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INSTITUTO POLITÉCNICO METROPOLITANO DE ANGOLA

ARGENTINA MENDES FRENTE

CRIME DE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MENORES DE 12 ANOS A


LUZ DO ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO. ESTUDO DE
CASO: INSTITUTO NACIONAL DA CRIANÇA - INAC, Iº TRIMESTRE DE
2024.

LUANDA

2024
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ARGENTINA MENDES FRENTE

CRIME DE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MENORES DE 12 ANOS A LUZ DO


ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO. ESTUDO DE CASO: INSTITUTO
NACIONAL DA CRIANÇA - INAC, Iº TRIMESTRE DE 2024.

Trabalho de fim de Curso apresentado ao Instituto


Superior Politécnico Metropolitano de Angola,
como requisito parcial para a conclusão da
Licenciatura em Direito, sob orientação do
professor Humberto Martins.

LUANDA

2024
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ARGENTINA MENDES FRENTE

CRIME DE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MENORES DE 12 ANOS A LUZ DO


ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO. ESTUDO DE CASO: INSTITUTO
NACIONAL DA CRIANÇA - INAC, Iº TRIMESTRE DE 2024.

Trabalho final de curso apresentada ao Instituto Politécnico Metropolitano de Angola Como


requisito parcial para a conclusão da Licenciatura em Direito sob orientação do prof.
Humberto Martins.

Aprovado ao: ____/____/_____

___________________________________________________________________________

Coordenação do Curso de Direito

Considerações_______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4

Dedico este trabalho aso meus queridos pais José


Frente (em memória) e Helena Frente pelo apoio
incondicional na minha formação, muito
obrigada.
5

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecço a Deus todo-poderoso, por me ter dado sempre forças
para enfrentar grandes desafios e sair deles vitoriosos, principalmente por esta licenciatura,
por finalizá-la com êxito.

Ao Instituto Superior Metropolitano de Angola (IMETRO), por ter me dado a


oportunidade de formação. Aos professores, pelos ensinamentos passados. De forma especial
ao meu orientador Doutor Humberto Martins.

Agradeço os meus progenitores, aos meus queridos irmãos Wilson Frente, Victória
Frente, Delfina Frente, Judith Frente e Claudina Frente, e sem esquecer ao meu noivo Barroso
Paulo que me ajudaram nos momentos difíceis ao longo desta formação.

Agradeço as minhas colegas do curso de Direito, Rosa Domingos, Geraldina Cajila e


Evânia Lumbo e em especial a minha amiga e comadre Ana Luisa dos Santos pelo auxílio e
amizade que sempre transmitiu-me, nos bons e maus momentos, durante estes longos meses
de formação.

Agradeço ao Institito Nacional da Criança por disponibilizarem às informações para a


realização deste trabalho, especialmente pela forma como se disponibilizaram em ajudar e
tirar dúvidas relativas relativas ao trabalho.

A todos aqueles que não foram mencionados e que deram o seu contributo de uma
forma directa ou indirecta para que esta obra se torna-se realidade.
6

Epigrafe
7

RESUMO
8

O presente trabalho, tem como finalidade estudar sobre Violência sexual contra
menores de doze anos. Que consiste a toda acção em que esteja envolvido um menor em
atividades de carácter sexual, mediante a maus tratos físico, estimulação genital, violação,
estupro e a exploração sexual, que por via de regra esse tipo de crime é acompanhada por
ameaça, agressão física ou coação. É importante perceber que o crime de violência sexual
contra criança é um grave problema que ocorre em todo mundo e que tem vindo acrescer
muito nos últimos tempos, estudos indicam que familiares e conhecidos são os maiores
agressores, tornando difícil a sua denúncia. A escola pode ser um local ideal para detenção,
utilizando método qualiquantitavo a fim de perceber a razão de número elevado de crime de
violação sexual anos após anos, e sugerir soluções de modo a reduzir o analfabetismo e todas
outras formas de obscurantismo.

PALAVRAS-CHAVES: Crimes. Violência Sexual. Menores.


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ABSTRACT

TRADUÇÃO DO TEXTO DO RESUMO


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1- Gráfico nº 1- Distribuição Por Gênero.............................................................


2- Gráfico nº 2- Pergunta nº 1 ................................................................................
3- Gráfico nº 3- Pergunta nº 2 ................................................................................
4- Gráfico nº 4- Pergunta nº 3 ................................................................................
5- Gráfico nº5…………………………………………………………………..
6- Gráfico nº6…………………………………………………………………….
11

LISTA DE TABELAS

1- Tabela nº 1- Distribuição por Gênero...............................................................


2- Tabela nº 2- .................................................................................
3- Tabela nº 3- ................................................................................
4- Tabela nº 4- ……...........................................................................
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LISTAS DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS


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LISTAS DE SÍMBOLOS
14

SUMÁRIO

CAPITULO I- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS

1.1.1. Violência

1.1.2. Violência e abuso Sexual

1.1.3. Tipologias do Comportamento Criminal de Abuso Sexual de Crianças

CAPITULO II- OS FENÔMENOS GLOBAIS DO CRIME DE VIOLÊNCIA SEXUAL


CONTRA MENORES DE 12 ANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO

2.1 Evolução histórica do abuso sexual

2.2 Características associadas ao abuso sexual de menores


2.3 Vulnerabilidade, Punição, Confiança/ afeto, Segredo, Perpetração

2.4 A vítima de abuso sexual em menores e as questões metodológicas

2.5 Abusos Intrafamiliares e Extra familiares.


2.6 O crime de abuso sexual no ordenamento jurídico angolano

2.7 Consequências - Sinais apresentados por crianças vítimas de abuso


CAPÍTULO III- APRESENTAÇÃO, ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE ESTUDO……………

3.2. ANALISE E DISCUSSÃO DOS DADOS…………………………………………

CONCLUSÃO………………………………....................................................

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS………………....................

APENDICE
ANEXOS
15

1. INTRODUÇÃO
As pesquisas sobre violência sexual contra menor de doze anos têm deixado em aberto
várias questões, sobretudo estudos voltados para a condição biopsicossocial do agressor. Este
trabalho teve como objectivo mapear exploratória e sistematicamente a literatura sobre os
agressores sexuais. A violência sexual de menores constitui uma agressão ao bem-estar do
menor que requer uma resposta ampla e abrangente do sistema legal, articulada e coordenada
com a estrutura social e concebida para proteger as crianças vítimas e manter controlados os
agressores e abusadores.
A Lei Angolana não proíbe explicitamente todas as formas de violência contra as
crianças, o que causa alguma confusão no que diz respeito aos castigos corporais. Alguns
tipos de castigos corporais infligidos nas crianças são uma prática aceitável nos contextos
familiares e educativos (escolas e centros de assistência), e as situações de violência
praticamente não são comunicadas.
Os órfãos, crianças abandonadas ou crianças sem lar estão particularmente vulneráveis à
violência por parte de adultos ou jovens. As crianças são vítimas de muitos tipos diferentes de
violência, como abuso físico e psicológico, negligência, abandono, exploração sexual ou
laboral e violência doméstica ou de género.
Assiste-se ainda a dificuldades de vária ordem por partes daqueles grupos de
profissionais que trabalham com o objectivo de prevenir e desvendar a violência sexual em
menores. Muitas vezes impera o silêncio quer por parte da vítima, como da própria família
que teme denunciar e por outro lado tentando evitar expor-se às consequências negativas que
daí poderão advir. Por outro lado, é ainda um problema social, quer profissionais, quer a
sociedade em geral evita encarar a real magnitude desta problemática, e prefere não se
envolver num assunto psicossocial tão complexo.

Contudo, o abuso sexual é um tema demasiado complexo e abrangente daí a


necessidade de restrição, neste caso, com foco nos menores, especificamente, na vítima e a
sua relação com o sistema judicial. Ainda no campo das delimitações, todas as informações
relacionam-se ao contexto angolano, representado por dados da sua cidade capital embora
haja breves noções paralelas de outras comunidades.

Essa temática cinge-se ao facto de que actualmente este caso de violência sexual são mais
frequentes em crianças, relatando assim um elevado número de ocorrência preocupante deste
16

crime, pois os estudos indicam que familiares e conhecidos são os maiores agressores do
crime de violência sexual contra menor, tornando difícil a sua denúncia.

 Problemática da pesquisa

Sendo assim, a pergunta que não se quer calar que é a problemática da nossa pesquisa de onde
nasce a nossa pergunta de partida: Qual é o impacto dos crimes de violência sexual contra
menor de 12 anos a luz do ordenamento jurídico Angolano?

Com base no problema anterior formulam-se os objectivos seguintes:

Objectivo Geral: Avaliar problemática do Crime de Violência Sexual contra menores de


doze anos a luz do ordenamento jurídico angolano.

