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Organizadores Fabricio Santos Rita

Claudiomir Silva Santos Ronei Aparecido Barbosa

VIGILÂNCIA
&
SAÚDE AMBIENTAL
NO CONTEXO DA EDUCAÇÃO

editora científica
Organizadores Fabricio Santos Rita
Claudiomir Silva Santos Ronei Aparecido Barbosa

VIGILÂNCIA
&
SAÚDE AMBIENTAL
NO CONTEXO DA EDUCAÇÃO
1ª EDIÇÃO

editora científica

2021 - GUARUJÁ - SP
Copyright© 2021 por Editora Científica Digital
Copyright da Edição © 2021 Editora Científica Digital
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Priscyla Lima de Andrade


Centro Universitário UniFBV, Brasil

Andre Muniz Afonso


Universidade Federal do Paraná, Brasil
APRESENTAÇÃO
Entender que não somos únicos no planeta, que nossas ações influenciam e são influenciadas, que o conhecimento científico
é importante e que a educação liberta faz parte da consciência de um ser crítico e reflexivo que se preocupa com as
ações éticas e com a prática social.
Somos uma teia de relações, de modo especial, da relação do indivíduo com seu meio pode existir uma harmonia com
resultado positivo, assim como uma desarmonia que pode resultar em doenças ou agravos à saúde. Nesse aspecto as ações
de vigilância que visem acompanhar e monitorar esta relação do indivíduo e seu meio são importantes, tal qual o processo
educacional que visa conscientizar e formar pessoas atentas a seu papel e de suas ações sobre seu meio.
Com uma atualidade marcada por fenômenos ambientais diversos e muitas vezes extremos acompanhá-los assim como
incentivar a popularização do conhecimento científico se faz papel fundamental em tempos atuais, falar de saúde, de
educação e meio ambiente é refletir de forma ampla sobre a enorme teia de ações e relações que tecemos com nosso
meio todos os dias.
A obra visa contribuir com esta reflexão apresentando textos diversificados em torno de uma temática central, para isso
contamos com uma estrutura de texto que busca unidade e reflexão.
Contamos com pesquisadores e profissionais de diversas áreas e Instituições que somam esforços para uma reflexão genuína
e plural em torno do tema. Tantos os autores quanto às suas instituições tem nossa mais elevada estima e reconhecimento
nessa obra pois educação e Ciência andam juntas.
Esperamos que a obra possa ajudar a popularizar o conhecimento científico nesse campo e ser fonte de conhecimento para
diversos alunos e profissionais, assim como para o público em geral.

Claudiomir Silva Santos


Fabrício Santos Ritá
Ronei aparecido Barbosa
SUMÁRIO
CAPÍTULO 
01
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO ESCOLAR
Fabricio dos Santos Rita; Claudiomir Silva Santos; Ronei Aparecido Barbosa; Generci Dias Lopes

' 10.37885/210604961................................................................................................................................................................................... 13

CAPÍTULO 
02
AIR QUALITY BIOMONITORING OF TRACE ELEMENTS IN THE METROPOLITAN AREA OF HUANCAYO, PERU USING
TRANSPLANTED TILLANDSIA CAPILLARIS AS A BIOMONITOR
Alex Rubén Huamán De La Cruz; Julio Miguel Ángeles Suazo; Ide Gelmore Unchupaico Payano; Nancy Curasi Rafael; Nancy Curasi
Rafael; Roberto Angeles Vasquez; Nataly Angeles Suazo; Hugo Abi Karam; Luis Ernesto Tapia Lujan; Moisés Ronald Vásquez Caicedo-
Ayras; Lino Elias Fernandez Bonilla

' 10.37885/210303966...................................................................................................................................................................................24

CAPÍTULO 
03
APLICAÇÃO DE MODELOS ESTATÍSTICOS PARA AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE VETORES NUMA COMUNIDADE RURAL
DE UBERLÂNDIA (MG), UTILIZANDO A METODOLOGIA DA OVITRAMPA
João Carlos de Oliveira; Douglas Queiroz Santos; Arcenio Meneses da Silva; Paulo Irineu Barreto Fernandes

' 10.37885/210604917....................................................................................................................................................................................45

CAPÍTULO 
04
CALIBRAÇÃO DO MODELO WEAP PARA UMA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO PARACATU

Felipe Bernardes Silva; Laura Thebit de Almeida; Demetrius David da Silva; Alisson Souza de Oliveira; Edson de Oliveira Vieira; Allan
dos Santos Teixeira

' 10.37885/210504465.................................................................................................................................................................................. 65

CAPÍTULO 
05
CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DAS PEDRAS NO MUNICÍPIO DE PALMAS
– TO
Denise Domingos dos Santos Martins; Roseanne Veloso de Camargo; Girlene Figueiredo Maciel; Juan Carlos Valdés Serra; Joel
Carlos Zukowski Junior

' 10.37885/210504716.................................................................................................................................................................................... 71
SUMÁRIO
CAPÍTULO 
06
DIFERENTES FONTES ALIMENTARES E SEUS EFEITOS NA PRODUÇÃO DE HÚMUS E BIOMASSA DA MINHOCA GIGANTE
AFRICANA
Amanda Fialho; Ubiramar Ribeiro Cavalcante; Franciane Diniz Cogo; Rafaella Gouveia Mendes; Josef Gastl Filho; Julia Peres Gonçalves

' 10.37885/210404345................................................................................................................................................................................... 87

CAPÍTULO 
07
DINÂMICA DO ESCOAMENTO EM ÁREAS DE RECARGA DE NASCENTES NA REGIÃO SERRA DA MANTIQUEIRA, MG
Alisson Souza de Oliveira; Antônio Marciano da Silva; Carlos Rogério de Mello; Geovane Junqueira Alves; Rosângela Francisca de
Paula Vitor Marques; Aurivan Soares de Freitas; José de Oliveira Melo Neto; Felipe Bernardes Silva
' 10.37885/210504705.................................................................................................................................................................................. 94

CAPÍTULO 
08
DIRECT RADIATIVE FORCING DUE TO AEROSOL PROPERTIES AT THE PERUVIAN ANTARCTIC STATION AND METROPOLITAN
HUANCAYO AREA
Julio Miguel Ángeles Suazo; Alex Rubén Huamán De La Cruz; Roberto Angeles Vasquez; Nataly Angeles Suazo; Rony William Huamán
De La Cruz; Ide Gelmore Unchupaico Payano; Nancy Curasi Rafael; Luis Ernesto Tapia Lujan; Moisés Ronald Vásquez Caicedo-Ayras;
Lino Elias Fernandez Bonilla
' 10.37885/210303965................................................................................................................................................................................ 104

CAPÍTULO 
09
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A ESCOLA NO NOVO PARADIGMA DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL E O SISTEMA PREVENTIVO
Lázaro Pereira Dourado; Lourivaldo Silva Santos

' 10.37885/210504777.................................................................................................................................................................................. 118

CAPÍTULO 
10
ESTIMATIVA DO POTENCIAL ENERGÉTICO DE UM ATERRO SANITÁRIO POR MEIO DE DUAS METODOLOGIAS
Aline Tathyana Alves Felca; Raphael Felca Glória; Regina Mambeli Barros; Arnaldo Pereira Alves

' 10.37885/210604900................................................................................................................................................................................ 131

CAPÍTULO 
11
ESTUDO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DO MANGUEZAL E DAS PRAIAS DA CIDADE DE NATAL-RN
Ana Karla Costa de Oliveira; Joseane Schmidt dos Santos; Pamela Melo da Rocha; Samuel da Silva Guedes

' 10.37885/210604935................................................................................................................................................................................. 141


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
12
O ATROPELAMENTO DE FAUNA E A PRÁTICA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Lucas Silva Santos Júnior; Francisco Diego Barros Barata; Eliane Furtado da Silva; Mauricio Souza dos Santos

' 10.37885/210303566................................................................................................................................................................................. 147


CAPÍTULO 
13
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ PRODUZIDAS EM MANEJO ORGÂNICO E CONVENCIONAL

Amanda Fialho; Rafaella Gouveia Mendes; Josef Gastl Filho; Franciane Diniz Cogo; Ana Paula Santos da Silva; Alisson Rodrigues de
Resende; Eleusa Maria Ferreira Rocha; Julia Peres Gonçalves

' 10.37885/210404228................................................................................................................................................................................. 157


CAPÍTULO 
14
UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO NAS IMAGENS CBERS 4 A PARA A AVALIAÇÃO DE ASPECTOS
DA QUALIDADE DA ÁGUA (MACRÓFITAS E CLOROFILA A): ESTUDO NO RESERVATÓRIO BIRITIBA-MIRIM – SP

Bruno Gomez Leguizamon Bertoni; Joel Barbujiani Sígolo

' 10.37885/210504728................................................................................................................................................................................ 163

SOBRE OS ORGANIZADORES.............................................................................................................................. 185

ÍNDICE REMISSIVO.............................................................................................................................................. 186


01
A educação ambiental na gestão
escolar

Fabricio dos Santos Rita


IFSULDEMINAS

Claudiomir Silva Santos


IFSULDEMINAS

Ronei Aparecido Barbosa


IFSULDEMINAS

Generci Dias Lopes


IFSULDEMINAS

10.37885/210604961
RESUMO

As reflexões sobre a situação do meio ambiente, vem apontando para a necessidade de


soluções sustentáveis e ambientalmente corretas, além de estabelecer diretrizes para
as pesquisas e implementação de ações ao que se refere a ações de educação ambien-
tal no espaço escolar. Desta forma, o objetivo geral deste breve estudo, centra-se em
elucidar a escola como uma ferramenta de entendimento do meio ambiente na gestão
escolar. A metodologia empregada consiste em uma pesquisa bibliográfica descritiva,
com caráter quantitativo sobre o tema. Como conclusão, é possível entender que a ges-
tão escolar conjuntamente com toda a comunidade escolar (professores, alunos, pais e
colaboradores) possuem um papel fundamental no estímulo, incentivo e propagação da
sustentabilidade.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Gestão Escolar, Meio Ambiente.

