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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS

E HUMANAS

ANTEPROJECTO DE MONOGRAFIA

PROVA PERICIAL NO ESCLARECIMENTO DO CRIME DE


ABUSO SEXUAL DE MENOR DE 16 ANOS À LUZ DO
ARTIGO 193.º DO CÓDIGO PENAL ANGOLANO

ESTUDANTE: ADRIANA FLORINDA SAMPAIO CATIVA

CURSO: DIREITO

OPÇÃO: JURÍDICO-FORENCE

ORIENTADOR: EDUARDO KUPUIA FRANCISCO

BENGUELA, 2024
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS
E HUMANAS

ANTEPROJECTO DE MONOGRAFIA

PROVA PERICIAL NO ESCLARECIMENTO DO CRIME DE


ABUSO SEXUAL DE MENOR DE 16 ANOS À LUZ DO
ARTIGO 193.º DO CÓDIGO PENAL ANGOLANO

ESTUDANTE: ADRIANA FLORINDA SAMPAIO CATIVA

BENGUELA, 2024

2
ÍNDICE

ÍNDICE..............................................................................................................................3
INTRODUÇÃO.................................................................................................................4
IMPORTÂNCIA DO TEMA............................................................................................5
PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO................................................................................6
OBJECTIVOS...................................................................................................................7
METODOLOGIA..............................................................................................................7
OBJECTO DE ESTUDO E CAMPO DE ACÇÃO..........................................................8
SUMÁRIO PROVISÓRIO................................................................................................9
BIBLIOGRAFIA PROVISÓRIA....................................................................................11

3
INTRODUÇÃO

No presente projecto de monografia apresento o tema sobre a obtenção da


prova pericial no crime de abuso sexual de menor de 16 anos à luz do artigo 193.º do
código penal angolano.

O processo penal é o ramo do Direito Público responsável por delimitar a


actividade jurisdicional do Estado e materializar o direito de punir (jus puniendi). Para
exercer o seu dever o Processo Penal utiliza as provas para reconstruir um fato passado
e alcançar a “verdade” dos actos. É por meio das provas que o julgador se convence da
autoria e materialidade do facto e determina sua decisão.

No presente trabalho procurei trazer uma abordagem voltada ao artigo 193.º do


Código penal angolano que versa sobre o abuso sexual praticado contra menor de 16
anos. Actualmente os crimes desta natureza encontram-se integrados num Titulo
reservado a crimes contra as pessoas, abandonando-se, deste modo, os sentimentos
gerais de moralidade sexual, atendendo-se antes a bens eminentemente pessoais,
passando o bem jurídico a ser tutelado num âmbito individual, ao invés do social1.

Do ponto de vista doutrinal, o abuso sexual tem sido considerado como uma
das formas mais danosas de violência contra a criança e o adolescente. O facto de
envolver quase sempre pessoas do universo afectivo da vítima, além do silêncio que
geralmente se instaura sobre essa relação abusiva, parecem ser os aspectos que mais
contribuem para a confusão de sentimentos e idéias em torno dessa experiência, que
pode, em níveis diversos, prejudicar a saúde psíquica da criança. Esta prática parece ser
antiga e vem sendo cada vez mais revelada, exigindo atenção do poder público e dos
profissionais de várias áreas.

Como afirmamos, na maioria das vezes o abuso sexual é vivenciado no


contexto familiar, não havendo vestígios físicos ou biológicos comprováveis por exame
físico médico-legal, tornando-se o depoimento da criança um dos meios de prova
fundamentais (ou único) de que o sistema judicial dispõe, tendo o menor que
obrigatoriamente participar no processo judicial.

1
Jorge de Figueiredo DIAS, Direito Penal. Parte Geral, Tomo I: Questões fundamentais, A doutrina
geral do crime, Coimbra: Coimbra Editora, 2ª ed. (2ª Reimpressão) Coimbra: Coimbra Editora, 2012. p.
114.

4
Para o professor Inês Martins, o testemunho da criança, enquanto meio
probatório, está envolto em controvérsia. Por um lado, na grande maioria das suspeitas
de abuso sexual inexistem vestígios físicos ou biológicos comprováveis por exame
físico médico-legal2 ou inexiste um "perfil psicológico de criança abusada" 3, o que faz
com que o relato dos acontecimentos pela criança seja o único meio de prova4 . Por
outro lado, a idade diminuta da criança acarreta dificuldades acrescidas à valoração do
seu testemunho, como as suas dificuldades de linguagem, as suas capacidades mésicas,
noções de verdade e mentira, entre outros.

Procurei fazer uma incursão em torno da realidade da sexologia forense de


modo a trazer uma abordagem mais centrada nas questões reais.

IMPORTÂNCIA DO TEMA

O presente tema é de tamanha importância, pois cresce de forma assombrosa


os casos de crimes sexuais cujas vítimas são menores, e por outro lado permanece a
grande dificuldade da investigação dos crimes dessa natureza, quer porque boa parte dos
mesmos acontecem em ambientes quase ermos, quer porque torna-se difícil a obtenção
das provas porque as vítima tendem a manifestarem-se muito tardialmente. Ademais,
aponta o Instituto Nacional da Criança que mais de 4.000 crianças menores envolvidas
em práticas de crimes sexuais nos últimos 12 meses4.

