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SOCIEDADE E PUNIÇÃO
Memorial da Prisão Brasileira
SOCIEDADE E PUNIÇÃO

Memorial da Prisão Brasileira

Trabalho Final de Graduação FAU USP


Gabriela Villaescusa

Orientador: João Sette Whitaker Ferreira

Dezembro, 2015
Punir est la chose la plus difficile qui soit.
Michel Foucault

Punir é a coisa mais difícil que há.


AGRADECIMENTOS

Obrigada ao meu orientador João por caminhar ao meu


lado nessa jornada e por tudo que me ensinou não somente
durante este ano, mas em todas as suas aulas e conversas.

Obrigada à professora Karina e ao professor Bruno por


suas orientações e seu carinho durante este ano, e a todos os
professores desta faculdade que tanto me ensinaram sobre a
arquitetura e sobre a vida.

Obrigada a todos os meus colegas da FAU por estes anos


maravilhosos que pude dividir com vocês, seja nas aulas, nas
festas, na natação e competições ou nas conversas nas rampas.
Em especial agradeço Gi, Lau, Lu e Mari por sua amizade.

Obrigada aos meus pais pela paciência, pelas caronas,


pela comida e por todo o apoio e incentivo durante meus anos
de faculdade e todos os outros anos anteriores.

Obrigada aos meus irmãos, Ma pelos cuidados, Guga


pelas maquetes e Caio pelo carinho.

Obrigada à Rute por todas as idas ao cinema.


SUMÁRIO

Introdução 13

Parte I - Sociedade e punição 17

União e sobrevivência 19

Punição 20

O punir através da história 22

Ficamos com as prisões 31

Justiça ou vingança? 35

Punição no Brasil 37

O problema em números 39

Um pouco de otimismo 48

Parte II - Santana e o Complexo do Carandiru 51

Breve histórico do bairro de santana 53

Penitenciária do Estado 61
Parque da Juventude 73

Outras propostas 82

Parte III - Memorial da Prisão Brasileira 85

Área de projeto 86

Expansão do parque central 96

Expansão da área esportiva 100

Memorial da Prisão Brasileira 106

Considerações finais 130

Referências projetuais 132

Lista de figuras 134

Bibliografia 142
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INTRODUÇÃO

O trabalho final de graduação proposto é a criação de


um projeto de memorial das prisões brasileiras. Esta seria uma
proposta para o futuro, e neste futuro o sistema de penalização
através da privação de liberdade teria falido e não seria mais
utilizado no Brasil.

A proposta inicial deste trabalho era a criação de um


modelo mais humanizado para as unidades prisionais no estado
de São Paulo. No entanto, durante o período do TFG1 e a pesquisa
bibliográfica, percebi que a pena de prisão é injusta e ineficiente,
e um projeto arquitetônico melhor não resolveria as questões de
injustiça no sistema jurídico do país ou de má administração do
sistema penitenciário pelo governo do estado. O maior problema
das prisões em um país desigual como é o caso do Brasil é que
elas não deveriam existir.

Tendo em vista este impasse que se colocou diante do


trabalho, foi tomada uma nova postura para enfrentar o problema.
O trabalho ganhou um caráter mais crítico ao sistema penal
existente, baseado na maneira como a privação de liberdade será
vista pelos olhos de uma sociedade no futuro que já superou
estes problemas.

Dessa maneira, da mesma forma como visitamos museus


de tortura medievais, museus sobre os campos de concentração
da Alemanha nazista e museus de prisões como Alcatraz e o
próprio DEOPS da ditadura brasileira, as gerações futuras irão
visitar museus sobre as antigas e horríveis prisões.
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A cultura e o status quo da sociedade brasileira são


incrivelmente difíceis de transformar. A mídia, o jogo político
de poderes e a classe conservadora no país criam barreiras
para mudanças e, mesmo quando se prova cientificamente a
ineficiência do sistema prisional para a contenção da violência
e reabilitação dos criminosos, ainda observamos a aprovação de
medidas como redução da maioridade penal e construção de
presídios privados por grande parte da população. O Brasil se
sente mais seguro com a existência de prisões, mas esse é um
falso sentimento de segurança em que a população escolheu
acreditar.

Sendo assim, esse projeto visa trazer um olhar diferente


para a questão de modo menos científico e mais emocional.
Mostrando uma possibilidade de futuro para que o presente
possa ser visto de um diferente ponto de vista. Da mesma maneira
como cortar as mãos de um criminoso e apedrejamentos são
vistos como naturais em algumas culturas, a prisão é vista com
normalidade no Brasil, mas será que deveria ser assim? Como
seria olhar para a prisão como se fosse um absurdo? Será que é
um absurdo? É isso que esse trabalho se propõe a discutir.
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PARTE I

SOCIEDADE E PUNIÇÃO
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UNIÃO E SOBREVIVÊNCIA

“Cansados de só viver no meio de temores e de encontrar


inimigos por toda parte, fatigados de uma liberdade que a
incerteza de conservá-la tornava inútil, sacrificaram uma parte
dela para gozar do resto com mais segurança.”
- BECCARIA, 1764

Os primeiros homens e mulheres selvagens descobriram


uma grande ferramenta para garantir sua proteção e sobrevivência:
a vida em comunidade. Se unindo com outros da mesma espécie,
eles ganharam força para superar obstáculos e sobreviver. No
entanto, viver em grupo traz conflitos internos, e para ter sucesso
nessa vida em sociedade o ser humano percebeu a necessidade
de regras para garantir a harmonia. As normas são uma condição
para que os seres humanos consigam deixar de viver isolados.

Durante a história da humanidade, cada civilização criou


suas leis que mudaram conforme o próprio ser humano evoluiu
e se desenvolveu. Desde então, não existe quem viva sozinho,
todos acabamos por abdicar de parte de nossa liberdade para
que possamos viver com mais segurança e conforto.
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PUNIÇÃO

“Não bastava, porém, ter formado esse depósito; era


preciso protegê-lo contra as usurpações de cada particular,
pois tal é a tendência do homem para o despotismo, que ele
procura sem cessar, não só retirar da massa comum sua porção
de liberdade, mas ainda usurpar a dos outros.”
- BECCARIA, 1764

Assim que as leis são criadas, aparece também a


possibilidade de infringir as mesmas. O que uma sociedade pode
então fazer para garantir a justiça entre todos os membros, para
que todos tenham os mesmos direitos e não tenham sua porção
de liberdade violada? É com esse pensamento que, junto com as
regras, surgem as punições para quem as desobedeça.

Etimologicamente, não se sabe ao certo de onde deriva


a palavra “pena”, existem várias hipóteses que ligam pena
ao sentido de castigo, ou de pesar na balança da justiça, ou de
trabalho e sofrimento, de fazer o bem e corrigir, de pureza ou até
mesmo ao fato de que o juiz utilizava uma pena de pavão para
fixar a pena (castigo). Independentemente da origem da palavra,
sabemos que a pena é a consequência jurídica que se impõe
àqueles que transgridem as normas vigentes na sociedade em
que vivem. E por mais que hoje nos pareça óbvio que uma pessoa
que desrespeita as leis deva cumprir algum tipo de pena, muito se
discute sobre qual a função da punição e como ela deve ser feita.
Para Durkheim, “a pena consiste, pois, essencialmente, numa
reação passional, de intensidade graduada, que a sociedade
exerce por intermédio de um corpo constituído contra aqueles
de seus membros que violaram certas regras de conduta”.
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Qual a função das punições?

Para Melina Duarte, “a punição, de maneira geral, tem


como principais finalidades a repreensão e a prevenção de
comportamentos nocivos à sociedade. Acredita-se que caso tais
comportamentos não sejam punidos, eles passarão a fazer parte
daquilo que é considerado correto, moral e de direito.”

Existem, no entanto, três tipos de teorias que buscam


encontrar a finalidade das punições, as teorias absolutas, as
relativas e as unitárias.

_Teoria Absoluta

A teoria absoluta defende que a função da punição é


puramente de retribuição, de compensar o mal causado pelo
crime. Esse tipo de pensamento apareceu no idealismo alemão,
em particular com a teoria de Kant.

_Teoria Relativa

A teoria relativa defende que a principal motivação para


a sanção de penas é a de prevenir o acontecimento de novos
crimes. Assim, as penas intimidam a sociedade, com a função
de uma prevenção geral, e intimidam e corrigem o próprio
delinquente, impedindo que ele volte a desobedecer às leis.

_Teoria Unitária

A teoria unitária é mais atual que as outras duas, e ela


procura conciliar os pensamentos absolutos e relativos, ou seja,
ela pretende garantir uma retribuição jurídica da pena ao mesmo
tempo que previne o acontecimento de novos crimes de maneira
geral e especial.
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O PUNIR ATRAVÉS DA HISTÓRIA

Na Antiguidade, quando ainda não existiam os Estados


e os regimes monárquicos, a punição era de responsabilidade
do indivíduo ofendido e não da sociedade como um todo. Esse
período da história das punições é chamado de período da vingança
privada, onde cada pessoa deveria lidar com os litígios (conflitos)
individualmente, definir o procedimento a ser seguido e apenas
consultar o soberano para que ele atestasse a regularidade do
que havia sido definido. Dessa maneira, prevalecia a lei do mais
forte, a punição era sempre imposta como uma vingança e não
obedecia a nenhum princípio de proporcionalidade, podendo
afetar não somente o malfeitor mas também sua família. O papel
reparador e sem medidas da punição nesse período muitas vezes
gerava um ciclo de disputas já que nem sempre o acusado era o
único a sofrer as consequências de seus crimes, e os inocentes
envolvidos também passavam a procurar por vingança.

