Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3
Capítulo 1 - Por quê devo estudar Direito Eleitoral?................................................................5
Capítulo 2 - Fontes do Direito Eleitoral.............................................................................. 11
2.1 - Fontes Materiais VS Fontes Formais....................................................................... 11
2.2 - Fontes primárias VS Fontes Secundárias................................................................14
2.3 - Fontes diretas VS Fontes Indiretas..........................................................................17
2.4 - Observações importantes acerca das Fontes do Direito Eleitoral........................... 19
Introdução
Este livro tem como objetivo auxiliar aqueles que desejam ingressar de algum modo na
carreira pública e necessitam aprender sobre o tema do Direito Eleitoral. Ao longo da minha
jornada como estudante e concurseiro, pude constatar que um dos maiores desafios de
todo estudante é a retenção de conteúdo, especialmente quando as matérias previstas nos
editais são extensas. Percebendo isso, constatei que a melhor forma de fixar um conteúdo,
especialmente quando ele é de difícil compreensão, é por meio da elaboração de casos
hipotéticos. Isso ocorre porque os casos hipotéticos trazem para mais perto da nossa
realidade aquilo que está, no presente momento, distante.
Cada caso hipotético apresentado neste livro abordará diferentes aspectos do Direito
Eleitoral, desde o registro de candidaturas até a resolução de disputas eleitorais. Serão
explorados dilemas éticos, desafios jurídicos e implicações legais, fornecendo ao leitor uma
visão abrangente das questões que envolvem o sistema eleitoral.
É importante ressaltar que os casos hipotéticos apresentados neste livro são fictícios e têm
o propósito exclusivo de exemplificar as questões jurídicas discutidas. Eles não
representam situações reais ou qualquer evento ocorrido no âmbito eleitoral. A utilização de
casos hipotéticos é uma ferramenta didática com o objetivo de facilitar o aprendizado e
estimular a reflexão sobre os temas abordados.
Ao longo das páginas deste livro, os leitores encontrarão uma abordagem clara, objetiva e
fundamentada no ordenamento jurídico vigente. Serão explorados os princípios
constitucionais e as leis específicas que regem o Direito Eleitoral, sempre com o intuito de
fornecer uma base sólida para o estudo e compreensão dessa área do conhecimento.
Por fim, espero que este livro seja um instrumento eficaz para auxiliar os estudantes e
interessados em Direito Eleitoral na sua preparação e no desenvolvimento de um
pensamento jurídico consistente. Os casos hipotéticos aqui apresentados são apenas o
ponto de partida para a reflexão e a análise das questões que envolvem o Direito Eleitoral, e
aprofundar-se nesses temas certamente será fundamental para uma atuação profissional de
qualidade na área pública.
Neste livro, buscarei fornecer um embasamento sólido no Direito Eleitoral por meio de uma
abordagem clara e didática. Ao longo de sua leitura, você será introduzido a conceitos,
princípios e normas que regem o sistema eleitoral. No entanto, mais do que apenas
apresentar a teoria, meu objetivo é estimular sua capacidade de reflexão e análise crítica,
principalmente no que diz respeito à relação entre a atividade do servidor público e o
atendimento aos interesses dos cidadãos.
Além disso, ao longo deste livro, destacarei a relevância de uma conduta ética e de um
compromisso com a justiça e a imparcialidade no exercício da função pública. Enfatizarei a
importância de se pautar pela legalidade e pela transparência, agindo de acordo com os
princípios que regem a administração pública e respeitando os direitos e garantias dos
cidadãos.
Ao longo das páginas deste livro, encontrará análises jurídicas embasadas nas normas
constitucionais, nas leis e nas decisões judiciais pertinentes ao Direito Eleitoral. No entanto,
é importante ressaltar que este livro não substitui a necessidade de aprofundar seus
estudos e acompanhar a evolução da legislação eleitoral em vigor.
Ao concluir esta leitura, espera-se que você tenha adquirido um conhecimento sólido sobre
o Direito Eleitoral e esteja preparado para enfrentar os desafios e dilemas que podem surgir
em sua trajetória como servidor público. Mais do que isso, espero que você esteja motivado
a exercer sua função com dedicação, profissionalismo e em conformidade com os princípios
da legalidade, da ética e do interesse público.
