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06/06/2021 Disciplina Portal

Teoria e história das cidades

Aula 1 - Cidade
INTRODUÇÃO

Todos os dias, você acorda em sua casa, veste-se e alimenta-se para começar um novo dia, certo?

Se for um dia útil, você provavelmente cruzará a porta de casa, que pode estar em um lote único ou em um
condomínio, em um edifício de vários pavimentos ou, ainda, em meio a uma comunidade (construção informal).

Entre sua casa e a rua, deveria haver uma calçada, correto? De todo modo, você se deslocará para a universidade ou
para o trabalho – que também está localizada(o) em uma edificação, em uma rua ou avenida – a pé ou utilizando
algum meio de transporte (público ou particular).

O conjunto de todas essas construções, vias de locomoção e de todos esses espaços forma o que chamamos de
cidade: o lugar onde nascemos, vivemos e morremos.

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A narração que fizemos aqui corresponde ao cotidiano de 86% da população brasileira e de mais da metade da
população mundial.

Em seu percurso acadêmico, você já deve ter aprendido que a humanidade produz edificações para abrigar as
funções primárias de descanso, trabalho e lazer, assim como equipamentos para o culto e a cultura. A isso
chamamos de arquitetura.

No entanto, a vida humana é um evento coletivo. As maiores representações dessa coletividade são os
agrupamentos humanos (as cidades), formados para possibilitar a troca de produtos, de serviços e de ideias.

Nesta aula, vamos debater sobre o conceito de cidade para apresentar a você um campo do conhecimento que
também é uma grande área de atuação profissional: o urbanismo.

OBJETIVOS

Listar definições diversas de cidade;

Identificar o urbanismo como o estudo da cidade;

Reconhecer as diferentes escalas do projeto de arquitetura e urbanismo.

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ATIVIDADE 1
Vamos começar esta aula com uma atividade!

Observe, ao longo de um dia de estudo ou trabalho (ou ambos):

As edificações que você frequentou – casa, escritório, lanchonete etc.;


Os meios de transporte que utilizou – ônibus, metrô, bicicleta, automóvel etc.;
Os espaços públicos em que caminhou – ruas, praças, parques etc.;
Os equipamentos mais importantes que viu em seu percurso diário – sedes de agências do governo, espaços
culturais, templos etc.

Em seguida, faça um breve comentário sobre cada item observado, indicando se aquele espaço ou se determinada
construção é:

Significativo(a) do ponto de vista arquitetônico;


Agradável;
Adequado(a);
Bem conservado(a);
Importante sob a perspectiva histórica.

Lembre-se de justificar sua resposta.

Resposta Correta
DEFINIÇÕES DIVERSAS

Ao realizar a atividade anterior, você percebeu que todos os elementos observados formam o espaço urbano?

A princípio, podemos dizer que a cidade é o conjunto de espaços que abrigam as funções do cotidiano humano –
como morar, trabalhar e
divertir-se – e que propiciam a troca de produtos, serviços e de ideias.

Esses espaços são construídos na forma de:

• Casas e lojas; • Diferentes instituições • Logradouros (glossário) – ruas,


– sedes de governo, avenidas, praças, parques etc.
teatros, templos,
universidades etc.;

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Entretanto, distintos pensadores criaram diversas definições de cidade a partir da característica que cada um
gostaria de enfatizar.

Vamos conhecer algumas delas e seus respectivos autores:

ARISTÓTELES
Conforme cita Sitte (1992, p. 14), o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) já dizia que:
“Uma cidade deve ser construída para tornar o homem, ao mesmo tempo, seguro e feliz”.

LEWIS MUMFORD
Já Mumford (1991) – grande intelectual norte-americano – descrevia a cidade como:
“[...] uma configuração especial direcionada à criação de oportunidades diferenciadas para uma vida comunitária e um
significativo drama coletivo”.
Para o historiador (MUMFORD, 1991), a cidade é o “teatro da atividade social”, pois “suas necessidades são definidas pelas
oportunidades que ela oferece aos diferentes grupos sociais”.

RICHARD LEGATES
De acordo com Legates (2003, p. 94, tradução livre):
“[...] o conjunto de edifícios e espaços unificados que se identificam como o lugar da cidade torna-se um símbolo de unificação
social de uma comunidade”.

CLASSIFICAÇÕES

A cidade pode ser classificada como:

Fenômeno geográfico

Por definição, não é possível considerá-las um acidente geográfico, mas é verdade que,
invariavelmente, a origem das cidades e seu desenvolvimento estão ligados diretamente a
sua localização: próximo a um curso de água, em um vale ou em uma encosta protegidos,
mas também no topo de um monte que se destaca na paisagem.