Esse tipo de organização não poderia se manter por Código de Hamurabi. Conjunto de leis
muito tempo pois ele não garantia a harmonia na sociedade, e inscrito em uma rocha de diorito em
conforme a espécie humana evoluiu, cria-se uma medida para escrita cuneiforme acádica. Encontrado
na Mesopotâmia, hoje a peça de 2,25m
limitar o direito de desforra conhecida como a pena de Talião. x 1,50m está em exposição no Museu
Este princípio muito famoso surge no Código de Hamurabi do do Louvre, em Paris.
Rei da Babilônia em XXIII a.C., e até hoje lembramos dele: “olho
por olho, dente por dente”. Atualmente, sabemos que essa
regra não é a mais ideal para resolver os conflitos já que nem
sempre é possível alcançar a justiça com uma reparação direta
da ofensa, mas no momento em que surgiu, a lei de Talião criou
uma noção de dimensão dos crimes e punições, evitando que um
conflito se estendesse muito além de sua causa inicial.
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Em algumas civilizaçõess como, por exemplo, o egípcio,


o hebreu, o chinês e o indiano, houve uma época em que se
acreditava que os deuses fossem os guardiões da paz e, por isso,
os crimes que fossem eventualmente cometidos eram afrontas
às divindades e não à sociedade ou aos indivíduos. Sendo assim,
a punição era uma maneira encontrada para aplacar a ira divina
e regenerar a alma do infrator.

Esse período, também conhecido como período da


vingança divina, é lembrado pela crueldade das penas utilizadas
nos criminosos, e quanto mais importante fosse o Deus ofendido,
mais atroz seria a punição. Os sacerdotes eram responsáveis por
administrar a justiça e mediar as penas, e o Direito Penal vigente
foi chamado então de Direito Penal Teocrático.

Apesar da ligação com a religião dar uma ideia de altruísmo


para a penalização daqueles que desobedeciam as regras,
esse período foi marcado por muita maldade e perversidade.
As monstruosidades praticadas em nome dos deuses foram
inspiradas em princípios conservadores e fanatizados.

Durante a Idade Média, a partir do momento em que


surgem as monarquias absolutistas, as ofensas feitas a um
indivíduo passam a ser consideradas como uma ofensa ao
Estado também, então a reparação deve ser feita não só ao
indivíduo ofendido, mas também ao soberano. O poder público
passou então a regulamentar os castigos, conservando a lei do
Talião, mas sempre indo em direção aos interesses do soberano.
O Estado prometia proteger a coletividade tomando para si
a responsabilidade pelo direito punitivo (jus puniente) mas
acabava por aterrorizar a população com medidas despóticas.
Nesse momento aparecem os mecanismos de punição como as
multas e confiscações.

Apesar desses instrumentos serem inicialmente os


mais utilizados na baixa Idade Média, com o tempo diminuiu
a capacidade dos malfeitores de pagar as multas e esses
sistemas foram gradativamente substituídos pelas penas
corpóreas. A vida humana não era vista como algo de grande
importância já que a mão de obra era abundante e barata. É
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importante perceber como a situação econômica influencia o


sistema penal vigente ao longo da história.

Durante toda a Idade Média, as penas físicas foram a


maior parte das penas aplicadas em toda a Europa. O Direito
Penal desta época foi extremamente cruel e desumano. De
acordo com Garcia “para se ter ideia do que representou no
passado o sistema de atrocidades judiciárias, não será necessário
remontar a mais longe que há três séculos. Na França, por
exemplo, ainda depois do ano de 1700, a pena capital era
imposta de cinco maneiras: esquartejamento, fogo, roda, forca
e decapitação. O esquartejamento, infligido notadamente no
crime de lesa-majestade, consistia em prender-se o condenado a
quatro cavalos, ou quatro galeras, que se lançavam em momento
em diferentes direções. A morte pelo fogo verificava-se após ser
amarrado o condenado a um poste, em praça pública, onde era
o corpo consumido pelas chamas. E costume houve, também,
de imergir o sentenciado em chumbo fundido, azeite ou resina
fervente. O suplício da roda era dos mais cruéis: de início, o
paciente, que jazia amarrado, era esbordoado pelo verdugo, até
se lhe partirem os membros. Em seguida era colocado sobre uma
roda, com a face voltada para o céu, até expirar.”
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Os suplícios, mencionados no trecho anterior, também


surgiram nessa época. Eles aconteceram em menor escala quando
comparados com as penas físicas, mas chocavam a população
sendo sua característica principal ter o corpo como objeto
imediato do castigo, através da dor e de procedimentos graduais
e atrozes de penalizá-lo. Fora isso, acreditava-se também que
através dos suplícios era possível atingir um reconhecimento
Divino em relação ao sofrimento pelo qual passa o condenado,
sendo que Deus dará seu perdão apenas a quem for merecedor.
Assim, quanto mais rápida a morte do condenado, mais ele
estaria sendo agraciado por Deus, podendo-se até concluir que
o condenado era na verdade inocente.

Dessa maneira, as penas corpóreas continuaram a ser


utilizadas em larga escala até o século XVI, quando a mão de
obra começa a ficar mais escassa e a possibilidade de utilizar a
força de trabalho dos apenados para aumentar os lucros se torna
muito vantajosa.
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No fim do século XVIII, surge aquilo que Foucault


chama de “sociedade disciplinar”. Esse nome faz referência
às profundas mudanças que ocorreram nos sistemas judiciário e
penal durante a Idade Moderna. Seguindo os ideais Iluministas, a
Europa entra em um período chamado como Período Humanitário
no que diz respeito às punições.

Lembrando que nesse momento a mão de obra era mais


escassa, passou a se dar mais valor para a vida e a reforma
realizada no sistema penal visou exatamente a humanização das
penas. Esse momento histórico, também conhecido como século
das luzes, trouxe profundas modificações em inúmeras áreas do
saber e nessa revolução foi criado o Direito Penal Moderno.

Autores como Beccaria, Bentham e Brissot defendem


que o sistema teórico da lei penal deveria ter como princípio
fundamental o crime, deixando de lado a relação com as
faltas morais e religiosas. Assim, a lei passa a atribuir penas a
crimes específicos com uma metodologia de aplicação da lei. O Cesare Beccaria. Autor do livro “Dos
delitos e das Penas”(1764), criticou as
criminoso é aquele que rompe o pacto social e deverá, através penas utilizadas até então. Sua obra
da pena, reparar a perturbação que causou na sociedade com originou uma verdadeira revolução
essa desobediência. A punição vem então na mesma medida nos estudos sobre direito penal e
despertou a atenção de grande parte
da violação do pacto social. Esse caráter técnico que reforça a da população.
proporcionalidade da pena com o delito representa a busca por
penas mais humanas com a abolição de práticas como a tortura,
as penas corporais e as execuções capitais. As punições cruéis e
atrozes passam a ser vistas como uma afronta ao pacto social.

Ao mesmo tempo, para os reformistas, a punição deveria


servir como um desincentivo para que outros membros da
sociedade cometessem crimes, como uma forma de prevenção.
Para os pensadores da época, a certeza da punição e uma
vigilância constante eram muito mais eficazes do que a dor
corporal para impedir a ocorrência de mais rompimentos com
a lei. Beccaria afirma: “não é o rigor do suplício que previne
os crimes com mais segurança, mas a certeza do castigo, o zelo
vigilante do magistrado e essa severidade inflexível que só é uma
virtude no juiz quando as leis são brandas”
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Durante a reforma, foram apontados quatro tipos possíveis


de punição: a deportação, o desprezo público, a reparação forçada
do dano e a pena de Talião. No entanto, apesar de aos poucos
abolir penas de morte, corporais e de infâmia, não foram essas
substituídas pelos tipos apontados acima pelos reformistas, elas
acabaram por dar lugar às penas privativas de liberdade, onde se
iniciou a construção de inúmeros presídios. Surge a ideia de que
seria possível reeducar os criminosos enquanto estes estivessem
no cárcere para que depois eles fossem ressocializados e
reintegrados na sociedade. As discussões iluministas foram
deixadas de lado para dar lugar às penitenciárias. Será que essa
foi a escolha certa?

Após o peíodo da grande reforma, o Direito Penal passou


a ser visto como um fato social e individual, fruto de um sistema
patológico de seu autor. Alguns estudiosos buscavam identificar
características físicas e mentais que se repetissem em criminosos
para que se pudesse identificar pessoas propensas aos crimes.
Essa área científica foi chamada de Antropologia Criminal e um
de seus grandes defensores foi o italiano Cesare Lombroso. No
Brasil, um de seus discípulos foi Raymundo Nina Rodrigues.

