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Organizadores

Liege Coutinho Goulart Dornellas


Ticiano Azevedo Bastos

Políticas Educacionais
&Práticas Pedagógicas
em Tempos de Pandemia
TENSÕES E NOVAS PERSPECTIVAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

editora científica
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Organizadores

Liege Coutinho Goulart Dornellas


Ticiano Azevedo Bastos

Políticas Educacionais
&Práticas Pedagógicas
em Tempos de Pandemia
TENSÕES E NOVAS PERSPECTIVAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
1ª EDIÇÃO

editora científica

2021 - GUARUJÁ - SP
Copyright© 2021 por Editora Científica Digital
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Universidade Federal do Paraná, Brasil
APRESENTAÇÃO
Esta obra intitulada “Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: Tensões e Novas Perspectivas
na Educação Brasileira” constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores, estudantes e pesquisadores
que se destacaram e qualificaram as discussões neste espaço formativo. Ela é composta por oito produções, das quais
três estão localizadas na Educação Básica, quadro com temáticas no Ensino Superior e um texto produzido a partir de
problematizações na Pós-graduação. A coletânea tem como objetivo tensionar as questões educacionais criadas a partir
do contexto sanitário, socioeconômico dos docentes e discentes no ano de 2020, bem como as experiências pedagógicas
realizadas com sucesso nas redes educacionais no Brasil. Esperamos que a produção coletiva, ora apresenta possa servir
como material didático-pedagógico para estudantes e pesquisadores. Agradecemos aos autores pelas produções e apoio.
Boa leitura!
Liege Coutinho Goulart Dornellas
Ticiano Azevedo Bastos
SUMÁRIO
CAPÍTULO
01
POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES DO PIBID
EM TEMPOS DE PANDEMIA
Cristiane Barcellos Bocacio; Rita Cristine Basso Soares Severo

' 10.37885/210504754................................................................................................................................................................................... 12

CAPÍTULO
02
REFLEXÕES SOBRE O IMPACTO DA PANDEMIA NO ENSINO SUPERIOR PRIVADO NO ANO DE 2020
Andréia Cristina Munzlinger dos Santos; José Davi Reges de Souza; Walkiria Barbosa Santos

' 10.37885/210304003.................................................................................................................................................................................. 29

CAPÍTULO
03
TRANSIÇÃO DO ENSINO PRESENCIAL PARA O ENSINO REMOTO EMERGENCIAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA
UNIEVANGÉLICA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Cristiane Martins Rodrigues Bernardes; Daniel Gonçalves Mendes da Costa; Evelin Soares de Oliveira Martins; Fabiane Alves de
Carvalho; Luciana Carvalho Boggian; Pollyana dos Reis Pereira Fanstone
' 10.37885/210504586................................................................................................................................................................................... 41

CAPÍTULO
04
USO DO MOBILE LEARNING NO PERÍODO DE ENSINO REMOTO EMERGENCIAL DA PANDEMIA DE COVID-19
Ernane Rosa Martins; Luís Manuel Borges Gouveia

' 10.37885/210504788.................................................................................................................................................................................. 48

CAPÍTULO
05
GAMIFICAÇÃO E GINCANA VIRTUAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Liege Coutinho Goulart Dornellas; Marister Candida Almeida Lopes; Maxwel Robert Pereira Martins; Wayna Inácia de Andrade Borges;
Ticiano Azevedo Bastos
' 10.37885/210604939...................................................................................................................................................................................55

CAPÍTULO
06
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS ONLINE COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO AFETIVA COM CRIANÇAS EM TEMPOS DE
PANDEMIA
Tatiane Felipeto Quintana; Nathália Blanco Machado; Adriana Barni Truccolo

' 10.37885/210504825.................................................................................................................................................................................. 64
SUMÁRIO
CAPÍTULO
07
EDUCAÇÃO INFANTIL EM MEIO À PANDEMIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Aline Bernardineli Olini; Dejanira Fontebasso Marquesim

' 10.37885/210504865................................................................................................................................................................................... 76
CAPÍTULO
08
DISCURSOS E CONTRADIÇÕES DO USO DOS VÍDEOS EM UM CURSO NA MODALIDADE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Ubiratan Pereira dos Santos

' 10.37885/210504662................................................................................................................................................................................... 87

SOBRE O ORGANIZADOR....................................................................................................................................... 97

ÍNDICE REMISSIVO................................................................................................................................................98
01
Políticas públicas educacionais para
a formação de professores no Brasil:
contribuições do PIBID em tempos de
pandemia

Cristiane Barcellos Bocacio


UERGS

Rita Cristine Basso Soares Severo


UERGS

10.37885/210504754
RESUMO

Este artigo deriva de uma pesquisa iniciada no Programa de Pós-Graduação: Mestrado


em Desenvolvimento e Políticas Públicas – Universidade Federal da Fronteira Sul -
com continuidade no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Gestão
em Educação: Supervisão e Orientação, da Universidade Estadual do Rio Grande do
Sul. O Objetivo foi analisar o processo de implementação e a realização do PIBID, do
Curso de Pedagogia - Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS, na Pandemia. O Método
fundamenta-se nas pesquisas qualitativas e apresenta um recorte das entrevistas semi-
-estruturadas com supervisoras do PIBID. Como resultados apresentamos os desafios
encontrados pelas supervisoras como: falta de acesso às tecnologias, condições de
vulnerabilidade social dos estudantes da escola pública. Conclusão cabe ressaltar que,
as atividades não presenciais são um desafio às escolas, às universidades e, ao Pibid,
programa destinado a iniciação a docência que envolve a formação inicial e a formação
continuada dos professores.

Palavras-chave: Políticas Públicas, PIBID, Formação Docente.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
INTRODUÇÃO

O presente artigo teve como objetivo analisar o processo de implementação e a realiza-


ção do PIBID, do Curso de Pedagogia - Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS, neste período
pandêmico. Este artigo deriva de uma pesquisa iniciada no Programa de Pós-Graduação:
Mestrado em Desenvolvimento e Políticas Públicas – PPGDPP da Universidade Federal da
Fronteira Sul - Campus Cerro Largo, com continuidade no Curso de Pós-Graduação Lato
Sensu Especialização em Gestão em Educação: Supervisão e Orientação, da Universidade
Estadual do Rio Grande do Sul – Unidade São Luiz Gonzaga. O estudo pautou-se na
realização da revisão de literatura sobre as políticas públicas educacionais para forma-
ção de professores no Brasil, abordando o Programa de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), como uma das políticas voltada à formação docente contextualizando o mesmo
neste período pandêmico.
O interesse da realização deste trabalho, ampliando as discussões para pensar o
PIBID em tempos de Pandemia, parte das reflexões, debates e discussões em torno desta
temática, onde identificamos a necessidade de pensar o desenvolvimento do programa em
tempos de pandemia.
Com o início da pandemia do Novo Coronavírus no Brasil em março de 2020 e o
fechamento das escolas, houve uma grande preocupação com a Educação Básica prin-
cipalmente nas escolas públicas em todo país. A solução encontrada para manter o iso-
lamento social necessário, respeitar as condições sanitárias e reduzir o contagio do vírus,
os Estados e Municípios através de decretos e portarias instituíram a implementação das
aulas remotas emergenciais e a partir dessa decisão, surgiram vários questionamentos em
relação à precariedade estrutural das escolas públicas, que não acompanham o desenvol-
vimento da tecnologia.
Assim, assistimos, através dos meios de comunicação, a triste realidade enfrentada ao
tentar dar continuidade às aulas para a população que depende do ensino público em meio à
pandemia. A tentativa de implementação das aulas online deu visibilidade as desigualdades
sociais graves que já fazem parte do cotidiano da população brasileira.
Dessa forma, o ensino remoto durante a pandemia constitui um grande desafio para os
profissionais da educação, pois a maioria não estava preparada para desenvolver práticas
docentes utilizando ferramentas do universo virtual. Para grande parte dos estudantes das
escolas públicas brasileiras, o acesso às aulas remotas se tornou impossível pela falta de
dispositivos eletrônicos, recursos computacionais e internet banda larga.
A educação é um direito humano e social e, por isso, ela deve ser de qualidade em
todos os aspectos, com aportes tecnológicos adequados nas escolas e nas mãos de estu-
dantes e professores motivados e preparados para ensinar e aprender.
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
O Ministério da Educação (MEC) autorizou pela portaria Nº 343, de 17 de março de
2020, que as classes presenciais fossem substituídas por meio digitais em universidades
federais e nas instituições privadas de ensino superior. Tomando com referência tal portaria
e o decreto estadual número 55.128, de 19 de março de 2020. A Universidade Estadual do
Rio Grande do Sul (UERGS) publicou algumas portarias internas suspendendo as aulas
presenciais com o intuito de garantir o cumprimento do decreto estadual que declarou esta-
do de calamidade pública em todo o território do Estado do Rio Grande do Sul para fins de
prevenção e de enfrentamento à epidemia causada pelo novo Coronavírus.
Entendemos que esse contexto de Pandemia reforçou a necessidade de pensar-
mos sobre as políticas públicas, enquanto ações e programas que são desenvolvidos pelo
Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na Constituição Federal
e em outras leis.
Compreendendo que as políticas públicas são um processo dinâmico, que visam res-
ponder a demandas da sociedade, surgindo com o intuito de viabilizar direitos de cidadania,
promovendo o desenvolvimento, e buscando regular conflitos sociais; entendemos que na
essência das políticas públicas educacionais, a educação deve ser vista como um direito
do indivíduo garantindo a qualidade social e consolidando a garantia constitucional. “A edu-
cação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando o pleno exercício da cidadania e a qualificação para o
trabalho”. (C.F., 1988, p. 63).
A educação tem papel fundamental para o desenvolvimento da sociedade, sendo um
dos caminhos para garantir a interação social e cultural do cidadão, bem como a compreensão
dos direitos e deveres de todos, sendo nosso papel exigir efetivação de políticas públicas que
priorizem o combate às desigualdades sociais e promovam a educação de qualidade como
um Direito Social. Apesar dos grandes avanços educacionais ao longo dos anos no Brasil,
as políticas públicas de educação ainda são desconhecidas pela sociedade. De acordo com
SOUZA (2012, p. 20):

[...] conhecer melhor as políticas educacionais representa conhecer melhor


o papel do Estado e as disputas pelo poder no seu interior e para além dele.
Ao conhecer melhor o Estado, é possível conhecer melhor o direito e suas
manifestações positivadas e de luta pela consagração de demandas sociais.

Para refletir acerca destas informações, é preciso compreender que as políticas públi-
cas educacionais vão além do ambiente escolar, as mesmas dizem respeito à melhoria das
instituições de ensino e do próprio processo de ensino e aprendizagem, visando à orientação
e garantia de direitos da sociedade, devendo ser planejadas com objetivos e metas.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Espera-se que as políticas públicas respondam as demandas da sociedade, e que sua
efetivação seja voltada para promoção do desenvolvimento, considerando que a qualifica-
ção da educação brasileira está baseada entre a harmonia dos programas ofertados pelo
governo, as entidades formadoras e a sociedade.
Neste contexto compreender as políticas públicas nos permite refletir a respeito do que
vem sendo desenvolvido, para responder as demandas dos setores da sociedade. Falar em
políticas públicas educacionais, se tratando de formação de professores, implica pensar a
respeito de como ocorre esta formação, como ela se constrói e como é possível refletir a
partir das articulações feitas entre teoria e prática. Implica também, em considerar que o
processo educativo forma aptidões e comportamentos, articulando em espaços culturais e
sociais, além dos espaços escolares.
Nos últimos anos o Ministério da Educação vem implementando políticas públicas que
visam a contribuir para qualificar o processo de formação de professores, onde pesquisas e
relatórios apontam o Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), como um aporte
a formação diferenciada, com a finalidade de fomentar a iniciação à docência, apresentan-
do como intenção, o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a
educação básica.
Evidenciamos em nossas leituras e estudos a relevância do Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), como um dos principais programas voltado tan-
to à formação inicial quanto à formação continuada, sendo percebível que a valorização
dessas políticas são decisivas para que a educação brasileira possa alcançar melhores
níveis qualitativos.
O Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um programa de incentivo
e valorização do magistério e de aprimoramento do processo de formação de docentes
para a educação básica, vinculado a Diretoria de Educação Básica Presencial (DEB), da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (BRASIL, 2013, p.27). O mes-
mo foi lançado em 2007, pelo EDITAL MEC/CAPES/FNDE, com o objetivo central de fomen-
tar a docência, dada a importância do programa socialmente, já que pretende melhorar a
qualidade tanto da formação inicial do licenciando quanto da educação básica.
Neste período de sua existência, o Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID)
já é reconhecido como uma política de alto impacto na qualidade da formação de profes-
sores, conforme aponta síntese de avaliação que cobriu todo o país realizada em 2014 e
apresentada pela Fundação Carlos Chagas.
De maneira a apresentar as principais contribuições da realização deste estudo, o artigo
encontra-se dividido em duas seções. Na primeira, apresentamos o Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID na Uergs desde sua implantação enquanto
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
política pública educacional voltada à formação docente e seus percursos em tempos de
pandemia. Na segunda, apresentamos a percepções das contribuições e desafios do PIBID
enquanto política pública de formação e iniciação à docência nesse momento pandêmico.

MÉTODO

ANCORAGEM DA PESQUISA

A pesquisa ancora-se no campo das análises qualitativas. O termo qualitativo implica


uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem o objeto de pesquisa. Os pes-
quisadores qualitativos contestam a neutralidade científica dos discursos positivistas e afir-
mam a vinculação das investigações com os problemas éticos, políticos, sociais e culturais.
Nessa direção a etnografia se apresenta como uma via possível. A etnografia, na sua
acepção mais ampla, conforme Godoy (1995) abrange a descrição dos eventos que ocorrem
na vida de um grupo, com especial atenção para as estruturas sociais e o comportamento do
indivíduo e a interpretação do significado desses eventos para a cultura do grupo. O trabalho
de campo é o coração da pesquisa etnográfica, sem um contato intenso e prolongado com a
cultura ou grupo será impossível ao pesquisador descobrir como seu sistema de significados
culturais está organizado (GODOY, 1995).
Nesta perspectiva a continuidade desta pesquisa se dará de forma etnográfica, onde
acompanharemos as atividades que serão desenvolvidas por acadêmicas e supervisoras
do Programa PIBID.

FERRAMENTAS DE COLETA DE DADOS

A escolha pela entrevista semi-estruturada, no processo inicial do estudo foi um ins-


trumento adequado deu-se no sentido de pensar em toda uma discursividade produtora
desses sujeitos, neste caso as supervisoras entrevistadas possibilitando a valorização de
suas histórias e suas vivências.
A razão dessa escolha, também se concentra na intencionalidade. As entrevistas mar-
cam dois lugares: um de quem quer saber algo, e o outro de quem está disposto a dizer algo
e também, no sentido de tomar cada uma das entrevistadas como uma personagem que,
ao narrar-se, cria e recria sua história, tecendo, assim, as próprias tramas. Nessa direção,
Silveira (2002) propõe que:

A situação de entrevista – um jogo interlocutivo em que um/a entrevistador/


entrevistadora ‘quer saber algo’, propondo ao/à entrevistado/a uma espécie de
exercícios de lacunas a serem preenchidas...Para esse preenchimento, os/as

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entrevistados/as saberão ou tentarão se reinventar como personagens, mas

Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
não personagens sem autor, e sim, personagens cujo autor coletivo sejam as
experiências culturais, cotidianas, os discursos que os atravessaram e ressoam
em suas vozes. (SILVEIRA, 2002, p. 139-140)

Nessa direção compreendemos que as histórias contadas pelas entrevistas nos ajudam
a compor de forma ampla os modos como o programa PIBID, vem sendo desenvolvido em
tempos de Pandemia. Entendemos que as narrativas que aparecem nas entrevistas são
polifônicas construídas nas vivências com as acadêmicas, professoras e estudantes da
Educação Básica.

SUJEITOS DA PESQUISA

Trazemos para este recorte da pesquisa um grupo específico dos sujeitos da pesqui-
sa que são as Supervisoras do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID) da Uergs – São Luiz Gonzaga onde este programa está inserido neste momento
pandêmico. Todas as participantes são professoras da rede Municipal de Educação de São
Luiz Gonzaga/RS.
Para participar como supervisora do programa é necessário participar da seleção atra-
vés de edital. De acordo com o último edital para ser professor supervisor/PIBID, além de ser
aprovado no processo seletivo do programa realizado pela IES era preciso possuir licenciatura
na área do subprojeto; possuir experiência no magistério na educação básica; ser professor
na escola-campo e estar atuando em sala de aula; além de possuir disponibilidade de tempo
para realizar as atividades previstas para sua atuação e efetivação do projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aqui apresentamos os dados coletados até o presente momento da pesquisa e rea-


lizamos a discussões dos resultados, considerando que esta pesquisa foi importante para
perceber a trajetória do PIBID sob diferentes pontos de vista.
A análise deu-se por meio da categorização elencada da fala das entrevistadas. A aná-
lise de conteúdo por categorização segundo Bardin (2006) “consiste na classificação de
elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e por reagrupamento segundo o
gênero, com os critérios previamente definidos”. (p.103).
Optamos durante a transcrição e redação do texto preservar a identidade das pesqui-
sadas, identificando as mesmas como: Supervisora A, e Supervisora B.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
OS PERCURSOS DO PIBID NA UERGS EM TEMPOS DE PANDEMIA

Esta seção apresenta o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência –


PIBID na Uergs desde sua implantação enquanto política pública educacional voltada à for-
mação docente e seus percursos na Unidade São Luiz Gonzaga, neste momento pandêmico.
Ao ser implantado em âmbito nacional em 2007, o Programa de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) foi direcionado às Instituições Federais de Ensino Superior, atendendo
cerca de 3.000 bolsistas, expandindo-se rapidamente, incluindo Universidades Públicas
Estaduais, Municipais e Comunitárias, abrangendo todas as Licenciaturas (FUNDAÇÃO
CARLOS CHAGAS, 2014, p.10). Em 2012 chegou-se a 40.092 Licenciandos Bolsistas,
3052 Coordenadores de Área e 6177 Professores Supervisores, num total de 49.321 bol-
sas, continuando seu crescimento, envolvendo em 2014 em torno de 90.000 bolsistas entre
todos os participantes, abrangendo perto de cinco mil escolas de educação básica, com a
participação de 284 instituições de ensino Superior, contando com 313 projetos aprovados
(FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS, 2014, p.10).
Os princípios pedagógicos que constituem as bases do Programa de Bolsa de Iniciação
à Docência (PIBID) reforçam uma formação pedagógica a partir da vivência na escola em
constante articulação teórico-prática. A Diretoria de Formação de Professores da Educação
Básica, definiu os princípios do programa, sendo os seguintes, conforme Brasil (2013, p. 29):

1. formação de professores referenciada no trabalho na escola e na vivência


de casos concretos;
2. formação de professores realizada com a combinação do conhecimento
teórico e metodológico dos professores das instituições de ensino superior
e o conhecimento prático e vivencial dos professores das escolas públicas;
3. formação de professores atenta às múltiplas facetas do cotidiano da escola
e à investigação e à pesquisa que levam à resolução de situações e à inovação
na educação;
4. formação de professores realizada com diálogo e trabalho coletivo, realçando
a responsabilidade social da profissão.

Neste sentido, o Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foi priorizado por
muitas instituições em todo o país, com o intuito de que esse pudesse apresentar mudanças
qualitativas significativas nos cursos de licenciatura como um todo. O programa se propõe
a fortalecer as licenciaturas nas universidades públicas do país, e recoloca no centro do
debate a formação de professores e sua real necessidade (BASSO; ALMEIDA, 2017, p.33).
O Curso de Pedagogia da Unidade São Luiz Gonzaga buscou articular e participar, junto
da Universidade, da criação da Proposta, encaminhada a CAPES, de Projeto Institucional
do Programa PIBID, criando Subprojeto “Da Discência à Docência: a ‘boniteza’ de ser pro-
fessor/professora”. Em maio de 2011, a UERGS, por meio de sua Reitoria, tornou pública a
19
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
abertura de inscrições para a seleção de vinte alunos bolsistas dos cursos de Pedagogia de
São Luiz Gonzaga para o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, através
do edital nº 001/2011, divulgado na página da Instituição.
A partir de março de 2014, teve vigência novo Subprojeto na Unidade em São Luiz
Gonzaga, pelo qual foram contempladas 40 bolsistas discentes, 8 bolsistas supervisores e
2 bolsistas de coordenação de área, sendo os níveis de atuação voltados para a Educação
Infantil, Anos Iniciais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (Curso Normal). Em 2016 o
Subprojeto na Unidade em São Luiz Gonzaga, passou a contemplar 32 acadêmicos bolsistas
de iniciação à docência, em 06 escolas do município, permanecendo este formato até o ano
de 2018, quando ocorreram transformações no programa.
Após vários debates, em 2018, o Ministério da Educação (MEC), anunciou investimentos
na Política Nacional de Formação de Professores, e a CAPES publicou editais do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência e do novo Programa de Residência Pedagógica,
o que além de assegurar a continuidade do Programa de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), visa o aperfeiçoamento da formação de professores para a educação básica com
a valorização dos cursos de licenciatura (PORTAL CAPES, 2018).
No novo modelo do PIBID, ocorreram transformações, sendo caracterizado atualmente
no Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), entre uma das modificações em re-
lação aos anteriores, o objetivo de promover a iniciação do licenciando no ambiente escolar
ainda na primeira metade do curso, além de estar previsto a concessão de fomento para
média de 24 cotas de bolsa na modalidade de iniciação à docência por núcleo, onde para
completar o número de 30 discentes, a IES será incentivada a incluir participantes sem bolsa.
Junto com as mudanças na estrutura do programa, em 2020 vivemos uma transfor-
mação drástica na educação, ocasionada pelo momento pandêmico, onde o ensino em
sala de aula precisou adaptar-se frente a pandemia do Coronavírus, surgindo vários desa-
fios junto aos educadores e alunos em situação de vulnerabilidade com pouco ou nenhum
acesso à internet.
Frente a necessidade de implementação de medidas de cuidado e proteção da saúde
da comunidade acadêmica e sociedade gaúcha a UERGS, assim como escolas estaduais,
municipais e particulares, resolveram manter a suspensão das aulas presenciais e atividades
remotas foram instituídas como forma de garantir o processo didático pedagógico.
As atividades remotas na Universidade instituídas via ferramentas moodle UERGS e
Google meet foram desenvolvidas da seguinte forma: os componentes curriculares mantive-
ram suas cargas horárias, não havendo alterações no número de créditos ou de horas. As au-
las aconteceram, majoritariamente, de modo síncrono, ou seja, o encontro entre professores
e acadêmicos é realizado em tempo real. São também realizadas aulas assíncronas, ou seja,
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
através de vídeos, atividades, realização de trabalhos, entre outras atividades, leituras, as
quais não exigem a presença em tempo real de docentes e discentes.
As aulas mantiveram a mesma perspectiva de trabalho, no entanto, tendo a mediação
realizada no espaço virtual. Porém, no contexto do Ensino Superior as dificuldades tam-
bém se apresentaram especificamente nos cursos de formação de professores, neste caso
mencionamos o Curso de Pedagogia- Licenciatura, desigualdade de acesso a tecnologias
e configurações adversas de lares dificultam aprendizagem longe da sala de aula.
Ao longo da pandemia, a Prefeitura Municipal de São Luiz Gonzaga publicou inúmeros
Decretos que determinaram a aplicação de medidas sanitárias relativas ao avanço do coro-
navírus. Durante o ano de 2020, desde que iniciou o período pandêmico, a rede municipal
de ensino permaneceu com as escolas fechadas para realização de aulas presenciais,
realizando todo o ensino de forma remota. No ano de 2021, considerando que a reabertura
das escolas deve ocorrer com segurança, a Secretaria de Educação do Município optou
pela continuidade do ensino remoto com o assessoramento pedagógica dos alunos, onde
o professor pode atender até três alunos que estão com dificuldades de acompanhamento
das aulas remotas.
Essa nova modalidade de ensino com atividades não presenciais, devido à pande-
mia, é um desafio sem precedentes às escolas, às universidades e, inclusive, ao Pibid e
Residência Pedagógica. Programas destinados à iniciação à docência. Tais programas são
muito importantes porque envolvem a formação inicial dos nossos estudantes e a formação
continuada dos professores.
A Pró-Reitoria de Ensino da Uergs (Proens) lançou em julho 2020 o edital de bolsas do
Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), voltado aos estudantes de licenciatura
sendo ofertadas em São Luiz Gonzaga 30 vagas para três escolas, 24 com bolsas remu-
neradas e 06 vagas para voluntários, em duas municipais e uma estadual. Os acadêmicos
selecionados, assim como os supervisores, iniciaram suas atividades em novembro de 2020.
Devido à pandemia da Covid-19, o trabalho está sendo desenvolvido de forma remota.
Os/as Pibidianas passaram por uma formação teórica, constituindo grupos de estudo. E atuam
fundamentalmente em aulas remotas e na análise e produção de materiais.
Os novos bolsistas, que fazem parte do PIBID, tem pela frente um desafio que é novo
para todos os envolvidos. Visando compreender a referida inserção e integração com a
comunidade escolar neste momento pandêmico foi realizado o questionamento para as
Supervisoras entrevistas “Quais contribuições e desafios do programa no que tange à for-
mação docente neste momento”.
No que se refere a este questionamento, trazemos os seguintes recortes:

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Supervisora A – São muitas contribuições como formações constantes, mo-
mentos de refletirmos nas reuniões semanais maneiras de conseguirmos atingir
as crianças que não tem acesso as tecnologias e também como fazer para
preparar uma atividade motivadora e desafiadora para os que têm acesso. O
grande desafio é fazer com que os Pibidianos mesmo a distância marquem
presença nas atividades escolares.
Supervisora B – Acredito que a principal contribuição seja presenciar a trans-
formação por que o sistema educacional está passando, o processo de de-
sestruturação, reinvenção, readaptação, reconstrução, ressignificação, onde
tínhamos um sistema estagnado e vicioso em hábitos seculares, nasce uma
estrutura desconexa, instável, onde os atores do fazer educacional perderam
a disposição de seus papeis no cenário educacional. E o maior desafios do
programa quanto a formação do docente em minha opinião é colocá-lo efetiva-
mente em prática, uma vez que nos encontramos em ensino à distâncias, as
práticas devem ser todas pensadas tendo isto em conta, e este fator dificulta
muito o planejamento e prática docente, que é um dos objetivos do programa.
Esta nova realidade escolar afasta o participante do programa da vivência do
cotidiano escolar, e por isso este é o verdadeiro desafio colocar verdadeira-
mente em prática os objetivos traçados para o programa.

Nota-se na fala destas supervisoras o entendimento da existência de uma transformação


do momento educacional nesse momento pandêmico, que exige uma reinvenção e novas
formas de pensar a educação. Ainda a Supervisora B destaca que:

O programa está proporcionando a oportunidade aos seus bolsistas de presen-


ciarem o nascimento de um novo profissional educador, com novas nuances,
num campo a descobrir, pois o que sabia-se do ato de educar desvalidou-se
frente a situação pandêmica. Educadores estão tendo que buscar novos ru-
mos e significados para validar o aprender e ensinar e descobrir-se ainda no
meio tecnológico e descobrir-se também um aprendiz e tudo isso o bolsista
poderá levar em sua vivência pedagógica, o olhar sobre o nascimento de um
novo sistema e uma nova maneira de educar porque em minha opinião não
teremos mais como voltar atrás, embora retornemos ao ensino presencial os
profissionais e sistema educacional nunca mais será o mesmo, e estes estu-
dantes terão esta bagagem em sua formação.

De fato a educação nunca mais será a mesma, e da mesma forma o programa, assim
como seus bolsistas, estão em meio a uma mudança epistemológica no campo da Educação,
onde todos estão se deparando com diversas realidades e pensando alternativas para as
práticas docentes e discentes. Entende-se que se criam neste contexto algumas possibili-
dades de construção de outros modos de docência.
O que pode parecer uma perda para as acadêmicas em formação a impossibilidade
do “contato real” com o universo público das escolas, de forma presencial, aparece na fala
da professora supervisora como uma oportunidade de refletir que o ambiente escolar se
estende além dos muros da escola, não há mais “a escola real” e “a escola virtual”. O real
e o virtual não são mundos opostos ou isolados, afinal as interações escolares ocorrem

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
simultaneamente em ambos os mundos. E que neste momento em que todos foram ‘jogados’
ao isolamento outras possibilidades de docência podem ser construídos.

PERCEPÇÃO EM RELAÇÃO A ESTE PROGRAMA ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA DE


FORMAÇÃO E INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NESSE MOMENTO PANDÊMICO

O Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) oferece bolsas para que alunos
de licenciatura exerçam atividades pedagógicas em escolas públicas de educação básica,
contribuindo para a integração entre teoria e prática, para a aproximação entre universida-
des e escolas e para a melhoria de qualidade da educação brasileira. Para assegurar os
resultados educacionais, os bolsistas são orientados por coordenadores de área, que são
os docentes das licenciaturas e por supervisores, que são os docentes das escolas públicas
onde exercem suas atividades (BRASIL, 2013, p.27).
O programa envolve inúmeros profissionais em atuação nas Instituições de Ensino
Superior, e nas escolas públicas, e possibilita os licenciandos participantes do Programa de
Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) entrar em contato direto com os espaços escolares, e
participar de novas vivências onde ocorrem trocas de experiências pedagógicas, valorizando
os diversos saberes docentes.
Contextualizando o Programa com a educação atual e os desafios da iniciação à do-
cência, vejamos a concepção das Supervisoras sobre o Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (PIBID), quando perguntado: “Qual sua percepção em relação a
este programa enquanto política pública de formação e iniciação à docência nesse mo-
mento pandêmico?”:

Supervisora A – Está sendo muito importante, pois os acadêmicos estão po-


dendo ver e sentir de perto todos os desafios enfrentados pelos professores
neste momento. Eles também estão se reinventando.
Supervisora B – Penso que embora tenha este grande desafio de por em
prática seus reais objetivos diante do quadro pandêmico, que o programa não
perdeu sua validade e importância, pois coloca o seus participantes diante da
realidade de nossas escolas, e dos profissionais, mesmo que sem a vivência
dentro da intuição, e traz de encontro a formação dos mesmos o constante
movimento que embala o fazer educacional, sempre embalado pelas condições
sociais, e esta experiência também é muito significativa, então enquanto política
pública o programa é importantíssimo pois mesmo não oferecendo a vivência
na escola oferece o conhecimento da realidade do sistema educacional e seus
profissionais diante da situação mundial.

As respostas apontam uma possibilidade de vivência dessas transformações e de-


safios educacionais através deste programa. Mesmo não existindo a rotina presencial da
comunidade escolar, existe uma troca saberes, novas práticas e experiências no contexto
educacional que vive um novo momento.
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
A realidade do município de São Luiz Gonzaga, onde a questão de vulnerabilidade
é altíssima e que o público atendido pelas escolas municipais, na sua grande maioria não
dispõe de equipamentos e internet para realização de aulas remotas, fica registrado a rele-
vância do programa em colocar seus participantes diante da realidade educacional da escola,
assim como as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de educação.
Relacionando o Programa com a educação atual, a formação inicial por intermédio
do PIBID, na perspectiva das entrevistadas, é compreendida como uma oportunidade de
aproximação do contexto escolar real, das dificuldades dessas novas rotinas e culturas pro-
fissionais e de construção do ser professor e das práticas cotidianas da educação em meio
a toda reconstrução necessária.
A construção e criação de atividades que contemplaram a realidade educacional, bem
como a importância dos projetos desenvolvidos e divulgados para a comunidade escolar e
a sociedade em geral são um grande desafio nesse momento. A participação dos bolsistas
nesse processo fortalece a importância da inserção da Universidade, nas escolas, pensando
juntos com as supervisoras formas e estratégias que possam superar os desafios.
Nas narrativas das supervisoras aparece o PIBID como uma política pública para
potencializar a articulação entre teoria, prática e reflexão docente. Nesse sentido, Nóvoa
(2009, p. 212), que apresenta em seus estudos a importância da formação de professores
centrada na prática:

No essencial, advogo uma formação de professores construída dentro da pro-


fissão, isto é, baseada numa combinação complexa de contributos científicos,
pedagógicos e técnicos, mas que tem como âncora os próprios professores,
sobretudo os professores mais experientes e reconhecidos.

Assim, compreendemos que o Pibid idealiza a formação centrada na prática, contri-


buindo com a formação de professores e fomenta tanto a formação inicial dos bolsistas de
iniciação à docência quanto a formação continuada oportunizada aos supervisores e coor-
denadores que atuam nesse programa.
Segundo Nóvoa (2009, p. 5), “a formação de professores ganharia muito se fosse
organizada, preferentemente, em torno de situações concretas, de insucesso escolar, de
problemas escolares ou de programas de acção educativa”. Tardif (2012, p. 15) corrobora
afirmando que “[...] é impossível compreender a natureza do saber dos professores sem
colocá-lo em íntima relação com o que os professores, nos espaços de trabalho cotidianos,
são, fazem, pensam e dizem”
Para Tardif (2012, p. 17), “Isso significa que as relações dos professores com os sa-
beres nunca são relações estritamente cognitivas: são relações mediadas pelo trabalho que
lhes fornece princípios para enfrentar e solucionar situações cotidianas”
24
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Assim, é possível considerar que, a teoria e a prática deveriam caminhar juntas e não
serem entendidas como aprendizagens diferentes para os/as futuros/as professor/as, uma
vez que se verificou no Pibid que a prática é geradora de reflexões que contribuem decisi-
vamente no desenvolvimento dos saberes docentes. Consideramos a prática um alicerce do
trabalho pibidiano, a qual poderia ser incorporada à estrutura dos cursos de licenciaturas.

CONCLUSÃO

Pensando na formação pedagógica e nos saberes docentes, tomando como referência


que a qualidade das aprendizagens depende da qualidade do trabalho do professor, bem
como a relação problemática entre políticas públicas de financiamento do ensino e qualifi-
cação dos professores, neste trabalho evidenciamos que as políticas públicos são ações
desenvolvidas, que tendem a ser úteis para o desenvolvimento cultural e social, dependendo
do envolvimento não só do governo, mas de toda a sociedade e das instituições educacionais.
É necessária uma relação de harmônica entre o Estado, as entidades formadoras e
a população, principalmente no que se refere as políticas públicas educacionais voltadas a
formação de docentes, bem como definições de planejamento e avaliações dessas políticas,
para posterior busca de ações que contribuam para qualidade da educação e possibilitem
o exercício pleno da cidadania do indivíduo.
Por ser um dever de todos (estado, família e sociedade), a educação deve ser muito
mais democratizada, bem como foco central de qualquer governo e País, oferecendo meios
para o exercício pleno da cidadania, melhoria das instituições de ensino e também do próprio
processo de ensino e aprendizagem.
Conforme, Bastos (2017, P.05), “a escola passa a ser um espaço fundamental para a
aquisição de conhecimentos que permitam o desenvolvimento de competências e habilidades
requeridas para a inclusão na vida social e produtiva”. Nesse sentido as políticas públicas
devem intervir na realidade regional através de iniciativas que contribuam para implementar
projetos de desenvolvimento pautados na interdisciplinaridade e que busquem a promoção
da democracia e da participação de todos.
As pesquisas apontam que o campo da legislação tem avançado nos últimos anos
quanto às políticas de incentivo à formação dos professores da educação básica, mas pre-
cisamos ficar atentos aos desafios que vem se apresentando, e refletir além daquilo que se
aparenta, tendo em vista que a educação atravessa uma etapa marcada pela crise política,
econômica e pandêmica.
Além disso, constatou-se que os programas voltados a formação docente foram criados
tendo como base a LDB, o PNE e outras leis e diretrizes que orientam e fundamentam a
formação de professores e professoras, onde o Programa de Bolsa de Iniciação à Docência
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
(PIBID) representa importante programa de formação inicial, como um aporte a formação
diferenciada, contribuindo para qualificação da formação dos futuros professores, e também
para a melhoria da qualidade da educação e da sociedade.
Pode-se disser que o Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), possibilita
uma formação diferenciada por meio da prática, vindo compensar possíveis lacunas ainda
existentes na grade curricular de cursos de licenciaturas, tendo em vista que os acadêmicos/
as participantes deste programa estão em constante transformação e aprendizagem, jun-
tamente com seus professores e coordenadores. Assim, por estarem inseridos no contexto
escolar de forma organizada, exercitam a convivência, troca de saberes e a formação de
novas concepções sobre a docência.
Compreende-se, também, que a interação entre acadêmicos/as que fazem parte desse
programa com os/as coordenadores/as e supervisores/as, geram um movimento dinâmico
de formação e crescimento contínuo, além de uma integração social com as comunidades
escolares, que demostram a grande importância da parceria entre a Universidade e as es-
colas de educação básica. Neste sentido, a formação acadêmica tem maior aproximação da
realidade escolar, aliando a sua teoria à prática, requerendo dos participantes do Programa
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), empenho, dedicação e compromisso para reali-
zação das atividades propostas.
Diante do exposto, num contexto em que as licenciaturas vêm sendo desvalorizadas,
concluímos que a vivência no projeto proporciona incentivos com relação à pesquisa e à
formação docente crítica-reflexiva, baseando-se nos diversos contextos e conflitos, que
permeiam o campo educativo, sendo extremamente importante que outras iniciativas que
apoiem a ressignificação da formação e trabalho docente se juntem a esse programa.
Nessa perspectiva o movimento “fica PIBID”, nos mostrou o quanto à sociedade pode
e deve se empoderar do direito de requerer políticas públicas que se apresentam como
diferencial as mudanças qualitativas e significativas para a sociedade, proporcionando de-
senvolvimento e melhorias apesar de inúmeros fatores econômicos negativos encontrados
no Brasil atualmente.
A interrupção das atividades presenciais e os dilemas provocados por essa suspensão
motivaram as discussões e justificaram os esforços para que os programas como o PIBID
que aproximam os cursos de formação de professores das demandas da educação básica
fossem mantidos mesmo diante das condições de excepcionalidade. Nesse momento, em
que temos enfrentado tantos desafios – com a necessidade de medidas de distanciamento
social para preservação da vida –, encontrar caminhos para mantermos a formação dos
professores com qualidade e esse vínculo com as escolas da educação básica tornou-se
ainda mais importante. A situação instalada pela pandemia, que acentuou desigualdades
26
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
já existentes, tem mostrado o quanto é importante o papel da escola, dos professores e
das professoras, do vínculo nos processos de ensino-aprendizagem. Ao mesmo tempo, em
que nos coloca diante desse desafio de pensar o trabalho docente, e consequentemente a
formação docente, em um novo contexto”.

REFERÊNCIAS
1. BASSO SOARES SEVERO, Rita Cristine; ALMEIDA, Percila Silveira. O PIBID como espaço
e tempo de construção dos saberes. In: _______________ (org). Os impactos do PIBID
na iniciação à docência na UERGS. 1ª Ed. Porto Alegre: Criação Humana / Evangraf, 2017.
cap. 2, p. 33-42.

2. BASTOS, Manoel de Jesus. Políticas Públicas na Educação Brasileira. Revista Científica


Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 05. Ano 02, Vol. 01. pp 253-263, Julho de
2017. Disponível em <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/politicas-publicas>
Acesso 04 jun. 2018.

3. BRASIL, Ministério da Educação. Diretoria de Formação de Professores da Educação


Básica-DEB (Resumo Executivo do Relatório de Gestão 2009-2013). Disponível em < https://
www.capes.gov.br/images/stories/download/bolsas/1892014-relatorio-PIBID.pdf>. Acesso 19
mai. 2018.

4. BRASIL. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado, 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm> Acesso 20 mai. 2018.

5. CAPES. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-Pibid. De 03/09/2008.


Disponível em: <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/pibid>. Acesso em:
27/07/2017.

6. CAPES. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-Pibid. De 01/03/2018.


Disponível em <http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/8778-capes-publica-edi-
tais-do-pibid-e-do-novo-programa-de-residencia-pedagogica> Acesso em 05 jun. 2018

7. DOROTEU, Leandro Rodrigues. Políticas públicas pelo direito à educação no Brasil. Âmbito
Jurídico, Rio Grande, XV, n. 104, 2012. Disponível em < http://www.ambito-juridico.com.br/
site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=%20 12209> Acesso 20 jun. 2018.

8. FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS. Um estudo avaliativo do Programa Institucional de Bol-


sa de Iniciação à Docência (Pibid). Bernardete A. Gatti; Et.al pesquisadores. – São Paulo:
FCC/SEP, 2014. Et.al Disponível em < https://www.capes.gov.br/ images/stories/download/
bolsas/24112014-pibid-arquivoAnexado.pdf> Acesso 12 mar. 2018.

9. GIRON, Graziela Rossetto. Reflexões sobre a história das politicas educacionais no Brasil.
Disponível em <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/ estetica/reflexoes-sobre-
-a-historia-das-politicas-educacionais-no-brasil/57059>. Acesso 04 jun. 2018.

10. NÓVOA, Antônio. Formação de professores e profissão docente. In.: NÓVOA, António (co-
ord.). Os professores e a sua formação. 2 ed. Lisboa/PORT: Dom Quixote, Lda., 1995. p. 13-33.

27
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
11. SILVEIRA, Rosa Hessel. A entrevista na pesquisa em educação- uma arena de significa-
dos. In: COSTA, Marisa Vorraber (org.) Caminhos investigativos II Outros modos de pensar e
fazer pesquisa em Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002a p. 117-138.

12. TARDIF, M. LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência
como profissão de interação humana. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
02
Reflexões sobre o impacto da
pandemia no ensino superior privado
no ano de 2020

Andréia Cristina Munzlinger dos Santos

José Davi Reges de Souza

Walkiria Barbosa Santos

10.37885/210304003
RESUMO

Introdução: Em dezembro de 2019 foi descoberto em Wuhan na China uma nova cepa do
conhecido e antigo coronavírus, sendo nomeada de Sars-CoV-2 ou COVID-19. A COVID-19
se espalhou rapidamente pelo mundo. Por consequência, surgiu o ensino remoto emer-
gencial. As instituições de ensino superior tiveram que se adaptar, os docentes mudaram
o ambiente de trabalho para o home office e os discentes começaram assistir às aulas
de casa. Objetivo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre o cenário do ensino supe-
rior privado brasileiro em meio ao momento de pandemia vivenciado no ano de 2020.
Métodos: Foi feita a análise e discussão das modificações do ensino superior brasileiro
em instituições privadas. Foram selecionados dados fornecidos pela base científica da
Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) referente ao in-
quérito nacional intitulado “COVID-19 e Educação Superior: o que pensam os alunos e
como sua IES deve se preparar”. Foram incluídas as opiniões de homens e mulheres
das classes A, B, C e D, com idades entre 17 e 50 anos, divididos em dois principais
perfis, sendo alunos de graduação matriculados no ano de 2020. Em seguida foram fei-
tas as reflexões sobre o ensino superior conforme as respostas dos alunos no inquérito.
Resultados: 82% dos alunos referiram que as IES migraram as aulas presenciais para o
ensino remoto, 63% informaram que as aulas foram do tipo síncrona, 60% tiveram o em-
prego diretamente afetado, 52% dos alunos disseram que pretendem continuar estudando
e 67% relataram que a experiência com o ensino remoto foi positiva. Conclusão: O ce-
nário do ensino superior privado brasileiro em meio ao momento de pandemia trouxe
facilidades e dificuldades. As aulas síncronas proporcionaram o ensino semelhante ao
presencial, sendo importante a utilização de plataformas interativas e ambiente virtual
de aprendizagem. Por fim, as IES tiveram que se reinventar também quanto a questão
econômica, proporcionando diversas possibilidades financeiras ao aluno.

Palavras-chave: Pandemia, Ensino Superior, Inquéritos e Questionários.

