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PALESTRA

Impactos e Benefícios da
atualização da
RDC nº 430/2020
16/05/2023 19 às 20:00 horas

Jair Calixto
JAIR CALIXTO
Farmacêutico-Bioquímico, graduado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas
da Universidade de São Paulo. Especialista em Administração Industrial pela Fundação
Vanzolini da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. MBA pela Fundação Getúlio Vargas.
Em 2022 se tornou Perito Judicial e fez o VIII Curso UNIFESP Cannabis Medicinal.
Iniciou sua vida profissional em Farmácia Comercial.
Após a graduação em Ciências Farmacêuticas, atuou em indústrias farmacêuticas entre 1985 e
2007 (Boehringer, Eurofarma, Galderma, Labs Zurita e Minâncora), nas áreas de desenvolvimento
de produtos, garantia da qualidade, produção e gerência de fábrica.
No Sindusfarma, de 2008 a 2020, atuou nas discussões de normas regulatórias, elaboração de
livros técnicos e workshops científicos.
Atualmente é CEO da empresa PharmAlliance Assessoria Ltda. É assessor em assuntos técnicos
realizando projetos voltados às indústrias farmacêuticas, incluindo Cannabis Medicinal. Ministra
cursos e faz palestras. Publica aulas, vídeos, livros e artigos sobre temas técnicos nas mídias
sociais, além de entrevistas com especialistas sobre o tema Cannabis para uso medicinal e
outros temas mais relevantes para o setor.
“Proibida a reprodução total ou parcial do material por
qualquer meio, sem a devida autorização. Caso seja
autorizado, deve-se obrigatoriamente mencionar a
fonte.

Direitos exclusivos:
PharmAlliance Assessoria
Sumário

1 Gestão da Qualidade
qualificação, validação, reclamação, devolução, recolhimento,
auto-inspeção.
2 Instalações, Recebimento inspeção
3 Artigo 64 – controle e monitoramento
Artigo 89
4 USP capítulo 1079
5 Conclusões
1

GESTÃO DA QUALIDADE
CAP II -DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 4º Responsabilidade compartilhada entre produção,
armazenagem, distribuição e transporte
Abrange o recolhimento!

Finalidade: qualidade e segurança dos medicamentos.

Art. 7º Permite aquisição de medicamentos, de


distribuidoras que não o detentor, desde que garanta a
rastreabilidade através do SNCM.

Na inaplicabilidade do SNCM, comprovar p/ documentos.


Art. 8º Distribuidores, armazenadores ou
transportadores devem dispor de sistema de gestão da
qualidade para documentar, verificar e assegurar a qualidade de
cada processo.
CAPÍTULO III - SEÇÃO III - SISTEMA GESTÃO DA QUALIDADE

• Mapear processos que impactam na


Art 15 qualidade.
>>>> Com POPs e registros.

Sistema de Gestão da Qualidade- SGQ:


Art 16 responsabilidade de toda a empresa.

Divergências >>>> tratadas como não


Art 17 conformidades.
CAPÍTULO III - SEÇÃO III - SISTEMA GESTÃO DA QUALIDADE
Art. 18. Área responsavel pelo SGQ, autonomia e recursos para:
Implementação do Sistema da Qualidade
• Documentação e POPs
Autoinspeção e treinamentos
• Recolhimentos (incluindo simulações)
Investigação de reclamações
• Gerenciamento de produtos devolvidos
Sistema de gerenciamento de mudanças
• Verificar licença e AFE dos integrantes da cadeia na distribuição
Qualificação e Calibração de instrumentos
• CAPA para as não conformidades
Gestão de resíduos
• Integridade e rastreabilidade dos medicamentos
Programa de gestão de manejos de pragas
• Garantir destinação adequada dos produtos falsificados
Realizar comunicações previstas aos órgãos sanitários conforme modelos sanitários
quando do roubo e produtos falsificados
2

INSTALAÇÕES &
ARMAZENAGEM
RECEBIMENTO E EXPEDIÇÃO
INSTALAÇÕES E ARMAZENAGEM
Art. 43. As áreas de armazenagem: possuir equipamentos e instrumentos para
controle e monitoramento da temperatura e umidade requeridas.

O monitoramento : instrumentos posicionados conforme a qualificação térmica


da área.

O monitoramento: ser registrado, e os registros devem ser mantidos, por, pelo


menos, dois anos após sua geração.

