Você está na página 1de 17

SUBSTITUIÇÃO DO PARABENO POR CONSERVANTES NATURAIS EM COSMÉTICOS

Iuly Caroline Maia de Pinho


iulymaiia@gmail.com
Orientador Técnico
Lílian Amaral de Carvalho
Silvana Julia da Silveira Diniz
Engenharia Química

1
1. Introdução
O uso de cosméticos tem aumentado gradativamente nos últimos anos devido ao
padrão de beleza de homens e mulheres, estimulados pelo fenótipo ideal que a mídia
estabelece. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o Brasil é o quarto maior mercado de beleza do
mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e do Japão. Visando este mercado
ascendente, as indústrias investem cada vez mais em tecnologia e melhoria da qualidade de
seus produtos.

A contaminação microbiana é um dos problemas, senão, o mais importante, da


indústria cosmética, já que os produtos são reconhecidos por serem substratos para a
sobrevivência e desenvolvimento de uma ampla variedade de microrganismos. Cada produto
possui seu nutriente específico e estes facilitam o crescimento microbiano, como: lipídeos,
polissacarídeos, álcool, proteínas, aminoácidos, glucosídeos, esteróides, peptídeos, vitaminas
e água (HERRERA AG, 2004).

O controle da contaminação microbiana nos cosméticos é de fundamental importância


considerando a preocupação com a saúde pública, a qualidade e a estabilidade do produto. Por
isso, os conservantes são utilizados com o objetivo de inibir essa presença de microrganismos
nos cosméticos, que pode ocorrer durante a fabricação e na utilização de uma formulação,
aumentando assim sua vida útil.

Existem diversos conservantes para uso em cosméticos, dentre eles, os mais utilizados
são os ésteres de aquil do ácido parahidroxibenzóico (parabenos). Esses conservantes são
largamente utilizados devido às suas características como amplo espectro de atividade, boa
solubilidade em água, são incolores, inodoros e insípidos, além de ter preço mais baixo. Os
tipos mais comuns são, metilparabeno, etilparabeno, propilparabeno, benzilparabeno e
butilparabeno (DEZOTTI, 2007).

Em contrapartida, constantemente os consumidores são alertados por informações nos


meios de comunicação e pela comunidade científica que o induzem a evitar o uso dos
produtos que utilizem várias substâncias químicas, tais como os parabenos. Vários desses
compostos apresentam numerosos casos de reações adversas, principalmente reações de
hipersensibilidade que interferem na atividade estrogênica e no trato reprodutivo masculino.
Além disso, esses conservantes têm sido associados ao aumento da incidência de câncer de
mama (LANNA VIANA, 2013).

Apesar de sua concentração nas formulações ser baixa, é de suma importância


considerar o risco dessa exposição, uma vez que a população consome vários produtos no dia
a dia, contendo essas substâncias nocivas à saúde (MACHADO et. al. 2017). Com isso,
neste trabalho, além de avaliar estudos que apontem os efeitos negativos dos parabenos, será
proposto a produção de um batom líquido utilizando o conservante natural Nipaguard em
substituição dos parabenos. Posteriormente, a segurança e eficácia do cosmético será
verificada através do teste de estabilidade.

Ao final será realizado teste de aceitação do produto pelo consumidor. O conservante


que será utilizado é certificado pelo órgão certificador Ecocert e a segurança do cosmético
será mantida, livre de contaminantes e de substâncias que causam impactos negativo na saúde
do consumidor.

2. Referencial Teórico

2.1. Cosméticos

Segundo Ribeiro (2010) a palavra cosmético vem do grego kosméticos, relativo a


adorno, prática ou habilidade em adornar. O órgão que controla os cosméticos no Brasil,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC) n° 211, de 14 de julho de 2005, define produtos de higiene pessoal, cosméticos e
perfumes como sendo “...preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de
uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos
genitais externos, dentes de membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo
ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e
protegê-los ou mantê-los em bom estado”.

No Brasil a RDC 343/05 classifica os produtos cosméticos quanto ao grau de risco que
representam à saúde humana, correlacionado com sua segurança de uso em duas categorias
gerais, grau 1 e grau 2, que indicam qual o nível de risco que seu uso oferece ao consumidor.

