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INSTITUTO CATÓLICO DE ESTUDOS SUPERIORES DO PIAUÍ – ICESPI

ALEXANDRE NASCIMENTO FREITAS

O BANQUETE
RESENHA CRÍTICA

Teresina-PI
2021
PLATÃO. O Banquete. 1. ed. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010. 33-66 p.

SOBRE O AUTOR

Platão foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor


de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia de Atenas, a primeira
instituição de educação superior do mundo ocidental. Foi discípulo de Sócrates
e um dos mais importantes filósofos da Grécia Antiga. Destacou-se por ter
lançado a sua teoria idealista e por ter deixado escrita a maioria dos textos
conhecidos hoje sobre Sócrates. Platão é considerado também o mais brilhante
discípulo de Sócrates. Entre os seus trabalhos, há uma categoria chamada
diálogos socráticos, constantes de suas primeiras obras, mas também nas
de Xenofonte, que reproduzem as conversas que Sócrates tinha com outros
cidadãos gregos, por meio das quais exprimia suas ideias filosóficas.

1. RESUMO DA OBRA

A obra oferece elementos que contribuem para a compreensão do Amor, por


meio de Eros, o deus do amor.

2. RESENHA SOBRE A OBRA

A obra começa com Apolodoro, amigo de Sócrates, sendo abordado por um


conhecido que lhe pede para que ele lhe contasse sobre um banquete que
acontecera na casa de Agaton. Apolodoro resolve contar, porém ele não esteve
presente no festim, mas sim um amigo chamado Aristodemo.

Em tal evento estavam reunidos: Agaton, Sócrates, Fedro, Pausânias,


Erixímaco, Aristófanes, Alcibíades e Aristodemo. Todos reunidos resolveram
que cada um fizesse um elogio a Eros, incentivados pela proposta de Fedro,
então ele foi o primeiro a discursar.

Fedro começou sua fala exaltando a Eros, e falando de sua origem. Ele diz
que havia primeiro o Caos e após a criação da Terra surgiu Eros, sendo
considerado por ele uma das mais antigas divindades. Para Fedro nada no
mundo pode, como Eros, fazer nascer a beleza é Eros que inflama os homens
com honra, só quem ama sabe morrer pelo outro. Eros é aquele que inspira o
que há de melhor entre os homens. Por isso, para Fedro o amor é algo central
e absoluto, não há erro no Amor. O amor inspira coragem.

Só os deuses apreciam de forma magnânima a coragem de alguém que se


dedica ao amado, mas admiram-se e estimam e recompensam o que o amado
faz pelo amante, muito mais que o amante faz por que o ama. Portanto, Fedro
finaliza afirmando que Eros é realmente o mais antigo dos deuses, o mais
grandioso, e o mais apto a garantira aos homens a conquista da virtude e da
felicidade tanto na vida como na morte.

Pausânias inicia seu discurso discordando de Fedro, afirmando que o amor


não era somente um Eros, mas dois, o Amor não é algo simples, mas
composto. Assim ele divide o amor em Celeste e Vulgar. Para Pausânias,
qualquer atividade não é em si mesma nem boa nem ruim. Para que as
atitudes sejam boas ela deve se fundamentar na justiça.

O Amor Celeste é aquele idealizado, espiritual que é fácil de compreender.


Já o Eros Vulgar é o Amor que os homens buscam acima de todas as coisas, é
um Amor carnal, físico. Para o orador é de baixa qualidade dá permissões
amorosas a uma pessoa indigna, mas é nobre fazer isso a um ser digno,
elevado e belo. O indigno entende-se pelo tipo vulgar, que mais se apaixona
pelo corpo que pela alma.

O terceiro a discursar é Erixímaco o médico. Ele dá início a sua fala


elogiando o discurso de Pausânias, porém, afirma que tal não o fez por
completo. Erixímaco, afirma que Eros não mora somente na alma dos homens,
mas também nos animais, nas plantas e em toda a natureza. A natureza
orgânica compreende dois Eros: A saúde e a doença, que são circunstâncias
distintas.

A saúde é um Amor que reside no corpo sadio, já a doença,


consequentemente, no enfermo. Para ele o bom medico é aquele que sabe
discernir qual o Amor que causa danos e qual o benéfico. Como a medicina
deve procurar a boa convivência entre os opostos. O Amor deve procurar o
equilíbrio. O Eros tem um grande poder, é onipotente. Contudo, ele só pode
manifestar esse poder quando é ordenado pela justiça e temperança. Isto serve
tanto para os homens, como para os deuses.

Logo após Erixímaco discursar, foi a vez de Aristófanes, que diz pensar que
os homens ainda desconhecem o poder de Eros, e por isso, para conhecer
esse poder, ele diz que é preciso antes conhecer a história da natureza
humana. Ele afirma que Eros é o mais humanitário dos deuses, o que mais
ajuda os homens, o que sara a humanidade de tudo que a impede de atingir a
suprema felicidade. Para Aristófanes, existiam três espécies de homens.

