes.

PALAVRAS-CHAVES: Indústria farmacêutica. Engenharia química. Efluentes. Impactos


ambientais.
ABSTRACT

The pharmaceutical industry is responsible for producing medicine and has a vital role
in society by manufacturing products that treat symptoms, prevent and heal diseases. Over the
past decades, companies started to speak out more intensely about their social-environmental
responsibility. Given that the pharmaceutical industry is a great generator of wastes that can
impact the environment, an in-depth study about its characteristics and operations is essential.
Chemical Engineering, as a discipline that applies its knowledge to transform materials and
create or enhance new products and processes, becomes a factor capable of changing how the
pharmaceutical industry produces, discards, treats and reutilizes its waste. Considering the
relevance of this subject, this paper studies the history of the pharmaceutical industry in Brazil
and the world; evaluates the economic landscape of the pharmaceutical market; analyses direct
and indirect impacts of this industry in the environment, primarily by industrial wastewater;
discusses the applicable laws and their consequences in the corporate management of
pharmaceutical companies; reviews the types of treatment used to process industrial wastewater
from pharmaceutical plants. In conclusion, this literature review showed that the chemical
engineer plays a crucial part in the progress of the pharmaceutical industry in the social-
environmental topic, in the implementation of new strategic management and in the
development of new treatment processes for the recent problem of emerging pollutants.

KEY WORDS: Pharmaceutical Industry. Chemical Engineering. Wastewater. Environmental


impacts.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Os 10 princípios ativos mais comercializados no Brasil em 2015.............................34

Quadro 2: Perfil de composição de efluentes típicos oriundos das categorias de síntese

química e fermentação..............................................................................................59
LISTA DE TABELA

Tabela 1: Formas farmacêuticas de apresentação de medicamentos, constituintes e usos..........47

Tabela 2: Instrumentos Legais para Controle da Poluição Atmosférica.....................................49

Tabela 3: Impactos Ambientais e Estruturais de Parâmetros Químicos e Físicos......................56

Tabela 4: Impactos Ambientais e Estruturais de Parâmetros Químicos e Físicos

(Continuação)...........................................................................................................57

Tabela 5: Impactos Ambientais e Estruturais de Metais Pesados...............................................58

Tabela 6: Concentrações de poluentes emergentes (μg/L) em afluentes e efluentes de estações

de tratamento de esgotos...........................................................................................63

Tabela 7: Resumo de estudos com verificação da contaminação de receptores com produtos

farmacêuticos provenientes da fabricação.................................................................65


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diagrama esquemático dos Estágios da Produção de Medicamentos.........................20

Figura 2: Custo Médio para Desenvolvimento de um Medicamento Aprovado.........................23

Figura 3: Diagrama esquemático da Tipologia dos Medicamentos............................................25

Figura 4: Diagrama esquemático da Cadeia de Suprimento do Setor Farmacêutico..................28

Figura 5: Total Mundial de Vendas de Medicamentos com Prescrição (2008-2022).................29

Figura 6: Participação do Mercado das Top 10 empresas farmacêuticas em 2015.....................31

Figura 7: Participação do Mercado das Top 10 empresas farmacêuticas em 2022.....................31

Figura 8: Vendas no Mercado Farmacêutico Brasileiro entre 2009 e 2016................................31

Figura 9: Histórico e previsão da ascensão do Brasil no ranking de mercados mundiais entre

2011 e 2021...............................................................................................................32

Figura 10: Participação Percentual nas vendas unitárias de medicamentos por empresas

nacionais e estrangeira.............................................................................................33

Figura 11: Balança Comercial Brasileira em 2016.....................................................................33

Figura 12: Diagrama esquemático de um típico processo de Síntese Química...........................41

Figura 13: Diagrama esquemático de um típico processo de Fermentação................................43

Figura 14: Diagrama esquemático de um típico processo de Formulação de Comprimidos......45

Figura 15: Diagrama esquemático da rota de alguns poluentes emergentes...............................64

Figura 16: Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) - Componentes.........................70

Figura 17: Diagrama esquemático das Influências na Gestão Empresarial Ambiental..............75

Figura 18: Diagrama esquemático da Gestão de Efluentes........................................................80

Figura 19: Diagrama esquemático das etapas básicas do tratamento de efluentes......................82

Figura 20: Diagrama esquemático da unidade de tratamento utilizando filtros biológicos

seguidos de lodo ativado..........................................................................................85


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIFARMA Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas

ABIFINA Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina,


Biotecnologia e suas Especialidades

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AINEs Anti-inflamatórios não esteroides

ANA Agência Nacional de Águas

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BPF Boas Práticas de Fabricação

CECA Conselho Estadual de Controle Ambiental

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COT Carbono Orgânico Total

DBO Demanda bioquímica de oxigênio

DDT Diclorodifeniltricloroetano

DQO Demanda química de oxigênio

EEA European Environmental Agency

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EPA EnvironmentaL Protection Agency

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

EUA Estados Unidos da América

FDA Food and Drug Administration

FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

GMP Good Manufacturing Practices


IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFA Insumo Farmacêutico Ativo

ISO International Organization for Standardization

MBR Biorreator com Membrana


MMA Ministério do Meio Ambiente
MPs Matérias-primas
NBR Norma Brasileira

ONGs Organizações Não-Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

OTC Over the Counter

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PCBs Polychlorinated Biphenyl

pH Potencial Hidrogeniônico

PhRMA Pharmaceutical Research and Manufacturers of America

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

POAs Processos Oxidativos Avançados

ppb Partes por Bilhão

PROCON-Ar Programa de Autocontrole de Emissões para Atmosfera

PRONAR Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar

RBC Rotating Biological Contactors


RBS Reator Batelada Sequencial
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro
SDT Sólidos Dissolvidos Total
SINDUSFARMA Sindicato da Indústria Farmacêutica do Estado

de São Paulo

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SLAP Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras


SST Sólidos Suspensos Totais

SVS Secretaria de Vigilância à Saúde

TKN Nitrogênio Total Kjeldahl

UASB Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente

US Ultrassom

USEPA United States Environmental Protection Agency


UV Raios Ultravioletas
SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...............................................................................................15
1.1. Objetivo..............................................................................................................................16
1.2. Estrutura do Trabalho.........................................................................................................16
CAPÍTULO II – CONTEXTUALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ................18
2.1. Surgimento da Indústria Farmacêutica...............................................................................18
2.2. Características Estruturais da Indústria Farmacêutica.........................................................20
2.2.1. Estágios da Produção de Medicamentos..........................................................................20
2.2.2. Cadeia de Suprimentos....................................................................................................28
2.3. Panorama do Mercado Farmacêutico..................................................................................29
2.3.1. O Mercado Farmacêutico Mundial..................................................................................29
2.3.2. O Mercado Farmacêutico Brasileiro................................................................................30
CAPÍTULO III – A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA E AS QUESTÕES AMBIENTAIS.....35
3.1. Evolução da Preocupação Ambiental.................................................................................35
3.2. A Indústria Farmacêutica e suas fontes de poluição............................................................38
3.2.1. Categorização dos Processos Produtivos.........................................................................40
3.2.2. Principais Fontes de Impactos Ambientais...................................................................... 45
3.2.2.1. Resíduos Gasosos........................................................................................................ 46
3.2.2.2. Resíduos Sólidos...........................................................................................................51
CAPÍTULO IV – EFLUENTES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA...................................54
4.1. Definição............................................................................................................................54
4.2. Perfil de Composição e Parâmetros Analisados..................................................................55
4.3. Poluentes Emergentes.........................................................................................................60
CAPÍTULO V – POLÍTICAS DE PREVENÇÃO E REDUÇÃO DE IMPACTOS
PROVENIENTES DO LANÇAMENTO DE EFLUENTES DA INDÚSTRIA
FARMACÊUTICA.........................................................................................69

5.1. Principais Aspectos Legais e Competências da Legislação Ambiental Brasileira...............69


5.1.1. Aspectos Legais referentes ao Lançamento de Efluentes da Indústria Farmacêutica......71
5.2. Gestão Ambiental Empresarial...........................................................................................74
5.3. Recuperação e Tratamento de Efluentes.............................................................................80
5.3.1. Recuperação e Reaproveitamento................................................................................... 80
5.3.2. Métodos de Tratamento...................................................................................................81
CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO..............................................................................................88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................89
15

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

A indústria farmacêutica é responsável por produzir medicamentos que tem a função de


tratar sintomas, curar ou prevenir doenças. As atividades envolvidas na indústria farmacêutica
englobam desde a produção do medicamento até sua comercialização.

O número de medicamentos disponíveis continua a crescer e juntamente o seu impacto


no meio ambiente. Os fármacos são introduzidos continuamente no meio ambiente, no solo e
em águas superficiais sob a forma de misturas complexas desses compostos com os seus
metabólitos, devido à excreção por via urinária ou através das fezes dos seres humanos e
animais, ao despejo de medicamentos fora de validade em descargas de água não tratadas, ou
presentes no tratamento de águas residuais, de efluentes de hospitais e de indústrias
farmacêuticas (DALRYMPLE, 2007).

Mais de 150 substâncias ativas de compostos farmacêuticos têm sido detectadas nos
efluentes de águas residuais e em águas superficiais, em concentrações da ordem de nanogramas
por litro até poucos microgramas por litro (FICK, 2009).

Nas últimas décadas, as empresas passaram a se pronunciar mais intensamente sobre


suas responsabilidades ambientais, tornando a gestão socioambiental um assunto de suma
importância nos dias atuais. A indústria farmacêutica tem um papel importante na preservação
do meio ambiente, considerando que é uma geradora de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.
Observa-se que muitas empresas se comprometem apenas legalmente com as legislações
ambientais, deixando de lado a consciência e a ética que motivariam ainda mais a redução dos
impactos ambientais.

Diante de um contexto de grande importância econômica e social para a sociedade, os


impactos ambientais de grandeza e complexidade elevados, originados principalmente no
descarte de efluentes, que o setor farmacêutico produz e o papel do engenheiro químico nessa
questão motivaram a elaboração desse trabalho.

A Engenharia Química possui uma forte relação com a criação e o desenvolvimento de


técnicas, conceitos, métodos e insumos adotados pela indústria farmacêutica, que é um setor
muito especializado da indústria química. A Engenharia Química é também o campo de
conhecimento responsável por transformar matérias-primas e por criar ou aperfeiçoar novos
produtos, de modo que um profissional dessa área tem o conhecimento necessário para interferir
16

e modificar o meio em que vive. Assim, ele pode ser um agente de mudança na forma como os
medicamentos são desenvolvidos e utilizados.

Neste intuito, é importante que os profissionais dessa área conheçam as consequências


e novos desafios da produção, distribuição, consumo e descarte dos produtos farmacêuticos,
para que assim possam se posicionar conscientemente a respeito do tema.

1.1. Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo estudar a origem, características e


funcionamento da Indústria Farmacêutica, analisar sua relevância na questão ambiental e
evidenciar a importância e os desafios no tratamento de efluentes desse setor. Os objetivos
específicos do presente trabalho são:

- apresentar a história do desenvolvimento da indústria farmacêutica no Brasil e no


mundo;

- analisar os impactos diretos e indiretos dessa indústria no meio ambiente,


principalmente por meio dos efluentes industriais;

- compreender a necessidade de políticas sustentáveis específicas no atual cenário de


crise ambiental mundial;

- discutir as legislações aplicáveis para o setor e suas consequências na gestão


empresarial do setor farmacêutico;

- abordar os tipos de tratamentos utilizados no processamento dos efluentes industriais


do setor farmacêutico

1.2. Estrutura do Trabalho

O capítulo 1 deste Trabalho de Conclusão de Curso aborda uma breve introdução ao


tema a ser discutido nos capítulos seguintes, contendo a motivação e uma breve discussão a
respeito do tema a ser abordado.

O capítulo 2 apresenta um panorama a respeito do surgimento da indústria farmacêutica


no Brasil e no mundo, colocando em pauta também suas características e o cenário econômico
nacional e internacional.
17

O capítulo 3 relaciona o setor farmacêutico com a questão ambiental, traçando a origem


da preocupação ambiental e explicitando os padrões de poluição para cada atividade típica dessa
indústria.

O capítulo 4 faz uma análise detalhada sobre a poluição causada no meio líquido, ou
seja, pelos efluentes lançados pela indústria farmacêutica. Esse capítulo também faz uma
análise dos poluentes comuns e emergentes presentes nessas correntes de descarte.

O capítulo 5 discorre sobre as legislações aplicáveis ao descarte de poluentes industrias


e, especificamente, farmacêuticos. Além disso, são vistas as consequências causadas pela
incorporação da preocupação ambiental na gestão empresarial das industrias desse setor o os
tipos de processos usados para tratar os efluentes gerados.

O capítulo 6 apresenta a conclusão e recomendações do trabalho.


18

CAPÍTULO II – CONTEXTUALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

A indústria farmacêutica é caracterizada por sua alta complexidade institucional, grande


gama de segmentos e produtos, alto grau de dinamismo tecnológico e forte presença
fiscalizadora e reguladora do poder púbico (HASENCLEVER et al., 2010 apud SILVA, 2013).

Neste capítulo discutiremos as principais características da indústria farmacêutica, seu


surgimento no contexto mundial e nacional, a estrutura dessa indústria, seu mercado, estratégias
adotadas pelas empresas e os desafios à inovação.

2.1. Surgimento da Indústria Farmacêutica

Dado que a indústria farmacêutica é responsável pela produção de medicamentos, sua


origem e desenvolvimento podem ser traçados desde a necessidade mais primordial que a
humanidade teve de usar substâncias para prevenir ou curar doenças. A datar da pré-história,
nossos distantes ancestrais já utilizavam plantas para aliviar as enfermidades. Um registro
médico dos mais antigos foi um documento feito por um imperador chinês por volta de 3.700
a.C., tido como o escrito inicial da medicina herbal na China. Depois, houve o surgimento dos
boticários, por volta do século X, sendo religiosos que possuíam conhecimento para identificar
as doenças e tratá-las adequadamente, seja na abordagem cirúrgica ou medicinal. Seus espaços
de atendimento foram protótipos das farmácias que temos atualmente. Em seguida, A
Revolução Industrial que ocorreu no século XVIII introduziu o uso de máquinas para substituir
a mão de obra humana, em um marco notável que alterou o setor. Posteriormente, no século
XX, o investimento governamental influenciado pelas guerras mundiais foi um dos diversos
fatores que contribuíram para que essa indústria expandisse e obtivesse grande sucesso
(FERST, 2013).

Após o período da Segunda Guerra Mundial, as indústrias farmacêuticas focaram em


um plano de desenvolvimento de novos medicamentos. O sucesso da penicilina, desde sua
descoberta em laboratório até sua ampla comercialização, serviu de base para o modo de
operação das empresas desse setor. Dessa forma, a descoberta de novos fármacos foi priorizada
devido aos altos investimentos que estes atraíam e ao retorno financeiro excelente que estes
traziam, contribuindo para a tradição de altos investimento em pesquisa e desenvolvimento que
este setor possui (VAZ, 2016).
19

Nas décadas que seguiram, alguns fatores foram determinantes no comportamento do


mercado farmacêutico, como o maior rigor na emissão de novos fármacos e o funcionamento
das leis de propriedade intelectual.

Certas reformulações nas leis de propriedade intelectual adicionavam ainda mais


importância ao desenvolvimento de novos medicamentos. A patente é concedida de modo a
conferir direitos de propriedade e uso exclusivo na produção de novos princípios ativos,
permitindo o monopólio temporário de até 20 anos, o que acarreta em venda a preços elevados.
Além disso, houve um incentivo ao mercado dos genéricos de modo a garantir acesso do público
ao medicamento após a expiração da patente, o que em contrapartida diminui a atratividade
econômica de princípios ativos após seu período de exclusividade (MARQUES, 2000).

Desse modo, alguns dos acontecimentos no mercado farmacêutico estão diretamente


ligados à busca por novos fármacos e/ou manutenção de lucro sobre os princípios ativos
patenteados. Dada a dificuldade intrínseca de desenvolver novos componentes farmacêuticos,
uma das estratégias adotadas foi a de fusões e aquisições entre empresas desse setor. Isso
permitia às empresas possuir vários laboratórios com linhas de pesquisa completamente
diferentes, admitindo comunicação e ajuda mútua entre os pesquisadores, além de propriedade
sobre princípios ativos de diversos tipos. Uma estratégia adotada para aumentar a rentabilidade
de fármacos patenteados foi a internacionalização, na qual as empresas de grande porte
entravam em mercados estrangeiros e estabeleciam redes de cooperação com firmas locais
mediante acordos de licenciamento e comercialização de seus produtos. Isso foi essencial no
desenvolvimento da indústria farmacêutica em países em desenvolvimento, como no Brasil
(VAZ, 2016).

No Brasil, essa indústria passou por diversas perspectivas ao longo dos anos. Esse setor
nasceu e se desenvolveu no final do século XIX com forte incentivo estatal. Este teve papel
crucial no estabelecimento das empresas pioneiras que posteriormente contribuíram para o
desenvolvimento de planos de saúde pública. Nos anos 50, houve a abertura do setor às
empresas de capital estrangeiro, o que provocou um cenário desfavorável às empresas nacionais
devido à nova concorrência. Nos anos 80, a economia brasileira predominantemente estagnada
e inflacionária regeu também o setor farmacêutico, e nos dias atuais ele enfrenta outros desafios
como o controle estatal dos preços e reforço dos monopólios causado pelas leis de patente
(ORTIZ, 2003).
20

Nos dias atuais, além das adversidades citadas, o setor farmacêutico brasileiro enfrenta
outros desafios, como a falta de políticas que permitam e fomentem o investimento do setor
privado nacional na produção de fármacos e medicamentos.

2.2. Características Estruturais da Indústria Farmacêutica

Conforme abordado por Queiroz (1993), a produção de medicamentos envolve diversos


estágios que englobam as atividades de concepção, produção, marketing e comercialização.
Para melhor entendimento, as atividades foram resumidas em quatro estágios, conforme a
Figura 1 abaixo.

Figura 1 - Diagrama esquemático dos Estágios da Produção de Medicamentos

1° - P&D de novos 2° - Produção de 3° - Produção de 4° - Marketing e


fármacos Fármacos Medicamentos Comercialização

Fonte: Elaborado pelos autores

2.2.1. Estágios da Produção de Medicamentos

1° Estágio - Pesquisa e desenvolvimento (P&D): este estágio é responsável pela


obtenção de novos fármacos. Fármaco, também denominado insumo farmacêutico ativo (IFA),
ou simplesmente princípio ativo, consiste no componente farmacologicamente ativo que será
empregado no medicamento (ANVISA, 2017a). Em suma, são as substâncias responsáveis pela
ação terapêutica para o tratamento, cura ou prevenção de doenças que afetam a saúde.

Para se destacar e sobrepor a concorrência, as grandes empresas influenciam ativamente


o processo de inovação tecnológica, investindo milhões na criação de nichos específicos e em
patentes. Como resultado, novos produtos são constantemente exigidos para atenderem
especificamente setores do mercado, com a incorporação de novas tecnologias.

A atividade de desenvolvimento de fármacos é dinâmica e possui um elo estreito com


outros setores tecnológicos. Além disso, o desenvolvimento de novas técnicas relacionadas à
dosagem, administração, absorção, integração a outros produtos e adequação às restrições
legais são essenciais para sobrevivência e inserção nesse mercado. Suas ferramentas e insumos
21

são normalmente provenientes de setores externos ao farmacêutico, consequentemente os


avanços em processos de cunho microeletrônico, bioquímicos e de engenharia química acabam
por impactar as atividades de P&D. Portanto, a inovação no setor farmacêutico depende da
contribuição e avanço decorrente de outros setores (RADAELLI, 2006).