30
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
INTRODUÇÃO

Em dezembro de 2019 foi descoberto em Wuhan na China uma nova cepa do conhecido
e antigo coronavírus, sendo nomeada de Sars-CoV-2 ou COVID-19. Ela, em geral, causa
danos ao sistema respiratório e apresenta uma taxa de mortalidade média de 2%, pois pode
resultar em danos alveolares maciços e insuficiência respiratória progressiva (Wu et al.,
2020; Xu et al, 2020; Huang et al, 2020).
A COVID-19 se espalhou rapidamente pelo mundo, tornando-se uma pandemia e
no mês de março de 2020 fez sua primeira vítima fatal no Brasil, em meio a mais de 214
mil casos confirmados no mundo (VARDÉLIO, 2020). Diante da transmissão acelerada da
COVID-19 em vários países, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde
do Brasil, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças de outros países e organizações
internacionais recomendaram o uso de planos de emergência, com medidas de biossegu-
rança e distanciamento social (OLIVEIRA et al, 2021).
No ambiente educacional medidas urgentes foram tomadas, visto que as instituições
de ensino são grandes centros de convivência social, gerando inúmeras aglomerações e
consequentemente proporcionando a propagação do vírus na sociedade via ambiente edu-
cacional (AQUINO et al, 2021). Por consequência, o Ministério da Educação (MEC) emitiu
a portaria nº 343, de 17 de março de 2020 que permitiu a substituição das aulas presenciais
por meios digitais, surgindo assim o Ensino Remoto Emergencial (ERE), enquanto durasse
a situação de pandemia (MEC, 2020).
A pandemia modificou a rotina do ensino superior. Nas Instituições de Ensino Superior
(IES), os docentes e discentes tiveram que se adaptar, contando com o uso das tecnologias
digitais. Diante disso, os docentes, em sua maioria, mudaram o ambiente de trabalho para
o home office e os discentes começaram assistir as aulas de casa (GUSSO et al, 2021)
Em posse de tais informações, alguns questionamentos surgiram: Os alunos pretendem
continuar estudando em meio a pandemia? Qual fator levou o aluno a parar de estudar? Como
foi a experiência do aluno com a nova modalidade de ensino? Portanto, este estudo pretende
fazer reflexões sobre o cenário do ensino superior privado brasileiro em meio ao momento
de pandemia vivenciada no ano de 2020, utilizando os dados do inquérito realizado pela
Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES) que buscou a
opinião dos alunos em relação ao ano letivo de 2020.
Atualmente, a ABMES reúne mais de 2500 unidades educacionais entre mantenedo-
ras e mantidas e um de seus principais objetivos institucionais é fornecer subsídios para a
definição de políticas públicas de ensino superior, sendo a maior instituição representativa
do Brasil em relação ao ensino superior privado (ABMES, 2020)

31
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
As reflexões sobre o ensino superior são importantes para a compreensão das barreiras
geradas pela pandemia, bem como poderá nortear as IES em relação às medidas que podem
ser tomadas para minimizar os impactos da pandemia no processo de ensino-aprendizagem.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo e reflexivo por meio da análise de dados forneci-


dos pela base científica da ABMES referente ao inquérito nacional intitulado “COVID-19 e
Educação Superior: o que pensam os alunos e como sua IES deve se preparar?”
Foram incluídos homens e mulheres das classes A, B, C e D com idades entre 17 e
50 anos divididos em dois principais perfis, sendo alunos de graduação das IES particula-
res do ano de 2020.
A distribuição sociodemográfica da amostra obedeceu ao perfil da população de in-
teresse por meio de amostragem não-probabilística por cotas, com nível de confiança de
95%, assumindo-se que p=q=0.5, com erro amostral de 2,5%, com cálculo amostral final
de 1.500 indivíduos. Diante disso, participaram do inquérito 1607 alunos de IES privadas
de todas as regiões do país.
A pesquisa possuía até julho de 2020, três ondas correspondentes aos inquéritos de
março, abril e maio de 2020, sendo aplicado um questionário de 7 minutos com questões
fechadas via Survey Online. No presente estudo, foram utilizadas respostas de 5 perguntas
referentes à última onda, pois é a mais recente em relação ao cenário nacional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A COVID-19 resultou em escolas fechadas em todo o mundo. Globalmente, mais de


1,5 bilhão de pessoas estão fora da sala de aula (CERIONI, 2020). Como resultado, a edu-
cação mudou drasticamente, com o aumento exponencial do e-learning, pelo qual o ensino
é realizado remotamente e em plataformas digitais.
No estudo da ABMES, 82% dos alunos referiram que as IES particulares brasileiras
migraram as aulas presenciais para o ensino remoto (gráfico 1).

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Gráfico 1. Sua faculdade tomou alguma ação para tentar se adaptar ao cenário atual?

Fonte: ABMES, 2020.

No cenário atual, o ensino remoto trouxe facilidades, como maior flexibilidade para se
fazer as aulas, maior acesso a materiais e fontes de estudo online, economia de tempo e
combustível. Por outro lado, no estudo de Feitosa, 2020, os alunos apontaram dificuldades,
como a falta de acesso à internet de qualidade, pouco acesso aos livros físicos, capacidade
técnica reduzida de manusear as tecnologias, pouco estímulo e interatividade proporciona-
do pelo ensino tradicional e desigualdade de oportunidades. O item mais citado foi a falta
de interação que ocorreria se fosse presencial, segundo os alunos, esse fato prejudica o
rendimento e causa um maior cansaço devido ao esforço em manter-se por horas na tela
de um computador ou celular, sendo importante o uso de metodologias ativas no ensino
remoto (FEITOSA, 2020).
Os professores apontam como maiores dificuldades a preparação das aulas que de-
mandam mais tempo, devido a gravação e edição de vídeo, publicação de atividades no
ambiente virtual de aprendizagem e realização da tutoria dos alunos. Além disso, os profes-
sores se queixam da falta de um ambiente apropriado para a realização da aula, pois tem
que dividir o ambiente escolar com o familiar (FEITOSA, 2020). Diante disso, a pandemia
pegou muitas IES de surpresa, pois planejar e ministrar as aulas no formato remoto requer
capacidade técnica e o aprendizado de novas ferramentas de ensino de forma rápida para
manter o processo de ensino-aprendizagem.
O ensino remoto trouxe diversas oportunidades, como: uma maior socialização do
conhecimento, a descoberta de novas ferramentas, a aproximação com os recursos tecno-
lógicos que se mostram excelentes objetos de aprendizagem e promovem a diminuição da
evasão escolar, aumentando a motivação dos alunos (FEITOSA, 2020).
As aulas remotas tornaram a educação mais flexível, o que, por sua vez, torna a educa-
ção superior mais inclusiva. Muitos estudantes, principalmente os adultos ou os trabalhadores,

33
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
precisam de flexibilidade em seus horários e opções de módulos para acessar a educação,
oferecem oportunidades para estudantes de grupos tradicionalmente marginalizados.
As aulas remotas também atraem as novas gerações de estudantes. A geração am-
plamente aclamada de ‘nativos digitais’ agora está no ensino superior e está acostumada
a ter a tecnologia como um fio em suas vidas cotidianas. A geração Y tem expectativas
diferentes do ensino superior, com flexibilidade, aprendizado ativo e ferramentas digitais,
sendo algumas delas.
A segunda pergunta analisada foi: “As aulas que migraram para o EAD acontece-
ram de que forma?”. A maioria afirmou que foi de forma síncrona (63%), como mostra
no gráfico abaixo:

Gráfico 2. As aulas que migraram para o EAD aconteceram de que forma?

Fonte: ABMES, 2020.

As aulas síncronas em relação às assíncronas se diferenciam quanto ao tipo de in-


teração que é realizada com o professor e os colegas de sala. Nas aulas assíncronas o
professor, geralmente, faz a gravação da aula e publica em uma plataforma digital. Já nas
aulas síncronas, a aula ocorre ao vivo, aumentando assim a interatividade entre aluno-aluno
e aluno-professor (FEITOSA, 2020).
Para transmissão de aulas síncronas existem diversas soluções que atendem às varia-
das necessidades e requisitos das instituições de ensino superior, sendo as mais utilizadas:
Zoom, Google Meet e Microsoft Teams. Essas ferramentas citadas são de fácil acesso,
podendo o aluno conectar a aula pelo celular ou via computador, interagindo ao vivo com
seu professor e colegas de sala. O uso dessas plataformas garante uma aproximação do
ensino presencial e distanciamento do ensino à distância (EAD), pois as aulas costumam ser
ministradas ao vivo e o aluno pode tirar as suas dúvidas em tempo real. (GABARDO, 2021)
Independentemente, da aula ser síncrona ou assíncrona, é indicado que as IES tenham

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
acesso a um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Neste quesito, existe uma gama
imensa de AVA, sendo o principal deles o Moodle.
O Moodle foi criado em 2001 pelo educador e cientista computacional australiano
Martin Dougiamas, que em 2019 teve uma crescente utilização, estando presente em 206
países e com 47 mil instalações. O sucesso dessa plataforma se deve aos seguintes fatores:
ferramenta gratuita e colaborativa, recomendado para qualquer porte de instituição, exige
pouco esforço para instalação, tem uso facilitado, operação simples e com curva de apren-
dizado considerada não muito extensa (GABARDO, 2021). Corroborando com tais achados,
o ambiente Moodle foi reconhecido como uma ferramenta eficiente ou muito eficiente de
apoio ao ensino presencial por 85% dos docentes do curso de engenharia civil da UFSCar
(GABARDO, 2021).
A literatura ainda recomenda o uso do Google Classroom, que é um Sistema de
Gerenciamento de Aprendizagem, gratuito, cedido pela Google para apoiar os professores
e alunos e melhorando de forma significativa o processo de ensino-aprendizagem. O Google
Classroom foi desenvolvido pela divisão do Google for Education, permite que o professor
poste atualizações da aula e tarefas de casa, adicione e remova alunos e ainda forneça
um feedback aos alunos. O serviço é integrado ao Google Drive, fazendo parte da suíte
de aplicativos do Google Apps for Education e aplicativos de produtividade como o Google
Docs (GABARDO, 2021).
A terceira pergunta analisada foi: Quais são os fatores que levam à sua decisão de
parar de estudar?”. Grande parte dos alunos afirmaram que foram afetados financeiramente
devido a pandemia e que isso poderia levar a desistência dos estudos (60%) – Gráfico 3.

Gráfico 3. Quais são os fatores que levam à sua decisão de parar de estudar?

Fonte: ABMES, 2020.

A pandemia acarretou diversos prejuízos econômicos ao mundo. Segundo o Fundo


Monetário Internacional (FMI), a Covid-19 está levando a economia mundial a uma nova
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
recessão, sendo os impactos causados pelo vírus maior que a crise financeira de 2008,
para muitos economistas (TRADEMAP, 2020). Segundo Ángel Gurría, secretário-geral da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), calcula-se que para
cada mês de pandemia haverá uma perda de 2 pontos percentuais no crescimento anual do
PIB, somente o setor de turismo enfrentará uma diminuição de produção entre 50% a 70%
nesse período (TRADEMAP, 2020).
No ensino superior privado, a pandemia impactou no pagamento das mensalidades, seja
porque o próprio estudante teve o salário reduzido ou porque a família passou por essa situa-
ção. Uma pesquisa feita pela Abmes indicou que 23,9% dos matriculados não conseguiram
pagar a mensalidade do curso em maio de 2020, correspondendo em um aumento de 51,7%
na taxa de inadimplência, se comparada ao mesmo mês do ano de 2019 (ABMES, 2020).
Para minimizar os impactos econômicos da pandemia, o Governo Brasileiro instaurou
o Auxílio Emergencial no ano de 2020, para que as pessoas das classes sociais menos
abastadas não ficassem totalmente desamparadas, devido a perda repentina de emprego
e renda, tendo ele sido descontinuado em dezembro de 2020 (TRADEMAP, 2020).
Diante do momento econômico vivido pelos estudantes, vale a pena ressaltar medidas
que podem diminuir o abandono dos estudos e aumentar a taxa de matrícula, como: des-
contos na matrícula/rematrícula, programas de indicação, bolsas, convênios com empresas
parceiras, parcelamentos e financiamentos estudantis.
Dentre as principais modalidades de financiamento estudantil, no Brasil é utilizado o
FIES que é gerido pelo Governo Federal, permitindo que os alunos paguem uma pequena
parcela enquanto estudam e o restante apenas quando terminar o curso. Já o Parcelamento
Estudantil, costuma a ser uma política interna de cada IES, sendo adicionada uma exten-
são do prazo de pagamento do curso até depois da formação do aluno. Quanto às Bolsas
de estudo, estas dão descontos fixos durante todo o curso, sendo normalmente exigido
o pagamento de uma taxa a título de contratação da referida bolsa. Nos convênios com
empresas, normalmente são oferecidos grandes descontos para os funcionários e o valor
pode ser retido na folha de pagamento, reduzindo assim o fator de inadimplência. Por fim,
tem-se ainda os descontos por indicação, matrícula, e reingresso, além de parcerias para
concessão de estágios remunerados aos alunos, tendo esse último como consequência a
geração de renda e facilitação de pagamento das mensalidades à instituição.
Portanto, cabe às IES se reinventarem neste momento de grave crise mundial, a fim
de suprir essa demanda para que mesmo pessoas com pouca ou praticamente nenhuma
renda, atualmente, consigam iniciar/prosseguir com seus estudos e alcançarem o sonhado
diploma universitário mesmo em meio a pandemia.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Na quarta pergunta analisada, “Considerando o cenário atual criado pela crise do novo
coronavírus, o que você pretende fazer?”, 52% dos alunos disseram que pretendem continuar
estudando, não importa o cenário (Gráfico 4).

Gráfico 4. Considerando o cenário atual criado pela crise do novo coronavírus, o que você pretende fazer?

Fonte: ABMES, 2020.

Este resultado é importante, pois visto que demonstra que mesmo em meio a um ce-
nário de pandemia e grande caos econômico as pessoas não pretendem desistir a não ser
por motivos de força maior como a perda do emprego e renda e consequentemente a capa-
cidade financeira para pagamento dos estudos. Vale a pena ressaltar que tanto em crises
financeiras quanto nas pandemias, estes são fenômenos eventuais, longos e passageiros.
Dessa forma, àqueles que permanecerem nos estudos tem, com certeza, uma vantagem
competitiva em relação aos demais quando o mercado voltar a ficar aquecido, o que de certa
forma, já está ocorrendo em 2021.

Gráfico 5. Após a migração do formato de suas aulas, como você avalia a sua experiência com o ensino remoto?

Fonte: ABMES, 2020.

Por fim, a pesquisa da Abmes apontou que a opinião dos alunos foi positiva em rela-
ção à nova modalidade de ensino (67%) – Gráfico 5. Este dado evidencia que apesar da
surpresa e das consequências da pandemia, o ensino remoto auxiliou a continuidade do
ciclo ensino-aprendizagem nas IES.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
CONCLUSÃO

Embora o COVID-19 tenha tido um forte impacto no progresso educacional normal, as


universidades podem aproveitar esta oportunidade imprevista para detectar deficiências e
acelerar a reforma da educação on-line por meio de conteúdo inovador do curso, tecnologia
de ponta e gerenciamento eficiente.
As aulas remotas são um campo complexo e emergente. Existem desafios e benefícios
no uso de tecnologias digitais. No entanto, para que o aprendizado remoto seja bem-su-
cedido, é claro que a mentalidade do ensino deve mudar. Os educadores precisam mudar
de um paradigma centrado no ensino tradicional para o aprendizado mais ativo, a fim de
atrair novos alunos e manter uma vantagem tecnológica crítica em um mercado cada dia
mais competitivo.

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40
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
03
Transição do ensino presencial para
o ensino remoto emergencial nos
cursos de graduação da Unievangélica
durante a pandemia de Covid-19

Cristiane Martins Rodrigues Bernardes


UniEVANGÉLICA

Daniel Gonçalves Mendes da Costa


UniEVANGÉLICA

Evelin Soares de Oliveira Martins


UniEVANGÉLICA

Fabiane Alves de Carvalho


UniEVANGÉLICA

Luciana Carvalho Boggian


UniEVANGÉLICA

Pollyana dos Reis Pereira Fanstone


UniEVANGÉLICA

10.37885/210504586
RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar a transição do ensino presencial para o ensino
remoto emergencial nos cursos de graduação da UniEVANGÉLICA durante o período da
pandemia de Covid-19. A pandemia alterou profundamente os diversos setores da socie-
dade, dentre eles a educação, objeto deste estudo. O processo de ensino e aprendiza-
gem, de repente, passou a acontecer de forma remota, em ciberespaços. As Tecnologias
da Informação e Comunicação ganharam grande destaque no contexto educacional
presencial, tornando-se as grandes protagonistas do processo de ensino e aprendiza-
gem. Os professores precisaram se reinventar e se adequaram à nova realidade acadê-
mica constituída por aulas síncronas e assíncronas no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Utilizou-se como recurso metodológico neste trabalho a técnica do relato de experiência
descrito pela Pró-Reitoria Acadêmica. O estudo mostra de forma sistemática, as estraté-
gias adotadas no sentido de subsidiar os docentes para este desafio, desde a comunica-
ção contínua com todos os envolvidos nas aulas e atividades remotas até a modelagem
das disciplinas para 2020/2.

Palavras-chave: Ensino Superior, Graduação, Ensino Remoto, Pandemia.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
INTRODUÇÃO

A pandemia de Covid-19 alterou irreversivelmente o contexto educacional no mundo


e no Brasil. Todos os setores da sociedade foram atingidos, mas as instituições de ensino
presencial precisaram se adaptar em um curto espaço de tempo. Em um dia os professores
estavam em suas salas de aula e no outro, estavam em um ambiente virtual de ensino e
aprendizagem. Todos os espaços educacionais, desde a educação infantil até a educação
superior foram reconfigurados pós-covid19. De repente, professores e alunos precisaram
estar fisicamente separados, pois a doença causada pelo SARS-CoV-2 ou coronavírus como
é mais conhecido, é transmitida pelo contato entre as pessoas.
O processo de ensino e aprendizagem passou a acontecer exclusivamente de for-
ma remota. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) que até então estavam
presentes timidamente no ensino presencial, tornaram-se as grandes protagonistas desta
modalidade educacional. A pandemia fez emergir um ciberespaço até então nunca viven-
ciado nos cursos presenciais. De acordo com Gibson (2008), o termo ciberespaço pode
ser compreendido como um espaço que não existe fisicamente, mas virtualmente. O autor
utilizou o termo, pela primeira vez para designar um ambiente artificial, no qual trafegam
dados e relações sociais de forma indiscriminada.
Nesse contexto, faz-se necessário compreender o conceito de remoto, visto que este
foi o termo utilizado pelo Ministério da Educação (MEC) em conjunto com o Ministério da
Saúde para viabilizar a continuidade do aprendizado dos estudantes do Brasil durante o
período de pandemia. O termo “ensino remoto emergencial” pode se compreendido como
uma medida temporária que tem como finalidade manter as atividades pedagógicas antes
presenciais, de forma síncrona e/ou assíncrona por meio de webconferências, fóruns, chats,
entre outros recursos. Os termos “remoto” e “ciberespaço” estão diretamente relacionados,
pois ambos têm como base a Internet e possuem relação direta com o tempo cronológico
e o espaço geográfico.
Este artigo descreve as estratégias adotadas pela Pró-Reitora Acadêmica (ProACAD)
no processo de transição do ensino presencial para o ensino remoto emergencial nos cursos
de graduação da UniEVANGÉLICA. Relata-se neste estudo as estratégias adotadas pela,
no primeiro semestre de 2020, no intuito de subsidiar os docentes dos cursos de graduação
para o ensino remoto emergencial por meio das TICs. A partir dessa experiência, foi realizada
a modelagem das disciplinas no formato remoto para 2020/2.

43
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
MÉTODO

Desde o momento em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pan-


demia pela Covid-19 e o governo brasileiro tomou as medidas de prevenção ao contágio
da população por meio da suspensão das aulas presenciais, a UniEVANGÉLICA iniciou
um criterioso planejamento para execução das atividades teórico-cognitivas e práticas
no formato remoto.
A Instituição, por meio de seu Gabinete de Gestão de Crise, analisou todas as orien-
tações dos governos federal, estadual e municipal para a oferta de aulas remotas (Portaria
MEC nº 343, de 17 de março de 2020, Portaria MEC nº 345 de 19 de março de 2020 e
Portaria MEC nº 544 de 16 de junho de 2020, Parecer CNE nº 5/2020, Ofício SES-GO nº
6080/2020 de 08 de junho de 2020 e Decreto Estadual nº 9.653/2020), e partir de sua rea-
lidade acadêmica seguiu as recomendações cabíveis à realidade de cada curso.
Para a transição das disciplinas dos cursos de graduação do formato presencial para
o formato remoto emergencial, a UniEVANGÉLICA, por meio da ProACAD, adotou diversas
estratégias no sentido de orientar e acompanhar os docentes da Instituição, dentre elas: 1-
comunicação contínua com os docentes, Núcleos Docentes Estruturantes (NDEs) e diretores
de curso; 2- capacitação docente e formação continuada; 3- acompanhamento sistemático
das salas virtuais de 2020/1, 4- modelagem e design das salas virtuais 2020/2, 5- definição
de documento para atualização dos Projetos Pedagógicos de Cursos (PPCs).
No aspecto comunicação (1), a ProACAD utilizou dos seguintes canais: site, e-mail,
Sistema Acadêmico Lyceum, AVA Moodle. Esses canais de comunicação foram utilizados
para divulgar de forma contínua todas as informações necessárias aos diretores e docentes:
adequação dos cursos para o modelo de ensino remoto emergencial; adaptações no plano
de ensino e cronograma, aulas remotas ou presenciais, atividades no Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA). O docente foi orientado a manter o planejamento quanto à continui-
dade do conteúdo estabelecido no plano de ensino das disciplinas de 2020/1, a redefinir
o cronograma de trabalho com as novas estratégias remotas, a manter a regularidade na
divulgação dos materiais didáticos por meio do AVA, a agendar suas aulas síncronas nos
mesmos dias e horários definidos no calendário do inicial do primeiro semestre.
Outro aspecto importante adotado no processo de transição para o ensino remoto, diz
respeito à capacitação docente (2). Tutoriais instrucionais para a utilização e configuração
das salas virtuais no AVA foram disponibilizados aos docentes: Acesso ao AVA, Inserção de
videoaulas no YouTube e AVA, Configuração de atividades avaliativas no AVA, Recursos
do AVA Moodle (Questionário, Glossário, Wiki, outros). Os docentes foram orientados pela
ProACAD a utilizarem os tutoriais para a organização de suas salas virtuais. Ainda nesse
sentido, os diretores e os docentes foram convocados a participarem de webconferências
44
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
junto à ProACAD, nas quais aconteceram discussões e reflexões relevantes para o contexto
educacional remoto.
A partir de todas as mudanças metodológicas exigidas para o período de pandemia,
faz-se necessário a atualização dos Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC), principalmente
no que diz respeito à inserção das TICs. Dessa feita, a ProACAD definiu um documento
modelo a ser utilizado pelos cursos. O documento foi encaminhado aos diretores de todos
os cursos da Instituiçao, para que juntamente com seus NDEs, pudessem realizar as ade-
quações necessárias.
A ProACAD realizou o acompanhamento sistemático das salas virtuais no AVA e, partir
dessa experiência, elaborou a modelagem das disciplinas no formato remoto para 2020/2 (4).
Essa modelagem foi criteriosamente planejada, considerando aspectos importantes para o
formato de ensino remoto, como por exemplo: carga horária da disciplina, design educacio-
nal da sala de aula, objetos de aprendizagens a serem utilizados como complemento aos
conteúdos, dentre outros. A estrutura, bem como a modelagem das disciplinas no formato
remoto para 2020/2 foram apresentadas aos docentes no 39º Seminário de Atualização de
Práticas Docentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar da pandemia de Covid-19, a UniEVANGÉLICA continua a promover o conhe-


cimento, por meio da educação. Os cursos de graduação prosseguiram remotamente e
estão sendo oferecidos com o padrão de qualidade exigido pela Constituição Federal (art.
206, VII CF) e pela LDB. Apesar de todos os pontos negativos da pandemia, é possível
identificar pontos positivos, como o processo de reinvenção dos professores e possibilidade
de maior autonomia dos estudantes. É um momento de desafios, mas também de apren-
dizado para todos.
O ensino remoto emergencial nos cursos de graduação presenciais, apesar de ter
surgido para suprir uma demanda do momento de pandemia, está possibilitando o desen-
volvimento de novas competências e habilidades para os professores dispostos a aprender
com a crise. É o lifelong learning na prática. Esse conceito é definido pela Lifelong Learning
Council Queensland (LLCQ) como “um aprendizado que é flexível, diverso e disponível em
diferentes tempos e lugares, perseguido durante toda a vida”. Os professores transforma-
ram-se, da noite para o dia, em designers instrucionais, youtubers, videomakers, roteiristas.
Outro recurso utilizado e que está sendo aprimorado pelos professores nas aulas remo-
tas emergenciais são as metodologias ativas. As TICs auxiliam, por exemplo, na promoção da
sala de aula invertida, visto que os conteúdos podem ser postados antecipadamente no AVA
para que os estudantes possam realizar a leitura e estudo do material, que posteriormente
45
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
é discutido nas aulas síncronas e assíncronas com os professores. Nesse sentido, Borges
e Alencar (2014, p. 120), afirmam que a utilização das metodologias ativas no contexto de
ensino remoto “pode favorecer a autonomia do educando, despertando a curiosidade, esti-
mulando a tomada de decisões individuais e coletivas, advindos das atividades essenciais
da prática social e em contextos do estudante”.
É fato que as TICs aguçam a curiosidade dos jovens, assim o ensino remoto emergen-
cial deve ser visto como uma oportunidade de motivar e capacitar os estudantes a utilizarem
esses recursos digitais para possibilitar a resolução de problemas, a prática da colaboração
e empatia, o exercício de competências socioemocionais e criatividade; aspectos que se-
rão fortemente exigidos com a volta às aulas presencias. Para o período pós-pandemia ou
“novo normal”, como vem sendo chamado, será exigido um “novo estudante” e um “novo
professor”, dispostos a aprender e a se adaptar continuamente.
Diante dessa realidade, Bacich (2015), afirma que o ensino híbrido ou blended learning
é uma solução que permite além da utilização das metodologias ativas; mesclar o ensino
on-line e off-line. No ensino híbrido, os dois momentos são complementares, no sentido
de valorizar as interações sociais e o aprendizado individual, promovendo uma educação
mais dinâmica e personalizada. Ainda de acordo com a autora, o ensino híbrido segue
uma tendência de mudança do mundo globalizado e interconectado, na qual todos somos
aprendizes e mestres, consumidores e produtores de informação e conhecimento. Nesse
sentido, faz-se necessário uma integração cada vez maior entre sala de aula e ambientes
virtuais de ensino e aprendizagem.