Posto de troca comercial

Para alguns autores, a origem do que hoje chamamos de cidade está relacionada à criação
de um espaço que permite a troca dos bens produzidos por um indivíduo pelos bens ou
serviços que podem ser fornecidos por outro indivíduo ou por outra instituição.

Desse ponto de vista histórico, os primeiros assentamentos humanos eram postos de troca
do excedente de produção de um proprietário de terra para outro, de uma região para a
outra, de um produto por um serviço.

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Por isso, de acordo com Nunes-Ferreira (2014), as cidades de ontem e de hoje se


assemelham por estarem em cruzamentos comerciais. Atualmente, esses cruzamentos de
produtos e serviços não podem mais ser entendidos apenas em seu sentido físico – como
portos e aeroportos ou estradas que se interligam –, mas também como interconexões
transnacionais, propiciadas pela globalização econômica e pelas novas Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs).

Símbolo cultural

Dos primeiros assentamentos humanos às megacidades atuais, as cidades se tornaram um


símbolo cultural, pois, ali, concentram-se, invariavelmente, os equipamentos de produção e
transmissão da cultura de determinado grupo.

Exemplos

Teatros;
Cinemas;
Auditórios;
Casas de espetáculos;
Bibliotecas etc.

Nas palavras de Coelho (2008, p. 9):

“[...] a cidade é a primeira e decisiva esfera cultural do ser humano”.

Centro de poder

Há diferentes visões históricas sobre a função original da cidade. De acordo com alguns
historiadores, para além do local destinado ao comércio ou à cultura, a cidade é um lugar de
concentração de poder.

Por isso, ela abriga as edificações, que, por sua posição de destaque e monumentalidade,
representam os valores de determinada sociedade e indicam quem detém a autoridade sobre
aquela população.

Este era o caso das catedrais medievais, assim como ainda é o caso dos prédios públicos
governamentais e das altíssimas torres corporativas.

Muitos palácios também eram localizados, senão no centro, na periferia de algumas


concentrações urbanas.

ATENÇÃO!

Mattoso (1992, p. 15) reconhece o protagonismo político como o fator predominante do


desenvolvimento das cidades. Em seus termos:

“As próprias funções econômicas da cidade e o fenômeno de concentração populacional [...]


parecem resultar das suas funções políticas, e não o contrário. A fixação do chefe de um
território no seu centro implica que reúna à sua volta os seus auxiliares administrativos e o
seu séquito militar, os seus servidores e os agentes de abastecimento, os produtores de
alimentos, do vestuário, das armas e dos objetos de luxo. Precisa de tudo isso para subsistir
e para manter sua autoridade. A concentração de gente exigida pela implantação espacial do

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poder, por sua vez, atrai os produtores e os comerciantes que os abastecem [...]. A
abundância dos recursos que aí se acumulam [...] atrai os pobres e os marginais. Por outro
lado, [...] os detentores da autoridade [...] ostentam os sinais de sua permanência: [...]
constroem os palácios, templos ou muralhas que exprimem, pela sua monumentalidade, a
permanência e a solidez do poder”.

Obra de arte

Alguns autores – especialmente arquitetos – enfatizam os aspectos artísticos da cidade


enquanto construção humana coletiva.

Sitte (1992), por exemplo, recorre às cidades antigas para compreender a relação entre
edifícios e monumentos, seus vazios e suas dimensões, os fluxos de pessoas e de veículos.

O arquiteto e historiador propõe, assim, o valor estético da cidade aliado às questões


funcionais, sempre considerando a arte como seu princípio norteador. Nesse sentido, a
cidade é uma grande obra de arte coletiva.

Estado de espírito

Existe, ainda, a ideia de que a cidade reflete um certo estado de espírito, pela reunião de
pessoas de uma cultura específica e de espaços que propiciam determinado tipo de
comportamento.

CIDADE COMO ESTADO DE ESPÍRITO

Como definiu o sociólogo norte-americano Robert Erza Park (1864-1964) ([s.d.] apud VELHO, 1967, p. 25, grifo nosso):

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O estado de espírito mencionado por Park pode ser fruto de uma época, de uma atividade econômica ou mesmo de
uma percepção que se tenha de uma cidade.

