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CONTRAINCÊNDIO
Aptl 92-00
TEORIA CONTRAINCÊNDIO
2020
OBJETIVOS
(Cn) - Identificar o conceito de fogo, os elementos que o compõe e suas carac-
terísticas;
(Cn) - Identificar o conceito de incêndio, suas características, fases, classifica-
ção e formas de extinção;
(Cn) - Identificar o fenômeno de reação em cadeia;
(Cn) - Identificar os diversos tipos de combustíveis e suas características;
(Cn) - Identificar as fontes de calor, formas de propagação e seus efeitos;
(Cn) - Identificar o processo de combustão e suas consequências;
(Cn) - Identificar os fatores que ocasionam incêndio;
(Cn) - Enumerar as situações que contribuem para que ocorra o incêndio;
(Ap) - Praticar as ações de prevenção de contraincêndio;
(Cn) - Identificar os agentes extintores principais e complementares;
(Cn) - Identificar as características dos agentes extintores;
(An) - Distinguir as maneiras de aplicação dos agentes extintores; e
(Cp) - Discutir as desvantagens dos agentes extintores.
Aptl 92-00/2019
SUMÁRIO
1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE CONTRAINCÊNDIO .............................................6
1.1 FOGO ...................................................................................................................................6
1.1.1 FOGO E INCÊNDIO .......................................................................................................7
1.1.2 COMPOSIÇÃO DO FOGO ............................................................................................8
1.1.3 ELEMENTOS ESSENCIAIS DO FOGO ......................................................................9
1.2 COMBUSTÃO ..................................................................................................................24
1.2.1 QUANTO A VELOCIDADE ........................................................................................24
1.2.2 QUANTO A FORMA.....................................................................................................26
1.2.3 INTENSIDADE DA COMBUSTÃO ...........................................................................27
1.2.4 GASES PERIGOSOS ORIUNDOS DA COMBUSTÃO ...........................................29
1.3 INCÊNDIO ........................................................................................................................31
1.3.1 FASE INICIAL ...............................................................................................................31
1.3.2 MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO .....................................................................35
1.3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS .......................................................................37
1.3.4 TÉCNICAS DE EXTINÇÃO AO FOGO POR CLASSES DE INCÊNDIO ............40
1.3.5 TÉCNICAS DE EXTINÇÃO AO FOGO COMPLEMENTARES ............................49
1.4 GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO (GLP 13 KG) ......................................................59
1.4.1 RESERVATÓRIOS DE GLP .........................................................................................59
1.4.2 SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA ...............................................................................61
1.4.3 INSTALAÇÃO DO BOTIJÃO .....................................................................................62
1.4.4 CUIDADOS OPERACIONAIS ....................................................................................64
1.4.5 CUIDADOS NA COMPRA DO BOTIJÃO .................................................................65
REFERÊNCIAS .................................................................................................................90
Figura 01
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Figura 02 Figura 03
Figura 04
calor
Figura 05
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Figura 06
A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor originado da de-
composição das moléculas do combustível atinge outras moléculas que são decompostas em
partículas menores, que se combinam com o oxigênio e queimam, gerando mais calor para
decompor outras moléculas do combustível, formando um ciclo constante (reação em cadeia).
1.1.3 ELEMENTOS ESSENCIAIS DO FOGO
Para uma melhor compreensão dos elementos que compõem o fogo, vamos es-
tudar, separadamente, cada um deles.
1.1.3.1 Combustível (Agente Redutor)
Compreende toda substância capaz de se queimar (oxidar-se). É o elemento que
serve de campo de propagação e alimenta a combustão. A velocidade da queima de um com-
bustível depende de sua capacidade de combinar com oxigênio sob a ação do calor e da sua
fragmentação (área de contato com o oxigênio).
1.1.3.1.1 Estado Físico dos Combustíveis
Os combustíveis podem ser encontrados nos estados sólidos, líquidos e gasosos
e a grande maioria precisa passar para o estado gasoso para, então, combinar com o oxigênio
(queimar-se).
a) Combustível sólido
São aqueles que queimam em superfície e profundidade, deixando resíduos.
Para a extinção do incêndio, o agente extintor mais indicado é a água.
A maioria dos combustíveis sólidos transforma-se em vapores e então, rea-
gem com o oxigênio. Outros sólidos, como ferro, parafina, cobre e bronze, primeiro transfor-
mam-se em líquidos, e posteriormente em gases, para então se queimarem.
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Figura 07: A madeira, o papel e o tecido são exemplos de combustíveis sólidos comuns.
Figura 09
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Figura 10
Volatilidade de um líquido - É a facilidade com que os líquidos liberam
vapores inflamáveis. Também é de grande importância, porque quanto mais volátil for o líqui-
do, maior a possibilidade de haver fogo, ou mesmo explosão. Chamamos de voláteis os líqui-
dos que liberam vapores inflamáveis a temperaturas menores que 20ºC (temperatura ambiente)
(Fig. 11).
Figura 11
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c) Combustível gasoso
Correspondem aos gases inflamá-
veis. Eles não possuem volume definido, tendendo,
rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que estão
contidos (Fig. 12).
Quando tratamos do peso de um
gás, tratamos de sua densidade: Se o peso do gás é
menor que o do ar (menos denso), o gás tende a subir
e dissipar-se. Mas se o peso do gás é maior que o do
ar (mais denso), o gás permanece próximo ao solo e
caminha na direção do vento, obedecendo ao contorno
do terreno.
1.1.3.1.2 Limite de Inflamabilidade
É uma faixa de concentração de mistura
de gases ou vapores inflamáveis na atmosfera dentro Figura 12
da qual ocorre a queima.
Para um gás ou vapores de combustíveis líquidos queimarem, há necessidade de
que estejam em uma mistura ideal com o comburente, e, portanto, se estiver numa concentração
fora de determinados limites, não queimarão. Cada gás ou vapor possui seu limite próprio. Por
exemplo, se num ambiente há menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina, não haverá
combustão, pois a concentração de vapor de gasolina neste local está fora do que se chama de
mistura ideal, ou limites de inflamabilidade.
Figura 13
Concentração no Combustível
Ambiente Metano Propano Hidrogênio Acetileno
Limite Inferior 1,4% 5% 4% 2%
Limite Superior 7,6% 17% 75% 100%
Tabela 1
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Figura 15
6.2
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Figura 17
1.1.3.3.1 Fontes de Calor
O calor é gerado pela transformação de outras formas de energia:
• Energia química: O calor gerado pelo processo de combustão (Fig. 18);
Figura 18
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Figura 19
• Energia mecânica: O calor gerado pelo atrito de dois corpos (Fig. 20); e
Figura 20
• Energia nuclear: O calor gerado pela quebra ou fusão de átomos (Fig. 21).
Figura 21
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Figura 22
Figura 24
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Figura 25
ATENÇÃO!
Mudanças bruscas de temperatura em sólidos, como as relatadas acima,
são causas comuns de desabamentos de estruturas (Fig. 25).
A dilatação dos líquidos também pode produzir situações perigosas, pro-
vocando transbordamento de vasilhas, rupturas de recipientes contendo produtos perigosos ou
inflamáveis, etc.
O aquecimento dos gases proporciona a sua dilatação volumétrica, acarre-
tando o risco de explosões físicas recipientes que os contém, pois, de um modo geral, ao serem
aquecidos até 2730°C os gases duplicam de volume; a 5460°C o seu volume é triplicado, e
assim sucessivamente. Com o aumento da temperatura ocorre o aumento do volume dos gases
no interior de um recipiente e, consequentemente, a pressão interna também aumenta. Caso o
recipiente não possua dispositivo de segurança ou, se existir, o dispositivo não seja suficiente
para dar vazão ao gás em expansão, ocorrerá uma explosão, provocada pela ruptura das paredes
do recipiente e pela violenta expansão dos gases.
Atenção! Os vapores líquidos (inflamáveis ou não) se comportam como os
gases.
b) Mudança no estado físico da matéria
Com o aumento da temperatura, os corpos tendem a mudar seu estado físico:
os sólidos, ao alcançarem a temperatura de fusão (ou ponto de fusão), transformam-se em líqui-
dos (Fig. 26). Os líquidos, ao alcançarem a temperatura de vaporização (ou ponto de vapori-
zação), transformam-se em gases. Existem alguns sólidos que se transformam diretamente em
gases (sublimação). Isso se deve ao fato de que a elevação de temperatura faz com que aumente
o espaço entre as moléculas e estas, separando-se, mudam o estado físico da matéria.
Figura 26
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Quando a água está congelada (gelo), suas moléculas vibram pouco e estão
bem juntas; com o aumento da temperatura elas adquirem maior velocidade de vibração e maior
espaçamento, transformando-se em líquido (água).
c) Alteração química da matéria
Mudança química é aquela em que ocorre a transformação de uma substância
em outra diferente (Fig. 27).
A madeira, quando aquecida, não libera moléculas de madeira em forma de
gases, e sim outros gases, diferentes, em sua composição, das moléculas originais da madeira.