Os instrumentos: calibrados antes de seu primeiro uso e em intervalos


definidos.
RECEBIMENTO E EXPEDIÇÃO
Art. 56. Recebimento: verificar e registrar:

I
condições de transporte e armazenagem
aplicáveis. Inclui requerimentos especiais de
temperatura, umidade ou exposição a luz;

os números de lote, data de validade, e

II quantidades recebidas frente aos pedidos


efetuados e notas fiscais recebidas; e

III a integridade da carga.


3

ARTIGOS 64 E 89
RDC Nº 430/2020
ARTIGO Nº 64
Art. 64. São obrigações das empresas que realizam o
transporte de medicamentos:

• dispor do manifesto de carga transportada com a


I previsão de desembarque a bordo do veículo
transportador;

• monitorar as condições de transporte relacionadas às

II especificações de temperatura, acondicionamento,


armazenagem e umidade do medicamento utilizando
instrumentos calibrados;

• aplicar os sistemas passivos ou ativos de controle de

III temperatura e umidade que sejam necessários à


manutenção das condições requeridas pelo registro
sanitário ou outras especificações aplicáveis;

• fornecer ao contratante todos os dados relativos às


IV condições de conservação durante o transporte, bem
como durante a armazenagem em trânsito;
ARTIGO Nº 64

§ 1º O controle previsto no inciso III – aplicar sistemas passivos e ativos -


pode ser eliminado quando utilizar-se de condições de transporte
qualificadas para a rota ou condições justificadas tecnicamente pelo
fabricante. (Alterado pela RDC nº 653 de 24mar2022).

O que é isso?

R.: INFORMAÇÕES TÉCNICAS E CIENTÍFICAS!!!


ARTIGO Nº 64
➢ O que significa a frase “ou condições justificadas tecnicamente
pelo fabricante”?
Usar as Informações Técnicas e Científicas disponíveis, ou seja, nosso
conhecimento sobre as características intrínsecas do produto, pois o
fabricante é quem estabelece as condições técnicas baseadas no
desenvolvimento e nas características físico-químicas de seu produto !
Vamos a alguns exemplos.

1-Estudo de estabilidade de excursão.


Serve como justificativa para eventuais excursões durante a armazenagem e
transporte.

Não serve para abrir mão do monitoramento e/ou controle, mas apenas
justificar quando houver excursões.
ARTIGO Nº 64
➢ 2- Estudo do mapeamento de rotas prevendo a sazonalidade.
Dados mostram que: DETERMINADAS ROTAS EM CERTOS PERÍODOS,
PROVAVELMENTE, NÃO PRECISARÃO DE CONTROLE.
NOTA: Mapeamento é crucial para entender o perfil de temperatura das
rotas.

3- Controle preciso e eficiente do transporte (administrativo-operacional).

EX.: Paradas e Abertura de portas do veículo.


Muitas vezes a temperatura dentro do baú sobe por parada longa do
veículo! Quantas vezes a porta é aberta?
Longas paradas para carregar e descarregar o veículo, acidentes, quebra do
veículo, bloqueio de rodovias, capacitação do motorista, rota, período do
dia, entre diversas atividades que podemos listar.
ARTIGO Nº 64
4- Dados da curva de Arrhenius.

Conforme a temperatura aumenta, aumenta a velocidade de reação e maior a


possibilidade de degradação da molécula. A concentração de uma molécula varia em
função do tempo. Esses cálculos podem ser colocados em um gráfico log e estimar o teor
ou degradação ao longo de vários meses, até o ponto de decaimento da curva.

Uma reação é de ordem zero em um reagente se a


variação da concentração daquele reagente não produz
nenhum efeito.
• Uma reação é de primeira ordem se, ao dobrarmos a
concentração, a velocidade dobrar.
• Uma reação é de ordem n se, ao dobrarmos a
concentração, a velocidade aumentar de 2n.
ARTIGO Nº 64
4- Dados da Curva de Arrhenius

Determinação do prazo de validade do medicamento carbocisteína xarope através do método de Arrhenius Josélia Larger Manfio1 *, Alexandre
Dal‘Maso1 , Ana Maria Pugens1 , Liberato Brum Junior1 , Martin Steppe2 1 Biocinese – Centro de Estudos Biofarmacêuticos, Toledo, Paraná, 2
Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ARTIGO Nº 64

4A- MKT – temperatura cinética média;


Definição: a temperatura cinética média é uma temperatura fixa calculada, que simula
o efeito das variações de temperatura em um determinado período de tempo. A
temperatura cinética média é maior do que a média aritmética das temperaturas e
leva em consideração a equação de Arrhenius¹.

