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Número 7
Setembro de 2021
Primavera
Licença
FALE CONOSCO
Marcos Schmitz
6 Ivan Guimarães
Texto 1
Texto 2
William Castle
22
Texto 3
32
Referências e Extras
Trabalho em processo
Materiais & Ferramentas
Referências
Nesta edição ficamos muito contentes em rece- Em resumo, os dois primeiros textos permitem
ber textos de grande qualidade técnica. Ao mesmo criar um traçado da história de alguns dos luthi-
tempo, são fenomenais trocas de ideias e mostras ers ı́talo-brasileiros de forma situada, inclusive,
dos bons frutos que a colaboração pode gerar. com suas obras. Não consigo deixar de lado a
Para o primeiro texto desta edição, Marcos ideia de descendência da prática, o que mereceria
Schmitz e Ivan Guimarães traçam uma história da uma árvore genealógica, ainda mais depois de ver
luteria ı́talo-brasileira. O conteúdo do artigo foi aquela que habita a edição de 1891 da revista The
apresentado originalmente na revista The Strad, Strad. Os nomes e informações que relacionamos
entretanto, aqui estará enriquecido de novas in- ainda permitem criar uma árvore muito vaga, com
formações até então não publicadas. ramos esparsos, tal qual todos os luthiers men-
O segundo texto parte da mesma motivação cionados guardam relações entre si. Além disto,
em descobrir “quem foram os luthiers italianos muitas outras histórias precisam ser investigadas
que trabalharam no Brasil”, mas, oportunamente, e compiladas, aumentando a quantidade de nomes
mostrando exemplos de violinos e outros materiais que atuaram no Brasil do começo do séc. XX.
construı́dos no século passado. Cada violino é Vale lembrar que a luteria ı́talo-brasileira é
acompanhado de informações sobre o contexto de uma parte da luteria brasileira. Longe de ser sua
seu autor, através de documentos que pudemos completude, ainda mais porque falamos de violinos.
ter acesso. Nem todos os instrumentos com caracterı́sticas
Por fim, uma imersão no ateliê de William italianas foram construı́dos apenas por italianos
Castle que é um deleite para qualquer constru- imigrantes e seus descendentes. Certamente, mui-
tor de violinos, mas que também trará discussões tos nomes precisam ser adicionados. Mais uma
interessantes para os amantes do trabalho em ma- vez: a história da luteria brasileira possui mui-
deira. Na continuidade da colaboração com a tas peças ainda esperando para serem juntadas e
BVMA Newsletter, trazemos a descrição completa ampliarem nosso conhecimento sobre o tema.
da construção de violino com ferramentas possi- Aliás, uma dica extra para leitura desta edição;
velmente usadas do passado. especialmente, o texto de William Castle. Leia,
Tanto quanto produtos da intenção dos cons- leia, leia... releia, trabalhe e descubra. O Mutus
trutores, os instrumentos musicais são produtos liber também acaba sendo válido aqui: aqueles que
dos métodos utilizados? Das ferramentas e dos conhecem o trabalho da luteria poderão aproveitar
modos particulares de as utilizar? O desafio e muito mais do texto. E não é também um mote
experimentação propostos pelo Sr. Castle fariam para quando escrevemos a história da luteria?
parte de um curso especial com os membros da Para isto, contamos com apoio de todos vocês,
British Violin Making Association. Por conta da amantes e profissionais! Conhece alguma história
pandemia, o curso não pode ser realizado. En- da luteria brasileira, ou quer contar a sua própria
tretanto, não foi menor o desejo do Sr. Castle história?
compartilhar as técnicas e ferramentas tão pecu- Veja como participar nas próximas páginas...