14
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

As reflexões sobre a situação do meio ambiente, vem apontando para a necessidade


de soluções sustentáveis e ambientalmente corretas, além de estabelecer diretrizes para
as pesquisas e implementação de ações ao que se refere a ações de educação ambiental
no espaço escolar.
Este cenário, é decorrente do crescimento desordenado das cidades, da ausência do
planejamento urbano, da falta de um plano diretor eficiente, da grande extração de recursos
naturais, atrelado com a emissão de gases poluentes, má gestão do lixo produzido, com
impactos na atmosfera, rios, mares, e principalmente a educação.
A problematização que se buscou estudar através deste estudo, pode ser entendida
por intermédio da seguinte pergunta, a gestão escolar na atualidade trabalha efetivamente
a educação ambiental- EA e estimula sua implementação?
Dentro deste contexto, a escola tem a funcionalidade de ser uma ferramenta de pro-
moção do pensamento crítico a respeito do tema, e de conhecimento e respeito ao meio
ambiente ao elucidar na gestão escolar, aos alunos e professores, uma visão crítica e global
ao respeito do tema, propiciando a possibilidade de adoção de uma posição ambientalmente
correta, consciente, sustentável e ativa na proteção ao meio ambiente (na comunidade, na
região, no planeta).
Desta forma, o objetivo geral deste breve estudo, centra-se em elucidar a escola como
uma ferramenta de entendimento do meio ambiente na gestão escolar. Já os específicos,
descrever a EA enquanto prática pedagógica, elucidar a função da escola no contexto am-
biental, e destacar a evolução dos elementos da comunidade escolar na condução da EA.
Justifica-se a opção deste tema, decorrente da necessidade de compreender a reali-
dade a qual se encontra o meio ambiente, bem como demonstrar aos alunos e professores
a importância de adotar hábitos sustentáveis, de proteção e preservação ao meio ambien-
te, promovendo neste sentido o desenvolvimento crítico e de cidadania na tomada de de-
cisões coletivas.
Sendo assim o desenvolvimento deste estudo aborda três tópicos de fundamentação
teórica, por meio de uma pesquisa bibliográfica descritiva, com caráter quantitativo sobre o
tema e ao final as considerações da pesquisa.

A PRÁTICA PEDAGÓGICA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

No ano de 2012, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental-


DCNEA, descrevem o objetivo de facilitar diferentes discussões da implementação da
Educação Ambiental – EA em todos os níveis de ensino, ou seja, com início na educação
15
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
infantil até o ensino superior, havendo intensa abordagem de práticas pedagógicas pautadas
na EA (BRASIL, 2012). Este documento representa uma importante ferramenta norteadora
para toda a sistematização do ensino brasileiro, por meio de uma prática educativa, contínua,
permanente e interdisciplinar.
As escolas brasileiras possuem diversas informações e orientações para uma prá-
tica pedagógica efetiva para a inserção da EA na realidade cotidiana. Contudo Saheb e
Rodrigues (2016) descrevem, que mesmo com todo este cenário descritivo, há a necessi-
dade de capacitação docente, que resvala no terceiro objetivo das Diretrizes, que passam
a delimitar a formação docente efetiva, que permita o trabalho crítico e construtivista das
questões ambientais de maneira linear e plena, descaracterizando o viés conservacionista,
bem como ações isoladas.
Neste linear, para que seja possível inserir a EA de maneira efetiva na educação, é
necessária uma abordagem interdisciplinar, conforme descreve Saheb (2013), desde os
primeiros documentos, como a Carta de Belgrado (1975) e a Declaração de Tbilisi (1977), a
interdisciplinaridade tem sido um princípio da EA. Ambos afirmam que a EA é o resultado de
um diálogo entre diferentes disciplinas e experiências educacionais. Portanto, um conjunto
de educadores devem adotar uma abordagem baseada em uma ampla base interdisciplinar.
Parte-se da ideia de que como prática educativa a EA é antes de mais nada as questões
socioambientais de interesse social.
Tratar as questões ambientais no contexto interdisciplinar em cada componente curri-
cular é fundamental, bem como trata-los como temas transversais. Uma vez que “tratam de
processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas
famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano” (BRASIL, 1998, p. 26).
Morales (2010) argumenta que o objetivo da EA ambiental é capacitar profissionais com
novas reflexões e valores socioambientais, para que entendam complexas inter-relações e
sejam motivados a realizar ações reflexivas e críticas.
Sendo assim todo o tocante de articulação entre a educação e meio ambiente é pri-
mordial, primeiramente porque a educação é a mediadora de todas as relações de cunho
social humano, o que compete uma exigência dos profissionais da educação, quanto a com-
preensão de toda a complexidade da relação entre sociedade e o meio ambiente, criando
neste sentido a necessidade de um conhecimento específico chamado de saber ambiental.
Além de demonstrar a importância da docência na criação de espaços de diálogos,
elaboração de problemas, sugestão de soluções e uma atitude coordenada e organizada
da Gestão Escolar para o cumprimento das Diretrizes curriculares no alcance dos temas de
abordagem da EA.

16
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
O Conhecimento Pedagógico e a Realidade Ambiental

De acordo com Leff (2015) o conhecimento ambiental problematiza o conhecimento


disperso na gestão de disciplinas e departamentos de desenvolvimento, constitui um campo
orientado para o conhecimento teórico e prático, e constitui um campo orientado para a reex-
pressão da relação entre sociedade e natureza. Esse conhecimento não se limita a expandir
o paradigma ecológico para compreender a dinâmica dos processos socioambientais, nem
se limita aos componentes ecológicos do paradigma do conhecimento atual.
Estratégias direcionadas para o entendimento das questões climáticas, dos impactos
causados pela interferência humana, poluição, entre outros, são temas importantes no dire-
cionamento por parte dos docentes, que atrelado à prática permanente contribuirá e formará
cidadãos mais conscientes, tanto a curto, médio e longo prazo.
Destaca-se ênfase para os anos iniciais do Ensino Fundamental, visto que nesta etapa
da educação, os alunos estão em processo de descobertas e transformações, bem como
promotores de estímulos aos pais e a sociedade.
A EA ambiental representa uma forma de dialogar com as questões ambientais através
de exemplos, discussões, estudos de caso, reflexões e questionamentos acerca de hábitos,
atitudes e ações realizadas no cotidiano da sociedade. No senso comum, esta abordagem
visa a mudança de valores, e comportamentos de forma a estabelecer outra relação entre
o homem e a natureza, que não seja mais instrumental e utilitária, e assim se harmonize e
respeite os limites ecológicos (LOUREIRO; LAYRARGUES; CASTRO,2009).

Imagem 01. Fotografia de ações interdisciplinares de EA com alunos.

Fonte: Arquivo do Autor.

17
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Imagem 02. Fotografia do Projeto criado pela Gestão Escolar em EA.

Fonte: Arquivo do Autor.

Torna-se imprescindível que haja a introdução da questão ambiental de maneira que


busque sensibilizar os alunos e os envolva nas ações ambientais, criando a possibilidade
de percepção do aprendiz em relação ao cuidado, e respeito, formalizando o compromisso
social com o meio ambiente descrito nas Diretrizes Curriculares.
Assumir a EA como um compromisso social significa a criação de vínculos estreitos e o
estabelecimento da ligação entre justiça ambiental, desigualdade e mudança social, ou seja,
construir uma educação que busque a construção da cidadania, que seja transformadora,
e que permita e oportunize a observação com clareza e objetividade das questões sociais
(LOUREIRO; LAYRARGUES; CASTRO,2009).
Sendo assim, a proposta da EA deve estar em linha com uma natureza multidimen-
sional, e interdisciplinar, possibilitando o envolvimento dos aspectos ambientais, políticos,
sociais, culturais e econômicos.
Dessa forma o viés ambiental que estava deixado de lado, passa a ser um agente de
protagonismo na educação brasileira, tendo como exemplo a gestão escolar, os professores,
os alunos e consequentemente a comunidade.