Cálculo da Temperatura Média Cinética (MKT)


O MKT é maior do que a média aritmética das temperaturas e leva em consideração a
equação de Arrhenius abaixo.
Pode ser definida também como uma única temperatura calculada em que a quantidade
total de degradação em um determinado período de tempo é igual à soma das degradações
individuais que podem ocorrer em várias temperaturas.
ARTIGO Nº 64
4A- MKT – temperatura cinética média;

O capítulo 1079-2 da USP inclui a MKT entre as ferramentas disponíveis para lidar com desvios
de temperatura de curto prazo durante o transporte.

Para temperaturas de cadeia seca, é recomendado um período de 30 dias, ou o tempo médio


que um produto está em posse do proprietário.

Pontos a serem observados:


1. A MKT não deve ser usada para compensação de excursões de temperatura.
2. A MKT não deve ser usada em áreas onde a temperatura não é bem controlada.
3. Independentemente da utilização de MKT ou não, todas as excursões de temperatura, bem
como múltiplas variações, devem ser investigadas. Neste caso, o cálculo do MKT não pode ser
usado, pois múltiplas variações indicam que o sistema não está sob controle.
REVISÃO Cap 1079-2: incluirá a Estabilidade acelerada de 40ºC!
ARTIGO Nº 64

5- Dados da estabilidade do medicamento mais os dados de estabilidade do IFA.


(Estabilidade 30ºC, Acelerada 40ºC, IFA)

Exemplo: Soluções Cloreto de Sódio. Outros inorgânicos!


ARTIGO Nº 64

§3º Avaliação de risco deve ser realizada para se considerar o impacto das variáveis do
processo de transporte que não sejam continuamente controladas ou monitoradas. E
para o controle da qualidade dos produtos transportados em condições diversas das
definidas nos registros. (Inserido pela RDC nº 653 de 24mar2022).

Exemplos:
Existem casos onde o produto, OBRIGATORIAMENTE, se encaixa em uma condição
única do registro, mas o estudo de estabilidade mostra que a faixa de temperatura
estável é maior.
ARTIGO Nº 64

§4º O monitoramento do inciso II pode ser periódico em rotas definidas como piores
casos após análise de risco que considere similaridades de rotas, dados climatológicos,
tempo, distância, sazonalidade, modais de transporte, horários e outras variáveis
críticas para o transporte. (Inserido pela RDC nº 653 de 24mar2022).

Então: Mapeamento + GSQ + Gestão de Riscos + Gestão Operacional vai direcionar.

§5º O controle de umidade previsto no inciso III do caput deste artigo pode ser
eliminado após avaliação de risco ou quando forem apresentadas justificativas."
(Inserido pela RDC nº 653 de 24mar2022).

Produtos líquidos, não higroscópicos/não sensíveis à umidade, embalagens


comprovadamente impermeáveis, dados do estudo de estabilidade.
4

USP – CAPÍTULO 1079


USP - CAPÍTULO 1079
FUNDAMENTAL:
conhecimento de PRODUTOS
e PROCESSOS é o ponto de
partida para identificar riscos.

PRODUTOS
uso pretendido;
condições de armazenamento;
riscos ao meio ambiente e ao
pessoal (por hormônios,
PROCESSOS
citotóxicos e radiofarmacêuticos);
*conhecer cadeia de suprimentos;
vulnerabilidade inerente
*modais (ar, mar, ferrovia, rodo ou
*alto potencial de abuso,
combinação de modais);
*alto valor,
*rotas de transporte;
*roubo de carga atrativas,
*regulação nacional/ internacional.
*falsificação e desvio.

IDENTIFICAÇÃO DE RISCO: informações para identificar potenciais fontes de dano: dados


históricos, análise teórica, opiniões informadas, conhecimento de produtos e processos
e as preocupações dos stakeholders.
USP - CAPÍTULO 1079
CLIMA AGRESSIVO,
DESASTRES NATURAIS
INTERRUPÇÕES NO TRÂNSITO

PODEM CAUSAR ATRASOS E EXCURSÕES DE


TEMPERATURA.