liares que utilizou, levando-nos para um passeio
prático pela história da luteria. Editor
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Revise
Este artigo foi enviado diretamente pelos autores para a revista Café com Luteria. Grande parte das informações aparecem
no artigo enviado à revista The Strad [4], entretanto, o texto passou por incrementos e revisão completa, incorporando
fatos pontuais, especialmente quanto às datas de nascimento e morte dos luthiers. Também foram referenciados fatos sobre
o aprendizado e trabalho dos irmãos Pascoli e sua relação com outros luthiers. Para o texto feito em 2017, gostarı́amos de
deixar o agradecimento tardio a Luigi Bertelli que colaborou contando histórias que vivenciou junto ao pai e durante sua
carreira. Também prestamos agradecimento póstumo a Takeshi Nishi, pelas histórias que contou a M. Schmitz durante as
aulas de violino. Rafael Sando também colaborou fortemente com esta edição, conferindo e fornecendo informações e fotos,
assim como sanando questões sobre o seu artigo na VSA [2]. Agradecemos a Rudson di Cavalcanti pela disposição em ouvir
nossas dúvidas e por informações pontuais; estamos ansiosos pelos complementos que poderá prestar às edições futuras!
Da esquerda para direita, Marcos Schmitz, Luigi Bertelli e Ivan Guimarães. Foto: Renato Callegari.
A data de expedição do registro geral brasileiro é de 1951, dado no documento de Registro de Estrangeiros
(mesma fonte, 1954). Brasil, Cartões de Imigração, 1900-1965. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro; Group 4 >
004914344 > image 99 of 204. Disponı́vel em: FamilySearch : 8 mai 2019.
ANEXO B
Ficha Consular de Qualificação - Enzo Bertelli (1948)
Brasil, Cartões de Imigração, 1900-1965. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro; Group 8 > 004916943 > image 176
of 203. Disponı́vel em: FamilySearch : 8 mai 2019.
13
Brasil, Cartões de Imigração, 1900-1965. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro; Group 8 > 004916943 > image 28 of
203. Disponı́vel em: FamilySearch : 8 mai 2019).
Brasil, São Paulo, Cartões de Imigração 1902-1980. Arquivo Público do Estado de São Paulo; B > Bertagna-
Berthier > image 475 of 816. Disponı́vel em: FamilySearch : 20 ago 2021.
Violino feito por Vincenzo Lo Turco em 1938. Violino feito por Vincenzo Lo Turco em 1938.
Já mostra os desenvolvimento da construção e Já mostra os desenvolvimento da construção e
do verniz depois da estadia na Itália [6]. do verniz depois da estadia na Itália [6].
ANEXO D
Propaganda de Lorenzo* Fritelli
*Grafia do nome é diferente: Lourenço Fritelli.
Foto: acervo de Ivan Guimarães. Imagem editada, sem corte do conteúdo original.
ANEXO E
Método para conversão de Mil-réis para Real
Mil-réis (Rs) Rs p/ U$ U$ U$1,00 (hoje) Inflação R$ (hoje)
Valor do arco 100 0,21 21,00 14,17 297,57 1563,14
vendido em 1920
Valor do Real em Dólar em 1920. HOLLOWAY, T. H. Imigrantes para o Café. Paz e Terra, 1984.
Valor do Real em Dólar em 1920 (tabela). Câmbio Real > Dólar - Média Anual
Valor do Real em Dólar em ago/2021. IEGV dólar
Valor do Dólar, corrigida a inflação. CPI calc
Brasil, Rio de Janeiro, Registro Civil, 1829-2012. Corregedor Geral da Justicia, Rio de Janeiro; São Gonçalo >
Segundo Distrito > Óbitos 1967, Nov-1971, Mar > image 13 of 601. Disponı́vel em: FamilySearch : 7 jan 2019.
Imagem editada, sem corte do conteúdo original
ANEXO G
Registro de Casamento - Rosa Goulart de Macedo
Brasil, Rio de Janeiro, Registro Civil, 1829-2012. Corregedor Geral da Justicia, Rio de Janeiro; Rio de Janeiro >
12a Circunscrição > Matrimônios 1947, Fev-Jul. Disponı́vel em: FamilySearch : 18 dez 2017.
