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Largos, Pátios
Publicado em 12/03/2010 por Helena Degreas
Esse post tem por objetivo apresentar de forma sistematizada uma visão do estado de arte
das praças brasileiras desde a sua origem até o início dos anos 2000. O material utilizado foi
produzido ao longo de 7 anos de estudos do grupo QUAPA – Quadro do Paisagismo no
Brasil, liderado pelo Prof. Dr. Silvio Soares Macedo e desenvolvido no Laboratório da
Paisagem da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo entre
1994 e 2001.
Várias são as definições para o termo praça. Mesmo havendo divergências entre autores, a
praça é caracterizada como um espaço público destinado à con-vivênica de seus cidadãos,
contextualizado em ambiente urbano e que se encontra livre de edificações.
Para os gregos, a ágora era o espaço livre público por excelência, local onde o exercício da
cidadania se materializava representando o espírito de coletividade da população.
A Ágora grega era o espaço público aberto da antiguidade clássica onde se praticava a
democracia direta ou ainda, o lugar por excelência do debate das idéias, dos tribunis
populares e onde eram discutidos os negócios e decididos os rumos da cidade. Por meio de
assembléias e com direito igual a voto, aqueles considerados cidadãos eram ouvidos.
Tratava-se de um espaço delimitado por edificações diversas de caráter público e Stoas, ou
ainda, conjunto de pórticos ou colunatas abertos ao público onde o mercadores em feiras
livres podiam comercializar seus produtos. Da ágora, era possível avistar a acrópole, ou
ainda, o ponto mais alto da cidade (do grego ἀκρόπολις, composto de ἄκρος, “extremo,
alto”, e πόλις, “cidade”). Nesse lugar, eram construídos os templos aos deuses como o
Parthenon em Atenas ou ainda os palácios.
Para os romanos, o Fórum era constituído por um espaço livre público central onde
ocorriam as relações sociais, as atividades comerciais, religiosas e de mercado da
comunidade.
Forum romano
(imagem: http://migre.me/me7n)
O fórum romano era o centro comercial da Roma imperial. Nele localizavam-se as lojas,
praças de mercado e locais para assembleias dos civitas ou ainda, cidadãos. Diferentemente
da Ágora grega, o fórum era configurado por imponentes edifícios públicos que
representavam a monumentalidade do Estado. As discussões políticas aconteciam não nas
praças abertas, mas no interior dos edifícios.
Origens
“Reunir-se: fazer-se público de sua presença, exibir pompa, ver homens e mulheres bem-
vestidos e bonitos, contar e ouvir as novidades, assistir a apresentações musicais, mostrar
filhas na busca de maridos, homens finos admirando e fazendo corte a cortesãs. Os jogos
sociais e sexuais – com a tácita concordância entre seus praticantes – o plaisir de la promenade,
tinha uma palco magnífico nos jardins público.” Hugo Segawa.
Em seus estudos sobre praças contemporâneas, Macedo (2002) considera duas premissas
básicas para conceituar tais espaços: uso e acessibilidade, conceituando-os como espaços
livres urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e
livres de veículos. Lembramos que os estudos foram elaborados a partir das praças nas
cidades contemporâneas brasileiras. Ainda assim, essa tipologia mantém o caráter de
sociabilidade que é intrínseco às funções da praça descartando-se alguns logradouros
públicos enquadrados como tal e que nada mais são do que canteiros centrais, rotatórias,
restos de sistemas viários gramados não oferecendo condições mínimas adequadas ao
exercício do lazer ou acessibilidade da população. Tal fato se deve à necessidade de muitos
órgãos públicos municipais de ampliar quantitativamente o número dos seus espaços
públicos e de lazer perante a comunidade.
Os primeiros espaços livres públicos urbanos surgiram no entorno das Igrejas. Ao seu
redor, foram construídos os edifícios públicos, palacetes e comércio servindo como local de
convivência coletiva da comunidade. Murilo Marx afirma que a praça deve a sua existência
sobretudo aos adros das Igrejas, onde serviu como espaço para reunião de pessoas e para
um conjunto de atividades diferentes, caracterizando-se de forma bastante típica e
marcante.
A praça como a conhecemos hoje, sempre foi o local para reunião de gente e para o exerício
da vida pública destacando em frente aos edifícios públicos, igrjeas ou conventos
destacando-se na paisagem urbana.
” Na cidade, os pátios são espaços livres públicos definidos a partir de uma igreja ou outro elemento
arquitetônico expressivo, além do casario antigo aos quais dá acesso, quase sempre pavimentados e
exercendo a função de respiradouros, de propiciadores do encontro social e eventualmente destinados
a atividades lúdicas temporárias.”
SÁ CARNEIRO, Ana Rita, MESQUITA, Liana de Barros (orgs.). Espaços livres do Recife.
Recife: Prefeitura da Cidade do Recife/UFPE, 2000, p. 29.
Largos
“São espaços livres públicos definidos a partir de um equipamento geralmente comercial,
com o fim de valorizar ou complementar alguma edificação como mercado público,
podendo também ser destinados a atividades lúdicas temporárias.”
SÁ CARNEIRO, Ana Rita, MESQUITA, Liana de Barros (orgs.). Espaços livres do Recife.
Recife: Prefeitura da Cidade do Recife/UFPE, 2000, p. 29.
Adros
Os adros são as áreas externas, cercadas ou não, de edificações religiosas que geram espaços
contíguos bastante característicos. Tem caráter público e agregador social, dervindo ainda
hoje para a realização de procissões e festas religiosas, feiras e mercado livre ou ainda
espaço de lazer da população.
Referências Bibliográficas
Gomes, Marcos Antônio Silvestre. De Largo a Jardim: praças públicas no Brasil – algumas
aproximações.
Disponível em: http://migre.me/nP9H . Acesso: 12.03.2010 18:25:15
MACEDO, S. S.(Coord.).Introdução a um quadro do paisagismo no Brasil. São Paulo:
Projeto Quapá, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 1998.
MARX, M. Cidade Brasileira. São Paulo: Melhoramentos: Editora da Universidadede São
Paulo, 1980.
ROBBA, F; MACEDO, S. S. Praças Brasileiras. (public squares in Brazil). São Paulo: Edusp:
Imprensa oficial do Estado. 2002, 312p.
SEGAWA, H. Ao amor do público: jardins no Brasil. São Paulo: Studio Nobel:Fapesp, 1996.
Fonte de referência: acervo QUAPA, QUAPASEL
Revistas Paisagem & Ambiente: ensaios (coleção QUAPASEL)
MACEDO, Silvio Soares e ROBBA, Fábio; Praças Brasileiras; São Paulo: Edusp, 2002, ISBN
85-314-0656-0
Para você aluno: vale à pena pesquisar nesses dois links pois eles contém mais de duas
centenas de projetos de paisagismo distribuídos em todo o país.
http://winweb.redealuno.usp.br/quapa/
http://winweb.redealuno.usp.br/quapa/busca.asp