Portanto, convido você a continuar neste caminho de aprendizado e reflexão, pois, juntos,
podemos contribuir para a construção de uma administração pública mais eficiente, justa e
comprometida com o bem-estar da sociedade.
Por que devemos estudar Direito Eleitoral? Essa pergunta certamente é respondida
prontamente pelo concurseiro, que mencionará a necessidade de adquirir conhecimentos
nesse ramo do Direito para ser aprovado em concursos públicos específicos. No entanto,
como mencionei anteriormente, se o único interesse é usufruir dos benefícios oferecidos
pela carreira pública, sem se importar com a missão da instituição à qual se candidata, já
adianto que essa postura resultará em um desempenho insatisfatório como servidor público.
É fundamental compreender as raízes do Direito Eleitoral, o motivo de sua existência e sua
importância na sociedade.
Além disso, o estudo do Direito Eleitoral desperta uma consciência sobre a importância da
ética e da responsabilidade na atuação dos servidores públicos que trabalham nesse
campo. Afinal, é preciso zelar pelo interesse público, agir com imparcialidade e garantir a
efetivação dos direitos dos cidadãos.
Em suma, estudar Direito Eleitoral vai além da mera preparação para concursos públicos.
Trata-se de compreender os fundamentos e a importância desse ramo do Direito,
desenvolver uma consciência cidadã e contribuir para a consolidação da democracia em
nossa sociedade. É um conhecimento que capacita o indivíduo a exercer seu papel como
eleitor, servidor público ou profissional do Direito de maneira ética, responsável e
comprometida com o bem comum. Portanto, o estudo do Direito Eleitoral é indispensável
para aqueles que desejam compreender e atuar de forma efetiva nessa área do
conhecimento jurídico.
Vamos refletir sobre um caso hipotético que nos permitirá compreender a importância do
Direito Eleitoral em uma sociedade. Imagine-se vivendo em um país governado por um
ditador, onde a família desse ditador detém o poder há anos. Nesse cenário, não existe a
existência de um sistema de Direito Eleitoral, e a única "lei" que prevalece é aquela que é
ditada pelo próprio ditador, a qualquer momento e de qualquer forma que lhe convier. Esse
ditador demonstra total despreocupação em relação aos seus sentimentos e direitos, assim
como pouco se importa com sua qualidade de vida, a de seus familiares e amigos. Agora,
pergunto-lhe: como você se sentiria vivendo em um país assim?
Viver em um país regido por um ditador, onde não há Estado de Direito e não existe um
sistema eleitoral, é uma realidade opressora e angustiante. Seria uma sociedade onde não
há espaço para a manifestação de opiniões divergentes, onde a vontade de um indivíduo é
imposta sobre todos, independentemente de seus desejos e necessidades. A ausência do
Direito Eleitoral priva os cidadãos do direito fundamental de escolher seus representantes e
participar ativamente do processo político.
Nesse contexto, estaríamos à mercê das vontades arbitrárias do ditador, sem qualquer
garantia de que nossos interesses e direitos seriam respeitados. Não haveria limites para o
exercício do poder, sem instituições que fiscalizem e controlem as ações do governante. A
inexistência do Direito Eleitoral abre espaço para a perpetuação do autoritarismo, da
corrupção e do abuso de poder.
Além disso, a falta de um sistema eleitoral traria instabilidade política, pois não haveria
mecanismos legais para a alternância de poder e para a renovação dos líderes políticos. A
governança seria concentrada nas mãos de um único indivíduo ou grupo, o que levaria a
uma concentração de poder e à ausência de controle democrático sobre as decisões
governamentais.
Portanto, esse caso hipotético nos permite compreender de forma clara a importância do
Direito Eleitoral em nossa sociedade. O Direito Eleitoral é o alicerce da democracia,
assegurando a representatividade, a participação popular e a proteção dos direitos políticos
dos cidadãos. É por meio desse ramo do Direito que podemos garantir a legitimação do
poder, a justiça social e a construção de um país mais justo, livre e igualitário.