Objectivos específicos

* Identificar as principais causas que levam a prática do crime de violação menor de


doze anos;

* Detalhar as razões que levam a pouca divulgação do crime de violência sexual


contra menores de doze anos;

* Descrever o papel do Instituto Nacional da Criança e da família no combate ao


crime de violência sexual contra menores de doze anos;

Como todo processo de investigação maneja-se as hipóteses seguintes:

H1: Se forem criadas políticas que possam eliminar total ou parcialmente o


analfabetismo e todas outras formas de obscurantismo, reduziremos a ocorrência dos casos de
violência sexual contra menores;
H2: Se trabalhar-se mais constantemente na sensibilização sobre denúncia dos casos
de abuso sexual contra menores no seio da família, maior será a possiblidade de resolução dos
casos;
H3: Se existir um mercado de emprego estável não existirá uma elevada taxa de
pobreza, sendo que a pobreza consta dentre os factores de abuso sexual contra menores.
 Estrutura do trabalho
Neste sentido, o trabalho encontra-se composto por três (3) capítulos fundamentais,
num primeiro momento, teremos o Capítulo I, que nos levará abordar sobre o Referencial
Teórico com as definições dos termos e conceitos.
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No segundo capítulo teremos o crime de violência sexual contra menores de 12 anos a luz
do ordenamento jurídico angolano.
No terceiro capítulo teremos apresentação, análise e discussão dos resultados.

METODOLOGIA
Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em
contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências.
(MARCONI; LAKATOS 2003, P. 83). Para elaboração deste trabalho, utilizou-se a seguinte
metodologia:
 Método de Investigação
Segundo Koche (2002; pág. 34) que define método como um procedimento dotado de
passos e rotinas específicas, que indica como a ciência deve ser feita para ser ciência.
Durante a pesquisa, empregar-se-á o Método Dedutivo, este que é um processo mental
por intermédio do qual, partindo de dados gerais, suficientemente constatados, infere-se uma
verdade particular não contidas nas partes examinadas, como diz Lakatos (2003; pág. 19).

 Tipo De Abordagem
Portanto, é de realçar que o trabalho vai contar com dois tipos de pesquisa que podem
ser classificadas por um lado Qualitativa e Quantitativa.
A pesquisa qualitativa é um tipo de investigação que tem a finalidade de compreender
fenômenos em seu caráter subjetivo. (MARCO 2016, P. 17).
Pesquisa quantitativa é uma classificação do método científico que utiliza diferentes
técnicas estatísticas para quantificar opiniões e informações para um determinado estudo.
(MARCO 2016, P. 27).
 Público-Alvo e Amostra
Para essa pesquisa científica, optou-se em congregar um público-alvo
fundamentalmente por pessoas que têm a máxima compreensão devido a tecnicidade que o
tema apresenta,

 Técnica De Recolha De Dados


Para a coleta de dados selecionamos a técnica de pesquisa documental, pesquisa
bibliográfica, Entrevista e o Questionário.
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Pesquisa bibliográfica: “É aquela que se realiza a partir do registro disponível,


decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses,
etc.” (JOAQUIM 2017, P. 113).
Entrevista: É um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinados assuntos, mediante uma conversação de natureza
profissional. (MARCONI; LAKATOS 2003, P. 195).
Questionários: é um instrumento de colecta de dados, constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador. (MARCONI; LAKATOS 2016, P. 201).
 Delimitação e Limitação de Estudo
19

CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


1.1 DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS

1.1.1 Violência

De origem do latim vis, força, e, segundo Chauí (1998), abrange tudo o que ocorre
forçosamente contra a espontaneidade, a vontade, a liberdade e/ou a natureza de algum ser. É
também todo ato de violação e transgressão dos valores positivos dados por uma sociedade
como justos e como um direito. Consequentemente, é um acto de brutalidade que envolve
maus-tratos, abuso físico, sexual e/ou psíquico contra o sujeito, pressupondo as relações
intersubjetivas e sociais determinadas pela opressão, intimidação e/ou pelo medo.

Para Chauí (1985) define violência sob dois ângulos. Primeiro, como conversão de
uma diferença e de uma assimetria, numa relação hierárquica de desigualdade, com
fins de dominação, exploração e opressão. Segundo, como uma ação que trata o ser
humano não como sujeito, mas como coisa.

O abuso sexual traduz-se no envolvimento do menor em práticas que visam a gratificação e


satisfação do adulto ou jovem mais velho, numa posição de poder ou de autoridade sobre
aquele. Trata-se de práticas que o menor, dado o seu estádio de desenvolvimento, não
consegue compreender a para as quais não está preparado, às quais é incapaz de dar o seu
consentimento informado e que violam a lei, os tabus sociais e normas familiares
(MAGALHÃES, 2002)

Conforme Azevedo & Guerra (2001), a violência sexual pode ser considerada como todo
acto ou jogo sexual, relação héteros ou homossexual entre um adolescente ou adulto e uma
criança ou adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente essa criança ou
adolescente ou utilizá-los para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra.

1.1.2 Violência e abuso Sexual.

Para Gabel (1997. p.72), as crianças por não saberem distinguirem o certo e o errado
acabam caindo nas garras da violência sexual. Imagens pornográficas ou maneiras se de
pronunciarem diante a todos como palavras que só adultos falam

E já é o caminho para sair da fala para se chegar rapidamente ao toque, ao abuso


sendo ele em qualquer parte do corpo como boca, genital, costas, os abusadores não
tem limites eles não só escolhem uma pessoa, escolhe o filho (a) de quem lhe deu a
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oportunidade de aproximação. O abusador não tem escrúpulos e desta forma os


casos de violência sexual contra crianças e adolescentes vem crescendo
absurdamente, ele não se contenta em buscar somente uma vítima dentro da família
que o confiou como "amigo", ele passa a observar dentro da mesma família se há a
oportunidade de abusar de mais de um indivíduo.
O abuso sexual ele se configura não só por meio do contato físico por meio das práticas
de atos libidinosos passar a mão ou próprio estupro da conjunção carnal como também por
meio de outras situações como: fotos sensuais de crianças e adolescentes, cenas de crianças
nuas sem se ter nenhum contato físico com essa criança e/ou adolescente isso se caracteriza
como abuso e uns casos em que em que se oferece vantagem mesmo que não econômica e
financeira pode haver também a exploração sexual de criança e adolescente.
É ainda pior, existem vários tipos de violência sexual como o Estupro, Atentado
Violento ao Pudor, Incesto, Assédio Sexual e Pedofilia. A violência sexual se configura
referente a atos ou manipulações sexuais, ocorre através de relações homossexual e héteros
todos adultos podendo ocorrer até mais de um indivíduo no abuso contra o adolescente ou
criança, induzindo com que a vítima se estimule sexualmente para que o abusador e/ou
acompanhante estimule seu desejo sexual.
A Violência Sexual nada mais é do que a satisfação do abusador em praticar o ato
sexual com vítimas sem defesa, nem sempre a violência sexual vem conduzida de violência
física, ela se faz mascarada. Os adolescentes, essas crianças com corpo sexuado de adulto,
evocam menos ingenuidade e inocência que as crianças.
Nesse campo encontra-se tudo: desde meninas assediadas em uma relação sexual "um
pouco" forçada por um ou vários parceiros mais velhos até aquelas agredidas ou estupradas
por desconhecidos, passando por vítimas de incesto, cujo segredo será desvendado só por
ocasião de tentativa de suicídio.
Há algumas categorias de violência/abuso sexual como o: Estupro- a vítima é agarrada a
força, contra sua vontade e o ato sexual consumado, nesses casos o agressor impõe medo a
vítima, a ocorrência desses estupros geralmente acaba em mortes da vítima por estarem
debilitadas não conseguem de defender e muitas (os) acabam sendo assinados (as) no local do
ato sexual. Quando na situação ocorre penetração vaginal com uso de violência ou ameaça
grave (RIBEIRO e MARTINS,2004. p.82)
O atentado Violento ao Pudor-quando o agressor obriga a sua vítima a fazer carícias e
gestos sexuais, mas sem penetração, neste caso a ameaça a vítima é frequente acompanhado
21

de violência. Quando obriga alguém a praticar atos libidinosos, sem penetração vaginal,
utilizando violência ou grave ameaça (RIBEIRO, 2009).
O acto se diferenciava do estupro pois havia diversas formas de praticar o ato libidinoso
carnal mediante a carícias nas partes íntimas da pessoa, após a vítima ter sofrido ameaça por
parte do agressor e com vítimas menores de anos ou com algum grau de deficiência que a
possibilite reagir contra o ato praticado contra ela. O atentado violento ao pudor está
relacionado geralmente quando a vítima é homem.
O Incesto- ele pode tanto ocorrer de um adulto para a criança ou adolescente, e do
adolescente para criança, ocorre quando há laços familiares ou próximos. Podemos definir
incesto como um abuso sexual intra-familiar, com ou sem violência explicita, caracterizado
pela estimulação sexual intencional por parte de alguns dos membros do grupo que possui um
vínculo parental pelo qual lhe é proibido o matrimônio. Portanto, as características do incesto
são: o abuso sexual e o vínculo familiar (COHEN 1997).
A dificuldade de se apontar o incesto é ocasionada pelo fato de algumas pessoas serem
referenciadas como parentes sem mesmo possuir o mesmo laço sanguíneo. O incesto é
considerado como um tabu aos olhos da sociedade, alguns casos de incesto são vistos como
crime e tem sua punição, já em outros casos é tido apenas como "pecado" se visto por
dimensão religiosa.
No caso de uma relação incestuosa devemos sempre considerar a vítima como alguém
que sofreu uma violência, a qual pode variar segundo o grau de agressão física e psíquica com
que o ato foi perpetrado e segundo o tempo de duração da relação; mas existe uma outra
variável que deve ser avaliado, que é o grau de parentesco entre a vítima e o agressor.
De acordo Azevedo (1995, p. 215), pois a observação destas características,
diferenciando os casos de incesto, que influirão tanto no processo penal quanto na sua
terapêutica. Quando ocorre o incesto com uma criança o sentimento é de "algo estranho" e
medo da agressão sexual principalmente se ocorreu pela primeira vez.
Eles não têm a percepção do quanto isso pode atingi-los (as). Portanto o fato de se
perceber que tem algo diferente no comportamento desta criança e ou adolescente é sentar e
conversar oferecendo total credibilidade a ela (e), assim criando um elo de confiança entre as
duas partes, sendo assim, a criança e ou adolescente se sentirá mais protegida em saber que
tem alguém em quem confiar seu relato. No plano de ação que propõe para as situações de
incestos intrafamiliares, sublinha que, para fazer o diagnóstico de abuso sexual, é preciso
primeiro acreditar no que diz a criança, depois escutá-la a sós, antes que a revelação seja feita
á família (FURNISS, 2002)
22