Cesare Lombroso. Precursor da


antropologia criminal, utilizava técnicas
como a antropometria (imagem ao
lado) para identificar características
físicas em comum nos criminosos.
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Esses estudiosos da Escola Positiva acreditavam que a


criminalidade era uma doença que poderia ser diagnosticada e
tratada. Eles procuravam explicar a partir de uma base biológica
a propensão para o crime, encontrar o perfil do “delinquente
nato”. O principal objetivo dessa linha de pensamento era
entender o fenômeno criminal através do estudo antropológico
e sociológico dos indivíduos. Assim, a pena passou a ser vista
como uma espécie de remédio e não mais um castigo, dosada
conforme o perigo que o delinquente apresentava para a
sociedade. Nesse momento surgem as penas de longa duração
para que os delinquentes habituais não se tornassem mais
nocivos e são criados também os sistemas de segurança máxima.

Com o advento da Primeira Guerra Mundial e de


movimentos autoritários como o fascismo, o nazismo e
comunismo, as penas aparecem com maior intensidade e até
mesmo a pena de morte é reestabelecida na Itália. Esse período
dura até o início da Segunda Guerra Mundial quando começa o
período da Nova Defesa Social.

“O Movimento de Defesa Social não tem propriamente


uma unidade de pensamento, nem está filiado a qualquer
escola filosófica. Ele tem uma concepção crítica do fenômeno
criminal e o acompanha e estuda nas suas transformações, nas
suas causas, nos seus efeitos, entendendo-o como resultado de
uma diátese social, que deve ser curada racionalmente, através
de uma política que respeite a dignidade da pessoa humana e
resguarde os direitos do homem. Ele tem uma posição reformista
quanto à atividade punitiva do Estado, que há de ser exercida
de modo não dogmático, mas dentro de uma visão abrangente
dos conhecimentos humanos. O movimento, como já notamos,
repudia o álgido tecnicismo jurídico e, por isso, entende que a lei
não é a única fonte do direito, mormente na sua aplicação.”
- LINS E SILVA, 1991

A partir do ano de 1945, começa uma nova etapa na história


da punição nas sociedades. O professor italiano Filippo Gramatica
cria o Centro de Estudos de Defesa Social para trazer de volta
à discussão o assunto que havia sido deixado de lado durante
as grandes guerras mundiais, e dá início a uma nova forma de
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pensar as penas. Outra figura importante nesse processo é Marc


Ancel, seguidor das ideias de Filippo. Ele se torna um grande
precursor do novo paradigma, mesmo não concordando com
alguns exageros propostos pelo professor italiano.

Neste novo movimento, a pena passa a ser vista como uma


forma de proteção da sociedade e de reeducação do delinquente.
Uma das questões centrais que as novas concepções trazem para
que isso seja possível é a humanização do tratamento penal,
considerando a pessoa humana e não apenas a teoria encontrada
nas leis.

No entanto, mesmo com este viés de humanização das


penas e de recuperação dos condenados, esse movimento
continua a defender o sistema carcerário vigente, sistema esse
que não ressocializa os criminosos mas apenas os corrompe
ainda mais e impossibilita sua reinserção na sociedade, criando
um grupo de pessoas marginalizadas e excluídas e num sistema
penal com altos índices de reincidência.
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FICAMOS COM AS PRISÕES

“E se, em pouco mais de um século, o clima de obviedade


se transformou, não desapareceu. Conhecem-se todos os
inconvenientes da prisão, e sabe-se que é perigosa quando não
inútil. E entretanto não “vemos” o que pôr em seu lugar. Ela é
a detestável solução, de que não se pode abrir mão.”
- FOUCAULT, 1987

Até o século XIX, o aprisionamento não era utilizado


como um meio de punição. Sua função era apenas de reter os
acusados até que eles cumprissem sua pena. Caso o criminoso se
mostrasse corrigido nesse meio-tempo, ele poderia ser absolvido
de seu crime. É notável que a prisão sempre carregou uma ideia
de correção do indivíduo em seu princípio e, para Foucault, isso
representa a necessidade de controle social dos que estavam no
poder.

Em sociedades como a grega e a romana, não existiu


a privação de liberdade como punição. Já na Europa, durante
a Idade Média, além de servir como meio de contenção dos
condenados, as prisões eram local de torturas e castigos terríveis.

As casas de correção representam o primeiro passo


direcionando para o sistema carcerário da forma que conhecemos
hoje. Elas recolhiam mendigos, vagabundos e desocupados e os
colocavam em um sistema que juntava assistência social, oficina
de trabalho e instituição penal. Foi uma forma encontrada de
transformar pessoas socialmente inúteis em mão de obra para o
mercado.
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Desde a reforma Iluminista, a pena de privação de


liberdade se tornou o principal meio de punição nas sociedades
ocidentais, mesmo que esta opção não tivesse aparecido com
nenhum destaque nas discussões dos reformistas. Beccaria,
grande influência na reforma penal, afirmou que a prisão era
mais um suplício do que uma forma de deter um acusado, e
Foucault afirma que a privação de liberdade se colocou como
uma instituição quase sem nenhuma justificação teórica. Por que
então usamos a prisão como forma de punição dominante desde
a Idade Moderna?

É importante lembrar que a política penal sempre é


construída de acordo com os interesses das classes sociais
dominantes, servindo como mais uma ferramente de manutenção
do status quo social e econômico. Para Foucault, a prisão como
sistema penal cria uma classe de delinquentes, marginalizados, que
facilita o controle social. Assim, os mecanismos de criminalização
tendem a escolher os indivíduos de classes subordinadas, e em
qualquer local, é visível a maioria da população carcerária ser
composta por classes sociais com renda mais baixa e de pouca voz
na sociedade. Assim, o que antes era um Estado Social (Welfare
State) nos países mais desenvolvidos, muda de categoria para
um Estado Penal onde as políticas de controle social são cada vez
mais severas e os direitos sociais são deixados de lado, modelo
esse que os países sub-desenvolvidos logo importaram. A ideia
de punição como defesa da sociedade dá lugar a um sistema
que se baseia no controle psicológico dos indivíduos, e este
controle está presente em diversas instituições como a policial,
de vigilância, psiquiátricas, médicas e pedagógicas.

De acordo com Beatriz Piffer,“o que tais dados


identificam é um modelo penal tendencioso, que procura
reproduzir desigualdades, estigmatizando e isolando os que
ameaçarem tal hegemonia. Porém, crimes são cometidos por
todas as camadas sociais e (...) podemos observar que tais crimes
dificilmente sofrem punição, de maneira que podemos concluir
que o sistema vigente, a despeito de todo um ideal de justiça,
funciona de acordo com um critério que parece medir condições
sociais e poder para penalizar.”
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Mesmo assim, a sociedade ainda é levada a acreditar que


o sistema funciona através de uma ilusão de segurança que ele
promove. Temos o costume de naturalizar o cotidiano, e muitas
vezes somos levados a acreditar que as instituições atuais sempre
existiram e continuaram a existir. De acordo com Foucault, o
sistema carcerário também carrega em si uma carga de obviedade,
ou seja, em teoria, ele parece ser a solução perfeita. A pena de
prisão pode ser utilizada para qualquer tipo de crime, sendo
que o tempo de pena será proporcional à gravidade do crime.
Todos os seres humanos gozam de sua liberdade, então a pena
de privação de liberdade pode ser aplicada à qualquer pessoa de
forma igualitária. A prisão é um local onde o condenado pode
ser corrigido e reeducado, e além disso ele é mantido fora da
sociedade, não representando nenhum tipo de perigo ou ameaça.

É exatamente por causa desta lógica distorcida que o


sistema penal carcerário não apresenta avanço no combate à
criminalidade e a violência, não promove a segurança pública.
A prisão não ressocializa, não reeduca, não regenera, ela apenas
destrói a personalidade e a saúde dos condenados e impossibilita
a volta destes para a sociedade. As taxas de reincidência ao
crime no sistema são muito altas, mas como poderíamos esperar
resultado diferente? A prisão não é muito diferente de um castigo
corporal, imagine os efeitos que podem causar em uma pessoa
o confinamento num local sem espaço, sem sol, sem ar, sem
condições adequadas de saneamento, em um constante clima
de humilhação? Como pode se esperar que um ser humano viva
anos em uma situação completamente fora do que seria uma
vida em sociedade e se ressocialize? Por esses motivos, o cárcere
é chamado também de escola do crime, na prisão o condenado
passa a ser invisível socialmente, cercado em um ambiente hostil,
despersonalizado e dessocializado, e sem nenhuma perspectiva
de ser reintegrado em uma sociedade que o vê como criminoso
mesmo após ter cumprido sua pena. Que outra opção ele tem se
não entrar para o grupo marginalizado e excluído de delinquentes
da sociedade?

