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EXPERIMENTAÇÃO E DESAFIOS EM ENGENHARIA

CARACTERIZAÇÃO
QUÍMICA
PROF. Me CRISTIANO RÉGIS F. de BRITO
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM
Compreender a estrutura do que compõe a matéria: os átomos,
como eles se combinam para formar moléculas e a forma com
que as moléculas interagem entre si.

Estimar a grau de hidratação e o teor de umidade de sais


(caracterização química) através da gravimetria por volatilização.

Ser atento a representação científica formal dos compostos


químicos e das reações químicas.
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
Estrutura da Matéria
Os Átomos e a Tabela Periódica
As Ligações Químicas e as
Moléculas
Força Intermoleculares
Concentração e Pureza
Soluções, Colóides e Suspensões
A ESTRUTURA
DA MATÉRIA
A estrutura da matéria é um dos conceitos fundamentais nas
ciências, permitindo-nos compreender a natureza essencial de
tudo aquilo que forma o universo ao nosso redor. A busca pela
compreensão da estrutura da matéria tem sido uma jornada
contínua, revelando uma riqueza de detalhes desde as partículas
subatômicas até as estruturas macroscópicas que observamos
diariamente.

Na escala mais fundamental, a matéria é composta por


átomos, que são os blocos de construção básicos de todos as
espécies químicos. Cada átomo consiste em um núcleo central
carregado positivamente, composto por prótons e nêutrons,
cercado por uma nuvem de elétrons que orbitam em diferentes
níveis de energia (camadas). A combinação de diferentes
elementos é o que dá origem à diversidade de substâncias e
compostos encontrados na natureza.
A ESTRUTURA
DA MATÉRIA
A matéria se organiza em diferentes estados físicos, como sólido,
líquido e gás, dependendo das interações entre suas partículas
constituintes. Os sólidos são caracterizados por uma estrutura
ordenada de átomos ou moléculas, os líquidos possuem uma
estrutura menos organizada e os gases possuem partículas que
se movem livremente e se distribuem pelo espaço.

A compreensão da estrutura da matéria é crucial em muitas


disciplinas científicas e tecnológicas. A química utiliza o
conhecimento da estrutura atômica e molecular para explicar
as propriedades das substâncias e as reações entre elas. A
física de materiais explora como diferentes arranjos de átomos
influenciam as propriedades dos materiais, e a nanotecnologia
manipula estruturas em escalas nanométricas para criar
materiais e dispositivos inovadores.
OS ÁTOMOS E A TABELA PERIÓDICA
A evolução do modelo atômico reflete o progresso da ciência e a busca incessante pela compreensão mais
profunda da natureza. Cada avanço abriu portas para novas descobertas e aplicações, transformando nossa
visão do mundo microscópico. Começando com a visão filosófica dos antigos gregos sobre a matéria,
passamos por uma série de modelos até chegar às complexas teorias modernas.

H O modelo atômico de Dalton, proposto no início do século XIX, considerava os átomos como
C esferas indivisíveis e idênticas. No entanto, a descoberta de partículas subatômicas, como elétrons,
O
prótons e nêutrons, no final do século XIX e início do século XX, abalou essa visão.
H
- -
O modelo de Thomson, conhecido como "modelo do pudim de passas", introduziu a ideia de que - -
+
os átomos consistiam em uma massa positiva com elétrons incrustados. - -
- -
- -
A concepção de Thomson para o átomo foi seguida pelo modelo de Rutherford, que propôs um
- + -
núcleo central denso e carregado positivamente, ao redor do qual os elétrons orbitavam.
- -
-
- -
O modelo de Bohr (1910), introduziu a ideia de órbitas eletrônicas quantizadas, onde os elétrons
poderiam ocupar níveis de energia específicos. Isso explicou muitos aspectos do espectro de +++
-
emissão dos átomos, mas era falho em explicar completamente o comportamento dos elétrons. - -

A verdadeira revolução veio com o modelo quântico, desenvolvido por volta da década de 1920
+++ (Schroedinger). Baseado na teoria quântica, esse modelo descreve os elétrons como ondas de
probabilidade em torno do núcleo, substituindo as órbitas definidas.
OS ÁTOMOS E A TABELA PERIÓDICA
Os elementos químicos se diferenciam entre si com base em suas propriedades atômicas únicas, que são
determinadas pelo número de partículas subatômicas que os constituem. Cada átomo tem um número
fixo de prótons, elétrons e nêutrons. O número de prótons é chamado de número atômico (Z), e ele define
o elemento químico de maneira exclusiva.

