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Apresentação Fedro – TCOE

Livro a apresentar: Fedro de Platão.

Motivo de escolha: Escolhi este livro porque já tinha lido anteriormente algumas obras de Platão, como
a República, Íon e Fédon e não só gostei muito de ter um pouco de iluminação/conhecimento quanto ao
pensamento da época, como também eu aprecio as correntes filosóficas. E acho que Platão é um bom
clássico por onde começar a perceber as raízes de tantas temáticas que aborda (literatura, retórica,
religião, sexualidade, política e neste caso, o amor). E posso até citar a epígrafe da obra, que esclarece
um pouco mais esta minha afirmação “ Para comprender hoje a cultura do mundo ocidental é
necessário o conhecimento dos textos que a Grécia e a Roma nos legaram” .

Expectativas: Assim, quanto às minhas expectativas, de uma forma inocente eu não esperava que o livro
fosse tão difícil de compreender uma vez que não tive grande dificuldade nos anteriores, mas não me
sinto desiludida - também não posso exigir compreender a mente de um filósofo tão bem conceituado
tão facilmente.

Contextualização histórica: Relativamente à contextualização histórica desta obra, por ela existir há já
tantos anos é impossível dar uma data específica da sua criação, mas consta que foi composta no
mesmo período de tempo de A República e O Banquete, sendo até uma continuação deste último e por
isso podemos dizer que ronda os anos 370 antes de Cristo.

(2 minutos e 10)

Estrutura externa e personagens: Como maior parte de nós está familiriazado, em muitas das suas obras
Platão assume a identidade de Sócrates e isso acontece novamente em Fedro, sendo então esta obra
um diálogo entre Sócrates e Fedro. Acerca das personagens, há quem questione a verdadeira existência
de Sócrates, isto é, se ele realmente existiu ou se foi criado apenas por Platão, que foi seu discípulo.
Segue-se Fedro, este é caracterizado como uma pessoa ávida de cultura, apaixonado por discursos e
amante de mitologia. Para além destas duas personagens, ao longo do diálogo são referidas outras duas
identidades, Lísias – que é conhecido como o símbolo da retórica da época, isto é, 445 A.C. e Isócrates,
que começou por ser logógrafo para se tornar mestre de retórica e fundou uma escola rival da
Academia de Platão.

( 3 minutos e 19)

Desenvolvimento:

1ª parte, discurso de Lísias: A obra começa com Fedro, a sair de junto de Lísias, com quem tinha
estado a treinar a arte oratória e trazia consigo o discurso dele sobre o amor. Durante o seu passeio
acaba por encontrar Sócrates e ambos dirigem-se para fora das muralhas e sentam-se à sombra de um
plátano. Chegando lá, Fedro passa a ler o texto de Lísias. Todo este discurso assenta no facto de este
condenar o homem apaixonado e a loucura do amor e proferir que é preferível a amizade à paixão.

Lísias diz isto porque quando o homem não ama, não pode ser julgado pelas suas convivências nem pelo
bem e mal que praticou durante a sua vida, pelo contrário, o próprio homem que não ama é capaz de
fazer isto sozinho uma vez que não está sob a doença do amor e não partilha das aflições que dele
fazem parte.

Ainda, os próprios homens que amam e passo a citar uma passagem " reconhecem ter infetada a razão,
mas não conseguem dominar-se". No fim do discurso, Lísias defende ainda que se devem conceder
favores aos mais necessitados, ou aos que não amam, uma vez que estes demonstrarão uma maior
gratidão; ou seja, não a quem procura o rompimento depois da paixão acabar mas a quem permanece
amigo durante a vida toda.

2ª parte, primeiro discurso de Sócrates: Sócrates reage ao discurso de um modo irónico e Fedro
desafia-o a criar um da sua autoria sobre o mesmo tema. Assim, Sócrates pede inspiração às musas e
profere o seu discurso, onde revela Lísias falou sobre paixão e não sobre amor verdadeiro, pois a
paixão busca pelo prazer e o amor pelo melhor. Ainda, define o homem apaixonado como alguém que
deseja que o seu amado seja inferior, pois quem é movido pela paixão não gosta da existência de
alguém superior. E ainda, o homem apaixonado comete a pior das loucuras, que é afastar o amado da
filosofia.

O discurso acaba por ser bastante breve, pois Sócrates acaba por confessar que antes de o começar,
sentiu-se possuído por um daimon, um sinal divino que costuma surgir nele, que o fez sentir que ele
cometeu uma falta contra os deuses, nomeadamente por ter dito mal do amor e sendo o amor uma
divindade, Eros, nunca pode ser um mal .Aassim que ambos os discursos estão incorretos e decide
proferir outro.

( 6 minutos e 45 )

3ª parte, segundo discurso de Sócrates com todos os mitos etc: Sócrates começa o seu novo discurso
por dizer que nunca se poderia dizer que a loucura é um mal, pois a loucura é um dom divino e os
maiores bens vêm por esse mesmo meio. De seguida insere a temática da alma, afirmando que se deve
ter consciência da sua ideia divina e humana, que é imortal e passa a explicar a natureza da alma
através de uma comparação com uma biga alada e o seu cocheiro. Isto é, na biga alada dos deuses, os
dois cavalos e o auriga são bons, enquanto que na dos humanos, um cavalo é bom e o outro mau, e por
sua vez o cocheiro, que somos nós, tem muita dificuldade em conduzi-los, pois como ambos os cavalos
puxam na sua direção, complica imenso o processo necessário de atingirmos um equilíbrio dentro de
nós dos dois caminhos. Isto é, o caminho da verdade.

Posto isto, aplicando ao caso das almas, o cavalo bom deseja ir para a Planície da Verdade e seguir o
caminho dos deuses e chegar banquete deles para escolher a sua encarnação (hierarquia – 9 níveis, 1º
- amigo da sabedora, 9ª tirano) , enquanto que o mau, ao tropeçar nesse caminho, atropela os outros e
acaba por perder as asas e a força para subir à Planície.

Por fim, Sócrates fala ainda da retórica e da formulação de um texto, devido à disputa dos dois discursos
e refere que a retórica dos tribunais se concentra apenas na persuasão do verosímil, enquanto que a
retórica filosófica, que considera a verdadeira, se deve focar no real e a verdade deve ser sempre a
norma do discurso. E ainda que o amor verdadeiro e o seu delírio deve ser dirigido não só a Afrodite e
Eros, como à temática do espírito e da alma, o que liberta o homem da sua forma física.

Termino assim a minha apresentação com uma breve passagem acerca do discurso * passagem do
discurso* e aconselho vivamente a leitura deste livro aos interessados pela corrente filosófica e aos
curiosos pelo pensamento de Platão. A mim enriqueceu-me bastante porque o amor é uma temática
bastante presente na vida humana e não é um livro extenso, e o facto de ser um diálogo ajuda, pelo que
se lê numa tarde (o que me deu oportunidade para passar o resto do dia a pensar trocar de licenciatura)
eu acho importante lermos livros que pertencem a grandes nomes.

(11 minutos e 24)

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