Viver em um país onde o Direito Eleitoral é negligenciado é uma situação que nos faz
valorizar ainda mais os princípios democráticos e a necessidade de um sistema eleitoral
justo e transparente. Devemos defender e fortalecer o Direito Eleitoral como instrumento
fundamental para a construção e a manutenção de uma sociedade livre, democrática e
respeitadora dos direitos e interesses de seus cidadãos.
Além disso, o Direito Eleitoral promove a participação dos cidadãos na vida política, seja por
meio do alistamento eleitoral, da filiação partidária ou do exercício de cargos eletivos. É por
meio da participação ativa dos cidadãos que a democracia se fortalece e se legitima,
representando verdadeiramente a vontade da sociedade.
Portanto, a democracia e o Direito Eleitoral são essenciais para assegurar que todas as
vozes sejam ouvidas e que os interesses dos cidadãos sejam considerados no exercício do
poder. Vivenciar um regime ditatorial, no qual nossas vozes são silenciadas, priva-nos do
direito fundamental de participação política e compromete nossa liberdade e bem-estar. A
democracia nos oferece a oportunidade de construir uma sociedade mais justa, igualitária e
respeitadora dos direitos e da dignidade de todos os indivíduos.
Além disso, a república promove a igualdade entre os cidadãos, uma vez que não há
distinção de status ou nascimento para o exercício do poder. Todos têm a possibilidade de
almejar cargos públicos e contribuir para o desenvolvimento da sociedade.
No contexto do Direito Eleitoral, a república ganha relevância, uma vez que é por meio do
sistema eleitoral que a vontade popular se manifesta e se concretiza. O Direito Eleitoral
estabelece as regras e os procedimentos para a realização de eleições livres e justas,
garantindo a representatividade e a participação efetiva dos cidadãos no processo
democrático.
Um sistema legal adequado no âmbito do Direito Eleitoral é aquele que estabelece regras
claras e precisas para garantir a igualdade de oportunidades e o exercício democrático do
voto. Esse sistema deve assegurar que todos os cidadãos tenham acesso igualitário às
urnas, sem qualquer tipo de discriminação, e que o processo eleitoral ocorra de forma
transparente e justa.
A robustez do sistema legal eleitoral está relacionada à sua capacidade de lidar com
desafios e situações adversas que possam surgir ao longo do processo eleitoral. É preciso
que haja mecanismos eficientes para enfrentar irregularidades, fraudes e tentativas de
corrupção, garantindo a lisura e a legitimidade das eleições.
O Direito Eleitoral também tem como objetivo proteger os direitos fundamentais dos
cidadãos, como a liberdade de expressão, de associação e de participação política. Ele
assegura que todos os indivíduos tenham a oportunidade de manifestar suas preferências
políticas, de se candidatar a cargos públicos e de exercer seu direito ao voto de forma livre
e segura.
A busca pela efetivação da voz dos cidadãos é um dos pilares fundamentais do sistema
democrático e do Direito Eleitoral. Nossa sociedade é composta por indivíduos diversos,
cada um com suas convicções, interesses e necessidades. É por meio do exercício do
direito de participação política, especialmente por meio do voto, que as vozes dos cidadãos
brasileiros têm a oportunidade de serem ouvidas e respeitadas.
Além disso, o Direito Eleitoral assegura que o processo eleitoral seja conduzido de forma
transparente, justa e equitativa. Ele estabelece regras para o registro de candidaturas, a
propaganda eleitoral, o financiamento de campanhas e a apuração dos votos, garantindo a
igualdade de oportunidades e a lisura do processo.
Através do Direito Eleitoral, busca-se evitar práticas que possam comprometer a livre
manifestação da vontade popular, como a compra de votos, a manipulação de resultados ou
o abuso de poder econômico e político. O objetivo é construir um ambiente democrático em
que todas as vozes sejam tratadas com respeito e igualdade.
Ademais, o Direito Eleitoral também protege os direitos políticos dos cidadãos, assegurando
a plena participação de todos, sem discriminação ou restrições injustificadas. Ele garante
que nenhum cidadão seja privado do direito de votar ou ser votado com base em critérios
arbitrários, como raça, gênero, religião ou origem social.
É por meio do Direito Eleitoral que se constrói a legitimidade do poder político. Os eleitos
têm o dever de representar e defender os interesses daqueles que os elegeram, pautando
suas ações de acordo com a vontade popular expressa nas urnas.