Os prótons e nêutrons, encontrados no núcleo dos átomos, tem massa praticamente


6

C
iguais: aproximadamente 1,0 u.m.a. (unidade de massa atômica). Já os elétrons, que
orbitam o núcleo, tem massa de apenas 0,0005 u.m.a. Daí, como consequência:

• Praticamente toda a massa dos átomos é concentrada no seu núcleo; e


• A massa de um átomo (número de massa) é aproximadamente igual à soma
dos prótons e nêutrons do elemento.
Carbono Representação:

C
Um átomo neutro possui número de elétrons (-) igual ao número de prótons (+). Dessa 12
12,011
forma, conhecendo o número de massa e o número atômico, podemos caracterizar o 6
átomo em termos de suas quantidades de partículas subatômicas.

* 1 unidade de
= 1,6605 x 10-24 g
O átomo de Cálcio (Ca) possui número atômico igual a 20 e massa atômica.
EXEMPLO: número de massa igual a 40,0 u.m.a. Quantas são as suas
partículas subatômicas (prótons, elétrons e nêutrons)?
OS ÁTOMOS E A TABELA PERIÓDICA
A forma com que os elétrons se distribuem na eletrosfera dos átomos é fundamental para entender as
propriedades e comportamentos químicos dos elementos. Os elétrons orbitam ao redor do núcleo, em
“camadas” ou níveis de energia.

Cada camada pode conter um número máximo de elétrons, que são


acomodados de acordo com padrões específicos (diagrama de Linus Pauling) P=6

N=4
K (1) 1 s² Até 2 elétrons L=2

L (2) 2 s² 2 p6 Até 8 elétrons


+++
M (3) 3 s² 3 p6 3 d10 Até 18 elétrons K=1
N (4) 4 s² 4 p6 4 d10 4 f14 Até 32 elétrons M=3
O=5
P (5) 5 s² 5 p6 5 d10 5 f14 Até 32 elétrons
Q=7
O (6) 6 s² 6 p6 6 d10 Até 18 elétrons

Q (7) 7 s² 7 p6 Até 8 elétrons

A camada mais externa do átomo é chamada de camada de valência. É com os elétrons


desta camada que são doados/compartilhados nas ligações entre átomos
OS ÁTOMOS E A TABELA PERIÓDICA
A Tabela Periódica organiza os elementos
em ordem crescente de número atômico.
Cada elemento é representado por um
símbolo único, muitas vezes derivado de
seu nome em latim ou grego. Essa
disposição sistemática revela padrões que
se repetem periodicamente, daí o nome
"Tabela Periódica".

Os elementos são agrupados em colunas


chamadas grupos e linhas horizontais
chamadas períodos. Os grupos têm
propriedades químicas semelhantes devido à
configuração eletrônica compartilhada,
enquanto os períodos indicam a quantidade
de níveis de energia nos átomos.

A Tabela Periódica é útil para prever comportamentos


químicos, propriedades físicas, tendências de reatividade
e até mesmo o peso atômico médio de cada elemento. Ela serve como base para entender a estrutura
da matéria, formação de compostos e desenvolvimento de novos materiais.
OS ÁTOMOS E A TABELA PERIÓDICA
Algumas das principais propriedades que
podem ser previstas são:

Raio Atômico
O raio atômico é a medida da metade da
distância entre os núcleos de dois átomos
vizinhos de um mesmo elemento.

+++ +++

r = d/2

No geral, o raio atômico tende a aumentar ao descer


um grupo (aumento da quantidade de camadas) e ao
avançar da direita para a esquerda em um período (o
número de camadas eletrônicas é o mesmo, mas a quantidade de elétrons vai aumentando da
esquerda para a direita e, com isso, a atração pelo núcleo aumenta, diminuindo o tamanho do átomo.
OS ÁTOMOS E A TABELA PERIÓDICA
Algumas das principais propriedades que
podem ser previstas são:

Eletronegatividade
A Eletronegatividade representa a
tendência que um átomo tem de atrair
elétrons para si.

