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Póthos

Deus Grego Photos, o Deus da Paixão Avassaladora, dos Anseios e Desejos


Ardentes!
Esse é o quarto e último Deus Erotes! Se você não sabe, os Erotes são os
filhos mais poderosos de Afrodite! Eles representam aspectos, facetas do
Amor.
Eros está mais ligado à paixão genuína, ao amor universal, à simpatia, ao
desejo pela união. Ele atua apaixonando as pessoas.
Anteros está ligado ao amor recíproco. Ele representa a energia oposta ao
Eros. Enquanto o irmão apaixona muita gente (e nem sempre de maneira
recíproca), ele desapaixona, desilude, separa. Massss... deixa quem tem que
ficar junto, junto!
Já Himeros está ligado ao desejo carnal, ao sexo, aos prazeres que o corpo
humano pode proporcionar. Ele apaixona e induz pessoas sentirem o desejo
sexual.
E por último, temos o Photos, que é o Deus da Paixão avassaladora. Não
necessariamente por uma pessoa, mas ele é capaz de fazer você sentir uma
paixão megalomaníaca por um propósito, por uma causa, por um grupo, por
um conceito.
Entendeu?
Eu estive lendo sobre esse arquétipo e muitos mitologistas afirmam que ele
seja uma outra faceta de Eros, como se fosse o mesmo Deus atuando de
maneira mais incisiva e profunda na consciência humana.
Aliás, faz sentido tal reflexão pois em algumas representações clássicas dos
Erotes (aqueles bebês alados pairando sobre Afrodite/Vênus) ele está ao
lado de Eros.
Mas é uma força de paixão imensa que move o ser humano, não
necessariamente à união afetiva, mas para seu propósito de vida.
Photos é 8 ou 80, assim como seus irmãos Erotes. Mas e aí: você ativaria
ele?

O desejo impreciso e a ânsia do inalcançável

Na mitologia grega, Póthos é o deus do desejo — especificamente por um


bem ausente (em oposição a Hímeros, dirigido a algo presente) — , desejo a
que entregar-se é irracional, capaz de levar à morte. Consequentemente, um
desejo doloroso: contém ao mesmo tempo as ideias da plenitude (como uma
promessa conservada na imaginação) e do sofrimento por uma ausência
irremediável (uma plenitude que não pode ser alcançada). É a deidade
associada aos sentimentos difusos de nostalgia e anseio angustioso.

Seu nome é usado não só no vocabulário amoroso mas também no do luto (na
tragédia Os Persas, de Ésquilo, as mulheres sentem póthos pelos maridos
mortos que não regressarão da guerra). Ser dominado pelo “Pothos” em
relação aos mortos seria recordá-los continuamente, ficar preso a eles
(como Aquiles à Pátroclo).

Sua relação com o irracional e a desmedida é figurada pelas ramas de


videira com que era representado, associando-o à embriaguez.

Vocábulos modernos celebrados por existirem unicamente em uma língua


apontam algo semelhante à ideia: sensucht, añoranza, yearning, e até mesmo
a nossa saudade e a palavra romena dor.

O historiador romano Arriano (ca. 92–175 d.c.), que escreveu em grego,


atribui o sentimento de póthos como característico e altamente pessoal de
Alexandre o Grande (Anábase de Alexandre): Alexandre constantemente
tem o desejo de realizar alguma proeza ou emular um grande personagem,
como Aquiles ou Dioniso, a quem um culto praticado inclusive pela mãe de
Alexandre atribuía a conquista da Ásia e da Índia com um exército de
mênades e sátiros (projeto que Alexandre só deixa inconcluso quando está a
ponto de entrar nas terras desconhecidas e seus soldados amotinados o
obrigam a retornar).

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