É importante destacar que a efetivação da voz dos cidadãos vai além do ato de votar. A
participação política deve ser incentivada em todos os níveis, seja por meio do engajamento
em movimentos sociais, da participação em debates públicos ou do exercício de direitos de
petição e manifestação. Somente assim será possível construir uma sociedade mais justa,
igualitária e participativa, na qual as vozes dos cidadãos sejam verdadeiramente ouvidas e
respeitadas em todas as esferas de poder.
Capítulo 2 - Fontes do Direito Eleitoral
Porém, assim como uma nascente sozinha não forma um rio, as fontes materiais por si só
não têm o poder de criar normas jurídicas aplicáveis. É necessário o processo de
positivação dessas fontes, dando origem às fontes formais do Direito. Essas fontes formais
são representadas pela lei, seja ela escrita ou consuetudinária, que expressa as normas de
conduta que devem ser seguidas pelos indivíduos em determinada sociedade.
Além da lei, outras fontes formais do Direito incluem os regulamentos, decretos, resoluções,
portarias e demais atos normativos emanados das autoridades competentes. Essas normas
complementam e detalham as disposições legais, buscando uma maior efetividade na
aplicação das regras jurídicas.
É importante ressaltar que as fontes do Direito não são estáticas, mas dinâmicas e
evolutivas. Assim como um rio está em constante movimento, o Direito também se modifica
e se adapta às transformações sociais, culturais, políticas e econômicas. Novas fontes
materiais podem surgir e demandar a criação de novas fontes formais, a fim de suprir as
necessidades da sociedade em constante mudança.
Diante do cenário apresentado, somos convidados a refletir sobre o papel do juiz eleitoral,
representado por Lucas, diante de um caso de compra de votos envolvendo um vereador.
Nesse contexto, é imprescindível que Lucas, como um magistrado comprometido com a
aplicação justa e imparcial do Direito Eleitoral, recorra às fontes formais para embasar sua
decisão.
Lucas compreende que não pode se basear apenas em suas próprias ideias ou valores
pessoais para solucionar o caso. Ele reconhece a importância de consultar a lei, que é uma
fonte formal do Direito, para orientar sua análise e decisão. Essa busca pela lei é
fundamental para garantir uma aplicação imparcial e fundamentada do ordenamento
jurídico.
No entanto, Lucas é um juiz curioso e deseja compreender a origem daquela lei específica
que trata da criminalização da compra de votos. Ele reconhece que as leis não surgem
aleatoriamente, mas são fruto de um processo de positivação que envolve a participação de
diversos atores sociais.
A partir desse conhecimento, Lucas compreende que a lei em questão não é uma
imposição arbitrária do sistema jurídico, mas sim uma resposta a demandas e anseios da
sociedade. Essa compreensão reforça a importância do Direito Eleitoral como um
instrumento de proteção dos direitos políticos dos cidadãos e de preservação da
legitimidade e integridade do processo eleitoral.
Diante do caso concreto, Lucas irá aplicar a lei de forma justa e imparcial, considerando as
circunstâncias e as provas apresentadas. Sua decisão será fundamentada nas normas
jurídicas vigentes e no respeito aos princípios democráticos e republicanos que regem o
sistema eleitoral.
Dessa forma, Lucas compreende a importância das fontes formais do Direito, como a lei,
para orientar sua atuação como juiz eleitoral. Ao mesmo tempo, reconhece a relevância das
fontes materiais, representadas pelos movimentos sociais e pelas demandas da sociedade,
na construção e positivação das normas jurídicas.
É importante ressaltar que as fontes materiais não possuem poder vinculativo. Isso significa
que a desobediência a uma fonte material não acarreta consequências jurídicas imediatas,
uma vez que se trata de uma manifestação discordante, anterior à positivação da norma.
No entanto, as fontes materiais por si só não possuem o status de norma jurídica. Apenas
após um processo de positivação é que essas demandas e eventos se tornam normas
válidas e vinculantes. A positivação ocorre por meio do processo legislativo ou de outras
formas de criação normativa estabelecidas no ordenamento jurídico.