Foi observado que, conforme o raio


aumenta, menor é a atração do núcleo
pelos elétrons das camadas mais distantes.
Por isso, a eletronegatividade aumenta no
sentido contrário ao aumento do raio
atômico: de baixo para cima e da esquerda
para a direita.

A Eletronegatividade é uma importante


propriedade para a compreensão da forma
como os átomos interagem entre si para fazer ligações e compor as moléculas.
OS ÁTOMOS E A TABELA PERIÓDICA
Algumas das principais propriedades que
podem ser previstas são:

Energia de ionização:
A Energia de Ionização é a energia mínima
necessária para remover um elétron de um
átomo ou íon no estado gasoso. Esse
elétron é sempre retirado da última
camada eletrônica, que é a mais externa
(camada de valência).

Quanto maior o raio atômico, mais afastados


do núcleo os elétrons da camada de valência
estarão, a força de atração entre eles será
menor e, consequentemente, menor será a
energia necessária para retirar esses
elétrons e vice-versa.

Por isso, a energia de ionização dos elementos químicos na Tabela Periódica também aumenta no sentido
contrário ao aumento do raio atômico, isto é, de baixo para cima e da esquerda para a direita.
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Os átomos interagem entre si de maneira única e complexa para formar moléculas, as unidades
fundamentais das substâncias químicas. Essa interação é impulsionada pela busca dos átomos
por maior estabilidade e pela obtenção de configurações eletrônicas mais estáveis.
+++
19
9 F
Li
7
A Regra do Octeto ou Teoria do Octeto estabelece que os átomos 3
devem possuir oito elétrons em sua camada de valência de modo a
adquirir estabilidade química +++

É através das Ligações Químicas que os átomos atingem a configuração de estabilidade.


LiF
As ligações químicas permitem que os átomos se agrupem em arranjos específicos, dando
origem a moléculas com propriedades únicas. Essas moléculas podem ser pequenas, como as moléculas diatômicas gasosas de
hidrogênio (H2) e oxigênio (O2), ou extremamente complexas, como as macromoléculas presentes nos organismos vivos.

A capacidade dos átomos de formar ligações químicas é o que dá origem à diversidade de compostos e substâncias no mundo.
As diferentes combinações de átomos, tipos de ligações e arranjos moleculares levam a uma gama variada de propriedades
físicas e químicas que caracterizam os materiais ao nosso redor.
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Iônica As ligações iônicas são interações químicas poderosas que ocorrem entre átomos com
diferenças significativas em suas eletronegatividades. Essas ligações resultam na formação
de íons, que são átomos ou grupos de átomos com carga elétrica devido à perda ou ganho
de elétrons.
LiF +++ Nas ligações iônicas, átomos com baixa energia de ionização (tendência a perder elétrons)
cedem um ou mais elétrons para átomos com alta afinidade eletrônica (tendência a ganhar
elétrons). Isso resulta na formação de íons positivos, chamados cátions, e íons negativos,
+++ F - chamados ânions.

A atração eletrostática entre os íons opostamente carregados mantém esses átomos unidos

Li + em uma estrutura sólida conhecida como composto iônico ou sal. Um exemplo clássico é o
fluoreto de lítio (LiF), onde um átomo de Lítio (Li) doa um elétron para um átomo de flúor
(F), formando íons Li+ e F-. Esses íons são mantidos juntos pela atração das cargas opostas.
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Iônica Os compostos formados por ligações iônicas possuem várias características distintas.
Algumas das principais características desses compostos são:

Os compostos iônicos têm uma estrutura cristalina

LiF
Cristalino e ordenada, na qual os íons positivos (cátions) e
+++ Ordenado
negativos (ânions) se alternam em um padrão
tridimensional repetitivo. Essa organização contribui
para a dureza e a fragilidade dos compostos.