Essas moléculas são mais instáveis, por isso tem grande capacidade de reagir quimicamente
com outras moléculas, as de oxigênio, por exemplo. Podem produzir também gases venenosos
ou atmosferas explosivas.
Moléculas de Madeira
Calor
Figura 27
d) Efeitos fisiológicos
O aumento da temperatura é a causa direta de vários problemas para o ser
humano. Dentre eles destacamos a desidratação, a insolação, a fadiga e problemas para o apa-
relho respiratório, além de queimaduras (1°, 2° e 3° graus), que nos casos mais graves, podem
levar a morte (Fig. 28).
Queimaduras
Queimadura Queimadura
de 2º Grau de 3º Grau
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Viga metálica
Coluna metálica
Figura 29
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b) Radiação
É a transmissão de calor por ondas de energia calorífica que se deslocam atra-
vés do ar e do vácuo, atravessam superfícies transparentes e refletem nas polidas. Por exemplo,
o calor do Sol é transmitido através do vácuo celeste até alcançar a Terra, quando é absorvido.
Um corpo aquecido emite ondas de energia calorífica em linha reta e em todas as direções, que
são absorvidas pelos corpos que estão expostos. A intensidade com que os corpos são atingidos
aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais afastados da fonte de calor (Fig.
30).
Figura 30
O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de uma fonte que irradie
calor, devendo protegê-los, evitando novos focos de incêndios.
Para se proteger do calor irradiado, o bombeiro deve utilizar roupas apropria-
das e água em forma de chuveiro (como escudo, Fig. 31).
Figura 31
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Figura 32
c) Convecção
É o processo de transferência de calor que se faz através da circulação do
meio transmissor: gás ou líquido.
Quando a água é aquecida num reci-
piente de vidro, pode-se observar um movimento, dentro
do próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a
água é aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais
leve) provocando um movimento para cima, deixando es-
paço para que outro volume de água mais denso ocupe o
seu lugar para ser aquecido e, assim, sucessivamente (Fig.
33).
Da mesma forma, o ar aquecido se ex-
pande e tende a subir para as partes mais altas do ambien- Figura 33
te, enquanto o ar frio toma lugar nos níveis mais baixos. Em incêndios de edifícios, essa é a
principal forma de propagação de calor para andares superiores, quando os gases aquecidos
encontram caminho através de escadas, corredores de circulação de elevadores, etc. (Fig. 34).
Figura 34
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Figura 35
1.2 COMBUSTÃO
Diversos autores têm apresentado diferentes conceituações sobre os tipos de
combustão. No nosso estudo, que é especificamente relacionado com os incêndios, classificare-
mos as combustões da seguinte forma:
1.2.1 QUANTO A VELOCIDADE
Dois elementos são preponderantes na velocidade da combustão: o comburen-
te e o combustível. O calor entra no processo para decompor o combustível. A velocidade da
combustão variará de acordo com a porcentagem do oxigênio no ambiente e as características
físicas e químicas do combustível.
De acordo com a velocidade da reação as combustões podem ser:
• Lenta - Quando o processo da reação ocorre de maneira lenta e não há produ-
ção de chamas, ou qualquer fenômeno luminoso. A liberação de calor é muito fraca, baixíssima.
Ocorre, geralmente, em ambientes pobres em oxigênio. Como exemplo podemos citar a oxida-
ção lenta de materiais combustíveis (ferrugem, Fig. 36);
Figura 36
Figura 37
Figura 38
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Figura 39
ATENÇÃO!
Há ainda as reações de combustíveis “pseudoexplosivos”. A combustão ins-
tantânea de “pseudoexplosivos” merece especial atenção, pois quando ocorrem em am-
bientes confinados, se comportam como verdadeiras explosões. Isso ocorre com materiais
combustíveis sólidos finamente divididos em suspensão no ar, ou com líquidos inflamáveis
pulverizados no ar ou em ambientes gasados (saturados por gases inflamáveis), quando a
mistura do combustível com o ar está dentro da faixa de explosividade, formando assim,
uma atmosfera explosiva (explosões de gases, poeiras, etc.).
Limites de explosividade de alguns combustíveis quando em mistura com o ar:
Figura 40
Figura 41
Figura 43
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ATENÇÃO!
Para evitar a combustão espontânea, as substâncias a ela sujeitas devem ser
arrumadas em estrados e armazenadas em locais secos e ventilados.
Alguns combustíveis entram em combustão sem a ação de uma fonte de calor
(materiais com baixo ponto de ignição), como o fósforo branco (Fig. 44) que entra em combus-
tão à temperatura ambiente (20°C).
Esse processo ocorre também na mistura de determinadas substâncias químicas,
quando a combinação gera calor e libera gases em quantidade suficiente para iniciar a combus-
tão. Por exemplo, água + sódio metálico (Fig. 45).
Fósforo Branco Sódio Metálico
Figura 44 Figura 45
1.2.3 INTENSIDADE DA COMBUSTÃO
É o volume de chamas desprendido do material que está sendo consumido pelo
incêndio. A intensidade da combustão varia em função dos seguintes fatores:
a) Da superfície de contato com o ar
Quanto maior for a superfície do combustível em contato com o ar, maior
será o volume de chamas (Fig. 46).
Figura 46
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Figura 47
Do tipo de combustível
Alguns tipos de combustí-
veis possuem a característica de não produzir
muitas chamas quando em combustão (Fig. 48).
Figura 48
Figura 49
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Figura 50
1.2.4 GASES PERIGOSOS ORIUNDOS DA COMBUSTÃO
A fumaça emanada de um incêndio é formada por uma mistura de gases, substân-
cias e partículas de carbono finamente divididas, tudo liberado pelos materiais em combustão.
O bombeiro deve se lembrar de que um incêndio produz substâncias tóxicas e
irritantes. No entanto, não podemos prever, antecipadamente, quais serão essas substâncias. A
inalação de uma mistura de substâncias, sejam tóxicas ou irritantes, pode ter efeitos mais graves
do que quando inaladas separadamente.
A inalação de gases tóxicos pode determinar vários efeitos no corpo humano.
Alguns dos gases causam danos diretamente aos tecidos dos pulmões e perda de suas funções.
Outros gases não produzem efeito direto nos pulmões, mas quando entram na corrente sanguí-
nea, inibem a capacidade dos glóbulos vermelhos transportarem o oxigênio.
Alguns gases tóxicos que podem estar presentes na fumaça, não são produtos da
combustão, mas são liberados de equipamentos ou materiais armazenados quando expostos ao
calor excessivo de um incêndio (Fig. 51).
Se a substância não for gás em condições normais, o calor excessivo do fogo
pode convertê-la para o estado gasoso.
Alguns gases, quando inalados, reagem com a umidade das vias aéreas e dos
pulmões produzindo ácidos e álcalis fortes (cloro, fosgênio, bióxido de enxofre e a amônia).
Luminárias Acrílicas
Paredes revesti-
- Acroleína (IP*) Televisores em Caixa de das de papel e de
Polipropileno laqueados
- Monóxido de Carbono (T**) -Acetaldeído (IP)
Poliuretanos nos Revesti- - Formaldeídos (IP)
mentos - Óxidos de Nitrogê-
- Isocianetos (IP) nio (IP)
- Cloreto de Hidrogênio (T) - Ácido Acético (T)
Pisos Emborrachados.
Espuma de Poliestireno Revestimentos de Vinil e
- Estireno (T) Cabos Elétricos
- Monóxido de Carbono Carpetes de Nylon
Carpetes Acrílicos (T) - Amônia (IP) - Cloreto de Hidrogênio
- Acroleína (IP) - Cianeto de Hidrogênio (T) (IP)
- Cianeto de Hidro- - Monóxido de Carbo-
gênio (T) no (T)
- Fosgênio (IP)
Figura 51
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Figura 53 Figura 54
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1.3 INCÊNDIO
Se o fogo ocorrer em área ocupada por pessoas, há grandes chances de que o
fogo seja descoberto no início e apagado com rapidez; mas se ocorrer quando a edificação esti-
ver deserta e fechada, o fogo continuará crescendo até ganhar grandes proporções.
Podemos entender melhor os incêndios se compreendermos suas fases de desen-
volvimento (fase inicial, fase da queima livre e fase da queima lenta).
1.3.1 FASE INICIAL
Nesta primeira fase, o oxigênio contido no ar não está significativamente redu-
zido e o fogo está produzindo vapor d’água (H2O), dióxido de carbono (CO2) e outros gases.
Grande parte do calor está sendo consumido no aquecimento dos combustíveis, e a temperatura
do ambiente, neste estágio, está ainda pouco acima do normal. O calor está sendo gerado e evo-
luirá com o aumento do fogo (Fig. 55).
Figura 55
Figura 56
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Figura 57
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Figura 58
O fogo é normalmente reduzido a brasas, o ambiente torna-se completamente
ocupado por fumaça densa e os gases se expandem. Devido à pressão interna ser maior que a
externa, os gases saem por todas as fendas em forma de golfadas, que podem ser observadas em
todos os pontos do ambiente (Figs. 59 e 60).
