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Direitos da pessoa com

deficiência e com doenças


raras na sociedade brasileira

A capa, com título em branco, tem fundo em tons de azul escuro e violeta. Na parte
inferior da página há uma faixa branca com as logos de: SAITE – saúde, inovação,
tecnologia, educação; UFMA – Universidade Federal do Maranhão; DTED – Diretoria
de Tecnologias na Educação; Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, Brasil – Governo Federal.
Créditos

Coordenação do Projeto Validadoras pedagógicas


Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Larissa Di Leo Nogueira Costa
Lívia Anniele Sousa Lisboa
Coordenação Geral da DTED/Grupo
SAITE Consultoria de Acessibilidade
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Elizabet Dias de Sá
Leticia Schwartz
Coordenadores do Grupo SAITE Jefferson Campos Beck
Amanda Rocha Araújo
Paola Trindade Garcia Revisora textual
José Henrique Coutinho Pinheiro Camila Cantanhede Vieira
Elza Bernardes Monier
Mário Antonio Meireles Teixeira Designer instrucional
Samira Vasconcelos Gomes
Professora-autora
Michelly Medeiros Mororó Designer Gráfico
Lindomar Dantas Conrado Filho
Validadores técnicos - Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos (MMFDH)
Hellayne Meneses Ribeiro
Rodrigo Abreu de Freitas Machado
Rafaele Dib Ubaldino de Freitas
José Naum de Mesquita Chagas
Vânia Tiê Koga

Como citar este material: MORORÓ, Michelly Medeiros. Direitos da pessoa com deficiência
e com doenças raras na sociedade brasileira. In: Grupo SAITE. UNIVERSIDADE FEDERAL
DO MARANHÃO. Acessibilidade nas delegacias brasileiras e atendimento às mulheres e
meninas com deficiências e com doenças raras. Direitos da pessoa com deficiência e com
doenças raras. São Luís: Grupo SAITE; UFMA, 2021.

© 2021. Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Grupo de Pesquisa em Saúde, Inovação, Tecnologia e Educação
– SAITE, vinculado à Universidade Federal do Maranhão. É permitida a reprodução, a disseminação e a utilização desta obra,
em parte ou em sua totalidade, na forma da legislação ao mesmo tempo em que deve ser citada a fonte e é vedada sua
utilização comercial, sem a autorização expressa dos seus autores, conforme a Lei de Direitos Autorais - LDA (Lei n⁰ 9.610,
de 19 de fevereiro de 1998).
Sumário

Apresentação 04
1 LEI Nº 13.146, DE 06 DE JULHO DE 2015 - LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA 05
1.1 Do Direito à Igualdade e não Discriminação 05
1.2 Do Atendimento Prioritário 06
1.3 Do Direito à Vida 06
1.4 Do Direito à Habilitação e à Reabilitação 07
1.5 Do Direito à Saúde 07
1.6 Do Direito à Educação 09
1.7 Do Direito à Moradia 10
1.8 Do Direito ao Trabalho 10
1.9 Do Direito à Assistência Social e à Previdência Social 11
1.10 Do Direito à Cultura, ao Esporte, ao Turismo e ao Lazer 12
1.11 Do Direito ao Transporte e à Mobilidade 13
1.12 Da Acessibilidade 14
1.13 Do Acesso à Informação e à Comunicação e direito à Tecnologia
Assistiva 14
1.14 Do Direito à Participação na Vida Pública e Política 15
1.15 Da Ciência e Tecnologia 15
1.16 Do Acesso à Justiça 15
1.17 Do Reconhecimento Igual perante a Lei 16
Considerações finais 17
Referências 18
Glossário 19
Apresentação

Olá, aluna(o)!

Temos dois importantes normativos a tutelar os direitos da pessoa com


deficiência: a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Deles extraímos um princípio
fundamental que norteia a tutela destas pessoas, vinculando toda e qualquer
legislação inferior e as ações a elas voltadas.

O princípio da dignidade da pessoa humana está presente no propósito da


Convenção, logo em seu primeiro artigo: “O propósito da presente Convenção é
promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover
o respeito pela sua dignidade inerente”.

A Constituição Federal brasileira, antes da Convenção, estabeleceu como


fundamento da República a dignidade humana. A dignidade, portanto, é anterior
ao próprio Direito, por referir-se à própria condição humana. Pelo princípio, deve-
se reconhecer tanto a vedação ao tratamento desumano e degradante quanto a
necessidade de tratamento isonômico e digno para todos.

Em decorrência dos preceitos da Constituição Federal de 1988 e da Convenção


Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, foi promulgada a Lei
nº 13.146, em 06 de julho de 2015, conhecida como Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência, normativo que hoje rege a vida dessas pessoas no território
nacional. E é com base nela que estudaremos os direitos inerentes às pessoas com
deficiência.

Bons estudos!

Objetivo: Ao final deste recurso PDF, você será capaz de reconhecer as principais
leis que regem os direitos da pessoa com deficiência e com doenças raras no
Brasil.
1. LEI Nº 13.146, DE 06 DE JULHO DE 2015 - LEI BRASILEIRA
DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

1.1 Do Direito à Igualdade e não Discriminação


Artigo 4

A lei inicia o detalhamento dos direitos da pessoa com deficiência


assegurando, no Artigo 4º, que “toda pessoa com deficiência tem direito à
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma
espécie de discriminação”.
Artigo 6
O Artigo 6º complementa registrando que a deficiência não deve afetar
a plena capacidade civil da pessoa, nem mesmo para casar-se e constituir
união estável, exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de
ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento
familiar, exercer direitos sexuais e reprodutivos, conservar sua fertilidade,
sendo vedada a esterilização compulsória, exercer o direito à família e à
convivência familiar e comunitária e, por fim, exercer o direito à guarda, à
tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas.

Fonte: Grupo SAITE.


DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Desenho colorido de cinco pessoas em pé, lado a lado e abraçadas:
uma mulher branca, de cabelos castanhos, usando óculos escuros e bengala longa. Ela usa blusa azul-clara
e calças amarelas. Um homem negro, alto, de cabelos e barba pretos, com um dos braços atrofiado ou
amputado abaixo do cotovelo. Usa camiseta azul-marinho e calças pretas. Uma mulher negra, de pele clara,
com cabelos castanhos e volumosos, usa blusa marrom e calças azul-claras. Um homem branco, com um
5
topete nos cabelos loiros e com olhos azuis. Usa blusa preta e calças cinza. Uma mulher branca, de cabelos
curtos e pretos, com uma muleta sob a axila esquerda, vestindo blusa rosa e saia verde. À frente, uma mulher
negra, de pele clara, com cabelos pretos e curtos e vestido curto vermelho, em uma cadeira de rodas. Todos
usam máscara branca anti-covid.

1.2 Do Atendimento Prioritário


Artigo 9
Já o Artigo 9º estabelece que a pessoa com deficiência tem direito
a receber atendimento prioritário, especialmente quando se tratar de
proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, em todas as instituições
e serviços de atendimento ao público, com disponibilização de recursos,
tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam atendimento em
igualdade de condições com as demais pessoas. Também para efeitos de
disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de
transporte coletivo de passageiros e de garantia de segurança no embarque
e no desembarque, do acesso a informações e disponibilização de recursos
de comunicação acessíveis. Entram nesse rol o recebimento de restituição
de imposto de renda, a tramitação processual e os procedimentos judiciais
e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e
diligências.

Importante: Os direitos aqui listados são extensivos ao acompanhante


da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal, exceto
em relação ao recebimento de restituição de imposto de renda e à
tramitação processual e aos procedimentos judiciais e administrativos
em que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências.

1.3 Do Direito à Vida


Artigo 10
No que se diz respeito ao direito à vida, Artigo 10, que inicia garantindo
a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de toda a sua vida, prescreve
que em situações de risco, emergência ou estado de calamidade pública, a
pessoa com deficiência deve ser considerada vulnerável, razão pela qual se
impõe ao poder público a obrigação de adotar medidas para sua proteção
e segurança.
Artigo 11
O Artigo 11 acrescenta que a pessoa com deficiência não pode ser
obrigada a se submeter à intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento
ou à institucionalização forçada, e que o consentimento da pessoa
com deficiência em situação de curatela poderá ser suprido através do
consentimento de seu representante legal, assegurando-se ao curatelado
a sua participação, no maior grau possível, quanto ao consentimento. O
atendimento independente de consentimento prévio, livre e esclarecido só
será possível em casos de risco de morte e de emergência em saúde.
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Outro ponto relevante é em relação às pesquisas científicas
envolvendo pessoas com deficiência em situação de tutela ou de curatela.
Tais pesquisas devem ser realizadas em caráter excepcional e apenas
quando houver indícios de benefício direto para a sua saúde ou para a
saúde de outras pessoas com deficiência e desde que não haja outra opção
de pesquisa de eficácia comparável com participantes não tutelados ou
curatelados.

