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DIVULGAÇÃO CBPMESP
Estado de SP, que assumiu o comando que estava contido avançou pelas ruas
médico e, em parceria com as demais internas do terminal. Este evento oca-
equipes, traçou estratégias conforme o sionou uma ampliação do cenário, e foi
desenrolar das intervenções do corpo preciso retirar as equipes do Corpo de
de bombeiros e os riscos produzidos às Bombeiros e demais brigadistas, reali-
equipes de combate ao incêndio”, diz zando o combate por meio da área ex-
a enfermeira Maria Del Pilar Bezerra, terna”, ressalta.
chefe do SAMU Santos. Segundo ela, Segundo especialistas, em incêndios
durante os nove dias foram realizados envolvendo líquidos combustíveis o
90 atendimentos, entre eles hipertensão, correto é resfriar a parte inferior do re- Técnica de resfriamento dos tanques
hipotensão, dores musculares, pareste- cipiente e aplicar o LGE (Líquido Ge-
sia de extremidades, pequenos traumas rador de Espuma) ou agente químico
ALBERTO TAKAOKA
e ferimentos, fadiga, estresse físico-e- seco no foco do incêndio. Paralelamen-
mocional, desidratação, intoxicação por te a isto, as válvulas do tanque devem
inalação de gases e irritação de mucosa ser fechadas para que não ocorra um
de vias aéreas e conjuntiva. vazamento e o fogo não se espalhe. “O
problema na ocorrência no Porto Ale-
COMBATE moa é que, com o impacto da explosão,
A primeira técnica aplicada pelo Cor- os sistemas de proteção contra incêndio
po de Bombeiros ao chegar no local foi colapsaram, provocando vazamentos. A
de resfriamento dos recipientes. “Diante tubulação foi totalmente destruída com
do cenário encontrado, a estratégia foi a explosão e as válvulas não podiam ser Bombeiros e brigadistas tiveram trabalho intenso
resfriar os diversos tanques adjacentes fechadas. Ao mesmo tempo que tínha-
com grande quantidade de líquido in- mos que controlar os vazamentos, tínha-
Gabinete de Crise
o Corpo de Bombeiros e as equipes de
brigadistas que atuam diretamente no
combate, com os demais órgãos exter-
Sistema reuniu órgãos envolvidos, auxiliando nos, conseguindo reforços, materiais e
nas ações de combate ao incêndio equipamentos necessários para a opera-
ção”, explica.
Para acompanhar as operações e to- chamas causadas pelo incêndio deixaram
mar providências adicionais no combate a população amedrontada. Para tranqui- MEIO AMBIENTE
ao incêndio, o Governo do Estado de lizar a comunidade do entorno do local Desde o primeiro momento, o incên-
São Paulo instalou na Prefeitura de San- do acidente, a Defesa Civil do Estado dio gerou uma densa fumaça preta que,
tos um Gabinete de Crise, comandado de São Paulo, em parceria com a Defe- em poucos minutos, tomou conta do
pelo prefeito e integrado por diversos sa Civil Municipal, atuou de forma ati- céu da Baixada Santista. A grande pre-
representantes dos órgãos envolvidos. va, esclarecendo dúvidas da população. ocupação das autoridades e dos órgãos
“Numa ocorrência desta magnitude as “Como tínhamos produtos químicos responsáveis pelo meio ambiente, era
coisas ficam muito dissipadas, com in- envolvidos no cenário da ocorrência, os possíveis impactos ambientais que o
formações contraditórias. O objetivo elaboramos um Plano de Contingên- evento poderia causar. A Cetesb (Com-
do gabinete é centralizar e estudar as cia, caso fosse necessária a evacuação panhia de Tecnologia de Saneamento
operações junto com os agentes envol- dos moradores. Criamos círculos con- Ambiental) acompanhou a ocorrência
vidos na ocorrência e decidir o melhor cêntricos em um raio de 500 metros, desde o começo, monitorando a qualida-
caminho a seguir, levando em conside- para retirada de 700 pessoas, e mil me- de do ar, água e vegetação. “O principal
ração a segurança dos profissionais e tros para 7.000. Além disto, promove- aspecto que foi monitorado desde o iní-
da comunidade, além de permitir que o mos reuniões diárias com a população cio foi o que chamamos de PM10, ou se-
desastre seja mitigado”, explica o coro- para esclarecimento dos fatos”, ressalta ja, partículas menores que dez micrôme-
nel José Roberto Rodrigues de Oliveira, o coronel Oliveira. tros, presentes na fumaça. Para esta ope-
Secretário-Chefe da Casa Militar e Coor- Segundo o coordenador, em eventos ração, contamos com um equipamento
denador Estadual de Defesa Civil de SP. como este, o órgão está presente desde especializado, alugado pela Ultracargo e
No quinto dia do incêndio o Gover- o início, auxiliando nas operações e co- instalado em uma escola perto do local
no Federal determinou que a Infraero, a ordenando questões de logística. “Neste do incêndio, além das estações móveis
FAB e o Exército Brasileiro disponibili- tipo de ocorrência, a Defesa Civil age no de monitoramento de ar da Cetesb”,
zassem equipamentos e pessoal para au- todo. Além de auxiliar a população nós diz Carlos Ferreira Lopes, biólogo do
xiliar no combate ao incêndio, ajudando também fizemos os contatos necessá- setor de Atendimento de Emergências
no transporte e locação de equipamen- rios com fornecedores de produtos de do órgão. Segundo ele, a fumaça gerada
tos e produtos. combate a incêndio, falamos com auto- pela queima dos combustíveis em ques-
ridades responsáveis, solicitamos pedi- tão, é tóxica. Porém, traz mais danos
DEFESA CIVIL do de reforços profissionais, entre ou- quando está em confinamento. “Agora
As grandes explosões e as imensas tras ações. Ou seja, somos a ponte entre temos que levar em consideração que a
população não estava em contato com
a fumaça que subia para a atmosfera e
ALBERTO TAKAOKA
água e espuma.