Figura 59
Figura 60
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Figura 61
Uma ventilação adequada (ventilação pelo ponto mais alto do ambiente) permite
que os gases combustíveis superaquecidos sejam retirados do ambiente.
Figura 62
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São condições que podem indicar uma situação de backdraft (Fig. 63):
Figura 63
1.3.2.2 Resfriamento
O resfriamento ou controle do calor é o método de extinção mais usado. Consiste
em abaixar a temperatura do material incendiado até o ponto que ele não libere mais gases e
vapores inflamáveis.
A água é o agente extintor mais usado, devido ao fato de possuir grande capaci-
dade de absorver calor e ser facilmente encontrada na natureza. Por causa das suas característi-
cas e propriedades torna-se fácil a sua utilização pelos bombeiros (Fig. 65).
A redução da temperatura está ligada à quantidade e à forma de aplicação da
água num incêndio. O objetivo é que a água absorva mais calor que o incêndio é capaz de pro-
duzir. Jatos d’água em forma de chuveiro e neblina possuem grande capacidade de absorção de
calor e consequente poder de redução de temperatura.
Figura 65
1.3.2.3 Abafamento
O abafamento ou controle do comburente é o método de extinção mais difícil,
pois a não ser em pequenos incêndios que podem ser abafados com tampas de vasilhas, panos,
cobertores etc., necessita-se de aparelhamento e produtos específicos para sua obtenção.
Consiste em diminuir ou impedir o contato do comburente com o material com-
bustível. Não havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo. Como ex-
ceção, citamos os materiais que possuem o oxigênio em sua composição química, ou geram
oxigênio, e queimam sem a necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgânicos, os
conhecidos palitos de fósforo, etc.
Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o
combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar abaixo
de 8%, onde não haverá mais combustão.
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As espumas, pós químicos, gases especiais são os agentes extintores mais indi-
cados. Pode-se, também, abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cober-
tores, vapor d’água, etc.
Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo álcool em chamas, ou colocar
um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências práticas que
mostram que o fogo se apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o combustível
(Fig. 66).
Figura 66
Observação
Determinados agentes
extintores, como os pós químicos, ao
entrarem na área de combustão, intera-
gem quimicamente com alguns radicais
livres oriundos da própria combustão e
formam gás carbônico (agente extintor)
e vapor d’água (gás inerte) que poten-
cializam o efeito do abafamento (Fig.
67).
Figura 67
Figura 68
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Figura 69
Necessitam de resfriamento para sua extinção (Fig. 70), isto é, do uso de água ou
soluções que a contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material
em combustão.
Figura 70
Figura 72
Figura 74
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Figura 76
Figura 77
Não jogar mais água que o necessário para a extinção, isto é, quando não
mais houver chamas.
Em locais com pouca ou nenhuma ventilação, o bombeiro deve usar jatos
intermitentes e curtos até a extinção. Os jatos não devem ser empregados por muito tempo, sob
pena de perturbar o balanço térmico.
O balanço térmico é o movimento dos gases aquecidos em direção ao teto e
a expansão de vapor d’água em todas as áreas, após a aplicação dos jatos d’água. Se o jato for
aplicado por muito tempo, além do necessário, o vapor começará a se condensar, causando a
precipitação de fumaça ao piso e, por sua vagarosa movimentação, haverá perda da visibilidade,
ou seja, os gases aquecidos que deveriam ficar ao nível do teto tomarão o lugar do ar fresco que
deveria ficar ao nível do chão e vice-versa.
b) Uso de Linha de Água para Ataque Indireto
Este método é chamado de ataque indireto porque o bombeiro faz a estabi-
lização do ambiente, usando a propriedade de vaporização da água, sem entrar no ambiente.
Deve ser executado quando o ambiente está confinado e com alta temperatura, com ou sem
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fogo. É preciso cuidado porque esta pode ser uma situação propícia para o surgimento de uma
explosão ambiental (backdraft ou flashover).
Este ataque não deve ser feito enquanto não houver certeza da retirada das
vítimas do local, porque a grande geração de vapor poderia matá-las. Realiza-se dirigindo o jato
d’água para o teto superaquecido, tendo como resultado a produção de aproximadamente 1.700
litros de vapor, à pressão normal e temperatura superior a 100 oC.
No ataque indireto, o esguicho será acionado por um período de 20 a 30 se-
gundos, no máximo. Não poderá haver excesso de água, o que causaria distúrbios no balanço
térmico.
Após a aplicação de água, o bombeiro aguarda a estabilização do ambiente, isto
é, que as labaredas baixem e se reduzam a focos isolados. Isso poderá ser constatado através
dos seguintes sinais:
• Não mais se vê a luminosidade das labaredas;
• Não mais se ouve o som característico de materiais em combustão.
O processo de estabilização do ambiente será muito rápido e o bombeiro perce-
berá os sinais logo após a aplicação de água.
O bombeiro, após estabilizado o ambiente, deve entrar no local com o esguicho
fechado e extinguir os focos remanescentes através de jatos intermitentes de pequena duração,
dirigidos diretamente à base do fogo. Quando estiver desenvolvendo esta fase, o bombeiro deve
fazer com que o volume de água utilizado seja o menor possível.
Quando do término da utilização do esguicho, deve-se fechá-lo lentamente, para
evitar o *golpe de aríete.
*GOLPE DE ARÍETE - força ocasionada quando o fluxo da água, através de
uma tubulação ou mangueira, é interrompido de súbito. A súbita interrupção do fluxo determina
a mudança de sentido da pressão, sendo instantaneamente duplicada, acarretando sérios danos
aos equipamentos hidráulicos e à bomba de incêndio. Tal acidente pode ser evitado com o uso
da válvula de retenção.
Quando da aplicação da água por qualquer abertura da edificação, os homens
devem se manter fora da linha da abertura para se protegerem da expulsão de gases quentes e
vapor que sairão através das aberturas.
Figura 78
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vaporizar-se e sair instantaneamente. Essa súbita expansão é uma explosão. No caso de líquidos
inflamáveis, formar-se-á uma grande “bola de fogo”, com enorme irradiação de calor.
Figura 80
Figura 82
Figura 83
1.3.4.3.2 Atendimento a Vazamentos de Gases Inflamáveis
O único método seguro de se solucionar a ocorrência de vazamento de gás ou
líquido sob pressão, com ou sem fogo, é a retirada do material.
Como quase todas as edificações utilizam o glp ou gás natural, é importante que
todo o bombeiro conheça os riscos e as técnicas no atendimento de ocorrências envolvendo
estes gases.
Figura 84
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- Gás natural
O gás natural (gás encanado) é formado principalmente por metano, com
pequenas quantidades de etano, propano, butano e pentano. Este gás é mais leve do que o ar. As-
sim, tende a subir e difundir-se na atmosfera; não é tóxico mas é classificado como asfixiante,
porque em ambientes fechados pode tomar o lugar do ar atmosférico, conduzindo assim à as-
fixia. A companhia concessionária local deve ser acionada quando alguma emergência ocorrer.
Incidentes envolvendo o sistema de distribuição de gás natural são fre-
qüentemente causados por escavação nas proximidades da canalização subterrânea. Neste caso,
as viaturas não devem estacionar próximas ao local, por causa da possibilidade de ignição. A
equipe deve estar preparada para o evento de uma explosão e incêndio subseqüente. A primeira
preocupação deve ser a evacuação da área vizinha e eliminação de possíveis fontes de ignição
no local.
- GLP engarrafado
O gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás engarrafado, como é um com-
bustível armazenado sob pressão, é usado principalmente em residências, em botijões de 13
kgs. Sua utilização comercial e industrial é feita com cilindros de maior capacidade, de 20, 45
e 90 kg.
Este gás é composto principalmente de propano, com pequenas quanti-
dades de butano, etano propileno e iso-butano. O GLP não tem cheiro natural. Por isso, uma
substância odorífica, denominada mergaptana, lhe é adicionada. O gás não é tóxico, mas é clas-
sificado como asfixiante porque pode deslocar o ar, tomando seu lugar no ambiente, e conduzir
à asfixia.
O GLP é cerca de 1,5 vezes mais pesado que o ar, de forma que, normal-
mente, ocupa os níveis mais baixos. Todos os recipientes de GLP estão sujeitos à bleve quando
expostos a chamas diretas. O GLP é freqüentemente armazenado em um ou mais cilindros (ba-
teria). O suprimento de gás para uma estrutura pode ser interrompido pelo fechamento de uma
válvula de canalização. Se a válvula estiver inoperante, o fluxo pode ser interrompido retirando-
-se a válvula acoplada ao cilindro.
Ao se deparar com fogo em gás inflamável, e não podendo conter o fluxo,
o bombeiro não deverá extinguir o incêndio. Um vazamento será mais grave que a situação an-
terior, por reunir condições propícias para uma explosão. Neste caso, o bombeiro deverá apenas
controlar o incêndio.