18
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Imagem 03. Fotografia do Professor plantando árvores nas ações de EA.

Fonte: Arquivo do Autor.

A EVOLUÇÃO DO Professor, Da escola e DA SOCIEDADE

No que tange as considerações docentes, é de entendimento que a profissão sofreu


intensas modificações ao longo dos anos.
De acordo com Imbernón (2011) entende-se que, as escolas evoluíram exponencial-
mente no decorrer do século XX, contudo, o fez sem romper com diretrizes que estavam
incumbidas na sua origem: centralista, selecionadora, individualista e centralista.
Com base nesta argumentação, para haver a formalização da EA, é importante que
haja o rompimento com o viés tradicionalista da educação, ou seja, há a necessidade de
superar diversos paradigmas dentro da escola, criando neste sentido uma nova perspectiva
educativa, contudo, esta responsabilidade não é somente do professor, mas sim de toda a
comunidade escolar (diretor, pedagogos, professores, pais e responsáveis), para que assim,
e somente assim o processo de EA seja levado para fora da sala de aula.

19
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Imagem 04. Fotografia de um pai de aluno envolvido nas ações de EA.

Fonte: Arquivo do Autor.

Para Imbernón (2011), a instituição escolar não deve mais ser o único lugar em que
apenas aprende o conhecimento básico (quatro operações, socialização e profissional) e
replica o conhecimento dominante, pressupondo que ele também deve se refletir em todos
os seus aspectos de vida. A complexidade, a relação entre ela e a comunidade e todas as
redes de equipamentos, para revelar uma forma de compreender o mundo e de ensinar o
mundo e todas as suas manifestações desta forma.
Desta forma, a compreensão do ensino muda, sendo entendido como um grande
processo de construção social bem como a ligação com a ação educativa, que visa formar
cidadãos que entendam efetivamente toda a cadeia de complexidade das relações esta-
belecidas entre o meio ambiente e sociedade. Percebe-se aqui a necessidade imediata de
haver o oferecimento de diferentes caminhos metodológicos, ou seja, os professores preci-
sam propor práticas de ensino que tenham como foco a formação de profissionais, críticos,
éticos e refletores que enfrentem o novo paradigma científico e desempenhem um papel
adequado na sociedade da informação. (BEHERENS; ENS, 2015).
Para Torales (2010), seu desempenho (intencional ou não) pode inspirar a participação
na comunidade escolar e sua mudança, o que significa o processo político e ideológico.
A importância do processo de formação dos docentes dentro deste novo cenário,
principalmente quanto se oportuniza as descrições da EA, trouxe a necessidade de uma
redefinição de como deveria ocorrer o trabalho deste tema em sala de aula, sendo assim
em 2012 foram definidas as DCNEA, que passaram a dar uma ênfase de continuidade a
institucionalização da EA em todo o Brasil, que teve seu início de fato no ano de 1999 com a
Política Nacional de Educação Ambiental- PNEA. No que tange as pontuações dos aspectos
formativos, a DCNEA define que:

20
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Art. 11. A dimensão socioambiental deve constar dos currículos de formação
inicial e continuada dos profissionais da educação, considerando a consciência
e o respeito à diversidade multiétnica e multicultural do País.

Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação com-


plementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender de forma
pertinente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Educação Ambien-
tal. (BRASIL, 2012, p.3).

De acordo com Leff (2010) EA é uma grande prática pedagógica, por esta razão, toda a
motivação pela busca de novos conhecimento e práticas, é imprescindível para a realização
de práticas ambientais com visualização do cidadão, da escola, da comunidade e todos os
elementos envolvidos no contexto social.
Torales (2010) afirma que a formação de docentes passa a assumir um papel de des-
taque neste cenário, pois passa a ser considerada como um processo a ser formalizado de
maneira autônoma, visto que, este processo formativo depende unicamente de uma atitude
favorável por parte dos docentes, já que nenhuma ação de formação vai ser efetiva caso
não haja a disponibilidade dos que participam dela.
A EA na escola e na formação do professor evidencia uma necessidade de uma pedago-
gia ambiental que passa a inferir na junção de práticas, conhecimentos científicos, saberes po-
pulares, sendo desta forma, a prática na qual o ser individual e coletivo se constrói no saber.
Neste sentido, a pedagogia ambiental descrita por Leff (2010), tem por fundamentação
uma ligação entre a pedagogia crítica, e o pensamento de complexidade, essa é uma nova
compreensão do mundo, incorporando as limitações do conhecimento e a incompletude da
existência. É saber que a incerteza, o caos e o risco são o efeito da aplicação simultânea
de conhecimentos que visam aboli-los, condição inerente à existência e ao conhecimento.
Neste linear a perspectiva de EA, detém uma grande complexidade, que passa a ser
voltada para o desenvolvimento de práticas educativas reflexivas, fundamentadas no saber
ambiental, criando o resultado de uma racionalidade ambiental.
Para Loureiro, Layrargues e Castro (2010), a EA é uma forma de dialogar com as
questões ambientais. De acordo com o senso comum, esta abordagem visa a mudança de
valores, atitudes e comportamentos no sentido de estabelecer outra relação entre o homem
e a natureza, que deixa de ser instrutiva e utilitária e passa a ser uma forma de harmonia e
respeito aos limites ecológicos. Uma relação em que a natureza não pode mais ser compro-
metida apenas como um recurso natural, podendo desfrutar do prazer humano a todo custo.
Sendo assim, para que haja a possibilidade de mudança de pensamento em toda a
sociedade, há primeiramente a necessidade de que o docente compreenda a si mesmo,
passando a aceitar e perceber que todo o conjunto de erros e incertezas, fazem parte do pro-
cesso reflexivo e de autoformação, tanto em caráter pessoal, quanto em caráter profissional,
21
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
e que somente assim há a possibilidade do conhecimento acontecer de fato, promovendo a
liberação de momentos produtivos e criativos, em um em um esforço que dever planejado
sistematicamente, para que possa era de fato a articulação de aspectos que culminem para
a formalização do processo de ensino-aprendizagem ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A EA representa uma importante ferramenta na formação em todos os níveis de ensino.


Reconhecer o papel do professor no diálogo, nas discussões e na formação da socie-
dade significa despertar o papel do homem para com a natureza, sua relação de cooperação
e principalmente que a escola é o cenário de cidadania e preservação dos recursos naturais.
A Gestão Escolar conjuntamente com toda a comunidade escolar (professores, alunos,
pais e colaboradores) possuem um papel fundamental no estímulo, incentivo e propagação
da sustentabilidade.
Em suma, a EA e as ações pedagógicas devem estar alinhadas no contexto da inter-
disciplinaridade e transversalidade, impulsionadas pela gestão escolar e fundamentadas
na realidade vivenciada pelos alunos em prol do atendimento da PNEA e das Diretrizes
Básicas Curriculares.

REFERÊNCIAS
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ridade: Novas perspectivas teóricas e práticas para a formação de professores. 1.ed.
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Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
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Educação Ambiental). Universidade de Santiago de Compostela, Espanha, 2010.

23
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
02
Air quality biomonitoring of trace
elements in the metropolitan area of
Huancayo, Peru using transplanted
Tillandsia capillaris as a biomonitor

Alex Rubén Huamán De La Cruz Nataly Angeles Suazo


Universidad Nacional de Moquegua - Perú Universidad Tecnológica del Perú-Perú

Julio Miguel Ángeles Suazo Hugo Abi Karam


Universidad Tecnológica del Perú-Perú UFRJ-Rio-Brasil

Ide Gelmore Unchupaico Payano Luis Ernesto Tapia Lujan


Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central
Juan Santos Atahualpa – Perú Juan Santos Atahualpa – Perú

Nancy Curasi Rafael Moisés Ronald Vásquez Caicedo-Ayras


Universidad Peruana Unión Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central
Juan Santos Atahualpa – Perú

Nancy Curasi Rafael


Universidad Peruana Unión Lino Elias Fernandez Bonilla
Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central
Juan Santos Atahualpa – Perú
Roberto Angeles Vasquez
Universidad Nacional del Centro del Perú

10.37885/210303966
ABSTRACT

The air quality and distribution of trace elements in a metropolitan area of the Peruvian
Andes were evaluated using transplanted epiphytic Tillandsia capillaris as biomonitors.
Biomonitors were collected from the non-contaminated area and exposed to five sites with
different types of contamination for three months in 2017. After exposure, the content of
twenty-one elements were determined by ICP-MS analysis. Datasets were evaluated by
one-way ANOVA, exposed-to-baseline (EB), hierarchical cluster analysis (HCA) and prin-
cipal component analysis (PCA). Results showed significant differences among sampling
sites for several elements. According to EF ratios for Ba, Cr, Cu, Pb, Sb, and Zn EB ratios
value greater than 1.75 were found around urban areas, indicating anthropogenic influen-
ce, which can be attributed to vehicular sources. The highest values of As and Cd were
found in areas of agricultural practices, therefore their presence could be related to the
employment of agrochemicals (pesticides, herbicides, and phosphate fertilizers). HCA
shows that most elements come from vehicular sources and lower from agricultural and
natural sources.