Sempre houve violência e nos tempos atuais estão sendo denunciados, o que antes era
guardado. O Assédio Sexual- ocorre quando o suposto agressor propõe um contato sexual a
sua vítima, mesmo que ela não possua nenhuma vontade, este agente impõe seu desejo, seu
poder, trabalhando com chantagem sobre a vítima. É um assédio cujo acarreta violência e
constrangimento a vítima, geralmente as vítimas são mulheres e quem pratica esse assédio
tem uma relação de força e poder acima dela.
A partir do momento em que o assédio sexual deixa de ser apenas por gestos e falas e
passa a ser forçado é considerado com estupro. A Pedofilia- é um transtorno de sexualidade
em que a pessoa tem desejos sexuais por crianças e/ou adolescentes principalmente com as
crianças na fase com menos de 13 anos de idade, geralmente essa pessoa que tem esse
transtorno tem no mínimo 16 anos de idade e uma diferença de 5 anos de idade para a vítima.
(...) a violência sexual é o abuso do poder na qual se usa criança e/ou adolescente para
gratificação sexual de um adulto, sendo introduzidos ou forçados a práticas sexuais com ou
sem violência física. (RIBEIRO E MARTINS, 2004).
Quando se menos espera tem um pedófilo por perto, eles não têm tipo, cara e não
aparentam agressividade em seu comportamento mediante ao ciclo social. É muito comum o
pedófilo se aproximar das crianças.
Portando objectos que elas mais gostam como de brinquedos, roupas atraindo-os
(as) para um local que o abusador tem total domínio, ao se tratar de pedofilia o
pedófilo não necessariamente pode ser um desconhecido, ele pode estar o mais
próximo possível da sua família. O Pedófilo pode ser qualquer pessoa- homens ou
mulheres, adultos ou crianças mais velhas. Pode ser um dos pais, um parente, um
vizinho, um amigo da família, um professor ou um médico. Em muitos aspectos,
abusadores sexuais de crianças são pessoas comuns que as crianças encontram em
sua vida cotidiana (SANDERSON, 2005.p.20)
Pornografias infantil- quando o abusador usa crianças e ou adolescentes para criar fotos
e vídeos desses em situações sensuais e ao forçar a criança e ou adolescente para se vestirem
de forma desproporcional a sua idade para criar fantasias eróticas em sua mente. Esses
pedófilos para conseguir seu objetivo prometem as suas vítimas algo que ela (e) queira muito
como brinquedos, roupas entre outros objetos, em troca desses presentes a vítima tem que
fazer o que ele quer como fotos e vídeos mostrando seus corpos e se as vítimas resistirem são
ameaçadas de forma que o medo predomina e acabam cedendo ao abusador.
Esses conceitos de abuso/violência sexual são os mais frequentes, o que mais se ouvi
falar é referente ao estupro e a pedofilia, mas esse assunto continua sendo um tabu que precisa
ser quebrado diante a sociedade principalmente em relação a pedofilia que também é
considerado como crime e qualquer pessoa que mantém imagens ou vídeos de menores de
idade consigo pode responder judicialmente por crime de pedofilia.
23

1.1.3 Tipologias do Comportamento Criminal de Abuso Sexual de Crianças

Para Groth, Hobson e Gary (1982), os estudos desenvolvidos sobre os agressores


sexuais permitem identificar vários tipos de agressores, através da forma como perpetram os
crimes. Assim, podemos identificar os agressores que abusam sexualmente de crianças com
as quais apresentam um grau de relacionamento familiar (contexto intrafamiliar) e agressores
que não possuem qualquer grau de parentesco com a vítima (contexto extrafamiliar).
O abuso sexual intrafamiliar corresponde a qualquer tipo de propósito sexual, que
envolva uma criança que seja elemento da família do agressor. O abuso sexual extrafamiliar
corresponde a qualquer tipo de propósito sexual, que envolve uma criança que seja elemento
exterior à família do agressor, cuja proximidade entre ambos pode ser maior, menor ou
inexistente.
Para Groth, Hobson e Gary (1982), tendo em conta o contexto da prática do crime,
identificaram tipologias que permitem distinguir subtipos. Assim, estes autores tipificam o
comportamento criminal dos abusadores de contexto extrafamiliar em dois grupos diferentes:
o agressor regressivo e o agressor de fixação. Os agressores classificados de regressivos
correspondem a um grupo, cujos indivíduos apresentam uma orientação sexual adequada à
sua idade, mas que, a dado momento e por causa de algumas circunstâncias da sua vida
familiar e/ou profissional, regridem ao ponto de se envolverem sexualmente com crianças.
O grupo dos agressores classificados de fixação engloba indivíduos que apresentam um
interesse sexual primário que se direciona exclusivamente a crianças citado por Soeiro &
Guerra (2009) expõe uma tipologia para o agressor de tipo intrafamiliar, composta por três
subtipos:
 O introvertido, possuidor de uma baixa autoestima e fracos recursos no que diz
respeito à capacidade de estabelecer relações com as outras pessoas. Estes aspectos
podem determinar, uma eventual procura junto das crianças, como parceiros sexuais,
no seu contexto familiar.
 O psicopata, indivíduo que possui de uma tendência para uma promiscuidade
indiscriminada (por exemplo, pode sentir atracção sexual, tanto pela mulher como
pelos filhos).
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 O pedófilo, indivíduo possuidor de uma imaturidade psicossexual e social. Este tipo de


agressores sente desejo pelos filhos e por outras crianças.
Assim, esta preferência sexual por crianças distingue-os dos outros tipos de agressores.
Existe ainda uma outra tipologia para o comportamento criminal de abuso sexual de crianças
ao diferenciar agressores situacionais dos agressores preferenciais.
Para Dunaigre (2001, p.75) refere que os agressores situacionais não revelam um
verdadeiro interesse sexual por crianças, mas que optam por este tipo de contacto apenas
quando determinados factores de pressão são introduzidos na sua vida.
Já os agressores preferenciais caracterizar-se-iam por demonstrarem um verdadeiro
interesse sexual por crianças, preferindo sexualmente as crianças aos seus pares,
funcionando as crianças, neste contexto, como objecto de desejo. Como podemos
constatar os conceitos “regressivos” ou “de fixação e, “preferenciais” ou
“situacionais” são termos que descrevem conceitos semelhantes.
25

CAPITULO II- OS FENÔMENOS GLOBAIS DO CRIME DE


VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MENORES DE 12 ANOS E O
ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO.

2.1 Evolução histórica do abuso sexual

Segundo Azevedo (1995), o abuso e a violência sempre existiram na história, porém de


forma sempre velada por um longo período. Mas o processo de torná-lo público e divulgado
só ocorreu de fato no século XIX, época em que surgiram os reformatórios sociais, sendo a
maioria de orientação religiosa. Preocupavam-se com o desenvolvimento moral, com o caráter
filantrópico e criaram reformatórios juvenis e orfanatos.
Importante relembrar que o abuso sexual é um fenômeno transgeracional, que perpassa
todas as classes sociais e cuja incidência não se revela no seu inteiro teor, já que, na grande
maioria dos casos, não se leva à notícia do abuso às autoridades competentes. Questões
relacionadas ao abuso sexual infantil já são em si mesmas difíceis de serem discutidas e
tratadas. Isso se agrava se os profissionais não estiverem bem treinados e integrados em todo
o contexto, seja ele familiar e/ou profissional.
Observa-se um crescente movimento dos direitos da criança e também um crescente
conhecimento e preocupação com a sua saúde mental, tornando possível a visão do abuso
sexual infantil por diversas vertentes, muito embora esta integração desses “olhares” esteja
caminhando lentamente. O termo violência refere-se a relação assimétrica (hierárquica) de
poder com fim de dominação, exploração e opressão. E esse fenômeno é causado por
múltiplos e diferentes fatores sociais, econômicos, culturais, psicológicos e situacionais.
O autor define a violência sexual como o contato de adultos com crianças e adolescentes
como objeto gratificante para as necessidades ou desejos sexuais do adulto e que causam
danos a essas vítimas. Importante lembrarmos que o abuso sexual também é possível entre um
adulto agindo como abusador de outro adulto.
Segundo Furniss (2002), o abuso sexual deve ser visto e abordado tanto pelo aspecto
dos direitos da criança, como pelo aspecto de promover sua saúde física e psicologia. Mas,
observa-se um despreparo generalizado envolvendo desde os profissionais da área de saúde,
educadores e juristas até as instituições escolares, hospitalares e jurídicas, em manejar e tratar
adequadamente os casos surgidos.
26

Para Azevedo e Guerra (2000), fazem a separação entre o incesto propriamente dito e
os menos graves, que são aqueles cometidos entre parentes afins, sobrinhos, cunhados e
outros, assim como a separação dos incestos consanguíneos das outras formas de relações
incestuosas: os para-incestos, que são aqueles nos quais as pessoas poderiam ser consideradas
parentes, como, por exemplo, entre o amante da mãe com a filha desta, ou entre filhos que
moram juntos mas que têm pais diferentes; e os incestos polimorfos, os quais alguém se
aproveita do cargo ou função que exerce para se impor sexualmente a um subalterno,
considerado como equivalente do incesto por envolver o poder do mais forte sobre o mais
fraco.
O incesto costuma ser uma experiência devastadora porque se insere na constelação das
emoções e dos conflitos familiares. O impacto emocional geralmente ocorre devido a
influência cultural em relação ao assunto. Mas outro fator de extrema relevância nesse caso é
o papel de adulto que a criança ou o adolescente passa a desempenhar nessa situação, sendo
que esse era o papel que seus responsáveis deveriam desenvolver, e muitas vezes são esses
adultos que estão abusando dessa criança ou adolescente.