Afinal, tanto os edifícios quanto as experiências vividas em determinado lugar criam o que chamamos de imaginário,
ou seja, um conjunto de símbolos, conceitos, memória e imaginação de um grupo de indivíduos.

De certo modo, o imaginário de uma cidade a faz ser o que é, pois fundamenta uma série de representações que, por
sua vez, inspiram as narrativas de habitantes e visitantes. Nesse sentido:

A cidade é uma narrativa de diferentes representações, assim como a representação de diferentes narrativas.

Como aponta Maffesoli (2001, p. 80), o imaginário é determinado pela ideia de fazermos parte de algo: partilhamos
uma filosofia de vida, uma linguagem, uma atmosfera, uma ideia de mundo, uma visão dos fatos.

ASPECTO CIVILIZATÓRIO

Na própria origem da palavra – do Já a polis (glossário) grega é a


latim civitas (glossário) –, cidade formada pelos cidadãos.
encontramos a relação entre Por isso, consideramos cidadão
cidade e civilidade. aquele indivíduo que convive em
sociedade e exerce seus direitos e
deveres por meio da política.

Civil é a relação entre cidadãos e aquilo que não tem caráter militar ou religioso. O espaço urbano é, portanto, o
cenário principal da civilidade, e a cidade é o berço da civilização.

Afinal, como nos lembra Pesavento (2007):

“[...] as cidades fascinam [...] porque se encontram na origem daquilo que estabelecemos como os indícios do
florescer de uma civilização – a agricultura, a roda, a escrita, os primeiros assentamentos urbanos”.

Curiosidade
,

A palavra urbanidade está ligada diretamente à civilidade, que, por sua vez, significa cortesia e respeito mútuo. Do mesmo
modo, indivíduo civilizado é aquele que é bem-educado e urbano.,
Fonte: Ferreira, 1986.

URBANISMO
O urbanismo é o campo do conhecimento que trata da cidade.

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Esse conceito pode ser entendido em função dos seguintes aspectos:

• Teórico e científico → urbanismo = estudo da formação e transformação das cidades;

• Prático → urbanismo = planejamento e execução de obras de intervenção nos espaços de uso público.

Embora haja assentamentos humanos com características de cidade – como Arbela, no Iraque, habitada há mais de
5.000 anos –, o termo urbanismo é relativamente recente.

Há diferentes versões para a origem dessa palavra. Vamos analisar algumas delas:

1ª VERSÃO
No ano de sua morte, o catalão Ildefonso Cerdà (1815-1867) publicou A teoria geral da urbanização, a partir do vocábulo urbe.

2ª VERSÃO
Já os franceses advogam para si a criação do termo urbanisme. A palavra parece ter sido utilizada oficialmente, pela primeira
vez, em 1910, no Bulletin de la Societé Geographique de Neufchatel (LECOQ, 2004, p. 20).

3ª VERSÃO
Em 1930, Alfred Agache (1875-1959) definiu, pela primeira vez, o urbanismo como:
“[...] o conjunto de regras aplicadas ao melhoramento das edificações, do arruamento, da circulação e do descongestionamento
das artérias públicas”.
Ainda para Agache (1930 apud MOREIRA, 2007):
“Urbanismo é a remodelação, a extensão e o embelezamento de uma cidade, levados a efeito mediante um estudo metódico da
geografia humana e da topografia urbana, sem descurar as soluções financeiras”.

Alfred Agache
,

Arquiteto e urbanista francês responsável por projetos para algumas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Curitiba.

TEORIA E PRÁTICA DO URBANISMO

Fonte da Imagem:

Como já vimos anteriormente, o ser humano constrói cidades desde a Antiguidade, mas o urbanismo se tornou uma
disciplina e um campo profissional apenas no século XIX.

Com o sucesso econômico da Revolução Industrial, as oportunidades de trabalho se multiplicaram nos grandes
centros europeus, mas houve um momento em que um paradoxo se instalou.

Embora a cidade fosse vista como um polo de produção de riqueza e prosperidade – o que atraiu um aumento
populacional inédito com a imigração dos habitantes rurais –, as condições de vida da nova classe operária se
deterioraram.

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O crescimento econômico de base industrial gerou um desenvolvimento urbano desordenado e insalubre (glossário).
As taxas de mortalidade aumentaram e comprometeram a própria economia.

Surgiram, então, as primeiras operações urbanísticas, a fim de criar a infraestrutura necessária que permitisse o
abastecimento de água limpa, o saneamento e a melhor circulação de pessoas, de bens e serviços.