Com tudo isso, a prisão deveria ser uma ferramenta


reservada aos criminosos realmente perigosos e sem possibilidade
de recuperação imediata, e aos outros casos, deveriam ser
34

aplicadas penas alternativas. Não há vantagens em utilizar a pena


privativa de liberdade para todos os condenados, além de onerar
o Estado, ela se provou não ser eficaz.
“Se eu traí meu país, sou preso; se matei meu pai, sou
preso; todos os delitos imagináveis são punidos da maneira mais
uniforme. Tenho a impressão de ver um médico que, para todas
as doenças, tem o mesmo remédio.”
- CHARLES LUCAS, 1838
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JUSTIÇA OU VINGANÇA?

“As penas que ultrapassam a necessidade de conservar


o depósito da salvação pública são injustas por sua natureza; e
tanto mais justas serão quanto mais sagrada e inviolável for a
segurança e maior a liberdade que o soberano conservar aos
súditos.”
- BECCARIA, 1764

Grande parte das pessoas tem a impressão de que


enquanto a justiça estiver sendo feita através de uma instituição
responsável, ela será justa, e que vingança é um ato praticado
por pessoas individualmente e não tem ligação com o sistema
jurídico de uma sociedade. Mas qual a diferença entre justiça e
vingança? E não seria possível que uma sentença pronunciada
pelo juiz fosse de certa forma uma vingança para a vítima?

Nem sempre a presença de um mediador entre vítima e


condenado, que seja responsável por definir uma punição ao
malfeitor, é suficiente para que a justiça seja garantida. Aqui
estão alguns pontos necessários para que a justiça seja feita, e
não a vingança:

Proporção com crime ou dano. Quando desejamos que o


mal imposto pela punição seja o maior possível e que o criminoso
sofra, apanhe, etc., estamos sendo vingativos. A punição justa
não deve ser exagerada, ela deve seguir uma proporcionalidade,
como já dizia a Lei de Talião.
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A vida segue após a pena cumprida. Uma punição


justa é aquela que possibilita a reabilitação do condenado e sua
reinserção na sociedade após o cumprimento da pena.

Só paga pelo crime aquele que o cometeu. Para que


se tenha justiça, apenas o criminoso pode responder por seus
danos. Permitir que a punição atinja qualquer outra pessoa
que não seja responsável pelo crime seria injusto e vingativo.
A punição deve colocar um fim no conflito e não prolongar a
cadeia de retaliações envolvendo mais pessoas na questão.

Sendo assim, devemos sempre ter em mente o verdadeiro


motivo da existência das punições e sua função. Para punir
é preciso ser racional e é por isso que o Estado mediador é
indispensável no momento de resolver os litígios. Não podemos
esquecer que o criminoso não deixa de ser um cidadão e de
ter direitos, ele deve responder por seus erros de forma justa e
humana, sem nenhum tipo de abuso que ultrapasse a pena. Por
fim, a maneira como a sociedade pensa tem grande influência
no modo como o governo trata a justiça e seus condenados. No
Brasil, tratamos nossos presos com dignidade? Será que somos
justos? Ou vingativos?

Superlotação. Fato que se repete em


inúmeras penitenciárias brasileiras, a
superlotação é um indicador da falência do
sistema penitenciário.
37

PUNIÇÃO NO BRASIL

“A maneira com que uma sociedade trata seus prisioneiros


diz muito sobre a sua cultura”

o
Brasil é o

16
- MITCHEL P. ROTH

Num país com a quarta maior população carcerária do


país mais violento do mundo, é comum ouvirmos falar de prisões superlotadas, sem
mundo. condições básicas de higiene, onde ocorrem torturas, abusos
sexuais, onde doenças se espalham e não há atendimento
médico suficiente. O cárcere no Brasil não é muito diferente
dos suplícios da Idade Média, nossa sociedade ainda pede pela
punição-espetáculo, com violenta punição corporal e o corpo
como troféu. Aqui os presos não são dignos de direitos humanos
e penas alternativas são vistas como sinônimos de impunidade.

As penitenciárias brasileiras não abrigam a parte da


população que rompeu com o pacto social de maneira grave,
mas a parte da população que as classes dominantes desejam
ver marginalizadas. Esse grupo formado em sua maioria por
homens, jovens, pobres, de pele escura, que moram em áreas
urbanas e de baixa escolaridade, são aqueles escolhidos por essa
sociedade vingativa para entrar numa vida de delinquência e
exclusão social, foram matriculados na universidade do crime de
onde sairão para uma vida de marginalidade. Grande parte dos
presos atualmente no país não foram julgados e chegam a passar
meses pagando por um crime que talvez não tenham cometido,
enquanto vemos pessoas de classes altas, que cometeram crimes
graves em liberdade.
38

Nossos prisioneiros são colocados em uma situação de


altos níveis de estresse constantemente. A falta de espaço, de ar,
de alimentação adequada e as condições precárias de higiene
e saúde são os fatores responsáveis por isso e levam a uma
degradação física, moral e psicológica do ser humano muitas vezes

70%
irreversível. Nesse cenário, a violência dentro dos presídios não
é uma surpresa, e brigas entre gangues, assassinatos, mutilações
e torturas são parte do cotidiano no cárcere. Combinando isso à
falta de assistência aos egressos do sistema e a uma sociedade
preconceituosa, garantimos a impossibilidade de reintegração é a taxa de reincidência no
social dos presos e geramos altos índices de reincidência ao Estado de São Paulo para
crime. De acordo com Suzann, “a prisionalização é uma ação delito de roubo.
de grande impacto na vida e no comportamento do condenado
e sua natureza e extensão jamais poderiam autorizar a tese
enfadonha de que constitui uma etapa para a liberdade, assim
como se fosse possível sustentar o paradoxo de preparar alguém
para disputar uma prova de corrida, amarrando-o a uma cama.”

Mas o que diz a lei? “O Brasil possui uma das mais


avançadas leis penitenciárias da América Latina, Lei nº 7.210, a
Lei de Execuções Penais, de 11 de julho de 1984, que assegura
todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei,
propondo, inclusive, aspectos recuperadores de tratamento aos
condenados. Além disso, a Constituição Federal enumera os
direitos e garantias fundamentais dos presos. Em complemento,

50%
a Resolução de 11 de novembro de 1994, do Conselho Nacional
de Polícia Criminal e Penitenciária (CNPCP) fixa regras mínimas
de tratamento do preso no Brasil, assegurando ao interno todos
os direitos que a sentença não atingiu.” da população brasileira
- SUZANN, 2006 concorda com a frase:
bandido bom é
Nesse cenário, cabe bem uma frase de Hegel em sua bandido morto.
Filosofia do Direito: “Não se importa uma Constituição”. De
nada vale uma lei que não reflete o espírito do povo, e apesar de
uma lei avançada, o Brasil possui uma população conservadora
e atrasada que acredita que os bandidos merecem a morte e
sofrimento. Assim, para Melina Duarte,“obviamente que
o governo não vai oferecer justiça para quem não a quer. Ele
oferece vingança, que, por ser mediada por uma instituição
governamental, pode ser chamada de vingança legal.”
39

O PROBLEMA EM NÚMEROS

Para ilustrar a questão da falência da pena privativa de


liberdade no Brasil, com todas as suas injustiças e ineficiência,
foram consultadas publicações feitas pelo Infopen, pelo Instituto
Avante Brasil, pela revista Superinteressante e pelo Anuário
Brasileiro de Segurança Pública de 2015. Os dados colocados
a seguir falam por si só e criticam melhor do que ninguém o
modelo de encarceramento em massa que é utilizado em nosso
país.
40

Brasil é o 4o
país com maior população
prisional do mundo

Porcentagem de presos Taxa de aprisionamento


sem condenação a cada 100 mil habitantes

Estados Unidos 20,40% 698

China - 119

Rússia 17,90% 468

41,00% 300
Brasil

Índia
67,60% 33
41

213,1%
foi a taxa de crescimento da
população carcerária no país
entre 1999 e 2014. Nesse ritmo
chegaremos a 1,9 milhões de
presos em 2030.

Taxa de ocupação
População Prisional das prisões

2.228.424 102,70%

1.657.812 -

673.818 94,20%

607.731 161,00%

411.992 118,40%
42

Dos presos
no Brasil
15%
em regime semiaberto

3%
em regime aberto

41%
sem condenação
41%
em regime fechado
43

Superlotação...

265%
é a taxa de ocupação do sistema
231.062
é o déficit de vagas do sistema
prisional em Pernambuco prisional brasileiro.
44

Perfil das pessoas privadas


de liberdade

Raça, cor ou etnia

2% amarela,
indígena e outras

Pixação encontrada em banheiro de


Universidade em São Paulo.