6º dia Chegada do “Cold Fire” e do Pó Químico para auxiliar no combate.
Oito linhas defensivas fazem o resfriamento dos tanques em volta,
2º dia Canhão-monitor joga oito mil litros de água com espuma por minuto. e três linhas ofensivas atacam os tanques que estão pegando fogo.
Vento forte ameaça operação e quinto tanque é atingido pelo fogo.
7º dia
Peixes aparecem mortos no Canal do Estuário. Novo vazamento aumenta as chamas e incêndio continua.
licíclicos Aromáticos. Sendo assim, o um aprendizado enorme. Este trabalho na área, a mudança também deve ocor-
ensaio de ecotoxicidade indicou que a harmônico foi a grande chave para que, rer na legislação brasileira. “É necessário
água estava bastante tóxica, o que pro- apesar das adversidades vividas durante que haja uma revisão nas leis existentes
vavelmente resultou na morte dos pei- o incêndio, as equipes permanecessem no país, no que diz respeito ao tipo de
xes”, ressalta Lopes. Ele explica que isto motivadas até o último dia”. estocagem, dimensionamento de esto-
ocorre porque o sistema de escoamento Segundo especialistas, o Brasil ainda cagem, infraestrutura destes terminais,
da água usada para conter as chamas es- não está preparado para enfrentar este entre outras questões. O Porto Alemoa
tá no Canal do Estuário. tipo de ocorrência. “Não estamos pre- é uma das principais instalações portu-
De acordo com o biólogo, a Cetesb parados por diversos motivos, inclusive árias da América Latina, iniciou há de-
está monitorando a qualidade do ar e da por não ser um tipo de emergência que zenas de anos e hoje está envolvida com
água. Além disto, devido à pluma (nu- ocorra de forma habitual, além da espe- uma comunidade do entorno. Isto é um
vem de produto na atmosfera) gerada cificidade do tipo de ocorrência. Preci- problema público, que deve envolver to-
pela fumaça, o órgão também está rea- samos de recursos materiais adequados do o Brasil” conclui.
lizando o monitoramento da vegetação. disponíveis, caso ocorra uma emergên- Segundo a assessoria de imprensa da
cia desta natureza. Além disto, os ór- Ultracargo, a empresa possui todas as li-
ENSINAMENTO gãos e instituições devem investir em cenças e autorizações necessárias e que
Conforme o Corpo de Bombeiros da prevenção, capacitação e integração de suas operações obedecem todas as le-
Polícia Militar do Estado de SP, o incên- profissionais, principalmente no que diz gislações, regulações e normas técnicas
dio no Porto Alemoa deixou grandes respeito a incêndios industriais”, exalta aplicáveis.
lições. “O trabalho integrado do CBP- Marco Aurélio Rocha, especialista em Os Ministérios Públicos Estadual e Fe-
MESP com os bombeiros industriais e Gerenciamento de Emergências e De- deral instauraram um inquérito para apu-
brigadistas que participaram da opera- sastres, capacitado em Incêndio Petro- rar as causas do acidente. Com objetivo
ção, além da Defesa Civil, todos sob um químico e em Emergências com GLP. de agilizar o processo de investigação, a
Sistema de Comando Integrado com- Para o engenheiro Rubens César Pe- Ultracargo criou um comitê para detec-
posto pelos líderes de cada instituição, é rez, diretor da Task Service e especialista tar a origem do incêndio.
MAIO / 2015 Emergência 19