As grandes intervenções urbanísticas do século XIX visavam propiciar tanto a melhor qualidade de vida quanto o
embelezamento das cidades.

Os exemplos mais conhecidos deste período são:

A REFORMA DO CENTRO DE PARIS

Entre 1850 e 1870, Barão Haussmann realizou uma remodelação de Paris – que já era uma metrópole com 500.000
habitantes –, intervindo em um tecido urbano (determinado tipo de urbanização de uma região).

O PLANO DE EXPANSÃO DE BARCELONA

Cerdà definiu um projeto de expansão de Barcelona – que viria a ocupar uma área desocupada – em que teve a
liberdade de propor um traçado de ruas e de quarteirões inteiramente novo.

Uma das grandes novidades desse projeto – conhecido como Plano de Ensanche – foi trabalhar as diferentes
escalas do urbanismo: o edifício, o quarteirão, o bairro e a cidade.

Vamos estudá-lo melhor na aula 5, tudo bem?

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Esses dois exemplos notáveis já demonstram uma primeira distinção entre tipos de projetos de urbanismo.

Atenção
,

O gráfico a seguir apresenta a evolução da população urbana no Brasil e no mundo já nos séculos XX e XXI:,

,Por meio dele, verificamos que, no mundo, a população urbana ultrapassou a rural por volta de 2005. Já no Brasil, essa
superação ocorreu em meados dos anos 1960.,
Fonte: United, 2014.

DIFERENTES ESCALAS DA CIDADE: DA EDIFICAÇÃO AO


PLANEJAMENTO URBANO

Se o urbanismo é o campo do conhecimento que trata da cidade, e a arquitetura é a edificação de espaços para
abrigar as atividades humanas, poderíamos afirmar que há uma fronteira tênue (glossário) e difusa (glossário) entre
esses conceitos.

Por isso, assim como em outros países, no Brasil, a formação de arquiteto e urbanista foi unificada. Entre a
edificação de uma casa e o planejamento de uma região, há menos uma diferença de metodologia do que uma
questão apenas de escala de estudo ou trabalho.

Nesse sentido, o arquiteto e urbanista poderá trabalhar em diferentes escalas. Curiosamente, essas distinções serão
identificadas tanto no tipo de atividade quanto no próprio produto do trabalho, cuja escala gráfica também variará.

Vejamos algumas delas:

Arquitetura de interiores e projeto de edificação

Quando trabalhamos com intervenções internas em uma edificação, que não alteram
significativamente seu aspecto externo ou seu sistema estrutural, estamos atuando na
arquitetura de interiores.

Invariavelmente, essa atuação produzirá desenhos em uma escala gráfica de 1:20 até 1:100,
ou seja, o desenho do projeto reproduzirá os elementos construtivos de 20 a 100 vezes
menores do que o produto final da obra.

No caso de um projeto de edificação, quando a construção é elaborada da fundação até a


cobertura, as plantas principais são desenhadas, normalmente, em uma escala entre 1:50 e
1:500.

ATENÇÃO!

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É importante lembrar que estes são limites flexíveis. Aqui, já é possível notar uma interseção
(na Matemática, trata-se de um conjunto formado por elementos comuns a outros dois
conjuntos. No contexto desta aula, utilizamos o termo no sentido similar à superposição)
entre as escalas gráficas, na margem entre 1:50 e 1:100.

Nos dois casos, o arquiteto pode produzir até desenhos em proporção ainda mais próxima
dos elementos finais – no que se convencionou chamar de projeto de detalhamento –, capaz,
inclusive, de chegar à escala 1:1, ou seja, uma representação em tamanho real.

Projeto paisagístico

De modo semelhante, o projeto arquitetônico completo deverá definir todas as intervenções


que acontecerão nos espaços entre a construção e os limites do terreno, tais como:

Acessos;
Calçamentos;
Vegetação;
Equipamentos externos.

Por se tratar de uma interferência na paisagem, o conjunto dessas intervenções é chamado


de projeto paisagístico.

Desenho urbano

A partir do limite do terreno, ou seja, quando ultrapassamos o domínio da edificação para o


domínio da cidade, começamos a falar em desenho urbano.

Embora sejam conceitos distintos, poderíamos afirmar que – salvo algumas exceções – o
desenho urbano é aplicado em áreas de uso coletivo (espaços públicos). Trata-se, portanto,
do projeto dos espaços da cidade.