O gás que vazou e está depositado no ambiente pode ser dissipado por
ventilação, ou por um jato d’água em chuveiro, de no mínimo 360 lpm (esguicho de 38mm com
aproximadamente 5,5 kg/cm2 de pressão), com 60º de abertura, da mesma maneira com que se
realiza a ventilação de um ambiente, usando esguicho.
1.3.4.4 Combate a Incêndio “Classe C”
A dificuldade na identificação de materiais energizados é um dos grandes peri-
gos enfrentados pela equipe no atendimento de ocorrência.
Este tipo de incêndio pode ser extinto, com maior facilidade após o corte da
energia elétrica. Assim, o incêndio deixa de ser classe “C”, tornando-se classe “A” ou “B”,
podendo ainda extinguir-se.
Para sua extinção, deve-se utilizar agentes extintores não condutores de eletri-
cidade, como PQS, e HALON. Não se deve utilizar aparelhos extintores de água ou espuma
(química ou mecânica), devido ao perigo de choque elétrico para o operador, que pode causar-
-lhe a morte. Pode-se utilizar linhas de mangueiras, desde que se conheça a técnica e se tomem
as precauções necessárias.
Em emergência envolvendo eletricidade, alguns procedimentos devem ser se-
guidos para manter um ambiente seguro ao serviço de bombeiros:
• Quando forem encontrados fios caídos, a área ao redor deve ser isolada;
• Deve-se tratar todos os fios como energizados e de alta voltagem;
• Quando existir o risco de choque elétrico, deve-se usar epi adequado e ferra-
mentas isoladas;
Aptl 92-00/2020 47/93
Figura 85
A água contém impurezas que a tornam condutora; daí, na sua aplicação em in-
cêndios em materiais energizados, deve-se considerar todos os riscos de o bombeiro levar um
choque elétrico.
• O Chefe de equipe determinará o uso de água, considerando os fatores:
• Voltagem da corrente;
• Distância entre o esguicho e o equipamento energizado;
• Isolamento elétrico oferecido ao bombeiro, entre os quais luvas de isolamento
e botas de borracha isolante.
Outro problema é a presença de produtos químicos perigosos em instalações e
equipamentos elétricos, o que pode acarretar sérios riscos à saúde e ao meio ambiente. Neste
caso, deve-se tomar as cautelas necessárias para sua extinção, tais como: isolar a área, conhecer
as características e os efeitos do produto e usar EPI (roupas, luvas, proteção respiratória, capa-
cetes e capa ou roupa apropriada). Incêndio em transformador elétrico que utiliza como líquido
refrigerante o “ASKAREL” (cancerígeno) é exemplo típico. Como medida de segurança,
linhas energizadas não devem ser cortadas; apenas técnicos especializados deverão fazê-lo. Os
Bombeiros somente desligarão a eletricidade pela abertura de chave, remoção de fusível ou
desacionamento de disjuntor quando necessário.
Contatos e cooperação com as companhias de energia elétrica são vitais no com-
bate a incêndios classe “C”, para reduzir o risco à vida e à propriedade.
48/93 Aptl 92-00/2020
- Instalações Elétricas
Nas residências, a instalação elétrica é normalmente de baixa tensão (110 e
220 volts). O método mais simples de interromper o fornecimento da energia é desligar a chave
geral da instalação.
Figura 86
Deve-se ter cuidado com o fornecimento de energia à edificação através de ins-
talação clandestina, pois, mesmo após desligar os dispositivos de entrada de eletricidade, pode
haver energia no local.
Muitas indústrias, edificações comerciais, prédios elevados e complexos de
apartamentos têm equipamentos elétricos que utilizam mais de 600 volts.
Nas portas dos compartimentos que abrigam estes equipamentos (como trans-
formadores e grandes motores), deve haver uma placa de identificação com a inscrição “alta
voltagem”.
Pode-se ainda encontrar instalações elétricas subterrâneas, isto é, galerias com
cabos elétricos abaixo da superfície. Os riscos mais freqüentes são as explosões, que podem
arremessar tampas de bueiros a grandes distâncias, devido ao acúmulo de gases inflamáveis de
centelha de fusíveis, relês ou curto circuito. Não se deve entrar em bueiros, exceto para efetuar
um salvamento. O combate deve ser efetuado desde a superfície, com o uso de gás carbônico
ou PQS.
A água não deve ser aplicada em galerias, em razão da proximidade com o equi-
pamento elétrico.
1.3.4.5 Combate em Incêndio “Classe D”
Incêndios em metais combustíveis (magnésio, selênio, antimônio, lítio, cádmio,
potássio, alumínio, zinco, titânio, sódio, zircônio) exigem, para a sua extinção, agentes que se
fundam em contato com o material ou que retirem o calor destes. Metais combustíveis queimam
em temperaturas extremamente altas e reagem com a água, arremessando partículas.
A reação será tanto maior quanto mais fragmentado estiver o metal.
Estes incêndios podem ser reconhecidos pela cor branca das chamas. Uma cama-
da cinza poderá cobrir o material, dando a impressão de que não há fogo.
Quando o material estiver em forma de limalha (fragmentado), deve-se isolar
a parte que está queimando do resto por processo mecânico (retirada do material) e utilizar o
agente extintor próprio, cobrindo todo o material em chama.
O maior problema do bombeiro numa emergência com combustíveis classe
“D” é a obtenção de agentes extintores adequados à situação específica. Isso porque os metais
combustíveis não apresentam um comportamento padrão para um determinado agente extintor.
Portanto, deve-se agir com extrema cautela nestes casos. O melhor método de extinção é o
abafamento.
Aptl 92-00/2020 49/93
Este tipo de incêndio será extinto com o emprego de agentes especiais, tais como
grafite seco, cloreto de sódio, areia seca e nitrogênio.
Em certas circunstâncias, a água pode ser usada como agente extintor (nas situ-
ações específicas de ligas de magnésio usadas em indústria). Neste caso, a água deve ser utili-
zada em grandes quantidades, pois a temperatura deste tipo de fogo é muito alta e a técnica de
extinção utilizada é o resfriamento.
É importante que se obtenha o máximo de informação sobre o produto em cha-
mas, bem como se há no local o agente extintor apropriado.
1.3.5 TÉCNICAS DE EXTINÇÃO AO FOGO COMPLEMENTARES
1.3.5.1 Incêndio e Emergências em Ambientes Fechados
Operações de combate a incêndio e salvamento podem ocorrer em locais com
pouca ou nenhuma ventilação, tais como: subsolos, depósitos, garagens, residências, escritórios
ou outras dependências. Por isso, é importante saber quais os riscos inerentes a estes ambientes,
quando em chamas:
• Insuficiência de oxigênio, excesso de vapores e gases tóxicos e/ou inflamá-
veis. Para evitar estes riscos, é necessário utilizar aparelho autônomo de
respiração, mantendo o controle da quantidade do ar do cilindro. Numa
atmosfera com vapores explosivos, não se deve utilizar equipamentos que
produzam faíscas ou superaquecimento.
• Espaço limitado para entrada e saída. Quando o bombeiro estiver equipado
com aparelho de respiração autônoma e, ao entrar ou sair por aberturas
pequenas, tiver que retirar o suporte com cilindro das costas, deverá ter
cuidado para que a máscara não saia da sua face.
• Colapso estrutural e instabilidade de estoques de material.
• Estruturas metálicas aquecidas pelo fogo, tais como vigas e colunas metálicas
devem ser resfriadas, pois cedem rapidamente quando superaquecidas.
• Presença de eletricidade. Antes de o bombeiro entrar num ambiente confinado,
deve-se desligar a energia elétrica.
Um cabo-guia deve ser usado na comunicação entre o bombeiro do lado de fora
da edificação e os bombeiros no interior da mesma. Este cabo deve estar sempre tenso a fim de
que haja, efetivamente, comunicação. Para cada equipe de bombeiros que adentrar à estrutura,
deve haver um outro do lado de fora, responsável pela sua segurança.
A comunicação entre os bombeiros pode ser feita tanto do interior do ambiente
para o exterior do ambiente, como do exterior para o interior.
É importante que os bombeiros no interior não fiquem com seus movimentos li-
mitados pelo cabo. Portanto o bombeiro do exterior não deve prender ou tentar puxar o compa-
nheiro de dentro da edificação, mesmo quando em situação de emergência. Os códigos a serem
usados nestas ocasiões são:
SINAL SIGNIFICADO
1 puxão Tudo bem
2 puxões Solte cabo
3 puxões Retese cabo
4 puxões Achei vítima
Toda comunicação deve ter resposta, portanto, o bombeiro deve acusar, sempre,
o recebimento da mensagem com um puxão, o que quer dizer que entendeu o comunicado. No
caso de não receber resposta, usar o código novamente e, persistindo a falta de resposta, deve
repetir o procedimento mais uma vez. Se, mesmo assim, não obtiver resposta, deve providen-
ciar socorro imediato ao colega.