Keywords: Active Biomonitoring, Bioaccumulation, Airborne Trace Elements, Peruvian


Andes, Tillandsia Capillaris.

25
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUCTION

Atmospheric deposition of toxic metals continues being a major concern worldwide be-
cause of their negative impact on the environment and human health. In the last decades a
significant deterioration of air quality due to urban growing, migration, increasing of vehicles,
construction/demolition of roads and buildings, and agricultural practices have been observed
in Huancayo city (Haller 2017, Haller and Borsdorf 2013, Milan and Ho 2014). However, due
to an unfortunate lack of suitable environmental policies, government disinterest, and eco-
nomical support, no measurements of air pollution are carried out in this area. Thus, the use
of biomonitors widely used in recent years to evaluate the air quality becomes an important
contribution to Huancayo city compared to expensive standard techniques (use of semi and
automatic High Volume Sampler (Hi-Vol)). Besides, the use of biomonitors allows us the pos-
sibility of monitoring many sites simultaneously by short or longer periods of time (Wannaz
et al. 2006). Biomonitors can be part of communities of living organisms used to obtain prime
information (qualitative and/or quantitative) on aspects of the environment that surround it
(Markert et al. 2003). Biomonitoring can be applied through of two methods: active and/or
passive biomonitoring. Passive biomonitoring refers to collect organisms occurring naturally
in the ecosystem or within the area of interest and analyze them. In active biomonitoring, the
biomonitors can be bred in laboratories or collected of pristine sites for posteriorly be exposed
in a standardized form (bag technique) within the area(s) of interest for a defined time period.
Lichens and mosses are two biomonitors widely used and recognized worldwide.
However, in recent years several species of the Bromeliaceae family Tillandsia species
(“air plants”) have proved also be appropriate biomonitors because they absorb moisture,
nutrients, and minerals directly from the atmosphere due to lack root system that avoid the
direct contact with the soil (Bermudez et al. 2009, Figueiredo et al. 2007, Wannaz et al. 2013).
A large number of these epiphytic Tillandsia species are widely distributed in South
America. Regarding the bioaccumulation capacity of atmospheric pollutants by epiphytic
Tillandsia genus, Tillandsia capillaris has proved to be an excellent bioaccumulator of trace
elements (TE) in the areas surrounding complex polymetallic mining/smelting in Oruro, Bolivia
(Goix et al. 2013, Schreck et al. 2016). In Argentina this species has been widely used to
determine polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) (Wannaz et al. 2013), physiological
parameters and accumulation of trace elements in different contexts (urban, agricultural,
industrial, and mining) (Abril et al. 2014, Bermudez et al. 2009, Mateos et al. 2018, Pignata
et al. 2002, Rodriguez et al. 2011, Wannaz et al. 2006). Also, T. capillaris was used to as-
sess the accumulation of PAHs and trace elements in urban, suburban and rural areas in
Germany (Rodriguez et al. 2010).

26
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
In Peru, studies using biomonitors for the measurement of pollutants in the environment
are very scarce. The only study was carried out in Lima using one lichen specie and one specie
of Tillandsia genus (Bedregal et al. 2009). Tillandsia capillaris perennial and endemic specie
usually found grows on trees, walls, rocks, cables, and electric poles. Hence, the purpose of
this study was to investigate the air quality of vicinities urban, peri-urban, and rural areas and
trace element distribution using transplanted specimens of Tillandsia capillaris as biomonitors.

MATERIALS AND METHODS

STUDY AREA

The present study was undertaken in the Metropolitan area of Huancayo, region Junin
(Peru). It is inhabited by 507,075 (INEI 2017) and located up 3200 meters above sea level.
Huancayo Metropolitano, a Peruvian mountain city, represents a zone peri-urban in develop-
ment, nestled in the valleys of the Mantaro River and bordered by mountains that act as natural
barriers for air circulation, avoiding the pollutant dispersion. Huancayo city has an important
agricultural development in its peripherical areas and it is considered central Peru’s economic
and social center. The climate is temperate with an annual mean temperature of 12 °C and
precipitation of 517 mm (Huancayo 2017). Western and southwestern winds prevail in this area
(Supplementary Material Figure - S1). Four sites were chosen for Tillandsia capillaris trans-
planting (Figure 1): (a) Huancayo (H, urban area at 3,259 m.a.s.l): The downtown Huancayo,
densely populated, where the main source of pollutants is vehicular traffic, (b) Tambo (T,
urban area at 3,260 m.a.s.l): neighborhood of the city of Huancayo with similar characteris-
tics of downtown, (c) Chupaca (Ch, agricultural-urban area at 3,263 m.a.s.l): is a peri-urban
area (has rural and urban characteristics) situated to 9.7 km southwest of Huancayo. Traffic
is medium compared to H and T but has large extensions of agricultural land, and (d) San
Agustin de Cajas (SC, agricultural-urban at 3280 m.a.s.l): located 9.9 km north of Huancayo
city, also is a peri-urban area with land used to agricultural practices. Traffic is much less
than downtown and is mainly composed of public transport and interprovincial buses.

TRANSPLANT EXPERIMENTS

Tillandsia capillaris specimens were collected from Eucalyptus tree trunk at Paucara
(12° 42’ 0” S, 74° 41’ 0” W), Acobamba Province, Huancavelica (Peru). This area is located
to the south of Huancayo city at approximately 138 km of distance and is characterized by
having a minimum contact with pollutant emission sources (considered unpolluted site). Net
bags containing ~50 g (6-8 plants) were prepared according to Wannaz and Pignata (2006)
27
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
and transplanted simultaneously (active biomonitoring) to the study area. In each area, seven
bags were hung 2.5 m over the ground at different distances. The process of transplantation
was held on the 10th September until 22th of December 2017 and corresponds to the spring
season with the minor possibility of rains. After the exposure period, plants were collected,
stored in paper bags and transported to the laboratory. Baseline element concentrations were
obtained analyzing original samples before transplantation. More detail about transplanting
sites can be found in Supplementary Material - Table S1.

Figure 1. Biomonitoring exposure sites in the Metropolitan area of Huancayo, Peru. The Map was prepared with Arc GIS
10.0 software.

MAJOR AND TRACE ELEMENTS DETERMINATION

First, all samples were dried until constant weight in an oven at 60 ± 2 °C and then grou-
nd in an agate mortar. About 200 ± 3 mg of each sample in triplicate into a savillex (Teflon
bottle) were weighted. Samples were digested using a suprapure mixture of 3.0 mL bi-distilled
HNO3 (Duo-PUR, Milestone, USA), 0.5 mL H2O2, and 0.1 mL HF in at hot plate at 250 °C for
four hours (Agnan et al., 2013). After digestion achieved, the samples were cooled, opened
and evaporated at 200 °C to beginning dryness. In order to remove remnant HF, 3.0 mL of

28
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
bi-distilled HNO3 was added and evaporated to beginning dryness tree times, and then finally
the samples solutions were diluted suitably containing 5% HNO3 into a Falcon tube (15 mL).
Major elements (Al, Ca, Fe, K, and Na) and trace elements (As, Ba, Cd, Ce, Co, Cr,
Cu, La, Mn, Ni, Pb, Sb, Sc, Sr, U, V, and Zn) concentrations were analyzed by Inductively
Coupled Plasma Mass Spectroscopy (ICP-MS, NexION 300 PerkinElmer, USA). Rh was
used as an internal standard to correct data for instrumental drifts and plasma fluctuations.
Instrumental conditions for ICP-MS measurements are presented in Table I. All the solutions
were prepared with high purity water (18.2 MΩ cm) obtained from a Milli-Q water system
(Milli-Q water purification system, Millipore Corp., USA). Analytical curves with six points for
each element were used and fitted using linear regression.

Table I. Instrumental conditions for ICP-MS measurements.

ICP-MS conditions Values


RF power 1150 W
Frequency 27.2 MHz
Plasma gas flow rate 11.5 L min–1
Auxiliary gas flow rate 0.55 L min–1
Nebulizer gas flow rate 0.97 L min–1
Sample uptake rate 0.6 mL min–1
Measurement mode Dual (PC/analog)
Acquisition time 1s
Dwell time 200 ms
Replicates 6

Analytical quality control

The accuracy of the analysis was checked using the certified reference material (CRM)
of plant SRM 1515 “apple leaves” which was published by National Institute of Standards
and Technology (NIST, Gaithersburg, USA). Blank samples were measured in parallel to
the decomposition and the analysis of the samples. The recoveries were expressed as the
ratio of the concentration measured to certified concentrations of SRM 1515. Major and tra-
ce elements concentration were expressed in dry weight (µg g–1 DW). All certified elements
presented satisfying recoveries in the 86.4-112% range (Table II).

