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Taciane Martiori1
Niloar Bissani2
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil dos trabalhadores haitianos em uma
agroindústria do município de Chapecó/SC. Além de Conhecer como vivem identificar os
principais motivos pelos quais optaram por escolher esta cidade para trabalhar, quais as rotas
foram as mais utilizadas para chegar ao Brasil e demonstrar através de dados da empresa a
parcela significativa de mão de obra que é utilizada desses imigrantes. Foram avaliados dados,
fornecidos pela área de recursos humanos da empresa, sobre os fechamentos de contratação
de funcionários efetivados entre os dias 01 à 31 de março de 2015 e realizadas entrevistas
com cinco funcionários imigrantes de origem Haitiana. Durante o período pesquisado os
funcionários haitianos representaram 9% do total dos funcionários contratados pela empresa,
demonstrando um percentual significativo de contratações. Todos citaram ter escolhido a
cidade de Chapecó para trabalhar por indicação de amigos devido às oportunidades de
trabalho e de estudo.
1 INTRODUÇÃO
1
Graduada em Tecnologia de Alimentos. Cursando MBA em Gestão de Pessoas e Desenvolvimento
Organizacional pela UCEFF Faculdades. E-mail: tacimartiori@hotmail.com.
2
Especialista em Gestão de pessoas – UCDB, Especialista em Gestão de Marketing em Serviços e Varejo – UPF
e Graduado em Administração com ênfase em Recursos Humanos – CELER FACULDADES. Docente na
UCEFF Faculdades. E-mail: niloar@uceff.edu.br.
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O mundo nunca teve tanta gente morando fora do país de origem. A Organização das
Nações Unidas - ONU avalia que existem atualmente 160 milhões de migrantes, pessoas
vivendo fora do seu país pelas mais variadas razões - da mudança temporária por exigência do
trabalho à tentativa de uma vida melhor no exterior fugindo de guerras (EBC, 2015).
Movimentos de imigração para o Brasil se intensificaram em 2012, especialmente de
haitianos, bolivianos, espanhóis, franceses e americanos. Segundo dados do Ministério da
Justiça, em seis meses, a imigração cresceu 50%, em comparação com o total de entradas
verificado no final do ano de 2010. Atualmente, o país conta com 1,5 milhão de imigrantes
legalizados (EBC, 2015).
Devastado por um terremoto no dia 12 de janeiro de 2010, o Haiti ainda está à espera
da reconstrução. A situação crítica em que está o país – sem coleta de lixo, com esgoto a céu
aberto e fome. A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti - MINUSTAH,
comandada pelo Brasil, atua não só no restabelecimento da paz, mas sobretudo em ações
humanitárias. As tropas trabalham, por exemplo, na perfuração de poços artesianos na
tentativa de amenizar um dos principais problemas do Haiti: a falta d'água. A ajuda
humanitária é feita também por freis franciscanos brasileiros, na Casa de Francisco. Lá, a
população haitiana tem acesso a cursos profissionalizantes, serviços de saúde, alimentação e
ensino infantil. Para tentar retomar o desenvolvimento econômico, o país aposta no turismo.
No litoral, as belas praias atraem famílias de estrangeiros e haitianos (CHAPECÓ MAIS,
2015).
Os milhares de imigrantes haitianos que deixaram o país após o terremoto são
responsáveis por uma das maiores diásporas modernas na América Latina. O terremoto no
país, há cinco anos, não apenas prejudicou a infraestrutura básica do Haiti, mas comprometeu
o mercado de trabalho. Atualmente, ter um emprego com carteira assinada e demais
benefícios é quase um luxo, o que explica a busca de condição de vida digna a milhares de
quilômetros da ilha caribenha (CHAPECÓ MAIS, 2015).
Foi no ano de 2010 que intensificaram os primeiros movimentos de imigração no
Brasil, especialmente de haitianos, em seis meses a imigração cresceu 50%. Atualmente, o
Brasil conta com 1,5 milhões de imigrantes legalizados. De acordo com o Conselho Nacional
de Imigração - CNI, entre os fatores para o aumento da presença de estrangeiros no país está
a crise internacional que atingiu a zona do euro e levou imigrantes europeus para países da
América Latina e Caribe. O Haiti, atingido nos últimos anos por desastres naturais que
agravaram problemas já crônicos do país, viu milhares de cidadãos deixarem sua terra natal
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país. Acredita-se que diálogos com governantes do Peru e equador sobre os vistos dos
imigrantes resolveria grande parte dos problemas da imigração ilegal (RIBEIRO, 2015).