Do lado de fora, deve haver uma equipe de segurança pré-determinada, para
socorrer a equipe de salvamento em uma emergência. Esta equipe de segurança deve ser com-
50/93 Aptl 92-00/2020
posta de dois bombeiros com EPI e EPR (máscara autônoma), que acompanharão os trabalhos
da equipe de salvamento sob a supervisão do Comandante da Operação. Um bombeiro deve
controlar toda a operação no interior da edificação, supervisionando o equipamento e o pessoal,
anotando missão, nome do bombeiro e tempo de trabalho de cada elemento. Este procedimento
reduz a possibilidade de um homem ficar esquecido no interior da estrutura ou trabalhar fora da
margem de segurança estabelecida.
Os bombeiros não devem hesitar em sair da edificação se as condições internas
indicarem a possibilidade de um iminente colapso da estrutura. Ao avançar no interior da estru-
tura, devem ter pleno conhecimento da quantidade de ar necessária para o retorno.
1.3.5.2 Segurança na Extinção
Durante o serviço, a própria segurança e a dos companheiros deve ser uma preo-
cupação constante do bombeiro. Uma vez que o bombeiro trabalha em situações de risco, deve
tratar de superá-las com atos seguros (prudência).
Jogar água em fumaça, entrar em locais em chamas, deixando fogo atrás de si,
trabalhar isoladamente e não utilizar o EPI necessário são erros que podem trazer conseqüên-
cias gravíssimas para o bombeiro e para a guarnição.
O uso de EPI é necessário para reduzir a incidência de ferimentos em operações
e também para permitir maior aproximação do fogo, visando sua extinção.
O bombeiro não deve permanecer em poças de líquidos inflamáveis ou de água
com resíduos de líquidos inflamáveis.
Ao se deparar com fogo em válvulas de alívio ou canalização e não puder con-
ter o fluxo do combustível, o bombeiro não deverá extinguir o incêndio, sob pena de criar o
problema do vazamento, mais que o anterior. No vazamento, os vapores são normalmente mais
pesados que o ar e formam “poças” ou “bolsas” de gases em pontos baixos, onde podem se in-
cendiar. Os bombeiros devem controlar todas as possíveis fontes de ignição nas proximidades
dos vazamentos de líquidos inflamáveis. Veículos, fósforos, isqueiros, componentes elétricos
e fagulhas de ferramentas poderão prover uma fonte de ignição suficiente para incendiar os
vapores.
O local de ocorrência deve ser isolado e sinalizado adequadamente. Somente os
bombeiros devem ter acesso ao local sinistrado. A entrada de quaisquer outras pessoas, inclu-
sive policiais, somente será permitida com a autorização do Comandante da Operação. Mesmo
após a autorização, tais pessoas devem ser acompanhadas por um bombeiro.
Quando trabalhando em vias públicas, o bombeiro deve interditar somente as
faixas de rolamento necessárias para a execução do serviço com segurança, mantendo, se pos-
sível, o fluxo de veículos em outras faixas.
A sinalização durante a noite deve ser feita com objetos luminosos. Sinalização
com fogo (latas com óleo, ou outro combustível queimando) deve ser evitada, uma vez que
pode ocasionar incêndio, se houver líquido combustível vazando. A sinalização deve ser feita
bem antes do local sinistrado. Existindo curvas ou declives nas proximidades, posicionar a si-
nalização antes deles.
A guarnição deverá desembarcar da viatura pelo lado da calçada e trabalhar fora
das faixas com tráfego. Um bombeiro deve fazer a sinalização até a chegada do policiamento
de trânsito. Quando em via pública, se necessário e viável, para garantir a segurança dos bom-
beiros, as viaturas devem estacionar de modo que protejam as equipes de bombeiros do fluxo
de veículos nas proximidades da ocorrência.
Aptl 92-00/2020 51/93
Figura 88
52/93 Aptl 92-00/2020
Figura 90
Figura 92
Figura 94 Figura 95
Aptl 92-00/2020 55/93
Figura 98
O tamanho relativo das aberturas de saída e de entrada podem ser utilizados para
definir a vazão de ar contra a pressão interna.
Se a abertura de entrada é também usada como passagem, o ventilador pode cau-
sar obstrução. A não ser que isto possa ser colocado de outra forma para não impedir o acesso.
De qualquer forma isto reduzirá a proporção da produção de ar que entra na edificação. Se o
ventilador estiver colocado a dois metros da porta, provavelmente a vazão de ar naquela porta
será reduzida de 20% e a pressão interna de 10%.
Figura 100
O mais efetivo uso de um ventilador portátil de VPP será em compartimentos
limpos, pequenos e em corredores. Eles podem ser particularmente eficazes em residências e
pequenas edificações comerciais ou em caixas de escadas pressurizadas e protegidas.
Em grandes edificações, uma abordagem de compartimento a compartimento
será mais bem usada para a retirada de fumaça, tendo em vista a limitada quantidade de ar ven-
tilado disponível.
Se a abertura de entrada for muito grande para ser coberta por apenas um venti-
lador ou se um maior volume de ar for necessária é possível fazer uso de mais de um ventilador
em paralelo.
Caso uma maior velocidade de extração de fumaça é requerida, dois ventiladores
podem ser utilizados em série, um será colocado na porta e o segundo atrás deste para selar ao
redor da porta. Isto provavelmente restringirá o acesso pela porta.
Mensal:
• Inspeção Visual;
• Verificar se não existem rachaduras na carcaça de proteção do ventila-
dor e das hélices;
• Verificar os apertos dos parafusos;
• Reparar ou substituir as peças quando necessário, utilizando sempre
peças originais. Utilize parafusos auto-travantes. Parafusos comuns se
soltam com facilidade após a operação.
Semestral:
• O ventilador possui rolamentos selados e lubrificados para toda sua vida
útil, não tente lubrificá-los;
• Lubrifique a válvula de contro-
le da seguinte forma:
• Abra totalmente a válvula
• Remova os parafusos da flange
e remova a válvula
• Aplique graxa à base de lítio
na rosca da haste e no seu eixo,
movimentar a fim de distribuir
a graxa;
• Remontar a válvula na posição
aberto.
Figura 107
OBS: Vazamentos poderão ocorrer com o tempo, por desgaste natural dos
anéis, juntas, selos mecânicos ou pelo assento da válvula de pulverização. Quando isso ocor-
rer, substitua as peças danificadas.
Viram como é importante conhecermos as técnicas de uso do moto-ventilador
para realizar uma ventilação forçada? Agora é hora de aprendermos outra técnica, a técnica de
ventilação forçada utilizando linhas d’água.
b) Linhas de Mangueira no auxílio à ventilação forçada
Uso do Jato d’água como exaustor - Para que se obtenha o máximo em efe-
tividade na ventilação e o mínimo em danos e gasto desnecessário de água, a utilização do
jato chuveiro como exaustor depende de avaliação de como,
onde e quando o jato será aplicado.
Um jato chuveiro dirigido através de
abertura de portas ou janelas arrasta consigo grandes quanti-
dades de calor e fumaça. Comparado com exaustores elétri-
cos, este método tem provado ser duas a quatro vezes mais
eficiente, dependendo do tipo, tamanho, ângulo de abertura
e da localização do esguicho. Com um esguicho regulável na
posição 60º, cobrindo de 85 a 90% da abertura, são obtidos
resultados excelentes na ventilação.
Figura 108
Figura 109
Aptl 92-00/2020 59/93
Qualquer que seja o tamanho da abertura, ângulos maiores que 60º não devem
ser utilizados, porque aumentando o ângulo do jato, aumentará a perda de energia. Portanto,
não deve ser efetuada a cobertura pela regulagem do esguicho, mas, sim, manter a regulagem e
variar a distância do esguicho para abertura, cuidando para que o jato sempre cubra 85 a 90%
da área.
Existem duas pequenas desvantagens no uso do jato chuveiro na ventilação:
• Pode haver aumento nos danos produzidos pela água, na edificação e
• Há um gasto adicional de água na operação.
1.4 GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO (GLP 13 Kg)
O GLP é a fração mais leve extraída do petróleo no processo de refino, for-
mado pela mistura de hidrocarbonetos com três átomos de carbono (propano) ou quatro átomos
(butano), podendo apresentar-se em mistura entre si (propano 50% e butano 50%) ou com
pequenas frações de outros hidrocarbonetos. É empregado, principalmente, como gás combus-
tível doméstico, comercial, agrícola e industrial. Como gás combustível doméstico é chamado
de gás de cozinha.
Atenção!
O GLP não pode ser utilizado como combustível em veículos automotivos,
conforme a atual legislação brasileira. O gás permitido para uso automotivo é o gás na-
tural.
O GLP possui as seguintes características:
• É um gás combustível com alto poder calorífico;
• Quando sob pressão se liquefaz;
• É incolor, inodoro* e asfixiante;
• Não é tóxico, não é corrosivo, não é poluente;
• A temperatura de ebulição do GLP, à pressão de uma atmosfera, é de -30 ºC;
• O vapor de GLP é, normalmente,
de 1 ½ a 2 vezes mais pesado que o ar, e o que eva-
pora do líquido, à temperatura de ebulição normal, é
ainda mais pesado. Por isso, o gás vazante tende a se
manter no nível do solo, dificultando a ventilação do
ambiente e sua dispersão. No estado líquido, o GLP é
mais leve que a água.