+++ F -
Devido às fortes forças eletrostáticas entre os íons na estrutura, os
Alto Ponto de Fusão compostos iônicos têm pontos de fusão e ebulição geralmente elevados. É
Li + e Ebulição necessário fornecer uma quantidade significativa de energia para superar
essas forças e alterar o estado do composto.
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Iônica Os compostos formados por ligações iônicas possuem várias características distintas.
Algumas das principais características desses compostos são:

LiF
Enquanto no estado sólido os compostos iônicos são isolantes elétricos, quando
Condutividade
+++
dissolvidos em água ou fundidos, os íons podem se mover livremente e conduzir
Elétrica
eletricidade. Isso ocorre devido à mobilidade dos íons carregados.

+++ F - Dureza e
Fragilidade
São geralmente duros e quebradiços devido à rigidez da estrutura cristalina
e à força das ligações eletrostáticas. Qualquer movimento de íons pode
perturbar a organização cristalina, levando à quebra.

Li +
Propriedades Alguns compostos iônicos exibem cores vivas devido à presença de íons com
Coloridas elétrons desemparelhados que absorvem certas frequências de luz visível.
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Iônica As Fórmulas Químicas dos compostos iônicos mostram a proporção mais simples de
número inteiro entre cátions e ânions. Em um composto iônico, o número de cargas positivas
dos cátions deve ser igual ao número de cargas negativas dos ânions. Portanto, para prever
a fórmula de um composto iônico, é preciso conhecer as cargas dos íons envolvidos.
LiF +++
Deduzir as fórmulas para compostos iônicos formados a partir dos
Exemplo:
seguintes átomos:

+++ F -
17 Cl
35
Li
7

S
32
3

Mg
24 16

Li + 12
127
I 11 Na
23

53
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Covalente As ligações covalentes são interações químicas nas quais átomos compartilham elétrons
para alcançar maior estabilidade eletrônica. Essas ligações ocorrem entre átomos que têm
uma afinidade eletrônica semelhante, resultando em uma distribuição mais equilibrada de
elétrons ao redor dos núcleos.
Cl A quantidade de elétrons compartilhados varia, dando origem a ligações simples, duplas ou
+++
triplas, dependendo do número de pares de elétrons compartilhados. Uma característica
importante das ligações covalentes é que elas geralmente ocorrem entre átomos não
+++ metálicos, pois esses tendem a ter alta eletronegatividade.

Cl Os compostos covalentes têm uma ampla gama de propriedades, dependendo da natureza


dos átomos e das ligações presentes. Eles podem ser sólidos, líquidos ou gases à
Cl2 temperatura ambiente e podem variar em pontos de fusão e ebulição. Além disso, os
compostos covalentes geralmente não conduzem eletricidade em estado sólido ou em
solução aquosa, pois os elétrons estão fortemente ligados às moléculas.
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Covalente Existem dois principais tipos de ligações covalentes: ligações covalentes simples e ligações
covalentes dativas (ou coordenadas). Ambos os tipos envolvem o compartilhamento de
elétrons entre átomos, mas com algumas diferenças fundamentais:

Cl Duas ligações covalentes simples:

+++ Compartilhamento equitativo (ambos os


átomos contribuem com um elétron para
Um ligação covalente dativa. formar o par de elétrons compartilhado)
+++
Compartilhamento desigual (um S O
Cl átomo doador fornece o par de

O
elétrons compartilhados,

Cl2 enquanto o átomo receptor não


contribui com elétrons).
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Covalente As ligações covalentes são classificadas em duas categorias, apolares e polares,
dependendo da diferença de eletronegatividade entre os átomos ligados. Em uma ligação
apolar, os elétrons são igualmente compartilhados, enquanto nas ligações polares, o
compartilhamento ocorre de forma desigual, sendo que o átomo mais eletronegativo ganha
Cl uma fração maior dos elétrons compartilhados e adquire uma carga negativa parcial.
+++
Átomo de cloro é mais eletronegativo e atrai o elétron
com mais força que o Hidrogênio. O Cloro então fica
+++
Cl ligeiramente negativo e, em consequência, o Hidrogênio

Cl +++ fica carregado positivamente.


H
Cl2
+ 𝛿−
𝛿+

H Cl
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Metálica

As ligações metálicas são um tipo único de interação química que ocorre nos metais e em
suas ligas. Essas ligações são responsáveis pelas propriedades características dos metais,
+++ como a condutividade elétrica, a maleabilidade e o brilho metálico.