Os de Grau 1 são produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes de risco mínimo,


que se caracterizam por possuírem propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação
não seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo
de usar e suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do produto. Já os de Grau
2 são aqueles com risco potencial, que possuem indicações específicas, cujas características
exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e
restrições de uso. Exemplos de produtos de Grau 2 são aqueles destinados ao uso infantil
(RDC Nº 211).

Segurança é a condição de estar protegido, enquanto a eficácia consiste em atingir um


dado objetivo ou resultado esperado. Assim, um cosmético seguro e eficaz pode ser definido
como sendo aquele que cumpre o objetivo proposto com baixíssima probabilidade de
ocorrência de danos ao usuário, já que a ausência total de riscos não existe. Para minimizar os
riscos, um produto cosmético deve levar em sua composição componentes permitidos,
garantindo assim, maior segurança, diminuindo possíveis problemas à saúde humana
(MASSON, 1999).

2.2. Contaminação microbiana

Contaminações microbiológicas são causadas por microrganismos, definidos por


organismos vivos de tamanho microscópicos, sendo bactérias e fungos (bolores ou leveduras)
os mais comuns. Para que os microrganismos se desenvolvam é necessário que encontrem
condições adequadas para sua nutrição, reprodução e mobilidade no meio onde estão
localizados (REID FR, 1979).

A contaminação microbiológica em produtos cosméticos pode ocorrer pelas mais


diferentes formas, podendo ser provenientes de equipamentos ou recipientes usados na
manipulação, e pode estar presente em alguma matéria-prima. Algumas destas matérias-
primas são particularmente susceptíveis à contaminação microbiana, como produtos de
origem vegetal, água, gomas naturais, proteínas e amidos, pois podem possibilitar o
crescimento de microrganismos. A limpeza das embalagens que irão acondicionar as
formulações é fundamental para se evitar a contaminação, além de que, o produto também
pode ser contaminado pelo usuário. Os microrganismos ainda, podem se desenvolver nos
cosméticos ao longo do tempo caso este não esteja com conservantes adequados para a sua
condição (PINTO, 2000).

Um produto livre de microrganismos constitui uma exigência crescente,


principalmente por parte dos consumidores e dos órgãos responsáveis pela vigilância sanitária
do país. As consequências de um produto cosmético contaminado recaem sobre o comprador,
que pode sofrer danos à saúde devido à população de microrganismos. Além disso, essa
contaminação pode resultar também na deterioração do cosmético, alterando suas
características, como, mudanças de cor, odor e consistência, repercutindo no abandono do
produto pelo usuário, reclamações junto à empresa e nas consequentes perdas financeiras e de
imagem da marca ou da empresa como um todo (CARREIRA, 2008). Portanto, há
necessidade de assegurar a estabilidade do produto durante o prazo de validade, garantindo
sua inocuidade e eficácia ao consumidor.

Os principais tipos de microrganismos que podem ser encontrados em produtos


cosméticos que estejam inadequados ao uso são:

 Fungos:

Bolor: O bolor é um tipo de fungo que se desenvolve também em alimentos. Para seu
crescimento precisam de água, oxigênio, nutrientes. Nessas condições, os bolores podem se
multiplicar rapidamente (FRANCO; CARVALHO, 2017). A Figura 1 abaixo exibe este tipo de
fungo.

FIGURA 1 – FUNGO-BOLOR

Fonte: Cosmetologia do Bem, 2017, p. 15

Leveduras: As leveduras são outro tipo de fungo que podem deteriorar formulações
cosméticas e alimentos. Elas se desenvolvem com: água, ausência de oxigênio e nutrientes.
Os fungos filamentosos e as leveduras podem crescer em variações de pH maiores que as
bactérias, porém, os valores ótimos de pH para fungos são geralmente inferiores, entre 5 e 6.
(FRANCO; CARVALHO, 2017). Podemos observar as leveduras na Figura 2, abaixo.
FIGURA 2 – FUNGO - LEVEDURA

Fonte: Cosmetologia do bem, 2017, p.16.