A terceira espécie era formada dos dois sexos, chamavam-se andróginos.


Tinham dois rostos iguais, quatro orelhas, dois órgãos genitores. Reproduziam
como as cigarras fazem. Esta espécie foi extinta, por causa da sua índole
insolente. Zeus, em consenso com os outros deuses do olimpo, em forma de
castigo, resolveu dividir em duas partes os andróginos.

Desde então, cada parte deseja unir-se à metade da qual foi desligada.
Pelo desejo de se unirem novamente, se permitiam até mesmo morrer de fome.
E assim a raça foi extinta.

Zeus, movido de compaixão, concebeu uma nova tarefa, e os obrigou a


unirem-se macho e fêmea. Aristófanes fala também que haviam aqueles que
se uniam a outros do mesmo sexo. Tal necessidade de unir-se a outro vem do
fato de que a natureza primitiva dos homens era uma.

O dramaturgo grego aconselha, que ninguém se rebele contra Eros, pois, a


rebelião contra este deus faz nascer o ódio pelos outros deuses. Para finalizar,
ele afirma que todos os homens, de modo geral, seriam felizes se, por Eros
fossem ajudados a encontrar, cada um, sua metade que os reconduziria a seus
estados originais.

Agaton, ao fazer seu elogio a Eros, afirma que nenhum dos seus
companheiros fizeram conhecer a natureza de Eros. Pois, para ele, só pode
louvar aquilo que se conhece, ou seja, o verdadeiro meio é investiga-lo para
depois enumerar os benefícios que dele brota. Afirma ainda que Eros é o mais
feliz dos deuses, o melhor e o mais belo, pelo fato de ser o mais novo (aqui ele
discorda de Fedro).

O amor sempre procura os jovens, porque, os semelhantes procuram os


semelhantes. Ele anda e mora em tudo que é mais delicado: os corações e as
almas dos deuses e dos homens. Mas, não habita em todos os homens, pois,
existem almas duras, foge delas, por isso, o amor só habita em corações
ternos, toca apenas o que é delicado. Agaton enumera as virtudes de Eros, que
são a justiça, a temperança que é a virtude de dominar as paixões volúpias e a
potência desse deus.

A maior glória de Eros consiste na impossibilidade, que lhe é essencial, de


ofender aos deuses e homens ou ser por eles ofendido. Se ele sofre, não é por
força, porque o amor e a violência são incompatíveis. Eros é poeta e musico.
Ele que inspirou Apolo a descobrir a arte de atirar com o arco, a ciência da
medicina, a adivinhação. Tudo isso ao ponto de ele dizer ser discípulo de Eros.

Sócrates começou seu discurso, elogiando Agaton por mostrar primeiro a


natureza as virtudes e o comportamento do amor. Então ele questiona se a
natureza do amor é realmente amar algo ou não. Agaton confirmou que amor é
amar por algo. O que seria o amor?

Portanto, respondendo às perguntas de Sócrates, Agaton diz questionando


o que é o amor. Diante da confirmação de Agaton, Sócrates propositalmente
explorou essa questão com a dialética por meio de uma pergunta "Será que ele
realmente quer e ama o que quer e ama, ou quando não ama?" O que se
segue é desejar amar as coisas, desejar coisas que não tem e coisas que
faltam.

Em seguida, ele passou a relatar que, quando questionado por Diotima, ele
foi forçado a concluir que o que não é bonito não é necessariamente feio. Outro
exemplo é que uma pessoa que não tem sabedoria não precisa ser ignorante.
Em seguida, Diotima passou a provar a Sócrates que o amor nem mesmo é um
deus, porque todos os deuses, perfeitos, são felizes e belos, e já possuem algo
belo e gentil.
A sacerdotisa diria que o amor é um “gênio intermediário” quando Sócrates
perguntou sobre a origem do amor, Diotima contou um belo mito de que,
quando Afrodite nasceu, havia uma grande festa no Monte Olimpo, que incluía
ter todos os recursos da riqueza.

O menino rico é filho da deusa Metis. “Depois que terminaram o jantar, o


pobre veio mendigar no banquete e ficou na porta. Agora o recurso estava
bêbado, entrou no jardim de Zeus e adormeceu profundamente. A pobreza
então conspirou para dar à luz uma criança atraente, deitou-se ao lado dela e
logo concebeu o amor. E assim, segundo Sócrates nasceu o amor. Alcibíades,
o sétimo e último a discursar, faz mais um elogio a Sócrates que ao deus Eros.

Em suma, tal obra traz uma boa contribuição para o entendimento sobre
o amor, pois, apresenta de forma bem distinta várias concepções distintas
sobre a origem, essência e modo de agir do deus Eros. Possui uma linguagem
filosófica que requer conhecimento prévio de alguns termos. Porém, apresenta
uma explicação, nobre e digna de ser aprofundada, sobre o amor.

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