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Pontifícia Universidade Católica

Estética
FIL1000
Prof. Rafael Zacca
Aluna: Juliana Salzano Di Bacco

0. O que você aprendeu sobre o desejo durante essa parte do curso? Algum dos
textos trabalhados em sala faz mais sentido para você? Algum deles faz
menos sentido? Faça uma argumentação conceitual coerente com a opinião e
o relato dados.

Aprendi que o desejo está além do presente, digo de forma temporal, desejo é histórico
e move a história continuamente. O desejo vai além do ser, ele controla estado de humor
ao longo de suas sensações e descobertas, do vazio, da noção de si mesmo ir por água
abaixo. É uma experiência imersiva do pensamento, profundo, esclarecedor, porém cada
vez que penso, surgem mais questões, diferentes e avassaladoras. Quando adolescente
sentia literalmente um buraco em meu corpo quando desejava, agora sei ou quase.

A princípio entendia o desejo apenas como objeto, este objeto era o desejo. O ser era o
desejo, como se o objeto tivesse o poder de criar o desejo de quem deseja. Quando em
verdade o objeto ganha esse poder através de quem deseja. O desejo está completo, mas
o ser, falta-o. Era um pensamento de forma material, física, no mundo inteligível.

Um muro começou a derrubado, um novo olhar se abriu para o mundo sensível e


inteligível e Eros contemplou esse espaço, o conhecimento do ser como corpo e do
entendimento pleno do que pode ser compreendido no mundo.

Ainda falta vocabulário experiente para expor tudo da forma pensada, ainda é imaterial,
mas serei breve como a vida dos amantes.

“A impiedade provém do fato de não cultuarmos o amor divino e não o reverenciamos


em todos os nossos atos...” Erixímaco, página 239.

Sobre o amor, algumas referências ainda me faltam sentido, pois falam sobre o amor
entre si e falta do amor de si mesmo, é sempre uma falta, um vazio a completar com o
outro, o amor é composto, constituído, e de repente o amor é desejo e o desejo é amor, o
composto desarmoniza, não se sabe se é admiração, tesão ou conexão com algo ou
alguém que foi criado em sua imaginação. A impiedade pode vir de vários lugares do
ser, não somente da falta do amor divino. De sua sobrevivência, humana e exógena no
mundo.

Por fim, cada vez que os parágrafos são lidos, tudo torna-se questão como se os
pensamentos estivessem nesses diálogos, sem poder questioná-los também.

1. Veja o seguinte fragmento de um poema de Álcman do século VII a.C.


Fragmento 58 Trad. Giuliana Ragusa Afrodite não está, mas selvagem Eros que,
qual menino, brinca a descer sobre o topo das flores – não me vás nelas tocar! –
da galanguinha. Como podemos caracterizar o Eros dos poetas mélicos arcaicos
a partir de uma interpretação desse poema? Considere explicar, em sua resposta,
a presença das palavras “Afrodite”, “selvagem”, “menino”, “brinca” e “flores”.

Eros, inconsequente em suas ações, como uma criança que não se importa com as
consequências, é a ambivalência do desejo, ele brinca trazendo uma sensação de não
conseguir conter a erotização e ao mesmo tempo pensa em não tocar para não
assumir (Eros margos) que é sua capacidade de raciocinar o juízo que Afrodite lhe
remete que ela, sem estar por perto o faz deixar o som (flautista) da sua presença
(Eros país) deixando a violência com quem sente o desejo, apesar do todo alvoroço,
tenta se conter a situação. Como um desejo contido, uma excitação de fazer algo
quando não é observado, na ausência de Afrodite aparentemente uma relação de mãe
e filho sem estar específico em seus trechos, Eros é selvagem por ser ativo, curioso
em brincar com o erotismo e subir e descer pelas flores que tem seu sentido erótico
neste fragmento, como se fosse apenas uma provocação do desejo, mas como uma
atitude imatura, não dá fim em seus pensamentos e atitudes. Querer brincar, mas não
assumir suas consequências, deixa toda a tragédia da experiência.
2. Veja o seguinte fragmento de um poema de Safo que chegou até nós desde os
séculos VII ou VI a.C.: Fragmento 130 Trad. Giuliana Ragusa Eros de novo – o
solta-membros – me agita, doce-amarga inelutável criatura A palavra
“lusiméles” (λυσιμέλης), traduzida por Giuliana Ragusa como “soltamembros”,
também tem como possibilidades de tradução “quebra-membros”,
“arrancamembros” ou mesmo “derrete-membros”. Com base no fragmento,
interprete o poema de Safo a partir de uma explicação da presença das
palavras/expressões “Eros”, “soltamembros”, “doce-amarga”, “inelutável” e
“criatura”.

A tremedeira, o descontrole físico e emocional, bem-vindo ao mundo de Eros. Encontrar


o seu objeto de desejo, que se tornou desejo, tira toda a postura e sabedoria que havia no
ser, te deixa sem jeito, molhado por dentro e sem pensar nas consequências, ato que traz
lembranças após as reações, o arrependimento, amargo, esse sabor chega a ser tangível
em sua sensação, mas o doce gozo do momento, o tesão sendo exposto e talvez
contemplado por sua própria ilusão e sem perceber refletindo no outro a sua
autorrealização. Quanto mais tenta-se contra o desejo, mais ele vulcaniza dentro de si,
invadindo todos os sentidos até que entrega de corpo e alma, que leva o ser não sentir
mais que está tomando decisões por si e sim pelo deus, ludibriado por sua própria
consciência entregou-se ao nem humano, nem deus, uma criatura, ele é o estado da
criação, intermediário que liga o mundo natural ao mundo dos deuses e vice-versa. Nem
pensar, ser vítima dos desejos de Eros, tribulado o ser que vive esse golpe de si mesmo.

7. Por que o discurso de Diotima e de Sócrates no Banquete de Platão representam uma


revisão transformadora do discurso de Agatão na mesma obra?

Agatão tenta diferenciar-se dos outros filósofos, tentando explicar a natureza de Eros,
sendo o mais belo e melhor, por ser jovem só há interesse em jovem, “o semelhante
sempre procura seu semelhante.” Além de jovem, delicado. Ele passeia no que é de mais
macio, no coração e na alma dos homens, como um ser de bons sentimentos, sempre é
percebido quando está em meio as pessoas e deuses, a violência não atinge Eros, ele é o
Amor. Eros tem melhores habilidades com a música, saber ensinar é sinal que tem pleno
conhecimento.

Sócrates, apesar de admirar o discurso de Agatão, nos leva a pensar a realidade dos fatos
dos elogios mencionados, do que vale os elogios se forem irreais. Diotima e Sócrates
refutam que Eros é a sabedoria, a sabedoria já é a própria beleza, desfoca da procura de
jovens e volta-se para a busca do conhecimento e que Eros não somente é amado, mas
também ama; Diotima e Sócrates transitam entre ideias enquanto questionam Agatão:
Se alguém procura o que é belo ou bom o que será esse ser? Se Eros já o tem, o que
busca mais? Sobejar beleza e coisas boas? Ora, vemos diferentes tipos de Amor, amor,
amado, amante, a arte tudo que se vê, sente, ouve, extrapolando o amor convencional de
sentido sexual ou apaixonado.

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