Segundo Dimasi et al. (2003), a trajetória de desenvolvimento de um novo


medicamento, apesar de não ser fixa, pode ser descrita como um padrão e assume etapas de
caráter sistemático e linear, compreendendo desde a descoberta da substância até sua
transformação em novos medicamentos seguros e confiáveis. Como resultado, o primeiro
estágio será subdividido linearmente em três etapas.

1 ª Etapa: Pré-clínica. É constituída por outras duas fases: fase química e fase biológica.
A fase química tem a função de viabilizar a atividade terapêutica através da extração e
isolamento de moléculas naturais, químicas e biológicas através de técnicas de triagens como
Combinatorial Chemistry e High throughput Screening (triagem de alta produtividade).

Essas moléculas são então submetidas a fase biológica em que são realizadas novas
triagens in vitro, das quais as moléculas que apresentarem propriedades terapêuticas são
submetidas à uma nova etapa com testes in vivo, em busca dos efeitos farmacológicos,
toxicológicos, bioquímicos e microbiológicos (QUEIROZ, 1993).

2 ª Etapa: Clínica. É constituída por quatro fases sucessivas, porém algumas vezes
sobrepostas. Na fase 1 acontecem os primeiros testes em seres humanos, sadios, em que são
realizados os estudos farmacocinéticos1. A principal finalidade é de identificar os efeitos físicos
sofridos pelo organismo, desde a administração do medicamento até sua excreção.

Na fase 2 uma pequena amostra de voluntários portadores da patologia é utilizada e


monitorada por especialistas, com o intuído de identificar os fármacos aprovados nos critérios
de segurança e toxicidade com potencial terapêutico.

Na fase 3 aumenta-se o período de observação para os medicamentos aprovados nas


fases anteriores. Além disso, a eficácia do medicamento e risco-benefício do tratamento são
avaliados, e testes específicos são realizados para atendimento à burocracia local para obtenção
do registro de comercialização.

1
Parte da farmacologia que estuda o caminho que o medicamento faz no organismo sem se preocupar
com os efeitos do medicamento.
22

A fase 4, por sua vez, tem como objetivo monitorar o medicamento após sua inserção
no mercado, aumentando as informações sobre o efeito da droga, uma vez que agora é utilizado
uma amostra muito maior de pacientes (MARODIN & GOLDIM, 2009).

3 ª Etapa: Galênica. Nesta etapa, nomeada em homenagem a Cláudio Galeno, o pai da


farmácia, as características das substâncias em termos de pureza, composição, estabilidade são
analisadas a fim de obter as especificações de produção e normas de controle de qualidade. Esta
etapa acontece simultaneamente com a etapa clínica. (QUEIROZ, 1993).

Segundo Kaitin & DiMasi (2011), as atividades atribuídas ao estágio da produção de


um novo medicamento são essencialmente mais complexas, demoradas e mais custosas quando
comparadas com as de outros estágios, uma vez que, exigem tecnologia, processos e mão de
obra mais qualificados. Os principais obstáculos enfrentados pelas empresas neste estágio
consistem no aumento constante das exigências dos órgãos reguladores, a grande
competitividade do mercado e o seu elevado custo.

De acordo com Vieira & Ohayon (2006) os novos medicamentos levam cerca de 5 a 12
anos para serem comercializados. Outro dado importante é evidenciado pelo estudo da PhRMA
(2016), nos EUA menos de 12% dos medicamentos que passam pela primeira fase da etapa
clinica chegam a ser aprovados pelo órgão regulatório FDA (Food and Drug Administration).

A etapa clínica é a mais demorada e custosa, chegando a representar mais da metade


dos custos totais do desenvolvimento de novos medicamentos e gastos em P&D de
medicamentos no mundo. Em suma, as etapas de P&D exigem conhecimentos técnicos
específicos, altos investimentos e altos riscos, uma vez que poucos fármacos resultarão em
medicamentos de sucesso (PRADO, 2008).

A Figura 2 apresenta a evolução dos gastos no desenvolvimento de um novo


medicamento aprovado (incluindo os custos com os produtos não aprovados). No estudo
realizado por DiMasi et al. (2016), fica evidenciado que esse custo, dos anos 2000 até o início
da década de 2010, apresentou um aumento acima de 14 vezes quando comparado ao mesmo
custo da década de 1970. Esse aumento pode ser atrelado ao incremento de complexidade dos
testes clínicos, crescente foco no tratamento de doenças crônicas e degenerativas e alta taxa de
falha na fase pré-clínica.
23

Figura 2: Custo Médio para Desenvolvimento de um Medicamento Aprovado

$3,0
$2,6B
$2,5

$2,0
Bilhões (US$ de 2013)

$1,5
$1,0B
$1,0

$413M
$0,5
$179M

$0,0
Década de 1970 Década de 1980 Década de 1990 - Anos 2000 até
Início dos anos inicio da Década
2000 de 2010

Fonte: Adaptado de PhRMA (2016), apud DiMasi et al. (2016)

2° Estágio – Produção de Fármacos: neste estágio, através de laboratórios e da criação


de uma planta piloto, inicia-se o desenvolvimento do processo de produção do fármaco. Com o
intuito de obter maior eficiência do processo e rentabilidade econômica, se torna necessária a
sinergia integrando o trabalho de químicos, farmacêuticos e engenheiros. Como consequência
deste estágio, os parâmetros ótimos de operação e o projeto de engenharia são definidos.

Queiroz (1993) relata que a importância da escala de produção se torna maior apenas
nos casos de fármacos cuja difusão está bastante avançada, uma vez que os custos são
garantidos pelas patentes obtidas. Dessa forma, observa-se que as empresas que utilizam plantas
multi-propósito para produção de seus fármacos, têm a tendência de ter uma produção mais
enxuta.

De acordo com os dados da Associação Brasileira de Química Fina (ABIFINA, 2008


apud RODRIGUES, 2009), cerca de 82% dos princípios ativos consumidos na indústria
farmacêutica brasileira são importados. Apesar do crescimento da indústria farmacêutica
nacional nos anos 90, não houve aumento significativo neste estágio da produção de
medicamentos, evidenciando a dependência externa.

3° Estágio – Produção de Medicamentos: neste estágio os princípios ativos recebem a


adição de excipientes que os tornam medicamentos. Neste processo, é determinada a
24

especialidade farmacêutica do medicamento, apresentando-o na forma de ampola, cápsula,


comprimido, pomada, injetável, xarope ou drágea.

Comparativamente, este estágio possui menor exigência de investimento do que os


estágios anteriores, em virtude de o nível tecnológico exigido nos processos ser menor. As
inovações neste estágio, surgem do aperfeiçoamento de equipamentos especializados, de
embalagens e das associações de fármacos para a melhoria dos medicamentos já existentes
(PINTO, 2014).

Os equipamentos utilizados nos processos de produção de fármacos podem operar tanto


em modo contínuo como em batelada, entretanto este último representa cerca de 90 por cento
de todos os processos do setor. Além disso, o conjunto de equipamentos utilizados na produção
em batelada pode ser dedicada para a produção de um único produto ou para a produção não-
dedicada.

Desta forma, os equipamentos para a produção não dedicada apresentam equipamentos


de fácil movimentação, tubulação flexível e relativamente fáceis a se adequarem às flutuações
da demanda do mercado (USEPA, 1997).

Outro ponto a salientar é o crescente interesse na mudança do modelo de produção em


batelada, tradicionalmente usado na indústria farmacêutica, para o modelo de produção
contínua. Até agora, grandes empresas do setor fizeram grandes investimentos em programas
de pesquisa de tecnologia e equipamentos necessários para a produção com base nesse novo
modelo (PAPADAKIS, 2016).

4° Estágio – Marketing e Comercialização: neste estágio verifica-se a particularidade


quanto a propaganda e aos meios de comercialização dos medicamentos. O setor farmacêutico
adota estratégias de marketing e de mercado baseadas no segmento terapêutico de cada produto.
Recursos e técnicas especializadas são aplicadas, diferenciando os medicamentos dos outros
produtos de consumo em geral.

Para cada tipo de medicamento existe um meio de oferecê-lo, sendo preciso conhecer
os agentes envolvidos, que podem ser a farmácia, o médico, o representante do laboratório ou
o próprio paciente, a fim de determinar o melhor aliado no investimento (MOORI et al., 2011).

Para melhor entendermos a estrutura e as características mercadológicas da indústria


farmacêutica, é preciso conhecer os seus distintos segmentos, evidenciados na Figura 3.
25

Figura 3: Diagrama esquemático da Tipologia dos Medicamentos

Medicamentos

OTC
Genéricos Bonificados Éticos
Over the Counter

Inovadores Me too Similar

Fonte: Elaborado pelos Autores.

OTC (Over the Counter): conhecidos internacionalmente como produtos Over-the-


Counter (sobre o balcão) e no Brasil como “medicamentos isentos de prescrição” ou
“medicamentos anódinos”, esse segmento é caracterizado pelos medicamentos que são
vendidos livremente pelo farmacêutico, uma vez que não há necessidade de apresentar receita
médica no ato da compra. Estes medicamentos são constituídos principalmente de antiácidos,
analgésicos e poli vitamínicos, e normalmente tem objetivo de tratar sintomas e males de menor
gravidade (NETO et al., 2006).

De acordo com Moori et al. (2011), nesse segmento são adotadas as estratégias de
marketing tradicional ou de comunicação de massa, visto que a orientação publicitária é
direcionada ao consumidor final, o paciente. Adota-se a veiculação através da televisão, rádio,
periódicos e podem ser obtidos em farmácias, supermercados, postos de gasolinas, entre outros.

Genéricos: nesse segmento estão presentes os medicamentos que possuem


bioequivalência e/ou equivalência farmacêutica à um medicamento de referência ou inovador.
Ou seja, é necessário que o genérico possua o mesmo princípio ativo, forma farmacêutica,
dosagem e a mesma indicação terapêutica a fim de garantir a sua intercambiabilidade. Para a
produção dos genéricos, é necessário que o medicamento de referência tenha perdido sua
patente, por expiração, renúncia da proteção patentearia ou perda de direitos de exclusividade.

Segundo a ANVISA (2017b):


26

O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo princípio ativo, na


mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma
posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência. O medicamento
genérico apresenta eficácia e segurança equivalentes à do medicamento de referência
podendo, com este, ser intercambiável.

Os medicamentos genéricos são cópias fiéis de medicamentos de referência já


consolidados no mercado. Como resultado, são comercializados pelo nome do princípio ativo
e possuem embalagens especificas, regulamentadas e fiscalizadas pelo governo. As empresas
que atuam nesse segmento, tendem a concentrar suas atividades no terceiro e quarto estágios,
uma vez que não há necessidade de os medicamentos passarem pelas custosas etapas pré-
clínicas e clínica novamente. Em suma, os medicamentos genéricos tendem a ser mais baratos
que os de referência, evidenciando o seu objetivo, que é de se tornarem mais acessíveis à
população (HASENCLEVER, 2004 apud SILVA, 2013).

Bonificados: à essa classe, pertencem os medicamentos com princípios ativos e


concentrações similares aos medicamentos de referência, entretanto não há sempre a garantia
de bioequivalência. Além disso, são chamados de bonificados, pelo fato das farmácias
receberem benefícios e bonificações dos laboratórios por unidades vendidas. Assim, observa-
se uma estratégia de marketing e vendas que se baseia no estreitamento das relações entre os
distribuidores e as farmácias, estimulando a recomendação ao consumidor desse segmento por
parte dos balconistas e farmacêuticos (FRENKEL, 2001 apud PINTO 2014).

Éticos: esse segmento é composto dos medicamentos que são vendidos


impreterivelmente diante da apresentação da receita médica. É o segmento maios importante e
o mais rentável da indústria farmacêutica. Esse segmento de medicamento geralmente é
dominado pelas grandes empresas multinacionais, que são fortemente verticalizadas e
internacionalizadas, atuando nas quatro etapas mencionadas da produção de um medicamento.
Esses produtos normalmente são divididos em três classes: a inovadora, a Me too e a similar.

i. Medicamento Inovador

Os medicamentos inovadores correspondem aos medicamentos cujo desenvolvimento é


pioneiro, de tal forma que possa apresentar a descoberta de uma nova entidade molecular, um
novo processo produtivo e um novo segmento terapêutico. De fato, são inovadores em termos
de produto e mercado, e geralmente são protegidos por patentes (FRENKEL, 2001 apud PINTO
2014).
27

ii. Medicamento Me Too

Essa classe é composta por medicamentos que possuem a mesma finalidade que a do
medicamento inovador, ou seja, mesma classe terapêutica, contudo se diferem na composição
química do princípio ativo. Essas mudanças químicas normalmente buscam acelerar o processo
farmacocinético, reduzir os efeitos colaterais ou simplesmente apresentar diferença na
composição para que o novo medicamento seja patenteado. Diferentemente dos genéricos, os
medicamentos me too não são cópias fiéis dos medicamentos inovadores, portanto são passiveis
de serem patenteados (MARODIN & GOLDIM, 2009).

Segundo Baxendale et al (2007) com a crescente dificuldade de descoberta de novos


fármacos e gastos com pesquisa e desenvolvimento, cada vez mais as empresas farmacêuticas
estão direcionando as suas atividades para a reformulação de medicamentos já consolidados no
mercado. Essas empresas buscam adquirir fatias do mercado de suas concorrentes, ao se verem
retardatárias no processo de inovação.

De acordo com Gava e colaboradores (2010), na maioria das vezes, os medicamentos


dessa classe são anunciados pelos seus fabricantes como medicamentos novos, apesar de não
agregarem ganho terapêutico ao tratamento quando comparados aos medicamentos de
referência. Como resultado, muitos médicos e pacientes são levados a utilizar esses
medicamentos. Gava et al. (2010) acrescentam em seu estudo o posicionamento da ANVISA
quanto ao registro de novos medicamentos referentes a essa classe, em que a mesma expõe que
apesar dos riscos desnecessários que a população é exposta com a inserção desses novos
medicamentos, sem ganhos terapêuticos, não pode negar o registro.

iii. Medicamento Similar

A classe dos similares representa os medicamentos que reproduzem a fórmula dos


produtos que perderam ou expiraram sua patente. Os medicamentos similares, apesar de
possuírem apresentação, concentração e princípios ativos semelhantes, mas não iguais aos
medicamentos inovadores, não possuem a eficácia e nem a concentração do fármaco
comprovada como no caso dos produtos bonificados. Entretanto apresentam a mesma
capacidade de tratamento da patologia e são submetidos ao mesmo processo comercial. As
empresas produtoras de medicamentos similares tomam como referência os preços
estabelecidos pelos medicamentos inovadores, fazendo com que o preço fique variando até o
seu máximo, igualando-se ao medicamento de referência. Além disso, as produtoras de
28

similares, por não terem arcado com os gastos de pesquisa e desenvolvimento, acabam muitas
vezes por baixar o preço desses medicamentos, a fim de ganhar vantagem no mercado comercial
(FRENKEL, 2001 apud PINTO 2014).

2.2.2. Cadeia de Suprimentos

Associado aos meios de comercialização dos medicamentos, a Cadeia de Suprimentos


do setor farmacêutico é essencial para a compreensão do setor e sua gestão ambiental. A Cadeia
de Suprimentos possui alta complexidade devido à quantidade de agentes envolvidos e seus
diferentes papéis, que vão desde a P&D, passando pela produção e comercialização, até o
consumo e pós-consumo dos medicamentos. A mesma se inicia com os fornecedores de
matéria-prima e materiais de embalagem indo até o consumidor final ou paciente, passando
pelos fabricantes, representados pelas indústrias farmacêuticas, que podem entregar os
medicamentos diretamente às farmácias ou de forma indireta através de distribuidoras, meio
mais comum. A Figura 4 abaixo ilustra a cadeia de suprimento do setor farmacêutico.

Figura 4: Diagrama esquemático da Cadeia de Suprimento do Setor


Farmacêutico

Redes de
Farmácias e Consumidor Final
Fornecedores de Drogarias
Indústria
MPs e Materiais Distribuidor
Farmacêutica
de Embalagem Hospitais
públicos e Paciente
privados

Fonte: Adaptado de Fortuna & Mesquita (2003).

Dentre os agentes cruciais no funcionamento da cadeia de suprimento do setor


farmacêutico estão as secretarias públicas de saúde, de nível municipal e estadual, os centros
de saúde e hospitais. Estes representam o segmento institucional, em contrapartida das
farmácias e drogarias. Os próprios fabricantes ou as empresas de distribuição são responsáveis
por encaminhar os produtos aos depósitos destas instituições ou os alocam diretamente nas lojas
e estabelecimentos. O encaminhamento e comercialização dos produtos pelas distribuidoras
29

movimenta cerca de 87% do volume total do mercado, enquanto o restante é diretamente


negociado com as instituições e estabelecimentos listados acima.

Outro agente crucial na cadeia de suprimento do setor farmacêutico brasileiro é o


fornecedor. O fornecimento é composto por empresas de química fina, produtoras de princípios
ativos, majoritariamente localizadas no exterior. A fabricação desses insumos acontece em
laboratórios farmacêuticos ou, em alguns casos, em plantas industriais subcontratadas, providas
de maior capacidade, que produzem parte ou todo o produto (FORTUNA & MESQUITA,
2003).

2.3. Panorama do Mercado Farmacêutico

Neste tópico serão abordados a situação atual e as peculiaridades do mercado


farmacêutico internacional e nacional, incluindo suas perspectivas de crescimento, dados sobre
vendas e principais participantes no mercado.

2.3.1. O Mercado Farmacêutico Mundial

O mercado farmacêutico mundial vem crescendo nos últimos anos, e a tendência é que
esse comportamento se perpetue. A Figura 5 a seguir mostra o total mundial de vendas de
medicamentos com prescrição desde 2008, com previsões até 2022, evidenciando a tendência
de crescimento deste setor.

Figura 5 - Total Mundial de Vendas de Medicamentos com Prescrição (2008 -


2022)

Fonte: Adaptado de EvaluatePharma® (2016) 2

Medicamento Órfão: termo usado para designar medicamento que se mostrem eficazes no tratamento
2

ou diagnóstico de doenças raras (incidência menor que 5:10.000), cuja dispensação atende a casos específicos
(ANVISA, 2006).
30

Segundo a Anvisa (2017c), “o mercado de medicamentos, nacional e internacional, é


caracterizado pela presença de bens credenciais3, baixa elasticidade da demanda, barreiras à
entrada de novos concorrentes e forte assimetria de informações, entre outras falhas de
mercado”.

Assim, uma estratégia comum adotada pelos países é o estímulo ao acesso de


medicamentos via política de genéricos, à inovação farmacêutica e à concorrência.

As empresas americanas e as europeias controlam o mercado farmacêutico mundial


desde seu surgimento. Nos últimos anos, esse processo tem se acentuado, porém já existem
estudos que apontam uma tendência de diminuição no domínio de mercado.

De acordo com Pinto (2014), isso está possivelmente associado à expansão das empresas
de países em desenvolvimento, como Índia e China, no setor de genéricos mundial.

Conforme podemos observar na Figura 6 e na Figura 7, a seguir, que representam a


porção do mercado dominada pelas 10 maiores empresas (Top 10) do setor nos anos de 2015 e
uma estimativa dessa situação em 2022, observa-se que existe a possibilidade de queda da
participação do mercado das Top 10 empresas farmacêuticas de 42% para 36% de participação.