Dessa forma, a desobediência a uma fonte material não possui repercussões jurídicas
imediatas, pois ela representa apenas uma manifestação que ainda não se materializou em
norma jurídica. A vinculação jurídica ocorre somente após a positivação, quando a norma é
inserida formalmente no sistema jurídico e passa a reger as relações sociais.
As fontes formais, por sua vez, são os meios pelos quais as normas são estabelecidas e
incorporadas ao ordenamento jurídico. Elas englobam os processos legislativos, os atos
normativos dos órgãos competentes, a jurisprudência e os costumes, entre outros. São
essas fontes formais que conferem a validade e a obrigatoriedade às normas jurídicas.
Assim, enquanto as fontes materiais são os eventos e as demandas sociais que precedem
a positivação da lei, as fontes formais são os instrumentos pelos quais essas demandas se
tornam normas jurídicas efetivas. Ambas são fundamentais para o desenvolvimento e a
aplicação do Direito, cada uma com seu papel específico.
Por fim, vale destacar que as fontes materiais e formais são interdependentes e se
influenciam mutuamente. As fontes materiais fornecem os elementos que motivam e
embasam a criação das normas, enquanto as fontes formais são responsáveis por
concretizar e aplicar essas demandas da sociedade no sistema jurídico.
Nesse sentido, o estudo das fontes do Direito, tanto materiais quanto formais, revela-se
crucial para a compreensão da dinâmica jurídica e para a construção de um ordenamento
jurídico adequado às necessidades e às expectativas da sociedade. O diálogo entre essas
fontes permite uma maior efetividade e legitimidade do Direito, assegurando uma relação
mais harmoniosa entre o sistema jurídico e a realidade social.
Ao tratarmos das fontes formais do Direito, nos deparamos com uma característica
fundamental que as distingue das fontes materiais: o seu poder vinculativo. Enquanto as
fontes materiais representam os eventos sociais e políticos que antecedem a positivação da
lei, as fontes formais são os instrumentos pelos quais as normas jurídicas são estabelecidas
e adquirem eficácia no ordenamento jurídico.
A natureza vinculativa das fontes formais implica que a desobediência às normas nelas
contidas acarreta consequências jurídicas. Isso significa que a violação de uma norma
estabelecida por uma fonte formal pode ensejar a aplicação de sanções, seja na esfera
administrativa, civil ou penal, conforme a gravidade e a natureza da infração.
A vinculação jurídica das normas contidas nas fontes formais é resultado da autoridade e da
legitimidade conferidas aos órgãos e procedimentos responsáveis pela sua elaboração e
promulgação. Através do processo legislativo, por exemplo, as leis são aprovadas por um
poder legislativo competente, como o Congresso Nacional, e sancionadas pelo Poder
Executivo, tornando-se obrigatórias para todos os cidadãos.
Além do processo legislativo, as fontes formais também podem incluir atos normativos de
órgãos governamentais, como decretos e regulamentos, que possuem poder vinculante
dentro de sua esfera de competência. A jurisprudência, ou seja, o conjunto de decisões
judiciais reiteradas sobre determinada matéria, também pode ser considerada uma fonte
formal do Direito, influenciando a interpretação e aplicação das normas.
A existência do poder vinculativo das fontes formais tem por objetivo garantir a segurança
jurídica e a estabilidade das relações sociais. Ao estabelecerem regras claras e
obrigatórias, as fontes formais proporcionam previsibilidade e confiança nas relações
jurídicas, permitindo que os cidadãos conheçam seus direitos e deveres e possam pautar
suas condutas conforme as normas estabelecidas.
Desse modo, o respeito e a obediência às normas contidas nas fontes formais são
fundamentais para a harmonia social e para o funcionamento adequado do sistema jurídico.
O cumprimento das leis contribui para a promoção da justiça, da igualdade e do bem
comum, assegurando a efetividade do Direito e a preservação dos direitos e garantias
individuais e coletivas.
No estudo das fontes do direito, é relevante compreender a distinção entre fontes primárias
e fontes secundárias, pois cada uma desempenha um papel específico no sistema jurídico.
As fontes primárias são aquelas que emanam diretamente do poder constituinte, seja ele
originário ou derivado.