CONCLUSÃO

As mudanças trazidas pela pandemia de Covid-19 alteraram de forma profunda e irre-


versível o ensinar e o aprender. Toda a vivência e experiência da UniEVANGÉLICA no en-
sino remoto emergencial durante a pandemia certamente transformará a prática pedagógica
da Instituição no período pós-pandemia. Os professores se mostraram dispostos a aprender
e reaprender, habilidades fundamentais no mundo VUCA. O termo VUCA é um acrônimo
da junção das primeiras letras das palavras volatilidade (volatility), incerteza (uncertainty),
complexibilidade (complexity) e ambiguidade (ambiguity). De acordo com estudiosos, essas
palavras definem as principais características da sociedade contemporânea, com toda sua
complexidade nas diversas situações do cotidiano, devido principalmente à interconexão,
interdependência e globalização.
Dessa feita, é fundamental pensar em novas soluções para um processo de ensino e
aprendizagem mais dinâmico e flexível. A partir do ensino remoto emergencial, um modelo
de ensino híbrido se apresenta como uma possibilidade relevante na Instituição. Nesse
46
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
sentido, Moran (2015, p.16) ressalta que “a educação não acontece só no espaço físico da
sala de aula, mas nos múltiplos espaços, que incluem os digitais”.
É fato que as TICs inseridas ao cotidiano educacional potencializam as capacidades
do estudante aprender e a hibridização do ensino nada mais é que mesclar o que há de
melhor nos dois modelos: presencial e remoto, de forma que o estudante tenha uma expe-
riência mais completa e enriquecedora. Dentre outras vantagens, acredita-se que o modelo
híbrido ao integrar as TICs ao currículo dos cursos de graduação presenciais, possibilitarão
alcançar maior atratividade dos espaços formais de aprendizagem e, consequentemente
maior engajamento do estudante em seu aprendizado.

REFERÊNCIAS
1. BACICH, L.; ABRANTES, R.; CANNATÁ, V. Ensino híbrido, personalizar para ensinar. Dispo-
nível em: http://migre.me/pZgfU. Acesso em 22 maio 2019.

2. BORGES, T. S.; ALENCAR, G. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do estu-


dante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante
do ensino superior. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/
view/1568. Acesso em 10 de agosto 2020.

3. MORAN, J. M. Mudando a educação com metodologias ativas. Coleção Mídias Contempo-


râneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens, v.2, 2015.

4. GIBSON, William. Neuromancer. São Paulo: Aleph, 2008.

47
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
04
Uso do Mobile learning no período
de ensino remoto emergencial da
pandemia de Covid-19

Ernane Rosa Martins


IFG

Luís Manuel Borges Gouveia


UFP

10.37885/210504788
RESUMO

O Mobile Learning foi utilizado em conjunto com a aplicação do Modelo Pedagógico


ML- SAI, que tem como principal fundamento a metodologia da Sala de Aula Invertida
(SAI). O presente estudo foi aplicado no ensino de engenharia de produção em um curso
superior do Estado de Goiás. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo avaliar o uso do
Mobile Learning aplicado no modelo pedagógico ML-SAI para melhorar o ensino remoto
emergencial na engenharia de produção em tempos da pandemia de COVID-19. Os re-
sultados da avaliação demostraram que a grande maioria dos alunos apreciaram a uti-
lização dos seus Smartphones como recursos para a aprendizagem em engenharia de
produção, principalmente em um cenário de incertezas, como o causado pela pandemia
de COVID-19. Expressaram ainda que a proposta de utilização do Smartphone, em
geral, foi muito importante, ajudando os alunos a acessarem os conteúdos da disciplina
de forma remota.

Palavras-chave: Mobile Learning, Ensino, Pandemia, Engenharia.

49
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
INTRODUÇÃO

Após décadas de discussão a respeito das potencialidades e os desafios do uso das


tecnologias para mediação pedagógica, vivemos em um período curto de tempo uma série
enorme de mudanças, tanto nas relações sociais, como no mundo do trabalho e também na
educação, principalmente devido à obrigatoriedade do distanciamento social causado pela
pandemia do Corona vírus (VALENTE, 2020)
A pandemia causada pelo novo corona vírus (Covid-19) trouxe para o mundo, o desafio
de adotar medidas de distanciamento social para garantir o controle da disseminação do
vírus. Sendo assim, o fechamento das escolas foi a primeira medida a ser aplicada. As aulas
presenciais foram interrompidas para respeitar o distanciamento social. Segundo a Unesco
(2020), 91,4% dos estudantes no mundo foram afetados pelo fechamento das escolas,
ou seja, em torno de 1,57 bilhão de estudantes ficaram fora da sala de aula de forma
presencial. Diante desse novo cenário na educação, o esforço das escolas, e dos professo-
res, foi buscar formas de transferir as aulas presenciais para um formato de ensino remoto
emergencial, de modo que os alunos possam continuar seus estudos em suas residências,
utilizando como apoio os recursos tecnológicos disponíveis. No entanto, é preciso deixar
bem claro que o ensino remoto não é o mesmo de aula a distância (FIORINI et. al., 2020).
Assim, é extremamente necessário que os professores tenham muita atenção com seus
planejamentos de aulas. O planejamento das aulas deve permitir que os alunos, que eram
acostumados com a rotina de aulas presenciais, continuem tendo uma vivência efetiva e satis-
fatória neste novo processo de ensino-aprendizagem de aulas remotas (FIORINI et. al., 2020).
O objetivo deste trabalho é avaliar o uso do Mobile Learning aplicado no modelo peda-
gógico ML-SAI para melhorar o ensino remoto emergencial na engenharia de produção em
tempos da pandemia de COVID-19. O artigo conta com esta introdução. Na seção 2 temos
a estrutura e estratégias do ML-SAI. Na seção 3 é apresentado o método, as técnicas e pro-
cedimentos metodológicos utilizados. Na seção 4, temos os resultados encontrados. E por
fim, a seção 5 apresenta as considerações finais do trabalho.

Estrutura e estratégias do ML-SAI

O modelo pedagógico ML-SAI fornece sugestões de estratégias a professores e pes-


quisadores interessados em utiliza-lo, orientando estes no desenvolvimento de atividades de
Mobile Learning. A Arquitetura Pedagógica (AP) foi reestruturada, levando em consideração
os conceitos da Sala de Aula Invertida, os aspectos relacionados a utilização dos dispositivos
móveis e os estudos exploratórios preliminares realizados durante as pesquisas realizadas
para sua construção, conforme apresentado na Figura 1. (MARTINS e GOUVEIA, 2020).
50
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Figura 1. Modelo pedagógico ML-SAI.

Fonte: Martins e Gouveia (2019a)

A AP foi definida em seis aspectos: contexto, normatização, papeis, tecnologias, ações e


limitações, conforme ilustrado na Figura 1. A AP e as estratégias para a Aplicação da AP são
melhor detalhadas na Tabela 1.

51
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Tabela 1. Detalhamento do Modelo pedagógico: ML-SAI.

Arquitetura Pedagógica (AP) Estratégias para a Aplicação da AP

Definir os objetivos e motivos das atividades e ações proposta, deixando-os claros para todos os envolvidos;
Contexto
Identificar os instrumentos, recursos, características das atividades e ações, dos alunos e do curso;
Organizar regras e procedimentos para orientar as ações e interações;
Normatização
Estabelecer normas para utilização dos dispositivos móveis (quando utilizar, qual a finalidade, etc.);
Compreender o papel do aluno no processo de aprendizagem, suas motivações, interesses e habilidades;
Papeis
Entender o papel do professor como condutor e facilitador da aprendizagem;
Definir os dispositivos móveis, aplicativos e recursos tecnológicos que serão utilizados, considerando as caracte-
rísticas físicas, técnicas e funcionais dos mesmos, tais como: ambiente virtual, Sílabe, Moodle, Facebook, Khan
Tecnologias Academy, YouTube, vídeo-aula, músicas, slides, fotografias, áudios, textos, entre outros, estabelecendo prioridade
para aplicativos livres e gratuitos;
Verificar a necessidade e disponibilidade de conexão com a Internet;
Especificar se as ações serão individuais, em grupo ou ambas, se estas serão comuns a todos os alunos ou dife-
renciadas por aluno ou grupo de alunos;
Definir ferramentas de comunicação e sistemas de apoio para dar suporte aos alunos em caso de dificuldades;
Definir se as ações serão realizadas em um mesmo local, ao mesmo tempo ou em locais e momentos distintos;
Estabelecer práticas educacionais favoráveis ao aprendizado (situações problemas, aplicações práticas, colaborati-
vas, autônomas, críticas, em contextos reais, pesquisas), levando em consideração os ambientes de aprendizagem
(on-line, salas de aula, laboratórios) de preferência com os dispositivos móveis dos próprios alunos;
Incentivar a interação entre os alunos e com o professor, por meio do uso de dispositivos móveis, com foco no
desenvolvimento da atividade proposta;
Determinar os mecanismos de avaliação de desempenho e certificação da aprendizagem, se individuais ou em
equipes, de preferência continua, e disponibiliza-los para os alunos;
Estabelecer momentos de reflexão e análise das atividades realizadas, buscando colaborar na melhoria continua
Ações
de novas atividades;
Estruturar os conteúdos que serão disponibilizados em ambiente virtual, para que os alunos possam acessa-los
por meio de um dispositivo móvel, quando e quantas vezes quiserem, se possível com o acompanhamento das
visualizações pelo professor;
Realizar uma curadoria dos conteúdos já existentes na Internet, por meio de plataformas como Khan Academy e o
YouTube em busca de bons vídeos educativos, ou caso não sejam encontrados, gravar vídeos ou áudios utilizando
as ferramentas que existem no próprio dispositivo móvel;
Estimular diferentes formas de aprendizado por meio de diferentes fontes de conteúdo, tais como: vídeos, áudios,
imagens, textos, slides, questões, entre outras;
Elaborar um roteiro de atividades do que será feito dentro da sala de aula, de modo a otimizar o tempo em sala
de aula, utilizando projetos, trabalhos ou solução de problemas, que se conectem com o que foi visto previamente
na plataforma;
Levantar os principais pré-requisitos das atividades e possíveis distratores do aprendizado;
Identificar quais conteúdos podem ser melhor trabalhados com tecnologias móveis;
Verificar se os materiais pedagógicos podem ser utilizados em dispositivos móveis, considerando tamanho da
Limitações
tela, usabilidade, capacidade de armazenamento e modelos de dispositivos diferentes;
Verificar a disponibilidade de dispositivos móveis, tomadas para recarregar as baterias dos celulares, conexão com
a Internet, quando necessário, e se os aplicativos apresentam interface adequada a aprendizagem do conteúdo.

Fonte: Martins e Gouveia (2019b)

O modelo pedagógico ML-SAI visa poder se adaptar e colaborar com o desenvolvimento


de diversas atividades de Mobile Learning envolvendo diferentes conteúdos e dispositivos
móveis, levando em consideração as características especificas dos alunos envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem (MARTINS e GOUVEIA, 2020).

METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia adotada nesta pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso e
uma pesquisa exploratória, pois proporciona maior familiaridade com o problema, tornando-o
explícito, construindo hipóteses, e aprimorando ideias e descobertas (GIL, 1991).
52
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Nesta pesquisa, o estudo de caso foi realizado durante o segundo semestre de 2020,
no sexto semestre de estudos de um curso superior de Engenharia de Produção, com a
participação de 44 alunos, em uma instituição de ensino do Estado de Goiás. Utilizou-se os
dispositivos móveis dos próprios alunos e os ambientes de aprendizagens on-line Edmodo
e Moodle. O Edmodo apresentou como facilidade a característica de poder ser usado como
aplicativo instalado nos smartphones dos alunos, facilitando a sua utilização nestes tipos
de dispositivos pelos alunos e professor.
A coleta de dados foi realizada por meio da observação do pesquisador, a coleta das
percepções dos alunos envolvidos, por meio de um questionário on-line e pelos registros
dos alunos no ambiente virtual Edmodo e Moodle, além de um estudo documental, reali-
zado nos registros das aulas remotas, com a análise de conteúdo, que foi realizada nos
registros escritos pelo professor (BARDIN, 2002). Neste experimento foram utilizados os
recursos tecnológicos digitais: YouTube, WhatsApp, Edmodo, entre outros, como apoio
para as atividades on-line.
A pesquisa foi realizada de forma anônima, com o objetivo de incentivar os alunos a
responder as perguntas. A alternativa “não sei” foi colocada como uma opção possível para
evitar respostas forçadas dos alunos.

ANALISE DOS RESULTADOS

Todos os alunos responderam que possuíam Smartphone e que utilizavam seus apa-
relhos para diferentes finalidades, como por exemplo: “Estudos, jogos, leitura, organização
pessoal, finanças”, “uso da Internet em geral”, “Bancos, Redes Sociais, Faculdade”, “Livro,
ligação, google chrome, calculadora, redes sociais”, “Meet, Zoom, Notion e outras ferramen-
tas de organizações”, “Redes sociais, educação, Zoom, Meet, Notion, Trello, Email”, “vídeos,
estudos, as vezes jogos”, “De tudo um pouco”, “Estudo e Redes Sociais”.
Quando perguntados se já utilizaram anteriormente o Smartphone para estudo de algum
tema educacional? Todos responderam que Sim, como por exemplo: “Sim. Para pesquisas
e desenvolvimento de projeto”, “sim, utilizei o duolingo”, “Sim, Utilizei para pesquisas e para
as aulas remotas”, “Sim, não tenho preferência em estudar por Smartphone”, ”Sim. Em al-
guns momentos usei nas aulas quando não podia utilizar o computador”, “Foi muito útil”,
“Sim, Já utilizei alguns aplicativos para uso educacional, como: Edmodo”.
A maioria dos alunos concordam que os Smartphones são recursos importantes para a
aprendizagem, respondendo por exemplo que: “Com certeza e cada vez mais vão ser usados
como recursos para aprendizado”, “Sem dúvida”, “Sim, parcialmente, só utilizo smartphone
para estudo na falta de PC”, “Sim, mas não é o principal recurso”. Todos os alunos concor-
daram que os aplicativos do Smartphone utilizados apresentaram facilidade no uso, e que
acessar os conteúdos fora da sala de aula pelo Smartphone, em geral, foi muito satisfatório. 53
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Expressaram ainda que a proposta de utilização do Smartphone, em geral, foi importante
para a disciplina, ajudando muito os alunos a acessarem os conteúdos da disciplina.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo cumpriu o seu objetivo, que era avaliar o uso do Mobile Learning
aplicado no modelo pedagógico ML-SAI para melhorar o ensino remoto emergencial na
engenharia de produção em tempos da pandemia de COVID-19.
Os resultados da avaliação demostraram que a grande maioria dos alunos apreciaram
a utilização dos seus Smartphones como recursos para a aprendizagem em engenharia de
produção, principalmente em um cenário de incertezas, como o causado pela pandemia de
COVID-19. Expressaram ainda que a proposta de utilização do Smartphone, em geral, foi
muito importante, ajudando os alunos a acessarem os conteúdos da disciplina.
Para pesquisas futuras pretende-se verificar outros aspectos do Mobile Learning em
diferentes contextos e verificar o potencial da abordagem em outras áreas de ensino.

REFERÊNCIAS
1. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002.

2. FIORINI, Daniela; ALMEIDA, Iara Carnevale de; FORNO, Letícia Fleig Dal and GELLER, Mar-
lise. Sala de aula invertida apoiada pela gestão do conhecimento. RENOTE. Revista Novas
Tecnologias na Educação, V. 18 Nº 2, dezembro, p. 601-610 .2020.

3. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Editora Atlas. 1991.

4. MARTINS, Ernane Rosa and GOUVEIA, Luis Manuel Borges. Ensino de engenharia de pro-
dução utilizando o modelo pedagógico ML-SAI. In: Anais do VIII Simpósio de Engenharia
de Produção - SIMEP. UNIVAFIP, 2020.

5. MARTINS, Ernane Rosa and GOUVEIA, Luís Manuel Borges. Evolução da construção de um
modelo pedagógico para atividades de M-learning. Research, Society and Development, v.
8, p. 1-13. 2019a.

6. MARTINS, Ernane Rosa and GOUVEIA, Luís Manuel Borges. M-Learning e Sala de Aula
Invertida: Construção de um Modelo Pedagógico (ML-SAI). In: Solange Aparecida de Souza
Monteiro. (Org.). Inquietações e proposituras na formação docente. 1ed. Ponta Grossa,
PR: Atena Editora, v. 1, p. 184-192. 2019b.

7. UNESCO. Coalizão Global de Educação, 2020. Disponível em: https://pt.unesco.org/covid19/


globaleducationcoalition. Acesso em 15 maio 2021.

8. VALENTE, Geilsa. Soraia Cavalcanti; MORAES, Érica Brandão; SANCHEZ, Maritza Consuelo
Ortiz and SOUZA, Deise Ferreira de. O ensino remoto frente às exigências do contexto de
pandemia: Reflexões sobre a prática docente. Research, Society and Development, v. 9,
n.9, 2020.

54
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
05
Gamificação e gincana virtual: um
relato de experiência

Liege Coutinho Goulart Dornellas


UNIPAC-GV/SEEMG

Marister Candida Almeida Lopes


SEEMG

Maxwel Robert Pereira Martins


SEEMG

Wayna Inácia de Andrade Borges


SEEMG

Ticiano Azevedo Bastos


SEEMG

10.37885/210604939
RESUMO

Aplicando-se os conceitos da gamificação na educação, o presente trabalho trata-se


de um relato de experiência de um evento organizado de forma coletiva numa escola
estadual numa cidade do leste mineiro. A Gincana Virtual foi realizada de forma virtual
e com objetivo de conscientizar os discentes da importância da realização e da entrega
das atividades do Plano de Estudo Tutorado (PET). Como resultado, tivemos a cola-
boração de toda a comunidade escolar, empenho dos alunos para o cumprimento das
tarefas e um aumento das visualizações da página eletrônica do Instagram da Escola.
Esperamos que a referida prática pedagógica aqui relatada sirva de estímulo para outras
instituições a utilizar os conceitos da gamificação atrelado aos objetivos educativos em
tempos de pandemia.

Palavras-chave: Gamificação, Pandemia, Gincana Virtual.

56
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
INTRODUÇÃO

No ano de 2020, o mundo foi surpreendido por uma crise sanitária, a pandemia do novo
Coronavírus (COVID 19). Diferentes setores da vida social foram diretamente afetados pelas
consequências do movimento pandêmico que acometeu o planeta. A educação de um modo
geral foi prejudicada e consequentemente suas políticas públicas modificadas. No estado
de Minas Gerais, a educação básica pública foi obrigada a alterar o modus operandi para
garantir o direito à vida e o direito à educação.
Consequentemente, a rotina escolar teve que ser alterada, assim como o trabalho do-
cente. Na conduta direcional de ações, as resoluções SEE nº 4310/2020 e resolução SEE
nº 4329/2020 foram emitidas a fim de alinhar um plano de trabalho dos docentes da Rede
Estadual de Educação e da criação do Plano de Estudo Tutorado (PET) como instrumento
educativo norteador de toda rede de ensino.
Os discentes e docentes foram surpreendidos com novas rotinas escolares e com novas
ferramentas (PET e Conexão Escola) para o desenvolvimento da tarefa educativa. Em virtude
da realidade social, diversos alunos enfrentam dificuldades iniciais para o cumprimento das
ações virtuais. O planejamento de ações para auxiliar nessa tarefa começou a ser traçado
e o presente projeto caminha neste sentido. Foi criado um projeto que articulou conceitos
da gamificação (CRUZ JUNIOR; SILVA, 2010; QUAST, 2020) para subsidiar um evento de
Gincana Virtual para o ano de 2020.
O texto em questão apresentará um relato de experiência pedagógica em uma escola
pública estadual em um município do leste mineiro (SEVERINO, 2013). Dados de 2019, do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a rede pú-
blica de Governador Valadares possui 9.628 matrículas nos anos finais e 1.112 matrículas
na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) (INEP, 2020). Em especial, a escola
em questão, Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro, dados de 2018, conta com 233 ma-
trículas nos anos finais, 221 alunos matriculados no ensino médio e 153 no EJA de acordo
com o sítio eletrônico do Qedu (QEDU, 2020).
O trabalho interdisciplinar é desejável e incentivado pelos documentos norteadores da
Base Nacional Comum Curricular (2017) e no Currículo Referência de Minas Gerais (CRMG)
por meio da Resolução No 470, de 27 de junho de 2019, expedida pelo Conselho Estadual de
Educação de Minas Gerais. O CRMG para o Ensino Fundamental e Médio em consonância
com a BNCC, estrutura-se em Áreas de Conhecimento e seus respectivos Componentes
Curriculares. As áreas de conhecimento das Linguagens, Matemática, Ciências da natureza,
Ciências humanas foram envolvidas e inter relacionadas no presente projeto.
Portanto, esse artigo retrata um projeto coletivo da Escola Estadual Professor Darcy
Ribeiro o qual teve como objetivo geral conscientizar o discente, por meio de sua participação
57
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
na gincana virtual, sobre a importância do estudo por meio dos Planos de Estudo Tutorado
(PETs), valorizando a concepção de que o aluno pode ser protagonista de sua trajetória es-
colar. E como objetivos específicos 1) vivenciar o trabalho em grupo, auxiliando na realização
das provas on-line e explorando as tecnologias da informação e comunicação disponíveis
para a realização das tarefas apresentadas na Gincana Virtual e 2) aplicar os conhecimentos
e as práticas (esportivas) adquiridos ao longo da vida escolar nas atividades, envolvendo
os estudantes em atividades pedagógicas, físicas, esportivas e de lazer como forma de
integração e diversão em tempos de isolamento social.