*Pelo fato de ser inodoro, por mo-
tivo de segurança, uma substância do grupo
MERCAPTAN é adicionada ainda nas refina-
rias. Ela produz o cheiro característico per-
cebido quando há algum vazamento de gás.
Apesar de não ser tóxico, se inalado em grande Figura 110
quantidade produz efeito anestésico.
1.4.1 RESERVATÓRIOS DE GLP
Os reservatórios para GLP são construídos de acordo com normas específicas e
rígidas, que estabelecem os testes periódicos a que devem ser submetidos, bem como os dispo-
sitivos de segurança.
Dentre os recipientes ou cilindros padronizados para acondicionar o GLP (P-2,
P-5, P-8, P-13, P-20, P-45 e P-90), o de 13 kg (P-13) é o mais utilizado para acondicionar o gás
de cozinha (Fig. 111).
A pressão do GLP, dentro de um botijão, depende da proporção da composição
química da mistura de propano e butano, além da temperatura ambiente na qual o botijão se en-
contra. Normalmente, em misturas médias na temperatura ambiente de 20ºC, a pressão interna
do GLP, dentro do botijão, é de aproximadamente 5 bar*.
60/93 Aptl 92-00/2020
Figura 111
*O bar é uma unidade de pressão (símbolo: bar) e equivale a exatamente a
0,99 atmosferas.
A pressão interna dos reservatórios de gás sobe com o aumento da temperatura
ambiente, logo, se ele estiver exposto à temperatura de 100ºC já existiria o risco de explosão.
Porém, os botijões de 13 kg possuem um plug fusível cons-
tituído de bismuto (Fig. 112), que derrete e libera todo o gás
contido no botijão quando a temperatura ambiente chega em
torno de 78ºC (Fig. 113). Já os cilindros (a partir de 20 kg) são
equipados com válvulas de segurança do tipo mola (Fig.114 e
115), regulada de modo a permitir o escape de pequenas quan-
tidades de gás, aliviando o excesso de pressão. Essa válvula se
abre automaticamente quando a pressão do cilindro se eleva, e
fecha-se quando a pressão do cilindro volta ao normal.
Figura 112
Devido a esses fatores, em condições normais, não se pode admitir que um bo-
tijão de GLP exploda. Quando se tem notícia de explosões
envolvendo GLP, a grande maioria se refere a explosões
ambientais ocorridas devido ao vazamento de gás no am-
biente que formou uma mistura explosiva ou à ruptura da
válvula de segurança do botijão. Daí basta uma fonte de
calor para que a mistura exploda (a faísca de um interrup-
tor de luz, ou de um motor de um eletrodoméstico, uma
vela acesa, a chama de um fósforo, etc.).
Já os botijões de 2 kg (Fig. 116) utilizados
em lampiões ou fogareiros simples (um queimador), são
usados em ocasiões que requerem baixo consumo, como
em acampamentos. Tem aplicação restrita por não possuir
válvula de segurança. Estes podem explodir quando ex-
postos à altas temperaturas.
Figura 116
1.4.2 SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Agir de maneira rápida e consciente em situação de emergência quando do va-
zamento de gás inflamável é muito importante e exige que a pessoa mantenha a calma e não se
impressione com o vazamento de gás.
O ato de aproximar-se do botijão para removê-lo do local ou para fechar o regis-
tro não causa risco à saúde, o gás de botijão só é perigoso à saúde quando toma todo o ambiente,
expulsando dali o oxigênio, o que pode causar asfixia. Deve-se tomar extremo cuidado para
evitar o risco de um incêndio.
1.4.2.1 Medidas de segurança nos casos de vazamento de GLP sem fogo:
• Ao sentir cheiro de gás, NÃO acione interruptores elétricos (NÃO ligue e
NÃO desligue);
• Abra as portas e janelas para arejar o ambiente, diminuindo a concentração
de gás;
• Procure imediatamente a localização do vazamento (utilize espuma de sabão,
Fig. 117);
• Nunca use fósforo ou qualquer outro tipo de chama para verificar se há vaza-
mento de GLP (Fig. 118);
• Após localizar o vazamento, feche o registro ou retire-o do local para que
seja interrompido o vazamento e providencie o conserto;
• Não tente eliminar o vazamento com cera ou sabão em barra. Isso não elimina
o vazamento;
• Não sendo possível parar o vazamento, transporte o botijão, sem arrastar, para
um local isolado, aberto e ventilado, evitando contato com chama exposta ou
objetos que possam produzir faíscas. Em seguida isole o local e chame a as-
sistência técnica da empresa fornecedora ou os bombeiros.
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Eventual vazamento
na solda
Figura 119
Aptl 92-00/2020 63/93
Abraçadeira
Regulador de
pressão
Botijão
Figura 120
Figura 126
Não aqueça o botijão. Esse procedimento pode causar acidentes (Fig. 127);
Figura 127
Jamais instale queimador ou lampião diretamente no botijão. A proximidade
da chama pode aquecer e derreter o plug-fusível, causando acidentes graves (Fig. 128);
Não transporte o botijão na posição horizontal e em veículos fechados;
Ao se ausentar por longos períodos, deixar o registro de gás fechado.
Aptl 92-00/2020 65/93
Figura 128
Figura 130
Figura 129
66/93 Aptl 92-00/2020
In amação do tanque com líquido A água aplicada no tanque se O nível da água no fundo do tanque
de baixa viscosidade acumula no fundo se eleva, provocando o transborda-
mento do líquido combustível em
chamas
Figura 133
Se tratando de combustíveis líquidos de alta viscosidade (óleos, piche, petróleo,
etc.), existe o risco do calor, que está sendo transmitido pela parede do reservatório e através do
próprio combustível, fazer com que a temperatura da água que se acumulou no fundo, chegue
aos 100 ºC, provocando sua ebulição, transformando-a em vapor. Isso faz com que seu volume
seja rapidamente aumentado (cerca de 1700 vezes). Essa rápida expansão tem como consequ-
ência o fenômeno denominado “boil over” (Fig. 134), que é uma erupção (extravazamento
muito violento) do combustível em chamas, aumentando rapidamente a área do incêndio e
pondo em risco todo o pessoal que está trabalhando no local da emergência.
A água pode ser utilizada a partir de viaturas de combate a incêndio ou a partir
dos dispositivos de sistemas fixos de extinção (mangueiras, canhões, chuveiros de segurança).
No estado líquido pode ser aplicada através de jato compacto ou pleno (erradamente chamado
de sólido), jato chuveiro e jato neblina ou pulverizado.
In amação do tanque com Calor transmitido pelo líquido em A água atinge 100°C e começa a vapori- Os vapores da água não conseguem passar
líquido de alta viscosidade direção ao fundo do tanque, onde zar, expandindo seu volume em cerca de através do líquido de alta viscosidade e
está a água 1700 vezes o empurra violentamente para fora do
tanque, espalhando o fogo
Figura 134
68/93 Aptl 92-00/2020
Esguicho
Proporcionador
e Dosador Ar
Espuma
LGE
Água
Figura 136
Figura 137
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Figura 138
A mistura a 6% é obtida utilizando 94 partes de água com 6 partes de LGE.
Figura 139
2.1.2.1.1 Classificação das Espumas Mecânicas
a) Quanto a Razão de Expansão
Quanto a razão de expansão, as espumas mecânicas podem ser classificadas
em:
• Baixa expansão - Razão de expansão até 20 para 1 (um litro de mistura
forma 20 litros de espuma);
• Média expansão - Razão de expansão entre 20 e 200 para 1 (um litro de
mistura forma de 20 a 200 litros de espuma);
• Alta expansão - Razão de expansão entre 200 e 1000 para 1 (um litro de
mistura forma de 200 a 1000 litros de espuma).
Figura 140
Oxigênio
Espuma
Camada Vapores
Isoladora
Combustível
Figura 144
pecializada das Nações Unidas criada em 1944 com 191 países-membros. Seus principais ob-
jetivos são o desenvolvimento dos princípios e técnicas de navegação aérea internacional e a
organização e o progresso dos transportes aéreos, de modo a favorecer a segurança, a eficiência,
a economia e o desenvolvimento dos serviços aéreos.
No teste de aprovação, são avaliadas a velocidade de extinção e a resistência a
reignição. A extinção total deve ser conseguida em menos de 1 minuto, porém a espuma é apli-
cada por um total de 2 minutos. Esta aplicação continuada fixa o cobertor de espuma e simula
as circunstâncias que provavelmente ocorreriam em um acidente de avião, onde os bombeiros
continuariam a aplicar a espuma após a extinção das chamas. Em seguida é realizado o teste de
reignição, onde a chama é acesa novamente para verificação de sua propagação.
Além disso, as características físicas (viscosidade, pH, sedimentação e outras)
são parâmetros avaliados para limitar a corrosão e evitar obstrução no equipamento formador
de espuma.