 Bactérias são
um tipo de microrganismo que se desenvolvem nas condições de presença de água, nutrientes,
calor, oxigênio (na maioria dos casos). A maioria das bactérias cresce melhor dentro de
variações pequenas de pH, sempre perto da neutralidade, entre 6,5 e 7,5, e poucas são capazes
de crescer em pH ácido. No entanto, algumas denominadas acidófilas apresentam alto grau de
tolerância à acidez (FRANCO; CARVALHO, 2017). A Figura 3 abaixo exibe a proliferação
de bactérias.

FIGURA 3 - BACTÉRIAS

Fonte: Cosmetologia do bem, 2017, p.17.

Em virtude do que foi mencionado, é visto que os cosméticos necessitam de


substâncias que inibem o crescimento desses microrganismos, os conservantes, que os
preserva de deteriorações causadas por bactérias, fungos e leveduras.

2.3. Conservantes

Conservantes são substâncias químicas também conhecidas como preservantes, cuja


função é inibir o crescimento de microrganismos no produto, mantendo-o livre de
deteriorações causadas por bactérias, fungos e leveduras. Eles podem ter atividade
bacteriostática e fungistática. Não é função do conservante compensar más práticas de
fabricação. Isto pode, inclusive, gerar microrganismos resistentes, porém, mesmo que o
fabricante possa oferecer um produto isento de contaminações, o próprio consumidor
inadvertidamente pode adicionar uma certa carga microbiana durante o seu uso, tornando-se
necessário prover o produto de algum sistema eficiente de conservação (INSUMOS, 2017).

Para designar um sistema conservante, é necessário conhecer seu meio. Conhecendo-


se o meio. Pode-se saber a qual microrganismo o produto é mais suscetível, além de suas
propriedades físico-químicas para se prever possíveis incompatibilidades químicas com os
componentes da fórmula e até de inativação do conservante. As propriedades organolépticas
também devem ser consultadas, a fim de se prever possíveis interferências na cor, no odor e
no sabor (ORTH DS, 2001).

O conservante ideal deve ser estável, compatível com outros ingredientes da


formulação e até com a embalagem, sem interferir nas características do produto. Também
deve ter amplo espectro de ação em baixa concentração, permanecer ativo em ampla faixa de
pH e temperatura, distribuir-se de forma apropriada em sistemas emulsionados, inativar
contaminantes rapidamente, prevenindo a adaptação microbiana, além de não provocar efeitos
tóxicos, irritantes e hipersensibilizantes (WILKINSON; MOORE,1982).

Poucos agentes se aproximam deste ideal, e todos, sem exceção, têm demonstrado
causar alguma sensibilização de contato, que pode ocorrer por meio da ingestão, inalação ou
permeação cutânea. Estima-se que 12% da população apresenta efeitos adversos a produtos
cosméticos, especialmente reações alérgicas, sendo que os conservantes estão em segundo
lugar neste ranking, atrás apenas das fragrâncias (AMARAL LFB, 2010).

2.3.1. Parabenos

Os parabenos se destacam na indústria dos cosméticos como um dos conservantes


mais utilizados, presentes em mais de 87% dos cremes cosméticos (FERNANDES et.
Al.2013).

São ésteres do ácido parahidroxibenzóico, o qual é antimicrobiano, porém à medida


que o pH aumenta, dissocia-se na forma de sais inativos. O pH mais alto, com ainda alguma
atividade, é um pH igual a 8. Por isto, os parabenos são raramente usados em pH>6.
Apresentam características como amplo espectro de atividade, boa solubilidade em água, são
incolores, inodoros e insípidos, além de serem mais economicamente viáveis para as
indústrias (CONSERVANTE..., 2019).
Os parabenos incluem o metilparabeno, etilparabeno, propilparabeno, butilparabeno,
isopropilparabeno, isobutilparabeno e benzilparabeno. São mais ativos contra fungos, mas
também possuem propriedades antibacterianas contra bactérias gram-positivas (ausência de
membrana externa) e gram-negativas (contém membrana externa), apresentando assim um
amplo espectro de ação (CRINNION, 2010; SONI et. al. 2002).