21% branca

67 % negra
45

94%
dos presos são homens.
Escolaridade

6% - Analfabetos

9% - Alfabetizados sem
curso regular

53% - Ensino Fundamental


Incompleto

12% - Ensino Fundamental


Completo

11% - Ensino Médio


Faixa etária
Incompleto

7% - Ensino Médio
70 anos Completo

1% - Ensino Superior
Incompleto
60 anos
1% - Ensino Superior
Completo

45 anos

35 anos

30 anos

25 anos

18 anos
46

Da condenação

Tipo de Crime
27% - Tráfico

21% - Roubo

14% - Homicídio
Tempo de Pena
11% - Furto 2% - Até 6 meses

11% - Outros
1% - 6 meses até 1 ano

7% - Desarmamento
3% - 1 até 2 anos

3% - Receptação 21% - 2 até 4 anos

3% - Latrocínio 26% - 4 até 8 anos

2% - Quadrilha ou Bando
23% - 8 até 15 anos

1% - Violência Doméstica
10% - 15 até 20 anos

8% - 20 até 30 anos

5% - 30 até 50 anos

1% - 50 até 100 anos


47

Na Prisão

apenas 21% dos presos


trabalham dentro da prisão.
apenas 5% dos presos com
deficiência física estão em
unidades adaptadas com
acessibilidade univeral.

apenas 10% dos presos


a despesa média com cada estudam dentro da prisão.
preso varia de
2,5 a 3 mil reais
por mês.
48

UM POUCO DE OTIMISMO

Apesar do quadro que foi colocado até aqui sobre o


desastre do sistema penal brasileiro e da ineficiência da pena
de privação de liberdade, podemos sim ser otimistas em relação
ao futuro e imaginar um país que possa ultrapassar esta crise.
Talvez, no futuro, o Brasil supere este sistema, utilize mais penas
alternativas e diminua suas desigualdades sociais. Assim, me
proponho a discutir o assunto pois acredito que este é o primeiro
passo para a mudança.

Talvez, mais para frente, toda esta discussão não passará


de uma peça de exposição em museu, uma memória de uma
sociedade injusta, de um sistema ineficiente, de um passado
ao qual não se deve retroceder. Assim, é nesse contexto que
proponho a criação de um Memorial da Prisão Brasileira, onde
atualmente funciona a Penitenciária Feminina de Santana, para
um futuro que espero não esteja tão distante.
49
50
51

PARTE II

SANTANA E O
COMPLEXO DO CARANDIRU
52
53

BREVE HISTÓRICO DO BAIRRO DE


SANTANA

Santana é um bairro localizado logo acima do Rio


Tietê que possui 118.797 habitantes (INFOCIDADE, 2010) e é
considerado a principal centralidade da zona Norte da cidade de
São Paulo, além de ser um dos bairros mais antigos da região. Ele
faz parte de um conjunto de bairros como Santo Amaro, Penha
e Pinheiros que foram se constituindo aos arredores da cidade,
no início do século XX, com o desenvolvimento do processo de
industrialização de São Paulo.

Fundada em 1673, a Fazenda dos Jesuítas (Fazenda de


Santana) foi responsável por criar um núcleo de povoamento
que mais tarde se tornaria o bairro de Santana. A Fazenda
ocupava praticamente todo a atual região do Campo de Marte.
Durante o período colonial até o fim do século XIX, esse núcleo
era responsável pelo fornecimento de frutas e verduras para a
Fazenda de Santana.
cidade, contava com plantações e áreas para criação de animais
e era visto como zona rural onde “turistas” da cidade iam
passear nos fins de semana. Essas atividades permaneceram até o
início do século XX quando foi construído o Quartel do Exército e
quando se formou uma colônia de imigrantes europeus próximo
à área da fazenda. Além disso, também existiam olarias na região
para a produção de tijolos.

A partir do início do século XX, esse quadro começou a se


modificar gradativamente com o advento da indústria, a presença
dos imigrantes europeus e a vinda de trabalhadores em busca
de terras mais baratas onde pudessem morar. Aos poucos foi
introduzido na região o modo de vida urbana tradicional através
Localização do bairro de Santana de processos modernizadores e instalação de equipamentos
54
55

urbanos, e assim o bairro foi aos poucos absorvido como parte


integrante da cidade. O núcleo central do bairro se desenvolveu
a partir da Igreja de Santana que foi construída entre 1915 e
1944, com a criação de uma área comercial ao longo das ruas
Voluntários da Pátria e Alfredo Pujol, e nessa mesma época foram
construída a Penitenciária do Estado e o Campo de Aviação da
antiga Força Pública.

Ao longo das décadas de 50 e 60, o comércio que havia


surgido na região foi se transformando. O que era inicialmente
um apoio às atividades rurais passou a servir como lojas de
roupas, tecidos, calçados, utensílios domésticos, entre outros,
que serviam principalmente a parte da população de maior
poder aquisitivo. A partir deste momento o bairro deixa de ser
uma região homogênea e começa a se fragmentar e apresentar
diferentes realidades paisagísticas e socioeconômicas.

Aos poucos o bairro vai se integrando mais à cidade


com a construção de pontos que o ligam à região central e
posteriormente o metrô, na década de 70. Na mesma época
surgem outros equipamentos importantes em Santana como a
rodoviária do Tietê, o Anhembi, o Pólo Cultural Grande Otelo e o
complexo Center Norte.

Santana aparece ao norte do mapa de São Paulo pela primeira vez em 1905.
56

Em 1916, a Penitenciária do Estado já aparece no


mapa da cidade, mesmo ainda estando em fase de
construção. Nota-se que, na época de implantação,
o complexo estava afastado da cidade.
57
58

Em 1943, Santana é um bairro integrado na cidade,


o aeroporto do Campo de Marte aparece no mapa
junto com a Penitenciária
59
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61

PENITENCIÁRIA DO ESTADO

Projetada por Samuel Stockler das Neves e construída


pelo escritório Ramos de Azevedo, a Penitenciária do Estado na
região do Carandiru foi idealizada como uma prisão modelo no
ano de 1911. A construção do presídio demorou 9 anos e ele
foi inaugurado em 21 de abril de 1920, com um custo final duas
vezes maior do que o orçamento inicial. A Casa de Regeneração
foi pensada para recuperar os condenados em um sistema
moderno e humanizado, de acordo com o Código Penal de
1890, e autoridades e estudantes vinham de outros países para
conhecer nossos métodos e procedimentos. Na Penitenciária,
haviam poucos funcionários e os presos eram responsáveis por
fazer sua comida, cuidar do pomar, produzir pão e seus calçados
e trabalhar na enfermaria. Tinham também a possibilidade de
estudar, ir na missa e aprender artes plásticas em seu tempo livre.

Inicialmente, o complexo contava com dois pavilhões,


sendo que o terceiro foi construído em 1929, durante o governo
de Júlio Prestes. Mesmo com o novo pavilhão, a penitenciária
atingiu sua lotação máxima de 1200 detentos em 1940 e passou
a sofrer com o problema da superlotação com sucessivas crises
e rebeliões. Como uma tentativa de resolver a situação, foi
construída a Casa de Detenção em 1956, durante o governo de
Jânio Quadros, aumentando a capacidade do complexo para
3250 detentos. Com o passar do tempo, foram construídos novos
pavilhões na tentativa de conter o problema da superlotação.
Além disso, foi inaugurada em 1973 a Penitenciária Feminina
da Capital e ,em 1983, o Centro de Observação Criminológica.
Assim se formou o Complexo Penitenciário do Carandiru, maior
presídio americano da época.
62

Prédio da Administração Sub. Portaria

Interior do prédio da Administração Interior do prédio da Administração


63

Interior do Pavilhão Interior da cela do Pavilhão

Inscrição no frontão do prédio da Administração

Galeria Central Presos trabalhando na lavoura


64

Escola Escola de desenhos

Auditório Laboratório
65

Gabinete dentário Hospital

Cozinha Padaria
66

Notícia no jornal Estado de São Paulo

Planta de Implantação da Penitenciária

Notícia em jornal (Polícia de NY visita Penitenciária

Prédio da Administração em jornal


67

Lavanderia Serraria

Depósito sapataria Alfaiataria


68

Vista aérea do Complexo do Carandiru

Entrada e Pavilhões da Casa de Detenção do Carandiru


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Janelas dos Pavilhões

Rita Cadillac apresenta show no Carandiru

Entrada da Casa de Detenção no dia do massacre


70

Após inúmeras rebeliões, em 02 de Outubro de 1992,


abrigando cerca de 8 mil detentos, o complexo do Carandiru
vivenciou um massacre de repercussão internacional. No
Pavilhão 9, onde estavam presos 2.069 réus primários, um
conflito entre dois detentos acabou se espalhando pelos andares
do Pavilhão e deu início a uma rebelião sem reivindicações. Os
presos queimaram colchões, arquivos e montaram barricadas
nos corredores para impedir o acesso da polícia. Após tentativas
frustradas de acalmar os ânimos dos detentos, a Polícia Militar é
acionada e invade o Pavilhão 9 causando a morte de 111 presos.
Existem diferentes versões do que aconteceu nesse dia, e não
se sabe ao certo se os presos decidiram pôr fim à rebelião, se
renderam e foram exterminados, ou se a polícia foi recebida com
facadas e tiros e portanto atirou para se defender. No entanto, a
idéia de extermínio é reforçada pelo laudo da perícia que indica
que 70% dos tiros foram direcionados à cabeça ou ao tórax.