2.3.2. O Mercado Farmacêutico Brasileiro

O setor farmacêutico no Brasil vem crescendo muito nos últimos anos, como é possível
ver na Figura 8, que representa as vendas no setor farmacêutico brasileiro nos últimos anos.

Além disso, em 2011 o país ocupava o décimo lugar no ranking dos maiores mercados
mundiais e em 2016 chegou à oitava posição ultrapassando grandes economias, como a do
Canadá.

A escalada no ranking dos mercados mundiais e uma tendência observada estão


demonstradas na Figura 9.

3
Bens Credenciais: termo usado para designar um bem de consumo cuja qualidade o consumidor não tem
capacidade de avaliar, mesmo após a aquisição.
31

Figura 6 – Participação do Mercado das Top 10 empresas farmacêuticas em 2015


Roche Novartis
5% 6% Pfizer Sanofi
5%
6%
Johnson &
Johnson
4%
Merck & Co
5%
GlaxoSmithKline
Outras 4%
58% AbbVie
3%
Allergan
AstraZeneca 2%
3%

Fonte: Adaptado de EvaluatePharma® (2016).

Figura 7 – Participação do Mercado das Top 10 empresas farmacêuticas em 2022


Roche Novartis Pfizer Sanofi Johnson &
5% 5% 4% 4% Johnson
3%
Merck & Co
3%
GlaxoSmithKline
AbbVie 3%
3%
Outras Allergan
64% AstraZeneca 3%
3%

Fonte: Adaptado de EvaluatePharma® (2016).

Figura 8 – Vendas no Mercado Farmacêutico Brasileiro entre 2009 e 2016

Fonte: Adaptado de SINDUSFARMA (2016).


32

Figura 9 - Histórico e previsão da ascensão do Brasil no ranking de mercados mundiais


entre 2011 e 2021

Fonte: Adaptado de SINDUSFARMA (2016).

A boa perspectiva de crescimento do setor pode ser atribuída a alguns fatores, como o
aumento de poder aquisitivo da população brasileira e o aumento da longevidade dos
brasileiros. Isso foi evidenciado pelo IBGE (2011) no Censo 2010, no qual os dados
demonstravam aumento da renda da classe média e, pela primeira vez, uma população com
mais idosos do que crianças.

Atualmente, o setor industrial farmacêutico nacional possui uma dinâmica peculiar de


participação estrangeira. O setor é constituído por aproximadamente 369 empresas, sendo 17%
delas de capital estrangeiro e 83% de capital nacional. Concentram-se em sua grande maioria
na região sudeste, gerando algo em torno de 50.000 empregos diretos e 250.000 indiretos.
(ABIFARMA, 2000 apud ORTIZ, 2003).

Além disso, as empresas nacionais vendem mais unidades que as empresas estrangeiras,
como comprovado na Figura 10 abaixo:
33

Figura 10 – Participação Percentual nas vendas unitárias de medicamentos por


empresas nacionais e estrangeira

Fonte: Adaptado de SINDUSFARMA (2016).

Porém, as empresas estrangeiras possuem faturamento maior e provocam uma inversão


no balanço comercial do setor. Segundo Costa et al. (2008a), no ano de 2008, constatou-se que,
pelo menos, 80% dos insumos farmacêuticos provinham do exterior. Deste modo, inferimos
que há uma relação entre a produção de medicamentos e a importação de insumos farmacêuticos
no Brasil, explicando, assim, o aumento da dependência externa da indústria farmacêutica
brasileira. Em 2016, essa dependência foi evidenciada pelo saldo comercial do setor
farmacêutico, como está representado na Figura 11 a seguir:

Figura 11 – Balança Comercial Brasileira em 2016

Fonte: Adaptado de SINDUSFARMA (2016).


34

O domínio de empresas estrangeiras sobre a fabricação da maioria dos princípios ativos,


como evidenciado pela importação significativa dos mesmos, é reforçado pelo alto faturamento
obtido com a venda desses. Por exemplo, o Trastuzumabe, cuja patente pertence à Roche, é
usado para combater câncer de mama e câncer gástrico avançado, e foi o princípio ativo mais
rentável no Brasil em 2015 (ANVISA, 2017c). Os princípios ativos mais rentáveis no ano de
2015 estão dispostos no Quadro 1 a seguir:

Quadro 1 – Os 10 princípios ativos mais comercializados no Brasil em 2015

Fonte: Adaptado de ANVISA (2017c).

Dessa forma, os dados e perspectivas discutidos sobre o setor farmacêutico, de maneira


geral, evidenciam um mercado crescente e estável que desempenha um papel crucial na
sociedade a nível nacional e global, o que reforça a importância do estudo feito nesse trabalho.
35

CAPÍTULO III – A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA E AS QUESTÕES AMBIENTAIS

3.1. Evolução da Preocupação Ambiental

A consciência do impacto causado pelo homem sobre o meio ambiente, apesar de


presente desde os primórdios, só passou a ser abordada em debates nos meados do século
passado, quando as primeiras marcas irreversíveis desse impacto se tornaram aparente para toda
a humanidade (CAVALCANTI, 1999 apud OLIVEIRA, 2008).

Historicamente, o senso de consciência ambiental ficou mais evidente na sociedade na


década de 1960, principalmente nos países desenvolvidos do ocidente. Segundo Lago (2009),
diversos fatores contribuíram para o surgimento de movimentos políticos verdes, entre eles o
engajamento da comunidade científica e de organizações não governamentais, com acusações
de alterações ambientais baseadas em estudos, e uma série de acidentes ambientais de
proporções catastróficas. Desses últimos, o caso de envenenamento por mercúrio de pescadores
e suas famílias de Minamata, Japão, é um exemplo de desastre ambiental que foi amplamente
noticiado e causou revolta pública pelas situações dramáticas retratadas.

Como resultado desse debate crescente, em 1972 foi realizada a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, que teve por objetivo conscientizar os
países sobre a importância da conservação ambiental como fator fundamental para a
manutenção da espécie humana. Este foi o primeiro grande encontro organizado pelas Nações
Unidas com o foco na questão ambiental e nela foram introduzidos conceitos e princípios que,
ao longo dos anos, se tornariam a base para a evolução das políticas na área ambiental
(SANTOS & ASSUNÇÃO, 2011).

Apesar da crescente preocupação com o meio ambiente, acidentes ambientais


continuaram acontecendo e suas consequências tomaram proporções que não podiam ser
subestimadas pelas instituições do governo e corporações. Na Índia, no ano 1984 em Bhopal, o
vazamento de 40 toneladas de isocianato de metila e outros gases tóxicos de uma fábrica de
agrotóxicos, de uma companhia estadunidense, causou a morte de um número alarmante de
inocentes. Esse acontecimento chocou o mundo e é conhecido até hoje como um dos piores
desastres químicos da história. Isto alavancou mudanças na legislação ambiental em muitos
países desenvolvidos, tornando as leis mais rigorosas, e o próprio setor industrial tomou a
36

iniciativa e desenvolveu nos anos seguintes códigos de conduta para políticas mais responsáveis
e éticas, como o programa Responsible Care (GREENPEACE, 2002).

Dentre as novas legislações e relatórios que surgiram posteriormente a esses eventos,


em 1987 foi divulgado o Relatório Brundtland, elaborando mais o debate ambiental e abrindo
caminho para a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. O
relatório foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que
era presidida pelo Primeiro Ministro da Noruega, Gro Brundtland. Nele, o conceito de
desenvolvimento sustentável foi introduzido, ideia essa que se tornou mundialmente conhecida
e foi o ponto de partida para vincular desenvolvimento com consciência ambiental. O
desenvolvimento sustentável foi definido como “aquele que atende às necessidades do presente
sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias
necessidades” (SANTOS & ASSUNÇÃO, 2011).

Em 1992, no Rio de Janeiro, foi presidida pela Nações Unidas a Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio 92. Nesse
evento, o conceito de desenvolvimento sustentável introduzido pelo Relatório Brundtland foi
reforçado e os danos causados ao meio ambiente foram apropriadamente responsabilizados aos
países desenvolvidos. Ao mesmo tempo, foi reconhecido que países em desenvolvimento
precisariam de suporte, tanto financeiro quanto tecnológico, para se desenvolverem de modo
sustentável. Esse evento também marcou a primeira vez que países em desenvolvimento se
posicionaram em assuntos ambientais de maneira mais estruturada e que países desenvolvidos
assumiram responsabilidades diferenciadas no cumprimento das metas e políticas ambientais
estabelecidas, como a Agenda 21 (LAGO, 2009).

De acordo com Santos & Assunção (2011),

A Agenda 21, uma das principais contribuições desta fase, apresenta recomendações
específicas para os diferentes níveis de atuação do internacional ao organizacional -
sindicatos, empresas, organizações não governamentais (ONGs), instituições de
ensino e pesquisa, etc. - sobre assentamentos humanos, erradicação da pobreza,
desertificação, água doce, oceanos, atmosfera, poluição e outras questões
socioambientais constantes em diversos relatórios, tratados, protocolos e outros
documentos elaborados durante décadas pela ONU e outras entidades globais e
regionais.

Dentre as políticas ambientais internacionais estabelecidas nos anos seguintes, o


Protocolo de Kyoto, aprovado em 1997, foi um grande marco ambiental. O documento
elaborado no evento organizado em Kyoto, no Japão, ratificava o comprometimento dos 20
37

países industrializados mais poluidores a reduzir seus níveis de emissão de Gases do Efeito
Estufa em 5,2%, em média, em relação aos níveis de emissão observados em 1990, no período
entre 2008 e 2012 (ROCHA, 2003 apud MENEGUELLO, 2007).

Assim, o aumento na complexidade do debate referente às questões ambientais ficou


clara em acordos políticos e negociações diplomáticas entre países, mas isso não foi convertido
em mais transparência para a população e participação ativa do setor privado. Porém, houve
uma mudança nesse cenário nas convenções seguintes.

O Encontro Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, também denominado Rio


+10, aconteceu em 2002 na cidade de Joanesburgo, África do Sul. Nele, representantes de
governos de mais de 150 países, grandes empresas, associações setoriais, ONGs, milhares de
pessoas, entre elas delegações e jornalistas do mundo inteiro, reuniram-se com o objetivo
principal de reavaliar as metas da Agenda 21, proposta no Rio 92. No entanto, o evento causou
frustração pelos poucos resultados práticos alcançados. O lado positivo foi encontrado na
presença do setor privado, que pela primeira vez estava profundamente engajado, com
participação de cerca de 200 multinacionais (SANTOS & ASSUNÇÃO, 2011).

Dessa forma, o crescimento no interesse das grandes empresas sobre o desenvolvimento


sustentável é evidente e indica a tendência de se incorporar uma filosofia responsável
economicamente e ambientalmente na gestão empresarial.

O conceito tradicional de recurso natural advém de uma concepção instrumental do


meio ambiente físico e biológico. Ou seja, configura tudo aquilo que possa ser utilizado para a
subsistência humana. Entretanto, o meio ambiente constitui condição da existência da vida,
desse modo, todos seus elementos devem ser considerados, mesmo aquilo que não é utilizado
para satisfazer o homem. De fato, o homem tem sua satisfação garantida através da conversão
de recursos e serviços naturais para a produção de bens e serviços. Como consequência dessa
produção e suas sobras, surgem os problemas ambientais (BARBIERI, 2007).

A sociedade está enfrentando um grande crescimento populacional com uma quantidade


finita de recursos e matérias primas. Isso foi inicialmente retratado no malthusianismo, uma
teoria demográfica que afirma que a população mundial cresce em progressão geométrica,
enquanto a produção de alimentos em progressão aritmética. Assim, a inovação é a chave para
o crescimento sustentável. Dessa forma, é inevitável observar o papel fundamental que um setor
38

inovador, como o da indústria farmacêutica, tem para o desenvolvimento sustentável, ou seja,


que garanta as necessidades da humanidade e a preservação das gerações futuras.

Segundo Valle (1995, apud Oliveira, 2008), a fim de prevenir os impactos ambientais
resultantes da produção e garantir a qualidade ambiental, é necessária uma integração de todos
os setores do processo produtivo, desde o setor responsável pelo desenvolvimento do produto,
do processo, até o gerenciamento da produção e dos resíduos.

Com esse intuito, o conceito de ecoeficiência surgiu como a conciliação do avanço


econômico e otimização do processo com a questão ambiental. Por definição, ecoeficiência é a
razão entre dois elementos: o impacto ambiental, que deve ser reduzido, e o valor agregado do
produto, que deve ser aumentado. Mesmo que, nesse contexto, seja analisada sobretudo a gestão
envolvida na produção, consumo e descarte do produto, a busca por avanços ambientais
acompanhados de aumento de valor agregado do produto foi um importante conceito que
expandiu a visão empresarial sobre os cuidados com o meio ambiente (HUPPES, 2005).

3.2. A Indústria Farmacêutica e suas fontes de poluição

Entende-se como poluição tudo aquilo que produz impactos indesejáveis ao meio
ambiente físico, biológico e social. O termo “poluição” corresponde ao ato ou efeito de poluir
enquanto que “poluente”, é o que polui. Os poluentes podem ser generalizados como sobras das
atividades humanas, o despejo de materiais e energia não aproveitados no meio ambiente. São
materiais ou energia que produzem algum tipo de problema indesejável devido a suas
características físico-químicas, às quantidades despejadas e à capacidade de assimilação no
meio ambiente (BARBIERI, 2007).

A fim de avaliar os impactos causados pela presença dos poluentes no meio ambiente,
é interessante que seja feita a diferenciação entre dois termos comumente utilizados:
contaminação e poluição. Quando há aumento das concentrações de um elemento em relação
às suas concentrações naturais, pode-se dizer que o ambiente está contaminado. Por sua vez,
considera-se um ambiente poluído quando as concentrações de determinado composto estão em
níveis tão elevados que afetam os componentes bióticos do ecossistema, comprometendo a sua
funcionalidade e sustentabilidade (STEFFEN, STEFFEN, ANTONIOLLI, 2011).

Nesse contexto, uma preocupação crescente na comunidade científica é em relação aos


“Poluentes Emergentes”. Estes poluentes, compostos químicos orgânicos utilizados na
fabricação de produtos de uso diário, compreendem produtos farmacêuticos e de higiene
39

pessoal, indicadores de atividade antrópica, subprodutos industriais, hormônios naturais e


drogas ilícitas (STUART et al., 2012).

Dentre os produtos citados, os fármacos merecem destaque. Devido aos recentes


avanços tecnológicos nas técnicas analíticas, a identificação destes compostos no meio
ambiente foi facilitada. Diversos estudos, como o de McClellan et al. (2010), revelam que a
presença destes compostos tem sido identificada em aguas superficiais, subterrâneas, potável e
também no solo, evidenciando um problema de dimensão global.

Apesar disso, pouco se sabe sobre os efeitos tóxicos da exposição ambiental aos
fármacos. Muitos deles são classificados como substâncias ou misturas exógenas que alteram a
função do sistema endócrino, como consequência, causam efeitos adversos em um organismo
saudável, ou em seus descendentes ou subpopulações (FENT et al., 2006).

Analogamente, considera-se que os fármacos sejam formulados com a finalidade de


estimular uma resposta fisiológica do organismo, dessa forma os riscos associados a esse tipo
de resíduo no meio ambiente se torna muitas vezes imprevisível. Adicionalmente, o impacto da
mistura de diversos fármacos no meio ambiente pode resultar em efeitos de toxicidade ainda
maiores do que os evidenciados por um único composto (ZHOU et al., 2009).

Segundo Kapanen & Itävaara (2001), a complexidade das relações entre os fármacos e
o meio ambiente, e o desconhecimento de parte dos constituintes das principais fontes de
poluição (resíduos gasosos, sólidos e líquidos), torna a avaliação do potencial tóxico desses
resíduos complexa. Além disso, destaca-se o fato dos ensaios de toxicidade disponíveis se
basearem no efeito de um único composto e em um único organismo, limitando os dados sobre
concentrações máximas no meio ambiente, principalmente o aquático.

O risco ao meio ambiente associado à poluição pelos medicamentos é resultado não


somente devido a sua ecotoxicidade aguda, mas também de sua genotoxicidade,
desenvolvimento de resistência bacteriana4 e perturbação endócrina (ROSAL et al., 2010).

Os compostos farmacêuticos apresentam diferentes composições físicas, químicas e


biológicas, além de variações de volumes gerados no processo produtivo e alta potencialidade
de toxicidade, evidenciando a relevância destes compostos em termos de impacto ambiental.
Dessa forma, nos diversos pontos de geração na mesma unidade de processamento, é

4
Resistência bacteriana: é a resistência de um microrganismo a um medicamento pelo o qual já foi
previamente sensibilizado.
40

recomendado que os resíduos sejam caracterizados, quantificados e tratados e/ou


acondicionados adequadamente antes da disposição final no meio ambiente (FENT et al.,
2006).

3.2.1. Categorização dos Processos Produtivos

Para tratar adequadamente os resíduos gerados pela indústria farmacêutica, se torna


necessário conhecer profundamente os processos desse setor. Segundo Almeida e
colaboradores (2004), existem em suma quatro tipos de processos produtivos comumente
utilizados na fabricação de medicamentos e eles são: (i) síntese química, (ii) fermentação, (iii)
extração e (iv) formulação. Dessa forma, os poluentes gerados em cada um dos processos
apresentam características e quantidade distintas, dependendo dos medicamentos produzidos,
tendo um caráter sazonal.

i. Síntese Química

Em resumo, o processo de síntese química consiste no processo de produção de


fármacos utilizando reações orgânicas e inorgânicas. Além disso, corresponde ao principal
processo de produção de ingredientes ativos. Geralmente, esses compostos são produzidos em
operações em batelada, onde reatores multipropósito constituem o principal equipamento na
linha de processo. Além das reações, operações de separação, recuperação do solvente e
purificação do produto também fazem parte deste processo. Dentre as operações de separação
pode-se citar a destilação, a extração liquido-liquido, a filtração e a separação por membrana
(JIMÉNEZ-GONZÁLEZ et al., 2011).

A fabricação de fármacos sintéticos consiste na utilização de um ou mais reatores para


realizar as várias operações passo-a-passo. Cada fármaco, normalmente, é fabricado por uma
campanha na qual uma ou mais unidades de processo são utilizadas por semanas ou meses para
satisfazer as demandas do mercado projetado. Durante a campanha de produção, operadores
e/ou sistemas de controle automáticos dosam os reagentes necessários e monitoram os
parâmetros de controle do processo (vazões, pH, temperatura, tempo), de acordo com
protocolos e com o Guia de Boas Práticas de Fabricação (BPF) para Indústrias Farmoquímicas,
instituído pela Portaria SVS no 15, de 04.04.199. Dessa forma, ao final da campanha de
produção desse produto, os equipamentos são higienizados e utilizados para a produção de um
medicamento diferente com matérias primas e formulações diferentes, e gerando resíduos
41

distintos. Os poluentes gerados na síntese química na indústria farmacêutica variam com


respeito à sua toxicidade e biodegradabilidade (USEPA, 1997).

A diversidade das substâncias utilizadas nos processos de síntese química faz com que
a caracterização das fontes de geração de resíduos e suas causas seja muito complexa. As
substâncias utilizadas incluem reagentes orgânicos, inorgânicos, catalisadores e solventes
previamente purificados, que são usualmente reciclados dentro do próprio processo. Os
solventes usados são geralmente recuperados por destilação, possibilitando perdas por
evaporação e a geração de resíduos como caudais da destilação. Virtualmente, cada etapa de
uma síntese orgânica gera um efluente que contém reagentes não convertidos, produtos
secundários da reação, e resíduo do produto remanescente no solvente utilizado como meio
reacional. Efluentes líquidos podem ser resultantes de solventes miscíveis, filtrados,
concentrados, limpeza de equipamentos, torres de lavagem de gases, derramamentos e
vazamentos. Dependendo da composição, carga orgânica, sólidos em suspensão, pH e
toxicidade dos efluentes líquidos, pode ser necessário um tratamento físico-químico e/ou
biológico antes do lançamento na rede coletora ou no corpo receptor (NETTO, 2002).

