Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução à obra:
O Banquete não pode ser considerado um diálogo; tende muito mais para um duelo no
qual os participantes pretendem fazer, cada qual, o melhor discurso sobre a amizade. O início
da obra lembra-nos outras de Platão: alguns estão em caminho para a cidade quando são
interrompidos por outros e se colocam a discutir determinado assunto. Desta mesma forma
acontece em A República (Sócrates e Glauco estão descendo do Pireu e terminam na casa de
Céfalo) e no Fedro (Fedro, depois de ouvir Lísias, encontra Sócrates no caminho para a
cidade e se colocam a debater o discurso retórico de Lísias). No Banquete, Apolodoro e seu
Companheiro (a obra não revela o nome dele) estão indo de casa, em Falero, para a cidade
quando são interrompidos por Glauco:
O que realmente se passou na casa de Agatão começa a ser relatado por Apolodoro em
174a. Sócrates chega por último, quando todos já estavam acomodados e o banquete já havia
se iniciado, estando pelo meio (cf. 175c). Frente ao banquete, Pausânias lembra que deveriam
beber com moderação: faz referência ao dia anterior, no qual havia bebido exageradamente e
ficado abalado fisicamente.
===================================================================
ARGUMENTO DE ARISTÓFANES:
Tópicos:
Definição de Amor: “O motivo disso é que nossa antiga natureza era assim e nós
éramos um todo; é, portanto ao desejo e procura do todo que se dá o nome de Amor”.
Findada a fala do médico Erixímaco, Aristófanes já tem por cessado o seu soluço e
começa a expor o que tem a falar sobre o amor.
O discurso do poeta Aristófanes é menos extenso que o do Erixímaco, mas maior que
o de Fedro. Percebe-se que a discussão vai avançando e se aproximando de definições mais
claras para o que seria o amor, ou a amizade, ou Eros. Para Aristófanes, Eros é um anseio,
uma busca metafísica do homem por uma totalidade do Ser, inacessível sempre à natureza do
indivíduo. Uma das coisas que revela isso é a saudade dos amantes que desejam não se
separar em tempo algum: não se trata somente de algo corporal, mas de algo que une as suas
almas ou, dizendo de outra forma, complemento que uma alma busca na outra. Diz-nos
Aristófanes:
Não se deve esquecer que Aristófanes é poeta e apresenta uma visão mais romantizada
da definição de Eros, de amor e amizade. Ele quer deixar evidente que não se trata de apenas
uma conexão corporal, muito mais de essência e de complementaridade.
Não é, evidentemente, a união física que faz com que um sinta um prazer tão grande
com a presença do outro e a ela aspire com tanta força, mas é indubitavelmente uma coisa
diferente o que a alma de ambos quer, uma coisa que ela não pode exprimir e que só palpita
nela como obscura intuição do que é a solução do enigma da sua vida. (JAEGER, 2001, p.
732.)
Aristófanes termina seu discurso sobre o amor de forma belíssima, profetizando que o
homem só terá uma vida feliz se tomado por Eros:
Falo em tese, tanto do homem como da mulher, para afirmar que nossa espécie só
poderá ser feliz quando realizarmos plenamente a finalidade do amor e cada um de nós
encontrar o seu verdadeiro amado, retornando, assim, à sua primeira natureza. (193c).
ARGUMENTO DE SÓCRATES: Sócrates faz uso do mito de Diotima: segundo ele, em
determinado tempo, havia perguntado à profetisa Diotima, de Mantinéia, coisas sobre Eros.
Isso revela que o discurso de Sócrates aparece não como uma sabedoria dele, mas como uma
verdade que ele desvendou. De acordo com esse mito, Eros é filho de Poros (riqueza) e de
Penia (Pobreza). Isso coloca Eros em uma posição intermediária: ele não é nem feio e nem
belo, nem participa da bem-aventurança, característica essencial da divindade. Eros é um ser
duplo, herdado da diferença de seus pais, o que o coloca numa posição intermediária.
Para Platão, a amizade é uma força educadora e nexo que mantém o Estado. A
amizade é "forma fundamental de toda comunidade humana que não seja puramente natural,
mas sim uma comunidade espiritual e ética.”. Não é possível existir uma comunidade que não
seja baseada na amizade, pois essa tende para aquilo que é o bem e este une os homens. O
bem é aquilo que é supremo, está impresso na alma, é o primeiro amado, aquilo que permite a
admiração pelas demais coisas, em outras palavras, antes de tudo vem o bem, para o qual o
ser humano deve voltar-se, aquilo que tudo une, ente unificador.
Ao contrário do que diziam seus discípulos, a amizade (ou amor, representado pelo
deus Eros) não é o próprio belo e próprio bem. Eros é originado de duas oposições, filho da
riqueza e da pobreza. Isso o coloca numa situação intermediária, não fazendo estar de nenhum
lado oposto e extremo. A posição intermediária de Eros atribui-lhe movimento, sendo o
mesmo movimento do homem em busca do bem supremo.
Toda forma de sociedade deve se voltar também para o bem e essa busca do bem, do
supremo e divino, Platão a caracteriza como amizade, como Eros.
Por isso dizemos que Eros (philia, amor e amizade) é movimento, a busca incessante
do homem pelo bem e que tanto o homem quanto a sociedade não pode existir sem esse
movimento em direção ao que o bom e belo.
===================================================================
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: