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É Urgente responder às necessidades da Saúde Mental e reforçar o SNS

A Saúde mental é em Portugal já há várias décadas o elemento mais pobre do Sistema


Nacional de Saúde, dado os atrasos na implementação e desenvolvimento de medidas, à falta
de respostas, e claro, à escassez de recursos humanos. Contudo a crescente incidência da
doença mental, os vários relatórios sobre a situação da saúde mental e a voz das famílias e dos
doentes poderão contribuir para que, o Governo tenha dê maior atenção e incluir nos
Orçamentos de Estado algumas medidas que permitem desenvolver novas respostas e equipas
de profissionais para que lutem e, pelo menos minimizem as necessidades identificadas,
nomeadamente na resposta primária da Saúde Mental.

No entanto a saúde mental não pode centrar-se apenas no tratamento e estabilização da


doença mental e na reabilitação, tendo em vista a inclusão social e profissional. É preciso
também que, em simultâneo, o Governo promova a saúde mental e previna a doença mental,
investindo na criação de modelos de intervenção adequados e aumento do número de
profissionais de saúde para que haja cada vez menos pessoas sem tratamentos aumentando a
cada dia o número de utentes a necessitar de tratamento de longa duração e a sofrer de
doença mental grave, crónica e incapacitante.

Mas não facilitando a realidade da Saúde Mental no SNS com o surgimento da pandemia de
covid-19, os confinamentos sucessivos e isolamento social, a redução de horário laboral e, em
muitos casos, a perda de emprego e de rendimentos afetaram a vida das famílias e a
estabilidade emocional da maioria das pessoas, assim como dificultaram ainda mais o acesso a
cuidados de saúde e de saúde mental. Criando assim grandes repercussões severas ao nível da
saúde mental da população, quer nos doentes diagnosticados e que já se encontravam em
tratamento, quer nas pessoas que começaram a manifestar problemas de saúde mental,
devido à insegurança e medo da situação que desencadearam crises associadas a patologias
mentais que, atualmente, requer atenção e tratamento adequado e atempado.

Pelo que durante os últimos anos o SNS para acudir às necessidades dos doentes covid, deixou
de responder como vinha fazendo aos doentes que seguia em tratamento e também não
consegue responder a doentes que procuram os cuidados de saúde mental pela primeira vez.
O que ajudou a um aumento significativo da prevalência da doença mental, sendo urgente que
nos próximos tempos o SNS retome e aumente a prestação de cuidados de saúde e saúde
mental primário e secundário, bem como as respostas de cuidados continuados em saúde
mental.
Mas tal como é importante a dedicação e investimento do SNS é importante que a sociedade
compreender a necessidade de investir na saúde mental. Pois em pleno século XXI, ainda existe
um estigma associado à doença mental que é preciso eliminar. O diagnóstico e acompanhamento
dos doentes é fundamental para que ganhem anos de vida, e que para que mantenham a sua
participação ativa na sociedade.

Pois todos nós temos o direito ao bem-estar mental, acompanhando o bem-estar físico e o
bem-estar social. Estas três componentes são absolutamente indissociáveis, pois a doença
mental muitas vezes surge associado a uma doença/lesão física/orgânica, em que os doentes
sofrem psicologicamente com isso e que, por isso, é essencial garantir que têm o
acompanhamento e o apoio necessários. Sendo que este é um problema que afeta, não só, os
doentes, mas também as famílias.

Atualmente a resposta da saúde mental no âmbito do SNS tem enfrentando um enorme


desafio atuar enquanto a normalidade social possível está a ser gradualmente restabelecida e
antecipar as necessidades, e as respostas, no médio e longo prazo. Pelo que a Saúde mental
necessita urgentemente de sofrer um aumento do investimento por parte do SNS. Felizmente
o coordenador nacional das políticas de saúde mental defende que o investimento nesta área
no Serviço Nacional de Saúde, que atualmente ronda os 5%, deveria duplicar dentro de alguns
anos, de forma a minimizar todas as consequências que temos sofrido ao longo destes séculos.

De acordo com o Bastonário da Ordem dos Psicólogos, Francisco Miranda


Rodrigues, há poucos psicólogos no serviço público e a solução passa por
contratar "no mínimo o dobro" dos profissionais atuais para centros de
saúde, pois Mais de metade das pessoas diagnosticadas e necessitam de
Psicologia não consegue aceder a um psicólogo.

O facto de neste momento a saúde mental ser considerada uma prioridade de uma forma
transversal à sociedade portuguesa devido a consequência provocada, nomeadamente, pelo
COVID faz com que o SNS invista mais, contudo grande parte do impacto da saúde mental
relacionado com a covid não foi na doença mental grave, mas na doença mental chamada
comum. E os cuidados de saúde primários não estavam totalmente preparados para isso,
porque falta lá toda a vertente de apoio psicológico, pelo que o país tem de ter respostas não
farmacológicas nos cuidados primários.
Apesar de vermos alguns passos a ser dados o que é certo é que ainda há muito a fazer na área
da saúde mental, e esta deve, ser trabalhada da mesma forma que a restante saúde, ou seja,
muito antes de aparecer a doença. E estas ações, defende, devem começar muito cedo na vida
das pessoas.

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