1.4 Do Direito à Habilitação e à Reabilitação


Artigo 14
Também é garantido à pessoa com deficiência o Direito à habilitação e
à reabilitação, que têm por objetivo o desenvolvimento de potencialidades,
talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais,
atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a conquista da
autonomia da pessoa com deficiência e de sua participação social em
igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas.
Artigo 15
Tal processo baseia-se em avaliação multidisciplinar das necessidades,
nas habilidades e nas potencialidades de cada pessoa.
Artigo 17
O poder público, através de órgãos especializados, deve promover
ações articuladas para garantir à pessoa com deficiência e sua família a
aquisição de informações, orientações e formas de acesso às políticas
públicas disponíveis nas áreas de saúde, de educação, de cultura, de
esporte, de lazer, de transporte, de previdência social, de assistência social,
de habitação, de trabalho, de empreendedorismo, de acesso ao crédito, de
promoção, proteção e defesa de direitos e nas demais áreas que possibilitem
à pessoa com deficiência exercer sua cidadania.

1.5 Do Direito à Saúde


Artigo 18
O Artigo 18 assegura a atenção integral à saúde da pessoa com
deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do SUS,
sendo garantido o acesso universal e igualitário. Além disso, é assegurada
a participação da pessoa com deficiência na elaboração das políticas de
saúde a ela destinadas.
As ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa com
deficiência devem assegurar, principalmente, diagnóstico e intervenção
precoces, realizados por equipe multidisciplinar, bem como serviços de
habilitação e de reabilitação sempre que necessários, para qualquer tipo
de deficiência, e para a manutenção da melhor condição de saúde e da
qualidade de vida.
Devem ser assegurados, ainda, o atendimento domiciliar multidisciplinar, o
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tratamento ambulatorial e a internação, bem como as campanhas
de vacinação e o atendimento psicológico, inclusive para familiares e
atendentes pessoais. São conquistas relevantes a promoção de estratégias
de capacitação permanente das equipes que atuam no SUS, em todos os
níveis de atenção, no atendimento à pessoa com deficiência; a orientação a
seus atendentes pessoais e a oferta de órteses, próteses, meios auxiliares
de locomoção, medicamentos, insumos e fórmulas nutricionais, conforme
as normas vigentes do Ministério da Saúde.

Fonte: Grupo SAITE.


DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Desenho colorido de um homem branco, calvo, com cabelos curtos e grisalhos e
óculos de aros redondos, sentado em uma cadeira de rodas empurrada por uma mulher branca e loira, de
coque alto, usando colete branco sobre camiseta e legging da mesma cor. Dirige-se a um homem negro, de
cabelos pretos e curtos, que usa jaleco branco com uma cruz vermelha impressa na altura do peito e segura
uma pasta. Todos usam máscara branca anti-covid. Estão em um aposento em que há um sofá marrom junto
a uma parede azul, na qual estão pendurados três quadros decorativos. À esquerda, há uma cômoda com
um porta-retratos, junto a uma luminária de pedestal. À direita, há outra cômoda, idêntica à primeira.
Artigo 19
O direito à saúde também é garantido através de ações destinadas
à prevenção de deficiências por causas evitáveis, especialmente por meio
de acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com garantia
de parto humanizado e seguro, e da promoção de práticas alimentares
adequadas e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, prevenção e
cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e à nutrição da
mulher e da criança, além do aprimoramento e da expansão dos programas
de imunização e de triagem neonatal e da identificação e controle da
gestante de alto risco.
Artigo 23
Vale ressaltar que a Lei veda, em seu Artigo 23, todas as formas de
discriminação contra a pessoa com deficiência, inclusive a cobrança de
valores diferenciados por planos e seguros privados de saúde em razão de
sua condição.
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1.6 Do Direito à Educação
Artigo 27
Quanto ao direito à educação, o Artigo 27 estabelece que deve ser
assegurado sistema educacional inclusivo em todos os níveis de aprendizado
ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento
possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais
e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de
aprendizagem. Contudo, não impõe a obrigação apenas ao poder público,
mas estabelece que é dever do Estado, da família, da comunidade escolar
e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência,
colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação,
cada qual em sua esfera de responsabilidade.
Artigo 28
Por exemplo, o poder público é responsável por assegurar, criar,
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar o sistema
educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o
aprendizado ao longo de toda a vida. Também é responsável pela oferta de
educação bilíngue, tendo Libras como primeira língua e a modalidade escrita
da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues
e em escolas inclusivas, além da adoção de medidas individualizadas e
coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e
social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência
e a aprendizagem em instituições de ensino, e a participação dos estudantes
com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias de atuação da
comunidade escolar.