. É consabido que o testemunho da vítima poderá e deverá ser a base de um


julgamento quando não existir outros meios probatórios, os procedimentos de colheita
forem realizados de maneira adequada e existir coerência nos factos apresentados
durante todo o processo, daí que com a presente abordagem procurarei olhar para os
princípios que norteam as provas e os meios de provas no ordenamento jurídico
angolano.

2
Patrícia JARDIM e, Teresa MAGALHAES, Indicadores físicos e biológicos de abuso sexual, in: Abuso
de Crianças e Jovens - da suspeita ao diagnóstico. Lisboa: Lidel - edições técnicas, 2010, p. 109, apud
Inês Zeferina Dias MARTINS, A relevância do testemunho da criança vítima de abuso sexual,
Dissertação de Mestrado, à Universidade Católica Portuguesa, 2013, p. 5.
3
Catarina RIBEIRO, A criança na justiça - trajetórias e significados do processo judicial de crianças
vítimas de abuso sexual intrafamiliar, Coimbra: Edições Almedina, 2009, p. 43, apud Inês Zeferina Dias
MARTINS, A relevância do testemunho da criança vítima de abuso sexual, Dissertação de Mestrado, à
Universidade Católica Portuguesa, 2013, p. 5.
4
www.inac.com

5
Assim, a importância do mesmo acentua-se ainda pelo facto de que
contribuirá com novas abordagens e acima de tudo voltada para a realidade angolana,
permitindo formar a consciência e mudar o posicionamento social.

JUSTIFICAÇÃO

A escolha do tema é justificada pelo facto de ser um actual e actuante, pois


pretende-se abordar a questão da obtenção da prova pericial no crime de abuso sexual
de menor de 16 anos. Dentro deste cenário de busca pela verdade se discute a
dificuldade de utilização dos meios probatórios para determinar a concepção dos crimes
sexuais e a eficácia real das investigações. Muitas vezes os elevados números de casos
dessa natureza não têm conhecido fins mais justos por conta da dificuldade de obtenção
da prova por meio de perícia médico-legal, quando esteja pricipalmente em causa a
perca dos vestígios do crime.

É daí que justifica-se a abordagem do presente tema, também no sentido de


percebermos e fazermos perceber ao público leitor sobre o mecanismo de obtenção de
prova quando está em causa crime dessa natureza.

PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

Já ficou esclarecida na justificação as razões que me levaram a escolha do


tema. Assim, dos vários problemas que podem ser levantados podemos apresentar o
seguinte:

Como a prova pericial auxilia no esclarecimento do crime de abuso sexual


de menor de 16 anos à luz do artigo 193.º do Código Penal?

QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

Coloquei algumas questões, tais como:

1. O que a literatura diz sobre a prova pericial no esclarecimento do crime de abuso


sexual de menor de 16 anos?
2. Qual é o procedimento seguido na obtenção da prova pericial nos crimes de
abuso sexual de menor de 16 anos à luz do Código Penal Angolano?
3. Qual é o tipo legal de crime de abuso sexual de menor de 16 anos?

6
OBJECTIVOS

Geral:

Analisar a forma como a prova pericial auxilia no esclarecimento do crime de abuso


sexual de menor de 16 anos à luz do artigo 193.º do Código Penal.

Específicos:

Apresentar o que a literatura diz sobre a prova pericial no esclarecimento do crime


de abuso sexual de menor de 16 anos;

Perceber o procedimento seguido na obtenção da prova pericial nos crimes de abuso


sexual de menor de 16 anos à luz do Código Penal Angolano;

Descrever o tipo legal de crime de abuso sexual de menor de 16 anos.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento mais eficaz de um determinado trabalho científico, é


necessária a utilização de determinados métodos, que nos servirão de base para proceder
de maneira mais precisa, as questões objecto de investigação. Encontrando desta forma
o caminho ideal para a solucioná-las.

Entende-se por desenho metodológico como a determinação geral do tipo de


investigação que vai se realizar, bem como os métodos, procedimentos e técnicas para a
recolha, medição, análise e interpretação de dados. Dito de outra forma, métodos
significa organização, e logo, estudo sistemático, pesquisa, investigação; ou seja,
metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se
realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência.

i) Método teórico, que nos permitirá consultar bibliografia de trabalhos já realizados


sobre o tema, que serviu para organizar e estruturar o argumento teórico;
ii) Método indutivo e dedutivo, que nos servirá para concluirmos pensamentos do geral
para o particular ou até mesmo do particular para o geral;
iii) Método histórico, que nos servirá para comparar as diferentes realidades que existem
em outros ordenamentos jurídicos, em face do nosso ordenamento.
iv) Método estático: utilizado para fornecer ferramentas computacionais, base
quantitativa para a investigação em geral.
7
OBJECTO DE ESTUDO E CAMPO DE ACÇÃO

Objecto de estudo: Obtenção da prova pericial no crime de abuso sexual de menor de


16 anos à luz do artigo 193.º do código penal angolano

Campo de acção: Direito Processual Penal e Direito Penal.