ESTUDO DE CASO

Será apresentado neste tópico as atividades desenvolvidas na Gincana Virtual, viven-


ciada entre os meses de agosto a setembro, no ano de 2020, na Escola Estadual Professor
Darcy Ribeiro. Antes de detalharmos as provas realizadas é importante esclarecer que, a
gincana foi composta por sete atividades, sendo realizadas sempre duas atividades por
semana, sempre às segundas e sextas-feiras. Cada uma das sete primeiras atividades
foram pontuadas de acordo com os seguintes critérios: 1º lugar - 50 pontos para a equipe,
2º lugar - 40 pontos e 3º lugar, 30 pontos. As demais equipes que participaram das provas
e não foram classificadas entre os três primeiros lugares receberam 10 pontos por terem
participado da prova. A última prova da gincana, a entrega dos PET’s por aluno, teve o valor
de 1000 pontos. Importante ressaltar que, foi acordado entre os participantes das equipes
que cada aluno deveria participar de pelo menos uma prova da gincana.
No que diz respeito à organização das equipes, foi acordado entre os professores que
as equipes seriam organizadas levando em consideração a organização das turmas, como
por exemplo, equipe do 6ºA e equipe do 6ºB. A seguir apresentaremos na tabela 01 as pro-
vas que compuseram a Gincana Virtual:

Tabela 01.Provas da Gincana Virtual

Prova Tema: Produtos Entregues


1º Prova “Quando a minha escola reabrir”. Redação
2º Prova Procure em casa. Participação por meio de webcam
3º Prova Atleta de casa Envio de foto com a execução da atividade proposta
4º Prova Desafios da Internet Produção de vídeo com a execução da atividade proposta
5º Prova Tik-Tok Produção de vídeo com a execução da atividade proposta
Reprodução de fotografia de produção de texto biográfico referente ao
6º Prova Personagens que se destacaram na história do Brasil
personagem escolhido
entrega do PET contemplando a realização das atividades propostas de
7º Prova Entrega dos Planos de Estudos Tutorados (PETs).
todas as disciplinas.
Fonte: criado pelos autores (2021)

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
A seguir, detalharemos cada prova com os objetivos, organização e descrição da tarefa
a ser desenvolvida pelos discentes.

Prova: poesia relacionada com o tema “Quando a minha escola reabrir”.

A primeira prova foi lançada no evento de abertura da gincana, que aconteceu no dia
12 de agosto de 2020, por videoconferência. A professora de português do Ensino Médio,
convidada a coordenar essa atividade, orientou aos alunos presentes que a primeira prova
seria a redação de uma, duas ou três poesias por equipe. Além da produção da poesia, os
alunos participantes deveriam produzir um vídeo declamando poesias e encaminhar para a
professora responsável, por whatsapp, até o dia 17 de agosto.
Coube a professora selecionar o melhor vídeo de cada equipe e encaminhar para
a comissão organizadora da gincana1, que foi responsável pela postagem dos vídeos no
Instagram oficial da escola para votação da comunidade escolar. Foi considerado vencedor
dessa prova os vídeos que possuíram maior quantidade de curtidas até o dia 20 de agosto.

Prova: Procure em casa.

A segunda prova aconteceu também de forma síncrona, por meio de videoconfe-


rência. Uma das professoras de Matemática do Ensino Fundamental II foi convidada para
coordenar essa atividade. Após a acolhida dos presentes, a professora deu início a prova
orientando aos alunos presentes que eles deveriam procurar em casa os objetos2 que ela
solicitou durante a prova. Foi solicitado pela professora que os alunos procurassem objetos
como, por exemplo: o CPF de um familiar que possuísse a maior quantidade de algarismos
iguais e uma gravata vermelha. A equipe ganhadora da prova foi aquela em que os alunos
encontraram e apresentaram por meio de câmera, no menor tempo, os objetos solicitados.
Nessa prova, a participação de todos os professores foi de suma importância, uma vez
que, era necessário acompanhar e registrar o nome e turma dos aluno(a)s que mostravam
o objeto encontrado por meio da webcam.

Prova: Atleta de casa

Essa prova aconteceu de forma assíncrona. As orientações para a realização dessa


prova foram feitas por meio de um vídeo postado no Instagram da escola em que uma das
professoras de Educação Física do Ensino Fundamental II informou aos alunos que eles

1 A comissão organizadora da Gincana foi composta pela equipe de direção da escola e por sete professores que atuam nos três seg-
mentos: Ensino Fundamental II, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
2 A equipe organizadora da gincana orientou a professora coordenadora da prova quais objetos deveriam ser procurados durante a

59
prova.

Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
deveriam registar por meio de foto a realização de um esporte. Para isso os alunos poderiam
se vestir como um atleta e utilizar objetos para compor o ambiente simulando a realização
desse esporte. As fotos deveriam ser encaminhadas para a professora responsável pela
prova, por meio do whatsapp, que selecionaria as melhores por equipe para serem postadas
na rede social da escola.
Aos professores das turmas (equipes), coube a motivação junto aos grupos de whatsapp
das turmas para que os alunos acessassem o Instagram da escola, tomassem conhecimento
da prova da gincana e cumprisse a prova no prazo estabelecido3.
Foi considerada vencedora nesta prova as três equipes que obtiveram o maior número
de curtidas de sua(s) foto(s), no Instagram, até o dia 24 de agosto.

Prova: Desafios da Internet

Nessa prova, também assíncrona, os alunos deveriam produzir um vídeo realizando


os mais variados tipos de desafios e experimentos em casa, a exemplo dos diversos tipos
de vídeos dessa natureza que são encontrados nas redes sociais.
Para motivar a realização dessa prova, um dos professores de Ciências da escola
produziu um vídeo convidando os alunos a realizarem a prova e orientando que eles deve-
riam produzir esse vídeo em casa, utilizando para tal, os recursos que possuíam em casa.
Importante destacar que, a orientação é que cada aluno produzisse seu vídeo em casa,
segundo as orientações de distanciamento social e isolamento que o momento da pandemia
vivenciada no momento exigia. Foi orientando também que os alunos enviassem ao professor
o vídeo produzido no prazo máximo de uma semana.
Ao professor responsável pela prova, coube além de produzir o vídeo motivador, se-
lecionar os melhores vídeos por equipe que deveriam ser encaminhados para a comissão
organizadora da gincana para a postagem no instagram da escola.
Foi considerada vencedora da prova as três equipes que obtiveram o maior número
de curtidas, no instagram, até o dia 28 de agosto.
Mais uma vez, coube aos professores das turmas (equipes), a motivação junto aos
grupos de whatsapp das turmas para que os alunos acessassem o instagram da escola,
tomassem conhecimento da prova da gincana e cumprisse a prova no prazo estabelecido.

Prova: Tik-Tok

Os professores de Educação Física da escola ficaram responsáveis pela motivação


dessa prova. Para isso, eles produziram um vídeo, que foi postado no instagram da escola,

3 Para cada prova realizada de forma assíncrona, os alunos tiveram uma semana para concluí-la, contato a partir do dia da postagem

60
das orientações da prova na rede social da escola (Instagram).

Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
convidando-os a mostrar que sua equipe era criativa e se mantinha animada durante a pan-
demia. Para a produção desse, os alunos poderiam escolher um tema que se interessassem
e produzir um vídeo no formato dos vídeos vinculados à rede social Tik-Tok.
Os vídeos produzidos pelos alunos deveriam ser encaminhados para os professores
motivadores da prova, por meio do whatsapp, que deveriam escolher o melhor vídeo por
equipe para ser postado na rede social da escola para votação da comunidade escolar. Foram
consideradas vencedoras dessa prova as equipes que alcançaram a maior quantidade de
likes nos vídeos postados no instagram até o dia 31/08.

Prova: Personagens que se destacaram na história do Brasil

Um dos professores de Geografia da escola foi responsável por motivar os alunos na


realização dessa prova. A orientação dada foi que, os alunos deveriam realizar pesquisas
a respeito de personalidades que se destacaram na história do Brasil por bons exemplos
e contribuições para a sociedade brasileira, produzir uma fotografia representando essa
personalidade e produzir um pequeno texto trazendo um resumo da biografia da persona-
lidade escolhida.
Os alunos deveriam encaminhar as fotos e o texto para o professor responsável pela
prova, que caberia escolher as melhores fotos, encaminhar para a equipe coordenadora da
gincana, que faria a postagem no instagram da escola para votação das melhores fotos.

Prova: Entrega dos PET’s.

Essa prova, a mais pontuada da gincana, consistiu em contabilizar a entrega dos PET’s
por turma (equipe) até o dia 11 de Setembro. Para que pudesse ser documentada de modo
prático a entrega e pontuação de cada equipe, foi organizado planilhas eletrônicas para o
registro das entregas dos PET’s, de cada um dos componentes curriculares. Essas planilhas
forneciam o percentual de entrega por cada turma.
Foi designado pela direção da escola que as professoras de apoio ficassem a serviço
de realizar o lançamento das entregas dos PET’s nas planilhas de cada turma a partir do
informativo da devolutiva enviado por cada professor à equipe pedagógica semanalmente.
Para orientar os professores no preenchimento do informativo semanal de suas entre-
gas foi acordado que: a entrega dos PET’s deveria ser feita pelos participantes constando
todas as resoluções de forma completa, só assim seria contabilizado a atividade como feita.
Se, porventura, a atividade fosse enviada em branco, incompleta ou fosse detectado plágio
nas resoluções, a pontuação não seria contabilizada.
Para garantir a transparência durante o processo e garantir que o espírito de compe-
tição entre as equipes os resultados preliminares eram disponibilizados semanalmente nos 61
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
grupos de whatsapp das turmas, para que os alunos envolvidos pudessem acompanhar o
resultado após cada uma das provas.

DISCUSSÃO

A gamificação é um termo que possui muitos ramos de utilização, muito embora não
haja consenso na sua definição. O termo foi cunhado por Nick Pelling, em 2002, e na atuali-
dade passou a compor os capítulos de cursos livres até temas na pós-graduação (QUAST,
2020). Em tempos pandêmicos, a gamificação foi utilizada como método e como objeto de
prática pedagógica, como foi apresentado na seção anterior.
Para Deterding et al. ( 2011, p. 2) a gamificação é “a utilização de elementos de design
de jogos em contextos extra jogos”. Já Kapp (2012, p. 10) refere-se a “(...) a utilização de
mecânicas e estética baseada em jogos e pensamento orientado pela lógica de jogos para
engajar pessoas, motivar à ação, promover a aprendizagem e solucionar problemas”.
A ideia da gamificação atrelada a educação pode proporcionar um:

[...] desenho de experiências de aprendizagem (desejavelmente) significativas


por meio da utilização de elementos e da lógica de jogos (ou game thinking),
visando a atingir um objetivo e buscando imprimir direcionamento, propósito e
sentido às ações dos participantes (alunos). Isso não significa, contudo, que o
uso de jogos não possa estar presente em um sistema gamificado. No entanto,
gamificar não é usar jogos em si” (KAPP, 2020, p. 791).

Em outra pesquisa, Barrocho, Gripp e Lima (2012, p. 111) apontam o exergames como
metodologia importante nas aulas de Educação Física e que “os exergames são jogos ele-
trônicos que captam e virtualizam os movimentos reais dos usuários”.
A ideia de gamificação está atrelada à Cibercultura. De acordo com Le Breton (2003),
a cibercultura seria a “nova” relação entre o indivíduo e a tecnologia (LE BRETON, 2003), a
qual afetaria o indivíduo e as conexões com o mundo. Em se tratando de tempos pandêmi-
cos, o ambiente virtual além de ser um lócus de vivência do lazer com interesses culturais
sociais e virtuais, poderia se tornar uma metodologia vigorosa e uma prática pedagógica
É possível inferir que a Gincana Virtual criada coletivamente atingiu seu objetivo geral
de mobilizar os discentes da escola estadual em questão, além de ter sido aplicado con-
teúdos educativos de diversos componentes curriculares. Observamos que o número de
participantes durante o período de duração da Gincana foi expressivo, houve um aumento
das devolutivas dos PET’s de todas as disciplinas, as turmas vencedoras foram premiadas
e houve destaque de alunos que tiveram maior engajamento no evento virtual. Foi possí-
vel comprovar que um projeto coletivo, de curto prazo de duração, o qual aconteceu de
maneira interdisciplinar, promoveu a união dos discentes, docentes e equipe pedagógica
62
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
contemplando o objetivo geral do mesmo. Espera-se que outros eventos virtuais possam
ser criados e que a cooperação e entrosamento possam ser mais valorizados.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os docentes da Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro pelo


envolvimento e dedicação a Proposta da Gincana Virtual.

REFERÊNCIAS
1. BARACHO, A. F. O.; GRIPP, F., J.; LIMA; M., R. Os exergames e a Educação Física Escolar
na Cultura Digital. Revista Brasileira Ciência do Esporte, Florianópolis, v. 34,n. 1, p. 111-
126. jan/mar. 2012.

2. CRUZ JUNIOR, G. ; S.; SILVA, E. M. A. (Ciber) cultura corporal no contexto da rede: uma
leitura sobre os jogos eletrônicos do século XXI. Revista Brasileira da Ciência do Esporte,
Florianópolis, v. 32, n. 2-4, p. 89-104, dez. 2010.

3. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA-


-INEP Disponível em: https://inepdata.inep.gov.br/analytics/saw.dll?Dashboard&PortalPath=%-
2Fshared%2FIntegra%C3%A7%C3%A3o%20-%20Consulta%20Matr%C3%ADcula%2F_por-
tal%2FConsulta%20Matr%C3%ADcula&Page=Consolidado%20por%20UF. Acesso em 06 de
agosto de 2020.

4. MINAS GERAIS. RESOLUÇÃO SEE Nº 4310/2020. Dispõe sobre as normas para a oferta de
Regime Especial de Atividades Não Presenciais, e institui o Regime Especial de Teletrabalho
nas Escolas Estaduais da Rede Pública de Educação Básica e de Educação Profissional, em
decorrência da pandemia Coronavírus (COVID-19), para cumprimento da carga horária mínima
exigida. Disponível em: http://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/4310-20-r%20
-%20Public.%2018-04-20.pdf. Acesso em: 06 de ago.2020

5. _____. RESOLUÇÃO SEE Nº 4329/2020. Altera a RESOLUÇÃO SEE Nº 4.310 DE 17 DE


ABRIL DE 2020, que dispõe sobre as normas para a oferta de Regime Especial de Ativida-
des Não Presenciais, e institui o Regime Especial de Teletrabalho nas Escolas Estaduais da
Rede Pública de Educação Básica e de Educação Profissional, em decorrência da pandemia
Coronavírus (COVID-19), para cumprimento da carga horária mínima exigida. Disponível em:
http://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/4329-20-r%20-%20Public.%2016-05-20.
pdf. Acesso em 06 de ago. 2020

6. LE BRETON, D. Adeus ao corpo: antropologia e sociedade. Campinas, SP: Papirus, 2003.

7. PIMENTEL, F. S.C.; NUNES, A. K. F.; JÚNIOR, V. B. S. Formação de professores na cultura


digital por meio da gamificação. In: Educar em Revista, Curitiba, v. 36, e76125, 2020.

8. QUAST, K. Gamificação, ensino de línguas estrangeiras e formação de professores. Revista


Brasileira Linguística. Belo Horizonte, v.20, n. 4, p. 787-820, 2020.

9. QEDU. Disponível em: https://www.qedu.org.br/escola/153567-ee-professor-darcy-ribeiro/


censo-escolar. Acesso em 06 de agosto de 2020.

10. SEVERINO, A. Metodologia do Trabalho Científico. Editora Cortez. 2013.


63
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
06
Contação de histórias online como
estratégia de comunicação afetiva
com crianças em tempos de pandemia

Tatiane Felipeto Quintana


UERGS

Nathália Blanco Machado


UERGS

Adriana Barni Truccolo


UERGS

10.37885/210504825
RESUMO

Introdução: Contar histórias é uma arte, e ouvi-las fomenta o desenvolvimento da


imaginação, a capacidade de ouvir o outro, a construção de identidade, e atua como
instrumento de acesso a dimensões afetivas, cognitivas e sociais da criança. Nesse
momento de pandemia onde a criança está distanciada de sua rotina, a contação de
histórias pode ser uma estratégia de comunicação afetiva auxiliando-a na redução do
estresse e na utilização do tempo de forma proveitosa. Objetivo: Contribuir para a redu-
ção do estresse infantil causado pelo distanciamento social decorrente da pandemia do
COVID-19, através da contação de histórias. Método: Estudo qualitativo de intervenção
pedagógica, aprovado pelo CEP UERGS (CAAE 38941320.2.0000.8091) e realizado
online via google meet, You Tube Kids, Facebook e envio de vídeo para as escolas
utilizarem nas aulas. Resultados: De outubro de 2020 a maio de 2021 foram postados
12 vídeos, enviados oito vídeos para escolas e realizados seis encontros pelo google
meet. A resposta das crianças em relação às histórias contadas foi manifestada através
do envio de desenhos onde representavam o entendimento para com as histórias con-
tadas, pelas curtidas no You Tube, comentários no Facebook e pela manifestação das
crianças durante os encontros online. Conclusão: Identificou-se interesse das crianças
em expor mais seus sentimentos e menos o seu entendimento acerca da história o que
nos levou a concluir que a interação ocorrida através do vídeo contribuiu para amenizar
o estresse causado pelo distanciamento social e estimulou a imaginação e o desenvol-
vimento cognitivo da criança.

Palavras-chave: Criança. Pandemia. Contação de História. Imaginação.

65
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
INTRODUÇÃO

Nenhuma filosofia, nenhuma análise, nenhum


aforismo, por mais profundos que sejam,
podem se comparar em intensidade e riqueza de
sentidos a uma história contada adequadamente.

Hannah Arendt

Todos nós fomos surpreendidos, no ano de 2019, por uma doença infecciosa, a
COVID-19, causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), identificado pela primeira vez
em dezembro de 2019, em Wuhan, na China (OPAS, 2020). Desde então, a Covid-19 causou
uma pandemia global de proporções históricas com imensos desafios em todos os setores, e
até 17 de dezembro de 2020 confirmaram-se no mundo 72.851.747 de casos de COVID-19
(642.738 novos em relação ao dia anterior) (CSSE, 2020).
O Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas (CSSE) da Universidade Johns Hopkins
desenvolveu e gerencia um painel interativo mapeando a pandemia COVID-19 em tempo
real, identificando até o dia 26 de dezembro, 7.448.560 (aproximadamente 7 milhões e meio)
de casos de COVID-19 no Brasil (CSSE,2000)
Com relação ao Rio Grande do Sul, o estado apresentou, na mesma data, 430.475 mil
casos (SECRETARIA DA SAÚDE DO RS, 2020), e no município de Alegrete 10.438 casos
positivos (PREFEITURA DE ALEGRETE, 2020).
A COVID-19 é uma doença predominantemente respiratória e o espectro de infecção
do vírus varia com sintomas muito leves e não respiratórios até doença respiratória aguda
grave, sepse com disfunção de órgãos e morte; sendo que algumas das pessoas infectadas
são assintomáticas (OMS, 2020).
Na tentativa de reduzir a ampla disseminação do novo Coronavírus, uma série de me-
didas têm sido adotadas pelos países, e ainda não se sabe exatamente quando deixarão
de ser necessárias. (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020).
As recomendações introduzidas, até o momento, para evitar a disseminação do SARS-
CoV-2 incluem lavar as mãos com frequência utilizando água, sabão e álcool em gel 70%,
evitar tocar nos olhos, nariz e boca, cobrir nariz e boca com o braço dobrado ao tossir
ou espirrar, o uso de máscaras, distanciamento físico, testes imediatos (juntamente com
o isolamento e rastreamento dos contatos), limites de multidões e encontros (LERNER,
FOLKERS, FAUCY, 2020).
Ainda, dentre as medidas adotadas pelas autoridades sanitárias para conter a rápida
escalada do contágio da COVID-19, destaca-se o distanciamento social que implicou no
fechamento de escolas (BRASIL, 2020), interferindo na rotina e nas relações interpessoais
na infância (Lawrenz et al. 2020).
66
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
De um dia para o outro, cerca de 860 milhões de crianças do mundo todo deixaram
de ir para a escola, se afastaram dos amigos e ficaram sem a possibilidade de brincar ao ar
livre (PORTINARI, 2020). De acordo com o Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância
(2020), essa ruptura no tecido social que acolhe a criança e lhe dá as bases simbólicas de
pensamento e instrumentação para ação fez surgir algumas dificuldades funcionais e com-
portamentais (LIMA, 2020) como dependência excessiva dos pais, desatenção, preocupação,
medo, raiva, tristeza, falta de apetite, pesadelos, desconforto e agitação; ou seja, impacta
tanto no sistema emocional quanto na saúde do próprio corpo da criança.
Assim, a pedagogia vem sendo revisitada e ressignificada durante a pandemia e,
particularmente, a didática. O coronavírus e suas surpreendentes consequências, trouxe a
didática para o primeiro plano da cena da educação. Depois de muito tempo centradas na
avaliação, as questões do ensino foram colocadas em evidência pelo fechamento das esco-
las e nas variadas alternativas propostas e desenvolvidas para seguir com a escolarização
das crianças e jovens. Nesse contexto, o ensino remoto surgiu como uma ferramenta para
manter o contato entre as crianças e a escola (LIMA, 2020).
Nesse cenário, onde as crianças permanecem em casa e com um tempo ocioso, ampliar
as ações educativas que promovam a perpetuação das relações afetivas se torna importan-
te. Surge a contação de histórias como um auxílio à prática pedagógica de professores na
Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A contação de história instiga
a imaginação, a criatividade, a oralidade, incentiva o gosto pela leitura, contribui na formação
da personalidade da criança envolvendo os âmbitos social e afetivo. (OLIVEIRA et al., 2019).
A importância de contar histórias vai muito além do entretenimento, por meio delas se
enriquece as experiências infantis e desenvolvem diversas formas de linguagem, ampliando
o vocabulário, e ajudando na formação do caráter, e no desenvolvimento da confiança e do
imaginário da criança. Além disso, as histórias estimulam o desenvolvimento de funções
cognitivas importantes para o pensamento, tais como a comparação (entre as figuras e o
texto lido ou narrado, por exemplo), a construção do pensamento hipotético, o raciocínio
lógico, pensamento divergente ou convergente, as relações espaciais e temporais a partir
das interpretações realizadas (DEPIANTE, MELO, RIBEIRO, 2018).
Segundo Coelho (2000), “[...] a literatura infantil é, antes de tudo literatura, ou melhor
é arte: fenômeno de criatividade”. De acordo com a mesma autora (2003), através dos con-
tos é possível estimular “a criatividade, a imaginação, a brincadeira, a leitura, a escrita, a
música, o querer ouvir novamente, desenvolvendo dessa forma a oralidade nas crianças,
considerado como um importante e significativo veículo de comunicação entre elas. Assim,
contar histórias tem função importante no desenvolvimento e aprendizagem da criança,

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
abrindo espaço para que as crianças deixem “fluir o imaginário e despertem a curiosidade”,
que “logo é respondida no decorrer dos contos” (COELHO, 2003).
Com o cuidado integral e humanizado, a criança terá a possibilidade de ter minimiza-
dos os efeitos negativos do distanciamento social. Nesse projeto, as bolsistas propuseram
a construção de uma comunicação afetuosa através da contação de histórias.
A partir do acima exposto formulou-se a seguinte questão norteadora: De que forma a
contação de histórias pode auxiliar na redução do estresse infantil causado pelo distancia-
mento social decorrente da pandemia do COVID-19?
O objetivo geral da pesquisa foi contribuir para a redução do estresse infantil causado
pelo distanciamento social decorrente da pandemia do COVID-19, através da contação de
histórias; e os objetivos específicos foram: contar histórias online para crianças que estão
em distanciamento social ampliado; postar vídeos de contação de histórias na mídia social
You Tube Kids e rede social Facebook; enviar vídeos gravados para professoras em cen-
tros municipais de educação infantil e primeiros anos do ensino fundamental para serem
trabalhados com as crianças.