Figura 12 – Diagrama esquemático de um típico processo de Síntese Química

Fonte: Adaptado de USEPA (1997).


42

ii. Fermentação

Os antibióticos representam cerca de 17% dos medicamentos comercializados no Brasil.


A maioria dos antibióticos e esteróides são produzidos pelo processo de fermentação, e este
envolve basicamente três etapas: inoculação e preparação do meio de cultivo, fermentação, e
recuperação do produto. Convencionalmente, são processos em batelada de larga escala, no
qual é adicionada uma suspensão celular a um meio de cultivo e o processo transcorre, sem
adições de meio novo, nem retiradas de meio reacional durante o seu curso. Além disso,
operações de extração por solvente, precipitação direta e adsorção ou troca iônica são métodos
comumente utilizados para realizar a recuperação do produto.

O processo, como evidenciado na Figura 13, se inicia com a lavagem com água e
esterilização por vapor do vaso de fermentação. Em seguida, as matérias primas previamente
esterilizadas e tratadas são inseridas no fermentador, e com os microrganismos inoculados
inicia-se o metabolismo de fermentação. Durante a fermentação, o meio reacional geralmente
é agitado e aerado com ar estéril distribuído através de um borbulhador/difusor. Diversos
parâmetros dentre os quais o teor de oxigênio dissolvido, o pH e a temperatura são
criteriosamente monitorados ao longo do ciclo fermentativo. Após um período que pode variar
de 12 horas até uma semana, o fermentador é esvaziado e o fermentado passa por processo de
separação e posteriormente, purificação. Operações como extração com solvente, precipitação,
troca iônica e adsorção cromatográfica são geralmente utilizadas para processar o filtrado e
isolar o produto desejado. A purificação, por sua vez, é influenciada pela escala do processo,
valor do produto, grau de pureza e a forma final exigidos (ABRAHÃO-NETO, 2001).

Os processos fermentativos geram grandes quantidades de resíduos, tais como o meio


reacional aquoso e os resíduos sólidos constituídos por restos de células mortas. O meio aquoso
contém elevada carga orgânica decorrente de matérias-primas não consumidas, como por
exemplo caldo de cereais e melaço. Em geral, cloreto de metileno ou acetato de butila são
utilizados na extração com solvente, no qual se faz uma partição líquido-líquido do filtrado
aquoso com o solvente orgânico apropriado. O produto recuperado na fase orgânica é,
posteriormente, re-extraído, precipitado ou cristalizado. Já as operações de filtração resultam
em grande quantidade de sólidos constituídos por resíduos de células, agente auxiliar de
filtração e algum produto residual. Após a recuperação do produto, o filtrado é descarregado
como efluente, para o qual também contribuem as criteriosas operações de lavagem e
43

descontaminação das instalações (tanques, linhas, válvulas, difusores de ar, filtros) (BAILEY
& OLLIS, 1977 apud NETTO, 2002).

Figura 13 – Diagrama esquemático de um típico processo de Fermentação

Fonte: Pereira Jr et al. (2008)

iii. Extração

Muitos fármacos utilizados nos medicamentos derivam de fontes naturais como raízes
e folhas de plantas, glândulas animais e fungos parasitas. Esses produtos possuem diversas
aplicações farmacológicas e variam desde tranquilizantes até a insulina e morfina. Apesar das
inúmeras aplicações desses compostos, muitos deles são complexos demais para serem
sintetizados comercialmente, e, portanto, a extração é a alternativa utilizada para a obtenção e
produção destes princípios ativos.

Em suma, os processos de extração consistem em uma série de operações nas quais se


processa uma grande quantidade de material de origem natural ou biológica contendo o
44

princípio ativo desejado. Caracteristicamente, a quantidade de produto final formado é muito


pequena em relação às quantidades de matéria-prima processadas. Dessa forma, a cada passo,
o volume de material processado é reduzido significativamente. Além disso, métodos
convencionais de produção em batelada e continua não se aplicam nestes processos, sendo
assim, é adotada uma linha de produção em batelada de pequena escala (USEPA, 1997).

Operações de moagem, extração sólido-líquido, filtração, concentração, precipitação,


eventual emprego de agentes precipitantes, quelantes, partição líquido-líquido, geralmente
compreendem as operações para o isolamento e a fase de purificação do princípio ativo.
Comumente, utiliza-se solventes tais como cetonas, álcoois, hidrocarbonetos clorados, não
clorados e água. Álcalis e ácidos são também comumente empregados em ajustes e controles
de pH. Dentre os resíduos gerados, destacam se a matéria prima vegetal esgotada, solventes
hidrossolúveis, vapores de solventes, borras de filtros e efluentes líquidos (NETTO, 2002).

iv. Formulação

Em geral, a substância ativa, produzida nos processos anteriormente descritos, é


associada aos excipientes no processo de formulação, com o objetivo de obter os medicamentos
na sua forma de dosagem final. Os excipientes são ingredientes inativos, ou seja, são
substâncias destituídas de poder terapêutico, usadas para assegurar a estabilidade e as
propriedades físico-químicas e organolépticas dos produtos farmacêuticos. Dessa forma, a
formulação constitui ferramenta básica e essencial para transformação da substância ativa no
medicamento propriamente dito (BALBANI, 2006).

O processo de formulação é constituído de diversas etapas tais como: mistura,


granulação, secagem, moagem, compressão e revestimento, como pode-se observar no esquema
apresentado na Figura 14.
45

Figura 14 – Diagrama esquemático de um típico processo de Formulação de


Comprimidos

Princípio Ativo + Excipientes

Alimentação Mistura Granulação Secagem Moagem Compressão Revestimento

Produto final

Fonte: Adaptado de Gernaey et al. (2012).

Com o intuito de obter o medicamento na sua dosagem final, diferentes tipos de


aglutinantes, agentes aromatizantes, conservantes e antioxidantes são adicionados durante o
processo. Em geral, essa planta de processo é comum a quase todos os processos de fabricação
de medicamentos. Além disso, esses processos podem ser descontínuos, ou seja, em batelada,
contínuos ou uma combinação deles dependendo do volume de produção e o valor do produto.

A Tabela 1 a seguir resume as principais formas de apresentação de medicamentos,


juntamente de seus constituintes, propriedades e usos.

3.2.2. Principais Fontes de Impactos Ambientais

As legislações criadas para controlar e combater a poluição geralmente são


fragmentadas quanto ao seu meio receptor. Como resultado, temos uma repartição do meio
ambiente em ar, água e solo. Além disso, dentre os principais aspectos e impactos ambientais
em uma indústria citam-se: ar, água, energia e resíduos (sólidos e líquidos).

Define-se que toda matéria e substância no estado sólido, líquido ou gasoso, poluente
ou potencialmente poluente, subprodutos não aproveitados de origem industrial, e rejeitos que
são descartados sob forma de efluentes líquidos, emissão de resíduos gasosos ou resíduos
sólidos e semissólidos devem ser tratados, estocados ou depositados adequadamente.

Nesse contexto, devido ao grande desafio das indústrias do setor farmacêutico no


controle e prevenção ambiental, as principais fontes de impactos ambientais nesse trabalho
serão segregadas em resíduos gasosos, resíduos sólidos e efluentes líquidos.
46

3.2.2.1. Resíduos Gasosos

Resíduos gasosos podem ser entendidos como gases ou partículas que alteram a
composição do ar atmosférico, consequentemente, podendo danificar materiais e ocasionar
prejuízos ao meio ambiente. Esses poluentes podem ser primários, liberados da fonte para a
atmosfera, ou secundários, formados por reações químicas entre constituintes naturais da
atmosfera e poluentes primários (PARTER, 1978 apud PIRES, 2005).

Desse modo, os resíduos gasosos da indústria farmacêutica são os compostos poluentes


que atingem a atmosfera por meio das correntes de ar que são liberadas pelas plantas industriais
desse setor. O impacto da poluição causada por estas substâncias varia, possuindo
consequências diretas e indiretas à saúde humana e ao meio ambiente.

Por exemplo, o diclorometano, tido como cancerígeno em potencial, e os SOx e NOx,


gases do efeito estufa, estão presentes nas emissões de maneira significativa.

O controle da poluição atmosférica consiste principalmente na redução das emissões de


poluentes primários para a atmosfera por serem estes causadores originais de efeitos adversos
e os precursores dos poluentes secundários formados a partir de reações químicas.

No que tange o aspecto legal, a gestão da poluição do ar em nível estadual é norteada


por instrumentos capazes de regular a implantação e operação de atividades geradoras de
efluentes gasosos. No caso do Rio de Janeiro, a FEEMA iniciou na década de 1970 a formulação
de sua base legal no controle industrial. A Tabela 2, a seguir, resume os principais instrumentos
reguladores quanto à poluição atmosférica para fontes fixas, em nível federal e estadual.

A legislação pertinente ao ambiente atmosférico incorre em defasagens, acompanhando


a tendência em nível nacional, no estabelecimento de padrões de qualidade: padrões de
qualidade do ar e padrões de emissão. Os primeiros não contemplam os poluentes na sua
totalidade, não havendo padrões para os óxidos de nitrogênio e nem referência às emissões de
hidrocarbonetos. Os padrões de emissão existentes estão restritos às fontes de combustão
externa que utilizam óleo combustível e óleo diesel, não havendo referência ao gás natural. No
que se refere ao licenciamento e ao estudo de impacto ambiental de atividades potencialmente
poluidoras, observam-se lacunas na abordagem apresentada por não considerarem os impactos
sinérgicos ou cumulativos, além de não haver o enquadramento destes impactos na devida
escala de abrangência (PIRES, 2005).
47

Tabela 1 – Formas farmacêuticas de apresentação de medicamentos, constituintes e


usos.

Forma farmacêutica Constituintes / Propriedades Usos


Soluções Água, substâncias químicas Interno ou externo, aditivos
de formulação
Xaropes Adoçante, solvente, princípio ativo Flavorizante, medicinal
Elixires Solução hidroalcoólica adoçada, pode Flavorizante, medicinal
ser medicamentosa
Essências Álcool, água, substâncias voláteis Flavorizante, medicinal
Tinturas Produtos naturais, extraídos com Externo ou interno
solvente apropriado
Colódios Piroxilina em éter, princípio ativo (óleo Externo p/calos e joanetes
de rícino,cânfora)
Linimentos Soluções aquosas ou oleosas, Externo, com fricção
suspensões
Mucilagens Soluções poliméricas coloidais Adjuvante de formulação
Soluções
líquidas Solução parenteral Estéril, livre de pirogênio, isotônica, Injeção intravenosa,
pH do sangue, suspensão aquosa ou intramuscular, subcutânea
oleosa
Solução oftálmica Estéril, isotônico, pH da lágrima, Tratamento oftalmológico
espessante
Solução nasal Aquoso, isotônico, pH do fluido nasal, Tratamento via nasal
spray ou gotas
Otológico Glicerina Tratamento do ouvido
Enxaguatórios Aquosa, antisséptica Controle bacteriano de curto
bucais e produtos prazo, refrescante
para gargarejo
Inalantes Administrado com auxílio de Tratamento da traquéia e
dispositivos mecânicos brônquios
Enemas e duchas Solução ou suspensão aquosa, pode ser Irrigação de cavidades
medicamentosa
Emulsões, loções Óleo em água, ou água em óleo Oral, externo ou injeção

Suspensões
/ Dispersões
Gel, geléia Dispersões coloidais viscosas Externo ou interno (oral)
Líquidas
Dispersões, Dispensação por atomizadores, Externo ou interno
soluções gasosas nebulizadores, inaladores
Pomadas Hidrocarbonetos oleosos, bases Externo
absortivas hidrofílicas, emulsificantes,
glicóis, princípio ativo
Dispersões
semissólidas Pastas e ceratos Pomadas com ceras ou sólidos Externo
e plásticas altamente dispersos
Supositórios Óleo de teobroma, gelatina glicerinada, Inserção na cavidade anal
ou polietilenoglicol mais o princípio
ativo
Granel Pó a ser dissolvido ou misturado com Externo ou interno
Sólidos
água
48

Pó efervescente À base de ingredientes que liberam Oral


CO2
Talco Contém também absorventes Tratamento de pele
Pós liofilizados Produtos instáveis, que são Diversos, inclusive injetável
reconstituídos antes do uso e oral
Cápsulas Pequenas doses de pós inseridos em Interno
cápsula de gelatina
Pastilhas Composição com glicero-gelatina Dissolução lenta na boca
Grânulos Tamanho de partícula maior que os pós Oral
Comprimidos Grande variedade de formas e Oral
formulações
Pílulas de Ação prolongada Implantação subcutânea
implantação
Comprimidos Revestimento protetor; liberação Oral
revestidos prolongada
Fonte: Adaptado de Zanowiak (1982, apud Netto, 2002).

Estabelecidos os malefícios que poluentes gasosos causam e a obrigatoriedade ética e


legal de processá-los, cada categoria de processos presente na produção farmacêutica é
analisada para identificar e reduzir a emissão de poluentes gasosos. As seguintes passagens são
baseadas no trabalho feito por USEPA (1997), no qual foram abordadas as quatro principais
categorias de produção, considerando as operações unitárias com equipamentos que apresentam
saídas de ar lançado diretamente na atmosfera.

A categoria de síntese química representa a maioria dos processos do setor farmacêutico,


e consequentemente é responsável por grande parte da emissão de poluentes gasosos tóxicos.
Os poluentes predominantemente liberados por essa categoria são o diclorometano, tolueno e
metanol.

Na categoria de formulação, a atividade com maior fonte de emissões é o revestimento


dos comprimidos. Comprimidos são produzidos utilizando-se uma máquina de compressão ao
misturar princípios ativos com substâncias aglutinantes e outros excipientes. Neste caso, a
função da substância excipiente é de diluir o princípio ativo para alcançar uma concentração
ideal, e a substância aglutinante une todos os componentes do comprimido. Posteriormente, os
comprimidos são revestidos com um material, sendo este uma mistura baseada em água ou
outro solvente. Logo, a emissão de poluentes ocorre no revestimento de comprimidos com
solvente poluentes, que são suspensos no ar ao passar pela fase de secagem dos comprimidos,
na qual esses são ventilados com ar quente.
49

Tabela 2 – Instrumentos Legais para Controle da Poluição Atmosférica

Nível Documento Medida


Federal Portaria Minter 0231, 27/04/76. Estabelece padrões de qualidade do ar.
Federal Lei 6938, 31/08/81. Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.

Federal Resolução CONAMA no 01,23/01/86 Define critérios para o licenciamento ambiental,


estabelecendo a obrigatoriedade de elaboração de
EIA/RIMA.

Federal Constituição Federal, 1988, capítulo IV, Estabelece a competência da União, Estado e
Artigo 225. Municípios de “proteger o meio ambiente e
combater a poluição em qualquer de suas formas”.

Federal Resolução CONAMA no 5, 15/06/89. Estabelece o PRONAR, Programa Nacional de


Controle de Qualidade do Ar.
Federal Resolução CONAMA no 3, 28/06/90. Estabelece padrões de qualidade do ar.

Federal Resolução CONAMA no 8, 06/12/90. Estabelece limites máximos de poluentes do ar para


processos de combustão externa.

Federal Resolução CONAMA no 237, 19/12/97. Define critérios para licenciamento ambiental.

Estadual Decreto no 134, 16/06/75. Estabelece a política estadual de controle


ambiental.
Estadual Decreto no 1633, 28/12/77. Institui o Sistema de Licenciamento de Atividades
Poluidoras - SLAP.
Estadual Deliberação CECA Normatiza o licenciamento de atividades

Estadual Lei no 466, 21/10/81. Estabelece o zoneamento industrial na RMRJ.

Estadual Deliberação CECA no 935, 07/08/86. Aprova a DZ-545- Diretriz de Implementação do


Programa de Autocontrole de Emissões para a
Atmosfera, PROCON-Ar.

Estadual Deliberação CECA no 1078, 25/06/87. Aprova a DZ-041-Diretrizes de implantação do


Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do
Respectivo Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA).

Estadual Lei no 1356, 03/10/88. Estabelece procedimentos vinculados à elaboração,


análise e aprovação dos Estudos de Impacto
Ambiental.
Fonte: CAVALCANTI (2003 apud PIRES, 2005).

Já na categoria da fermentação, a atividade com maior fonte de emissões é a recuperação


do produto via extração. Dos métodos de recuperação do produto citados, a extração é o único
50

método com potencial para emissão de poluentes gasosos. Nos passos finais da extração, após
filtrar o princípio ativo adsorvido em um sólido, solventes como o metanol são utilizados para
retornar o princípio ativo para uma fase líquida. O excesso de solvente usado nessa última etapa
é então removido com uma nova filtração ou secagem. Assim, a emissão de poluentes acontece
nas etapas descritas pois nelas ocorre a volatilização do poluente no deslocamento de grandes
volumes de solvente ou na recuperação do produto em forma sólida.

Adicionalmente, a categoria da extração de princípios ativos de origem biológica tem


tanto potencial de emissão de poluentes como as etapas de extração usadas na categoria de
fermentação. Nessa categoria, os solventes são utilizados de duas maneiras: para remover óleos
e gorduras que são encarados como contaminantes do produto final ou para extrair o produto
propriamente dito. Em seguida, processos de destilação à vácuo, cristalização e secagem isolam
o produto ao evaporar o solvente, que possivelmente chegará à atmosfera pelo sistema de
ventilação.

Os tanques de armazenamento usados nas plantas industriais do setor farmacêutico


normalmente são reservatórios do tipo tanque de teto fixo. O volume de armazenamento dos
tanques varia de 38 a 150 m³ e a emissão de poluentes gasosos ocorre em duas situações
distintas do armazenamento de solventes: na expansão e contração do vapor causados pela
amplitude térmica entre os períodos diurno e noturno e no processo de reabastecimento do
tanque.

Os acessórios de tubulações e bombeamento como válvulas, flanges, selos de vedação


de bombas e dispositivos de alívio de pressão apresentam potencial de emissão de poluentes
gasosos. O vazamento de substâncias por esses acessórios sempre foi um problema, e esse
cenário provocou a implementação de uma regulação que padroniza os níveis permitidos de
vazamento, principalmente para compostos como diclorometano e tetracloreto de carbono
usados em plantes de síntese química.

Além disso, também ocorre emissão de poluentes previamente dissolvidos nas águas
residuais da indústria farmacêutica. Independentemente do tipo de descarte utilizado, seja em
águas superficiais ou no sistema de tratamento de água público, os compostos poluentes têm
oportunidade de evaporar da água e atingir a atmosfera. Adicionalmente, a quantidade de
poluentes emitidos é considerável, visto que grande parte das águas residuais farmacêuticas
provém dos processos de síntese química e fermentação, que são as principais categorias de
produção de medicamento do setor.
51

3.2.2.2. Resíduos Sólidos

Segundo consta na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), resíduo sólido


é definido como: “Resíduo em estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e de
varrição”. Esta definição se aplica a resíduos sólidos gerados em diversos estabelecimentos.
Ficando incluídos nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis
em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 1987).