Esse acontecimento é visto como responsável pelo


surgimento do PCC (Primeiro Comando da Capital), uma das
maiores organizações criminosas do país que apareceu como
resposta ao massacre. Assim, com o objetivo de desmantelar a
facção e de cumprir as promessas feitas à Organização dos Estados
Americanos em 1996, o governo do Estado inicia o processo
de desativação do Complexo do Carandiru em 2002. Três dos
pavilhões foram implodidos e outros dois foram reaproveitados
para a instalação da Etec Parque da Juventude.

Por sua vez, a Penitenciária Feminina de Santana foi mantida


e hoje abriga cerca de 2.674 mulheres em 1.409 celas. Cerca de
1.100 detentas trabalham nas 13 oficinas e outras trabalham na
cozinha e na padaria que ainda funcionam no complexo.
71

“E ao ouvir o silêncio sorridente de São Paulo


Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos
são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos,
quase pretos de tão pobres.

E pobres são como podres


e todos sabem como se tratam os pretos”

-Haiti. Caetano Veloso e Gilberto Gil


72
73
74

PARQUE DA JUVENTUDE

Em 1999, o governo do estado de São Paulo lançou um


concurso nacional para a criação de um projeto de recuperação
do complexo do Carandiru, transformando-o em uma área de
lazer e institucional para a população. O primeiro lugar foi dado ao
projeto criado pelo escritório Aflalo & Gasperini, com paisagismo
de Rosa Kliass, chamado de Parque da Juventude. A obra foi
realizada em três etapas após a desativação do presídio em 2002,
sendo concluída em 2007 com um total de área construída de
34.360m² num terreno de 232.933m².

A primeira etapa, inaugurada no fim do ano de 2003, foi


a área esportiva do Parque da Juventude, que conta com com
10 quadras de esportes (tênis, futebol, basquete e vôlei) e uma
arena de skate.
75
76

Estudos iniciais de Aflalo e Gasperini para o Parque da Juventude, incluindo a Penitenciária Feminina no parque.
77

A segunda etapa de intervenção, chamada de Parque


Central, foi finalizada no ano de 2005. Uma área de 90 mil metros
quadrados planejada como espaço de retiro e contemplação
do verde, “nossa proposta era criar um oásis urbano , onde os
visitantes pudessem sentar à sombra das árvores para ler um livro
ou descansar”, disse José Luiz Brenna, co-autor do paisagismo.

O Parque Central não conta com equipamentos para


atividades físicas, mas possui bancos e cestos de lixo. No
centro desta área foi criado um pequeno morro para quebrar
a planicidade do local, e dois maciços de árvores preexistentes
foram mantidos e tratados. Um desses maciços é uma área de
preservação formada por eucaliptos cortada por uma trilha para
caminhada e com uma tirolesa. O segundo está em um local onde
estava sendo construído um novo presídio, construção essa que
foi abandonada após o massacre do Carandiru. A estrutura que
já havia sido executada foi preservada como referencial histórico
e possui um aspecto de ruína com a vegetação que nasceu
naturalmente a sua volta. Foram utilizadas passarelas de madeira
para a circulação neste pedaço e a vegetação de trepadeiras foi
reforçada.

Outra estrutura interessante mantida é o passadiço acima


da muralha de 7 metros de altura, que pode ser acessado por três
escadas de aço corten, e de onde se tem uma vista interessante
do conjunto.

A alameda principal que corta o parque inteiro vai da


área esportiva até a terceira e última etapa do projeto, o Parque
Institucional. Interessante perceber que esta alameda possui uma
bifurcação que direciona o pedestre até o limite do parque com
a Penitenciária Feminina. Esse percurso foi desenhado por Rosa
para sugerir a integração da penitenciária ao conjunto no futuro,
como já era previsto no projeto inicial de 99. Para o concurso, foi
proposto um pavilhão de exposições que aproveitava os prédios
da penitenciária de Santana, mas, posteriormente, o governo
decidiu por manter o presídio funcionando.
78
79
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Na terceira e última parte do parque, foram mantidos e


recuperados dois dos quatro pavilhões inicialmente propostos,
com o intuito de preservar a memória do lugar. Os pavilhões
mantidos foram os dois da direita, mantendo a idéia de uma
praça de acesso ao parque. Ao mesmo tempo, foi proposta a
construção de mais um pavilhão, onde hoje funciona a Biblioteca
de São Paulo, que junto com o teatro, que não foi construído,
conformaria a praça. Foram utilizados pré-moldados para o
retrofit dos pavilhões do Carandiru, criando novas fachadas
para os prédios e aproveitando apenas a estrutura existente.
Atualmente estes prédios abrigam escolas profissionalizantes
além de áreas de acesso público e administração. O projeto para
o teatro está pronto e à espera de uma iniciativa privada para sua Modelo do teatro proposto.

construção.

Estudos feitos para a área Institucional do Parque da Juventude, contendo o teatro que não foi construído.
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OUTRAS PROPOSTAS

Outras propostas para


a recuperação do Complexo
do Carandiru que participaram
do concurso em 1999 também
incluíam a Penitenciária Feminina
como parte integrante do parque.

1 - Vazio S/A
2 - Equipe formada por Paulo Bastos,
Horácio Galvanese, Maurício Farias,
Sidney Linhares, Heliana Vargas, Ailton
Pires, Cristiano da Luz e Florestal Darcy
Brega Filho. 2o lugar
3 - e3gp arquitetura, menção honrosa

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3

3
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PARTE III

MEMORIAL DA
PRISÃO BRASILEIRA
86

ÁREA DE PROJETO Estação de metrô


Santana
Av. Braz Leme Campo de Marte

Rio Tietê
Estação de metrô
Anhembi Av. Cruzeiro do Sul
Carandiru
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Parque da Parque Vila


Av. Ataliba Penitenciária Feminina
Juventude Guilherme - Trote
Leonel de Santana

Shopping Expo Center


Terminal Rodoviário e
Center Norte Av. Zaki Narchi Norte
estação de metrô Tietê
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A Penitenciária Feminina de Santana, junto com o Parque


da Juventude, é cercada por avenidas de importância municipal
que contam com ciclovias, e está próxima também às estações
de metrô do Carandiru e de Santana, sendo de fácil acesso por
diversos meios de transporte.

O Complexo do Carandiru, por muito tempo, impediu


que o entorno que o cercava atingisse todo seu potencial, pois
Av. Ataliba Leonel x Parque da
os muros degradavam as avenidas e sua extensão criava uma
Juventude
barreira urbana na região. Com a construção do Parque da
Juventude, é nítida a transformação e valorização das avenidas
lindeiras, principalmente quando comparamos essas às avenidas
que fazem divisa com a Penitenciária Feminina hoje.

Av. Zaki Narchi x Penitenciária Feminina

Av. Ataliba Leonel x Penitenciária


Feminina

Vias de importância municipal


89

No que diz respeito ao uso do solo na região estudada,


percebe-se a predominância de atividades comerciais e
de serviços nos eixos das principais avenidas, com alguns
equipamentos públicos. Mais ao norte, o bairro ganha uma
característica residencial e a medida que nos afastamos do
centro, esta característica se intensifica nos bairros dormitórios.
No eixo da rua Voluntários da Pátria, as quadras residenciais
são verticalizadas, porém no restante do bairro de Santana,
na Vila Guilherme e no Tucuruvi, as quadras residenciais são
majoritariamente horizontais.

A população que reside nesta região possui pouquíssimos


equipamentos de lazer como parques e praças, e os que existem,
em geral, são de baixa qualidade. O Parque da Juventude se
destaca nesse contexto e tem potencial para oferecer muito mais.

Equipamento Público

Residencial

Comércio / Serviços

Indústria

Residencial / Indústria

Residencial / Comércio / Serviços

Indústria / Comércio / Serviços

Sem predominância de uso

Referência urbana

Mapa de ocupação do solo


90

A cidade de São Paulo é carente em espaços públicos e


áreas verdes. As pessoas não são convidadas a viver a cidade mas
são encorajadas a ficar dentro de casa ou em shopping centers.
O Parque da Juventude é uma bonita exceção à regra, ele traz
educação, esporte e lazer para os jovens da região e está sempre
repleto de pessoas. A Penitenciária Feminina já não cabe mais
nesse ponto da cidade pois ela se torna um empecilho para o
aproveitamento pleno deste espaço tão essencial aos paulistanos.

É comum encontrarmos prisões e casas de detenção


inseridas em áreas urbanas, mesmo que as diretrizes para a
construção de presídios exijam que estes sejam implementados
em locais afastados dos municípios. Isso ocorre por dois motivos
principais: pela expansão natural das cidades e pelo surgimento
de bairros residenciais no entorno destes equipamentos onde
moram pessoas que trabalham no presídio ou que visitam
periodicamente os presos. Assim, as penitenciárias que não
foram projetadas para conviver com a cidade ao seu redor
acabam por criar áreas degradadas e se tornam um problema
para o planejamento urbano.