Fonte: Grupo SAITE.

DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Desenho colorido de três pessoas ao redor de uma mesa, à frente de uma lousa
na qual está escrito o alfabeto. Sentada ao centro, em frente a um livro aberto, há uma mulher de cabelos
castanhos compridos e ondulados, usando um macacão azul até os joelhos e com uma prótese na perna
esquerda. À esquerda, em frente a uma pilha de livros, um rapaz gesticula, sentado em uma cadeira de
rodas. Ele tem cabelos pretos e curtos, com franja. Usa camiseta amarela e bermudas azuis. À direita, há uma
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jovem de cabelos loiros e lisos, repartidos ao meio. Usa óculos e segura uma maçã vermelha. Veste camiseta
lilás e calças corsário pretas. De máscara branca anti-covid, os três trocam olhares.

1.7 Do Direito à Moradia


Artigo 31
O direito à moradia digna, no seio da família natural ou substituta, com
seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou em moradia para
a vida independente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em residência
inclusiva, não foi desconsiderado pela Lei, que o trouxe em seu Artigo 31.
Artigo 32
Para consecução desse fim, o Artigo 32 estabeleceu que nos programas
habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa
com deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de
imóvel para moradia própria, devendo ser observado o seguinte:

• I - Reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades


habitacionais para pessoa com deficiência;

• II - Em caso de edificação multifamiliar, garantia de acessibilidade


nas áreas de uso comum e nas unidades habitacionais no piso térreo e de
acessibilidade ou de adaptação razoável nos demais pisos;

• III - Disponibilização de equipamentos urbanos comunitários


acessíveis; e

• IV - Elaboração de especificações técnicas no projeto que permitam


a instalação de elevadores.

1.8 Do Direito ao Trabalho


Artigo 34
No aspecto autonomia e desenvolvimento social, a Lei também prevê
o direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível
e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Isso
inclui condições justas e favoráveis de trabalho, com igual remuneração por
trabalho de igual valor. Para tanto, as pessoas jurídicas de direito público,
privado ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir ambientes de
trabalho acessíveis e inclusivos.
Artigo 36
Outro ponto relevante que foi objeto de atenção do legislador
foi a especificação de que o poder público deve implementar serviços e
programas completos de habilitação e de reabilitação profissional, para que
a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar ou retornar ao campo
de trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu interesse.

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Fonte: Grupo SAITE.
DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Desenho colorido de uma mulher negra, de cabelos curtos, pretos e lisos, usando
um vestido vermelho, curto. Está sentada em uma cadeira de rodas, junto a uma mesa de tampo branco
sobre a qual está um notebook aberto e uma bolsa vermelha. A mulher sorri. Na parede do fundo, há um
quadro branco com ilustrações: uma seta ascendente, um gráfico de barras, ícones de engrenagens, de um
envelope e de um balão de fala.

1.9 Do Direito à Assistência Social e à Previdência


Social
Artigo 39
No que se refere à assistência e à previdência social, a Lei trouxe, em
seu Artigo 39, a previsão de que os serviços, os programas, os projetos e
os benefícios no âmbito da política pública de assistência social à pessoa
com deficiência e sua família têm como objetivo a garantia da segurança
de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desenvolvimento
da autonomia e da convivência familiar e comunitária, para a promoção do
acesso a direitos e da plena participação social.
Artigo 40
Como implementação do direito restou estabelecido que os serviços
socioassistenciais destinados à pessoa com deficiência em situação de
dependência deverão contar com cuidadores sociais para prestar-lhe
cuidados básicos e instrumentais.

É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para


prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua família o benefício
mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei nº 8.742, de 7 de
dezembro de 1993.