2.1.2.1.2 Composição Química
Quanto à sua composição química, a espuma mecânica é classificada em orgâ-
nica e sintética.
a) Espumas Orgânicas
Basicamente existem 2 tipos de espumas orgânicas: a espuma proteica e a
fluorproteica.
1º - Espuma proteica
A espuma proteica é formada através
de LGE de origem orgânica obtido pela hidrólise de proteí-
nas orgânicas (chifre e casco de boi, feijão de soja, etc. Figs.
146 e 147). Esses LGE continham produtos para estabilizar a
espuma, inibir a corrosão e o crescimento bacterial, e reduzir
o ponto de congelamento.
2º - Espuma fluorproteica
A espuma fluorproteica tem a mesma
composição da proteica, acrescida de flúor.
Observação: Ambas caíram em desuso devi-
do ao fato de serem altamente corrosivas, chegando a for-
mar crostas (cristalização) nas tubulações dos caminhões de
bombeiro de aeródromo, possuírem baixo tempo de vida útil
em estoque, além de possuírem cheiro extremamente desa-
gradável. Figuras 146 e 147
b) Espumas Sintéticas
As espumas sintéticas são as que oferecem as melhores vantagens e versati-
lidade:
• Velocidade de extinção altíssima;
• Formação de uma camada isoladora (filme ou película e membrana) sobre
a superfície do líquido, impedindo a reignição;
• Tempo de vida em estoque su-
perior a 20 (vinte) anos;
• Total compatibilidade com os
pós químicos;
• Podem ser utilizados com equi-
pamentos sem aspiração de ar
(embora a sua melhor expansão
é verificada quando utilizada
nos equipamentos com aspira-
ção de ar); e
• Não apresentam sedimentação.
Basicamente existem dois tipos de Figura 148
espumas sintéticas: a espuma para hidrocarbone-
tos e a espuma para solventes polares.
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Filme Aquoso
Hidrocarboneto
Figura 152
2º - Aplicação local
Consiste na aplicação direta
de pouca quantidade de gás extintor sobre o material
em chamas, de modo que ele possa apagar o fogo,
porém, sem ficar retido no ambiente. Os extintores
portáteis proporcionam este tipo de aplicação (Fig.
155).
3º - Descarga prolongada
Consiste na aplicação inicial Figura 155
de uma grande quantidade de gás extintor em am-
biente em que
ele não fique retido (ambiente aberto ou fechado não vedado), seguida da aplicação de quan-
tidade de gás suficiente para compensar a dissipação
do gás extintor já aplicado, de modo a extinguir o
fogo e evitar a reignição.
Os sistemas fixos de extinção por
gases extintores utilizados em ambientes fechados
não vedados utilizam esse tipo de aplicação. Também
podemos conseguir este tipo de aplicação utilizando
vários extintores portáteis em continuidade (acaba
um, inicia outro, Fig. 156).
Basicamente, os agentes extintores ga-
sosos eram classificados apenas quanto à sua reativi-
dade. Assim, tínhamos:
Figura 156
• Gases inertes – Agentes extintores
que não reagem quimicamente com os produtos da combustão.
• Gases reativos – Mais conhecidos como gases halogenados, ou hidrocar-
bonetos halogenados, ou simplesmente halon (abreviatura da denominação inglesa de halo-
genated hydrocarbon). São agentes extintores que reagem quimicamente com os produtos da
combustão.
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Com a descoberta de que os gases halogenados que possuíam bromo (Fig. 157)
em sua composição química destruíam a camada de ozônio da atmosfera terrestre, a partir de
1994 passamos a ter uma outra maneira de abordar os agentes extintores gasosos:
• Gases que atacam a camada de ozônio, e
• Gases que não atacam a camada de ozônio.
Figura 157
Cerca de 2g de bromo, de pureza 99,8%, armazenado numa ampola, por sua vez dentro de um cubo acrílico, de
aresta 5cm.
Figura 159
Atenção!
O CO2 não deve ser utilizado em metais, hidretos metálicos e materiais oxi-
dantes, devido ao fato de ocorrerem reações perigosas.
O CO2 não deve ser aplicado diretamente sobre uma pessoa, pois pode pro-
vocar queimaduras na pele e irritar os olhos. Em determinadas concentrações ambientais,
pode causar problemas a que
Figura 160
Aptl 92-00/2020 79/93
Esses agentes extintores têm nomes químicos muito complicados. Assim, para
facilitar sua identificação, uma equipe de engenheiros dos Estados Unidos, adotou um sistema
de código numérico, onde os números, da esquerda para a direita, representam os números de
átomos de carbono, flúor, cloro e bromo.
Por exemplo:
• Um composto que tem o nome químico “bromoclorodifluormetano” (Fig.
162) e cuja fórmula química é “CF2BrCl”, é conhecido como “halon 1211” e é utilizado em
extintores de incêndio.
Figura 161
Figura 162
Tabela 06
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Tabela 07
* Reignição
+ Em pequenos focos
** Somente em forma de chuveiro
# Resíduos prejudiciais
Figura 165
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Figura 166
Figura 167
Esguicho regulável
Esguicho regulável
Esguicho universal
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Existem dois tipos de canhões em uso nos CCI. Um que possui regulagem idên-
tica aos esguichos reguláveis (Fig. 170), formando um jato chuveiro completo (Fig. 171), e
outro que possui um defletor em sua extremidade, vulgarmente chamado de “bico de pato” (Fig.
172), que proporciona um jato em forma de leque (Fig. 173), com características semelhantes
ao jato chuveiro, porém, não tão eficiente quanto este.
Figura 174
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Figura 175
Para evitar sua saturação e conseqüente destruição, a espuma não deverá ser
mergulhada no líquido incendiado. O jato de espuma deve ser dirigido, preferencialmente, con-
tra a parede interna do reservatório ou contra um anteparo ou, no caso de um vazamento, à
frente deste e contra o solo.
a) Usando um anteparo
A espuma é direcionada a um anteparo para ser aplicada de forma suave, o
que reduzirá sua velocidade, proporcionado um combate mais eficiente.
Figura 176
Figura 177
Início do combate em espiral
Fonte: 16º Grupamento de Bombeiros
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c) Recomendações
Quando da montagem da linha de espuma para o combate a incêndio deve
ser observado que: Entre o proporcionador de linha e o esguicho lançador não é recomendado
que se coloque mais de 30 m de mangueiras, devido à grande perda de carga do proporciona-
dor; e Linhas de espuma montadas com esguichos proporcionadores limitam a mobilidade da
equipe de bombeiros, visto que a bombona de EFE (Extrato Formador de Espuma) fica junto ao
esguicho, o que não acontece com as linhas montadas com proporcionadores de linha e propor-
cionadores “around the pump”.
2.5.4.1 Incêndio em Tanques
Antes de iniciar o combate ao incêndio, verificar a direção do vento, pois o
combate deve ser feito no mesmo sentido, de forma a não reduzir a eficiência e o alcance do
jato de espuma a ser aplicado. A pressão do esguicho deve ser suficiente para que o alcance do
jato possa combater o incêndio, lembrando que a qualidade da espuma é prejudicada quando
submetida a altas pressões, porém o seu alcance diminui, tornando-se ineficiente se a pressão
de trabalho for muito baixa.
Identificar os meios existentes no local, como: reserva de água, disponibilidade
de canhões monitores e quantidade de EFE.
Deve-se verificar a existência de hidrantes públicos e particulares mais próximos
e solicitar o apoio de água necessária.
Com as informações disponíveis e após identificar os principais riscos, iniciar o
combate ao incêndio, utilizando, sempre que possível, os sistemas de combate da empresa sinis-
trada. Ao mesmo tempo em que se combate o incêndio no tanque em chamas, deve-se proceder
ao resfriamento dos tanques vizinhos.
a) Equipamento recomendado
TANQUE
b) Câmaras de espuma
São equipamentos fixos de proteção contra incêndio, instalados no topo do
tanque, destinadas a injetar a espuma na superfície do combustível. Em edificações regulariza-
das no Corpo de Bombeiro Militar, tanques com diâmetro acima de 18 m possuem câmaras de
espuma.
As instalações fixas compreendem os elementos produ-
tores de espuma, dosadores de EFE, tubulação de condução de água, EFE e
solução de espuma. Possuem também depósito de EFE, ligado permanen-
temente as redes de abastecimento de água.
As instalações fixas mais simples podem funcionar com
apenas a abertura da válvula alimentadora de água. Nas mais complexas,
poderá haver necessidade de ações complementares, como por exemplo a
abertura de válvulas direcionais para encaminhar a espuma para o local de
emergência, controle manual de dosagem, etc. Em razão destes detalhes, a
brigada de incêndio da empresa é a mais indicada para operar esse sistema.