MÉTODO

E se as histórias para crianças passassem


a ser de leitura obrigatória para os adultos?
Seriam eles capazes de aprender realmente
o que a tanto tempo têm andado a ensinar?

José Saramago

Estudo com abordagem qualitativa e de intervenção pedagógica, realizado no pe-


ríodo de outubro de 2020 a junho de 2021 (projeto ainda em execução) com crianças es-
colares das redes municipal e estadual de ensino do município de Alegrete, no estado do
Rio Grande do Sul.
Conforme Minayo (2008, p.57) “O método qualitativo é adequado aos estudos da his-
tória, das representações e crenças, das relações, das percepções e opiniões, ou seja, dos
produtos das interpretações que os humanos fazem durante suas vidas, da forma como
constroem seus artefatos materiais e a si mesmos, sentem e pensam”.
A pesquisa do tipo intervenção pedagógica consiste no planejamento e na implementa-
ção de interferências (mudanças, inovações), destinadas a produzir avanços, melhorias, nos
processos de aprendizagem dos sujeitos que delas participam, e a posterior avaliação dos
efeitos dessas interferências (DAMIANI et al., 2013). No caso, a intervenção é a contação
de histórias online e os vídeos postados.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Os participantes da pesquisa foram crianças pequenas pré - escolares (5 a 6 anos)
e dos anos iniciais do ensino fundamental (7 a 11 anos de idade). Segundo o Estatuto da
Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) considera-se criança, a pessoa até doze anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
A criança de 5 a 6 anos tem uma necessidade muito grande de brincar e experimentar,
muito maior do que de formalizar processos e conceitos do ensino regular, e a contação
de histórias para essa faixa de idade pode minimizar os efeitos negativos do afastamento
provocado pela pandemia. As crianças conseguem interpretar e criar imagens da realidade
na mente. As brincadeiras de “faz de conta” são ótimas para trabalhar os estímulos. E a fala,
apesar de começar bem antes, se desenvolve bastante nesse período pré-operatório, onde a
lógica começa a ser formada e a criança ainda não entende muito sobre números e quantida-
des. Para Erikson (1976), duas qualidades essenciais do eu emergem nessa fase evolutiva
da criança: autonomia e iniciativa; e a cultura adquirida a partir do conto, do ouvir histórias,
desempenha relevante papel na aquisição dessas qualidades fundamentais. De acordo com
Piaget, nessa idade a criança desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe.
Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista ( perspectivas ).
Quando nos referimos à criança na faixa etária entre sete e onze anos percebemos o
declínio no egocentrismo, a capacidade em considerar o ponto de vista do outro e a linguagem
mais socializada, período das operações concretas, segundo Piaget (1970). Com relação ao
desenho da criança observa-se exagero, omissão ou mudança de símbolo; descoberta das
relações quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa
por experiência emocional.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Uergs atendendo a reso-
lução nº510/2016 e foi aprovado com número de protocolo CAAE 38941320.2.0000.8091.
De outubro de 2020 a maio de 2021 foram gravados doze (12) vídeos, enviados oito
(8) vídeos para escolas e realizados seis encontros pelo google meet.
O tempo médio desde a organização do espaço e a gravação do vídeo foi de duas horas.
Posteriormente os vídeos foram editados e compartilhados com quatro professoras de escolas
estaduais que fizeram uso do aplicativo @Educar RS implantado como suporte tecnológico
aos processos educacionais do Estado, e quatro professoras da rede municipal de ensino.
Considerando os princípios Éticos, ou seja, da autonomia, da responsabilidade, da
solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,
identidades e singularidades; e Estéticos, da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade
e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (BRASIL,
2009, p. 2), que devem permear as propostas pedagógicas da Educação Infantil, partiu-se
para a escolha criteriosa dos livros infantis. Consciente de que nessa fase a criança é livre
69
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
de preconceitos e estereótipos, mas que absorve crenças e valores do núcleo social em
que vive, procuramos por livros que retratassem a diversidade étnica, os diferentes modelos
parentais, a tolerância, a empatia, o respeito pela natureza. O Objetivo do Desenvolvimento
Sustentável (ODS 4 ) da Agenda 2030, menciona a educação de qualidade e nos baseamos
nos ODS para a busca dos livros de literatura, não com intuito de utilizar a literatura como
instrumento de trabalho temático, pois acreditamos que literatura é arte, acreditamos que
contar histórias é uma arte, mas para estarmos alinhadas à Agenda 2030.
Para a contação de histórias no Google Meet ou envio dos vídeos, colocamos um
folheto informando número de whattsapp para agendamento ou informações adicionais, no
Facebook, na página da coordenadora do projeto e das bolsistas de iniciação científica, além
de oferecer diretamente para algumas professoras a atividade. Oito escolas fizeram contato,
para o envio dos vídeos e seis escolas para a contação via Google Meet. A atividade foi
realizada após o recebimento de carta de concordância da direção da escola informando de
que os responsáveis pelas crianças estavam cientes da atividade a ser realizada.
A forma de coleta dos dados deu-se de diversas formas: através de desenhos ou re-
cados recebidos das crianças, pela vontade das crianças de se manifestarem quando do
encontro no Google Meet, pela fala das professoras, pelo número de curtidas no Facebook
e You Tube Kids.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

“Contar histórias é uma arte... e tão linda. É ela que


equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso
não é nem remotamente declamação ou teatro... Ela é o
uso simples e harmônico da voz”

Franff Abramovich, 2001

Ao contar uma história desejamos que o ouvinte se divirta, que a imagine e a vivencie.
Contudo, sabemos que uma história bem contada pode permitir a autoidentificação e favore-
cer a compreensão de situações desagradáveis, ajudando a resolver conflitos. Assim, aquele
se aventura a contar uma história precisa se aventurar com amor, com afetividade, com em-
patia, pois é essa doação por parte de quem conta que irá fazer toda a diferença na narrativa.
Crianças necessitam de interação, necessitam brincar, socializar e muito disso foi
momentaneamente paralisado com a pandemia do COVID-19. As famílias carregam suas
peculiaridades, temos famílias pequenas e grandes, famílias monoparentais, nucleares,
homoafetivas, interraciais, famílias onde a criança é amada e outras onde a criança sofre
abuso, famílias onde tem de tudo à mesa e outras onde falta o básico, famílias onde a criança
se sente bem e outras onde a criança não vê a hora de ir para a escola para ficar ao menos
70
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
algumas horas distante. Tudo isso se intensificou quando as aulas presenciais paralisaram
e as consequências de mais de um ano vivenciando uma outra realidade serão percebidas
ao longo do tempo. Diante disso, sentimos a profunda necessidade de construir pontes
carregadas de afeto, de ludicidade, transportando essa criança ao mundo que ela quisesse
construir, mesmo que por poucos minutos. Sentimos a necessidade de auxiliar, da forma
como sabíamos, a reduzir o estresse causado pela pandemia e tudo que veio agregado a
ela, e a forma que encontramos foi contando histórias.
Nesse contexto, criamos uma canal no You Tube Kids chamado Colcha de Histórias
Uergs e de outubro de 2020 a maio de 2021 foram postados 12 vídeos. No canal as histórias
são lidas, não diretamente para a criança, mas para uma câmera. É onde o contador de
histórias é testado, onde seu olhar irá estabelecer um vínculo com um ouvinte que não vê.
Não há reação do outro lado, é um momento do contador com a história e do quão ele está
motivado a levar uma mensagem a quem nunca viu, não ouviu, não conhece. Esse olhar
deve ser sensível, cuidadoso, afetuoso, sua voz modulada, por vezes sussurrada, por vezes
parecendo um trovão. E assim, fomos aprendendo a aprender, a nos comunicar com uma
lente poderosa que nos levaria muito longe. Foram muitas visualizações, curtidas, inscritos.
Não somos um fenômeno no You Tube Kids e não é essa nossa pretensão. Só desejamos
contar boas histórias para crianças que as desejem ouvir. Esses mesmos vídeos foram
postados nas nossas redes sociais no Facebook e compartilhados por muitos conhecidos.
Os seis encontros pelo google meet, sem minimizar as postagens no You Tube Kids
e Facebook, possibilitou perceber a reação das crianças e isso nos alimentou de vontade
de fazer mais, nos preencheu de convicção de estarmos fazendo o que tínhamos proposto
a fazer, não só levamos afeto, sentimos afeto vindo do outro lado da webcam, ouvimos as
risadas, criamos vínculo e fomos perguntadas sobre quando voltaríamos. O número de
crianças por turma foi variado, de quatro a seis crianças por encontro, mostrando que nem
todas as famílias possuem acesso à internet. Segundo o IBGE (2019), de 2016 a 2019 houve
declínio no número de domicílios em que havia microcomputador ou tablet, sendo o celular
o aparelho mais usado para acessar a internet. Ainda, de acordo com o IBGE, de 2018 para
2019, o percentual de domicílios em que a Internet era utilizada passou de 83,8% para 86,7%,
em área urbana, e aumentou de 49,2% para 55,6%, em área rural, ou seja, o número de
pessoas que se conectam à internet no Brasil vem crescendo. Em 2019, 78,3% das pessoas
de 10 anos ou mais (143,5 milhões) se conectaram à rede. Dentre os que não acessavam a
internet, cerca de 40 milhões de pessoas, a maioria alegou não saber utilizá-la (43,8%) ou
não ter interesse (31,6%). Essas pessoas também disseram que a internet era cara (11,9%),
assim como os equipamentos (6,1%). O fato de tão poucas crianças participarem das aulas
online pode estar relacionado a não possuírem equipamento e ou acesso à internet.
71
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Enviamos oito vídeos para escolas a fim de que as professoras trabalhassem os ví-
deos em sala de aula da forma como pensassem ser melhor: “Um livro fascinante” e “Uma
colcha para cobrir o mundo” de Eleonora Medeiros, “Como começa?” De Silvana Tavano,
“Meu crespo é de rainha” de Bell Hooks, “A menina exagerada” de Eliana Pougy, “A cadei-
rinha de Samuel” de Paulo Amaral e Tatiane Quintana, “Guainê derrota a cobra grande:
uma história indígena” e “Noite e dia na aldeia”: Tiago Hakiy. Recebemos desenhos e bi-
lhetes das crianças.
Além de incentivar o imaginário, o espelhamento em personagens que tem uma história
em que há um objetivo, lição, ou aprendizado pode ter semelhança com alguma experiência
vivida pelas crianças e assim dar um suporte para resolução de conflitos internos
Segundo Lima (2020) as propostas educativas envolvendo contação e dramatização
de histórias, literatura, poesia, música e dança são complementares entre si e, garantem à
criança experiências emocionais positivas, que contribuem para contrabalançar os fatores
restritivos de proximidade física.
Cabe salientar que o professor tem um papel fundamental nesse processo, pois uma
história contada sem vontade não despertará nem desenvolverá o potencial criativo da
criança. Dessa forma, percebe-se o quanto o papel do contador de histórias é importante
para o desenvolvimento desse potencial, sendo necessário que leve a criança a questionar,
duvidar, pensar sobre o significado atrás de cada história, dos personagens, das emoções
presentes na história; “contar histórias é uma atitude multidimensional. Ao contar histórias
atingimos não apenas o plano prático, mas também o nível do pensamento, e, sobretudo,
as dimensões do mítico-simbólico e do mistério” (BUSATTO, 2008, p.45).
Importante mencionar que as relações familiares são de extrema importância para a for-
mação do indivíduo, no que diz respeito à base de relacionamentos que sustentam o processo
educacional. Pais ou cuidadores conscientes propiciam um ambiente que possibilita a intera-
ção dos estudantes com a escola. (SOUZA, HICKMANN, ASINELLI-LUZ, HICKMANN, 2020)
Com as histórias escolhidas e o objetivo de estimular o imaginário da criança favorecen-
do a criação de recursos internos para melhor enfrentar o período de distanciamento social,
a leitura e contação de história parecem ter contribuído para amenizar as consequências
do isolamento social causado pela pandemia do COVID-19.
Segundo o Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância (2020), esse momento
da pandemia é uma oportunidade de estimular as crianças a refletirem sobre o que estão
sentindo e como estão reagindo a diferentes situações.
Conforme Silveira (2018) o processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil
se dá de forma lúdica preferencialmente considerando que nesta etapa a faixa etária exige
uma abordagem metodológica diferenciada e voltada para os alunos que se encontram nos
72
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
seus primeiros anos de vida. Para Santos (2011) a contação de histórias pode influenciar na
atitude das crianças, pois o conhecimento de regras e valores contidos nas histórias podem
ajudar a enfrentar os conflitos existenciais e a lidar com os medos, mostrando como resolver
os problemas e a compreender as coisas ao seu redor de forma lúdica.
Por fim procuramos responder à questão de pesquisa “De que forma a contação de
histórias pode auxiliar na redução do estresse infantil causado pelo distanciamento social
decorrente da pandemia do COVID-19?” Nossa resposta é de que ouvir as histórias pro-
porcionou encantamento, as crianças, mesmo que momentaneamente, esqueceram a rea-
lidade e foram transportadas para um outro mundo, onde elas próprias puderam refazer a
história quando a redesenhavam, ou criar outros personagens a partir daqueles que haviam
conhecido, ou encontrarem-se em algum personagem, ou simplesmente ouvir uma história.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização do projeto tem sido uma experiência marcada por descobertas. A cada
gravação de histórias o desejo de que mais crianças escutem as histórias aumenta, pois
sabemos que a pandemia impactou em suas vidas como na de todos. Acreditamos que
levar alegria, leveza, bom humor e boas histórias não é demais e que construir pontes de
afeto, amorosidade, escutar o que as crianças têm a dizer, construir vínculos, impactará
positivamente para a redução do estresse provocada pela pandemia.

REFERÊNCIAS
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25. SARAMAGO, José. A maior flor do mundo. Porto Editora. 2015.

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tidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 06, Vol. 04, pp. 81-102, Junho de 2018.
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www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-66812020000200382&lng=en&nrm=iso
Acesso em 5 de janeiro de 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.101i258.4279
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Covid-19. Nota Técnica - Abril 2020. Disponível em: https://www.todospelaeducacao.org.br/_
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29. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Rational use of personal protective equipment for
coronavirus disease (COVID-19) and considerations during severe shortages. Geneva: World
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g-severe-shortages . Acesso em 21 de maio de 2021.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
07
Educação infantil em meio à pandemia:
um relato de experiência

Aline Bernardineli Olini


PMC

Dejanira Fontebasso Marquesim


UNICAMP

10.37885/210504865
RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar as dificuldades de se elaborar e imple-


mentar uma proposta de atendimento à educação infantil em tempos de distanciamento
social, no qual as relações e interações que se configuram como critério essencial dessa
etapa da educação básica foram interrompidas. Trata-se do relato de experiências de
duas profissionais da Educação Infantil de Campinas (SP), que narram a experiência de
trabalho do Centro de Educação Infantil (CEI) Deputado Federal João Herrmann Neto,
localizado na periferia do município. Diante dos desafios impostos pelo novo contexto,
a escola buscou formas de atenuar a distância e garantir a manutenção dos vínculos
entre a equipe escolar e a comunidade em um processo que expôs aspectos cruciais da
importância da educação infantil como primeira etapa da educação básica, bem como a
relevância que possui em uma conjuntura marcada pela vulnerabilidade social.

Palavras-chave: Educação Infantil, Pandemia, Relação Escola e Família.

77
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
INTRODUÇÃO

A pandemia causada pelo Coronavírus/ covid 19 exigiu, como medida de segurança


e controle, o afastamento entre as pessoas e a suspensão das aulas presenciais nas esco-
las, dentre elas as escolas de educação infantil. No Município de Campinas (SP), o decreto
20.768 de 16/03/2020 suspendeu a partir de 23 de março de 2020 as atividades escolares
presenciais, determinando que as unidades permanecessem com serviço diário de orientação
aos seus alunos e familiares seguindo as diretrizes que seriam posteriormente estabeleci-
das pela Secretaria Municipal de Educação (SME). Assim como aponta Kohan (2020) “[...]
pela primeira vez desde sua existência, todas as escolas foram obrigadas a fechar de vez.
[...] Em um sentido, então, o vírus decretou uma morte, pelo menos temporariamente, das
escolas: as deixou sem vida interna, sem cheiros, sabores, sem ar.” (p. 05).
A sociedade foi surpreendida por uma ameaça invisível, com a brutalidade e a força
avassaladora de um vírus que a paralisou. A suspensão das atividades presenciais parali-
sou um trabalho planejado, paralisou a mobilidade e os fazeres diários. Colocando todas as
pessoas à espera. À espera do fim da pandemia, à espera de uma vacina, à espera de que,
um dia, retornassem as propostas, ao convívio e tudo mais que fora interrompido.
A escola que sempre se reconheceu no movimento das relações, das subjetividades,
da presença e de contato, viu-se confinada ao isolamento e sem perspectivas de como
prosseguir sua tarefa de educar. A educação infantil foi o segmento mais afetado, já que
depende das relações do cotidiano para se materializar.
Ao olhar para as práticas e vivências das crianças pequenas, é preciso considerar que
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2009) compreendem as crian-
ças como sujeitos históricos e sociais, produtoras de cultura. As Diretrizes definem como
eixos da Educação Infantil a brincadeira e as interações, que demarcam a especificidade
da educação com as crianças pequenas, como uma educação marcada pelas relações
presentes nas experiências da escola, nas brincadeiras no parque, dentre tantas outras
vivências cotidianas. Nessa perspectiva, como pensar um trabalho remoto para uma etapa
da educação na qual o contato, o afeto e a troca diária entre crianças e adultos constituem
a essência do processo educativo?