Em abril de 2013, os órgãos governamentais do Acre decretaram situação de
emergência social em alguns municípios em consequência da chegada descontrolada de
imigrantes nestes locais, em sua maioria haitianos. Mas, alguns abrigos em várias cidades
foram montados para instalar esses imigrantes. No mês de abril de 2014, em razão das
enchentes do rio Madeira, alguns abrigos, já então superlotados, tiveram que ser fechado,
deixando a grande maioria desses haitianos desabrigados (PORTES, 2012).
Dos mais de 30 mil haitianos que cruzaram a fronteira brasileira nos últimos anos,
segundo o governo do Acre, principal acesso ao Brasil, a maior parte foi acolhida em São
Paulo ou nos estados do Sul, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. No
município catarinense de Chapecó/SC, no oeste do estado, os imigrantes trabalham em
frigoríficos e moram nos bairros da periferia (CHAPECÓ MAIS, 2015).
Em consequência do fechamento dos abrigos em várias cidades que costeavam o rio
Madeira, o governo do Acre despachou os migrantes para Rio Branco, de onde seguiram
viagem para outros estados. Desde os dias 8 e 9 de abril de 2014, a chegada massiva de
haitianos à cidade de São Paulo sem aviso prévio, em ônibus fretados pelo governo do Acre
chamou a atenção da imprensa, da sociedade civil e de diversas organizações humanitárias (O
ESTADÃO, 2015).
Ao chegar à capital paulista, muitos deles procuram a Missão Paz, que é
uma Organização não Governamental - ONG ligada à Pastoral dos Migrantes. Fundada por
religiosos scalabrinianos, funciona na paróquia de Nossa Senhora da Paz, no bairro do
Glicério. Desde 1939 em atividade, a Missão acolhe diariamente 110 imigrantes e de 60 a 70
nacionalidades por ano. 11 650 haitianos passaram pela Missão Paz entre 7 de abril e 11 de
maio de 2014. A entidade atende imigrantes e refugiados de todo o mundo desde sua
fundação, em 1939. O padre Paolo Parise, coordenador da Missão, destaca a necessidade de
que o Brasil disponha de uma lei de migração humanista e clara, em substituição à Lei nº
6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro), uma "herança do tempo
da ditadura". Segundo ele, o país carece de uma política de migração de fato, e o Estado - não
as organizações da sociedade civil - é que deve ser o protagonista nas ações em favor dos
migrantes (RIBEIRO, 2015).
O Brasil emite mais de 100 vistos por mês para cidadãos do Haiti, conforme o
Ministério da Justiça. Segundo a pasta, a emissão dos documentos a quem busca entrar
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legalmente no país visa evitar que os haitianos migrem irregularmente, com a ajuda de
organizações criminosas (GLOBO, 2015).
Os haitianos deixam seu país e suas famílias principalmente em busca de trabalho.
Acreditam que no Brasil seja mais fácil, por ser o único pais que os recebe com humanidade.
Os imigrantes precisam trabalhar no Brasil, pois precisam se manter e enviar dinheiro para
suas famílias que ainda residem no Haiti (CNI, 2014).
grandes demandas por força de trabalho, especialmente por aquela de perfil menos qualificado
(OBMigra, 2014).
Por serem trabalhadores “indocumentados”, sem conhecimento do idioma nacional e
da proteção legal a que têm direito, ansiosos para começar a trabalhar e reconstruir suas vidas,
os imigrantes haitianos se tornam bastante vulneráveis à ação de redes de “coiotagem” e
tráfico de pessoas, que os orientam durante a trajetória até o Brasil, e também de eventuais
empregadores no lugar de destino, pois chegam com a necessidade imperiosa de trabalhar
para quitar as dívidas contraídas com a viagem e para ajudar os familiares que permanecem na
terra natal (CARVALHO, 2015).
Com isso, muitos estrangeiros se sujeitam a ficar em condições que os deixam
expostos a exploração do trabalho com jornadas de trabalhos exaustivas e forçadas, ficando
para ele ofícios perigosos, pesados e com baixa remuneração. Muitas empresas brasileiras se
deslocam até o Acre para selecionar estrangeiros para trabalhar nas suas empresas, pois, nota-
se uma grande disposição física para o trabalho, vontade e interesse em aprender (RIBEIRO,
2015).