Mapa com parques, praças e equipamentos de lazer públicos destacados no bairro de Santana e proximidades
91

Ao mesmo tempo, no caso de São Paulo, elas também


são uma solução para a nossa necessidade de equipamentos
públicos. Diminuindo a quantidade de condenados à privação
de liberdade, podemos desativar estas prisões e oferecê-las
à população. Muito melhor do que investir em prender seria
investir em qualidade de vida. É o caso da Febem do Belém que
foi tranformada em um parque e uma Fábrica de Cultura, do
próprio Carandiru e possivelmente da Penitenciária Feminina.
Em outros países esta também é uma tendência comum como,
por exemplo, nos casos de Alcatraz, do presídio de Ushuaia na
Argentina, em Old Melbourne Gaoul na Austrália, em Robben
Island na África do Sul, entre outros.

Alcatraz Old Melbourne Gaoul

Ushuaia Parque do Belém


92

Dentro dos limites atuais da Penitenciária Feminina de


Santana, o projeto de recuperação foi dividido em três áreas de
atuação: expansão do Parque Central, expansão da área esportiva
e Memorial da Prisão Brasileira, conforme mapa abaixo:

Expansão do Parque Central Memorial da Prisão Brasileira Expansão da área esportiva


93

Principais acessos e circulação interna


94
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IMPLANTAÇÃO GERAL ESCALA 1:10.000


96

EXPANSÃO DO PARQUE CENTRAL

Para a expansão do Parque Central, será mantido o pórtico


de entrada e o jardim será restaurado seguindo o desenho
original. Esta área será ligada ao Parque Central através de uma
continuação da alameda existente no Parque da Juventude, e
dará continuação ao parquinho existente.

Este trecho do projeto tem importância fundamental na


conexão entre o Parque da Juventude e o Memorial da Prisão
Brasileira, já que a topografia e a presença de remanescentes da
mata Atlântica dificultam a passagem pela área esportiva.

Imagem de referência para desenho do jardim


97
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99
100

EXPANSÃO DA ÁREA ESPORTIVA

A área da Penitenciária Feminina adjacente ao Parque


esportivo não fazia parte do projeto original da Penitenciária do
Estado e contém alguns prédios anexos de administração. Em
1920, essa região era coberta por mata Atlântica e uma porção
desta mata ainda é preservada no local.

No projeto proposto, esse terreno será integrado à área


esportiva existente no Parque da Juventude. Como a pista de
skate é o equipamento mais utilizado do parque, ela será
expandida para atender mais pessoas. Os quatro prédios de três
andares serão reformados para abrigar salas onde possam ser
praticadas lutas, danças, yoga e etc. Neste trecho, ainda, haverá
um recuo para estacionamento, estruturas para quiosques de
comida, locais de estar e uma escadaria de madeira para o acesso
ao Memorial.
101
Escadaria de ligação

Pista de skate
Mata Atlântica

Estacionamento

Prédios mantidos
102
103

Na base da escadaria foi proposto um deck de madeira


que envolve os quatro prédios, criando pequenas praças entre
as construções. O intuito é convidar as pessoas a permanecer no
espaço, na arquibancada formada pela escada, nos bancos de
madeira ou no gramado entre as quadras e os prédios.

Os quiosques são indicados com uma estrutura de aço


corten e madeira, dialogando com as escadas e passarelas do
Parque Central de Rosa Kliass.
104
105
106

MEMORIAL DA PRISÃO BRASILEIRA

Dentro dos muros da Penitenciária do Estado original


de 1920, serão mantidos o prédio de Administração, o terceiro Administração
Pavilhão, o Auditório, as oficinas de trabalho e as guaritas nas
extremidades dos muros com os passadiços que as interligam. A
parte do fundo desta área será destinada a uma segunda praça
de entrada com saída para as avenidas Ataliba Leonel e Zaki Pavilhão 3
Narchi.

As exposições do Memorial da Prisão Brasileira ocorrerão


Oficinas de trabalho
no Pavilhão, dentro das celas, e em duas oficinas de trabalho.
Seu conteúdo incluirá tudo o que foi discutido até então neste
trabalho sobre os sistemas penais e sobre a história do terreno
de projeto, desde a construção da Penitenciária do Estado,
Auditório
do Complexo do Carandiru, até a implantação do Parque da
Juventude.

Guaritas
107
108

Prédio da Administração

O atual prédio da Administração da Penitenciária Feminina


será mantido como prédio administrativo para o Parque e seus
equipamentos. O edifício tem três pavimentos, o térreo abriga
hoje a padaria e cozinha da prisão. Ele será reformado para
receber a entrada do memorial com bilheteria, banheiros e
balcões de recepção e informação. No primeiro pavimento será
feito o acesso à passarela central. O segundo pavimento e o
espaço restante dos outros dois andares será ocupado por salas
administrativas.

Esta construção, assim como o restante dos prédios do


Memorial, serve como documentação histórica para a arquitetura
feita no início do século XX em São Paulo, como também para a
ideologia da arquitetura prisional no mundo. Portanto, há uma
preocupação em preservar os conceitos que foram utilizados
no projeto de Samuel das Neves e Ramos de Azevedo desde
posicionamento dos edifícios e suas funções até a estética das
fachadas.
109
110

Galeria Central

A Galeria Central será substituída por uma passarela de


madeira e aço corten elevada à 2,5m de altura. Esta estrutura se
estenderá do prédio administrativo até o auditório, fazendo a
ligação entre esses prédios e o Pavilhão 3.

Com esta substituição, permitimos aos usuários andar


por toda a extensão do Memorial sem a barreira que a galeria
representava, tanto fisicamente como visualmente. Ao mesmo
tempo, a função original é mantida e a passarela marca o
posicionamento conforme ele havia sido projetado para a
penitenciária, com a adição de algumas escadas de acesso.
111

Guaritas e Passadiços

As Guaritas de observação serão mantidas e darão acesso


aos passadiços que envolvem toda a área do Memorial. Dessa
forma, os frequentadores do Parque ficarão livres para explorar o
local de diferentes formas.

Os muros, por sua vez, serão abertos para permitir a


passagem entre o Memorial e as áreas envoltórias. Os passadiços
serão suportados pelos pilares estruturais do muro, marcando
assim sua existência e posição.
112

Oficinas de Trabalho

As oficinas de trabalho dos três Pavilhões serão mantidas


como marcadores do espaço, sendo responsáveis por enquadrar
a área do Memorial.

As fachadas serão mantidas conforme projeto original,


mas, no interior das oficinas dos Pavilhões 1 e 2, ao invés de
manter os dois pavimentos existentes, será criado um grande
espaço de pé direito duplo e planta livre. O uso proposto para
estes edifícios é o de oficinas diversas para os jovens. Alguns
exemplos de programas possíveis são oficinas de teatro, pintura,
fotografia, circo, artesanato, dança, música, entre outros,
dependendo da programação interna do parque. Portanto, estes
edifícios deverão ser flexíveis para estes diversos usos.

Nas oficinas do Pavilhão 3, os dois pavimentos serão


mantidos conforme projeto original. O acesso será através do
primeiro pavimento, pelo museu do pavilhão, e ele fará parte do
programa das exposições.
113
114

Praça de entrada

No fundo do terreno do memorial, além do Auditório,


há uma área ocupada por construções recentes de uso dos
trabalhadores da prisão (estacionamento, quadras de esporte,
etc). Originalmente esta era uma área verde livre, mas, após a
desativação do Complexo do Carandiru, ela foi tomada por estes
novos prédios. Esta porção do terreno é mal organizada e não
possui valor histórico ou arquitetônico.

Sendo assim, optou-se por criar uma segunda praça


de entrada no local, coberta por vegetação e com caminhos
que fazem a conexão com o restante do parque e a frente do
Memorial.

Em uma das extremidades, foram posicionados bancos


de concreto que convidam quem está passando pela calçada a
entrar no parque, sentar e descansar. A outra extremidade acaba
na escadaria do parque esportivo, e no centro foi mantido o
Auditório.

Este trecho se assemelha ao Parque Central, uma área de


permanência, passagem ou contemplação, porém completamente
plana.

Foto aérea 2000 Foto aérea 2004


115

Foto aérea 2009 Foto aérea 2015


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Pavilhões 1 e 2

O Pavilhão 1 foi aqui substituído por dois espelhos d`água


nos limites originais do edifício., e, do Pavilhão 2, foi mantido
apenas seu formato através de uma esrutura de concreto e a
cobertura original.

A ideia presente nestas modificações é a de criar um


espaço público de qualidade e com flexibilidade sem perder a
memória do lugar que é tão importante para este trabalho. A
água e a estrutura são marcos do que um dia existiu no local, e
fazem uma progressão até o Pavilhão 3.

A estrutura coberta, além de ser utilizada pelos usuários


do parque de maneira livre, pode servir de palco de exposições
temporárias ao ar livre. Já o espelho d`água será rodeado de
bancos de concreto formando um local de permanência e
contemplação.

Desenho de inspiração para projeto, feito por João Sette Whitaker.


119
120

Pavilhão 3

O terceiro Pavilhão será mantido com suas celas e servirá


como espaço de exposição permanente. Originalmente, o
pavimento térreo dos três pavilhões era chamado de porão e sua
função era apenas de depósito. Atualmente, não foi concluído
qual o uso deste espaço, portanto entende-se que sua função
não é importante para a representação da história do presídio.

