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ESPAÇOS PÚBLICO-

PRIVADOS NA
ARQUITETURA E NO
URBANISMO
PUBLICADO EM ARQUITETURA POR EDGARD GEORGES

Espaços público-privados, o interesse social versus o


privado, integração, áreas verdes e a ocupação urbana.

Numa cidade como São Paulo, onde o adensamento


urbano acontece de forma atabalhoada - pouco ou nada
disciplinado, sem planejamento eficaz - e o interesse
financeiro do setor imobiliário dita as "regras" na prática,
espaços públicos de qualidade rareiam.

Um espaço de qualidade que é sempre lembrado, com


muita justiça diga-se, é o conhecido Conjunto Nacional na
Avenida Paulista. Jamais esquecendo-se de que ele é
também residencial, os serviços ali encontrados no
espaço comercial convivem com excelentes
equipamentos culturais, como cinemas, livrarias e espaço
comum que é sempre destinado a eventos diversos e
exposições temporárias... e esse é um projeto dos anos
1950!

Conjunto Nacional, São Paulo - fotos de Guilherme


Coelho e Paulo Takimoto
Operações urbanas, o chamado espaço público-privado
nasce geralmente do interesse específico de uma
empresa em construir fora dos padrões e regras ditadas
pelo Plano Diretor da cidade. Para tal, esta empresa ou
organização oferece uma contrapartida para um uso
misto do espaço a ser projetado e compartilhado com o
público.

Autores desconhecidos, fonte: internet

Muito antes de se ouvir falar em parcerias público-


privadas, as conhecidas PPP, o Banco Itaú e a prefeitura
do município firmaram um acordo arrojado, numa das
mais belas obras de arquitetura contemporânea
integrada a um refinado paisagismo, a Praça Alfredo
Egydio de Souza Aranha e o Centro Empresarial Itaú
Conceição, localizado junto à estação homônima do
Metrô de São Paulo.
Nesta bela solução projetual, a magnífica praça liga uma
avenida principal à uma rua secundária localizada em
nível inferior, através de terraços verdes em níveis, em
meio à esculturas e obras de arte.

Neste nível inferior, temos um maravilhoso parque


situado ao lado deste complexo, que foi a residência de
Lina e Paulo Raia, e que emprestam seus nomes ao local. E
tudo isso se dá em meio a uma propriedade privada, e que
tem o seu uso compartilhado com o público, que pode
desfrutar de um incomum e bem vindo oásis moderno,
permeado de espécies nativas e exóticas, cuja
manutenção de todo este espaço é muito bem executada
a cargo da empresa.

A felicidade deste projeto reside nesta integração quase


perfeita entre esses dois níveis, que se dá por meio de
uma escadaria para o público (talvez o único 'defeito' do
projeto, considerando ser dos anos 1980), e por rampas
internas e privativas para os funcionários do
conglomerado.

Do árido asfalto da avenida principal à rua secundária em


nível inferior, esta transição se dá de forma suave pela
inserção do verde e de espelhos d'água, numa felicíssima
e agradável integração.
Espaços extremamente democráticos, que integram
transportes coletivos e empresa, o público e o espaço
verde com qualidade ímpar, apenas comparável a países
mais desenvolvidos para este tipo de empreendimento.

Não existem 'pecados' numa associação como essa, muito


pelo contrário! Soluções de qualidade deste tipo, essas
sim servem de exemplo daquilo que a cidade deveria
buscar incessantemente, dada a extrema carência de
áreas verdes para o público. Todos ganham num
empreendimento assim!

Tornar a cidade um pouco mais humana e habitável, estes


são caminhos que deveriam ser amplamente estimulados
e seguidos.

Todas as fotos de autoria de Edgard Georges El Khouri,


copyright ®elkhouri, exceto aquelas indicadas

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