RELATO DO CASO

O CEI Deputado João Herrmann Neto está localizado na Região Noroeste do município
de Campinas, no Parque Itajaí. Um bairro periférico, distante quase vinte quilômetros do
centro de Campinas, marcado pela pobreza e vulnerabilidade social. Mesmo antes do início
da pandemia, as crianças do Parque Itajaí e suas respectivas famílias já vivenciavam um
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
abismo social entre o território no qual residem e a altivez tecnológica e econômica da me-
trópole do interior. Assim como o centro da cidade está para o parque Itajaí, a materialização
dos direitos à infância e demais direitos sociais sempre foi algo muito distante para esses
pequenos, tendo nos escassos serviços públicos, ofertados no bairro, as únicas formas de
garantia dos direitos básicos.
O CEI atende crianças de 0 a 5 anos e 11 meses, sendo a faixa etária de 0 a 3 anos
em período integral, e se constitui em espaço para o desenvolvimento das crianças da comu-
nidade e para muitas, o único local de possibilidades de brincadeiras, interação com outras
crianças, configurando-se como o local na esfera pública complementar à esfera privada da
família para a construção da cidadania, para conviver com a diversidade cultural brasileira e
produzir as culturas infantis, entre elas e entre elas com os adultos (FARIA, 2005).
Após a determinação do distanciamento social e consequente fechamento da escola, o
primeiro desafio que se instituiu foi em relação à atuação dos profissionais. No Município de
Campinas, dias após a publicação do decreto de suspensão das aulas presenciais, em 27
de março de 2020, publicou-se a Resolução SME/FUMEC nº 002 para orientar e regular o
trabalho desenvolvido pelas escolas municipais. Embora o documento trouxesse orientações
para o ensino fundamental e colocasse todos os profissionais dessa modalidade de ensino
em teletrabalho, o documento apresentava um grande silêncio em relação aos profissionais
da educação infantil. Apenas anunciava que, posteriormente, o trabalho na educação infantil
seria normatizado via comunicado posterior da Coordenadoria da Educação Básica.
Em maio de 2020, por meio de um comunicado interno, foi orientando que os profis-
sionais da educação infantil permaneceriam em “Afastamento Preventivo de Saúde” (APS)
e deveriam nesse período realizar, de modo remoto, atividades mitigadoras para manter os
vínculos entre escola e famílias. Tal ação da Secretaria evidenciou, mais uma vez, um cenário
instituído em todo o país no qual o profissional da educação infantil têm menor importância
e status social, uma vez que a lógica que impera é a de que quanto menor a criança, menor
o prestígio e o salário da profissional que a educa (CAMPOS, 1999).
Nesse cenário, os profissionais da educação infantil, e em especial do CEI Deputado
João Herrmann Neto se viram diante de uma nova realidade, contraditória, excludente e se
puseram à espera de um instrumento normativo, por parte da SME, que regulamentasse o
teletrabalho para a educação infantil. Assim como em todos os atos públicos, tal instrumen-
to seria necessário para publicitar a ação, orientar gestores e professores e respaldar os
profissionais frente à utilização de tecnologias e novas formas de interações sociais ainda
distantes do cotidiano da escola.
A espera, porém, foi longa, árdua e dolorida. Foram seis meses na iminência de uma
resolução, em uma situação que colocou os profissionais à margem de qualquer forma de
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
trabalho institucional. Em um estado de frenesi, a SME, de um lado, não regulamentava
o trabalho da educação infantil mantendo professores e agentes de educação infantil em
afastamento por prevenção de saúde (APS). De outro lado, pedia para que os mesmos
profissionais, mantidos “afastados”, produzissem conteúdos e alimentassem redes sociais
como forma de interagir com crianças e famílias.
Nessa perspectiva, seguindo as orientações advindas do Departamento Pedagógico
(DEPE), a proposta de trabalho da escola para os tempos de isolamento social foi constituí-
da a partir da interação dos educadores com as famílias e a produção de vídeos e demais
materiais que pudessem suscitar interações mais propositivas e estimular o convívio das
crianças com os adultos em suas respectivas residências.
Diante desse cenário confuso, os educadores optaram por respeitar, na medida do
possível, a orientação de afastamento, haja vista que não tinham como mensurar as impli-
cações legais que tal ato poderia acarretar. Passaram a realizar o contato com as famílias e
crianças por meio da rede social “Facebook”, postando periodicamente histórias, brincadeiras,
sugestões de atividades e demais propostas educativas e de integração.
Passados seis meses, no entanto, a avaliação é a de que essa interação ficou muito
aquém do que o desejado. Os vídeos no Facebook foram pouco visualizados e comen-
tados. O pouco contato com as famílias foi estabelecido nos momentos de entrega das
cestas básicas e por meio do WhatsApp da escola, instituído para a utilização da secretaria
e equipe gestora.
Outro agravante nesse distanciamento está relacionado às condições socioeconômicas
das famílias. A escola está localizada em um território periférico, no qual os efeitos sociais
da pandemia são mais palpáveis. O acesso ao conteúdo digital ou mesmo a interação de
forma remota foi muito difícil, haja vista que as famílias não dispunham de meios para este
fim. Além disso, com o passar dos meses e a diminuição da renda causada pelo desem-
prego, o acesso à internet por parte das famílias se tornou mais difícil. Estamos vivendo um
cenário de extrema vulnerabilidade social, em que a segurança alimentar de boa parte das
famílias tem sido garantida pela distribuição das cestas básicas. Junta-se à essas questões
as inúmeras situações desafiadoras de convivência, encontradas em todos os lares, e poten-
cializadas neste momento pelo confinamento, pelo risco da contaminação e pelos desafios
de sobreviver em meio ao caos.
Neste cenário de desafios e impossibilidades, em setembro de 2020, por meio da reso-
lução SME nº 06 de 01/09/2020, definiu-se o teletrabalho para a educação infantil e, assim,
cada unidade precisou elaborar e desenvolver um plano de ação para os próximos meses
no qual fosse dedicado 50% do tempo para produção de materiais destinados a manter os

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
vínculos com as famílias e mitigar os efeitos do afastamento, 25% da carga horária para
formação e os últimos 25% para planejamento, avaliação e registro.
O plano, entre outros itens destinados a identificação geral, precisava apresentar a
descrição das atividades de interação e diálogos com as crianças e famílias, possibilidades
metodológicas e meios de interação. Além disso, o plano dispensava a contagem de dias
ou horas letivas, em consonância com uma orientação federal, que liberou o cumprimento
dessa obrigatoriedade para o ano de 2020, por meio da Lei 14040/20.
Apesar de, enfim, legitimar o trabalho da educação infantil, a resolução apresentava
mais um desavio: o de planejar e cumprir os tempos pedagógicos respeitando a ordem cro-
nológica, quando a quarentena colocava todos diante de “uma experiência de tempo sus-
penso, como se ele não passasse ou como se sua passagem tivesse efeitos relativamente
pouco relevantes em função da detenção do mundo exterior.” (KOHAN, 2020, p. 6). Outro
problema trazido pela resolução foi o de fragmentar as ações de planejamento, formação e
avaliação e registro, em três eixos distintos, quando estes se permeiam e se complementam.
Na tentativa de respeitar as diretrizes dadas pela secretaria da educação e manter as
ações alinhadas aos objetivos e princípios do coletivo da unidade, escriturados no Projeto
Político Pedagógico, optou-se, pois, em construir planos de ações para os agrupamentos
pautando-se em uma proposta que contemplasse ações comuns a toda comunidade escolar.
Para tanto, foi necessário o exercício de se voltar ao Projeto Político Pedagógico, revisitando
as prioridades da equipe, elencadas no início do ano, e (re) elabora-las em conformidade
com o contexto da pandemia.
O ano de 2021 iniciou-se trazendo para esse cenário de incertezas a discussão sobre
retorno presencial, em um momento em que a pandemia atingia os maiores índices de con-
taminação e mortes no país. Tal fato confirmou-se por meio da Resolução SME 004, de 03
de fevereiro de 2021, que concretizou a possibilidade de um retorno presencial associado a
um trabalho remoto. Outro aspecto referente à questão legal, diz respeito à obrigatoriedade
de cumprimento de 800 horas letivas na educação infantil que serão computadas por meio
da apresentação de relatórios mensais de atividades.
O iminente retorno presencial ficou na esfera do discurso até o mês de abril. Nesse
período, os profissionais da educação, e em especial os que atuam nas escolas, foram apar-
tados das discussões sobre como dar-se-ia esse retorno no tocante das questões pedagó-
gicas. Durante os primeiros meses do ano, todos os olhares dos profissionais da educação
infantil foram direcionados ao cumprimento das exigências sanitárias para o atendimento das
crianças presencialmente nas escolas. Embora professores, agentes de educação infantil
e gestores e supervisores tentassem, de alguma forma, suscitar a discussão em torno das
necessidades e impossibilidades de se implementar uma proposta de educação infantil frente
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
à rigidez do protocolo apresentado pela Vigilância Sanitária, os esforços eram em vão e o
trabalho continuou sendo pautado apenas pelas questões da saúde.

DISCUSSÃO

O cenário pandêmico trouxe inúmeros conflitos para a sociedade e para o campo da


educação. Todavia, no que se concerne à educação infantil, esses conflitos têm ocorrido de
forma mais aprofundada, já que a concepção de educação infantil comungada pela Rede
de Campinas traz como princípio uma proposta que:

Constitui este currículo as relações entre bebês, crianças pequenas entre si


e com os adultos: danças, piruetas, músicas, brincadeiras, rodas cantadas,
descanso, dramas, choros, risos, descobertas, limpar bumbum, misturas, his-
tórias, contos, parlendas, emoções, balbucios, alimentação, melecas,
soneca.... Estes elementos trazem sentidos e significados múltiplos à expe-
riência única da infância às crianças da Educação Infantil de Campinas, em
rede de relações permeadas de sentidos múltiplos. (CAMPINAS, 2013, p.13).

À princípio, o principal conflito advinha de uma possível proposta de educação infantil


de modo remoto mediada por telas antes sempre condenadas para essa faixa etária, sem
interação efetiva e afetiva.
No que tange ao trabalho da educação infantil, acatamos e comungamos das propostas
e concepções de uma educação infantil constituída a partir de

[...] um cotidiano em devir, não linear, investigativo, repleto de possibilidades


múltiplas e ainda apresentam referências consistentes a orientarem as práticas
educativas, sempre permeadas pelas relações vivenciadas por todos os profis-
sionais que atuam na primeira etapa da Educação Básica na Rede Municipal
de Ensino de Campinas – RMEC. (CAMPINAS, 2013, p. 31).

Sendo assim, nestes tempos em que a convivência foi interrompida, a escola sempre
compartilhou dos Princípios Orientadores apresentados pelo Departamento Pedagógico
(DEPE), no início da pandemia, principalmente ao que diz respeito ao fato de que

[...] não há possibilidade de reprodução da dinâmica da casa na instituição de


Educação Infantil, tampouco desta, na casa de cada família. Nas instituições
de Educação Infantil, a educação se baseia em interações e vivências no/
com o coletivo e se pautam em organizações intencionalmente propostas
pelos adultos, a partir da escuta atenta dos bebês e das crianças pequenas.
No ambiente familiar as relações dão-se em espaços organizados de forma
diferente e com outros autores, o que altera completamente a intencionalidade
e a dinâmica das relações e, consequentemente, a natureza das experiências
das/pelas crianças. (CAMPINAS, 2020, p.01).

82
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Face a isso, e assim como apresenta o documento citado, os profissionais da CEI
Deputado Federal João Herrmann Neto sempre se colocaram contrários a qualquer possi-
bilidade de interação com as crianças que viesse a ocorrer mediada por plataformas digitais
ou que as expusessem excessivamente às telas de computadores, tvs, celulares, entre
outros, uma vez que, conforme apresenta o plano “Primeira Infância Campineira (PIC)” o
uso excessivo de tecnologias para crianças está associado ao aumento da ansiedade, à
dificuldade de estabelecer relações em sociedade, ao comportamento violento ou agressivo,
entre outros fatores (CAMPINAS, 2018). Além disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria
coloca a necessidade de se evitar a exposição de crianças menores de dois anos às telas,
mesmo que passivamente, e enfatiza que, para a criança pequena, nada substitui o afeto
humano, o olhar e o contato com a família.
Há que se considerar, ainda, a dificuldade das famílias sem acessar remotamente as
interações por falta de equipamentos disponíveis, conexão a internet, ausência de sinal e a
necessidade de destinar seus recursos para manutenção da alimentação. Em mais de um
ano de pandemia, na educação infantil, não foi disponibilizado pelo poder público condições
mínimas de acesso, tentativa essa realizada no ensino fundamental.

[...] as gritantes desigualdades da sociedade brasileira com uma altíssima parte


da população sem as mínimas condições de conectividade e aparelhagem
como para atender a uma educação remota ou a distância; a impossibilidade
de se fazer escola sem corpos presentes, corpos que se tocam, se abraçam,
se cheiram e até se empurram e se atropelam; a tensão entre a casa e a es-
cola ou, em outras palavras, a importância de a escola ter um espaço próprio,
separado, apartado das outras instituições sociais; ainda, em outras palavras,
a impossibilidade de ser mãe e docente, pai e docente ou filha/filho e aluno ao
mesmo tempo. (KOHAN, 2020, p. 5).

O grande desafio do trabalho na educação infantil em meio à pandemia e ao distancia-


mento social foi o de conciliar a sua identidade principal, conquistada ao longo de muito de-
bate e embate, no qual a Educação infantil se constitui como um direito da criança a vivenciar
as múltiplas experiencias da infância, a construir cultura ao mesmo tempo que se apropria
dela, interagir e experimentar novas esferas de relações para ampliação de sua visão de
mundo, sendo reconhecida como membro da sociedade, “[...] que não existe apenas no lar
da família, mas também em um mundo mais amplo.” (DALBERG, MOSS e PENCE, 20019)
A pandemia, por sua vez, colocou essa identidade em dúvida, à medida em que, a
priori, impossibilitou o contato das crianças com a sociedade e, posteriormente, viram o seu
direito à educação ser reduzido a uma proposta de atendimento presencial, defendida pelas
esferas do poder central e alguns setores da sociedade, pautados apenas em critérios sa-
nitários, com o intuito exclusivo de possibilitar o retorno ao trabalho dos seus responsáveis,
considerando, assim, apenas o viés econômico.
83
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Ao se pensar a educação infantil unicamente como espaço de cuidado e proteção
enquanto os adultos de sua casa trabalham promove um apagamento dos sentidos da edu-
cação infantil na medida que educação infantil é um espaço de protagonismo das crianças,
de construção coletiva. Os protocolos sanitários e as exigências postas pela saúde para o
retorno desconsideram os objetivos e as necessidades do trabalho com as crianças. Essa
postura desconsidera todo o processo de consolidação da educação infantil como etapa da
educação básica e remete a discussão à um período já superado, no qual a ação de cuidar
se sobressaia à ação de educar as crianças pequenas.
Sendo assim, a proposta de educação infantil para os tempos de pandemia defendida
e implementada neste CEI tem se pautado nas interações e diálogos com as famílias, com o
intuito de ouvir e acolher os medos e desafios que o período representa não somente para as
crianças, como também para seus pais, irmãos e demais familiares. Neste processo, faz-se
necessário destacar a parceria exitosa entre a escola e o projeto ECOAR, da Faculdade
de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS), cujo
objetivo é oferecer suporte e atendimento psicológico aos educadores e às famílias no
contexto escolar.
O plano de interações e vínculos produzido pela equipe do CEI Deputado Federal
João Herrmann Neto buscou garantir princípios e significados assumidos no Projeto Político
Pedagógico, para tanto, o foco foi dar atenção às famílias por meio de contatos sistemáticos
envolvendo possibilidades de experiências a serem realizadas com as crianças associadas
a escuta atenta das famílias quanto suas necessidades para manutenção da vida, nesse
ponto as relações intersetoriais se fazem extremamente necessárias como forma de garantia
dos direitos das crianças e de suas respectivas famílias, buscando. Assim, garantir que os
direitos de provisão e de proteção sejam assegurados. Mesmo necessárias e urgentes, há
uma dificuldade em garantir relações intersetoriais na prática. Como traz Oliveira (2012, p.13):

A intersetorialidade, no sentido de integração e articulação das políticas para


alcance de um objetivo comum, através da criação de consensos nas instâncias
deliberativas e com forte participação dos representantes do setor educacional,
pode potencializar as ações que objetivem o desenvolvimento da qualidade
na educação.

Desse modo, a escola estabeleceu como meta, para o ano de 2021, a articulação de
ações intersetoriais no território como tentativa para auxiliar as crianças e as famílias a en-
frentarem as mazelas sociais potencializadas pela pandemia. No entanto, há muita dificul-
dade na consolidação de um trabalho intersetorial efetivo quando esse pressuposto existe
apenas no nível local por meio de vontade e determinação dos servidores que executam
políticas públicas. A orientação de entrega de cestas básicas às famílias simboliza esse
84
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
descompasso. A orientação do Poder Público central era distribuir os alimentos apenas as
famílias mais vulneráveis, desconsiderando que os recursos com os quais os alimentos es-
tavam sendo adquiridos advinham do Programa de Alimentação Escolar, destinado a todas
as crianças. Ao tomar essa decisão, a Prefeitura não considerou todo o trabalho desenvol-
vido pela Secretaria de Assistência Social, que possui dados sobre a situação econômica
do bairro. A escola, por sua vez, por assumir o papel de garantidora de direitos no território,
optou por incluir todas as famílias na listagem, independente das orientações em contrário.
Em 2021, durante a elaboração dos protocolos de retorno presencial, o trabalho inter-
setorial, mais uma vez, foi desconsiderado e a saúde assumiu o controle do processo, cons-
truindo protocolos que atende às questões sanitárias, porém ao mesmo tempo impossibilitam
a realização dos objetivos da educação infantil, apagando seus sentidos reais. Nesse pro-
cesso, a unidade se movimenta e se organiza para realizar um retorno presencial protocolar
incapaz de realizar as interações e experiências identitárias da educação infantil, ao mesmo
tempo em que assume seu protagonismo de formação junto às famílias, problematizando
o assunto e tentando construir com a comunidade uma escola feita por todos e para todos.

REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Resolução Nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacio-
nais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 242, p. 18-19,
18 dez. 2009.

2. BRASIL. Ministério da Educação. Lei 14040 de 18 de agosto de 2020. Estabelece normas


educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública reco-
nhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020; e altera a Lei nº 11.947, de
16 de junho de 2009.

3. CAMPINAS. Decreto nº 20.768 de 16 de março de 2020. Dispõe sobre a suspensão de todas


as atividades escolares nas unidades educacionais que compõem o sistema municipal de en-
sino de campinas. Disponível em: https://www.campinas.sp.gov.br/uploads/pdf/1197959208.
pdf acesso em 27/05/2021

4. CAMPINAS. Resolução SME nº 006, de 01 de setembro de 2020. Dispõe sobre as diretrizes


e os procedimentos para a reorganização do trabalho nos Centros de Educação Infantil, CEIS,
e nas Escolas de Educação Infantil de Instituições Colaboradoras com a Secretaria Municipal
de Educação, SME, no contexto de enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). Disponível
em: https://www.campinas.sp.gov.br/uploads/pdf/929086145.pdf acesso em 27/05/2021

5. CAMPINAS. Resolução SME/FUMEC nº 002, 26 de março de 2020. Dispõe sobre procedi-


mentos pedagógicos e administrativos que devem ser adotados como medidas mitigadoras nas
escolas da Rede Municipal de Ensino e nas Unidades Educacionais da Fundação Municipal
para Educação Comunitária, FUMEC, durante o período de suspensão de atividades escolares
de que trata o Decreto nº 20.768, de 16 de março de 2020, na forma que especifica. https://
www.campinas.sp.gov.br/uploads/pdf/930302319.pdf acesso em 27/05/2021
85
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
6. CAMPINAS. Resolução SME nº 004, de 03 de fevereiro de 2021. Define parâmetros para a
organização das interações didático-pedagógicas, presenciais e não presenciais, e da jorna-
da de trabalho do Professor de Educação Básica (PEB I, PEB II, PEB III, PEB IV), Professor
Adjunto I e II, Professor Bilíngue, Professor Substituto (TJE) e do Monitor Infanto-juvenil I/
Agente de Educação Infantil, no ano letivo de 2021, nos termos que especifica. https://www.
campinas.sp.gov.br/uploads/pdf/17053044.pdf acesso em 29/05/2021

7. CAMPOS, M. M. A formação de professores para crianças de 0 a 10 anos: Modelos em debate.


Educação & Sociedade, Campinas, v. 20, n. 68, p. 126-142, 1999. Acesso em: 1 maio 2020.
DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73301999000300007

8. DALBERG, G. MOSS, P. PENSE, A. Qualidade na educação da primeira infância: pers-


pectivas pós-modernas. Porto Alegre, Penso, 2019.

9. FARIA, A. L. G. Políticas de regulação, pesquisa e pedagogia na educação infantil, pri-


meira etapa da educação básica. Educação e Sociedade, Campinas, v.26, n.92, 2005.

10. OLIVEIRA, Rita de Cássia. Intersetorialidade entre as políticas públicas e seus efeitos na escola
pública brasileira. Anais do IV Congresso Internacional de Pedagogia Social e Simpósio
de Pós-graduação (USP, UNISAL; UNICAMP; PUC-SP e Mackenzie). São Paulo, 2012.

11. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. SBP atualiza informações sobre a saúde de


crianças e adolescentes na era digital. 2020. Disponível em: https://www.sbp.com.br/im-
prensa/detalhe/nid/sbp-atualiza-recomendacoes-sobre-saude-de-criancas-e-adolescentes-
-na-era-digital/

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
08
Discursos e contradições do uso dos
vídeos em um curso na modalidade
educação a distância

Ubiratan Pereira dos Santos


SENACSP

10.37885/210504662
RESUMO

O discurso prevalente é de que o uso da tecnologia na Educação colabora para a inova-


ção pedagógica. Considerando o contexto cultural no qual o vídeo ressurge como uma
das mídias preferenciais em cursos on-line, o artigo propõe analisar seu potencial para a
ressignificação das práticas educativas, bem como verificar como essa mídia está sendo
utilizada de forma inovadora em processos de ensino e aprendizagem de pessoas adul-
tas em instituições públicas e privadas de ensino, ofertantes de cursos na modalidade
educação a distância. A questão norteadora do estudo é: “o vídeo está sendo utilizado de
forma inovadora na modalidade de Educação a Distância (EAD) online?”. Para responder
ao problema foi desenvolvida uma pesquisa no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu,
Especialização em Gestão Estratégica em Educação a Distância, no Centro Universitário
Senac, Santo Amaro, São Paulo. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório de
cunho qualitativo, desdobrado em levantamento bibliográfico e entrevista realizada por
meio questionário com perguntas estruturadas. As respostas sinalizaram que os vídeos
estão sendo utilizado de forma tradicional, ou seja, como mídia distributiva de aulas
expositivas, contrariando o discurso da inovação pedagógica anunciado pelos autores
referenciados. Os resultados encontrados apontam para um descompasso entre as
potencialidades descritas na literatura estudada e a prática vigente nessas instituições
representadas pelos gestores participantes da pesquisa. Dessa forma, o estudo espera
chamar a atenção de todos os envolvidos na criação de cursos on-line, especialmente
gestores, designers instrucionais e coordenadores, para o cenário marcado pela subu-
tilização do potencial pedagógico da mídia vídeo.

Palavras-chave: Educação a Distância, Design Educacional, Tecnologia Digital, Mídia, Vídeos.

88
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
INTRODUÇÃO

Apesar da tecnologia não ter o condão de resolver todos os problemas da educacionais,


é fato que as mídias digitais interativas podem contribuir para a inovação do processo de
ensino e aprendizagem. Nesse sentido, a Educação a Distância on-line tem se destacado
como uma modalidade que tem contribuído significativamente para a atualização das prá-
ticas educacionais.
Na opinião do filósofo Pierre Lévi [s.d.], a Educação a Distância é um setor da
Educação especialmente interessante por ser um campo aberto a experimentações peda-
gógicas e tecnológicas.
Silva (2016, p. 16), por seu turno, destaca quais seriam, em seu entendimento, as
vantagens da Educação a Distância, sendo elas a “coerência cultural, a desmassificação
do tempo, a desterritorialização do ambiente de aprendizagem, a expansão dos ambientes
de aprendizagem e a aprendizagem baseada na inteligência coletiva”.
A proliferação de tecnologias para o desenvolvimento de vídeo digital, em sinergia
com questões culturais e pedagógicas, tornou a mídia vídeo uma das mais prevalentes
em cursos on-line.
Nesse sentido, Tony Battes destaca que

A capacidade de os alunos pararem e iniciarem, para que possam integrar as


atividades com o vídeo; a quantidade crescente de vídeos de alta qualidade
acadêmica livremente disponíveis; a adição de interesse substancial para
um curso, ligando-o às questões do mundo real; o bom desenvolvimento de
algumas das capacidades intelectuais de nível superior e algumas das habi-
lidades mais práticas necessárias em uma era digital, entre outros (BATTES,
2017, p. 295).