Com a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010 (Lei n°


12.305/2010), os resíduos industriais foram classificados como aqueles gerados nos processos
produtivos e instalações industriais (Artigo 13). Além disso, de acordo com a PNRS, a
destinação dos resíduos industriais é obrigação do gerador, também conhecido como princípio
do “poluidor-pagador”. Se o gerador é o responsável pelo tratamento e pela destinação final dos
resíduos, ele pode executar este papel por si próprio – tratamento interno – ou contratar serviços
de empresas especializadas – tratamento externo. E também deverá adotar medidas de redução
da produção de resíduo através da introdução de tecnologias e práticas mais limpas.

Conforme evidenciado por Luna & Viana (2017), apesar de não estar explícito o papel
da indústria farmacêutica na PNRS, o Sindicato da Indústria Farmacêutica do Estado de São
Paulo (SINDUSFARMA) tem liderado o grupo de discussão sobre este tema e vem discutindo
o tema com a ANVISA e o Ministério do Meio Ambiente recentemente.

Do ponto de vista econômico, somente as substâncias químicas residuais dos processos


produtivos, como síntese e purificação de fármacos, são por definição entendidos como resíduo.
Adicionalmente, a incidência de danos ambientais associados à emissão desses resíduos pode
variar muito, sendo diretamente proporcional aos aspectos quantitativos da produção e dos
mecanismos de segurança disponíveis (monitoração automática, segurança de armazenagem,
etc.), seja em função da linha de produtos, ou seja, das características das substâncias químicas
geradas (LINNINGER et al., 2000).
52

No Brasil a RDC 306/2004, da ANVISA e a Resolução CONAMA 20, de 18 de Junho


de 1986, CONAMA 358/2005, são, talvez, as principais diretrizes da perspectiva legal
pertinentes ao gerenciamento de resíduos químico-farmacêuticos. Elas têm como objetivo de
minimizar a produção de resíduos e garantir aos resíduos formados, destino seguro e adequado,
e garantir a proteção dos recursos naturais e meio ambiente.

De acordo com a ANVISA (2004), a RDC 306 é o regulamento técnico criado para o
gerenciamento de resíduos de serviços da saúde e traz diretrizes básicas para o gerenciamento
de resíduos de saúde, incluindo: segregação, acondicionamento, identificação, transporte,
armazenamento, tratamento, coleta e disposição final. Esta resolução abrange todos os serviços
relacionados à saúde, tais como: laboratórios analíticos; necrotérios, funerárias e serviços de
embalsamento, drogarias e farmácias, distribuidores de produtos farmacêuticos,
estabelecimentos de ensino, importadores, distribuidores e produtores de materiais dentre
outros similares.

Adicionalmente, a RDC 306/2004 estabelece que os Resíduos Sólidos de Saúde podem


ou não apresentar componentes de periculosidade e estas características determinam os riscos
que podem acarretar ao meio ambiente. Os resíduos são classificados da seguinte forma: Grupo
A) Resíduos Biológicos; Grupo B) Resíduos Químicos; Grupo C) Resíduos Radioativos; Grupo
D) Resíduos Comuns Recicláveis e Não Recicláveis; Grupo E) Resíduos Perfurocortantes.

Dentre os resíduos gerados, destacam-se os do Grupo B, resíduos químicos, entre os


quais se enquadram os resíduos de medicamentos (vencidos, contaminados, interditados ou não
utilizados). Esta segregação por grupos também se orienta ao momento do descarte correto do
material. Os resíduos classificados no Grupo B têm como recomendação de seu destino final a
incineração, não devendo ter seu descarte em aterro sanitário (BRASIL, 2006).

Apesar das diretrizes em vigor, ainda existem divergências entre aspectos regulatórios
federais e locais. Essas divergências são verificadas internacionalmente, caracterizando-se um
problema de dimensão global. Dessa forma, ainda não se formulou uma lei federal específica
para tratar os resíduos de medicamentos. Alguns estados brasileiros estabeleceram suas
políticas estaduais para o gerenciamento de resíduos de medicamentos e diversos projetos de
lei encontram em fase de elaboração ou trâmite.

Dessa forma, a política de gerenciamento de resíduos adotada, em especial por


multinacionais farmacêuticas, caracterizadas por serem grandes geradoras de resíduos, encara
53

a associação dos elevados custos e a dificuldade de classificação dos resíduos de natureza


químico farmacêutica como seu principal desafio.

A quantidade de resíduos sólidos gerados nas categorias descritas varia muito,


dependendo do número de etapas presente em cada processo e os compostos utilizados. De
maneira geral, a indústria farmacêutica gera típicos resíduos sólidos que podem ser descartados
normalmente ou reciclados, como materiais de papel, plástico e metal não contaminados
oriundos dos setores administrativo, de embalagem, etc. Por outro lado, cada categoria gera
resíduos sólidos contaminados distintos. Ou seja, dado que cada categoria lida com matérias
primas e produtos distintos, os resíduos consistem em resquícios não utilizados desses
compostos ou de materiais contaminados pelos mesmos. Isso inclui tanto embalagens
contaminadas como o lodo residual de tratamento de efluentes, que incorpora os sólidos
carreados pelas águas de descarga.

Por fim, o assunto a ser discutido consiste em resíduos líquidos, ou efluentes. Esse tema,
por ser o foco do trabalho desenvolvido, será mais profundamente abordado no capítulo a
seguir.
54

CAPÍTULO IV – EFLUENTES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

4.1. Definição

Os efluentes líquidos são todos os resíduos de água que tem suas propriedades
alteradas após serem usados direta ou indiretamente durante o processamento industrial.
O emprego de água em uma planta industrial ocorre de várias maneiras, tais como na
lavagem de máquinas, sistemas de resfriamento e geradores de vapor, esgotos sanitários
dos funcionários, água de uso direto na fabricação de produtos ou incorporadas ao
produto.

A maioria desses usos implicam em contaminação por resquícios de compostos


utilizados ou por variação de energia térmica na água, gerando assim os efluentes. São
excluídos dessa categoria os volumes de água perdidos por evaporação ou incorporados
ao produto final (GIORDANO, 2004).

Logo, a poluição hídrica é originada pelo descarte irregular de efluentes. O


potencial de poluição de um efluente é definido como qualquer alteração biológica, física
ou química da qualidade original de um corpo hídrico no qual o efluente tem seu destino
final.

Os fatores poluentes considerados são: biológicos (microrganismos), químicos


(substâncias dissolvidas ou com potencial solubilização), energéticos (radiação e
calorífica) e físicos materiais (sólidos em suspensão). A fim de diminuir a poluição
hídrica, uma planta industrial deve minimizar a formação de efluentes e tratá-los
adequadamente para descarte.

Além de manutenção constante, que é crucial para a redução de perdas por


vazamentos e desperdício energético, outras medidas a serem tomadas para controlar a
geração de efluentes são um arranjo geral e espacial otimizado, a utilização de processos
mais modernos, redução de consumo de água em atividades como lavagem de
equipamentos e pisos industriais, redução de perdas de matérias primas ou produtos por
descarregamento na rede coletora da planta (GIORDANO, 2004).
55

4.2. Perfil de Composição e Parâmetros Analisados

O tratamento apropriado dos efluentes gerados varia de acordo com as


características especificas de cada planta industrial. Além de levar em conta fatores como
as condições climáticas, a cultura local, os custos de investimento inicial, os custos
operacionais, a segurança operacional e a interação com a vizinhança, os processos de
tratamento a serem adotados devem ser projetados para alterar composição e propriedades
físico-químicas específicas no efluente, e as variáveis a serem alteradas dependem das
matérias primas e produtos manipulados nos equipamentos.

Atividades industriais, de forma geral, geram efluentes com parâmetros típicos a


serem tratados. No setor farmacêutico alguns desses parâmetros são mais predominantes
e existem novas características específicas a serem corrigidas. Tais parâmetros são
selecionados de acordo com o impacto potencial que eles possuem ao serem descartados
no meio ambiente e/ou serem reutilizados na planta industrial.

Dentre as características físicas e químicas a serem tipicamente abordadas no


tratamento estão o pH, temperatura, a presença de ânions sulfato, sulfeto, cloreto e
cianeto, a presença de ferro e manganês, matéria orgânica, compostos de nitrogênio e
fósforo, detergentes, fenóis, óleos e graxas, solventes orgânicos como benzeno, tolueno e
xileno.

A matéria orgânica, especificamente, é estimada indiretamente por parâmetros


conhecidos como demanda biológica e química de oxigênio, abreviados para DBO e DQO.
Estes estimam o potencial de matéria orgânica redutora presente em uma amostra por meio
de processos de oxidação. Os impactos de cada uma das propriedades citadas estão
detalhados nas tabelas 3 e 4 a seguir.

Além desses, os metais pesados estão presentes nos efluentes de vários tipos de
industrias e são definidos como elementos químicos com número atômico maior que 22.

Usualmente, o termo é empregado para identificar os metais com a propriedade de


formar precipitados com sulfetos e com efeitos adversos à saúde de hu manos mesmo em
pequenas concentrações. Os impactos de cada um dos metais pesados estão detalhados na
Tabela 5.
56

Tabela 3 – Impactos Ambientais e Estruturais de Parâmetros Químicos e Físicos

Impactos Ambientais e Estruturais


Influência sobre a fisiologia de diversas espécies em ecossistemas aquáticos; Alteração da
pH
solubilidade de diversos nutrientes;
Influência na reprodução de organismos; Mortandade de peixes devido à diminuição da solubilidade
Temperatura
de gases em água, principalmente o oxigênio;
Atribuição de cor e sabor à água; Causa manchas em diversos itens de uso doméstico; Causam
Ferro e Manganês contaminação biológica com desenvolvimento de ferro-bactérias; Formação de depósitos em
tubulações;
Matéria Orgânica Consumo do oxigênio presente no meio aquático no processo de degradação dos compostos
DBO/DQO orgânicos, levando à diminuição da concentração de oxigênio e, consequentemente, morte de peixes;
A amônia é um tóxico bastante restritivo à vida dos peixes e, além disso, provoca consumo de
oxigênio dissolvido das águas naturais ao ser oxidada biologicamente, o que também é fatal aos
peixes;
Compostos de Nitrogênio

De maneira geral, tornam o ambiente mais fértil e causam o crescimento excessivo e indesejável dos
seres vivos, especialmente algas e plantas, o que é chamado de eutrofização; Os nitratos são tóxicos,
causando uma doença denominada metahemoglobinemia infantil, que é letal para crianças;
De maneira geral, tornam o ambiente mais fértil e causam o crescimento excessivo e indesejável dos
Compostos de Fósforo
seres vivos, especialmente algas e plantas, o que é chamado de eutrofização;
Responsáveis pela aceleração da eutrofização; Formam espumas que, sob a ação dos ventos, levam
Detergentes
contaminação biológica e oleosidade para superfícies de materiais e solo;
São tóxicos ao homem, aos organismos aquáticos e aos microrganismos que tomam parte nos
Fenóis
sistemas de tratamento de esgotos sanitários e de efluentes industriais;
Acumulo nas superfícies de ambientes aquáticos causa sérios problemas ecológicos por dificultar as
Óleos e Graxas
trocas gasosas que ocorrem entre a massa líquida e a atmosfera, especialmente a de oxigênio;
Fonte: Adaptado de Perpétuo (2004)
57

Tabela 4 – Impactos Ambientais e Estruturais de Parâmetros Químicos e Físicos (Continuação)

Impactos Ambientais e Estruturais


Sulfato Ocasiona diarreia e desidratação se ingerido; Incrustação em equipamentos
industriais;
Sulfeto Toxicidade Aguda, provocando irritação nos olhos e no aparelho respiratório,
dores de cabeça, cegueira temporária e, se em concentrações elevadas, óbito;
Ânions
Corrosão de estruturas, especialmente de cimento;
Cloreto Alteração na pressão osmótica em células de microrganismos aquáticos; Corrosão
em estruturas hidráulicas;
Cianeto Extremamente tóxico para humanos e, principalmente, vida aquática;
Cloro Passados os níveis de potabilidade e desinfecção, gera substâncias carcinogênicas
Tratamento para Abastecimento
Público Flúor Passado o nível aceitável, causa fluorose dentária e óssea
Benzeno Nocivo à saúde humana, sendo classificado como carcinogênico;
Tolueno Nocivo à saúde humana, atuando sobre o sistema nervoso central. Pode causar
excitação ou depressão, com euforia na fase de indução, seguida de desorientação,
Solventes Orgânicos
tremores, desânimo, alucinações, convulsões e coma. Pode também causar
anomalias transitórias nas atividades enzimáticas no fígado e problemas renais;
Xileno Nocivo à saúde humana, afetando o sistema nervoso central e causando irritações;
Fonte: Adaptado de Perpétuo (2004)
58

Tabela 5 – Impactos Ambientais e Estruturais de Metais Pesados

Metais Pesados Impactos Ambientais e Estruturais


Constitui veneno cumulativo, provocando
Chumbo saturnismo, uma doença que afeta o sistema
nervoso central;
Provoca efeitos no coração, aumento de
pressão arterial pela constrição dos vasos
Bário
sanguíneos e efeitos ao sistema nervoso,
sendo fatal em concentrações elevadas;
Apresenta efeito cumulativo nos rins,
Cádmio fígado, pâncreas e tireoide, levando à morte
em doses concentradas;
Apresenta efeito carcinogênico e leva à
Arsênio
morte em doses concentradas;
Aumento na incidência de cáries dentárias e
Selênio
potencial carcinogênico;
Apresenta efeito corrosivo no aparelho
Cromo Hexavalente
digestivo e causa nefrite;
Altamente tóxico, ocasionando lesões
Mercúrio
cerebrais e, em doses altas, morte;
Impede troca gasosa nas brânquias,
Níquel e Zinco
causando mortandade de peixes;
Provoca lesões no fígado humano; Causa
Cobre mortandade de peixes ao impedir trocas
gasosas nas brânquias
Fonte: Adaptado de Perpétuo (2004)

Assim, o setor farmacêutico apresenta categorias que produzem efluentes com


características especificas para cada um dos parâmetros introduzidos. As seguintes passagens
são baseadas na obra de Gadipelly et al. (2014). Os efluentes da categoria de síntese química
são diversos devido às várias operações e reações acontecendo em diferentes estágios da planta.
Praticamente todas as etapas da operação produzem soluções que contém reagentes não
reagidos, produtos, coprodutos e produtos residuais à base de solventes orgânicos. Ácidos,
bases, haletos, nitratos, sulfatos, cianetos e metais também podem ser gerados. Normalmente,
a operação de recuperação de solvente gera efluentes na etapa de absorção gasosa posterior à
evaporação. Adicionalmente, efluentes que contém solventes, produtos, água de limpeza e
vazamentos diversos são gerados nas etapas de purificação. Esse efluente possui alta toxicidade
e demanda tratamento imediato. Dessa forma, efluentes originados nos processos de síntese
geralmente possuem altos valores de demanda biológica de oxigênio (DBO), demanda química
de oxigênio (DQO) e sólidos em suspensão, além de valores de pH variando de 1 a 11.
59

Na categoria da fermentação são geradas grandes quantidades de efluentes como o


mosto aquoso pós fermentação e água de descarte com células mortas. Assim como na maioria
das fermentações aquosas, os microrganismos não sobrevivem a concentrações elevadas de
produto acumulado no mosto. A corrente de descarte possui grandes quantidades de matérias
primas não consumidas, como alguns nutrientes do mosto, sais metálicos, amido, nitratos e
fosfatos, além de altos valores de DBO, DQO, sólidos em suspensão e pH variando de 4 a 8.
Vapor d’água e pequenas quantidades de fenóis, detergentes e desinfetantes são usados para
garantir a esterilidade no processo e, assim, seus resquícios são achados nos efluentes.
Quantidades consideráveis de metais e halogênios são encontradas devido ao uso para
precipitação do produto. Além disso, grandes quantidades de solventes também são usadas para
a purificação do produto desejado, logo água de descarte com solventes miscíveis é gerada
durante o processo de reciclo desses solventes. Segue abaixo o Quadro 2 contendo o perfil de
composição de efluentes típicos oriundos das categorias de síntese química e fermentação.

Quadro 2 – Perfil de composição de efluentes típicos oriundos das categorias de síntese


química e fermentação.

Efluentes de Síntese Química Efluentes de Fermentação


Parâmentro Valores Mín - Máx Composição Média Parâmentro Valores Mín - Máx Composição Média
DQO, mg/L 375 - 32500 8854 DQO, mg/L 180 - 12380 4670
DBO, mg/L 200 - 6000 2344 DBO, mg/L 25 - 6000 2150
DBO/DQO, mg/L 0,1 - 0,6 0,32 DBO/DQO, mg/L 0,2 - 0,6 0,4
COT, mg/L 860 - 4940 2467 TKN, mg/L 190 - 760 440
TKN, mg/L 165 - 770 383 NH4+ - N, mg/L 65,5 - 190 128
NH3 - N, mg/L 148 - 363 244 pH 3,3 - 11 7
SDT, mg/L 675 - 9320 6,9 SDT, mg/L 1300 - 28000 12950
pH 3,9 - 9,2 - SST, mg/L 57 - 7130 1200
Condutividade, µs/cm 1600 - 44850 17800
Íon Cloreto, mg/L 769 - 4200 2820 Íon Cloreto, mg/L 182 - 28000 1500
Íon Sulfato, mg/L 890 - 1500 1260 Íon Sulfato, mg/L 160 - 9000 2100
Fonte: Adaptado de Gadipelly et al. (2014).

Na categoria da extração, grandes quantidades de matérias primas de origem animal e


vegetal são processadas para obter o princípio ativo desejado, e em cada etapa um grande
volume de água é adicionado para recuperar o produto. Solventes são usados em larga escala
para remover os compostos lipofílicos e extrair o produto. Tipicamente, hexano é usado como
solvente de produtos naturais ou na extração de fitoterápicos, e este é liberado no ar e na água.
As soluções de extrato demandam o uso de quantidades consideráveis de ácidos e base para
balancear o pH. Além disso, o uso de metais na fase de precipitação e compostos fenólicos para
desinfecção só acrescem o número de substâncias usadas no processo aumentam a
60

complexidade no tratamento dos efluentes dessa categoria. Matérias primas e solventes


utilizados, água de limpeza e vazamentos são as fontes primárias de efluentes nesse caso.
Compostos orgânicos, como solventes orgânicos voláteis, e inorgânicos podem estar presentes
nesses efluentes, que normalmente possuem índices baixos de DBO, DQO e sólidos em
suspensão, com valores neutros de pH que variam de 6 a 8.

Na categoria da formulação, os fármacos obtidos nas outras três categorias são


transformados para estarem na forma e dosagem apropriada para consumo, e todos os processos
e substâncias usados tem potencial para gerar efluentes. Muitos tipos de substâncias
aglutinantes, excipientes, antioxidantes e conservantes são usados nesse processo, e todas
podem estar presentes nos efluentes. Além disso, condições extremamente higiênicas são
exigidas, o que implica no uso abundante compostos fenólicos e esterilização à vapor. Unindo
essa variedade de substancias usadas com os mais diversos processos químicos e físicos usados
para formular o medicamento, essa categoria só aumenta o número de poluentes dos efluentes
da indústria química.

Além dos parâmetros tipicamente tratados, a indústria farmacêutica recentemente tem


lidado com o surgimento de poluentes emergentes.

4.3. Poluentes Emergentes

Estudos feitos por Zagatto & Bertoletti (2006) comprovam que efluentes líquidos que
atendem às condições e padrões legais de qualidade das águas e de lançamento de efluentes não
estão isentos de causar efeitos tóxicos ao meio ambiente. Em outras palavras, somente os
parâmetros físico-químicos que normalmente são considerados nos planos de monitoramento,
como demanda bioquímica de oxigênio, sólidos, metais e demais substâncias orgânicas e
inorgânicas, e cujos limites encontram-se estabelecidos nas legislações ambientais, não são
suficientes para avaliar o potencial risco ambiental proveniente dos efluentes (COSTA et al.,
2008b).