+++ Nas ligações metálicas, os átomos de metal compartilham seus elétrons mais externos,
+++ conhecidos como elétrons de valência, em uma "nuvem" eletrônica que se estende por
toda a estrutura. Essa nuvem de elétrons móveis não está rigidamente associada a
+++
átomos individuais, mas é livre para mover-se através da estrutura metálica. Isso cria
uma ligação não direcional e altamente móvel entre os átomos de metal.
Li
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Metálica
Devido à mobilidade dos elétrons, as ligações metálicas conferem aos metais várias
propriedades únicas:

Os elétrons móveis permitem que os metais conduzam eletricidade com


Condutividade
+++ Elétrica facilidade. Quando uma diferença de potencial é aplicada, os elétrons livres
podem mover-se sob a influência do campo elétrico.
+++
+++ Da mesma forma, a mobilidade dos elétrons também permite uma alta
Condutividade
condutividade térmica nos metais, à medida que os elétrons transferem
Térmica
+++ energia cinética térmica rapidamente.

Li Maleabilidade e
A capacidade dos átomos em um metal de mover-se facilmente permite que
os metais sejam maleáveis (capazes de serem moldados) e dúcteis (capazes
Ductilidade de serem esticados em fios).
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
Existem três tipos principais de ligações:

Ligação Metálica
Devido à mobilidade dos elétrons, as ligações metálicas conferem aos metais várias
propriedades únicas:

A liberdade dos elétrons na nuvem eletrônica permite que os metais reflitam a


Brilho Metálico
+++ luz incidente de forma altamente eficiente, dando-lhes seu brilho característico.

+++ A facilidade com que os átomos metálicos podem se mover e se misturar


+++ Ligas Metálicas também permite a formação de ligas, misturas de diferentes metais, com

+++ propriedades específicas.

Li
AS LIGAÇÕES QUÍMICAS
E AS MOLÉCULAS
A massa molecular (a massa de 1 molécula) corresponde à soma das massas atômicas de todos os átomos que
compõe uma dada molécula, independentemente do tipo de ligação envolvidas em sua formação.

F mO3 = mO + mO + mO = 3xmO
mCl2 = mCl + mCl = 2xmCl +++
mO3 = 3x16,00 = 48,00u.m.a
mCl2 = 2x35,45 = 70,90u.m.a Li+
+++
O +++
Cl
+++
mLiF = mLi + mF +++ O
+++ mLiF = 6,94 + 19,00 +++

Cl mLiF = 25,94u.m.a O
Cl2
FORÇAS
INTERMOLECULARES
Cl As forças intermoleculares desempenham um papel crucial na determinação dos estados físicos da
+++ matéria, ou seja, se uma substância será um sólido, líquido ou gás em uma determinada temperatura
e pressão. A intensidade e a natureza das forças intermoleculares influenciam diretamente como as
+
moléculas interagem entre si, afetando as propriedades físicas das substâncias.
𝛿− 𝛿+ H Nos sólidos, as forças intermoleculares são fortes o suficiente para manter as moléculas ou íons
próximos e organizados em uma estrutura rígida. Isso resulta em uma estrutura cristalina, na qual as
𝛿+ moléculas têm vibrações limitadas e não possuem mobilidade significativa.
𝛿−

H +
Cl Nos líquidos, as forças intermoleculares são mais fracas do que nos sólidos, permitindo que as
moléculas tenham maior mobilidade e vibração. No entanto, ainda há atrações suficientes para
+++ manter as moléculas próximas o suficiente para formar um líquido coeso. A intensidade das forças
intermoleculares influencia a viscosidade, tensão superficial e outros comportamentos dos líquidos.

Nos gases, as forças intermoleculares são ainda mais fracas, permitindo que as moléculas estejam
separadas por distâncias maiores e tenham liberdade de movimento quase total. A energia cinética
das moléculas é grande o suficiente para superar as interações intermoleculares, levando a uma
compressibilidade muito maior e à expansão para preencher um espaço disponível.
FORÇAS
INTERMOLECULARES
Cl
+++ Forças Dipolo-Dipolo (ou Dipolo Permanente)
+ As forças intermoleculares do tipo dipolo permanente, também conhecidas como forças dipolo-
dipolo, são interações atrativas que ocorrem entre moléculas polares. (distribuição desigual de
𝛿− 𝛿+ H carga elétrica devido a diferenças na eletronegatividade dos átomos envolvidos na ligação).