2.5.4.1.1 Incidentes
Durante o combate a incêndio em líquidos nos tanques
abertos, existe a possibilidade da ocorrência de dois fenômenos importan-
tes: o “boil over” e o “slopover”. Figura 178
2º - “Slop Over”
É o extravasamento do combustível do tanque caracterizado por uma
ebulição e espumação ao nível da superfície do líquido inflamável. Pode ocorrer após um perío-
do de queima relativamente curto de produtos como petróleo, óleo cru, asfalto, e outros líquidos
que tenham ponto de ebulição acima do da água. A espuma pode contribuir para o resfriamento
de tais inflamáveis, mas também pode causar a efervescência violenta dos mesmos, com grande
espumação do líquido que poderá causar seu derramamento para fora dos tanques que os con-
tém.
Para evitar o extravasamento, recomenda-se manter o nível do líquido em
chamas cerca de 3 metros abaixo do topo do tanque.
2.5.4.1.2 Incêndio em bacias de contenção
Bacia de contenção é uma região delimitada por uma depressão do terreno ou
diques destinada a conter o vazamento de produtos líquidos dos tanques.
Um transbordamento ou um vazamento de registro ou de uma junta na base de
um reservatório, pode fazer com que o líquido combustível vaze para a bacia de contenção.
Se o líquido que vazou não está incendiado, é necessário removê-lo. Por medida
de segurança deve ser aplicada uma camada de espuma na superfície para evitar o risco de ig-
nição durante o decorrer da operação de remoção.
Caso o líquido esteja incendiado, é necessário aplicar espuma rapidamente para
evitar que o incêndio se estenda aos outros reservatórios atendidos pela bacia de contenção.
Nestes casos a espuma deve ser projetada contra as paredes dos reservatórios.
Figura 181
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Policia Militar do Estado de São Paulo. Corpo de Bombeiros. Manual de Fundamentos
de Bombeiros - 2ª Edição: [São Paulo], 2006.
BRASIL. Policia Militar do Estado de Minas Gerais. Corpo de Bombeiros. Manual de Atividades
de Bombeiros.
BRASIL. Centro de Instrução de Adestramento Aeronaval. Combate a Incêndio.
BRASIL. Comando da Aeronáutica. Escola de Especialistas de Aeronáutica. Apostila Teoria
Contraincêndio - Módulo II. Guaratinguetá, 2000.
BRASIL. Comando da Aeronáutica. Base Aérea de São Paulo - Companhia Contraincêndio.
Manual de Fundamentos dos Bombeiros da BASP.
REVISTA BOMBEIROS EM EMERGÊNCIAS. Edições nº 5 e nº 8 - São Paulo.
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Anexo B - GLOSSÁRIO
ACROLEÍNA (ALDEÍDO ACRÍLICO) – CH2=CH—CHO: É um gás (ou líquido muito
volátil) irritante incolor ou ligeiramente amarelado, com cheiro característico, muito irritante,
tóxico e congestionante das mucosas. A acroleína é resultante da combustão de derivados de
petróleo, graxas, óleos, etc. [carpetes de acrílico, paredes revestidas de papel e laqueadas, lumi-
nárias acrílicas]. Na concentração de 0,0001 % a acroleína já se torna incômoda ao ser humano
e, nas concentrações superiores a 0,001 % se torna mortal em breve espaço de tempo.
ANIDRIDO SULFUROSO (DIÓXIDO OU BIÓXIDO DE ENXOFRE, GÁS SULFU-
ROSO) - SO2: Gás tóxico e incolor com cheiro irritante e desagradável, resultante da com-
bustão de madeiras, lãs, substâncias orgânicas que contenham enxofre. É altamente irritante
aos olhos e às vias respiratórias, constituindo perigosa a inalação durante poucos minutos, em
concentrações de 0,05 %.
AMONÍACO – NH3: Gás irritante, incolor, de odor irritante, produzido na combustão de ma-
teriais plásticos acrílicos, plásticos fenólicos, seda, resinas, lãs, carpetes de nylon etc. É muito
utilizado nos sistemas de refrigeração e tinturaria. O amoníaco é extremamente irritante à pele,
às mucosas e, particularmente, aos pulmões, olhos e garganta. A concentração de 0,25 a 0,65 %
de amoníaco no ar é o bastante para causar lesões graves ou mesmo a morte à pessoa exposta
durante 20 a 30 minutos.
CATALIZADOR: Substâncias que interferem aumentando a velocidade da reação sem, con-
tudo, tomar parte na reação. Como exemplo podemos citar a interferência de certas substâncias
que provocam fermentação de combustíveis, acelerando uma combustão lenta.
CIANETO DE HIDROGÊNIO (CIANURETO DE HIDROGÊNIO, ÁCIDO CIANÍ-
DRICO, ÁCIDO PRÚSSICO, ÁCIDO HIDROCIÂNICO) – HCN: Gás altamente tóxi-
co, de odor característico (amêndoas amargas); forma-se com a combustão incompleta de certas
substâncias que contém nitrogênio (acrílico, lãs, seda, couro, uretana, etc.) – [carpete de nylon
e acrílico, revestimentos de poliuretano]; a exposição a uma concentração de 0,3 % é suficiente
para causar a morte. É muito usado na composição de inseticidas.
CLORETO DE HIDROGÊNIO (GÁS CLORÍDRICO) – HCL: Gás irritante, incolor,
corrosivo e altamente tóxico que possui um odor forte, liberado da combustão de materiais
plásticos que possuem cloro em sua composição, empregado comumente nos isolantes de con-
dutores elétricos, pisos emborrachados e revestimentos de vinil. Corrói metais quando em com-
bustão. A inalação na concentração de 0,15 % no ar, durante alguns minutos é fatal.
DIÓXIDO DE NITROGÊNIO (BIÓXIDO DE NITROGÊNIO OU AZOTO, PERÓ-
XIDO DE NITROGÊNIO OU AZOTO) – NO2: Gás marrom altamente tóxico, inodoro,
anestésico e hilariante (produz risos), produzido nas combustões onde está presente o nitrato de
amônia, nitratos inorgânicos, nitrato de celulose e quando há contato de materiais combustíveis
(inclusive metais) com ácido nítrico. Pode ser absorvido por via cutânea e, portanto, seu limite
de tolerância não deve ser ultrapassado. A concentração de 0,0025 %, após alguns minutos, já
pode oferecer risco. A pessoa não sente, de início, a intoxicação, pois seus efeitos aparecem
posteriormente, o que dificulta a recuperação do intoxicado. A exposição rápida em concentra-
ções de 0,002 a 0,007% pode ser mortal.
FÓSFORO BRANCO: É uma forma alotrópica do fósforo, muito venenosa, que deve ser
mantida sob a água devido à sua propriedade de inflamar-se espontaneamente em contato com
o ar. É usado regularmente para a fabricação de fogos de artifício e bombas de fumaça para
camuflar movimentos de tropas, em operações militares.
FOSGÊNIO (CLORETO DE CARBONILA) – COCL2: Gás altamente tóxico formado
a partir da aplicação de compostos clorados (gás halogenado tetracloreto de carbono) em com-
bustões ou superfícies quentes. Origina-se também da decomposição de pisos emborrachados,
revestimentos de vinil, cabos elétricos pelo fogo.
PALITO DE FÓSFORO: A cabeça do palito de fósforo é formada por clorato de potássio
(parte vermelha), revestida por parafina. A parte abrasiva da caixinha, destinada a produzir calor
por atrito, é composta por areia, pó de vidro e fósforo (o fósforo fica na caixa e não no palito!).
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Quando o palito é riscado na caixinha, ocorre a produção de uma pequena faísca que provoca o
início da combustão do clorato de potássio, que libera uma grande quantidade de oxigênio para
alimentar a queima inicial, e da parafina. Em seguida a chama irá se propagar pelo palito de
madeira ou papelão, sendo alimentada pelo oxigênio contido no ar ambiente.
SÓDIO METÁLICO (NA): É um elemento bastante reativo, nunca encontrado livre na na-
tureza. É um metal macio, brilhante que, em contato com a água, a decompõe com a forma-
ção de hidróxido e liberação de hidrogênio em uma violenta reação. Deve ser conservado em
atmosfera inerte ou imerso em um líquido protetor como querosene. É considerado venenoso
e reage violentamente com a água conforme já comentado. Se pulverizado, inflama-se espon-
taneamente em contato com o oxigênio do ar. É usado na manufatura de ésteres e no preparo
de compostos orgânicos. Também é usado em certas ligas, para decapar metais e para purificar
metais fundidos.
SULFETO DE HIDROGÊNIO (GÁS SULFÍDRICO, SULFIDRETO, ÁCIDO SUL-
FÍDRICO) – H2S: Gás irritante, incolor, inflamável que possui um odor idêntico ao de ovos
podres. É resultante da combustão incompleta de substâncias orgânicas (lãs, couro, cabelos,
pêlos, etc.). É irritante aos olhos e ao aparelho respiratório. Em concentrações de 0,04 a 0,07 %
durante mais de 30 minutos é perigoso e pode produzir sintomas como vômito, desarranjos in-
testinais, assim como sequelas e moléstia no sistema respiratório. Em concentrações superiores
a 0,07 %, o gás sulfídrico afeta o sistema nervoso, causando uma respiração acelerada, seguida
de parada respiratória.