O poder constituinte originário é responsável pela criação da Constituição, documento
fundamental que estabelece os princípios e os fundamentos do ordenamento jurídico de um
país. A Constituição é considerada a principal fonte primária do direito, pois possui
supremacia normativa e serve de base para todo o sistema jurídico.
Por sua vez, as fontes secundárias do direito são aquelas que têm como objetivo interpretar
e regulamentar as normas primárias infraconstitucionais. São exemplos de fontes
secundárias os decretos, as portarias, as resoluções, os regulamentos, os pareceres e
outros atos normativos emitidos pelos órgãos competentes.
É importante ressaltar que as fontes secundárias não possuem o mesmo grau de hierarquia
das fontes primárias, pois sua função é complementar e interpretar as normas já
estabelecidas. No entanto, devem estar em conformidade com a Constituição e demais
normas de hierarquia superior, para que sejam válidas e eficazes.
Ao analisar a situação hipotética em que o juiz Lucas se depara com uma portaria do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que aparentemente está em desacordo com o Código
Eleitoral, surgem questionamentos relevantes acerca da legalidade dessa portaria.
Para responder à pergunta sobre a legalidade da portaria, é preciso realizar uma análise
cuidadosa da hierarquia das normas e dos princípios que regem o sistema jurídico. No
ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal é considerada a norma suprema,
estabelecendo os princípios fundamentais e os direitos e garantias individuais.
A Constituição é seguida pelas leis federais, como é o caso do Código Eleitoral, que possui
status de lei complementar. O Código Eleitoral estabelece as normas gerais relacionadas ao
processo eleitoral, sendo um instrumento fundamental para a organização e condução das
eleições no país.
Por sua vez, as portarias emitidas pelos órgãos administrativos, como o TSE, são atos
normativos de caráter secundário, utilizados para regulamentar aspectos específicos e
complementar as normas já existentes. No entanto, essas portarias devem estar em
conformidade com as leis superiores, como o Código Eleitoral, para serem consideradas
legais.
Assim, caso o juiz Lucas perceba que a referida portaria do TSE está em desacordo com o
Código Eleitoral, ele deve realizar uma análise criteriosa da compatibilidade entre essas
normas. Se a portaria contrariar disposições expressas do Código Eleitoral, pode-se
argumentar que ela é ilegal.
Em suma, a legalidade da portaria do TSE estará sujeita à sua conformidade com o Código
Eleitoral e demais normas hierarquicamente superiores. O juiz Lucas, como aplicador do
direito, deve realizar uma análise criteriosa para decidir sobre a validade e a eficácia dessa
portaria, considerando os princípios e a interpretação sistemática do ordenamento jurídico.
No âmbito das fontes do Direito, é crucial ressaltar a importância das fontes primárias, as
quais encontram seu fundamento de validade na Constituição Federal, que ocupa o ápice
das normas jurídicas. Quando uma lei está em conformidade com a Constituição, ela é
considerada constitucional; entretanto, se estiver em desacordo com a Constituição, ela é
tida como inconstitucional. Dessa forma, uma lei primária está sujeita ao controle de
constitucionalidade, que visa verificar sua conformidade com a Lei Maior.
Por sua vez, as fontes secundárias retiram seu fundamento de validade das leis de ordem
primária. Quando uma norma secundária está em consonância com a lei primária, ela é
considerada legal; no entanto, caso esteja em desacordo com a lei primária, ela é
considerada ilegal. Portanto, as normas secundárias estão sujeitas ao controle de
legalidade, que tem como objetivo verificar sua conformidade com a legislação primária.
No controle de legalidade, por sua vez, verifica-se a conformidade das normas secundárias
com as leis primárias. Os órgãos competentes, como o Poder Judiciário, têm o dever de
analisar se as normas regulamentadoras e interpretativas estão em conformidade com as
leis correspondentes, garantindo assim a correta aplicação das normas jurídicas.
Ao fazer isso, o juiz estará buscando a fonte direta e específica que regula a matéria em
questão, considerando os dispositivos legais relacionados ao alistamento eleitoral, suas
obrigações e sanções. Essa abordagem é fundamental para garantir uma decisão
fundamentada e em conformidade com o arcabouço normativo eleitoral.
Por outro lado, o Código Civil possui normas que tratam de diversas outras matérias, como
direitos e obrigações civis, contratos, propriedade, responsabilidade civil, entre outros.