De acordo com Sluzki (1997, p.37), as fronteiras do indivíduo não estão limitadas por sua
pele, mas incluem tudo aquilo com que o sujeito interage (isto significa que) as fronteiras do
sistema significativo do indivíduo não se limitam à família nuclear.

Ou extensa, mas incluem todo o conjunto de vínculos interpessoais do sujeito:


família, amigos, relações de trabalho, de estudo, de inserção comunitária e de
práticas sociais. Assim, as dificuldades vividas por uma determinada pessoa, devem
ser analisadas de um ponto de vista que abranja à família e à sociedade em que
aquela está inserida, ou seja todo o seu contexto. A violência sexual é um evento que
abala toda a família, assim como toda a rede social, por se encontrar dificuldade em
ser discutida, avaliada e na buscar ações imediatas de prevenção, atendimento e
responsabilização.

É um assunto que implica na violação de tabu sociais, que pode gerar desconforto na
família e nos profissionais que lidam com esses casos. A síndrome do segredo normalmente
ocorre nas famílias com dinâmica de abuso, favorecendo sua continuidade.

Segundo Ferrari e Vecina (2002), algumas possibilidades são pensadas quanto a


manutenção do segredo pelo cônjuge, tais como: medo de agressão; recusa em lidar com a
perda, já que qualquer tomada de atitude dele pode implicar no afastamento do companheiro
ou do filho que está sofrendo agressão. A manutenção do segredo pela criança ou adolescente
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pode ocorrer pois este acredita que ninguém dará credibilidade ao que ela diz ou que ninguém
seria capaz de protegê-la; pode temer perder o afeto do agente da agressão. O terapeuta
introduza uma ‘ideia’ sobre um segredo, como um procedimento que se pode adotar sem
pressionar a criança para a revelação.
Para Fergusson & Mullen (1999), o ímpeto inicial do interesse contemporâneo pelo
abuso sexual de crianças aconteceu graças aos relatos de mulheres sobre as suas experiências
pessoais de abuso. Estes relatos estavam directa ou indirectamente ligados a temas emergentes
do movimento feminista e à proeminência dada por este ao ponto de vista das mulheres sobre
as suas histórias de vida. Nesta altura, o foco primário de interesse estava relacionado com o
incesto pai-filha, mais do que com o abuso sexual de crianças num sentido mais alargado.

Nesta descoberta do abuso sexual de crianças enquanto problema social, a “voz” da


criança sexualmente abusada era, pois, a de um adulto que recordava a sua vitimização e o
impacto desta na sua vida. Este processo contrastava amplamente com a forma como o
problema do maltrato físico da criança tinha sido descoberto na década anterior. Nessa altura,
os profissionais de saúde descreviam o maltrato, medicalizavam-no, e tomavam o papel de
defesa das vítimas em tão larga medida que a “voz” da criança fisicamente maltratada se
tornou a do médico e a do assistente social. Pelo contrário, na descoberta do abuso sexual de
crianças, a “voz” da criança abusada sexualmente pertencia à mulher “sobrevivente” e através
dela, ao movimento feminista e ao terapeuta (FERGUSSON & MULLEN, 1999).

Sendo assim, em certa medida, as preocupações relacionadas com o maltrato físico de


crianças foram, nos anos 60, protagonizadas por profissionais clínicos, centrados na
identificação e tratamento do maltrato. Em contraste, a teorização e discursos sobre o abuso
sexual de crianças estavam intimamente relacionados com preocupações acerca das políticas
de género e das políticas de vitimação.

Segundo Fergusson e Mullen (1999), a dimensão positiva destas agendas


adultocêntricas que caracterizaram a redescoberta do abuso sexual de crianças deveu-se ao
papel activo desempenhado por pessoas que foram elas próprias vítimas de abuso. As vítimas
de abuso sexual podiam falar por si próprias e, de alguma forma, direccionar a narrativa que
dava sentido ao abuso, competindo com os profissionais e cientistas na modelagem do
discurso acerca do abuso sexual.

Este papel central desempenhado pelas vítimas adultas conseguiu benefícios reais,
quer na modelagem da investigação empírica, quer na condução da política social. No
28

entanto, esta perspectiva também contribuiu para uma disparidade entre a energia social e os
recursos financeiros que eram dedicados ao tratamento de adultos sobreviventes, por
comparação aos que eram dedicados à protecção e tratamento das crianças abusadas
(FERGUSSON & MULLEN, 1999).

Por outro lado, a forma como o abuso sexual de crianças foi descoberto nos anos 70
teve um poderoso impacto nas construções culturais do poder, da sexualidade masculina e da
natureza da vitimação. Uma dimensão central na descoberta do abuso sexual de crianças foi o
pressupostode que os adultos podiam adequadamente recordar as suas experiências de uma
forma que reflectia realisticamente os acontecimentos ocorridos na infância, ou seja a ênfase
dada aos relatos retrospectivos.

Um outro aspecto interessante foi que, nos anos 70, as pesquizas anglo-saxónicas
acerca do abuso sexual de crianças, voltavam-se igualmente para grupos de risco: prostitutas,
fugitivas, mulheres com risco suicidário, toxicodependentes, a fim de determinar se existiria
uma relação entre os abusos sexuais sofridos na infância e esses tipos de comportamentos. Os
estudos mais recentes demonstram, no entanto, que se o dano sofrido pela vítima é uma
realidade, nem por isso existe uma causalidade entre abuso sexual de crianças e condutas
desviantes posteriores (GABEL, 1997).

Outra dimensão essencial foi a construção do abuso sexual de crianças como um


problema social e político. O resultado foi que, nos finais dos anos 70, a redescoberta do
abuso sexual de crianças conduziu a um corpo de evidências e teoria, amplamente baseado
nos relatos de mulheres adultas, cuja validade era subscrita pelas feministas que encaravam o
abuso sexual de crianças como uma das manifestações da estrutura social patriarcal que
oprimia as mulheres.

Esta perspectiva é traduzida, entre outros, por Herman (1981), não é possível escrever
desapaixonadamente acerca do incesto. O assunto está imerso não só em mito e folclore mas
também em ideologia. Descobrimos que a perspectiva feminista fornece francamente a
melhor explicação para a informação existente. Sem a compreensão da supremacia masculina
e da opressão feminina, é impossível explicar-se que a grande maioria de perpetradores de
incesto (tios, irmãos mais velhos, padrastos e pais) sejam de sexo masculino e o porquê da
maioria das vítimas (sobrinhas, irmãs mais novas, e filhas) serem do sexo feminino.

2.2 Características associadas ao abuso sexual de menores


29

Para Cantón e Cortez, (2014), o abuso sexual é considerado fenómeno universal e


transversal a todas as classes sociais, etnias, religiões e culturas. É porventura a sua
universalidade que o torna tão complexo, logo nesta tentativa de compreendê-lo, verifica-se o
que a literatura afirma sobre a vítima, o ofensor e as consequências do abuso sexual em
menores.
Antes disso, opta-se por apresentar o problema segundo o contexto familiar (extra ou
intrafamiliar), situando-o temporalmente em evento único, reiterado ocasional ou contínuo.
A família, agente de socialização e primeira forma de inserção social, proporciona a formação
individual, o desenvolvimento da personalidade, da comunicação e da perceção do eu, do
outro e do mundo, segundo os padrões culturais do grupo de pertença. No entanto, há diversos
tipos de famílias com estruturas e dinâmicas diversas, com maior ou menor vinculação, com
problemas diversos (SANTOS, 1969).