29
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Table II. Values obtained for the Certified Reference Material NIST SRM 1515 (n=3).

Elements Certified Measured % extracted


Al 286 ± 9 277 ± 37 96.9
As 0.038 ± 0.007 0.034 ± 0.003 90.4
Ba 49 ± 2 45 ± 3 90.9
Ca 15260 ± 1500 13859 ± 700 90.8
Ce 3.00 2.91 ± 0.22 96.9
Cd 0.013 ± 0.002 0.012 ± 0.002 90.2
Co 0.09 0.10 ± 0.02 112.0
Cr 0.30 0.32 ± 0.10 105.9
Cu 5.64 ± 0.24 5.05 ± 0.28 89.5
Fe 83 ± 5 90 ± 22 107.8
K 16100 15186 ± 814 94.3
La 20 18 ± 2 91.5
Mn 54 ± 3 51 ± 4 94.4
Na 24.4 ± 1.2 24.7 ± 1.1 101.0
Ni 0.91 ± 0.12 0.95 ± 0.07 104.3
Pb 0.47 0.42 ± 0.04 89.4
Sb 0.01 0.014 ± 0.003 106.7
Sc 0.030 0.030 ± 0.001 108.9
Sr 25 ± 2 22 ± 3 86.4
V 0.26 ± 0.03 0.24 ± 0.02 90.7
Zn 12.5 ± 0.3 11.3 ± 0.8 90.6

Statistical treatments

Exposed-to-baseline (EB) ratio has been used to evaluate emission sources of the ele-
ments measured. The values obtained from this ratio were assessed according to the scale
adopted by Frati et al. (2005), where EB ratio values between 0.75 and 1.25 indicate normal
conditions in the environment; while 1.25 < EB < 1.75 indicate accumulation, and EB ratio
> 1.75 indicates severe accumulation of pollutants, which may be related to anthropogenic
emission sources.
In order to identify possible groups of elements as tracers of natural or anthropogenic
sources of the elements measured in the T. capillaris samples, hierarchical cluster analy-
sis (HCA) with Ward’s method was used. All statistical analysis in this study was perfor-
med by the CRAN R (R Team Core 2019) free language through of the following packa-
ges ggplot2 (Wickham and Chang 2016), dplyr (Wickham et al. 2017), and ClusterofVar
(Chavent et al. 2012).

30
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
RESULTS

Trace and major elements concentration in T. Capillaris

The arithmetic means, standard deviations, ranges of concentrations and ANOVA re-
sults of the elements measured in T. capillaris transplanted at the four sites and baseli-
ne site are shown in Table III. Overall element concentrations decreased in the followin-
go> K > Fe > Na > Mn > Ba > Zn > Sr > Cu > Pb > As > Ce > Cr > La > Ni > Co > V > Sb ≈ Sc >
Cd. In general, in most transplanted sites the biomonitors showed the highest concentration
values of the elements measured than baseline samples, confirming the pollutants accu-
mulation capacity of this bromeliad specie. A statistically significant difference (p < 0.05)
among exposure sites for Ba, Ca, Cd, Cu, Fe, Pb, Sb, and Zn were observed, while signifi-
cant differences (p < 0.01) were found for Al, As, Cr, and Na. No significant differences were
observed for K, La, Mn, Ni, Sc, Sr, and V. Highest concentration values of Ba, Cr, Cu, Fe,
Pb, Sb, V, and Zn were observed in the urban areas (H and T) than peri-urban areas (Ch
and SC). By contrast, the highest values of As and Cd contents were found in Ch and SC si-
tes. These areas have peri-urban characteristics, where residential areas and agricultural
areas coexist. Moreover, higher Ca content was found in H, and Ch sites. Like calcium in
considered a biomarker of cement production (Abril et al. 2014, Ferreira et al. 2012), the
abundant Ca found is probably released from local construction activities in form of waste
and crustal dust resuspension.

Eb ratios

The EB ratios calculated as described in section statistical treatments are shown in


Table IV. According to the scale of Frati et al. (2005), values greater than 1.75 are indicative
of anthropogenic influence. In this case, As, Ba, Ca, Cd, Cr, Cu, Pb, Sb, V, and Zn sho-
wed EB ratios > 1.75 for most exposure sites. While the whole study area presents six ele-
ments (As, Cd, Cu, Pb, Sb, and Zn) with EB ratios > 2.00, suggesting a strong influence of
these elements in the environment of Huancayo city.

Distribution maps of the elements with eb ratios > 1.75

The distribution map of As, Ca, Cd, Pb, Sb, and Zn are shown in Figures 2 to 7. In these
maps, darker areas are indicative of the presence of the element in higher concentrations.

31
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
HIERARCHICAL CLUSTER ANALYSIS

The dataset of the elements submitted to hierarchical cluster analysis yielded two dis-
tinct groups (Figure 8). K, Sr, Na, Mn, Ni, La, Sc, Al, Ce, V, and Co are grouped in Group
1, while Group 2 includes Zn, Cu, Fe, Pb, Ba, Sb, Cr, Ca, Cd and As (closely associated
among themselves). The dendrogram indicates that elements belonging to the same group
may have the same origin. As it is seen, the Group 1 contains elements related to natural
sources; while in Group 2 can be observed elements of anthropogenic origin.

Table III. Mean concentrations ± standard deviation S.D. (ug g–1 dry weight (D.W)) and ANOVA results of the 21 elements
measured in T. capillaris samples exposed during 3 months in the study area and control samples; N = number of samples
Baseline Tambo (T) Chupaca (Ch) Cajas (SC)
Rural (R) (N=5) Huancayo (H) (N=7) ANOVA
(N=5) N=7 N=8 N=8
Elements
p-value
Mean ± SD Mean ± SD Mean ± SD Mean ± SD Mean ± SD Mean ± SD
A
Al 6686 ± 340 b 6852 ± 138 b 9860 ± 169 a 8798 ± 994 a 7348 ± 888 b 6293 ± 1837 b **
As 2.74 ± 0.22 d 3.47 ± 0.30 d 4.62 ± 0.23 b 4.63 ± 0.57 b 7.93 ± 1.02 a 5.92 ± 0.77 c ***
Ba 53.01 ± 3.14 d 62.53 ± 3.32 d 106 ± 3 a 107 ± 10 a 84 ± 10 b 71 ± 7 c ***
Ca 5300 ± 145 c 6017 ± 721 c 10243 ± 773 a 9984 ± 422 a 9330 ± 990 b 6017 ± 721 c ***
Ce 4.41 ± 0.29 c 5.28 ± 0.32 c 6.70 ± 0.54 a 8.15 ± 1.41 b 5.34 ± 1.02 c 4.66 ± 0.72 c ***
Cd 0.09 ± 0.04 d 0.22 ± 0.02 c 0.24 ± 0.03 c 0.24 ± 0.05 c 0.33 ± 0.04 b 0.42 ± 0.05 a ***
Co 1.39 ± 0.13 b 1.60 ± 0.21 b 1.55 ± 0.11 a 1.54 ± 0.24 a 1.30 ± 0.19 c 1.15 ± 0.23 c *
Cr 2.79 ± 0.14 e 2.75 ± 0.43 e 6.63 ± 0.20 a 5.33 ± 0.31 b 4.21 ± 0.56 c 3.75 ± 0.49 d ***
Cu 3.77 ± 0.31 e 4.98 ± 0.65 e 18.22 ± 0.66 a 17.14 ± 0.95 b 10.02 ± 1.16 c 8.04 ± 0.76 d ***
Fe 1297 ± 92 e 1609 ± 108 d 2522 ± 132 a 2223 ± 208 b 1757 ± 90 c 1582 ± 185 d ***
K 5772 ± 56 b 5346 ± 364 d 6565 ± 183 a 5219 ± 356 d 5165 ± 550 d 5278 ± 502 c *
La 2.47 ± 0.38 b 2.58 ± 0.24 b 3.28 ± 0.47 a 3.24 ± 0.37 a 2.82 ± 0.43 b 2.65 ± 0.33 b *
Mn 197 ± 10 c 181 ± 24 c 179 ± 4 c 231 ± 37 a 213 ± 36 a 211 ± 35 b **
Na 678 ± 28 b 708 ± 16 b 732 ± 10 b 913 ± 71 a 661 ± 69 b 665 ± 146 b **
Ni 1.99 ± 0.14 c 3.14 ± 0.36 b 3.19 ± 0.29 a 3.79 ± 0.59 a 3.10 ± 0.77 b 2.89 ± 0.89 b ***
Pb 3.47 ± 0.10 d 5.36 ± 0.84 d 18 ± 2 a 18.0 ± 2.0 a 12.0 ± 1.05 b 8.0 ± 1.2 c ***
Sb 0.32 ± 0.04 e 1.13 ± 0.26 c 2.47 ± 0.28 a 2.26 ± 0.21 a 1.41 ± 0.31 b 0.72 ± 0.14 d ***
Sc 0.87 ± 0.14 b 0.78 ± 0.08 c 0.94 ± 0.04 b 1.17 ± 0.11 a 1.00 ± 0.17 b 0.84 ± 0.21 c ***
Sr 28.24 ± 1.32 b 34.10 ± 2.96 a 34.67 ± 1.06 a 33.68 ± 2.02 a 29.74 ± 2.21 b 29.13 ± 4.39 b ***
V 2.03 ± 0.13 d 2.25 ± 0.38 d 3.97 ± 0.68 a 3.95 ± 0.57 a 3.14 ± 0.45 b 2.52 ± 0.66 c ***
Zn 18.42 ± 1.16 f 29.60 ± 3.48 e 117 ± 5 a 99 ± 5 b 78 ± 8 c 50 ± 5 d ***
A
Values on each horizontal line followed by the same letter do not differ significantly at p < 0.05. * Mean significant at p < 0.05. ** Mean
significant at p < 0.01. *** Mean significant at p < 0.001.