Sabe-se ainda que a atividade antimicrobiana desses compostos aumenta com o


aumento da cadeia carbônica do substituinte do éster, mas sua solubilidade em água decresce
proporcionalmente (FERNANDES, 2013; SONI et. al. 2002). Desta forma, o uso de ésteres
com menor cadeia torna-se mais comum por causa da elevada solubilidade em água. Ainda
para uma atividade antimicrobiana aperfeiçoada, recomenda-se o sinergismo da combinação
de dois hidroxibenzoatos de cadeia alquil curta (ZHANG et. al. 2005).

As regulamentações da União Europeia e do Brasil permitem o uso de, no máximo,


0,4% de cada parabeno e, um máximo, de 0,8% de parabeno total, no produto cosmético
(CONSERVANTE..., 2019).

Entre os parabenos mais utilizados como conservantes, estão o metilparabeno e o


propilparabeno, demonstrados na Figura 4.

FIGURA 4 - PARABENOS

Fonte: Ribeiro, 2013, p. 21.

Desde 2011, os parabenos vem sendo estudados em relação ao seu efeito tóxico.
Mesmo sendo utilizados dentro das concentrações permitidas, podem ter certa toxicidade,
causando reações de hipersensibilidade, ação estrogênica e desregulação endócrina (LEE
E,2007).

Os parabenos podem ser absorvidos através da pele e penetrar no estrato córneo de


forma inalterada. A absorção, assim como a permeação cutânea, depende da extensão da
cadeia. Quanto maior for a cadeia, menor será a permeação. Emulsões podem facilitar a
distribuição dos parabenos e aumentar a permeabilidade (LAZZARINI, R. 2009). Os
parabenos são rapidamente absorvidos pelo trato gastrointestinal e pelo sangue, hidrolisados a
ácido para-hidroxibenzóico, conjugados e excretados pela urina, mas também podem
permanecer intactos no organismo, sendo acumulados nos tecidos do corpo e no sangue em
concentrações que podem promover efeitos estrogênicos (GAMA, M. R. 2010).

Os desreguladores endócrinos podem interferir no funcionamento do sistema


endócrino pelo menos de três formas: mimetizando a ação de um hormônio endógeno como o
estrogênio ou a testosterona; bloqueando os receptores hormonais nas células; e afetando a
síntese, o transporte, o metabolismo e a excreção de hormônios. Os desreguladores endócrinos
podem danificar diretamente um órgão endócrino, alterar diretamente a sua função, interagir
com um receptor de hormônios ou alterar seu metabolismo em um órgão endócrino. (BILA,
D. M.; DEZOTTI, M. 2007).

As alterações causadas por um desregulador em mulheres incluem disfunção na


diferenciação sexual, alteração no tecido ovariano com tendência a formação de ovário
policístico, aumento da incidência de câncer de mama, vaginal e no colo do útero. Nos
homens pode acarretar efeitos como redução de testosterona, de esperma, o aumento da
incidência de câncer de testículo e de próstata (SILVA, F. M. L. 2010).

Todos os conservantes são considerados tóxicos (LERANOZ, 2002), especialmente os


parabenos, aqui apresentados. Portanto, para melhor proteção dos consumidores, o
desenvolvimento de compostos naturais ou sintéticos, aprovados pelos principais órgãos
certificadores, com a mesma atividade antimicrobiana e com o propósito de reduzir ou até
mesmo substituir os conservantes tradicionais, já deveriam ser uma realidade disseminada no
setor industrial.

2.4. Conservante Natural - Nipaguard

Os cosméticos ecologicamente corretos são divididos em duas categorias, de


acordo com sua composição, sendo eles: cosméticos orgânicos e os cosméticos naturais.
Essas categorias não são regulamentadas pela Legislação Brasileira, mas os produtos que se
enquadram nelas passam por diretrizes rigorosas realizadas por empresas certificadoras antes
da sua comercialização. No Brasil, as certificadoras responsáveis são o Instituto Biodinâmico
(IBD Certificações) e pelo Grupo Ecocert. Ambas certificadoras são credenciadas pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (RIBEIRO, 2010; WEISS, HAMAD
EFRANÇA, 2011).
Para a metodologia do presente trabalho, foi utilizado o conservante Nipaguard em
Velsan Caprilato de Sorbitana (SC) certificado pela Ecocert. Este é um agente antimicrobiano
de amplo espectro constituído por uma mistura sinérgica de de três produtos, que são: 15%
ácido benzoico em Velsan SC, 65% Caprilato de Sorbitana, e 20% Propanodiol (Nomeclatura
internacional de ingredientes cosméticos - INCI: Sorbitan Caprylate e propanodiol). O
produto exibe atividade microbiana contra uma ampla gama de bactérias gram positivas e
gram negativas, leveduras e fungos (CLARIANT, 2017).