Para Saber Mais: Conhecido como Benefício de Prestação Continuada – BPC,


este benefício é concedido desde que a renda mensal per capta da família
seja inferior a um quarto do salário mínimo (Artigo 20 da Lei de Assistência
Social - Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993).

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Artigo 41
Também é direito da pessoa com deficiência a aposentadoria, excluída a
hipótese do BPC.

1.10 Do Direito à Cultura, ao Esporte, ao Turismo e


ao Lazer
Artigo 42
Ficou resguardado pelo Artigo 42 o direito à cultura, ao esporte, ao
turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
Assim, é garantido o acesso a programas de televisão, cinema, teatro e
outras atividades culturais e desportivas em formato acessível. O Artigo 42
também garante o acesso a monumentos e locais de importância cultural e
a espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e esportivos.

A Lei vedou a recusa de oferta de obra intelectual em formato acessível


à pessoa com deficiência, sob qualquer argumento, inclusive sob a alegação
de proteção dos direitos de propriedade intelectual, e estabeleceu que o
poder público deve adotar soluções destinadas à eliminação, à redução ou
à superação de barreiras para a promoção do acesso a todo patrimônio
cultural, observadas as normas de acessibilidade, ambientais e de proteção
do patrimônio histórico e artístico nacional.

Fonte: Grupo SAITE.

DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Desenho colorido de duas atletas em cadeiras de rodas numa quadra. Uma delas
segura uma bola de basquete acima da cabeça. A outra toca na bola, com um braço estendido à frente.

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1.11 Do Direito ao Transporte e à Mobilidade
Artigo 46
O Artigo 46 define que o direito ao transporte e à mobilidade da pessoa
com deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igualdade
de oportunidades com as demais pessoas, por meio da identificação e da
eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso. O transporte
aqui citado compreende o coletivo terrestre, o aquaviário e o aéreo, bem
como os terminais, as estações, os pontos de parada e o sistema viário.
Artigo 47
Além disso, em todas as áreas de estacionamento aberto ao público,
de uso público ou privado, de uso coletivo e em vias públicas, devem
ser reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de pedestres,
com a devida sinalização, para veículos que transportem pessoa com
deficiência com comprometimento de mobilidade, desde que devidamente
identificados. Tais vagas devem equivaler a 2% (dois por cento) do total,
garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada e com as
especificações de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas
vigentes de acessibilidade.
Artigo 50
Restou determinado, de igual sorte, que o poder público deve
incentivar a fabricação de veículos acessíveis e a sua utilização como táxis e
vans, de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas.
Artigo 51
As frotas de empresas de táxi também devem reservar 10% (dez por
cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência, sendo proibida
a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores adicionais pelo serviço
prestado à pessoa com deficiência. Contudo, pode o poder público instituir
incentivos fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos veículos às
pessoas com deficiência.

Fonte: Grupo SAITE.


DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Desenho colorido de uma mulher de vestido vermelho em uma cadeira de rodas
empurrada por outra mulher. À esquerda, há um abrigo, e à direita, uma placa de sinalização indica: “parada
de ônibus”. Ao fundo, um ônibus estacionado, com a porta aberta e a rampa posicionada.
13
1.12 Da Acessibilidade
Artigo 53
A acessibilidade é o direito que garante à pessoa com deficiência
ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus
direitos de cidadania e de participação social.
Artigo 55
Por esta razão, o Artigo 55 define que a concepção e a implantação
de projetos que tratem do meio físico, de transporte, de informação
e de comunicação, inclusive sistemas e tecnologias da informação e
comunicação, e de outros serviços, equipamentos e instalações abertos ao
público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana
como na rural, devem atender aos princípios do desenho universal, tendo
como referência as normas de acessibilidade.
Artigo 57
Quanto às edificações públicas e privadas de uso coletivo já existentes,
estas devem passar por adequações para garantir acessibilidade à pessoa
com deficiência em todas as suas dependências e serviços, tendo como
referência as normas de acessibilidade vigentes.
Artigo 62
Ressaltamos que também é assegurado à pessoa com deficiência,
mediante solicitação, o recebimento de contas, boletos, recibos, extratos e
cobranças de tributos em formato acessível.