Para voltar ao passado, experimentar ferramentas, o del Gesù: suas imprecisões; então qualquer erro
técnicas e etapas que poderiam ser mais autênticas, da minha parte poderia ser justificado como um
minha principal motivação foi explorar uma per- “estilo del Gesù”!
cepção de que: os instrumentos do passado são um Durante o processo, ficou claro que faço as
produto dos seus métodos de construção, tanto coisas numa combinação entre decisões conscien-
quanto da intenção do construtor. Examinei al- tes, para alterar ou melhorar o jeito como traba-
gumas dessas intenções, o contexto cultural e al- lho, combinadas com uma ajuda considerável da
gumas consequências práticas em dois artigos re- inércia, visto que alguns métodos mudaram pouco
lacionados [BVMA Newsletter, jun e set 2014] desde que eu saı́ da faculdade.
sob o tı́tulo The Spirit of Classical Violin Making,
os quais você também pode ler no meu site [11]. A Forma
Outro incentivo foi a fala inspiradora de An-
drew Atkinson, no 25o aniversário da BVMA em Um exemplo tı́pico dessa inércia foi meu uso contı́-
Newark. Ao contrário de nós, treinados para nuo de compensado para as formas, embora nos
construir instrumentos utilizando ferramentas mo- últimos vinte anos elas tenham adquirido furos
dernas, Andrew começou a copiar ferramentas e menores para prender as laterais das cês, usando
técnicas vistas em imagens do passado, além de pinos de madeira e corda. Para os bojos eu conti-
usar pontos de referência mais comuns, como os nuei usando grampos. Neste instrumento, entre-
materiais do Museu de Cremona. A sua abor- tanto, precisava de uma nova forma para utilizar
dagem, similar à arqueologia experimental, tem os pinos e corda por toda a lateral.
muito o que se elogiar, mas também demanda Pela primeira vez, utilizei um pedaço de ma-
muito tempo. Não querendo reduzir tanto mi- deira maciça para forma, que é muito mais agradá-
nha produção, para o violino decidi me concentrar vel de trabalhar do que o compensado, com seu
em métodos e técnicas como um primeiro passo, pó preenchido de cola e bordas que lascam facil-
mas antes, utilizando minhas ferramentas existen- mente. Eu tinha um pedaço de nogueira, que foi
tes, exceto quando as versões modernas têm um retirada de um piano antigo quando eu tinha 14
funcionamento diferente. anos (então ela quase teve tempo o suficiente para
Outro princı́pio foi não trabalhar com muita secar!) e se ela encolher ou expandir um milı́metro
antecedência, mas permitir que o processo fluı́sse aqui ou acolá, isso realmente importa? [Fig. 1].
com naturalidade, usando minha experiência, in- Para marcar o contorno, utilizei um pequeno
tuição e ferramentas para me guiarem. Escolhi gabarito apenas para a área dos blocos, secondo
um del Gesù que já construı́ diversas vezes antes: Stradivari, ao invés de marcar os blocos a partir
o Alard, de 1742, que está no Musée de la Musique de um gabarito completo com metade do contorno.
em Paris. Tenho boas informações acerca deste Quando marcados em ambos os lados, os blocos de
violino, mas há mais uma vantagem em escolher salgueiro (eu sei que del Gesù usava abeto) podem
Tampo e fundo
Fig. 3 - As laterais de um violino Andrea Guarneri, mos- Desde a escola, continuei a fazer contorno e filetes
trando o quão fora do esquadro podem ser nos instrumentos de tampo e fundo antes da bombatura, usando-os
clássicos e o porquê do contorno do tampo e fundo serem como referência, um método conveniente quando
frequentemente tão diferentes. Foto: o autor. se copia bombaturas, já que você está recriando
tudo o que vê em um instrumento já existente.
No entanto, há muitas evidências de que os filetes
e sguscia 7 eram feitos com o corpo montado, um
método bastante comum entre luthiers de hoje
também, mas um pouco assustador de fazer na
primeira vez.