O Velsan SC age como um reforço do conservante, o que pode reduzir a sua utilização,
tais como álcool e ácidos orgânicos, em cerca de 50%. Por ser classificado como um reforço
do conservante, e não como um conservante, as formulações que utilizam o Velsan SC podem
ser declaradas como sendo isentas de conservantes (CLARIANT, 2017).

O Nipaguard é totalmente produzido a partir de matérias-primas renováveis, a


sorbitana é extraído do milho ou do trigo, o ácido caprílico, de derivados do óleo de palma ou
do óleo de coco, e o Velsan SC é completamente biodegradável (CLARIANT, 2017).

Nipaguard é fornecido como um líquido amarelo, e tem a capacidade de conservar a


atividade na presença da maioria dos ingredientes cosméticos. Ele é ligeiramente solúvel em
água, prontamente solúvel em ingredientes de fase oleosa e em muitos solventes orgânicos. O
conservante permanece totalmente estável em uma ampla gama de pH de 4,0 a 8,0 e em uma
ampla faixa de temperatura, até 80°C (CLARIANT, 2017).

3. Metodologia

Toda metodologia foi desenvolvida no laboratório de química da faculdade Una –


Betim.

3.1 Produção do cosmético livre de parabenos

A produção do cosmético, sem adição do conservante parabeno, foi sintetizada da


seguinte forma e proporção:

1. Foi pesado devidamente na balança analítica 10g de Manteiga de Cupuaçu, 10g


de óleo de semente de uva, 0,8g de óxido de ferro, 0,8g de mica;
2. O conservante foi pesado de acordo com a equação 1. O valor utilizado de
conservante foi o recomendado pelo próprio fabricante, valor de 1%. Assim,
calculou-se uma quantidade de 0,22g;

3. Após a pesagem dos insumos, a Manteiga de Cupuaçu foi derretida, utilizando


uma chapa aquecedora, e em seguida acrescentada ao óleo de semente de uva;

4. À diluição anterior foram adicionados os pigmentos e o conservante Nipaguard.

Equação 1 - Fórmula para cálculo da quantidade de conservante:

Quantidade de conservante = (Massa total de formulação (g) X (% recomendado do conservante)

(% recomendado do conservante)

Fonte: Cosmetologia do Bem, 2017

2.2. Análise de Estabilidade

Pelo perfil de estabilidade de um produto é possível avaliar seu desempenho,


segurança e eficácia, além de sua aceitação pelo consumidor, de acordo com o Guia de
Estabilidade de Produtos Cosmético, publicado pela Anvisa.

Foram utilizadas, para o teste, duas formulações de batom. A padrão, que é o produto
de mercado, cuja aceitabilidade é conhecida, considerados satisfatórios no que se refere aos
parâmetros avaliados. Essa amostra referência foi utilizada de comparativo para com a que foi
produzida.

As amostragens foram submetidas a condição de estresse, a temperaturas mais altas,