Embora seja uma fonte importante e abrangente do Direito Civil, no caso do alistamento
eleitoral, o Código Civil não é a fonte primária que trata especificamente desse tema.
Assim, ao analisar o caso em questão, o juiz Lucas deve aplicar o princípio da adequação
da fonte, direcionando sua análise e decisão às normas contidas no Código Eleitoral. É por
meio desse código que serão encontradas as regras que regem o alistamento eleitoral, as
obrigações dos cidadãos e as possíveis consequências para aqueles que deixam de
cumprir suas obrigações eleitorais.
Dessa forma, a consulta direta ao Código Eleitoral possibilitará ao juiz Lucas embasar sua
decisão de forma precisa e em conformidade com a legislação eleitoral vigente. A
adequação da fonte é um princípio fundamental no exercício da atividade jurisdicional,
assegurando a aplicação correta das normas e a solução adequada para cada caso
concreto.
A distinção entre fonte direta e fonte indireta traz à tona a noção de que o Direito Eleitoral é
um ramo autônomo do direito público. Isso significa que o Direito Eleitoral possui sua
própria matéria e sistema normativo. Quando nos referimos às fontes diretas, estamos
falando das leis que tratam especificamente do Direito Eleitoral. Por outro lado, as fontes
indiretas não são leis diretas sobre Direito Eleitoral, como o exemplo mencionado do Código
Civil.
O Código Civil não aborda diretamente o Direito Eleitoral, mas em determinadas situações
pode ser utilizado como fonte subsidiária nessa área. Um exemplo é quando se trata de
suspeição ou impedimento de juízes eleitorais. Embora não exista uma lei eleitoral
específica que trate desse assunto, o Código Civil pode ser invocado para suprir essa
lacuna normativa e orientar a aplicação do Direito Eleitoral nesses casos.
É importante ressaltar que, mesmo utilizando fontes indiretas, como o Código Civil, a
aplicação dessas normas deve ser feita de forma adequada, levando em consideração os
princípios e fundamentos do Direito Eleitoral. A utilização de fontes indiretas não pode
descaracterizar a natureza e a autonomia do Direito Eleitoral como um ramo jurídico próprio.
As fontes diretas do Direito Eleitoral são constituídas por leis e normas específicas que
regulam as eleições, o alistamento eleitoral, as campanhas políticas, a propaganda eleitoral,
a prestação de contas, entre outros aspectos essenciais para o funcionamento do sistema
democrático. Essas fontes diretas são fundamentais para garantir a segurança jurídica e a
transparência no processo eleitoral.
No entanto, as fontes indiretas também desempenham um papel importante no Direito
Eleitoral, desde que aplicadas de forma subsidiária e em conformidade com os princípios e
objetivos desse ramo jurídico. A utilização adequada das fontes indiretas contribui para a
construção de uma interpretação coerente e efetiva do Direito Eleitoral, suprindo eventuais
lacunas normativas e adaptando-se às demandas e desafios da realidade social e política.
Em suma, a distinção entre fonte direta e fonte indireta no Direito Eleitoral evidencia a
autonomia desse ramo jurídico e a importância de suas normas específicas. A utilização das
fontes indiretas, como o Código Civil, pode ocorrer de forma subsidiária, desde que
respeitados os princípios e fundamentos do Direito Eleitoral. Dessa forma, é possível
garantir a segurança jurídica, a efetividade do sistema eleitoral e a proteção dos direitos e
deveres dos cidadãos envolvidos no processo eleitoral.
Embora as resoluções do TSE não sejam leis em sentido estrito, elas têm poder vinculante
e devem ser observadas pelos órgãos e agentes envolvidos no processo eleitoral. Essas
resoluções são fundamentais para assegurar a uniformidade e a coerência na aplicação das
normas eleitorais em todo o país, bem como para preencher eventuais lacunas deixadas
pela legislação.
Dessa forma, é correto afirmar que as resoluções do TSE possuem caráter de fonte
secundária do Direito Eleitoral, uma vez que interpretam e regulamentam as normas de
ordem primária, como as leis eleitorais. No entanto, é importante ressaltar que as
resoluções do TSE não podem contrariar as disposições legais, devendo estar em
conformidade com as normas de ordem superior, como a Constituição Federal e as leis
eleitorais vigentes.