Até a bombatura, os outros estágios de con-
fecção do tampo e fundo eram os mesmos, exceto
quando cortei o contorno usando minha morsa
Moxon e uma serra São José (sério, eu usei!) com
uma lâmina estreita, o que é muito mais rápido
Fig. 4 - As laterais de um Strad; mais precisas, porém do que usar uma serra de arco8 .
ainda fora do esquadro. Foto: o autor. Nos últimos dez anos, usei exclusivamente plai-
nas scrub para a bombatura9 , seguida de plaini-
nhas e raspilhas. As plainas scrub permitem uma
remoção de madeira rápida e precisa, além da pos-
sibilidade de balancear a espessura do corte com
a dureza da madeira e sua própria força. Outra
vantagem é que com as marcas retas e suaves da
plaina, ao invés dos canais transversais produzidos
pela goiva, a forma da bombatura pode ser vista
em cada estágio. Na maior parte do tempo, você
trabalha ao longo da grã, o que ajuda a juntar os
cortes longitudinais, especialmente se você tende a
confiar em gabaritos de bombatura transversais10 .
Apesar da plaina scrub ser uma ferramenta
muito prática e funcional, como eu descrevi no
The Spirit of Classical Violin Making [11], eu não
conhecia nenhuma evidência de seu uso em um
instrumento original. Como resultado desse ar-
tigo, Hubert de Launay me enviou fotos de longas
marcas de plaina no interior de dois instrumentos,
7 N.E. Novamente, nome dado à concavidade da bomba-
As éfes
Para marcação das éfes, novamente, recorri às
informações parciais de Sacconi e marquei, no
interior do tampo, a posição mais externa dos
olhos inferiores a partir da borda. Para posição
dos olhos superiores, para garantir um espaço
suficiente entre eles, medi a partir da linha de
centro e, em seguida, tracei um arco a partir dos
orifı́cios inferiores para cruzar essa linha.
Normalmente, uso um cortador de éfes com
“orifı́cio piloto”, mas isso parecia muito compli-
cado para o século XVII; um pino pontiagudo
parecia mais provável, junto com uma lâmina fixa Fig. 13 - Goste delas ou não, provavelmente a parte de
para cortar o olho ou algum tipo de aparato di- menor sucesso deste violino: as éfes quase finalizadas, o olho
visor que pudesse ser ajustado para orifı́cios de superior direito notavelmente mais baixo que o esquerdo.
tamanhos diferentes. Tentei também outra broca Foto: o autor.
modificada, desta vez deixando apenas uma quina,
para cortar a circunferência, e o pino central, sem A razão pela qual os olhos não estão nivelados
roscas. Embora funcionasse, poderia ser melho- é porque usei as bordas como ponto de referência
rada. Com os olhos furados, usei uma combinação para os olhos inferiores que, por sua vez, referenci-
de gabaritos de éfes que eu já tinha para marcar a aram a posição dos olhos superiores. Pode ter sido
seção central. Como as éfes no instrumento origi- assim que Strad fez, mas seus contornos eram mais
nal eram muito diferentes uma da outra, eu tinha simétricos do que os de del Gesù, portanto, suas
um gabarito para cada furo, mas neste caso usei éfes também eram. Para este instrumento, não
a metade superior de uma e a metade inferior da quis calcular a geometria subjacente do contorno
outra e o contrário no outro furo, para juntar os e fiz um gabarito inteiro, copiando as excentrici-
olhos da maneira descrita por Roger Hargrave no dades do original, de modo que os olhos inferiores,
livro del Gesù. inevitavelmente, não eram equidistantes da linha
Para cortar os trechos centrais, ao contrário de centro, motivo pelo qual os olhos superiores não
de como fui ensinado, geralmente e primeiro, re- ficarem nivelados. Se tivesse passado um tempo
corto a palheta inferior próxima ao olho inferior. tentando prevenir quaisquer possı́veis problemas,
Em seguida, prossigo para a borda externa da éfe, isso poderia não ter acontecido. Por outro lado,
de modo que a palheta inferior (mais vulnerável) não teria que desenvolver minhas próprias éfes no
seja apoiada até que a serra tenha passado por estilo del Gesù neste instrumento.