8
SUMÁRIO PROVISÓRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. A criança como vítima do abuso sexual


1.2. Conceito de abuso sexual de menores
1.3. Bem jurídico tuterado e sua natureza jurídica
1.4. Noção de provas e meios de obtenção de prova
1.5. Princípio da legalidade
1.6. Princípio da livre apreciação da prova
1.7. Princípio da imediação
1.8. Princípio investigação e da verdade material
1.9. Princípio do in dúbio pro reu
1.10. Princípio do contraditório

CAPÍTULO II: DA PROVA PERICIAL NO CRIME DE ABUSO


SEXUAL DE MENOR DE 16 ANOS

2.1. A perícia medico-legal no abuso sexual de menor de 16


anos de idade.
2.2. Exame do corpo de delito
2.3. A perícia médico-legal no crirme de abuso sexual sem
vestígios
2.4. A valoração da prova pericial

CAPÍTULO III: TIPO LEGAL DO CRIME DE ABUSO SEXUAL DE

MENOR DE 16 ANOS

3.1-Tipo objectivo do crime de abuso sexual de menor de 16 anos

3.1.1-Autor do crime de abuso sexual de menor de 16 anos

3.1.2-Bem jurídico protegido pelo crime de abuso sexual de menor de 16 anos

3.1.3-Conduta do crime de abuso sexual de menor de 16 anos

9
3.2-Tipo objectivo do crime de abuso sexual de menor de 16 anos

3.2.1-Dolo do tipo do crime de abuso sexual de menor de 16 anos

3.2.2-Momento volitivo do crime de abuso sexual de menor de 16 anos

CONCLUSÕES
RECOMENDAÇÕES
BIBLIOGRAFIA PROVISÓRIA
APÊNDECE

10
BIBLIOGRAFIA PROVISÓRIA

Legislação:
 REPÚBLICA DE ANGOLA, Constituição da República de Angola, Imprensa
Nacional.
 REPÚBLICA DE ANGOLA, Código Penal Angolano. aprovado pela Lei n.º
38/20, de 11 de Novembro
 REPÚBLICA DE ANGOLA, Código do Processo Penal Angolano. aprovado
pela Lei n.º 39/20, de 11 de Novembro
 REPÚBLICA DE ANGOLA, Lei Sobre a Protecção e Desenvolvimento integral
da Criança, Lei n.º 25/12, de 22 de Agosto.

Doutrinal:

 DIAS, Jorge de Figueiredo, Direito Penal. Parte Geral, Tomo I: Questões


fundamentais, A doutrina geral do crime, Coimbra: Coimbra Editora, 2ª ed. (2ª
Reimpressão) Coimbra: Coimbra Editora, 2012.
 JARDIM, Patrícia e, MAGALHAES, Teresa, Indicadores físicos e biológicos de
abuso sexual, in: Abuso de Crianças e Jovens - da suspeita ao diagnóstico.
Lisboa: Lidel - edições técnicas, 2010.
 MARTINS, Inês Zeferina Dias, A relevância do testemunho da criança vítima
de abuso sexual, Dissertação de Mestrado, à Universidade Católica Portuguesa,
2013.
 RIBEIRO, Catarina, A criança na justiça - trajetórias e significados do
processo judicial de crianças vítimas de abuso sexual intrafamiliar, Coimbra:
Edições Almedina, 2009.

 FILHO, Vicente Greco, Manual de processo penal, 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2013.

 FILHO, Vicente Greco, Antônio Magalhães, Direito à Prova no Processo


Penal, São Paulo, RT, 1997.

 JUNIOR, Aury Lopes, Direito processual penal, 16ª ed. São Paulo: Saraiva,
2019.

11
 ALBUQUERQUE, Paulo Pinto de, Comentário do Código de Processo Penal: à
luz da Constituição da Republica Portuguesa e da Convenção Europeia dos
direitos do homem, 3ª Edição. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2009.

 CANOTILHO, Gomes JJ. e MOREIRA, Vital, CRP - Constituição da


República Portuguesa Anotada, 4ª Edição. Coimbra: Coimbra Editora, 2007.

 - FERREIRA, Marques, Meios de Prova, in Jornadas de Direito Processual


Penal - O novo código de Processo Penal. Coimbra: Livraria Almedina, 1993,
pp. 221-270.

 GONÇALVES, Fernando e ALVES, Manuel João, A prova do crime - meios


legais para a sua obtenção, Coimbra: Edições Almedina, 2009.

 JARDIM, Patrícia e MAGALHAES, Teresa, Indicadores físicos e biológicos de


abuso sexual, in: Abuso de Crianças e Jovens - da suspeita ao diagnóstico.
Lisboa: Lidel - edições técnicas, 2010.

 JESUS, Francisco Marcolino de, Os meios de obtenção da prova em processo


penal, Coimbra: Livraria Almedina, 2011.

 LIMA, Renato Brasileiro de. 2017, Manual de processo penal, 5ª. Salvador :
JusPodvim, 2017 MALLMITH, Décio de Moura. Corpo de delito, vestígio,
evidência e indício. 2007.
 www.inac.com

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