É muito incomum que os resíduos de medicamentos provenientes da fabricação sejam


regulados especificamente. Dessa forma, pesquisas vem sendo divulgadas a respeito da
incidência de danos ambientais resultantes desses resíduos. Ao final da década de 1990, a
descoberta de estrogênios em efluentes de esgoto como causa da feminização dos peixes
provocou um aumento exponencial do interesse na presença de produtos farmacêuticos no meio
ambiente. Posteriormente, os efluentes de águas residuais e os rios receptores foram o foco
61

principal para os ecotoxicologistas, o que pode ter afastado a atenção de potenciais fontes de
resíduos farmacêuticos, como a própria indústria farmacêutica. A mesma pesquisa mostrou que
a descarga significativa de fármacos provenientes da fabricação é improvável com base em
várias linhas de raciocínio, principalmente, a de que o valor extremamente elevado dos
medicamentos evitaria sua liberação por razões puramente econômicas (WILLIAMS, 2005).

De acordo com Daughton (2013) o número total de princípios ativos (uso combinado
humano e veterinário) resultante do desenvolvimento de novas moléculas é de
aproximadamente 5.445 aprovados pela FDA e 9.700 aprovados em todo o mundo. Esses
fármacos são incorporados em mais de 100.000 medicamentos aprovados pela FDA, sem contar
o número indeterminado de medicamentos aprovados globalmente. Esses números significam
que dezenas de milhares de fármacos únicos possuem o potencial para entrar no meio ambiente.
A FDA, ou Food and Drug Administration, é uma agência federal estadunidense responsável
pelo proteção e promoção da saúde pública via controle e regulamentação de diversos produtos.

Várias abordagens foram aplicadas para identificar quais fármacos representam os


maiores riscos ambientais. As previsões mais comuns utilizadas quanto ao risco de poluição
incluem na análise de volumes de consumo e produção, como também a concentração de
exposição prevista em água ou biota. As concentrações de descarga industrial são, a priori, mais
difíceis de estimar, pois o difícil acesso aos detalhes da produção e o caráter sazonal de
fabricação característico desse setor faz com que as exposições sejam consideravelmente
maiores em determinados momentos e locais (ROOS et al., 2012).

Consequentemente, como abordado por Taylor (2010) os dados publicados disponíveis


da indústria ou os dados de monitoramento das autoridades são escassos. Existem relatos de
baixas concentrações de princípios ativos em efluentes com base em cálculos teóricos de
balanço de massa que assumem uma taxa de descarga constante ao longo do tempo, mas sem
medidas químicas. Claramente, é necessário um monitoramento mais amplo das emissões de
fármacos provenientes da fabricação em todo o mundo, e é importante permitir a publicação de
achados negativos de estudos adequadamente projetados.

Também é necessário reconhecer a possibilidade de propagação de contaminantes


ambientais através de resíduos sólidos ou, para alguns medicamentos, possivelmente até a
poluição do ar (HOERGER et al., 2009).
62

Os dados organizados na Tabela 6 apresentam evidências e os grupos de medicamentos


mais presentes em Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) em diferentes concentrações. Os
dados sobre a ocorrência e as concentrações de alguns produtos farmacêuticos em efluentes e
afluentes foram coletados de uma pesquisa realizada por Deblonde et al. (2011) e mostram que
as concentrações desses poluentes emergentes nos efluentes flutuam amplamente.

Essa flutuação se deve provavelmente às diferentes cargas aplicadas em várias regiões


e eficiência inconsistente do tratamento de águas residuais. No entanto, as informações relativas
à natureza, variabilidade, transporte e destino desses compostos em águas residuais e
instalações de tratamento devem ser melhoradas, pois o conhecimento nessa área ainda é
limitado.

Existem poucos estudos dedicados ao monitoramento e compreensão dos processos


envolvidos no tratamento convencional ou inovador de águas residuais na eliminação ou
redução das concentrações de uma grande diversidade de poluentes emergentes nas instalações
de águas residuais.

Embora estudos e revisões possam ser encontrados na literatura sobre fontes,


ocorrências, comportamento ambiental e destino de contaminantes emergentes, o caminho
desses poluentes a partir de suas fontes até os receptores continua sendo um assunto essencial
para pesquisas avançadas.

Esse fato é observado como resultado das informações serem pouco entendidas,
principalmente devido aos problemas gerados pelas propriedades físico-químicas dos
compostos alvo e a complexidade das características ambientais (GAVRILESCU et al., 2014).

De acordo com diversas pesquisas, as principais matrizes de ocorrência ambiental de


fármacos podem ser divididas em três grupos principais (SORENSEN et al., 1998; BOUND et
al., 2005; COMORETTO et al., 2005 apud GIL, 2005):

a) águas de lençóis freáticos: por infiltração de linhas de esgoto ou efluentes;

b) águas superficiais: por despejo de esgoto doméstico ou industrial ou de rural quando


transportadas do solo pelas chuvas e pelos próprios rios;

c) solo e sedimentos: pelo despejo urbano inadequado ou do uso rural e pela deposição
de espécies ativas insolúveis;
63

Tabela 6 – Concentrações de poluentes emergentes (μg/L) em afluentes e efluentes de estações de tratamento de esgotos.

Afluente Efluente
Compostos farmacêuticos Moléculas Taxa de Remoção (%)
Média DPR Mediana Min. Máx. n Média DPR Mediana Min. Máx. n
Claritromicina 0.344 2 0.15 56.4
Ciprofloxacina 0.62 1.48 0.157 0.09 5.524 13 0.234 0.649 0.021 0.007 2.378 13 62.3
Doxiciclina 0.65 0.94 0.098 0.067 2.48 10 0.420 0.426 0.227 0.038 1.09 9 35.4
Eritromicina 0.58 0.242 0.56 0.346 0.83 3 0.297 0.237 0.2305 0.109 0.62 4 48.8
Eritromicina-H20 2.025 2 0.59 2 70.9
Metronidazol 0.09 1 0.055 1 38.9
Antibióticos
Norfloxacina 0.115 0.056 0.0905 0.066 0.25 12 0.0526 0.0985 0.0195 0.007 0.33 10 54.3
Ofloxacina 0.482 0.884 0.156 0.007 2.275 6 0.171 0.317 0.0485 0.007 0.816 6 64.5
Roxitromicina 0.78 0.737 0.81 0.0272 1.5 3 0.472 0.435 0.54 0.008 0.87 3 39.5
Sulfametoxazol 0.32 0.248 0.2905 0.02 0.674 10 0.264 0.150 0.243 0.07 0.62 11 17.5
Sulfapiridina 0.492 1 0.081 1 83.5
Trimetoprima 0.43 0.401 0.251 0.0535 1.3 15 0.424 0.363 0.32 0.04 1.34 17 1.4
Carbamazepina 0.732 0.869 0.25 0.0819 1.68 6 0.774 0.789 0.37 0.042 2.1 13 -5.7
Antiepilépticos
4-aminoantipirina 1.517 1 0.676 1 55.4
Antipirina 0.04 1 0.027 1 32.5
Diclofenaco 1.039 1.283 0.232 0.16 3.1 6 0.679 0.701 0.55 0.04 2.448 11 34.6
Ibuprofeno 13.482 25.639 3.495 0.0143 22.7 10 3.480 1.489 0.56 0.03 12.6 17 74.2
Analgésicos e anti-
Indometacina 0.136 2 0.166 0.118 0.19 0.037 0.27 3 -22.1
inflamatórios
Cetoprofeno 0.483 0.286 0.441 0.146 0.94 5 0.333 0.148 0.34 0.125 0.63 9 31.1
Cetorolaco 0.407 1 0.228 1 44.0
Naproxeno 5.077 8.251 2.363 0.206 23.21 7 0.934 0.873 0.452 0.017 2.62 13 81.6
Ácido clofíbrico 0.215 0.251 0.12 0.026 0.5 3 0.131 0.136 0.12 0.012 0.36 5 39.1
Ácido fenofíbrico 0.079 1 0.196 0.161 0.13 0.078 0.38 3 -148.1
Regulador lipídico
Bezafibrato 1.948 2.320 14.205 0.05 4.9 4 0.763 0.963 0.13 0.035 2.2 5 60.8
Genfibrozila 1.562 1.704 0.71 0.453 3.525 3 0.757 1.068 0.323 0.0112 2.86 6 51.5
Acebutolol 0.335 1 0.140 1 58.2
Atenolol 1.080 0.946 0.996 0.03 1.197 4 0.468 0.381 0.345 0.16 1.025 4 56.7
Betabloqueadores Celiprolol 0.44 1 0.28 1 36.4
Metoprolol 1.535 2.290 0.61 0.02 4.9 4 0.679 0.657 0.73 0.019 1.7 5 55.8
Propanolol 0.198 0.269 0.005 0.036 0.51 3 0.102 0.0712 0.093 0.03 0.18 5 48.5
Antidepressivo Fluoxetina 5.85 1 0.112 2 98.1
Fonte: Adaptado de Borrely et al. (2012). -- n: Número de concentrações registradas para afluente ou efluente.
64

Para ilustrar esta situação, a Figura 15 apresenta uma visão esquemática das rotas através
da qual alguns desses poluentes emergentes entram em vários receptores.

Figura 15 – Diagrama esquemático da rota de alguns poluentes emergentes

Fonte: Adaptado de Stuart et al. (2012).

Em suma, devido a essa falta de informações e elevada complexidade pode-se


evidenciar a falta de consenso sobre a maior fonte de fármacos presentes no meio ambiente.
Em seus estudos, Daughton (2010) identifica duas rotas principais:

(1) a excreção de resíduos não metabolizados de princípios ativos; e,

(2) sobras e o acúmulo de medicamentos não utilizados, cujo descarte seguro e prudente
é muitas vezes uma tarefa onerosa para o consumidor e raramente realizada
corretamente.

Em contraste, em sua publicação, Larsson (2014) sugere que as descargas de fabricação


levem um maior número de princípios ativos a concentrações adversas no meio ambiente.

Como evidência, Larsson (2014) apresenta um resumo de estudos, na Tabela 7, que


documenta a poluição proveniente das descargas de princípios ativos de fabricação.

Observa-se que dados foram obtidos a partir de pesquisas realizadas por diversos países
do mundo e apresenta fármacos detectados em diferentes matrizes.
65

Tabela 7 – Resumo de estudos com verificação da contaminação de receptores com


produtos farmacêuticos provenientes da fabricação.

Produtos Farmacêuticos
País Matrizes/Concentração máx. Ano
detectados
oxitetraciclina — antibiótico efluente: 1065 mg/L 1988
China

ácido salicílico — querolítico, efluente: 2270 mg/L 1993


Índia anti-inflamatório
antibióticos da classe das lençóis freáticos: 1995
Dinamarca sulfonamidas, seus sulfaguanidina 1.6 mg/L
intermediários e metabólitos
fenazona e seus metabólitos lençóis freáticos: fenazona 3.95 2002
Alemanha µg/L e água potável: fenazona
0.4 µg/L
fenazona e seus metabólitos lençóis freáticos: fenazona 2,5 2004
Alemanha µg/L e água potável: fenazona
0.25 µg/L
venlafaxina — antidepressivo águas superficiais: 0.8 mg/L 2004
Suíça

bacitracina — antibiótico efluente: até 250 kg por 2005


Noruega descarga

esteróides sexuais estrogênicos efluente: etinilestradiol 51 2006


China
ng/L
diversos, incluindo antibióticos efluente: ciprofloxacino 31 2007
Índia da família das fluoroquinolonas mg/L
oxitetraciclina — antibiótico efluente: 19.5 mg e águas 2008
China superficiais: 712 mg/L
diversos águas superficiais: diclofenaco 2008
China/Taiwan
27 µg/L
antibióticos da classe das efluente: sulfaguanidina mais 2008
Croácia sulfonamidas de 1.1 mg/L
benzilpenicilina (penicilina G) e efluente: ácido penicilóico 44 2008
China seus metabólitos mg/L e águas superficiais:
ácido penicilóico 11.6 mg/L
antibióticos da classe das efluente: sulfametoxazol 1.34 2009
sulfonamidas, AINEs (Anti- mg/L;
China/Taiwan
inflamatórios não esteroides) e ibuprofeno 1.5 mg/L
outros fármacos
diversos, incluindo antibióticos efluente: ciprofloxacino 14 2009
da família das fluoroquinolonas mg/L
lençóis freáticos: cetirizina 28
Índia
µg/L
águas superficiais:
ciprofloxacino 6.5 mg/L
Suíça oseltamivir — antiviral águas superficiais: 160 ng/L 2010
66

antibióticos da família das Sedimentos de rio: 2011


Índia fluoroquinolonas ciprofloxacino 914 mg/kg de
material orgânico
Córeia lincomicina — antibiótico efluente: 43.9 mg/L 2011
Israel venlafaxina e seus metabólitos efluente: venlafaxina 11.2 µg/L 2012
carbamazepina e venlafaxina efluente: venlafaxina 11.7 2013
Israel
mg/L
vários antibióticos águas superficiais: 2013
Paquistão sulfametoxazol 49 µg/L
antibióticos da família das lençóis freáticos: 2014
fluoroquinolonas ciprofloxacino 770 ng/L
Índia solo: ciprofloxacino 7.2 µg/g
de matéria orgânica

Espanha venlafaxina efluente: 2.6 µg/L 2014


Fonte: Adaptado de Larsson (2014).

A caracterização do destino e da persistência desses poluentes emergentes é um


componente crítico do processo de avaliação de risco ecológico. A maioria dos medicamentos
atualmente comercializados tem meias-vidas mais curtas no ambiente do que os poluentes
tradicionais (por exemplo, DDT, PCBs) que receberam estudo intensivo no passado. No
entanto, a caracterização das exposições de organismos aquáticos aos produtos farmacêuticos
não precisa se desviar conceitualmente daquele para outros grupos de contaminantes. Ou seja,
a magnitude, a frequência e a duração da interação de organismos com os poluentes tóxicos
biodisponíveis em matrizes ambientais devem ser avaliadas (ANKLEY et al., 2007).

Em contraste, algumas drogas, particularmente produtos farmacêuticos humanos,


diferem de muitos outros tipos de contaminantes na medida em que são introduzidos em
pequenas quantidades, continuamente em sistemas aquáticos através de efluentes de águas
residuais. Além disso, a baixa volatilidade destes compostos indica que sua distribuição ocorre
principalmente no ambiente aquático e pela dispersão na cadeia alimentar (DEBLONDE,
2011).

Quando esses produtos são introduzidos nos ecossistemas aquáticos, os organismos


podem apresentar exposições semelhantes às dos poluentes tradicionais. Consequentemente, os
produtos farmacêuticos podem ser considerados pseudopersistentes quando suas meias vidas
são essencialmente excedidas pelas taxas de introdução dos insumos presentes em efluentes
(ANKLEY et al., 2007).
67

Determinar quimicamente todos os fármacos e demais poluentes presentes nos efluentes


é impraticável. Além disso, a complexidade das relações entre esses compostos e a biota, e o
desconhecimento de parte dos constituintes dos efluentes, associados a possíveis efeitos
sinérgicos ou antagônicos, resultantes das interações entre seus constituintes, demonstram que
os dados obtidos por métodos embasados somente em análises químicas são inadequados.
Dessa forma para se obter uma correta avaliação do potencial tóxico desses resíduos, é
recomendável uma caracterização complementar com testes ecotoxicológicos (MASELLI et
al., 2013).

De certo modo, a quantidade de poluentes emergentes que entram nas matrizes de


ocorrência (por exemplo, através de esgotos tratados e crus) seriam dominadas pelos
medicamentos prescritos nas maiores quantidades, mas modulados pela sua farmacocinética.
No entanto, as concentrações finais são apenas uma variável na determinação do significado
toxicológico final, uma vez que a potência e as complexidades das exposições simultâneas a
múltiplos princípios ativos (assim como outros tóxicos não relacionados) também
desempenham papéis importantes.

Segundo Sopko (2010) existem limitadas pesquisas sobre os efeitos dos produtos
farmacêuticos em seres humanos. No entanto, segundo o autor, os estudos atuais consideram
que os efeitos adversos para os seres humanos são insignificantes devido a pequena
concentração dos compostos detectados. Os compostos farmacêuticos encontrados na faixa de
nanogramas por litro são considerados duas ordens de grandeza inferiores a uma quantidade
necessária para um efeito humano (SHERER, 2006). Entretanto, segundo ele não se leva em
consideração as diferenças entre as altas concentrações de curto prazo (usadas nas prescrições)
contra a exposição crônica em pequenas doses a longo prazo (contaminação da água potável e
meio ambiente). Além disso, esses estudos consideram que cada grupo populacional tem uma
resposta similar, portanto, não há diferença no efeito em um feto, bebê, crianças e idosos.

Outro motivo de preocupação é a potencial exposição de bactérias presentes na água à


antibióticos, o que pode aumentar sua resistência aos efeitos antibióticos. Conforme Sopko
(2010) houve casos nos quais água contendo antibióticos foram encontrados micróbios com
genes mutantes que começaram a mostrar resistência aos antibióticos. Evidenciando a
necessidade uma atenção e compreensão científica adicional (COOPER et al., 2008).

A dificuldade em remover esses compostos em sistemas de tratamento promove a


necessidade de pesquisas avançadas. Atualmente, as opções de tratamento apresentam
68

múltiplos métodos para reduzir a concentração destes poluentes. Apesar disso, vale salientar
que, em alguns processos, subprodutos são formados. Isso pode se tornar outro desafio, pois
estes subprodutos podem ser mais persistentes do que o composto inicial. Dessa forma, devem-
se estender as pesquisas, a fim incluir os subprodutos formados no tratamento.

A princípio, qualquer fármaco que não seja prontamente degradado tem potencial para
atingir uma concentração de exposição adversa nos destinatários da fabricação e provocar
impactos. Logo, as regulamentações e os esforços de triagem não devem ser restritos a um
fármaco ou a uma classe de drogas específica.
69

CAPÍTULO V – POLÍTICAS DE PREVENÇÃO E REDUÇÃO DE IMPACTOS


PROVENIENTES DO LANÇAMENTO DE EFLUENTES DA INDÚSTRIA
FARMACÊUTICA

5.1. Principais Aspectos Legais e Competências da Legislação Ambiental


Brasileira

A necessidade de normas serem elaboradas para o uso e consumo de água advém da


condição vital desse recurso para a sobrevivência humana e do meio ambiente. Assim, o
entendimento dessas regras é crucial na preservação da qualidade das águas, tendo em vista a
expansão de atividades industriais com potencial de comprometer as propriedades dos recursos
hídricos.

Dada tal importância, as principais normas ligadas à preservação dos recursos hídricos
serão introduzidas e contextualizadas, abordando os aspectos legais que definem o descarte de
efluentes industriais.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 garantiu a preservação do meio ambiente


como um dos direitos fundamentais, inalienáveis e imprescritíveis de todo brasileiro. O Artigo
225 diz: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (MILARÉ, 2005). Logo,
cai sobre a União, Estados (incluindo Distrito Federal) e Municípios o dever de legislarem
normas e regulamentos que visem proteger o meio ambiente. A União fica responsável por
divulgar diretrizes de preservação ambiental que contém padrões gerais de proteção, enquanto
os Estados e Municípios devem emitir leis mais específicas que levam em conta especificidades
regionais, mas sem passar por cima das recomendações federais.