Table IV. EB ratios calculated for 21 elements measured in the samples of transplanted T. capillaris transplanted in each
site, after three months of the exposure period.
Huancayo Tambo Chupaca Cajas Average
Elements Rural
(H) (T) (Ch) (SC) Whole area
Al 1.02 1.35 1.47 1.12 0.89 1.21
As 1.27 1.71 1.76 2.66 2.18 2.07
Ba 1.18 2.00 1.96 1.68 1.35 1.75
Ca 1.06 1.95 1.76 1.95 1.20 1.71
Ce 1.20 1.54 1.99 1.53 1.09 1.54
Cd 2.51 2.79 2.73 3.89 4.80 3.55

32
Co 1.15 1.10 1.11 0.97 0.83 1.00

Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação


Huancayo Tambo Chupaca Cajas Average
Elements Rural
(H) (T) (Ch) (SC) Whole area
Cr 1.00 2.39 1.99 1.84 1.37 1.90
Cu 1.32 4.86 4.34 3.08 2.13 3.60
Fe 1.24 1.65 1.54 1.30 1.07 1.39
K 0.93 1.14 1.11 1.13 0.92 1.07
La 1.04 1.37 1.40 1.29 1.07 1.27
Mn 0.91 0.97 1.16 0.93 0.96 1.01
Na 1.04 1.08 1.40 1.00 0.96 1.11
Ni 1.58 1.64 1.89 1.72 1.46 1.68
Pb 1.55 5.77 5.17 4.13 2.44 4.38
Sb 3.59 7.93 6.17 4.75 2.41 5.31
Sc 0.90 1.09 1.45 1.20 1.02 1.19
Sr 1.21 1.11 1.16 1.26 0.92 1.11
V 1.10 1.93 2.13 1.74 1.21 1.74
Zn 1.61 7.28 5.99 4.57 3.23 5.27
Normal conditions (0.75-1.25) is with a normal letter, accumulation (1.25 – 1.75) is highlighted in italic, and severe
accumulation in bold (> 1.75).

Figure 2. Distribution map of As concentrations.

33
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figure 3. Distribution map of Ca concentrations.

Figure 4. Distribution map of Cd concentrations.

34
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figure 5. Distribution map of Pb concentrations.

Figure 6. Distribution map of Sb concentrations.

35
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figure 7. Distribution map of Zn concentrations.

Figure 8. Results of the hierarchical cluster analysis (dendrogram) of the elements measured in T.capillaris.

DISCUSSION

The EB ratio values obtained for As (T, Ch, and SC sites), Ba (H and T), Ca (H, T, and
Ch), Cd (all sites), Cr (H, T, and Ch), Cu (all sites), Pb (all sites), Sb (all sites), V (H and T),
and Zn (all sites) were all greater than 1.75, suggesting severe influence of anthropogenic
sources in the Metropolitan area of Huancayo. Considering the whole study area was ob-
served accumulation (1.25 < EB ratios < 1.75) of Ca, Ce, Fe, La, Ni, and V. These results
suggesting the influence of soil particles in minor proportion than anthropogenic origin. For
example, Ca enrichment is probably related to both, local construction dust activities and
36
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
crustal dust resuspension, Likewise, Ce and La, two lanthanides used in the manufacturing of
catalytic converters (Rached et al. 2018) for the control of vehicle emission are also released
into the environment and there is evidence that their concentration in soils and plants exhibit
cytotoxic effects, causing a decrease in root elongation (Kotelnikova et al. 2019).
Significantly EB ratios > 1.75 were found for As, Cd, Cu, Pb, Sb, and Zn confirming
their anthropogenic origin of these elements, while Al, Co, K, Mn, Na, Sc, and Sr in the whole
study area was found to normal conditions (EB ratios < 1.25) in the environment, which could
indicate natural origin (Table IV).
In the literature, Cd, Cu, Pb, Sb, and Zn are considered toxic elements (Cooper and
Harrison 2009, Hoodaji et al. 2012, Yaman 2006) being that these elements usually are
released from vehicles through vehicular exhaust emissions, and both tire and brake wear
in urban areas (Pellegrini et al. 2014, Rodriguez et al. 2011). Effectively, these elements
presented higher concentration values around urban areas (T and H sites) from Huancayo
city (Table III), where car congestion happens every day and during all day.
On the basis of EB ratios, Pb can cause severe effects on human health, especially
among children (USEPA 1999). Peruvian vehicles no longer use leaded gasoline after it
was banned in 2009 (Onursal 1997). However, Pb still presents in the environment of the
Metropolitan area of Huancayo can be due to past emissions (contaminated soils, water pipe
debris) and the fast increase of Huancayo’s vehicle population. For instance, Pb is widely
used in a number of car components such as lead-based paint, lead wheel weights, lead-acid
batteries and solder in electronics (Song et al. 2012). Similar conclusions were reported by
Vianna et al. (2011) who assessed the Pb concentration in two Metropolitan areas (Rio de
Janeiro and Salvador) from Brazil. Arsenic is ubiquitous in the environment and until the 1970s
approximately 80% was used to the manufacturing of arsenical pesticides (mostly as sodium
arsenite). Actually, due to its toxicity, the use of As for manufacturing of pesticides decreased
by about 50%, however organic As compounds still dominate the production of pesticides
(Kabata-Pendias, 2010). Cadmium emissions arise from either natural or anthropogenic
sources, including volcanic emissions, smelting, and refining of nonferrous metals, fossil fuel
combustion, iron and steel industry, municipal waste incineration and the use of fertilizers
derived from rock phosphate (WHO 2000). Like higher EB ratios values from As and Cd were
found in Ch and SC sites, where huge tracts of land are used for the production of several
crops, we may assume that elevated concentrations of As and Cd are related to the intense
use of pesticides in agricultural activities.
The distribution map of As (Figure 2) shows high levels of this element to the south-
western and relatively elevated to the north. In these places are located the sites Ch and SC,