Sendo assim, propõe-se que o térreo do Pavilhão 3


permaneça livre, possibilitando a passagem de pessoas entre a
praça de entrada e a frente do Memorial. O acesso será feito pelo
1o pavimento através da passarela central, mesmo pavimento
que conecta o edifício com as oficinas.
121

No interior do prédio, as celas serão mantidas e nelas


ocorrerá a exposição. Onde houver necessidade de ambientes
maiores do que as celas, como banheiros ou salas com mais
conteúdo, salas adjacentes serão unidas retirando-se a parede de
divisão, mas as portas permanecerão no local original, fechadas
ou abertas. Dessa forma, flexibiliza-se o uso, mas a memória
visual do interior dos pavilhões não é prejudicada, já que as
portas marcam os locais das celas.

Além disso, é proposta a instalação de um elevador para


cada setor do Pavilhão (à direita e à esquerda da passarela
central) no mesmo local onde havia sido projetado por Samuel
das Neves, na primeira cela. Assim, permitimos acessibilidade
universal aos pavimentos superiores.

Projeto para Penitenciária do Estado


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N
PLANTA 1O PAVIMENTO PAVILHÃO 3 ESCALA 1 : 2.000
126

Exposição Permanente

Foram considerados diversos temas que poderiam fazer


parte do que será exposto nas celas, mas o propósito central
seria o de trazer informações que evidenciem a falência da pena
privativa de liberdade e tragam conhecimento sobre os assuntos
ligados ao Direito Penal. Alternativamente, as celas poderiam ser
transformadas em salas de estudo e as oficinas em bibliotecas
com material específico de direito.

Setor amarelo

_Vida em uma prisão brasileira

_A história da Penitenciária
de Santana e o Complexo do
Setor Laranja
Carandiru

_Audiovisual
_Presos famosos

_Arte produzida por prisioneiros


_Crimes famosos
127

Setor Azul

_Punições através da história

_Os problemas da pena privativa de


liberdade e como ela foi superada
Setor Verde

_Expoições temporárias
_Teorias do Direito Penal
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Precisamos trabalhar em nossas desigualdades sociais.


Precisamos educar nossos jovens.
Precisamos investir em cultura e esportes.
Precisamos de mais espaços públicos de qualidade.
Precisamos de segurança.

Não precisamos das prisões.

Este trabalho discutiu o tema do sistema penal e apresentou


uma possibilidade de futuro que atenda as reais necessidades do
nosso país. A discussão não se esgota no que foi escrito aqui,
este é só um primeiro passo para que possamos transformar a
maneira como pensamos e, portanto, agimos.

Da mesma forma, o projeto proposto não é um ponto final,


mas sim um início de conversa sobre equipamentos urbanos,
áreas verdes e patrimônio histórico.
131
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Além das mencionadas anteriormente, algumas obras que


serviram de referência para este projeto são:

Estação Pinacoteca - Memorial da resistência (DEOPS)

Museu Penitenciário Paulista


133

Parque La Villette - Paris

Parque Ibirapuera - São Paulo

Parque da Redenção - Porto Alegre


134

LISTA DE FIGURAS

Capa - Foto da fachada de Pavilhão


Fonte: www.saopauloantiga.com.br

Pág. 4 - Mãos nas grades


Fonte: http://www.techenet.com

Pág. 18 - Sociedade pré-histórica


Fonte: http://historiageografiadeportugal.blogspot.com.br

Pág. 22 - Código de Hamurabi


Fonte: http://ivoaffonso.blogspot.com.br

Pág. 24 - Suplício
Fonte: http://geographica.net

Pág. 25 - Suplício da roda


Fonte: http://historia8-penedono.blogspot.com.br

Pág. 26 - Cesare Beccaria


Fonte: www.wikipedia.com

Pág. 27 - Cesare Lombroso


Fonte: /www.museudeimagens.com.br

Pág. 27 - Antropometria
135

Fonte: /www.museudeimagens.com.br

Pág. 30 - O panóptico
Fonte: http://crimeincanada.org

Pág. 36 - Superlotação
Fonte: http://rotadeseguranca.com.br

Pág. 43 - Superlotação
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/

Pág. 44 - Pixação em banheiro


Fonte: http://g1.globo.com/

Pág. 47 - Presos trabalhando


Fonte: http://www.psdb.org.br/

Pág. 47 - Presos estudando


Fonte: http://www.tjmt.jus.br/

Pág. 53 - Fazenda de Santana


Fonte:www.wikipedia.com

Pág. 60 - Penitenciária do Estado


Fonte: Museu Penitenciário Paulista

Págs. 62 à 67 - Fotos da Penitenciária


Fonte: www.saopauloantiga.com.br

Pág. 66 - Planta de Implantação


Fonte: http://brasil.estadao.com.br/

Pág. 66 - Notícia de jornal


Fonte: http://brasil.estadao.com.br/
136

Pág. 66 - Notícia de jornal


Fonte: http://www.vitruvius.com.br/

Pág. 68 - Entrada da casa de detenção


Fonte: http://noticias.uol.com.br/

Pág. 69 - Janelas dos pavilhões


Fonte: http://www.mundopositivo.com.br/

Pág. 69 - Rita Cadillac


Fonte: http://hid0141.blogspot.com.br/

Pág. 69 - Entrada do carandiru no dia do massacre


Fonte: http://jornalggn.com.br/

Pág 70. - Demolição do carandiru


Fonte: http://noticias.uol.com.br/

Pág. 71 - Demolição do carandiru


Fonte: http://noticias.uol.com.br/

Pág. 71 - Janelas no dia do massacre


Fonte: http://www.hypeness.com.br/

Pág. 71 - Mortos no corredor


Fonte: http://noticias.uol.com.br/

Pág. 71 - Presos pelados no dia do massacre


Fonte: http://www.anovademocracia.com.br/

Pág. 72 - Pintura em parede de cela do carandiru


Fonte: http://www.hypeness.com.br/
137

Pág. 74 - Skatista
Acervo pessoal

Pág. 74 - Grafitte
Acervo pessoal

Pág. 74 - Vista aérea


Fonte: spcity.com.br

Pág. 75 - Vista das quadras


Fonte: planetasustentavel.abril.com.br

Pág. 75 - Quadra de futebol


Acervo pessoal

Pág. 75 - Skate 1
Fonte: http://www.saopaulo.sp.gov.br/

Pág. 75 - Skate 2
Fonte: http://cemporcentoskate.uol.com.br/

Pág. 75 - Skate noturno


Fonte: http://cemporcentoskate.uol.com.br/

Pág. 76 - Estudo original


Fonte: http://arcoweb.com.br/

Pág. 76 - Parque central


Acervo pessoal

Pág. 77 - Passadiço
Fonte: http://www.jorgetadeu.com.br/
138

Pág. 77 - Escultura
Fonte: http://arcoweb.com.br/

Pág. 78 - Escada
Acervo pesoal

Pág. 78 - Passarela
Acervo pessoal

Pág. 78 - Parque central


Fonte: http://www.vitruvius.com.br/

Pág. 79 - Estruturas remanescentes


Acervo pessoal

Pág. 79 - Passarela de madeira


Acervo pessoal

Pág. 79 - Bifurcação de caminhos


Acervo pessoal

Pág. 80 - 3d do teatro
Fonte: https://arcoweb.com.br

Pág. 80 - Estudos de projeto


Fonte: http://arcoweb.com.br/

Pág. 80 - Perspectiva do parque da juventude


Fonte: http://arcoweb.com.br/

Pág. 81 - Prédios da ETEC


Acervo pessoal
139

Pág. 81 - Ponte
Acervo pessoal

Pág. 81 - Ponte 2
Acervo pessoal

Pág. 81 - Pessoas na praça


Fonte: http://www.vitruvius.com.br/

Pág. 81 - Biblioteca
Acervo pessoal

Pág. 81 - ETEC
Acervo pessoal

Pág. 88 - Foto de ruas e calçadas


Acervo pessoal

Pág. 91 - Alcatraz
Fonte: http://www.inside-guide-to-san-francisco-tourism.com/

Pág. 91 - Old Melbourne Gaoul


Fonte: http://www.victoriantourismawards.com.au/

Pág. 91 - Ushuaia
Fonte: http://www.tripadvisor.com.br/

Pág. 91 - Parque do belém


Fonte: http://www.ambiente.sp.gov.br/

Págs. 96 e 97 - Fotos
Acervo pesoal
140

Pág. 100 - Parque esportivo x Penitenciária


Fonte: http://www.guiadasemana.com.br/

Pág. 132 - Museu deops


Acervo pessoal

Pág. 132 - Museu penitenciário paulista


Fonte: http://g1.globo.com

Pág. 133 - Parque Ibirapuera


Fonte: http://www.parquedoibirapuera.com

Pág. 133 - Parque la Villette


Fonte: http://paripolis.canalblog.com

Pág. 133 - Parque da Redenção


Fonte: http://www.terragaucha.com.br
141
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