Exatamente por isso, ele pode incluir o projeto de edificações e, necessariamente, o


paisagístico, mas trata, em especial, do ordenamento de logradouros, tais como:

As ruas, calçadas, praças, esquinas, ciclovias e avenidas;

Todos os equipamentos de iluminação, sinalização e de acesso às redes de infraestrutura;

O mobiliário urbano necessário – bancos de rua, abrigos de ônibus etc.

Master Plan

Para o desenho urbano na escala do condomínio ou do bairro, tem-se utilizado,


frequentemente, o anglicismo Master Plan.

Curiosidade

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A melhor tradução de Master Plan para o português seria Plano Diretor. O problema é que, no
Brasil, utilizamos essa expressão para o projeto que tratará de todo o município – como
veremos adiante.

À medida que a intervenção ganha complexidade, o projeto passa a ter características de um


plano, pois considera um número maior de dados preexistentes e afeta os interesses de mais
pessoas.

Por isso, um plano envolve muito mais do que o conjunto de plantas de um projeto. Ele tem de
incluir:

A análise mais profunda de dados sociais, econômicos e ambientais, bem como do sistema
de transporte e de mobilidade urbano;

O tipo de uso e de funções que se deseja incentivar, preservar ou inibir em determinada área.

Planejamento urbano

Ao trabalhar com planos de tamanha complexidade, o arquiteto e urbanista está atuando no


planejamento urbano: o conjunto de ideias e de planos que definem as diretrizes de
crescimento de uma cidade.

No Brasil, as cidades se localizam em uma unidade territorial e política denominada


município, que é administrado por uma prefeitura. Um município pode ter várias cidades ou
diversos distritos sob uma mesma administração, e possui perímetro urbano e zona rural.

Plano Diretor

De acordo com a Constituição Federal (“Art. 182. A política nacional de desenvolvimento


urbano [...] tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade
e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor [...] é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e de expansão urbana.”), toda cidade com mais de 20.000
habitantes tem a obrigação de possuir um Plano Diretor.

O arquiteto e urbanista poderá atuar na concepção e execução de planos diretores, assim


como contribuir para o bem-estar dos habitantes de uma cidade ao exercer sua profissão
com ética e competência em todas as escalas apresentadas.

Alguns autores afirmam que a complexidade da cidade dificulta qualquer intervenção eficaz. Por outro lado, Jaime
Lerner (glossário) alerta os jovens estudantes:

“A cidade não foi feita para pessimistas!”

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ATIVIDADE 2
A partir do conteúdo estudado, crie uma definição original de cidade.

Resposta Correta

Questão 1

Leia as seguintes definições:


I. A arquitetura corresponde à edificação de espaços para abrigar as atividades humanas.
II. O urbanismo é o campo do conhecimento que trata da cidade.

Com base em tais conceitos e no que estudou nesta aula, é CORRETO afirmar que:

a) A metodologia de trabalho dos arquitetos difere, radicalmente, daquela utilizada pelos urbanistas, gerando um conflito
entre ambos os profissionais – principalmente no Brasil.
b) Assim como a arquitetura, o urbanismo é um campo do conhecimento muito antigo, embora as cidades tenham sofrido
transformações profundas desde sua origem, há mais de 5.000 anos.
c) Hoje, podemos definir, claramente, o que é uma cidade, pois já foram encontrados registros do primeiro Plano Diretor do
qual se tem notícia, feito para a cidade de Arbela, no Iraque, no ano 3.000 a.C.
d) Desde a Antiguidade até os dias de hoje, o estudo da teoria de formação das cidades e da história dos agrupamentos
humanos tem grande valor científico, mas pouca aplicação prática. Isso acontece porque o urbanismo é um campo do
conhecimento puramente teórico.
e) Há diferentes visões históricas sobre a função original da cidade, assim como há distintas versões para a origem da
palavra urbanismo. Isso revela a complexidade do tema, que, do ponto de vista histórico, veio se estabelecer, há pouco tempo
e relativamente, como campo do conhecimento teórico e prático.