ela. Prossigo pela borda interna e, finalmente, Em posterior conversa sobre este violino, Marc
corto a palheta superior. Eu faço desta forma Soubeyran mencionou um colega que havia apon-
para aumentar a velocidade e minimizar a flexão tado vestı́gios de um arco traçado nas palhetas
do tampo enquanto serro. Mas ao cortar a pri- superiores de vários del Gesù na grande exposição
meira dessas éfes, percebi o quanto a palheta é em Nova York, indicando que ele marcou suas éfes
forte, enquanto não tem a sguscia. Então, para do lado de fora, em variação à prática de Stradi-
a segunda éfe, voltei ao modo como fui ensinado vari. Porém, porque ainda usava um compasso a
e cortei primeiro a borda interna. Isso me faz partir do centro do olho inferior, talvez, ele po-
pensar o quanto serrar “por dentro primeiro”seria sicionava os olhos inferiores a partir da linha de
uma daquelas práticas históricas que perduraram centro em vez da borda.
ao longo dos anos, apesar de ser mais seguro e
rápido fazer primeiro o lado de fora, quando já
feita a sguscia na palheta. Talvez vestı́gio de uma Definindo as bordas
época em que “escavar (o tampo) antes de fazer Para arredondar a parte inferior das bordas, usei
a sguscia” era a norma. Embora tenha ficado uma plaininha, criando um chanfro, exceto nas
feliz de maneira geral, um dos olhos superiores seções côncavas, onde usei uma faca. Em seguida,
ficou mais alto que o outro, o que não é uma ca- fui direto para a cavalinha, que normalmente uso
racterı́stica do del Gesù, embora fossem comuns para fazer o acabamento da superfı́cie das peças,
Filetagem
Para segurar o instrumento enquanto ele estava
sendo filetado e entalhado, fiz um suporte de sal-
gueiro, vazado para permitir que a bombatura Fig. 15 - Cortando primeiro a linha interna do filete para
ficasse dentro da cavidade [Fig. 14]. Há um exem- minimizar o risco da borda se partir. Com o corpo firme-
plo disso no museu de Cremona, embora tenha mente preso, auxilio a ferramenta com os dedos da minha
adicionado quatro apoios nos parafusos para im- mão esquerda e uso a força da mão e braço direitos para
pedir que a peça se mova. Fiz a filetagem da mover a ferramenta e cortar o canal. Foto: o autor.
minha maneira usual, usando um filetador com
uma única lâmina e limitador de profundidade,
que tem design diferente do exemplo no museu de
Cremona, mas mesma funcionalidade [Fig. 15].
Exceto pelo fato de que o corpo já estava mon-
tado, a sguscia foi feita como de costume. Pri-
meiro, com uma goiva de meia polegada, percorro
a borda até o filete, o que cria uma canaleta muito
boa para trabalhar e evita que a madeira seja
arrancada [Fig. 16].
Depois, trabalho um pouco com uma plaini-
nha, principalmente, para poder usar a mesma
goiva mais tarde, na profundidade final, sem que
a borda interna da goiva fique escondida na ma-
deira. Em seguida, passo uma goiva mais curva Fig. 16 - A primeira goivada em volta do interior dos filetes.
Foto: o autor.
Voluta
Ao contrário do corpo do violino, eu não tinha
Fig. 17 - Cavalinha sob uma alma. Foto: o autor.
boas ideias para a voluta; usei uma plaina na caixa
de cravelhas ainda reta e cortei-a antes de cortar
grande parte da voluta, mas não percebi nenhuma
vantagem em fazer isso. Para nivelar o entalhe do
dorso ao redor da voluta, onde as superfı́cies con-
vexas são difı́ceis de goivar uniformemente, tentei
usar cavalinha enrolada em uma alma novamente
[Fig. 17].
Trabalhar assim gera arranhões tı́picos da cava-
linha, que podem ser facilmente raspilhados depois.
