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Inari Ōkami: A Divindade da

Prosperidade no Japão

Inari Ōkami é uma das principais e mais misteriosas divindades do Xintoísmo no


Japão. Segundo a mitologia, representa prosperidade e sucesso na agricultura e
nos negócios. Inari simboliza o Kami (deus) protetor do cultivo de arroz,
garantindo abundante colheita, sendo considerado patrono dos agricultores e
comerciantes.

Inari é até hoje um dos deuses mais cultuados, tanto nas crenças xintoístas quanto
budistas, possui mais de 40 mil santuários e altares em sua dedicação espalhados
por todo território nipônico. Dentre eles, o mais antigo e importante é o Santuário
Fushimi Inari Taisha localizado na base do Monte Inari em Kyoto. Foi no local que
o deus teria sido adorado pela primeira vez. Segundo a lenda, o santuário
foi construído em sua homenagem quando um jovem presenciou um fenômeno
mágico: das asas de um majestoso pássaro de plumagem branca um
Inari: As muitas formas da divindade

Inari não tem uma identidade específica ou gênero definido, mas possui muitas formas
atribuídas a sua imagem, variando de acordo com tradições regionais e credo. A
divindade geralmente é representada como uma bela e jovem mulher de cabelos
sedosos, ou ainda, um velho homem com longa barba carregando férteis sacos de arroz.
Porém, independente da figura associada, é sempre retratada acompanhada por duas
raposas brancas (myōbu), o animal é considerado seu guardião e mensageiro. Ainda,
segundo antigas crenças, acredita-se que o deus assuma a forma da própria raposa, mas
com uma beleza incomparável.
Myōbu: As Raposas mensageiras e guardiãs de Inari

No Japão, as kitsune (espíritos raposas) são consideradas criaturas lendárias e sagradas


com poderes sobrenaturais e habilidades que aumentam com a idade e sabedoria, são
símbolo de ardileza e inteligência. As raposas de Inari (myōbu) possuem a pelagem
completamente branca e atuam como suas guardiãs e mensageiras.

As estátuas de raposas, comumente encontradas nos Santuários de Inari, são retratadas


carregando objetos sagrados na boca, na ponta de suas caudas ou sob suas patas; como a
joia flamejante com o poder de conceder desejos representando a alma do deus, uma
arcaica chave em formato espiral (usadas nos armazéns de antigas fazendas), espinhas
de grão que representam os “cinco grãos” (trigo, arroz, feijão, milho e milhete de kibi).
Todo, elementos importantes nas tradições do Leste Asiático, além do pergaminho que
representa pleno conhecimento e sabedoria.
Little fox statues _ Fushimi Inari Shrine in Kyoto

Existem várias teorias sobre a origem da lealdade da kitsune branca à Inari, mas
ninguém sabe ao certo quando começou. Em um texto budista do século XIV, um mito
conta sobre uma família de raposas que viajaram para a Montanha Inari para oferecer
seu serviço à divindade. Inari concedeu seu pedido e os colocou como atendentes e
protetores do santuário na montanha.

Acredita-se também que está relacionado com o fato das raposas terem sido
frequentemente vistas nos campos de arroz durante seu período de crescimento e
amadurecimento, alimentando-se dos roedores que consumiam o arroz e estragavam a
colheita. Esse padrão de comportamento teria as atribuído à imagem de “guardiões dos
campos”. Também é significativo que a cor da raposa se assemelhe à cor do arroz
amadurecido, e sua cauda se parece com um feixe de arroz cheio.

Inari Ōkami: A Origem do Mito

A origem exata de Inari como divindade e o começo de sua adoração não são exatas,
sendo então aceita a data de 711 d.C, em que o santuário da Montanha Inari (Fushimi
Inari) foi fundado, como marco de início da devoção. Apesar dessa aceitação, alguns
estudiosos encontraram artefatos datados do final do século V que sugerem que o povo
nipônico há muito tempo prestava tributo a Inari como deus agrícola. O primeiro
registro escrito de Inari foi encontrado em uma escritura de 892 d.C conhecida como
“Ruiju Kokushi”. Nesta escritura, a palavra Inari estava altamente relacionada ao
“transporte de arroz”, o que levou os estudiosos a acreditarem que daí tenha originado
seu nome. O nome de Inari deriva da palavra “ine”, que significa muda de arroz,
podendo ser traduzido como “transportador de arroz”. Acredita-se também que muitos
outros deuses possam estar diretamente associados com a origem de Inari ou também
que Inari seja a junção de várias outras divindades como: Ukanomitama, Wakumusubi,
Sarutahiko, Omiyanome, Tanaka, Shi e Uke-mochi.