Quando moléculas polares se aproximam, as regiões positivas de uma molécula atraem as regiões
𝛿+ 𝛿− negativas de outra molécula, formando uma ligação dipolo-dipolo. Essa interação fortalece as
forças intermoleculares e contribui para a coesão das substâncias em estados líquido e sólido.
H +
Cl
+++
Pontes de Hidrogênio
As pontes de Hidrogênio são um tipo específico (e mais forte) e interações Dipolo-Dipolo,
caracterizado pela alta diferença de eletronegatividade entre o polo positivo (Hidrogênio) e
outro átomo com elevada eletronegatividade (por exemplo, Flúor, Oxigênio e o Nitrogênio).
Como são interações mais fortes, as substâncias onde ocorrem as pontes de hidrogênio são,
geralmente, líquidos pouco voláteis (requerem mais energia para separar as moléculas).
FORÇAS
INTERMOLECULARES
Cl
+++ Forças Dipolo-Induzido (ou Forças de Vander Waals
+ ou Forças de dispersão de London)

𝛿− 𝛿+ H As forças intermoleculares do tipo Van der Waals, também conhecidas como forças de
dispersão de London, são interações fracas que ocorrem entre todas as moléculas, sejam elas
polares ou apolares. Essas forças são resultado de flutuações temporárias na distribuição
𝛿+ eletrônica de uma molécula, criando dipolos instantâneos.
𝛿−

H +
Cl Mesmo em moléculas apolares, como gases nobres ou hidrocarbonetos, as nuvens eletrônicas
podem se concentrar temporariamente em uma região da molécula, criando um dipolo
+++ instantâneo. Essa mudança transitória na carga induz dipolos em moléculas vizinhas, resultando
em uma atração temporária conhecida como força de London.

A natureza fraca das forças de Van der Waals, geralmente leva a substância a permanecer no
estado gasoso, nas condições ambientais normais. A maioria das substâncias diatômicas simples
(H2, O2 Cl2 etc.), por resultarem em moléculas apolares, interagem entre si na forma de Forças
de Vander Waals e, por isso, apresentam-se na forma gasosa..
CONCENTRAÇÃO
E PUREZA
Em ciências e nas Engenharias existe uma necessidade intrínseca de quantificar as
substâncias químicas para, por exemplo, estudar proporções em que materiais são
misturados para formar novos materiais.

Uma dessas medidas fundamentais é a Quantidade de Matéria, que expressa a


quantidade de entidades elementares (átomos, moléculas ou íons) presentes em
uma amostra de substância. A unidade padrão para medir essa quantidade é o mol.

1 mol --> 6,022 x 1023 unidades elementares


Número de Avogadro

Ou seja, 1 mol de uma substância qualquer possui 6,022 x 1023 moléculas dessa
substância; 1 mol de átomos de um elemento qualquer possui 6,022 x 1023 átomos
desse elemento etc.

Dessa forma, a massa contida em 1 mol de uma


substância (soma de todas as 6,022 x 1023 𝐌𝐀𝐒𝐒𝐀 g
𝐧=
moléculas) corresponde a sua massa molecular, mol 𝐌𝐀𝐒𝐒𝐀 𝐌𝐎𝐋𝐄𝐂𝐔𝐋𝐀𝐑 g/mol

em gramas. Daí, para calcular a quantidade de


matéria (ou número de mols), n, utilizamos:
CONCENTRAÇÃO
E PUREZA
O teor de pureza das substâncias encontradas na natureza pode variar
significativamente, refletindo a complexidade e diversidade das fontes naturais.
Raramente encontramos substâncias completamente puras em seu estado natural,
devido à interação com outros componentes presentes no ambiente. Esse teor de
pureza pode afetar a utilidade e a segurança de substâncias para diferentes
aplicações.