Segundo Moore e Kearsley (2007, p. 82), “o vídeo é uma mídia poderosa para atrair
e manter a atenção e para transmitir impressões”. Na interpretação desses autores, o ví-
deo pode ser uma boa mídia “para o ensino de aptidões interpessoais e para o ensino de
qualquer tipo de procedimento, pois consegue mostrar a sequência de ações envolvidas”.
(IBIDEM, p. 82).
Moran (1995, p. 27) considera que “finalmente o vídeo está chegando à sala de
aula. E dele se espera, como em tecnologias anteriores, soluções imediatas para os pro-
blemas crônicos do ensino-aprendizagem”. Na concepção do autor:

O vídeo ajuda a um bom professor, atrai os alunos, mas não modifica subs-
tancialmente a relação pedagógica. Aproxima a sala de aula do cotidiano, das
linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade urbana, mas tam-
bém introduz novas questões no processo educacional [...]. Explora também e,
basicamente, o ver, o visualizar, o ter diante de nós as situações, as pessoas,
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo-distante, alto-baixo,
direita-esquerda, grande-pequeno, equilíbrio-desequilíbrio). Desenvolve um
ver entrecortado – com múltiplos recortes da realidade – através dos planos
– e muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em
movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou movendo-se, ima-
gens ao vivo, gravadas ou criadas no computador (MORAN, 1995, pp. 27; 28).

No sentir de Mattar (2009, p. 9), “pesquisas sobre o uso de vídeos online em educação
são essenciais para fundamentar uma educação a distância inovadora”. Para o autor, “elas
devem se multiplicar, inclusive para avaliar como é possível superar as barreiras indicadas
para a integração adequada de vídeos em Educação a Distância (EAD)” (IBIDEM).
A partir dessa visão, predominantemente, otimista dos autores buscamos investigar
os potenciais pedagógicos do vídeo e responder à questão: o vídeo está sendo utilizado
de forma inovadora na modalidade de Educação a Distância (EAD) online(?), bem como
confrontar com a realidade prática do uso do vídeo instrucional nas respectivas instituições
de ensino pesquisadas.

MÉTODO

Trata-se de pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, desdobrando-se em levanta-


mento bibliográfico e coleta de dados por meio de questionário.
No primeiro momento, buscamos situar o tema por meio da pesquisa bibliográfi-
ca. Em seguida, foi elaborado um questionário com questões estruturadas.
O público-alvo escolhido para responder ao questionário englobou gestor de equipe
EAD, designer instrucional e coordenador de curso EAD on-line. A opção por esses perfis
de respondentes deve-se ao contexto no qual emergiu a pesquisa, a partir do trabalho de
conclusão de curso (TCC) a saber, do Curso de Pós-Graduaçãoa Lato Sensu, Especialização
em Gestão Estratégica em Educação a Distância, ofertada pelo Centro Universitário Senac,
Santo Amaro, São Paulo
A terceira e última etapa da pesquisa consistiu em análise qualitativa, momento em
que o pesquisador passou a confrontar o discurso dos autores analisados com a realidade
do uso dos vídeos nos diferentes contextos institucionais.
A pesquisa contou com a participação de seis (06) gestores de Educação a Distância
(EAD) on-line, aos quais foram encaminhados um convite e esclarecimentos quanto à con-
textualização do estudo. A coleta de dados foi realizada no período de 17/7/2019 a 6/8/2019.
Do total de seis (06) respondentes, três são do sexo masculino e três do sexo femi-
nino, prevalecendo a idade 40 a 49 anos. A maioria tem formação acadêmica que varia da
especialização ao doutorado.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Notou-se, ainda, que predomina a formação em EAD (Educação a Distância). Quanto ao
local de trabalho, um atua em instituição corporativa (educação não-formal), dois pertencem
a instituições públicas (educação não-formal) e três exercem suas atividades em instituições
acadêmicas privadas (educação formal).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para investigar a questão central deste estudo, acerca dos aspectos pedagógicos
relacionados ao uso dos vídeos em um curso na modalidade Educação a Distância (EAD)
on-line, foram elaboradas questões que pudessem nos orientar na avaliação dessa dimensão.
Assim, iniciamos a investigação com o questionamento: “qual a relação dos vídeos
com o material do curso?”. Opções: “os vídeos são o único material de estudo do curso; os
vídeos fazem parte do material principal de estudo do curso; os vídeos são usados como
material complementar do curso”.
De acordo com a respostas dos entrevistados, ficou evidenciado que os vídeos são
prioritariamente utilizados com material complementar do curso, embora também apareçam
em menor proporção como parte do material didático principal. O uso do vídeo como único
material de estudo foi citado apenas por um respondente.
Em continuação, lançamos a pergunta “Qual o papel didático dos vídeos?”. Opções:
“para aulas expositiva; para explicação de conceitos abstratos; para demonstração de sis-
temas; para criação de cenários interativos; para explicação de procedimentos técnicos e
para tours virtuais”.
Nesse quesito, prevaleceram as formas mais tradicionais de uso do vídeo, como a aula
expositiva e a explicação de conceitos abstratos e demonstração de sistema, frustrando,
dessa forma, o potencial para a inovação sugerida pelos autores trazidos nesse estudo.
Na questão “Quem são os apresentadores nos vídeos didáticos?”. Opções: “professor-
-tutor; professor-conteudista; professor ou apresentador sem relação com os alunos ou curso
(vídeos de plataformas externas)”. O resultado convergiu para os professores conteudistas.
No entanto, em menor proporção, os vídeos também são apresentados por um pro-
fessor-tutor, pelo próprio professor ou por um apresentador sem relação com os alunos ou
curso. Apenas um entrevistado informou aproveitar vídeos de plataformas externas.
Na sequência, buscou-se identificar as estratégias didáticas que estavam sendo explo-
radas com o vídeo: “Além da exposição de conteúdo, quais estratégias didáticas com vídeo
já foram implantadas em cursos de sua instituição? Opções: “microlearning; gamificação;
storytelling; simulações de cenários; aprendizagem baseada em vídeos interativos; realidade
virtual; realidade aumentada; nenhuma”.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Apesar do leque de opções envolvendo diversas possibilidades, a única citada foi o
microlearning, mesmo assim, devido às limitações do instrumento de coleta de dados, não
foi possível extrair mais detalhes sobre como essa estratégia estava sendo adotada. O re-
sultado, entretanto, sugere uma subutilização do vídeo como recurso didático.
Perguntamos quais habilidades estavam sendo ensinadas por meio do vídeo. Nesse
sentido, indagamos: “Com relação às habilidades, em quais cursos os vídeos são utiliza-
dos?”. Opções: “cursos para desenvolvimento de habilidades comportamentais; cursos para
desenvolvimento de habilidades profissionais técnicas; cursos para desenvolvimento de
habilidades motoras”. Nesse caso, a predominância foi idêntica tanto para os cursos que
desenvolvem habilidades profissionais técnicas quanto aos que desenvolvem habilidades
comportamentais.
No que se refere à abordagem dos cursos, investigada a partir do questionamento: “Qual
a abordagem dos cursos nos quais os vídeos são utilizados”? Opções: “autoinstrucional;
colaborativo”, as respostas evidenciaram que os vídeos são mais utilizados na abordagem
autoinstrucional, porém também são utilizados, de forma significativa, em cursos colabora-
tivos, demonstrando um certo equilíbrio das abordagens pedagógicas.
Buscamos também investigar como é feita a avaliação da aprendizagem dos conteúdos
expostos nos vídeos com a questão: “Com relação a avaliação da aprendizagem referente a
conteúdo dos vídeos, ela acontece em qual contexto?”. Opções: “individualmente (questio-
nário, diário, anotação etc.) ou em ambiente colaborativo (ferramentas colaborativas como
fórum de discussão”. As respostas apontaram que a avaliação é feita igualmente tanto de
forma individual quanto coletiva.
Ainda no que tange à avaliação da aprendizagem, também procuramos identificar:
“Quais ferramentas são utilizadas em suas instituições para essa finalidade?”. Opções: ques-
tionário; quizz; fórum; diário; blog do aluno; wiki e outras”. Nesse quesito, a maioria absoluta
respondeu que utiliza o fórum como principal ferramenta, e em segundo lugar o questionário.
Procuramos investigar o que teria motivado as instituições a utilizarem vídeos com a
interrogação: “Quais foram as perspectivas que motivaram a instituição a utilizar vídeos?
Opções: “engajamento dos alunos – os alunos se tornam mais engajados assistindo as au-
las em vídeo; aspectos culturais – os vídeos fazem parte do dia a dia dos alunos; aspectos
de custo – apresentam uma boa relação custo x benefício; aspectos técnicos – possuem
recursos técnicos que outras mídias não possuem; outros”.
As respostas evidenciaram que os gestores se sentiram motivados em adotar os vídeos
didáticos por questões culturais, ou seja, devido ao vídeo ser uma mídia amplamente presente
no cotidiano da sociedade, tendo sido essa a resposta que apareceu em maior frequência.

92
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Porém, também foram motivados a acreditar que se trata de uma mídia que promove o en-
gajamento dos alunos e por possuírem recursos técnicos que outros suportes não possuem.
O resultado dessa resposta sugere que os gestores estão atentos às transformações
culturais e que conseguem visualizar as vantagens dos vídeos. Porém, essa tomada de cons-
ciência não consegue se traduzir em uso mais inovadores da mídia, haja vista o predomínio
da mera exposição de conteúdos e baixa variedade de estratégias didáticas.
Por fim, tentamos verificar a recepção dos alunos. Assim, perguntamos: “como avalia-
va a recepção dos alunos com relação ao uso do vídeo nos cursos?”. Opções: ótima; boa;
regular; ruim. O resultou mostrou que, no entendimento dos gestores, os alunos têm uma
recepção do vídeo de boa para ótima.
A análise dos resultados aponta que o vídeo ainda é utilizado de forma tradicional em
cursos on-line. Conforme exposto, não conseguimos identificar nenhum fator de inovação,
haja vista que os vídeos são predominantemente utilizados como substitutos de aulas exposi-
tivas, fato que não é totalmente negativo, mas que não acrescenta nenhum aspecto inovador.
Perde-se, assim o potencial dessa mídia para criar entornos de aprendizagem que
favoreçam a interação, seja com o conteúdo, com outros aprendizes e com o professor, em
um ambiente de diálogo e reflexão.
Destacamos o fato do pouco uso de vídeos oriundos de uma curadoria de conteúdo,
ou seja, o aproveitamento de vídeos de plataformas externas. Embora tenha prevalecido
os vídeos elaborados por professores e conteudistas, o que não se caracteriza como um
problema, também é possível considerar o aproveitamento de vídeos produzidos por ter-
ceiros em ambiente externo como forma de reduzir custo e tempo na gestão da produção
dos conteúdos didáticos, desde que a qualidade pedagógica seja mantida como prioritária.
No que se refere à avaliação, entendemos o resultado como positivo, uma vez que as
repostas apontaram para um plano avaliativo que integra tanto a avaliação feita em âmbito
individual quanto coletivo por meio de questionários e fóruns de discussão, respectivamente.
Conforme já citamos, a maioria dos gestores utiliza os vídeos em aulas expositivas,
contrariando o anunciado pelos autores, como por exemplo Moran (1995), que argumenta
que o vídeo pode ser um importante aliado para a prática didática e para promover o prota-
gonismo. Considerando as declarações da maioria dos respondentes, verificou-se que na
prática isso não se confirma.
Infere-se do contexto, que o uso do vídeo está limitado a sua função mais básica, ou
seja, a distribuição do discurso do mestre. Sendo que práticas inovadoras, possibilitadas
pelas novas tecnologias agregadas aos vídeos, foram identificadas praticamente de modo
residual, mostrando que a inovação fomentada pela introdução do uso do vídeo não se
concretiza na rotina educacional dessas instituições.
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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
Cabe ressaltar que a mera exposição de conteúdos por vídeo, embora seja útil, não é
suficiente para transformar a sala de aula on-line em um ambiente mais dinâmico e promotor
da aprendizagem significativa. O vídeo, entendemos, deve ser utilizado para incrementar a
interação em todos os níveis, seja do tipo aluno-conteúdo, aluno-aluno e aluno-professor.
Como ensina Kenski:

Educar para a inovação e a mudança significa planejar e implantar propostas


dinâmicas de aprendizagem, em que se possam exercer e desenvolver con-
cepções sócio-históricas da educação – nos aspectos cognitivo, ético, polí-
tico, científico, cultural, lúdico e estético – em toda a sua plenitude e, assim,
garantir a formação de pessoas para o exercício da cidadania e do trabalho
com liberdade e criatividade (KENSKI, 2012, p.67).

Apesar das limitações da pesquisa, é possível concluir que a maioria dos gestores que
representa suas instituições não está utilizando esta mídia adequadamente para tornar as
aulas mais inovadora, mais dinâmica, mais significativa, divergindo também do posiciona-
mento de Battes (2017) que considera o uso do vídeo na modalidade EAD:

como a adição de interesse substancial para um curso, ligando-o às questões


do mundo real; do bom desenvolvimento de algumas das capacidades intelec-
tuais de nível superior e de algumas das habilidades mais práticas necessárias
em uma era digital (BATTES, 2017, p. 295).

É importante que os gestores entendam que “as novas tecnologias recriam no-
vos espaços do conhecimento, abrindo novas oportunidades para os educadores”
(GADOTTI, 2000, p. 249).
Cremos que, em todo projeto EAD, o gestor deve priorizar a integração de mídias e
tecnologias ao ambiente virtual de aprendizagem, com suporte técnico avançado e profissio-
nais qualificados, visando propiciar aulas dinâmicas e interativas. É essa situação didática
que deveria ser explorada no vídeo instrucional, não como uma mídia solitária, mas aliada
a estratégias que possibilitem o desenvolvimento do pensamento crítico e a aprendiza-
gem significativa.
Para tanto, é relevante destacar que o uso dos vídeos na aprendizagem seja vincu-
lado a uma proposta pedagógica inteligente, inovadora, visando favorecer a formação e o
desenvolvimento do senso crítico de todos os atores envolvidos na aprendizagem. Cabe
destacar que “a possibilidade de interação entre professores, alunos, objetos e informações
que estejam envolvidos no processo de ensino redefine toda a dinâmica da aula e possibilita
novos vínculos entre os participantes” (KENSKI, 2012, p.88).
Sapucaia (2018) destaca que o gestor deve estar atento à dimensão tecno-
lógica em um projeto EAD, que deve estar integrada às dimensões pedagógica e
94
Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
político-administrativa. Em suas palavras, o autor (2018) entende que compreender o po-
tencial de uma tecnologia para o ensino e a aprendizagem deveria ser uma preocupação
primária de todo gestor em Educação a Distância.

Cada tecnologia tem suas finalidades, especificidades, potencialidades e limi-


tações definidas, porém, ao se integrarem, elas podem ser contextualizadas
e ressignificadas de modo a atender objetivos específicos que emergem das
necessidades do processo educacional em EAD. Compreender o papel das
TIC é o primeiro passo para entender nosso papel na condição de gestores
das tecnologias em um projeto EAD. (SAPUCAIA, 2018, p.3).

Dialogando com Manuel Moran, entre outras possibilidades,

o vídeo educacional não deve ser simplesmente para reproduzir conteúdo, mas
principalmente para favorecer a produção de novas formas de interação entre
conteúdos, alunos e ambientes nos quais ele esteja inserido (MORAN, 1994).

Nessa perspectiva, vale ressaltar que a utilização dos vídeos como mídia educa-
cional tem o potencial para ampliar o grau de interação e comunicação no ambiente de
aprendizagem. No entanto, é preciso superar práticas pedagógicas conservadoras em vez
de reproduzi-las.

CONCLUSÃO

Podemos concluir que, nos casos analisados, o uso dos vídeos nos cursos na modali-
dade de educação a distância on-line que foram objetos desta pesquisa ainda se prestam a
reproduzir a didática da transmissão, como pouco incremento da interatividade e ausência
de inovação pedagógica.
O resultado deste estudo deixa evidências de que há um descompasso entre as poten-
cialidades anunciadas pelos autores citados neste trabalho e as práticas didáticas em ambien-
tes virtuais de aprendizagem vivenciadas pelos gestores entrevistados. Ou seja, as práticas
pedagógicas utilizadas nas instituições de ensino pesquisadas, apontadas pelos gestores
que participaram da pesquisa, se contrapõem com os discursos dos autores referenciados.
Ao demonstrar esse cenário, mesmo com amostra reduzida, esperamos alertar os ges-
tores, coordenadores de cursos e designers instrucionais para a situação de subutilização
do potencial educacional do vídeo em cursos na modalidade de educação a distância (EAD)
on-line, naquilo que se refere à inovação e à ressignificação do ensino e aprendizagem.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
REFERÊNCIAS
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tar] / versão digital – 1ª ed. – São Paulo: Artesanato Educacional, 2017. Disponível em: http://
www.abed.org.br/arquivos/Educar_na_Era_Digital.pdf>; Acesso em 20 JUN. 2019.

2. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

3. KEARSLEY, Greg. Educação on-line: aprendendo e ensinando. / tradução Mauro de Campos


Silva; revisão técnica Renata Aquino Ribeiro. São Paulo: Cengage Learning, 2011.

4. KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. 8ª ed. – Cam-
pinas, SP: Papirus, 2012.

5. LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. 34ª ed. – São Paulo: Editora
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cultura.pdf; Acesso em: 13 MAI. 2019.

6. ________. Vantagens da EAD. Disponível em: https://youtu.be/6KdUyjP42Mo; Acesso em:


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7. MATTAR, João. Youtube na Educação: O uso de vídeos na EAD. Universidade Anhembi


Morumbi – São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.joaomattar.com/YouTube%20na%20
Educa%C3%A7%C3%A3o%20o%20uso%20de%20v%C3%ADdeos%20em%20EaD.pdf; Aces-
so: em 20 JUL. 2019.

8. MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão integrada. / tra-
dução: Roberto Galman – São Paulo: Cengage Learning, 2008. Disponível em: https://www.
academia.edu/5116276/Uma_Vis%C3%A3o_Integrada; Acesso em: 02 MAI. 2019.

9. MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação & Educação. São
Paulo, ECA-Ed. Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995. Disponível em: http://www.eca.usp.
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10. ________. Mídias Digitais – Possibilidades de uso de mídias (vídeo). PORTAL DO PRO-
FESSOR. Dia a Dia da Educação. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/
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11. SAPUCAIA, Flávio dos Santos. A gestão da tutoria no curso para integrantes da escola
de formação de professores do Estado de São Paulo: possibilitando novas abordagens
pedagógicas em EAD. 2012. Tese (Doutorado em Educação) – PUC – SP – São Paulo, 2012.
Disponível em: https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/9662/1/Flavio%20dos%20Santos%20
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12. SILVA, José Erigleidson. Blended Learning Baseado na Inteligência Coletiva: análise de
um curso de formação judiciária. 2017. F245. Tese (Doutorado em Educação, Arte e História
da Cultura) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017.

13. TORI, Romero. Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias
em ensino e aprendizagem. – São Paulo: Editora Senac. – São Paulo, 2010. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3446211/mod_resource/content/2/tori-educacaosem-
distancia.pdf; Acesso em: 11 MAI. 2019.

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Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
SOBRE OS ORGANIZADORES

Liege Coutinho Goulart Dornellas


Doutora em Educação pela UFES (2016-2020). Mestre em Educação pela UFJF (2009-2011) e Especialista em Treinamento
Desportivo (2003). Graduada em Licenciatura Plena em Educação Física pela UFJF ( 2002). Graduada em Licenciatura
em Pedagogia pela UNIUBE (2016). Integrante como pesquisadora externa do Núcleo de Estudos Educação Física, Corpo e
Sociedade (NECOS) vinculado a UFJF-GV. Experiência como docente (substituta) no curso de Bacharelado em Educação Física
na UFJF/GV (2018-2019). Ministrando as disciplinas. Dimensões Éticas, Estudos do Lazer, Política Pública do Esporte e Lazer
e Recreação e Jogos e Natação. Docente titular na UNIPAC- GV, (desde 2008),sendo docente do curso de Licenciatura em
Educação Física com experiências nas disciplinas: Didática, Didática da Educação Física, Educação Física no Ensino Fundamental
nos Anos Finais, Estágio I e Estágio II, Políticas Educacionais da Educação Básica, Projeto de Pesquisa, Ensino de Educação Física
para Portadores de Necessidades Especiais , Prática Pedagógica com ênfase em Educação para Portadores de Necessidades
Especiais, Organização de Eventos Escolares, Natação, Treinamento Desportivo e Educação Física nos anos finais do Ensino
Fundamental e no Ensino Médio. Experiência docente no curso de Bacharelado em Educação Física da UNIPAC-GV e no curso
de Enfermagem da mesma Instituição. Experiência no cargo de Analista Educacional da SRE-MG na cidade de Governador
Valadares (2014-2015) e no cargo administrativo de Assistente de Supervisão de Estágio (2011-2013) e Assessor II-B (
2013). É docente de Educação Física, efetiva, da Secretaria Estadual de Educação-SEE do Estado de Minas Gerais desde 2002.
http://lattes.cnpq.br/1556776085970712

Ticiano Azevedo Bastos


Mestre em Educação Matemática pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP (2019), especialista em Educação Matemática
pelo Centro Universitário de Caratinga - UNEC (2006) e graduado em Matemática, licenciatura plena, pela Universidade Vale do
Rio Doce - UNIVALE (2004). Desde o ano de 2004 atuo na área da Educação, com experiência na docência de Matemática no
Ensino Básico - Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio e no Ensino Superior na docência das disciplinas de Álgebra Linear, Cálculo
Integral e Diferencial, Estatística e Probabilidade, Fundamentos de Matemática, Geometria Analítica, Matemática Financeira,
Matemática Discreta e Pré Cálculo. Realizo pesquisas na área da Educação Matemática relacionadas à Modelagem Matemática.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2182344910469487

Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
ÍNDICE REMISSIVO

C Q
Criança: 65, 69, 73 Questionários: 30

E V
Educação: 13, 14, 15, 16, 18, 19, 20, 21, 22, 27, Vídeos: 88
28, 30, 31, 32, 38, 39, 40, 43, 47, 54, 57, 59, 60,
62, 63, 67, 69, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 82,
83, 85, 86, 88, 89, 90, 91, 95, 96, 97
Educação a Distância: 96

Educação Infantil: 76, 83

Engenharia: 49, 53, 54, 66

Ensino: 19, 20, 21, 23, 30, 31, 38, 39, 40, 42,
47, 49, 54, 57, 59, 67, 73, 75, 82, 85, 97

Ensino Superior: 39

F
Formação Docente: 13

G
Gamificação: 55, 63

Graduação: 13, 14, 42, 88

I
Imaginação: 65

Inquéritos: 30

M
Mídia: 88

Mobile Learning: 48

P
Pandemia: 13, 14, 15, 18, 30, 42, 49, 65, 74, 77

Pibid: 13, 21, 24, 25, 27

Políticas Públicas: 12, 27, 39

Políticas Educacionais e Práticas Pedagógicas em Tempos de Pandemia: tensões e novas perspectivas na educação brasileira
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&Práticas Pedagógicas
em Tempos de Pandemia
TENSÕES E NOVAS PERSPECTIVAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

editora científica

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