Justificativa

Questão 2

Existe uma relação direta entre os usos atuais de determinadas palavras e de certos conceitos e sua origem ou
etimologia. Assinale a opção cujo significado do termo em destaque é impróprio:

a) Civitas (latim) = cidade


b) Polis (latim) = cidade

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c) Politikos (grego) = cidadãos


d) Suburbano = tudo abaixo da cidade (infraestrutura)
e) Urbe (latim) = cidade / urbano = tudo da cidade

Justificativa

Questão 3

A urbanização da civilização humana é um processo crescente e complexo. Cada definição de cidade enfatiza um de
seus aspectos. Assinale a opção cuja definição apresentada tem como autor(a) um profissional do urbanismo:

a) A cidade não foi feita para pessimistas. (Jaime Lerner)


b) A cidade é o teatro da atividade social. (Lewis Mumford)
c) A cidade é a primeira e decisiva esfera cultural do ser humano. (Teixeira Coelho)
d) As cidades se encontram na origem do florescer da civilização. (Sandra Pesavento)
e) A cidade deve ser construída para tornar o homem, ao mesmo tempo, seguro e feliz.(Aristóteles)

Justificativa

Questão 4

De acordo com os dados oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU), podemos afirmar que:

I. A taxa de urbanização do Brasil é superior à taxa mundial, embora o fenômeno tenda a se estabilizar aqui, mas
continuar a crescer no resto do mundo.
II. O século XXI pode ser considerado urbano, pois marca o momento em que a população mundial passou a viver
mais nas cidades do que em áreas rurais.
III. As previsões já demonstram que os graves problemas das megalópoles têm afastado a população mundial das
cidades.

Entre as afirmações anteriores, está(ão) CORRETA(S):

a) Apenas I

b) Apenas III

c) I e II

d) II e III

e) I, II e III

a) Apenas I
b) Apenas III
c) I e II
d) II e III

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e) I, II e III

Justificativa

Questão 5

No Brasil, a formação do arquiteto e urbanista é unificada, o que abre uma série de possibilidades de atuação
profissional e implica algumas responsabilidades. Assinale a opção que NÃO corresponde ao exercício de seu futuro
campo de trabalho:

a)Ao concluir o curso de Arquitetura e Urbanismo, o profissional poderá atuar em diversas escalas de projeto – da arquitetura
de interiores ao planejamento urbano.

b) Ao pensar em um projeto de arquitetura ou de urbanismo, o profissional deverá considerar tanto os aspectos técnicos
quanto estéticos do resultado de seu trabalho.

c) A partir do entendimento de que o planejamento urbano é essencial para que se promova o bem-estar da população, toda
cidade brasileira com mais de 20.000 habitantes tem a obrigação de possuir um Plano Diretor.

d) O arquiteto e urbanista deverá considerar o impacto social e ambiental de suas atividades profissionais na execução de
obras sob sua responsabilidade, bem como respeitar os valores e a herança natural e cultural da comunidade para a qual
esteja prestando serviços.

e) O trabalho com edificações isoladas exige que o arquiteto se concentre exclusivamente nos aspectos construtivos e
estruturais, deixando para o paisagista e o urbanista as preocupações com o exterior da obra. Afinal, os limites de atuação
desses três profissionais são bem delimitados no Brasil.

a)Ao concluir o curso de Arquitetura e Urbanismo, o profissional poderá atuar em diversas escalas de projeto – da
arquitetura de interiores ao planejamento urbano.
b) Ao pensar em um projeto de arquitetura ou de urbanismo, o profissional deverá considerar tanto os aspectos técnicos
quanto estéticos do resultado de seu trabalho.
c) A partir do entendimento de que o planejamento urbano é essencial para que se promova o bem-estar da população, toda
cidade brasileira com mais de 20.000 habitantes tem a obrigação de possuir um Plano Diretor.
d) O arquiteto e urbanista deverá considerar o impacto social e ambiental de suas atividades profissionais na execução de
obras sob sua responsabilidade, bem como respeitar os valores e a herança natural e cultural da comunidade para a qual
esteja prestando serviços.
e) O trabalho com edificações isoladas exige que o arquiteto se concentre exclusivamente nos aspectos construtivos e
estruturais, deixando para o paisagista e o urbanista as preocupações com o exterior da obra. Afinal, os limites de atuação
desses três profissionais são bem delimitados no Brasil.

Justificativa

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Glossário
LOGRADOUROS

Espaços abertos de acesso público.

CIVITAS

Tradução latina de polis, que corresponde à cidade como ente público e coletivo.

POLIS

Termo grego para cidade, entendida como comunidade organizada, formada pelos cidadãos (politikos).

INSALUBRE

Aquilo (principalmente local) cujas condições são prejudiciais à saúde e que pode provocar doenças.

TÊNUE

Aquilo que é sutil, difícil de perceber.

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DIFUSA

Aquilo que tem limites imprecisos, pouco claros ou definidos.

JAIME LERNER

Urbanista brasileiro consagrado internacionalmente por suas bem-sucedidas intervenções em Curitiba.

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