Essa atribuição privativa da União para legislar sobre matéria eleitoral decorre da
necessidade de uniformidade das normas eleitorais em todo o país. A existência de um
arcabouço normativo eleitoral unificado garante igualdade de condições e tratamento a
todos os cidadãos, independentemente do estado ou município em que estejam situados.
Dessa forma, a competência privativa da União para elaborar leis em matéria eleitoral é
uma garantia de estabilidade, uniformidade e segurança jurídica no âmbito do Direito
Eleitoral. Cabe aos legisladores federais, representantes do povo, promover a atualização e
aprimoramento das normas eleitorais, sempre em consonância com os princípios
democráticos e os avanços sociais.
Por fim, é importante ressaltar que a competência legislativa da União não exclui a
possibilidade de colaboração entre os entes federativos. Estados e municípios podem atuar
em conjunto com a União na implementação de medidas e na fiscalização do processo
eleitoral, porém a elaboração das leis em matéria eleitoral é uma atribuição reservada
exclusivamente ao âmbito federal.
Assim, quando uma assembleia legislativa estadual busca editar uma lei eleitoral, como é o
caso mencionado, adentrando em uma área de competência legislativa privativa da União, a
referida lei será considerada inconstitucional. Isso ocorre porque a competência legislativa
estadual não abarca a regulamentação de questões eleitorais, sendo sua atuação restrita às
matérias de interesse local e complementar às normas gerais estabelecidas pela União.
A Constituição Federal, em seu artigo 22, estabelece de forma clara e taxativa as matérias
de competência legislativa privativa da União, entre as quais se inclui a legislação eleitoral.
Dessa forma, qualquer legislação estadual que verse sobre matéria eleitoral, como a
proibição de filiação partidária para determinadas categorias profissionais, extrapola a
competência legislativa estadual e viola a hierarquia normativa estabelecida pela
Constituição.
Diante do exposto, fica evidente que a lei eleitoral proposta no caso hipotético, que proíbe
policiais militares de se filiarem a partidos políticos, seria considerada inconstitucional. A
competência legislativa para tratar de matéria eleitoral é privativa da União, sendo
necessário respeitar a hierarquia normativa e os limites de atuação estabelecidos pela
Constituição Federal.
2.6 - Resoluções.
Ao abordarmos as fontes do Direito Eleitoral, é importante recordar a distinção entre fontes
primárias e secundárias. Nesse contexto, surge a indagação sobre a natureza das
resoluções emanadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE): elas são consideradas fontes
primárias ou secundárias? A resposta a essa pergunta encontra-se na nova redação do
artigo 105 da Lei 9.504/1997, que trouxe esclarecimentos sobre o tema.
Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral,
atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções
distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias
para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou
representantes dos partidos políticos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de
2009)
As resoluções emitidas pelo TSE possuem caráter normativo e têm como objetivo
regulamentar as disposições contidas na legislação eleitoral. Elas têm a finalidade de
estabelecer critérios, procedimentos e orientações práticas para a aplicação das normas
eleitorais no âmbito do processo eleitoral.
As resoluções do TSE são elaboradas por um colegiado composto por ministros e refletem
a interpretação do Tribunal sobre as normas eleitorais vigentes. Elas são editadas de
acordo com a competência conferida ao TSE pela Constituição Federal e pelas leis
eleitorais.
Dessa forma, a distinção entre fontes primárias e secundárias no Direito Eleitoral, incluindo
as resoluções do TSE, contribui para uma compreensão mais precisa e apropriada das
normas que regem o processo eleitoral, assegurando sua adequada aplicação e respeito
aos princípios democráticos.
A nova redação do artigo 105 da Lei 9.504/1997 trouxe uma definição precisa sobre a
natureza das resoluções do TSE, estabelecendo-as como normas de caráter regulamentar
e complementar, que visam auxiliar na aplicação das leis eleitorais. Com essa definição
legal, é possível afirmar que a resolução hipotética, por ter sido editada antes dessa
alteração legislativa, não se enquadra na nova concepção de fonte secundária, tornando-se
ilegal.