Assim, o poder público exerce o dever citado acima através de uma gestão ambiental
pública conduzida por políticas que tangem o meio ambiente. Como o poder público pode se
manifestar em leis de esfera federal, estadual e municipal, vários instrumentos governamentais
surgiram de modo a aplicar uma gestão que evite novos impactos ambientais e que minimize
ou elimine os já existentes. Essa atuação pode ocorrer de modo implícitos ou explícito
(BARBIERI, 2007).
70

A começar pela esfera federal, a regulamentação de recursos hídricos é especificada em


diversas normas contidas na Política Nacional de Recursos Hídricos. A partir da publicação
desta, em janeiro de 1997, que o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos foi
criado. A Lei nº 9.433, na qual essa política foi publicada, é a lei de proteção dos recursos
hídricos mais importante.

A competência de fiscalização do cumprimento das leis ambientais, dada a dinâmica


entre os três níveis de governo, pertence à órgãos diferentes de acordo com a situação. O
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos naturais (IBAMA) deve atuar em
situações que atingem mais de um Estado, dada sua autoridade nacional. Em situações que
atingem um só Estado, por questões internas ou envolvimento de diversos municípios desse
Estado, um órgão estadual é responsável. Por fim, se uma situação envolve apenas um
município, um órgão municipal deve atuar, se tal organização existir de modo bem estruturado.

Segue abaixo a Figura 16 que ilustra os órgãos envolvidos no assunto de preservação


ambiental e suas responsabilidades, divididos por níveis de governo.

Figura 16: Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) - Componentes

Fonte: Adaptado de Barbieri (2007).


71

5.1.1. Aspectos Legais referentes ao Lançamentos de Efluentes da Industria


Farmacêutica

O lançamento de efluentes da indústria farmacêutica deve ser devidamente analisado


por cada critério governamental de proteção ambiental explicitado na legislação existente. No
geral, dentre os órgãos formuladores de leis e reguladores de atividades referentes ao descarte
de efluentes, a Agência Nacional das Águas (ANA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) são destaques de atuação nessa área.

Porém, dada a complexidade das inúmeras leis de cada nível de governo, um perfil
dessas normas que guiam o lançamento de efluentes será levantado. Como relatado por Teixeira
(2009), dentre as leis que afetam o descarte de efluentes estão a Resolução CONAMA n°
357/2005 e suas posteriores alterações pelas Resolução n° 397/2008 e Resolução n° 430/2011,
que versam sobre a Classificação das Águas e Padrões para Lançamento de Efluentes. Já a
Resolução n° 396/2008 versa sobre a Classificação de Águas Subterrâneas. Como decorrência
dessas diversas leis e alterações, cria-se um padrão para esgotos sanitários e outro para efluentes
industriais. Daí surge a possibilidade de dupla interpretação que dá margem para a adoção de
dois padrões de emissões distintos, o que pode gerar controvérsia (PÔRTO, 2012).

Além das leis citadas acima, também valem o artigo 225 da Constituição Federal, o
artigo 10.406 do Código Civil, o Decreto n° 24.643 de 1934 (Código de Águas); a Lei n°
9.433/97 (Lei das Águas); a Lei Federal n° 11.445/2007, que trata do saneamento básico e o
Decreto n° 7.271/2012 que regulamenta a Lei n° 11.445/07. Ainda, vale ressaltar as leis
pertinentes no âmbito estadual do Rio de Janeiro, como exemplo:

 LEI N°3467, DE 14 DE SETEMBRO DE 2000 – DISPÕE SOBRE AS SANÇÕES


ADMINISTRATIVAS DERIVADAS DE CONDUTAS LESIVAS AO MEIO
AMBIENTE NO ERJ, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
 DZ-942.R-7 – DIRETRIZ DO PROGRAMA DE AUTOCONTROLE DE
EFLUENTES LÍQUIDOS – PROCON ÁGUA;
 NT-202.R-10 – CRITÉRIOS E PADRÕES PARA LANÇAMENTO DE
EFLUENTES LÍQUIDOS;
 NT-213.R-4 – CRITÉRIOS E PADRÕES PARA CONTROLE DA TOXICIDADE
EM EFLUENTES LÍQUIDOS INDUSTRIAIS;
 DZ-215.R-4 – DIRETRIZ DE CONTROLE DE CARGA ORGÂNICA
BIODEGRADÁVEL EM EFLUENTES LÍQUIDOS DE ORIGEM SANITÁRIA;
72

 DZ-205.R-6 – DIRETRIZ DE CONTROLE DE CARGA ORGÂNICA EM


EFLUENTES LÍQUIDOS DE ORIGEM INDUSTRIAL

De forma geral, o perfil do sistema para regular os recursos hídricos elaborado pelas leis
citadas foi estruturado com base na classificação dos corpos d’água (rios, mares, lençóis
freáticos, etc.). O objetivo por trás da categorização de corpos hídricos é definir o nível de
qualidade de suas águas por diversos indicadores e parâmetros para assegurar, no mínimo, a
conservação dos mesmos.

Logo, o descarte de efluentes industriais não pode alterar as características de qualidade


previamente estabelecidas do corpo hídrico receptor. Para tal, todo efluente gerado em
processos produtivos industriais, incluindo o setor farmacêutico, deve ser tratado para atender
os diversos parâmetros físicos e químicos estabelecidos (pH, temperatura, DBO, etc.) para estar
apto a descarte no corpo hídrico em questão.

É papel do empreendedor gerador tratar os efluentes anteriormente ao lançamento, de


maneira a atender a legislação mais exigente que vigore no seu contexto. Adicionalmente, este
deve estar à disposição para qualquer monitoramento e fiscalização, caso seja solicitado pelo
órgão ambiental responsável. Se este papel não for cumprido, pena de prisão para os
administradores e responsáveis técnicos está prevista na Lei de Crimes Ambientais (nº 9605),
principalmente depois de regras mais rígidas serem implementadas pela Resolução CONAMA
430/11.

Conforme foi discutido, é possível constatar que existem diversos fatores legais que
guiam o descarte de efluentes industriais, incluindo os originados no setor farmacêutico. Dentre
estes estão o tipo de corpo hídrico receptor, o estado de níveis de qualidade do mesmo e o
tratamento necessário para atender os parâmetros exigidos.

Por outro lado, mesmo que a indústria farmacêutica esteja inserida nessa categoria, não
existem políticas que preveem as especificidades desse setor, como a questão dos poluentes
emergentes. Tal negligência dá margem para que os resíduos de produtos farmacêuticos não
sejam identificados, monitorados e tratados nas estações de tratamento de água e esgoto
sanitário convencionais (D’ACENZO et al., 2003 apud PINTO et al., 2016). Por mais que os
resíduos de fármacos possam ser indiretamente tratados, por exemplo nos processos de remoção
de matéria orgânica, sua toxicidade ambiental não é considerada. Assim, a legislação brasileira
73

possui um pequeno atraso nesse quesito, se comparada com políticas de países mais
desenvolvidos.

A Agência Européia de Meio Ambiente, European Environmental Agency (EEA), e a


Agência de Proteção Ambiental, Environmental Protection Agency (EPA), são os órgãos que
regulam o potencial poluente de efluentes industriais como um todo, atuando na Europa e
Estados Unidos da América, respectivamente. Essas instituições estão cientes do perigo
associado aos poluentes emergentes farmacêuticos, já publicando diretrizes e estudos que
alertam sobre a questão. Contudo, leis que de fato se aplicam a essa questão ainda estão em
desenvolvimento.

Na Europa, a Water Framework Directive regula a minimização de resíduos poluentes


em águas superficiais. Ela não apresenta limitações estabelecidas para a presença de resíduos
farmacêuticos em águas subterrâneas e superficiais. No entanto, um indício da preocupação da
EEA com os poluentes emergentes foi a inclusão de três princípios ativos (estradiol,
etinilestradiol e diclofenaco) em uma lista de observação. Todos os compostos presentes na
lista devem ser monitorados pelo menos uma vez por ano, durante quatro anos, para
acompanhar sua concentração nos recursos hídricos em geral. Assim, os resultados dessa lista
podem provocar mudanças na próxima revisão das leis ambientais (LARSSON, 2014).

Além disso, ela abre a possibilidade de os limites de concentração de resíduos


farmacêuticos serem definidos in loco, ou seja, os parâmetros máximos podem ser estipulados
pelas autoridades locais na abertura e licenciamento de uma nova fábrica na Europa. Em outras
palavras, os Estados-Membros da União Europeia podem adicionar os fármacos como
poluentes específicos a serem controlados com respaldo na Water Framework Directive, mas a
maioria não o faz, o que leva as estações de tratamento de efluentes a não serem obrigadas a
tratar esses compostos (LARSSON, 2014).

Um recurso chave utilizado por europeus e estadunidenses é a política de Avaliação de


Risco Ambiental (Environmental Risk Assessment, em inglês), um requisito do processo de
obtenção de autorização para comércio. Nela, é necessário um levantamento dos impactos
ambientais de um produto se descartado em águas superficiais ou subterrâneas. Porém, se um
risco for detectado na Avaliação de Risco Ambiental, a implementação de medidas para reduzir
tal risco não é obrigatória e isso não impede a emissão da autorização para comércio. Além
disso, a Avaliação de Risco Ambiental feita em medicamentos deve ser feita em produtos finais
74

e é confidencial. Isso dificulta estudos futuros com princípios ativos iguais e impede uma
avaliação ambiental completa.

Adicionalmente, a Avaliação de Risco Ambiental feita em medicamentos, na Europa e


nos EUA, não abrange as emissões feitas na produção. Isto é, não é considerada a emissão de
resíduos farmacêuticos provenientes de efluentes industrias, apenas as rotas de descarte após
distribuição e consumo. Nesse caso, a contribuição do impacto ambiental industrial é
negligenciada. Nos Estados Unidos, entretanto, existe a possibilidade de considerar a rota
industrial de descarte de resíduos farmacêuticos se informações claras forem obtidas
comprovando sua relevância. Isto significa que a classificação de efluentes industriais
farmacêuticos como "circunstâncias de emissão únicas" depende de estudos de fontes externas
à indústria, uma vez que a mesma ainda não é obrigada a considerar essas emissões (USFDA,
1998).

Assim, fica evidente que certos países possuem mecanismos legais mais elaborados para
lidar com a emissão de fármacos no meio ambiente, mas ainda em um estágio longe do ideal.
Dito isso, o Brasil pode tomar essa oportunidade para avançar a grandes passos nas leis de
controle e regulamentação específica para a indústria farmacêutica ao se espelhar nos avanços
estrangeiros.

5.2. Gestão Ambiental Empresarial

Como foi avaliado anteriormente, a legislação ambiental nacional e internacional


tendem a responsabilizar os produtores pelo ciclo de vida de seus produtos, o que inclui o
destino final posterior à venda e consumo e o impacto causado pelos resíduos gerados durante
todo o ciclo produtivo.

Dessa forma, as empresas se viram agregando gradativamente fatores ambientais nas


suas decisões e operações, acompanhando o surgimento e evolução da legislação de
preservação do meio ambiente. Segundo Souza (2002), o cuidado ambiental pelas empresas foi
primeiramente introduzido por imposição governamental na década de 70. Dessa forma, os
administradores viam a relação entre suas empresas e o meio ambiente como uma mera restrição
regulatória do governo. Depois, na década de 80, grupos ambientalistas passaram a vocalizar
suas demandas para estratégias ambientais a serem elaboradas. Assim, as mudanças presentes
nas práticas empresárias com relação a questão ambiental foram uma resposta às pressões
somadas dos interesses sociais e governamentais.
75

No entanto, na década de 90, a preocupação ambiental cresceu em complexidade, uma


vez que começou a representar mais competitividade no mercado além de apenas cumprimento
de exigências. As ações tomadas na área ambiental passaram a ser feitas de maneira mais
proativa com o intuito de serem usadas como diferenciação e sinal de boa performance
empresarial, dando vantagem na disputa com empresas concorrentes (SOUZA, 2002).

Segundo Donaire (1994), a concepção da empresa sobre a variável ambiental era crucial
na prioridade designada e velocidade na incorporação da mesma. Ou seja, a preocupação
ambiental era lentamente implementada se fosse apenas vista como uma constante ameaça de
gastos, por outro lado rapidamente incorporada e consolidada na mentalidade e nos modelos
produtivos da empresa se vista como uma oportunidade de minimizar custos e otimizar
processos. Entretanto, outros fatores influenciam esse processo de responsabilização ambiental,
como o custo inicial de investimento e a necessidade de uma equipe de funcionários de alta
performance e competência. Logo, é esperado uma consciência ambiental menos presente em
empresas de pequeno e médio porte que não dispõem de todos os recursos necessários.

Assim, destacam-se os elementos governamentais, sociais e econômicos como grandes


indutores da necessidade de sustentabilidade empresarial. Essa dinâmica está ilustrada na
Figura 17 a seguir:

Figura 17: Diagrama esquemático das Influências na Gestão Empresarial


Ambiental

Fonte: Barbieri (2007)


76

Dada a necessidade de implementação do desenvolvimento sustentável, a incorporação


da preocupação ambiental à política e filosofia das empresas é necessária, e é traduzida por
diversas táticas de gestão empresarial que são aplicáveis à indústria como um todo ou ao setor
farmacêutico especificamente.

Uma gestão empresarial de qualidade é definida como todas as atividades da gestão que
definem os objetivos e responsabilidades da política de qualidade e que praticam tal política
por meio de planeamento, controle, garantia e melhoria da qualidade no âmbito empresarial
(FREITAS, 2006).

Por consequência, a gestão empresarial ambiental é definida como as ações e adaptações


que, se interpretadas em conjunto e no contexto da empresa, afetam a estrutura, diretrizes,
responsabilidades, aspectos operacionais e práticas administrativas de modo a inserir a variável
ambiental e atingir metas estabelecidas com o intuito de mitigar os impactos gerados pelas
atividades da empresa (JABBOUR, SANTOS & NAGANO, 2009).

A partir disso, Abreu, Varvakis & Figueiredo (2002) sugeriram a classificação da


conduta ambiental de uma empresa a partir de sua gestão ambiental. Empresas que não possuem
uma política ambiental escrita são classificadas com conduta ambiental fraca. As empresas que
possuem política ambiental escrita e estão na etapa de implementação de um sistema de gestão
ambiental são classificadas com conduta ambiental intermediária. Finalmente, as empresas com
política ambiental escrita e completamente implementada são classificadas com conduta
ambiental alta.

A gestão de qualidade aliada com princípios ambientais resulta em diversos conceitos


de gerenciamento, vários deles já estabelecidos no mercado e comunidade, de forma que alguns
já são requisitos para cumprimento de leis. Os pertinentes para a indústria geral e para o setor
farmacêutico serão discutidos a seguir.

As Boas Práticas de Fabricação (Good Manufacturing Practices, GMP, em inglês) são


um conjunto de normas que, ao serem aplicadas nos processos, funcionários, edificações,
serviços, visam a reafirmar a qualidade e segurança do produto final de uma produção de escala
industrial.

No Brasil, a RESOLUÇÃO RDC Nº 17, DE 16 DE ABRIL DE 2010, que dispõe sobre


as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, determina a aplicação das normas de Boas
Práticas de Fabricação na produção de medicamentos. Dessa forma, estar de acordo com esta
77

norma é pré-requisito para obter o aval da ANVISA e, assim, sua produção estar
apropriadamente licenciada.

A gestão de qualidade da empresa que deseja implementar as Boas Práticas de


Fabricação deve se assegurar que os requisitos explicitados na norma sejam atendidos em
relação ao desenvolvimento, controle de qualidade, definições de responsabilidade, calibração
de equipamentos, realização de controles necessários em diversas fases do processo, validação
de processos, determinação de logística para garantia de qualidade de insumos e medicamentos
durante todo o prazo de validade dos mesmos. Além disso, é importante a avaliação da
efetividade e cumprimento da garantia de qualidade por meio de auto inspeções regulares
(MORETTO, 2002).

Vale destacar, dentre as normas de Boas Práticas de Fabricação, o enfoque direcionado


ao treinamento dos funcionários, que devem ser educados para reduzir erros, se envolver mais
no trabalho, ser motivados, se comunicar com eficiência e poder resolver e prevenir problemas.
Isso implica em diversos benefícios, como aumento na produtividade, aumento na qualidade
dos produtos e redução de custos operacionais (PEDREIRA FILHO & BARROCO, 2004;
VENERENDA, 2004).

Outro conjunto de normas amplamente usado é a ISO 9001, que determina requisitos
para implantação de uma gestão de qualidade focada na satisfação do cliente. Estes requisitos
são propositalmente não muito específicos, dado o intuito de que a ISO 9001 seja aplicável para
organizações de diversos tipos, tamanhos e produtos.

A ISO 9001 possui vantagens e desvantagens levantadas por aqueles que já a


implantaram em suas organizações. Entre seus benefícios, foram listados a capacidade de
desenvolver um produto ou serviço de qualidade, com alta eficiência e produtividade, no qual
o cliente pode confiar, o que resulta em uma vantagem sobre os concorrentes. Por outro lado,
foram criticados o excesso de documentação exigida, pouco espaço para criatividade e um
padrão que busca consistência ao invés de melhoria contínua da qualidade (BARNES, 1998).

Mesmo com padrões rígidos e sem liberdade, essas características identificadas como
desvantagens podem ser úteis para, pelo menos, ressaltar a estrutura e atributos organizacionais
necessários para se obter o certificado dessa norma.

Em estudo feito por Terlaak & King (2006), foi concluído que organizações certificadas
pela ISO 9001 obtinham um aumento no volume de produção mais elevado que o aumento na
78

produção de empresas não certificadas. Adicionalmente, esse aumento era mais acentuado para
empresas de grande porte, desde que propriamente certificadas.

Em uma comparação feita por Rei (2014) entre as normas descritas nas Boas Práticas
de Fabricação e na ISO 9001, foi concluído que o alinhamento com os requisitos da GMP é
mais vantajoso, já que este também cobre os requisitos da ISO 9001. Logo, isso justifica a
exigência governamental para o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação.

Um conjunto de normas mais específico é a ISO 14000, elaboradas para minimizar os


efeitos prejudiciais ao ambiente originados no processo produtivo. A série ISO 14001,
especificamente, traz critérios para instauração de um sistema de gerenciamento ambiental.
Essas normas possuem grande reconhecimento no cenário corporativo mundial.

A certificação obtida pela ISO 14001 é amplamente usada, pois possui notoriedade
internacional e proporciona o desenvolvimento de um sistema de controle de impactos
ambientais, além de assegurar o compromisso com redução de riscos e desempenho ambiental
para acionistas, agências governamentais e instituições financeiras (DONALDSON, 1996).

Dentre as ferramentas que podem ser usadas em uma gestão ambiental para obter
resultados mais eficazes estão a metodologia de Produção Mais Limpa, Química Verde e
Logística Reversa. A Produção Mais Limpa, P+L, é uma análise feita no processo produtivo a
fim de identificar oportunidades de melhoria que permitam aumentar a eficiência e ganho
econômico e/ou diminuir os impactos aos humanos e meio ambiente. Ela possui viés
preventivo, e normalmente é seguida por meio de duas linhas de pensamento: geração de valor
para aumentar o ganho econômico proporcional ao impacto causado ou a redução de danos
ambientais causados por produto obtido.

Segundo Brasil (2010), a logística reversa é definida pelo conjunto de ações e


procedimentos com o intuito de viabilizar a coleta e recuperação dos resíduos sólidos ao
gerador, de modo que este possa ser reutilizado, reciclado ou descartado apropriadamente. No
setor farmacêutico, a logística reversa pode ser usada para lidar com medicamentos não usados
ou vencidos, bem como suas embalagens.