Usei uma plaininha, em vez de uma lima ou faca,
para a maior parte do chanfro, que funcionou bem
o suficiente nesta madeira lisa e rapidamente pro-
duziu um chanfro robusto e ligeiramente irregular,
adequado para o del Gesù, exigindo apenas um
Fig. 18 - A voluta bruta, os chanfros como foram deixados
pequeno ajuste aqui e ali [Fig. 18].
pela plaininha e estrias longitudinais no entalhe deixadas
Assim que o instrumento ficou pronto, ajustei
pela cavalinha. Foto: o autor.
ele em branco. Geralmente, sou cético quanto a
fazer isso porque parte do trabalho precisa ser
repetido, ou pelo menos limpo umas duas vezes, e Da mesma forma, fontes como Diderot, em
tenho minhas dúvidas se os construtores clássicos Paris, e as ferramentas do museu de Cremona
Torne-se membro da BVMA e receba acesso a conteúdos produzidos por profissionais de alto nı́vel. Artigos completos,
informações sobre cursos e muito mais. Foto: BVMA CC-BY-NC-ND [14]
Os organistas da Colônia I
O revisor e seu orientado Matheus dos Santos
publicaram a primeira parte do artigo sobre os or-
ganistas que influenciaram a instalação de órgãos
nas igrejas das antigas colônias polonesas da região
de Curitiba. Nessa primeira parte foram levan-
luteria.ufpr.br
tados os nomes dos músicos que atuaram como
organistas nas igrejas dessas colônias.
Curso de luteria no Recife
Boletim Tak 20
O projeto Orquestra Criança Cidadã está funci-
onando a todo vapor no Recife, com a Escola de
Formação de Luthier e Archethier. O projeto
começou em 2012 e passou a ser coordenado por
Carlos Alberto em 2016, oferecendo aulas de manu-
tenção e construção de violinos e arcos. Em 2021,
novo prédio foi inaugurado com capacidade para
até 50 estudantes. Entretanto, desde o ano pas-
sado, as turmas são reduzidas a 10 participantes
por turno, por razão da pandemia. Os estudantes
passam por orientações individuais e coletivas, e
tem seu crescimento supervisionado pelo profes-
sor, visando a educação de jovens por meio da
luteria. Os interessados podem se inscrever para
a seleção que ocorre semestralmente (veja abaixo)
ou à abertura de novas vagas.
Cyril WOODCOCK.
Dictionary of Contem-
Chris JOHNSON; Roy porary Violin and Bow
COURTNALL. The Makers. Amati. 1 ed.
Art of Violin Making. 1965.
1 ed. 1999.
David SHOENBAUM.
The Violin: The William H. Hill.
social history of the Antônio Stradivari:
world’s most versatile Sua vida e seu trabalho
instrument. 1 ed. (1644-1737). Cabral. 1
2013. ed. Português. 2004.
Construção/restauração violino
Andreas Hellmann
Construção/restauração violino
João Planincheck 1403, Jaraguá do Sul - SC,
Restauração/construção violino Brasil
+55 (47) 32 75 36 78 (fixo)
Munique - Alemanha
+55 (47) 9 88 06 98 98
(atual trabalho, em empresa de restauração)
Curitiba - PR, Brasil
(trabalho anterior, autônomo) Carlos Alberto Gomes Filho
+49 17 6 86 67 26 44
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@luthierandreashellmann
ateliehellmanncuritiba
Prof. de luteria
Recife - PE, Brasil
+55 (81) 9 97 79 81 93
@luthier.carlosalberto
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Brasil mschmitzviolino@gmail.com
+55 (11) 22 19 01 71 (fixo) @schmitzm
+55 (11) 9 88 91 06 02
@fabiovanini76 Pedro Fioramonte
fabio.vanini.330
Construção violino
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+49 16 28 81 62 10
Construção violino pedroazf@hotmail.com
@fioramonte violin
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luteriafagundes Curitiba - PR, Brasil
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contato@rogeriofagundes.com.ne Thiago Corrêa de Freitas
Rudson Di Cavalcanti
Prof. de acústica/revisor
Saulo Dantas-Barreto
Construção/restauração violino
Prof. de luteria
Construção violino (Studio Liutai)
Petrópolis - RJ, Brasil
São Paulo - SP, Brasil +55 (24) 9 81 44 58 57
+55 (11) 9 98 93 54 54 @tuliolima.luthier
saulo@dantasbarreto.com.br tuliolima
Construção violino
Prof. de luteria
(Conservatório de Tatuı́)
R. Humaitá 274, Tatuı́ - SP, Brasil
+55 (15) 9 81 28 25 36
Wilfred Amaral
Construção/manutenção violino