De acordo com Ribeiro, (2009, p.56), o abuso sexual de menores em contexto intrafamiliar é
o tipo mais recorrente, ocorre quando há laços de consanguinidade (familiares direto ou
indiretos)

Ou de proximidade (tutor, cuidador, madrasta, padrasto, companheiros ou substituto


de uma figura familiar), com a presença da interação e afetividade, mesmo que não
bidirecional. O abuso sexual de menores intrafamiliar é mais suscetível a famílias
com relações assimétricas e hierárquicas, nas quais a proximidade caracteriza a
relação e intensifica o impacto na vítima, sendo o incesto a forma certamente mais
conhecida. Incesto é a relação proibida com tabu implícito entre pessoas do mesmo
grupo de parentesco cultural ou legal entre as quais não é aceite a relação de
matrimónio

Os especialistas desdobram-se sobre os dados que têm e procuram perceber os factores


de risco associados, suscetível a menores em ambiente familiar no qual está presente a
combinação dos seguintes aspetos: problemas conjugais/relacionais (falta de comunicação,
autoritarismo, destaque para as famílias reestruturadas e mãe passiva, ausente ou negligente)
fraca vinculação entre pais e filhos; fraco ou nenhum limite entre o sistema paternal e
conjugal; isolamento social tanto da família como do menor (abuso de substâncias transtorno
psíquico (progenitores vitimados pela mesma dinâmica baixa escolaridade dos progenitores;
e práticas educacionais coercivas (DAVIES, 2013).

Para Sanderson (2005), descreve os estágios do processo de aliciamento de menores,


reportando-se à pedofilia desde a seleção, o recrutamento, a amizade, a confiança, o
30

estabelecimento de um relacionamento, a realização de testes de confiança, o isolamento da


criança, o desencadeamento da ilusão de afeto, a iniciação de contatos físicos, a verificação
das defesas, a utilização de recursos para diminuir a inibição, a instigação para que a criança
pratique atos sexuais espontâneos, a manutenção constante do assédio, o reforço do segredo
até, por fim, o término do relacionamento com o avançar da idade.
Mas porventura, pretensiosamente, apresenta-se aqui os dados gerais sobre o abuso
sexual intrafamiliar sucintamente em forma de um ciclo. Essa organização baseia-se na leitura
de diversos autores e atenta para o fato de estarem mencionados apenas os fatores
coincidentes sem generalizar os casos. Brown (1991), diz que desta forma, acredita-se que a
dinâmica ocasional ou continuamente segue as etapas seguintes segundo o ponto de vista do
ofensor:
 Controlo
 Excitação
 Perpetração
 Premeditação
 Sedução.
Não é possível determinar exatamente como tudo começa nesta dinâmica. Contudo,
como o ponto de vista do ofensor não é o maior interesse deste relato, acredita-se que as suas
motivações possam ser as mais variadas possíveis, alicerçadas por falha moral, social e até
problemas orgânicos/clínicos.
Na sua dinâmica, o ofensor no contexto familiar sente-se excitado pelo menor de tal
forma que organiza um conjunto de situações que favorecem a sua meta. Assim, premedita
ações, estudando a vítima, utilizando um conjunto de artefatos num verdadeiro jogo de
sedução o que inclui prendas, brincadeiras e recompensas (GABEL, 1997).
Neste ponto, o ofensor já estabelece o controlo sobre a criança e explora-a sexualmente,
no entanto, a sua ação pode ser focada na violação, mas o mais recorrente é que siga uma
escalada gradual que começa com episódios de não contato e intensificam-se conforme a
aceitação/tolerância da criança e adequação do ambiente. Inicia-se, então, o jogo de ameaças
ou violência que sustenta o segredo do abuso (de baixo da convenção harmónica do lar doce
lar.
Embora se admita alterações, esta sequência repete-se devido à síndrome da adição. O ofensor
depois ter cumprido com sucesso a sua meta e conseguido o alívio da tensão sexual exercida
31

em relação ao menor, volta a manifestar nova excitação. Este precisa sempre de mais, por isso
reforça as suas estratégias para ser bem-sucedido (GABEL, 1997).
Desta forma, a dinâmica utilizada para o abuso pode até ocorrer como fato isolado, no
entanto, uma nova fase com novo período de excitação do ofensor pode desencadear novos
ciclos e a fase da sedução pode até deixar de existir, predominando o controlo. Por este
conjunto de situações, o abuso sexual de menores do tipo intrafamiliar torna-se num evento
frequentemente reiterado ocasional ou continuado e com menos probabilidade de revelação
devido ao contexto e ao ambiente que proporciona o (s) evento (s).
Ainda Braun, (2002), diz que, a revelação do segredo (o que nem sempre acontece) é a
quebra do ciclo e ocorre na maioria dos casos devido a sinais externalizados na vítima tanto
comportamentais como fisiológicos. Fisicamente, as consequências do abuso como gravidez,
doenças sexualmente transmissíveis e lesões corporais derivadas de violência denunciam a
situação
Psicologicamente, os menores manifestam sinais comportamentais traduzidos num
grande leque de reações que variam consoante os fatores associados tanto à natureza do
evento quanto da vítima. Depois de abordada a dinâmica do ponto de vista do ofensor,
paralelamente àquela descrição, apresenta-se as características do ponto de vista da vítima que
também podem ser transcritas como cíclicas conforme representa-se no esboço a seguir:
Confusão emocional,

2.3 Vulnerabilidade, Punição, Confiança/ afeto, Segredo, Perpetração.


Para Budin & Johnson (1989) a situação de abuso sexual de menor é a princípio não
proporcional quanto ao tamanho, à força, à idade, à cognição e ao poder entre outros aspetos.
Portanto, a vulnerabilidade presente em todas as crianças pode ainda ser agravada, como já
mencionado, por caraterísticas da própria família e por especificidades da própria criança
entre as quais se pode citar a introspeção, a submissão, a inquietação, a carência afetiva, a
tristeza e a depressão.
Acrescentando-se ainda particularidades como as limitações físicas e cognitivas que
podem estar associadas. A proximidade, fator que marca a dinâmica do abuso sexual
intrafamiliar, é também nutrida pela relação de confiança. Devido ao jogo de sedução do
ofensor ou pela carga afetiva exercida, o menor deposita confiança neste o que facilita a sua
acção.
Essa característica nutre o acordo imposto e selado do segredo que é reforçado pela
ameaça tanto à integridade física à vítima quanto à integridade física de alguém de grande
32

afecto da criança. Vulnerabilidade Confiança/ afeto Segredo Perpetração Punição Confusão


emocional. Por conseguinte, o excesso de sentimentos contraditórios, que envolve a sedução,
os afetos e as ameaças podem levar a criança a um estado de confusão mental com o qual
desencadeia o medo, a cólera, o prazer, a culpa, o desamparo, a ansiedade, o isolamento, a
fraca vinculação e até a ideação suicida (CUNHA, PEIXOTO & ANTUNES, 2014).
É provavelmente essa confusão mental que origina um conjunto de reações geralmente
associadas ao abuso sexual. Por seu turno, o abuso sexual extra-familiar ocorre quando o
ofensor é estranho à vítima ou é pessoa conhecida com acesso ao menor como professores,
amigos, cuidadores, conselheiros, assistentes sociais, polícias, pais de amigos, amigos dos
pais. Esta tipologia distingue-se do abuso sexual intrafamiliar por ser frequentemente
perpetrada num único episódio (SANTOS & DELL’AGLIO, 2009).
Logo diferem-se tanto na frequência como na intensidade do contacto e na intensidade
do vínculo afetivo. Assim, mesmo que os elementos representados no esboço estejam
presentes, na maioria das vezes o abuso sexual extra-familiar não chega a ser cíclico. Mais
duradouro e, certamente, mais grave. Assim, o abuso sexual intrafamiliar distingue-se do
extra-familiar, pois além desta particularidade aquele é considerado menos violento
fisicamente e menos intrusivo, porém mais grave emocionalmente, apresentando menos
evidências físicas e iniciado em crianças com menos idade o que dificulta, portanto, a sua
revelação e aumenta os danos.
Todavia, não se exclui a possibilidade de grande intrusão, violência e gravidade mesmo
que nos episódios únicos. Ressalta-se, contudo, como já foi salientado, que as dinâmicas não
são todas tão previsíveis, todavia, para melhor aprofundar essas representações, menciona-se
a seguir o que a literatura afirma acerca da vítima que neste relato assume a figura central.

2.4 A vítima de abuso sexual em menores e as questões metodológicas


Para Ribeiro (2009), durante anos a figura da vítima foi negligenciada, sua relevância
evidenciou-se quando para melhor compreender o ofensor, foi necessário também analisar a
vítima. Entretanto, a sua notoriedade tornou-se inquestionável após a Segunda Guerra
Mundial quando a Vitimologia tornou-se ciência autónoma, dedicada a agrupar e sistematizar
o saber empírico relativo a este importante interveniente na ação criminológica.
No estudo da vítima em casos particulares é comum traçar um perfil para melhor
compreendê-la. No entanto, determinar um perfil universal da vítima de abuso sexual não é
possível, nem almejado. Importa, então, verificar o que a literatura assume como consensual
no estudo deste tema, considerando-se que o conhecimento acerca do abuso sexual provém
33