Apesar do trabalho árduo, que inclui horas de atividade física repetitiva sem desviar o
foco do manuseio de facas e serras elétricas os haitianos se dizem conformados com o
emprego. O salário líquido, por volta de R$ 1 mil, não tem atraído muitos brasileiros. Por
isso, a mão de obra estrangeira é mais do que bem-vinda para as empresas. Para os haitianos,
a quantia também é considerada baixa, principalmente com a atual depreciação do real em
relação ao dólar, o que diminui o valor que eles podem enviar às famílias no Haiti, ao
converterem para a moeda americana (CHAPECÓ MAIS, 2015).
Apenas este ano, Santa Catarina emitiu mais de duas mil carteiras de trabalhos para
haitianos, que chegam ao estado cada vem em maior número. De acordo com Ministério do
Trabalho - MT (2015, p. 01): “nos cinco primeiros meses de 2015, a Superintendência
Regional de Trabalho e Emprego - SRTE emitiu 2.259 carteiras de trabalho mais do que o
dobro dos 986 documentos expedidos em todo o ano passado”.
Em 2013, os haitianos se tornaram o grupo de imigrantes com maior presença no
mercado brasileiro de trabalho formal. A mão de obra haitiana é muito importante para o
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3 METODOLOGIA
(francês, espanhol, inglês e creole, língua nativa do Haiti) o que tem impressionado aos
empregadores, além da determinação para o trabalho que eles têm demonstrado desde a sua
chegada a Chapecó/SC.
Dos cinco entrevistados nessa empresa dois estão concluindo o ensino médio e dois
não estão estudando e possuem o ensino primário e um está fazendo graduação em instituição
particular com mensalidade custeada pelo pai que atua no Haiti e em outros países como
técnico agrícola, o mesmo trabalha para custear suas despesas com alimentação, moradia e
outros, quando terminar a graduação pretende voltar para o Haiti e fazer pós-graduação em
outro país.
Todos citaram ter escolhido Chapecó/SC para trabalhar por indicação de amigos
devido às oportunidades de trabalho e de estudos.
Conforme os dados da pesquisa quatro deles pretende voltar para seu país de origem,
gostam do Haiti, mas dizem preferir o Brasil, só pretendem voltar para passeio e buscar seus
familiares para viver aqui. Citaram trabalhar para comprar a casa própria no Brasil e trazer os
familiares que estão no Haiti e continuar os estudos para conseguir uma oportunidade melhor
no mercado de trabalho.
5 CONCLUSÃO
De acordo com o objetivo do trabalho que consiste em analisar o perfil dos haitianos e
os impactos da mão-de-obra haitiana em uma agroindústria do município de Chapecó/SC,
concluiu-se com as entrevistas que a faixa etária de idade predominante está entre 25 e 39
anos, de sexo masculino com escolaridade fundamental e ensino médio, algumas exceções
com graduação incompleta.
A grande maioria deles escolheu Chapecó/SC para trabalhar devido as oportunidades
de emprego e de estudos, com intuito de trabalhar para comprar a casa própria no Brasil e
trazer os familiares que estão no Haiti e continuar os estudos para conseguir uma
oportunidade melhor no mercado de trabalho. Nenhum deles pretende voltar para seu pais de
origem, gostam do Haiti mas dizem preferir o Brasil, só pretendem voltar para passeio e
buscar seus familiares para viver aqui.
Muitas empresas catarinenses estão interessadas na mão-de-obra haitiana em virtude
da escassez de brasileiros interessados em trabalhar em atividades braçais.
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REFERÊNCIAS
CHAPECÓ MAIS. Com ideal de recomeço, haitianos querem ficar no Brasil. Disponível
em: <http://www.chapecomais.com.br/noticias/leitura>. Acessado em 23/09/2015.
CLICRBS. De Olho nas Ruas: imigrantes estão em busca de emprego. Disponível em:
<http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia>. Acessado em 23/09/2015.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. História do Brasil cobre um período de mais de
quinhentos anos, desde as raízes da colonização portuguesa até nossos dias. Edusp. 2006.
FIGUEIREDO, A.M.B; [et all]. Pesquisa Cientifica e Trabalhos Acadêmicos. Chapecó: Ed.
Arcus Industria Gráfica Ltda, 2012.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar um projeto de pesquisa. 4. Ed. São Paulo. Atlas,
2010.