visando acelerar o surgimento de possíveis sinais de instabilidade (ANVISA, 2004) e assim
avaliar os parâmetros organolépticos, como aspecto, cor e odor. Foi analisado também, após o
aquecimento, possíveis alterações do Potencial hidrogeniônico (pH), já que a faixa de pH para
batons é entre 6 e 7 para que sejam compatíveis com a saliva humana e que não ataquem as
gengivas e os dentes (GALEMBECK; CSORDAS, 2018, p.10). O procedimento para esse
teste foi sintetizado da seguinte forma e proporção:
1. A formulação produzida foi submetida à aquecimento na mufla, por 1 hora
para cada temperatura de 37°C, 40°C e 45°C;
2. Dado esse intervalo de tempo, a amostra foi retirada da mufla e então
preparada para medição do pH. Foram retirados 5g de material de cada
amostra, que foram adicionados a 50ml de água destilada. Como a formulação
e a água não se misturam, as duas substâncias foram separadas com o auxílio
de uma pipeta descartável; para, então, o pH da água ser medido;
3. Nesse caso foi avaliado o pH de uma amostra padrão também. Portanto, o
mesmo procedimento realizado no item 2 com a formulação produzida, foi
realizado com a padrão. Foi necessário para que pudéssemos posteriormente
comparar as medições;
4. Após a medição do potencial hidrogeniônico, os parâmetros organolépticos
foram avaliados e classificados segundo os seguintes critérios (ANVISA,
2004):
 Aspecto: Normal, sem alteração; levemente separado; levemente
precipitado ou levemente turvo; separado, precipitado ou turvo.
 Cor – Visual: Normal, sem alteração; levemente modificada;
modificada; intensamente modificada.
 Odor: Normal, sem alteração; levemente modificada; modificada;
intensamente modificada.

3.3. Teste de aceitabilidade do consumidor

Como a formulação produzida é considerada natural, foi proposto um teste de


aceitabilidade com 20 mulheres. Após passar o batom elas responderam um questionário (no
anexo) que avalia a eficácia do produto ao ver do consumidor. Na embalagem foi informado
as substâncias utilizadas, para evitar a participação de alguém que tenha alergia a alguma
delas.

4. Resultado e Discussão

4.1. Produção do cosmético

Tem-se na Figura 5 todos os insumos utilizados na produção dos cosméticos. À frente,


da esquerda para direita observam-se o óleo de semente de uva, o conservante e a mica rosa.
Atrás, está o óxido de ferro vermelho e a Manteiga de Cupuaçu. A Figura 6 representa o
último processo da produção, a adição do conservante à mistura do óleo com os pigmentos, já
na Figura 7, tem-se o batom produzido.
FIGURA 5 – PRODUTOS

FIGURA 6 - CONSERVANTE FIGURA 7 - BATOM

4.2. Análise de estabilidade

Os resultados para os parâmetros organolépticos foram: normais, sem alteração, nas


três temperaturas (37°C, 40°C e 45°C). Já o pH do cosmético produzido permaneceu 6
(Figura 8), enquanto o da amostra padrão permaneceu 7 em todas as temperaturas (Figura 9).

Com isso podemos concluir que o batom produzido apresentou ótimos resultados de
estabilidade em relação ao padrão, já que não houve qualquer sinal de instabilidade e
alteração do pH, indicando que o produto não necessita passar por reformulação;
FIGURA 8 – PH DO BATOM PADRÃO FIGURA 9 – PH DO BATOM PRODUZIDO

4.3
Aceitação do consumidor

5. Anexo
6. R
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s

Bibliográficas

AMARAL, L. F. B. Avaliação da eficácia antimicrobiana do monoéster de C-8 xilitol


como alternativa conservante para produtos cosméticos. p. 108, 2010.

AMPLIADA, A. M. et al. Câncer de mama e cosméticos. v. 35, n. 1, p. 20–23, 2015.


BENVENUTTI, A. de S.; VEIGA, A.; ROSSA, L. S.; MURAKAMI, F. S. Avaliação
da qualidade microbiológica de maquiagens de uso coletivo. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR,
Umuarama, v. 20, n. 3, p, 159-163, set./dez. 2016.

BLENDS, Z. NIPAGUARD ® ZERO BLENDS Broad spectrum preservation.


[s.d.].

CARREIRA, F. Determinação de parabenos em antitranspirantes empregando


voltametria sob eletrodo de diamante e cromatografia liquida de alta eficiência. p. 1–114,
2008.

CLARIANT. Velsan-SC. 2017.

CONSERVANTES. Revista Cosméticos & Perfumes. p. 29-52. 2007.Nº 44 Editora:


Insumos.

CORRETOS, C. E. A legislação brasileira em relação à comercialização de


cosméticos ecologicamente corretos. p. 1–12, 2014.

Você também pode gostar