geralmente de estudos realizados com vítimas e ofensores de casos identificados, o que pode
corresponder à ponta do iceberg.
Logo pode haver muita informação ainda por ser descrita. A respeito do que está
descrito é necessário pelo menos ponderar as informações, não as estabelecendo como
verdades absolutas, uma vez que o saber é mutável. Cada estudo atende a requisitos próprios
como desenho, seleção da amostra, tratamento e discussões e esses podem apresentar
inconsistências quanto ao limite de idade, à seleção da amostra, ao tipo de instrumentos
utilizado, ao período histórico entre outras (LOSADA, 2012).
Assim, observa-se nos estudos maior prevalência do abuso sexual na infância em
vítimas do sexo feminino e em contexto intrafamiliar. Porém, algumas informações devem ser
acompanhadas de algumas notas de esclarecimento. Fávero (2003) frisa que os estudos
baseiam-se quase sempre em amostras clínicas que apontam para dados relevantes como: os
menores do sexo feminino estão mais suscetíveis ao abuso sexual intrafamiliar; os menores do
sexo masculino estão mais vulneráveis no contexto extra familiar; e as meninas têm maior
facilidade em relatar episódios de vitimação, enquanto os meninos têm a tendência a ocultar
as suas experiências e adaptarem-se melhor a situação traumática, uma vez que geralmente
são treinados para serem fortes.
Porém, relativamente a esta última informação tanto está autora quanto Sanderson
(2005), acreditam que a verdadeira questão esteja no tabu relacionado ao evento, no medo da
noção de vulnerabilidade e da conotação homossexual como estigmas para a vítima do sexo
masculino.
A esta propositada celeuma acresce-se a individualidade de cada criança, o que dificulta
generalizações. Nos estudos, quanto ao critério da idade, reporta-se frequentemente que as
crianças com idade inferior a cinco anos são mais vulneráveis, e apresenta-se a pré-
adolescência como período de maior incidência do abuso sexual.
Isso ocorre porque nesta fase o corpo já está praticamente formado, mas a maturidade
cognitiva e sexual não foi atingida Fávero (2003). No entanto, esta informação deve ser
comedida, pois os adolescentes já são mais resistentes, portanto mais difíceis de serem
encorajados a entrar num jogo de sedução; as crianças de tenra idade podem não compreender
o evento, logo não ter capacidade para recordá-los e percebe-se uma falta de uniformidade na
diferenciação de pré-adolescência e adolescência.
Todavia, o abuso sexual de menores é suscetível a qualquer idade, mesmo a mais tenra
idade Sanderson, (2005). Tais ponderações não têm por finalidade atribuir descrédito aos
trabalhos realizados, pelo contrário, pretende-se o fomentar de informações.
34

2.5 Abusos Intrafamiliares e Extra familiares.

De acordo Gabel (1997, p.59), os abusos intra-familiares ocorrem dentro do âmbito


familiar sendo qualquer relação que o adulto possa ter com uma criança ou adolescente como
pode ser um adolescente que abusa de uma criança.

Nesses casos o agressor geralmente é uma pessoa que a criança e/ou adolescente tem
confiança, são parentes muito próximos. Em muitos casos a família se cala mediante
o abuso sexual por não quer ser apontado como displicentes ao se tratar da criança
ou adolescente, não denunciam em alguns casos para não perder a renda que
sustenta a família que vem do agressor e até mesmo para os "conhecidos" não
saberem o que ocorre em casa. Os abusos intra-familiares acontecem em segredo.
Imposto por violência, ameaças ou mesmo em uma relação sem palavras, o segredo
tem por função manter uma coesão familiar e proteger a família do julgamento de
seu meio social.
Esses abusos intra-familiares são geridos por medo, o agressor transforma o que era um
ambiente tranquilo e seguro em um lugar de insegurança e terror, como esse fato está
relacionado ao lar a ameaça é ainda mais forte a vítima. São forçadas a se calarem e a não
denunciarem aos órgãos competentes o que de fato acontece no âmbito familiar, o segredo é
usado como meio da família não ser julgada por pessoas de fora desse contexto familiar.
Para Gabel (1997), quando acontece dentro da família se torna um pacto de silêncio
cada vez mais difícil de se denunciar. Há casos que não precisa ser feito ameaças, o silêncio
entre as partes envolvidas é o suficiente para que esses abusos não se espalhem, o abusador
usa seus métodos como olhar, gestos a vítima para que ela não reaja e não conte a outras
pessoas o abuso, o silêncio é o fator principal dos abusos intra-familiares. Se os responsáveis
pelas crianças e adolescentes não derem a proteção necessária que eles precisam, ficam
vulneráveis a qualquer pessoa com intenções de abuso.
Ao se abusar de crianças e adolescentes o abusador retira o direito que elas (es) tem de
serem intocáveis, ao se tornarem vítimas seu desenvolvimento é afetado por inteiro, começam
a se retrair, se tornam frágeis, desconfiadas e o convívio social se modifica, passam a não
progredirem na escola e se tornam pessoas com mais dificuldades em se relacionar com
pessoas acima do seu padrão de idade.
Quando se trata de abuso sexual, sempre imaginamos que o abusador seja do sexo
masculino, mas não é somente homens que cometem esse crime, mulheres estão envolvidas
nestes casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. É estranho associar o sexo
feminino a questão de ser abusadora pois as referências de abusos sexuais em muitos casos
35

vêm do homem, imaginar que uma mulher é capaz de cometer um crime de abusar de uma
criança é terrível.
As leituras apontam que essas mulheres tem um índice razoável de abusos cometidos,
mas a exploração sexual de criança e adolescente é o abuso sexual mais praticado por elas,
mães obrigando as filhas (os) a se prostituirem por dinheiro o conceito de família nestes casos
é quase nulo pois o adulto responsável não garante o direito da criança e do adolescente de
serem intocáveis. Quando mulheres estão envolvidas no abuso sexual de crianças, as pessoas
reagem com horror e descrença, pois estas não imaginam que aquelas possam, como de fato o
fazem, abusar de crianças ou explorá-las sexualmente (SANDERSON, 2005.p,83).
Não há um perfil desses abusadores pais, é difícil identificá-las pois passam a figurava
de mulher protetora, elas podem ser de todas as idades, perfis e classes sociais. Os abusos
extrafamiliares são os ocorridos fora da família como escola, vizinhos, colegas. São pessoas
que a criança conhece e confia, mas pode ocorrer esses abusos com estranhos, pessoas que a
criança não tem o hábito de conviver.
As agressões sexuais extra-familiares encaminham-se ao setor do pronto-socorro, quase
sempre após uma queixa imediata. Elas concretizam um momento crítico do trauma, não só
repentino, mas normalmente médico bastante rigoroso (GABEL, 1997, P.74)
Nessas agressões extra-familiares e intra-familiares há a necessidade de ajuda médica pois
chega a ponto que o trauma é muito forte, somente a ajuda de quem obtém conhecimento
especifico é necessário no momento, o abuso extra-familiar principalmente se for um estranho
agressivo o trauma para vítima é ainda pior.

2.6 O crime de abuso sexual no ordenamento jurídico angolano

Comentar a legislação angolana é sobretudo narrar uma difícil história de um país


outrora fatigado pela guerra. Sem a pretensão de apresentar um relato histórico para este
efeito, afirma-se resumidamente que o pó da derrubada do sistema pela revolução de 25 de
Abril em 1975 em Portugal, veio reforçar o princípio da autodeterminação e independência há
muito clamado nas colónias.

Segundo o Código Penal (Crimes Contra a Autodeterminação Sexual) artigo 192.º


(Abuso sexual de menor de 14 anos) 1. Quem praticar acto sexual com menor de 14 anos ou o
levar a praticá-lo com outra pessoa é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos. 2. Se houver
penetração sexual, a pena é de prisão de 3 a 12 anos. 3. Se houver penetração com menor de
12 anos, a pena é de 5 a 15 anos. 4. Quem instigar menor de 14 anos a assistir a abusos
36

sexuais ou a actividades sexuais é punido com a pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou multa
de 60 a 360 dias.

Nesta análise chama-se atenção para a necessidade de se verificar nas entrelinhas a


presumida idade do consentimento, sendo então que esta estaria situada nos doze anos de
idade? Também salienta-se a restrição do texto ao sexo feminino e a referência à virgindade.
Portanto, uma leitura atenta pode apreender que é considerado crime de estupro somente
aquele com recurso à sedução, somente praticado contra a mulher, se esta for virgem e por
último somente se esta tiver idade acima de doze anos.

Por conseguinte, o crime de violação é descrito no mesmo texto como: Aquele que tiver
cópula ilícita com qualquer mulher, contra sua vontade, por meio de violência física de
veemente intimidação, ou de qualquer fraude, que não constitua sedução, ou achando-se a
mulher privada do uso da razão, ou dos sentidos, comete o crime de violação, e terá a pena de
prisão maior de dois anos a oito anos. (artigo 393º do Código Penal Angolano)

A continuidade do texto em expressão feminina é aqui acrescida do não consentimento,


da violência física, da intimidação, da possibilidade de fraude, da falta de consciência da
mulher sobre o ato, que inclua a cópula, mas que se exclua a sedução. Para os menores, o
abuso sexual está tipificado no artigo seguinte intitulado violação de menor de doze anos.
Assim: Aquele que violar menor de doze anos, posto que não se prove nenhuma das
circunstâncias declaradas no artigo antecedente, será condenado a prisão de oito a doze anos.
(artigo 394º do Código Penal Angolano) Da forma como está redigido o texto, o abuso sexual
de menores pode referirse tanto a vítimas do sexo masculino como feminino, uma vez que não
é utilizado artigo indicador de gênero antes do substantivo “menor.

Acredita-se que possa haver dificuldades para enquadrar crimes de abuso sexual de
menores do sexo masculino quando se nota neste artigo a remissão ao artigo anterior que
taxativamente refere-se ao sexo feminino. No entanto, da leitura dos artigos acima, quanto ao
critério da idade, questiona-se: se a idade do consentimento é calculada em função da grau de
maturidade/esclarecimento do indivíduo quanto a sua capacidade cognitiva e maturação
desenvolvimental para concordar ou não com o ato sexual.