A avaliação e a garantia do teor de pureza são essenciais em diversas áreas,


incluindo a engenharia, a indústria farmacêutica, alimentícia e química. Em muitos
casos, é necessário purificar substâncias naturais para obter produtos com
qualidade e eficácia consistentes. Isso envolve técnicas como destilação, filtração,
cromatografia e cristalização.

Do ponto de vista das substâncias puras, até a água pode ser citada “impureza”.
Muitas vezes, para fazer uso seguro e racional de uma substância, é necessário
determinar o seu teor de umidade ou o seu grau de hidratação.

CuSO4 + xH2O CuSO4 . xH2O


Sulfato de Cobre úmido Sulfato de Cobre hidratado
CONCENTRAÇÃO
E PUREZA
Um método analítico bastante usado para determinar o teor de umidade e/ou o grau
de hidratação de espécies químicas é a Gravimetria por Volatilização.

É uma técnica analítica utilizada para determinar a quantidade de um analito em


uma amostra através da medida do seu peso antes e depois da remoção de
componentes voláteis (que evaporam facilmente). O analito (substância que está
sob análise) é isolado dos demais constituintes da amostra pela conversão a um
gás de composição química definida. A diferença de massa da amostra antes e
após o aquecimento é relacionada à concentração do analito.

PESAGEM DA SECAGEM/
PREPARO AMOSTRA ÚMIDA CALCINAÇÃO

PESAGEM DA
AMOSTRA SECA CÁLCULOS
CONCENTRAÇÃO
E PUREZA CÁLCULOS

Um método analítico bastante usado para determinar o teor de umidade e/ou o grau
de hidratação de espécies químicas é a Gravimetria por Volatilização.

Primeiro deve-se preparar o recipiente onde a análise será feita,


geralmente um Béquer ou Cadinho. Esse recipiente deve passar
PREPARO por secagem prévia e, em seguida, pesado em balança analítica
para que possamos conhecer sua massa exata (a).

PESAGEM DA Após conhecer a massa exata do recipiente, deve-se pesar, dentro dele,
AMOSTRA uma alíquota de massa conhecida da amostra úmida/hidratada.

ÚMIDA Conheceremos a massa no recipiente + amostra úmida (b).

Após pesar a amostra dentro do recipiente de análise, deve-se


SECAGEM/ proceder a secagem (até 105ºC) em estufa ou calcinação (acima de

CALCINAÇÃO 500ºC) na mufla, para remoção de toda a água da amostra (até q a


massa do sistema permaneça constante.

Após secagem, o recipiente agora com a amostra desidratada é


PESAGEM DA
novamente pesado para que conheçamos a massa no recipiente + amostra
AMOSTRA SECA desidratada (c) e, por subtração de “a”, a massa de água perdida (d).
CONCENTRAÇÃO
E PUREZA
Exemplo:
Ao realizar uma determinação gravimétrica por volatilização no laboratório, um
Engenheiro realizou as seguintes anotações no seu caderno de laboratório:
• Massa de um béquer previamente seco obtendo um valor de 52,0000 g.
• Massa do conjunto béquer + amostra de Na2CO3.xH2O (antes de secar em
estufa a 120 ºC) = 53,8786 g.
• Massa (horária) do conjunto béquer + amostra de Na2CO3.xH2O (após secar
em estufa a 120 ºC):

• 1ª Pesagem: 53,6432 g
• 2ª Pesagem: 53,5775 g
• 3ª Pesagem: 53,4986 g
• 4ª Pesagem: 53,4022 g
• 5ª Pesagem: 53,4022 g

Com base nas anotações do estudante, determine o valor do grau de hidratação


(x) do carbonato de sódio.
CONCENTRAÇÃO
E PUREZA
Exemplo:
De acordo com as anotações do Engenheiro, a amostra levou 4 horas para
atingir peso constante, ou seja, para perder seus constituintes voláteis, no caso,
a água.
Primeiro, tem-se que a amostra era de:

53,8786 − 52,0000 = 𝟏, 𝟖𝟕𝟖𝟔𝐠


Béquer + amostra Béquer Amostra

Procedida as 4 horas de secagem, a quantidade de água evaporada foi de:

53,4022 − 52,0000 = 𝟏, 𝟒𝟎𝟐𝟐𝐠 → 𝟎, 𝟒𝟕𝟔𝟒𝐠


Béquer +
Amostra seca Béquer Na2CO3 “puro” Água evaporada

Daí, o grau de hidratação (x) pode ser calculado através a fórmula química dos
compostos envolvidos:
mH2 O 0,4764g
nH2 O MMH2 O 18,0000 g/mol
x=
nNa2 CO3
= m
Na2 CO3
=
1,4022 g
= 𝟐, 𝟎𝟎𝟎𝟓 Na2CO3.2H2O
MMNa2 CO3 105,9888g/mol
SOLUÇÕES, COLÓIDES E
SUSPENSÕES
Uma vez que as substâncias raramente são encontradas “puras” na natureza, elas costumam apresentar-se combinadas com
outros materiais. Por exemplo, praticamente não encontramos rochas grandes e maciças de ouro “puro” em seu estado
natural, é mais comum encontrarmos diminutas pepitas espalhadas por grandes volumes de terra, ou seja, junto com o ouro
também são encontradas uma série de outras substancias: sílica (areia), óxidos de ferro etc. Ou seja, as substâncias são
encontradas na forma de misturas.

Do ponto de vista da química, uma Mistura (ou Dispersão)


é uma combinação física de duas ou mais substâncias SOLUÇÕES
diferentes, onde cada uma mantém suas propriedades
individuais e não ocorre uma reação química entre elas. As
substâncias que compõem a mistura são chamadas de DISPERSÃO COLÓIDES
componentes da mistura. As misturas podem variar em
homogeneidade, o que significa a uniformidade na SUSPENSÕES
distribuição das substâncias componentes
Tamanho do disperso
SOLUÇÕES, COLÓIDES E
SUSPENSÕES
DISPERSÕES

SOLUÇÕES 1,0 nm
COLÓIDES 1000 nm
SUSPENSÕES
Tamanho do disperso
Misturas Dispersões Misturas
Homogêneas Coloidais Heterogêneas
(fase única) (duas fases) (duas fases)
Água com Açúcar Gelatina Água com areia
SOLUÇÕES, COLÓIDES E
SUSPENSÕES
Costumamos caracterizar quantitativamente uma mistura através da relação entre a quantidade de disperso e quantidade do
dispersante. Essas relações são chamadas de Concentração em Massa ou Concentração em Quantidade de Matéria.

𝐌𝐀𝐒𝐒𝐀 𝐃𝐎 𝐃𝐈𝐒𝐏𝐄𝐑𝐒𝐎
𝐂𝐨𝐧𝐜𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚𝐜𝐚𝐨 𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐬𝐬𝐚 𝐂 =
𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐃𝐄 𝐌𝐈𝐒𝐓𝐔𝐑𝐀 Se a mistura for sólida, essa
Quantidade é a massa. Se a mistura
𝐍Ú𝐌𝐄𝐑𝐎 𝐃𝐄 𝐦𝐨𝐥𝐬 𝐃𝐎 𝐃𝐈𝐒𝐏𝐄𝐑𝐒𝐎 for um líquido ou gás, é mais comum
𝐂𝐨𝐧𝐜𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚𝐜𝐚𝐨 𝐞𝐦 𝐐𝐭𝐝𝐝 𝐝𝐞 𝐌𝐚𝐭é𝐫𝐢𝐚 𝐌 = utilizar o volume.
𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐃𝐄 𝐌𝐈𝐒𝐓𝐔𝐑𝐀
Também é possível (e mais usual para alguns fins, como na caracterização de ligas metálicas) expressar a concentração em
termos percentuais (conhecida como fração ou teor) em relação a quantidade total de mistura:

𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐏𝐎𝐍𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐗
𝐅𝐫𝐚𝐜𝐚𝐨 𝐝𝐞 𝐗 %𝐗 =
𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐃𝐄 𝐌𝐈𝐒𝐓𝐔𝐑𝐀 A fração pode ser tomada tanto em termos
de massa quanto em termos de volume.
EXPERIMENTAÇÃO E DESAFIOS EM ENGENHARIA

CARACTERIZAÇÃO
QUÍMICA
PROF. Me CRISTIANO RÉGIS F. de BRITO

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