A implementação da Logística Reversa exige uma Cadeia de Suprimento bem


estabelecida. Para a obtenção de uma, seriam abordadas e solucionadas algumas falhas comuns
no setor farmacêutico. Por exemplo, a previsão mais precisa da demanda de medicamentos é
crucial, pois fatores como sazonalidade e cotas mensais de venda criam demandas ilusórias que
79

acarretam em estoques maiores que o necessário. Isso faz com que os remédios cheguem nas
farmácias com o prazo de validade mais curto, uma vez que parte dele foi abatido apenas na
estocagem, e aumenta as chances de fármacos virarem resíduos, se não for rapidamente
adquirido pelo consumidor.

Já a Química Verde é uma estratégia de prevenção de poluição causada por atividades


química, o que inclui o setor farmacêutico. Essa filosofia visa alterar a maneira que processos
são desenvolvidos, de modo que, desde sua concepção, o processo seja planejado para usar e
gerar menos materiais tóxicos e inflamáveis. Isso minimizaria os riscos associados e os gastos
com tratamento de resíduos. Dentre seus princípios, segundo da Silva et al. (2004), estão:

 É melhor prevenir que tratar ou limpar resíduos de processos químicos depois de


formados;
 Métodos sintéticos devem ser projetados para maximizar a incorporação de toda a massa
dos reagentes no produto. Essa idéia introduzida por Trost (1995) é conhecida como
“Economia Atômica”;
 O uso de outras substâncias durante o processo (ex. solventes, agentes de separação,
etc.) deve, sempre que possível, ser desnecessário ou inofensivo quando usado;
 A matéria-prima deve ser proveniente de fontes inesgotáveis (renováveis);
 Os produtos químicos devem ser planejados de maneira tal que, depois de terem sido
usados, eles não persistam no ambiente e que seus produtos de degradação sejam
inócuos;

Atualmente, a Química Verde já foi aderida pela maioria das grandes corporações
farmacêuticas, tendo impactado especificamente a escolha de solventes. Ao considerar diversos
fatores como utilização de único solvente, com estabilidade mais alta e potencial econômico de
reciclagem, foi possível reduzir o uso de solventes consideravelmente, o que também reduz
gastos posteriores em tratamento dos resíduos. A adesão da química verde na filosofia das
empresas, de modo a gerar uma mentalidade verde nas áreas de química e engenharia que regem
setor farmacêutico, é o início de um futuro onde esse pensamento seja o padrão na pesquisa,
desenvolvimento e execução de projetos (FEDERSEL, 2013).

Todos os conceitos e ferramentas de gestão ambientais comentados baseiam-se no


princípio de prevenção e redução dos impactos ambientais gerados. Assim, parte-se do princípio
que resíduos nunca deixarão de ser produzidos. Dessa forma, uma gestão empresarial ambiental
80

completa inclui a avaliação e implementação de tratamento para os resíduos produzidos, de


forma a alcançar os níveis aceitáveis dos parâmetros previstos na legislação.

5.3. Recuperação e Tratamento de Efluentes

O tratamento dos efluentes provenientes da indústria farmacêutica impacta diretamente a


conformidade às Boas Práticas de Fabricação (BPF) da produção de medicamentos, e dessa
forma a compreensão dos métodos de tratamento é essencial para adequação aos requisitos
regulatórios e para a redução dos impactos causados ao meio ambiente. Além disso, é
importante entender outra estratégia utilizada pelas indústrias a fim de minimizar esses
impactos e aumentar a eficiência das técnicas de tratamento, a recuperação e o reaproveitamento
de subprodutos dos processos produtivos (MARTZ, 2012).

Figura 18: Diagrama esquemático da Gestão de Efluentes

Fonte: Adaptado de Martz (2012).

5.3.1. Recuperação e Reaproveitamento

A recuperação e reaproveitamento de subprodutos como, por exemplo, solventes,


ácidos, sulfato de sódio e sólidos de fermentação compõem uma importante estratégia de
controle e redução de resíduos em uma planta da indústria farmacêutica. A implementação
dessa estratégia não só pode reduzir os gastos com o tratamento posterior, como também prover
81

ganhos econômicos com a recuperação de subprodutos de valor agregado que podem ser
utilizados na própria planta ou em outros setores de outras indústrias.

Ilustrativamente, segundo Struzeski (1980) a recuperação de sulfato de sódio pode


representar uma importante estratégia a ser adotada em plantas farmacêuticas de síntese
orgânica. Em seu relato, ao adotar essa estratégia em uma planta da empresa Hoffmann-La
Roche, na cidade de Belvidere, Nova Jérsei (EUA), a empresa foi capaz de recuperar cerca de
80 toneladas por dia do material. Dessa forma, retorno financeiro imediato foi obtido através
da venda subsequente do sulfato de sódio recuperado e pela redução da concentração do
material no efluente a ser tratado ao final dos processos.

De acordo com Sudhir et al., (2006) dentre os diversos métodos de recuperação e


reaproveitamento adotados nesse setor da indústria, podemos citar:

 Instalação de torres de absorção para recuperação de solventes;


 Eliminação de possíveis vazamentos no processamento de materiais;
 Reciclo de água de selagem;
 Recuperação e posterior venda de sulfato de sódio;
 Eliminação e recuperação de correntes residuais concentradas de amônia;
 Filtragem, secagem e recuperação do caldo de fermentação e micélio para uso como
suplementos alimentares para animais;
 Utilização da água de forma eficiente: por exemplo, as águas da torre e jaqueta de
refrigeração devem ser segregadas das principais correntes de resíduos e devem ser
recicladas e reutilizadas em torres de resfriamento;

5.3.2. Métodos de Tratamento

A indústria farmacêutica emprega uma grande variedade de tratamentos e métodos de


disposição de águas residuais. Os efluentes gerados a partir dessas indústrias variam não apenas
na composição, mas também na magnitude, volume, por planta e épocas do ano, dependendo
das matérias-primas e dos processos utilizados na fabricação de diversos produtos
farmacêuticos, conforme abordado no Capítulo 3. Por esse motivo, é muito difícil especificar
um sistema de tratamento particular para essa indústria tão diversificada. Apesar disso, muitas
alternativas de processos de tratamento estão disponíveis para lidar com a grande variedade de
resíduos produzidos a partir desta indústria (GADIPELLY et al., 2014).
82

O tratamento é definido fundamentalmente pelos seguintes fatores: características do


despejo e estudos de impacto ambiental no corpo receptor; objetivos do tratamento; nível de
tratamento necessário para lançamento e possibilidade de reuso. Com base nesses dados é
preciso estabelecer o grau de remoção requerido em função dos padrões de qualidade para o
efluente e para o corpo receptor, e então selecionar o processo mais adequado. De modo geral,
o tratamento de efluentes pode ser dividido nas seguintes etapas: (i) tratamento preliminar, (ii)
tratamento primário, (iii) tratamento secundário e (iii) tratamento avançado.

Figura 19: Diagrama esquemático das etapas básicas do tratamento de efluentes.

Tratamento Tratamento Tratamento Tratamento


Preliminar Primário Secundário Avançado
Processos
Processos Processos Processos
Físico-
Fisicos Biológicos Avançados
Químicos

Fonte: elaborado pelos autores.

(i) Tratamento preliminar: consiste basicamente em processos físicos, com o


objetivo de remover sólidos grosseiros em suspensão, areia e gordura. Esta etapa pode ou não
ser necessária, dependendo do tipo de efluente.

A remoção dos sólidos grosseiros e areia ocorre ao submeter o efluente a um sistema de


gradeamento e unidades desarenadoras, respectivamente. Os objetivos principais são de
proteger os dispositivos de transporte (bombas e tubulações), proteger as unidades de
tratamento à jusante e facilitar o transporte líquido. Após a remoção dos sólidos grosseiros e
areia, o efluente passa para uma caixa de retenção de gordura e óleo, que visa separar por
gravidade o efluente líquido da porção densa de gordura sobrenadante, facilitando o tratamento
posterior (CAVALCANTI, 2009).

(ii) Tratamento primário: consiste em diversos processos físico-químicos com o


principal objetivo de remover sólidos em suspensão e material graxo (óleos e graxas). Dentre
os vários tipos de tratamentos primários, os processos mais utilizados na indústria farmacêuticas
são: equalização, neutralização/ajuste de pH, coagulação/floculação e sedimentação.
83

 Equalização: como resultado da variação da qualidade e magnitude dos


efluentes, podem surgir problemas como: choques causados pelas sobrecargas no sistema,
problemas operacionais, mau funcionamento e queda no rendimento dos sistemas de
tratamento. Dessa forma, a equalização é uma etapa importante utilizada para minimizar esses
problemas e garantir às fases subsequentes do tratamento um maior controle e uniformidade
dos regimes de vazão e concentração, e também para diluir substâncias inibidoras e estabilizar
o pH. Os tanques de equalização são projetados para equalizar a vazão, a concentração ou os
dois simultaneamente.

 Neutralização/Ajuste de pH: os efluentes da indústria farmacêutica possuem


pH bem variável, podendo ter caráter alcalino ou ácido. Dessa forma, requerem neutralização,
principalmente antes do tratamento biológico, da coagulação e do descarte do efluente no corpo
receptor. O pH da água residual é ajustado pela adição de base ou ácido, dependendo do
requisito das águas residuais brutas. O primeiro ajuste de pH é realizado durante a etapa de
equalização, geralmente utilizando hidróxido de sódio (NaOH) ou ácido sulfúrico (H2SO4),
dependendo do caráter ácido ou básico do efluente.

 Coagulação/Floculação: o principal objetivo desta etapa é aglomerar as


impurezas que se encontram em suspensões finas (estado coloidal) ou dissolvidas, em partículas
maiores para que estas possam ser removidas por decantação ou filtração. A coagulação
consiste na etapa química do processo e age anulando as forças de repulsão entre as partículas
coloidais pela adição de agentes químicos, denominados eletrólitos. Este fenômeno ocorre
através dos mecanismos de ligação e adsorção na superfície da partícula coloidal. Já o processo
de floculação, consiste na etapa física, e ocorre através aglomeração dos coloides estabilizados
por meio do transporte de fluido formando flocos sedimentáveis. Diversos coagulantes são
utilizados no tratamento de efluentes da indústria farmacêutica, dentre os quais se destacam:
sulfato ferroso, sulfato de alumínio, cloreto férrico e cloreto de alumínio (DEZOTTI, 2008).

 Sedimentação: consiste em uma operação unitária convencional para a


separação sólido-líquido. O princípio da sedimentação se baseia na diferença de densidade,
dessa forma ocorre a separação gravitacional das partículas cuja densidade é superior à do
líquido circundante.). Em geral, esta etapa é realizada em decantadores, os quais podem ser
84

construídos em diversos formatos (circulares ou retangulares) e com diferentes formas de


remoção do lodo (METCALF, 2003).

(iii) Tratamento secundário: também denominado tratamento biológico, o efluente


que já passou pelo tratamento primário segue então para a etapa bioquímica. Nesta etapa o
efluente sofre a ação de microrganismos que consomem a matéria orgânica de natureza
biodegradável. Esse consumo é acompanhado da decomposição de carboidratos, óleos e graxas,
proteínas e outros compostos orgânicos complexos em material celular e compostos mais
simples como CO2, H2O, NH3, CH4, H2S, entre outros (VON SPERLING, 1996).

Para Cavalcanti (2009) os principais objetivos do tratamento biológico são:

 Remoção do conteúdo orgânico dos efluentes, especialmente a matéria orgânica


carbonácea, usualmente medida em termos de DQO, DBO e COT;
 Remoção de nutrientes, tais como oxigênio e fósforo;
 Redução parcial ou total de determinados compostos orgânicos de natureza tóxica
(poluentes prioritários) ou persistentes.

Os procedimentos de tratamento biológicos utilizados na indústria farmacêutica incluem


ambos os sistemas de tratamento aeróbicos e anaeróbicos. Sistemas aeróbicos são
tradicionalmente empregados quando há disponibilidade de oxigênio livre e incluem: lodo
ativado, lodo ativado de aeração prolongada, biorreatores com membranas (MBR), filtros
biológicos e contactores biológicos rotativos (Rotating Biological Contactors – RBC). Já os
anaeróbicos operam em ausência de oxigênio livre e pode-se citar: reatores anaeróbios de
contato, filtros anaeróbios, reatores de leito fluidizado e reatores anaeróbios de fluxo ascendente
(UASB). Além disso, reatores anaeróbicos híbridos vêm se tornando populares nesse setor
(GADIPELLY et al., 2014).

Dentre os métodos citados acima, o processo de Lodo Ativado é o método mais utilizado
no tratamento de efluentes das diversas categorias da indústria farmacêutica. O processo se
baseia fundamentalmente na oxidação da matéria orgânica por bactérias aeróbias em tanques
de aeração. Os principais componentes deste processo são: tanque de aeração, decantador
secundário e sistema de reciclo. Em suma, a massa biológica que cresce e flocula é
continuamente recirculada do fundo da unidade de decantação por meio de bombeamento e é
então colocada em contato com o material orgânico na unidade de aeração. Os principais
parâmetros deste processo são a temperatura e o tempo de retenção hidráulico. Apesar deste
85

processo apresentar um custo relativamente baixo e grande eficiência, esta eficiência é afetada
pela presença de materiais não biodegradáveis e pelos níveis de DQO, DBO e pH. Além disso,
o processo de lodo ativado pode apresentar variações, dentre elas estão o processo de lodo
ativado com aeração prolongada, o processo de estabilização por contato, os valos de oxidação
e os reatores batelada sequencial (RBS) (DEZOTTI, 2008).

Sudhir et al., (2006) relata em seus estudos que muitos sistemas que utilizam somente
um dos métodos citados no tratamento biológico, isoladamente, não são capazes de atender os
padrões estabelecidos na legislação. A fim de obter uma maior qualidade dos efluente a serem
lançados nos corpos receptores é comum em unidades de tratamento a utilização de sistemas
combinados. Na Figura 20, segue um exemplo de uma planta de tratamento de efluentes que
utiliza a combinação dos métodos de filtro biológico e lodo ativado para elevar a eficiência da
planta e atender aos padrões de qualidade estabelecidos.

Figura 20: Diagrama esquemático da unidade de tratamento utilizando filtros


biológicos seguidos de lodo ativado.

Fonte: El-Gohary et al. (1995)


86

(iv) Tratamento Avançado: consiste em métodos avançados aplicados com o


intuito de remover ou converter poluentes remanescentes, antes da descarga do efluente no
corpo receptor. De forma semelhante às outras etapas, o tratamento avançado de efluentes da
indústria farmacêutica é bastante diversificado, sendo realizado, por exemplo, pela adição de
reagentes ou devido a reações químicas de precipitação, adsorção e oxidação química. Em geral
estes processos são acoplados às etapas básicas descritas anteriormente, originando tecnologias
de tratamentos híbridas, de forma a obter o melhor desempenho possível no processo global de
tratamento e diminuir os custos.

No caso da indústria farmacêutica, devido à baixa biodegradabilidade de muitos


fármacos, o tratamento de efluentes convencional não é suficiente para a remoção completa
desses poluentes. Basicamente, diferentes abordagens para melhorar a eficiência de remoção
desses micropoluentes de efluentes podem ser distinguidas: otimização da tecnologia de
tratamento existentes utilizando-se tecnologias híbridas, modernização de estações de
tratamento existentes com nova tecnologia “end-of-pipe”, métodos de separação na fonte, e
medidas de controle na fonte (GADIPELLY et al., 2014).

Neste intuito, o desenvolvimento de diversas tecnologias avançadas vem sendo


estudados e aplicados de forma a remover resquícios de medicamento nos efluentes, dentre as
principais tecnologias destacam-se:

 Processos de Separação com Membranas: microfiltração, nanofiltração e


osmose reversa;
 Processo de Adsorção em Carvão Ativado;
 Ozonização;
 Processos Oxidativos Avançados (POAs): que podem ser químicos (processo
Fenton), fotoquímicos incluindo (H2O2/UV, O3/UV, O3/H2O2/UV, Foto-Fenton, Fotocatálise
heterogênea), Sonoquímicos (incluindo US, O3/US, H2O2/US, Fotocatálise/US, Sono-Fenton),
e eletroquímicos (incluindo Oxidação Anódica, Eletro-Fenton, Fotoeletro-Fenton,
Sonoeletroquímico, Sonoeletro-Fenton).

Os processos baseados na oxidação química, como o caso dos POAs e a ozonização são
alternativas de destaque para tratar as características particulares dos efluentes farmacêuticos,
visto que estes podem levar a uma redução na produção de resíduos destruindo efetivamente os
poluentes orgânicos. Os POA são definidos como os processos com potencial de produzir
87

radicais hidroxila (•OH), espécies altamente oxidantes. Essas espécies em quantidade suficiente
são capazes de mineralizar completamente a matéria orgânica, mesmo em baixíssimas
concentrações (ppb), em dióxido de carbono, água e íons inorgânicos. Além disso, em muitos
casos, estes processos consomem menos energia quando comparados a outros métodos, como
por exemplo, a incineração (FREIRE et al., 2000; VERLICCHI et al., 2015).

O uso das tecnologias híbridas são uma tendência para avanços futuros, uma vez que
são capazes de eliminar os poluentes quase que completamente ou dentro de limites de descarga
seguros. O tipo mais comum utilizado é através da aplicação dos processos de oxidação
avançada no estágio de pré-tratamento cujo objetivo é principalmente para remover compostos
recalcitrantes que muitas vezes não são biodegradáveis. Então os efluentes com
biodegradabilidade melhorada podem ser tratados efetivamente pelos métodos de tratamento
biológico. Além dos dois métodos de tratamento biológico, aeróbios e anaeróbios, o tratamento
através de biorreatores de membrana também fornece uma solução promissora.
88

CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO

Foi visto nesse trabalho que a indústria farmacêutica possui diversas características e
especificidades que devem ser levadas em conta para que seja traçada uma boa estratégia de
preservação ambiental, associada ao avanço econômico e tecnológico.

No contexto mundial, notou-se a tendência de envolvimento empresarial mais


espontâneo na resolução de questões ambientais. O setor farmacêutico e sua intrínseca
característica inovadora contribuíram para isso, e essa mudança para uma mentalidade com
maior consciência ambiental tem afetado essa indústria em vários níveis.

Isso foi evidenciado na Química Verde despontando como a nova política de


planejamento e gestão e no surgimento de novos tratamentos de efluentes para o problema
recente dos poluentes emergentes. Assim, esses assuntos despontaram como grandes
oportunidades para aprofundamento futuro, dada a relevância para o desenvolvimento
sustentável e a crescente presença dos mesmos nos debates e estudos acadêmicos da área.

No contexto brasileiro, pode-se perceber que as empresas nacionais, majoritariamente


de pequeno e médio porte, encontram dificuldades para implementar uma gestão ambiental de
qualidade, parcialmente devido à falta de mão de obra qualificada. Além disso, as legislações
ambientais, principais catalisadores dessa implementação, são exigentes, porém ainda
necessitam mais especificidade para o setor.

Logo, após a execução do trabalho, pode-se concluir que o papel do engenheiro químico
é evidentemente crucial para o avanço do setor farmacêutico no âmbito socioambiental. Um
debate mais elaborado sobre a preocupação ambiental e a gestão empresarial na formação do
engenheiro químico é uma sugestão para que este possa alinhar seus conhecimentos técnicos
com essas novas noções para exercer função essencial no desenvolvimento da indústria
farmacêutica no âmbito nacional e global.
89

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