Quanto aos restantes critérios, questiona-se como irão igualmente proceder os


magistrados em casos de abuso sexual na forma tentada, sem cópula e com cópula, mas sem
violência física e, por fim, como procede em casos de abuso sexual entre menores? A leitura
deste último artigo também desperta certa dúvida nesta remissão ao artigo anterior. O que
37

estaria o legislador a informar com essa observação, afinal o fundamental e imprescindível


critério é a vítima ser menor, mas isso parece subjugado aos critérios circunstanciais do crime
e, na prática, pode gerar grande prejuízo à vítima por esta ser diferenciada a princípio logo
pelo critério da idade.

Outro texto do sistema jurídico de Angola que merece leitura atenta é a Lei Contra a
Violência Doméstica de 2011. Por ser breve esta análise, pretende-se mostrar a que o texto
considera violência doméstica como “toda ação ou omissão que cause lesão ou deformação
física e dano psicológico temporário ou permanente que atente contra a pessoa humana no
âmbito das relações previstas” …. (artigo 3º da Lei Contra a Violência Doméstica, 2011) …
no seio da família ou tenham lugar em infantários, asilos, hospitais, escolas, internatos e
espaços equiparados de relevante interesse comunitário ou social (artigo 2º da Lei Contra
Violência Doméstica, 2011).

Por conseguinte, dentro deste texto verificar o que compreende a violência sexual
conforme disposto no artigo 3º, número 2. Violência sexual: qualquer conduta que obrigue a
presenciar, a manter ou participar de relação sexual por meio de violência, coação, ameaça ou
colocação da pessoa em situação de inconsciência ou de possibilidade de resistir; (Lei Contra
a Violência Doméstica, 2011) Esse texto por ser mais atual também é mais abrangente, visto
que menciona tanto a violência sexual resultante do contato físico como dos artifícios
psicológicos e inclui a exibição sexual.

Além disso, o corpo deste texto também inclui a violência patrimonial, psicológica
(dano emocional e diminuição da autoestima), verbal, física e abandono familiar. Por último
faz-se necessário mencionar a Resolução 24/99 de 20 de Outubro que aprovou o Plano
Nacional de Ação e Intervenção Contra a Exploração Sexual e Comercial da Criança em
Angola. Este texto é complementar a outros mencionados na medida em que dentro dos seus
objetivos específicos destaca a prevenção, a garantia e a defesa dos direitos das vítimas, assim
como o combate e responsabilização dos abusadores, violadores e exploradores, sem
descuidar da reabilitação e prevenção quanto à exclusão de crianças vítimas de abusos e
exploração sexual.

Também acrescenta que o artigo 394º do Código Penal do país, relativo a violação de
menores, deve ser considerado crime público e estabelece-o como relativo a ambos os sexos.
Essas leituras são relevante porque trazem a temática do abuso sexual à tona e podem ser
usadas como texto complementar ao Código Penal nesta comunidade, uma vez que não há
38

legislação abrangente para esta tipologia criminal em Angola na qual sejam pormenorizadas
as variantes do crime.

Assim, a falta de abrangência dos parâmetros de definição do crime de abuso sexual de


forma atualizada, a não inclusão da forma tentada, da pornografia infantil, do lenocínio, dos
atos sexuais praticados entre menores e a relação destes aspetos com as respetiva sanções
demonstram séria lacuna nos textos de suporte jurídico da comunidade angolana. Pois como
foi possível observar, a falta de unidade textual constitui um obstáculo e a existência de
documentos distintos não abrangente constitui outro.

2.7 Consequências - Sinais apresentados por crianças vítimas de abuso


Segundo Ferrari e Vecina (2002), a violência intrafamiliar implica em uma
compreensão histórico-psicossocial do indivíduo e da família, ou seja, como ocorrem as
relações pai/mãe/filhos (as) e a forma de relacionamento entre esses membros. Dessa forma se
a violência intrafamiliar é construída histórica, psicológica e socialmente, é impossível
apontar uma única causa. É necessário observar características pessoais e circunstanciais dos
membros envolvidos.
Os reflexos do abuso podem ser notados tanto no presente como no futuro segundo os
mesmos autores citadas anteriormente, em famílias onde ocorre abuso sexual observa atitudes
erotizadas e ambíguas às quais crianças e adolescentes podem estar aprisionados.
Em muitos casos essa é única forma de contato físico vivido pelos membros
evolvidos no abuso. Amor, sexo, carinho e humilhação são vividos de forma
ambígua, com desrespeito às necessidades e ao desenvolvimento da criança.
Cuidado, orientação e proteção, expectativas de papéis a serem cumpridos pelos
adultos são trocados por atitudes de posse e invasão ao corpo da criança e do
adolescente (FERRARI e VECINA, 2002, pp. 76-77).
Summit (1983), descreve mecanismos utilizados pela criança vítima de abuso. Um deles
seria o uso ou descoberta de estados alterados de consciência. Outra forma de normalizar é
fingir que a parte de baixo do corpo não existe no momento em que ocorre a ação.
Segundo Ferrari e Vecina (2002), as consequências da violência são diversas e
dependem: da idade da pessoa agredida e da que agride; do tipo de relação entre eles; da
personalidade da; da duração e da frequência da agressão; do tipo e da gravidade do ato e; da
reação do ambiente. Consequências a curto prazo: problemas físicos; problemas no
desenvolvimento das relações de apego e afeto; desenvolve reações de evitação e resistência
ao apego; depressão e diminuição da auto- estima; distúrbios de conduta; alterações no
desenvolvimento cognitivo; má percepção de si próprio; dificuldades na compreensão e
aceitação das emoções do outro.
39

Consequências a longo prazo: sequelas físicas; chances de serem pais abusadores no


futuro; conduta delinquencial e comportamentos suicidas na adolescência; pode gerar conduta
criminal violenta. Para Furniss (1993), o dano psicológico pode estar relacionado aos
seguintes itens: a idade do início do abuso; a duração do mesmo; o grau de violência ou
ameaça; a diferença de idade entre quem comete o abuso e a vítima; quão estreitamente era a
relação da pessoa que cometeu o abuso com a pessoa que sofreu o abuso; a ausência de
figuras parentais protetoras e o grau de segredo.
Segundo Silva (1998), a criança que sofreu ou sofre abuso apresenta alguns sinais, tais
como: comportamento submisso, agressividade, pouco sociáveis, comportamento
pseudomaduro, insinuação de actividade sexual, brincadeiras sexuais persistentes, chegam
cedo a escola e saem tarde da mesma, incapacidade de concentração na escola e queda do
rendimento, medo de pessoas do mesmo sexo do agressor, comportamento aparentemente
sedutor com pessoas do mesmo sexo do agressor, fuga de casa, alterações no sono, auto-
mutilação, alterações na personalidade, transtorno de estresse pós traumático e de
Sofrimento.
Para Furniss (2002), o abuso sexual apresenta danos primários, ou seja, causados pelas
etapas do abuso – fase de sedução, da interação sexual abusiva e do segredo – e secundários,
causados por fatores diversos e subsequentes ao abuso – estigmatização social; traumatização
secundária no processo interdisciplinar; traumatização secundária no processo família-
profissional; traumatização secundária no processo familiar; no processo individual.
A traumatização secundária refere-se segundo Furniss (1993), a estigmatização que a
criança abusada e a família podem sofrer socialmente. Assim como o conflito entre os
sistemas legais e as necessidades psicológicas da criança e de proteção, pois o sistema legal
ainda não se adaptou completamente aos aspectos dos direitos humanos da criança.
A intervenção profissional pode acarretar sofrimento tanto a criança como a família,
visto que os procedimentos empregados não alcançam os objetivos esperados e dessa forma
interação e vínculo criança – terapeuta e família- terapeuta ficam prejudicadas. A criança
abusada pode ser vista por seus familiares como bode expiatório e com isso, punida e
castigada e acusada por todos os problemas familiares. A vulnerabilidade da criança pode
favorecer novos ciclos de abusos.
Segundo Furniss (1993), crianças que sofrem abuso prolongado frequentemente podem
expressar sentimento de culpa. Sua origem deve-se ao seu senso equivocado de
responsabilidade, que ela deriva do fato de ter sido participante no abuso. Tal confusão muitas
40