1.13 Do Acesso à Informação e à Comunicação e


direito à Tecnologia Assistiva
Artigo 63

Por sua vez, o Artigo 63 menciona que é obrigatória a acessibilidade


nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação
comercial no país ou por órgãos de governo, para uso da pessoa
com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis,
conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas
internacionalmente.
Artigo 66
Nesse sentido, o poder público deve incentivar a oferta de aparelhos
de telefonia fixa e móvel celular com acessibilidade que, entre outros
tipos de tecnologia assistiva, possuam a possibilidade de indicação e de
ampliação sonoras de todas as operações e funções disponíveis.

14
Como tecnologia assistiva devemos compreender o conjunto de
recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar
habilidades funcionais de pessoas com deficiência.

1.14 Do Direito à Participação na Vida Pública e


Política
Artigo 76
A pessoa com deficiência tem o direito de exercer livremente todos
os direitos políticos e de ter a oportunidade de usufruir em igualdade de
condições com as demais pessoas. A ela é assegurado o direito de votar
e de ser votada, além do direito à participação na condução das questões
públicas, sem discriminação e em igualdade de oportunidades.

1.15 Da Ciência e Tecnologia


Artigo 77
O Artigo 77 da Lei estipulou que o poder público deve fomentar
o desenvolvimento científico, a pesquisa, a inovação e a capacitação
tecnológicas, voltados à melhoria da qualidade de vida e ao trabalho da
pessoa com deficiência e sua inclusão social. Esse fomento deve ocorrer
mediante a criação de cursos de pós-graduação, a formação de recursos
humanos e a inclusão do tema nas diretrizes de áreas do conhecimento.
Artigo 78
Devem, em especial, ser estimulados o emprego de tecnologias da
informação e comunicação como instrumento de superação de limitações
funcionais e de barreiras à comunicação, à informação, à educação e ao
entretenimento da pessoa com deficiência, bem como a adoção de soluções
e a difusão de normas que visem ampliar a acessibilidade da pessoa com
deficiência à computação e aos sítios da internet e, principalmente, aos
serviços de governo eletrônico.

1.16 Do Acesso à Justiça


Artigo 79
O acesso à justiça é um dos direitos mais relevantes da pessoa
com deficiência, posto que abre as portas do Judiciário em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, garantindo, sempre que requeridos,
adaptações e recursos de tecnologia assistiva.
Artigo 80
Os direitos resguardados pelo Artigo 80 da Lei referem-se à pessoa
15
com deficiência na qualidade de autora da ação, de ré, de testemunha ou
qualquer outra função auxiliar à justiça, especialmente quando por ocasião
da aplicação de sanções penais.

1.17 Do Reconhecimento Igual perante a Lei


Artigo 84
A última categoria de direitos previstos pela Lei tratado
reconhecimento de igualdade perante a lei. O artigo discorre sobre o direito
ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as
demais pessoas, permitindo-se a submissão da pessoa com deficiência à
curatela.
Em outras palavras, deve-se priorizar que as pessoas com deficiência
exerçam por si próprias os atos da vida civil, sendo, entretanto, permitido
que lhes seja recomendada a manifestação de suas vontades por meio de
representantes (curadores) nomeados judicialmente.
Artigo 85
A curatela deverá afetar apenas os atos relacionados aos direitos de
natureza patrimonial e negocial e não pode alcançar o direito ao próprio
corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde,
ao trabalho e ao voto.

Observação da autora: Há ainda outros direitos previstos em legislação


esparsa. Nesse sentido, vale ressaltar que, além dos direitos assegurados pela
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, os direitos inerentes às
pessoas com deficiência podem se estender às pessoas com doenças raras.

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Considerações Finais

A Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, também chamada de Estatuto da Pessoa


com Deficiência, institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que
é um conjunto de normas destinadas a assegurar e a promover, em igualdade de
condições, o exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoas com
deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania.

Neste recurso, você conheceu os principais artigos desta lei, necessários para a
compreensão da inclusão da pessoa com deficiência e com doenças raras na sociedade.
Esses conhecimentos são importantes para garantir os direitos e liberdades destas
pessoas. Esperamos que os conteúdos aqui abordados tenham sido proveitosos e
que você consiga aplicar os novos conhecimentos adquiridos em seu ambiente de
trabalho.

Até a próxima!
Referências

1. BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão


da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>.Acesso
em: 09 ago. 2021.
Glossário

Desenho universal: projeto de produtos e ambientes para ser usado por todos, na
sua máxima extensão possível, sem necessidade de adaptação ou projeto especializado
para pessoas com deficiência.

Tecnologias assistivas: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,


estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada
à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida,
visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
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