No período Heian, a adoração à Inari se propagou rapidamente por todo território da


Terra do Sol Nascente, adentrando também à religião budista. A fama e reputação do
deus continuaram a crescer, chegando ao Imperador Suzaku, que crente em Inari, orou
por ajuda e orientação em tempos de rebeliões, atribuindo a ele o sucesso ao superá-las,
aumentando ainda mais sua influência. Durante o período Edo, o culto de Inari ganhou
bastante força, tornando-se também deus protetor dos ferreiros e guerreiros. O povo
começou a rezar para Inari e se referir a ele como uma divindade de sorte, fortuna e
prosperidade, capaz de realizar desejos. Isso se desenvolveu ainda mais à medida que a
economia japonesa crescia, de modo que, no Período Meiji, Inari era considerado o deus
que cuida das finanças e da indústria, uma posição que ainda detém para muitos até
hoje.
Santuários dedicados à divindade

Inari é a divindade do arroz, fertilidade, agricultura e responsável pela prosperidade e


sucesso mundano. Tornando um dos deuses mais respeitados e adorados do Japão, com
mais de 40 mil santuários e altares em sua dedicação, dentre eles destacam-se três como
principais. O mais importante é o Santuário xintoísta “Fushimi Inari Taisha”
localizado na base da Montanha Inari no bairro Fushimi em Kyoto, fundado em 711
para assegurar a prosperidade do cultivo de arroz na época, hoje considerado um
Patrimônio Mundial. O santuário Fushimi Inari recebeu o primeiro lugar no prêmio do
TripAdvisor na categoria “Local japonês mais popular entre turistas estrangeiros” em
2016.

A estrada que leva ao Santuário é coberta por milhares de portões vermelhos (torii),
doações de indivíduos e empresas bem sucedidas homenageando o deus Inari pela
abundância e prosperidade nos negócios. Cada torii tem inscrito na parte de trás, o nome
do doador e a data da doação, uma tradição que se concretizou no período Edo.
Como importante símbolo do Santuário, há várias esculturas das raposas guardiãs
espalhadas pelo local, sempre decoradas com um avental (maekaki) vermelho. Dizem
que em tempos antigos, as pessoas colocavam este avental vermelho nas estátuas para
pedir proteção aos seus filhos, pois de acordo com a crença, a cor vermelha protege
contra o mal, afugentando o deus do Azar, assim como sarampo, varíola entre outras
doenças.

Muitas oferendas são feitas pelos visitantes às mensageiras de Inari. Geralmente são
oferecidos miniaturas de torii, origamis e placas de madeira (emma) com pedidos no
formato da raposa, também inclui alimentos como arroz, sakê e Aburaage (tofu frito)
que, segundo acreditam, é o prato favorito da raposa. Até mesmo uma comida foi
batizada em sua homenagem, Inarizushi (arroz cozido envolto em tofu frito e embebido
em licor de arroz doce), feito à base do Aburaage.

Kasa
ma Inari

O Santuário “Kasama Inari”, um dos três maiores do gênero no Japão, está localizado
na Província de Ibaraki em Kasama, fundado em meados do século VII durante o
reinado do Imperador Kotoku. O terceiro, “Yutoku Inari” na cidade de Kashima em
Saga, construído em 1688 por Manko Hime, casada com Nabeshima Naotomo, como o
santuário familiar do clã de Nabeshima. Clã que governou o que se tornaria a área da
Saga durante o período Edo.

O templo budista “Toyokawa Inari” na Prefeitura de Aichi é outro destino bastante


popular para consagrar o deus, foi construído em 1441.

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