MEDIDAS RECOMENDADAS
Reagendar a entrega,
estacionar temporariamente enquanto aguarda descarregamento, serviços de resgate
ou até mesmo recondicionamento de materiais
para garantir a manutenção da temperatura durante todas as estratégias de mitigação
que podem ser implementadas.
MANUAL DA QUALIDADE
Contém a política de qualidade, objetivos de qualidade, estrutura do SQF e
informações relacionadas à gestão.
USP - CAPÍTULO 1079
PROCEDIMENTOS
Devem abranger:
* aspectos da operação que afetam a qualidade do produto, como
manuseio, distribuição e as atividades regulamentadas no negócio.

COMPONENTES CHAVE DOS POPS

CAPA DOCUMENTAÇÃO MANUTENÇÃO DE REGISTROS


GESTÃO DE ESTOQUES LICENCIAMENTO REVISÃO DA GESTÃO
PRODUTO NÃO CONFORMES * PROCESSAMENTO DE PEDIDOS COMPRAS
SEPARAÇÃO EMBALAGEM E EXPEDIÇÃO RECEBIMENTO
Devolução ARMAZENAMENTO TREINAMENTOS

*DANIFICADO, ADULTERADO, EXPIRADO, RECALL, SUSPEITO OU ILEGÍTIMO E DESVIO DE TEMPERATURA


ARTIGO Nº 89
Artigo 89 - Prazo de 3 (três) anos para implementação do requerido nos incisos II e III
do art. 64. (Alterado pela RDC nº 653 de 24mar2022). 16/03/2021 >>>>>>>>16/03/2024

§1º Prazo de 2 (dois) anos a partir da data de entrada em vigor para que todos os elos da
cadeia realizem seus estudos de mapeamento de rotas. (Alterado pela RDC nº 653 de
24mar2022). 16/03/2021 >>>>>>>>16/03/2023

§ 2º 1 (hum) ano para a implementação das soluções aplicáveis conforme os estudos de


mapeamento das rotas ou análises de risco. (Alterado pela RDC nº 653 de 24mar2022).
16/03/2023 >>>>>>>>16/03/2024

§ 3º A transitoriedade também se aplica ao crossdocking. Atividade intrínseca e


indissociável do transporte.
RESUMINDO.....
Para MANTER a Qualidade do produto, as empresas devem:

SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE DESENVOLVIDO E IMPLANTADO

CONHECIMENTO DA OPERAÇÃO EM DETALHES

GESTÃO DO RISCO DAS ROTAS


• Pontos críticos, distâncias, tempo, clima, veículos, estradas, perigos

MAPEAMENTO TÉRMICO DAS ROTAS


• Saber onde estão os picos de temperatura, sazonalidades
• Excursões, áreas amenas, rotas sob ameaça de intempéries, bloqueios.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS DOS PRODUTOS
• Estudos de Estabilidade IFA, Longa, Acelerada e Excursão.
• Dados científicos (por exemplo MKT e Arrhenius)

IDENTIFICAÇÃO DAS ROTAS CRÍTICAS


5

CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
OS NOVOS PARÁGRAFOS DO ARTIGO 64 FLEXIBILIZARAM A NORMA;

CERTAS ROTAS IRÃO PRECISAR DE CONTROLE E MONITORAMENTO;

DETERMINADAS ROTAS PODERÃO SER MONITORADAS PERIODICAMENTE;

MAPEAMENTO É FUNDAMENTAL! CONHECER O PERFIL TÉRMICO;

PODERÃO SER UTILIZADAS DECISÕES TOMADAS COM BASE CIENTÍFICA;

SABER USAR ADEQUADAMENTE AS FERRAMENTAS DE AR;

NECESSÁRIO ELABORAR JUSTIFICATIVAS (SC+AR+MT+EEE+EA)


CONSISTENTES PARA ISENTAR O CONTROLE E O MONITORAMENTO DE
DETERMINADAS ROTAS.

SC= CIENTÍFICAS AR=ANÁLISE DE RISCOS MT=MAPEAMENTO TÉRMICO EEE= EST. EXCURSÃO EA= EST ACELERADA
Qualificação de Temperatura no Transporte
Qualificação de Armazéns de produtos
Avaliação de Riscos no Transporte e Armazenagem
OBRIGADO!
jair@bpfarma.com.br

(11) 94229-1088

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