vezes tem como contribuição as ameaças de quem cometeu o abuso, que na maioria das vezes
a responsabiliza pelas consequências que podem ser geradas caso seja revelado o abuso.
No caso de meninos que sofreram abuso sexual, eles podem apresentar dúvidas quanto à
sexualidade, sentindo-se muitas vezes fora do padrão estabelecido socialmente, no qual o
homem tem de se defender e de que sempre são capazes de evitarem agressões de qualquer
natureza. Sem contar que a mídia sempre os aponta como agressores e não como possíveis
vítimas (ABRAPIA, 2002).
Com base no trabalho de Silva (1998), será discutido como os sinais mencionados pela
autora geram sofrimento a criança vítima de abuso sexual. Um desses sinais é o
comportamento submisso, no qual a criança sofre manipulação em todos os aspectos de sua
vida, o que a impossibilita de tomar suas próprias decisões e tornar-se independente. A
agressividade e pouca socialização ocorrem pela tentativa que a criança faz de sinalizar que
algo está errado e muitas vezes não ser escutada por aqueles que são próximos a ela gera
descrédito e mais frustração na criança.
O mesmo autor diz que o comportamento pseudomaduro da realidade serve como uma
fachada. Uma introdução prematura ao sexo cria uma aparência exterior sofisticada, que
esconde uma criança amedrontada e insegura. A insinuação de atividade sexual pode ocorrer
sem uma explicação direta do que aconteceu como, por exemplo, no caso de um programa de
televisão no qual é exibida uma cena onde um homem mais velho se insinua a uma menina
bem mais jovem e a criança comenta que o homem que aparece no programa lembre o
membro da família que abusa da criança.
Também podem ocorrer com frequência as brincadeiras sexuais persistentes. Crianças
que foram erotizadas prematuramente tornam-se mais concentradas em atividades sexuais,
muitas se masturbam continua e frequentemente sozinhas ou em público. Quando há
restrições de adultos quanto a masturbação muitas crianças podem utilizar objetos dentro de
suas roupas a fim de obterem a mesma sensação que a masturbação provoca.
Para o autor acima citado vítimas de incesto frequentemente chegam cedo à escola e
saem tarde da mesma. Uma intenção de manterem-se afastados de seus lares, já que esse local
não representa segurança a elas. A escola, portanto, torna-se um local de refúgio.
Frequentemente crianças vítimas de incesto tem restrição de seus responsáveis de terem
amizades fora do ambiente escolar. Apesar dessas crianças tentarem ter amizades na escola
apresentam dificuldades para criarem vínculos.
Crianças vítimas de abuso sexual podem apresentar dificuldades de concentração e
queda no rendimento escolar por estarem emocionalmente sobrecarregadas, antecipando o
41

próximo encontro, criando formas para fugir deles e preocupadas com as tensões familiares. A
criança que apresenta um comportamento aparentemente sedutor pode sofrer uma série de
outros problemas.
Para Furniss, (1993, P.21), ao relatar o abuso, a vítima sendo uma adolescente pode ser
culpada por ter seduzido o agressor. Podem também transferir esse comportamento para
relacionamentos com outras pessoas, o que pode gerar uma nova agressão sexual.
Nem mesmo o mais sexualizado ou sedutor comportamento jamais poderia tornar a
criança responsável pela resposta adulta de abuso sexual, em que a pessoa que
comete o abuso satisfaz seu próprio desejo sexual em resposta a necessidade da
criança de cuidado emocional. A fuga de casa pode ocorrer na adolescência,
momento em que se encontram desesperadas, sem alternativas e sem confiança em
um adulto. Normalmente o real motivo da fuga não é revelado, a não ser que um
adulto sensível e que transmita confiança a adolescente tenha possibilidade de um
relacionamento que favoreça a revelação de tal acção.
CAPÍTULO III- APRESENTAÇÃO, ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE ESTUDO

Nesta secção, nos dizeres de Marconi; Lakatos (2016) entende-se que é o local aonde e em
que nível vai se fazer o estudo de caso que será realizado para a pesquisa de investigação.
Assim,
3.2 ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

No presente capítulo, apresentar-se-á de forma sintética os resultados recolhidos da


nossa pesquisa de campo, por intermédio de uma entrevista, a fim de obtermos
informações cruciais para concretização dos objectivos dos nossos estudos. Partindo do
pressuposto e do facto que o presente tema ser bastante técnico tendo a sua inclinação para
vertente económica, o que levou a valorar ainda mais o método qualitativo o que, por
conseguinte, uso do método quantitativo serviu como forma subsidiária para mensurar o
nível de entendimento sobre o tema em questão.
Amostra: é constituída por
GÉNERO NÚMERO PERCENTAGEM
Masculino
Feminino
Total 100%
42

Gráfico n.º1

Idade

10%
20-30
30-40
30% 40-50
60%

Fonte: própria

De acordo o gráfico relacionado a faixa etária, 60% dos inqueridos estão aos 20-30
anos de idade, 30% estão entre 30-40 de idade anos 10% estão entre 40-50 anos de
idade.
43

Gráfico n.º2

Principais causas de crimes sexuais

30% Uso excessivo de drogas


40%
Factores soicio-económicos
A pobreza extrema

30%

Fonte: própria

Em relação a gráfico referente as principais causas de crimes de abuso sexual 40% os


inquiridos responderam que é o uso excessivo de drogas, 30% responderam que são os
factores sócio-econômicos, e por fim 30% responderam que uma das é a pobreza
extrema que assola o país. No entanto maior parte dos inquiridos responderam que é o
uso excessivo de drogas.
44

Gráfico n.º3

Dificuldades para resolução dos


casos de violação

Não participação da familia


10% A morosidade da polícia
Medo da vitíma em falar
40%
30% Ameaça por parte do
agressor

20%

Fonte: Própria

Quanto as dificuldades para a resolução dos casos de crimes de abusos sexuais


podemos afirmar 40% dos inquiridos responderem que tem sido a não participação por
parte da família, 20% tem sio a morosidade da parte da polícia, 30% medo das vítimas
em falar sobre o abuso sexual que sofreu, e10% que corresponde com a minoria
responderam que tem sido as ameaças por parte dos agressores.
45

Gráfico n.º4

Papel do INAC na resolução dos


crimes sexuais

20%
40%
Apoio psicologico

Campanhas de
40% sensibilização

Buscar resolver os
casos de denúncias

Fonte: própria

De acordo o gráfico relacionado com papel do INAC no combate aos crimes sexuais
20% responderam que têm dado apoio psicológico, 40% tem feito campanhas de
sensibilização, outro 40% dos inquiridos responderam que procuram resolver os casos
de denúncias feitas por parte das vítimas.
46

Gráfico n.º5

Papel da no combate ao crime de


violação sexuais

Denunciar os casos de vio-


10% lação
Agredir os agressores
40% Apoiar a vítima psicologi-
camente
40% Apoio financeiro

10%

Fonte: própria

Em relação ao papel da família no combate ao crime de violação sexuais 40% dos


inquiridos responderam que denunciam os casos de violação, 10% agridem os
agressores, 40% dos inquiridos responderam que apoiam a vítimas psicologimente, e
por fim tem dado apoio financeiro as vítimas que sofrem abuso sexual.
47

Gráfico n.º6

Medidas para redução do crimes


sexuais

Fornecer rede de apoio as


familias
20%
30% Aumentar a pena de prisão
dos agressores
Os familiares devem de-
nunciar os casos

50%

Fonte: própria

Quanto as medidas para redução dos crimes sexuais 20% fornece rede de apoio as
famílias, 50% dos inquiridos responderam que é aumentar a pena de prisão dos
agressores, 30% responderam que os familiares devem os casos de abusos sexuais.
48

Gráfico n.º7

Locais onde ocorem os crimes de


abuso sexual

Escolas
30% Igrejas
Nos bairros
60%
10%

Fonte: própria

Em relação aos locais onde ocorrem os crimes de abuso sexual dos inquiridos
responderam que ocorrem nas escolas, 10% dos inquiridos responderam que é nas
igrejas, e por fim 60% dos inquiridos que corresponde com a maioria responderam que
o abuso sexual tem ocorrido no bairro.
49

TABELAS

Idade Frequência %

20-30 6 6%

30-40 3 30%

40-50 1 10%

Total 10 100%
50

3.

Nível Frequênci %
académico a

Ensino médio 2 20%

Bacharel 3 30%

Ensino 5 50%
superior

Total 10 100%
51

4.

Cargo Frequênci %
a

Operadores 5 50%

Juristas 2 20%

Psicólogo 3 30%

Total 10 100%
52

Tempo de serviço Frequência %

1-2 anos 1 10%

3-4 anos 4 40%

5-6 5 500%

Total 10 100%
53

Principais causa dos Frequência %


abusos sexuais

Uso excessivo de 4 40%


droga

Factores 3 30%
socioeconômica

A pobreza extrema 3 30%

Relação - -
intrafamiliares

Total 10 100%
54

Dificuldades para a Frequência %


resolução dos crimes
sexuais

Não participação da 4 40%


família

Morosidade da 2 20%
polícia

Medo da vítima em 3 30%


falar

Ameaça por parte do 1 10%


agressor

Total 10 100%
55

Papel do INAC no Frequência %


combate aos crimes
sexuais

Apoio psicológico 1 10%

Campanha de 4 40%
sensibilização

Resolver os casos de 4 40%


denuncias

Educação sexual - -

Total 10 100%
56

Papel da familia no Frequência %


combate aos crimes
sexuais

Denunciar os casos 4 40%


de violação

Agredir o agressor 1 10%

Apoiar a vítima 4 40%


psicologimente

Apoiar financeiro 1 10

Total 10 100%
57

Medidas para Frequência %


reduzir os crimes
sexuais

Fornecer rede de 2 20%


apoio as famílias

Aumentar a pena de 5 50%


prisão dos agressores

Os familiares 3 30%
denunciar

Reforçar as - -
campanhas de
sensibilização

Total 10 100%
58

Locais onde ocorrem Frequência %


os crimes sexuais

Escola 3 30%

Igrejas 1 10%

Hospitais - -

Nos Barreiros 6 60%

Total 10 100%

CONCLUSÃO
59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VIANNA, Ilca de Oliveira A. Metodologia do Trabalho Cientifico: Um enfoque didáctico


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ANEXOS
61

APÊNDICES

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