37
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
where the land is used to agricultural practices for production of different types of crops and
vegetables such as vegetables, corn, potatoes, onions among others.
The results of Ca concentrations in T. capillaris are illustrated in Figure 3. Calcium
element is considered a biomarker for cement production (G. Abril et al. 2014; Ferreira et al.
2012). As it is seen, calcium element is widely distributed in almost all study areas with
the higher content of this element being observed in Ch, T, and H sites. In recent years,
both T and H sites suffer a transformation with the demolition of roads and the historic
“Plaza Constitution” located in downtown and the construction of three new supermarkets,
while Ch site is facing the built of residential buildings and bridges (Haller 2014; Haller and
Borsdorf 2013). Despite, the contact with this element may cause cancer (Koh et al. 2011,
Krejcirikova et al. 2018), dust pollution (Zuo et al. 2017) and environmental impact (Chen
et al. 2015), construction activities on this area are poorly controlled.
The highest contents of Cd were detected in the north and southwestern zone from
downtown (Figure 4), specifically in the two peri-urban areas (Ch and SC) where agricultural
activities are developed by farmers. Cadmium occurs naturally in the environment usually
linked to zinc (Lambert et al. 2007). Cadmium usually is emitted by smelting refining of non-
ferrous metals, fossil fuel combustion, metalliferous mining, incineration waste, phosphate
fertilizer production, and by industries using cadmium in rechargeable batteries, pigments,
electroplating, solar cells, and as plastic stabilizers. Cadmium in agricultural soils can enter
via phosphate fertilizers (0,1-170 mg/kg) (Kabata-Pendias 2010; Kratz et al. 2016). As the
land use in areas around from Metropolitan area of Huancayo is considered suitable for the
production annual and biennial of crops (Haller and Borsdorf, 2013), a big quantity of Cd may
be related to the use of agrochemicals (pesticides, fertilizers, and herbicides).
Lead is a toxic element even at low concentration and is related to vehicular emissions
and dust re-suspension (Wani et al. 2015). In Peru, leaded gasoline was banned in 2009
(Bekir Onursal, 1997), however, the distribution map of Pb (Figure 6) shows that Pb conta-
mination is still present in this area. A similar result has been reported by De la Cruz et al.
(2009) who studied the lead concentrations and its isotope ratios in samples of particulate
matter (PM10) before and after non-leaded fuel normative in Zaragoza (Spain) and concluded
no-statistically significant decrease in the average concentration of lead. The higher Pb levels
were found in Ch, H and T (the place where exist a gas station approximately twenty years
ago). No information about this element was found in the literature for comparison purposes
or to affirm the decreasing of this element compared to previous years.
The distribution map of Sb (Figure 8) shows three sites: two urban areas (T and H) and
a rural/urban area (Ch) with higher Sb content. Antimony is a metalloid and occur naturally as
trace elements in the environment (soils) (Sanchez-Rodas et al. 2017, Wilson et al. 2010),
38
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
however in the last decades this element was associated with traffic due to that several
parts of vehicle contain Sb alloys and other Sb compounds (Fujiwara et al. 2011, Hu et al.
2015, Sanchez-Rodas et al. 2017). According to EB ratios and the location, we can conclude
that Sb comes from vehicular sources.
The distribution map of Zn (Figure 7) revealed elevated content of this element in the
southeastern, around urban areas, which indicates anthropogenic origin. The highest levels
were observed in downtown (H) and it’s neighbor Tambo city. Both areas have a big circu-
lation of vehicles all day causing heavy traffic.
The hierarchical cluster analysis (Figure 8) helps us to elucidate our analysis. The
dendrogram shows two groups: the first-formed mainly by elements released from natural
origin (K, Sr, Mn, Na, Ni, La, Sc, Al. Ce, V, and Co), while the second group was represented
by As, Cd, Ca, Cr, Sb, Ba, Pb, Fe, Cu, and Zn elements probably released from anthropo-
genic activities.
Potassium, Na, Sr, Al, Sc, and Mn in the group show EB ratios > 1.25 (Table IV) and,
therefore, geogenic sources seem to prevail for this element association. Manganese (Mn)
is one of the most abundant trace elements derive from the lithosphere. Besides, Mn oxides
are considered to be the most abundant compounds of the Earth’s crust (Kabata-Pendias
2010). Manganese usually is used to provide hardness and toughness for steel and various
alloys manufacturing, for production of pigments, ceramics, and glass. Likewise, Manta et al.
(2002) supported a natural origin of Mn, Ni, Co, and V in urban soils of Italy, and Ventura
et al. (2017) reported that Na, K, and Al elements were released from natural sources in
urban areas from Rio of Janeiro, Brazil.
As it is observed in Figure 8, As and Cd are closely related, suggesting that both come
of similar sources. In this work, hypothesized that the presence of these elements could be
related to a wide array of agricultural applications as fertilizers and fungicides. Fe is emitted
by industrial and urban pollution sources (Speak et al. 2012). For instance, Fe-rich particles
are commonly released by traffic car and buses through brake-disc wear, brake-pad, and
corrosion of car-body parts (Miranda et al. 2016, Penkała et al. 2018).

CONCLUSIONS

The Tillandsia capillaris behaved as an effective biomonitor for assessment of air quality
in the Metropolitan area of Huancayo. The results of the study show the impact of anthro-
pogenic sources in the study area. Concerning the association between the trace elements
and the different anthropogenic activities, highest levels of Cu, Pb, Sb, Zn were found to
be related to vehicular emissions, while As and Cd content were found higher in peri-urban

39
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
areas, relating these elements to the employment of agrochemicals, while high content of
Calcium was observed near construction/demolition areas.

ACKNOWLEDGMENTS

The authors are grateful to Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível


Superior (CAPES, Brazil) and Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq, Brazil).

AUTHOR CONTRIBUTIONS

ARHD works on paper design, data interpretation, writing, and review. AFO worked on
the writing essay and methodology. RWHD worked on methodology and data interpretation.
JLL worked on data interpretation. A Gioda worked on the final essay and submitted it.
The authors have declared there are no conflicts of interest.

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44
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
03
Aplicação de modelos estatísticos
para avaliação da presença de vetores
numa comunidade rural de Uberlândia
(MG), utilizando a metodologia da
Ovitrampa

João Carlos de Oliveira


ESTES/UFU

Douglas Queiroz Santos


ESTES/UFU

Arcenio Meneses da Silva


IFTM

Paulo Irineu Barreto Fernandes


IFTM

10.37885/210604917
RESUMO

Este trabalho resulta do monitoramento de vetores utilizando ovitrampas e modelos es-


tatísticos numa comunidade rural, Uberlândia (MG), coordenado pelos Cursos Técnicos
Controle Ambiental e Meio Ambiente - ESTES/UFU, em parcerias com o Instituto Federal
do Triângulo Mineiro (IFTM). No Brasil não se pode imputar ao clima e nem aos arbovírus
como as únicas causas das arboviroses, pois os estilos e modos de vida das pessoas são
problemas de saúde pública em função das multicausalidades ambientais, as determina-
ções sociais. Na área de estudo encontram-se três vetores, Aedes aegypti e albopictus
e o Culex, as presenças preocupam pelos riscos da transmissão de Dengue, Filariose,
Chikungunya e Zika. A Epidemiologia, ciência básica da Saúde Pública investiga as
causas, os processos de adoecimento, a evolução das doenças, a seleção e o aperfei-
çoamento das ferramentas para melhorar a saúde e amenizar o sofrimento das pessoas.
Foram instaladas 18 ovitrampas e monitoradas, semanalmente, entre 2013/2014, nas
residências dos moradores do IFTM. Foram 55 coletas, detectando em estereomioscopia
8.880 ovos, sendo 7.408 viáveis, 1.084 eclodidos e 388 danificados. Os resultados foram
avaliados por meio de modelos estatísticos de distribuição gaussiana, indicando um perfil
epidemiológico multicausal e multifatorial influenciado pelos vetores e comportamento
da população. Isso mostra que os programas governamentais com ênfase no Fumacê
não são suficientes para reduzir as epidemias. Dessa forma, realizamos atividades de
mobilização social, enquanto estratégias de Promoção da Saúde, apresentando para a
população outras visões do problema, onde cada sujeito constrói seu conhecimento a
partir do que é feito in loco.

Palavras-chave: Ovitrampa, Dengue, Modelos Estatísticos, Promoção da Saúde.

46
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

Nos últimos anos as investigações sobre algumas doenças relacionadas aos arbovirus
(vetores) e suas arboviroses (denominadas doenças neglienciadas) se itensificaram com
alguns estudos e algumas pesquisas. De um lado, os modelos de vigilância em saúde. Do ou-
tro, alguns modelos matemáticos e estatísticos, apresentando as suas contribuições nos
contextos das técnicas, dos padrões de distribuição geográfica das doenças e suas corre-
lações com fatores ambientais.
Diante destes apontamentos apresentamos este trabalho que foi desenvolvido, entre
2013/20141, em parcerias com o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM – Campus
Uberlândia – MG), aplicando modelos estatísticos para avaliação da presença de vetores
numa comunidade rural de Urberlândia (MG), utilizando a metodologia da ovitrampa.
Para Brito; Lima (2011) o município de Uberlândia está na intersecção de 18º30’Sul e
de 45º50’Oeste de Greenwich, ocupando uma extensão de 4.116 Km2, 219 Km2 área urba-
na e 3.897 Km2 área rural. O IFTM está localizado na zona rural (Setor Norte) do perímetro
urbano de Uberlândia (MG), aproximadamente, a 20 km do Distrito Sede, em direção ao
Distrito Rural Cruzeiro dos Peixotos (Mapa 1).

Mapa 1. Município de Uberlândia e os Distritos Rurais.

Fonte: Brito; Lima (2011, p. 25).

1 Para este momento apresentamos os resultados do que fizemos entre 2013/2014, em função dos testes de algumas modelagens
nas investigações em vigilância epidemiológica e modelos matemáticos e estatísticos, enquanto estratégias de Promoção da Saúde.
Cabe ressaltar que continuamos com os estudos e as pesquisas, com resultados promissores diante das modelagens, que em outros
momentos disponibilizaremos os resultados, a partir de alguns indicadores preconizados por Gomes (1998), por exemplo: Índice
de Positividade de Ovitrampa (IPO), Índice de Densidade de Ovos (IDO), Índice de Infestação Predial (IIP), Indice de Pupa (IP), Índice
de Edifício (IE), Índice de Densidade de Larvas (IDL), Índice de Recipiente (IR), Índice Estegômico (IS), Índice de Breteau (IB), Índice

47
de Densidade Larvária de Estegomia (IDLS).

Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação


Segundo o IBGE (2015), o município de Uberlândia-MG possuía, entre 2013/2014,
aproximadamente, 646.000 habitantes, sendo 627.000 na área urbana e 19.000 na área rural.
O município de Uberlândia está assentado nos Planaltos das Chapadas da Bacia
Sedimentar do Paraná, com relevo plano, intensamente dissecado e com altitude média de
850m (BACCARO, 1989). A vegetação predominante é o Cerrado e suas formações fitosio-
nômicas. O clima é tropical semiúmido de altitude com duas estações, inverno seco e frio
de abril a setembro, respectivamente, com temperaturas e precipitações médias mensais
de 18ºC e 12,87 mm; o verão quente e chuvoso de dezembro a fevereiro, respectivamen-
te, com temperaturas e precipitações médias mensais de 23ºC e 150 mm (LIMA; ROSA;
FELTRAN FILHO, 1989).
A Humanidade passou, nestes últimos anos, a vivenciar melhores condições ambientais2
de forma contínua e sistemática, lõgico que não ocorreu para todos/as pessoas, graças a um
conjunto de fatores associados aos avanços técnicos na área da Saúde Pública/Coletiva, das
infraestruturas promovidas pelas indústrias das engenharias, agroalimentar e da medicina.
Estas condições ambientais passaram a ser objetos de estudos e pesquisas em várias
instituições, em função das presenças dos arbovírus e das doenças negligenciadas. Estas
estão relacionadas aos contextos ambientais (clima tropical) e às determinações ambien-
tais ou aos Determinantes Sociais de Saúde (DSS), com destaques para as ausências de
saneamento ambiental: água, esgoto e resíduos sólidos (coletados, armazenados, tratados
e distribuídos adequadamente).
Para Biddle (1998),

A palavra ‘arbovírus’ tem sua origem na expressão inglesa ‘arthropodborne


vírus’ (‘vírus transportados por artrópodes’), que significa vírus que se propa-
gam dentro de insetos e outros artrópodes e que nos infectam quando somos
picados. Existem mais de 520 tipos conhecidos de arbovírus, dos quais cerca
de cem provocam sintoma aparente. Mas a encefalite, a febre amarela, a febre
da dengue e uma verdadeira coleção de exóticas febres tropicais, conferem
a estes micróbios uma má reputação merecida. As pessoas geralmente são
hospedeiros ‘sem saída’ para os arbovírus. Os pássaros são hospedeiros muito
importantes do que nós para os arbovírus. As grandes exceções são a febre
amarela, a dengue, e a febre chikungunya, para as quais servimos como elo
vital em seu ciclo de vida (BIDDLE, 1998, p. 41).

Já em relação às doenças negligenciadas para Morel (2006) a Organização Mundial


da Saúde (OMS) e a organização Médicos Sem Fronteiras propuseram recentemente as

2 A utilização de expressões como “ambiental, ambiente, dinâmica ambiental e/ou saúde ambiental” deverá ser considerada para além
do contexto físico, químico, biológico, climático. Também político, técnico, tecnológico, sociocultural (intercultural) e psicológico, por
creditar que “tudo está num mesmo ambiente”. Reconhecemos que há uma interatividade entre estes ambientes, com maior sinergia

48
e/ou inteireza da/na saúde ambiental, consolidando, assim, interrelações entre os diversos e diferentes sistemas ambientais.

Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação


denominações “doenças negligenciadas”, referindo-se àquelas enfermidades, geralmente
transmissíveis, que apresentam maior ocorrência nos países em desenvolvimento, e “mais
negligenciadas”, exclusivas dos países em desenvolvimento. Essas denominações superam
o determinismo geográfico relacionado ao termo “doenças tropicais”, pois contemplam as
dimensões de desenvolvimento social, político e econômico.
Para BRASIL (2010), doenças negligenciadas

São doenças que não só prevalecem em condições de pobreza, mas também


contribuem para a manutenção do quadro de desigualdade, já que representam
forte entrave ao desenvolvimento dos países. Como exemplos de doenças
negligenciadas, podemos citar: dengue, doença de Chagas, esquistossomose,
hanseníase, leishmaniose, malária, tuberculose, entre outras (BRASIL, 2010,
p. 200).

Sobre os Determinantes Sociais de Saúde (DSS), de acordo com Buss;


Pelegrino Filho (2007),

Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS),


os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicoló-
gicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde
e seus fatores de risco na população. A comissão homônima da Organização
Mundial da Saúde (OMS) adota uma definição mais curta, segundo a qual os
DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. Nancy
Krieger (2001) introduz um elemento de intervenção, ao defini-los como os
fatores e mecanismos através dos quais as condições sociais afetam a saúde
e que potencialmente podem ser alterados através de ações baseadas em
informação. Tarlov (1996) propõe, finalmente, uma definição bastante sinté-
tica, ao entende-los como as características sociais dentro das quais a vida
transcorre (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007, p. 78).

Algumas doenças provenientes de arbovírus como já mencionadas são, potencialmente,


decorrentes de alguns fatores.
Um deles, em função das condições ambientais, em particular (climáticas, o verão,
com temperaturas e índices pluviométricos elevados). Outro, em função das determinações
sociais, que denominaremos de Determinantes Sociais de Saúde (DSS).
Diante destes fatores, não podemos esquecer que os mecanismos de transmissão
de uma doença já é, em boa parte, do conhecimento para, uma boa parte de, estudiosos e
pesquisadores, envolvidos com o que estamos apresentando, que nas interações ocorridas
nas transmissões em uma determinada população são mais complexas, fazendo-se neces-
sário a estruturação formal de modelos matemáticos e/ou estatísticos para demonstrar uma
modelagem de estudos epidemiológicos de arbovírus.
Assim, uma modelagem eficiente permite realizar previsões, explicar e entender os
comportamentos dos arbovírus e suas arboviroses, que numa epidemia a gestão pública
49
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
pode(rá) tomar decisões no sentido de evitar alguns transtornos para os serviços de saúde
nos atendimentos, mais imediatos, para a população.
Boa parte das arboviroses estão relacionadas com as regiões tropicais e dos comporta-
mentos das pessoas em manter, de forma inadequada, em seus ambientes criadouros com
água parada. Mas não podemos imputar ao clima (verão) e nem aos arbovírus (vetores) as
epidemias. Hoje já está mais do que creditado que há um conjunto de determinações sociais
que potencializam as referidas epidemias.
Nas áreas urbanas, ressalta-se a importância de uma das principais espécie que foi
reintroduzida, o Aedes aegypti, que além da dengue e da Febre Amarela Silvestre, também
é responsável pela Chikungunya e a Zika.
Segundo Urbinatti; Natal (2009), além de seu potencial na veiculação do vírus da febre
amarela no ambiente urbano, essa espécie, a partir dos anos 80 do século XX, passou a
veicular os vírus da dengue no Brasil. É sem dúvida o mosquito mais combatido no país e
aquele no qual se disponibiliza maiores recursos. Entretanto, a dengue tornou-se endêmica,
fato que demonstra o fracasso no combate (URBINATTI; NATAL, 2009, p. 280).
Também merecem atenção outros vetores predominantes, na área de estudo e em
vários lugares do Brasil, por exemplo, o Aedes albopictus e o Culex3, que de acordo com
Urbinatti; Natal (2009),

Tem uma correlação com o Vírus do Nilo Ocidental (VNO) e outras arboviroses,
junto com o Culex, provocam riscos de encefalite e outras viroses. O Culex
é Culicíneos – do gênero Culex, que no Brasil destaca-se a espécie Culex
quinquefasciatus por transmitir a Wuchereria bancrofti, agente da Filariose
em cidades do norte e nordeste. Essa espécie, sinantrópica, de elevada an-
tropofilia, devido à sua atividade hematofágica está geralmente associada a
coleções aquáticas estagnadas e poluídas por efluentes de esgoto domésticos
ou industriais (URBINATTI; NATAL, 2009, p. 279).

O Aedes aegypti é o principal vetor responsável pela dengue no Brasil, tam-


bém é o mais combatido, o que se faz mais propaganda e uso de recursos públicos
(URBINATTI; NATAL, 2009).
Nos útimos anos, a distribuição global e a carga de doenças associadas aos arbovírus
aumentaram. Como exemplo pode-se citar o vírus da chikungunya que atingiu o nordeste da
Itália em 2007 e a França em 2010 e 2014, fato inesperado, já que o clima desses países

3 Vetor que tem demonstrado muito interesse para os diferentes estudos, a tal ponto que um grupo de cientistas do Departamento
Médico da Universidade do Texas, em Galveston (UTMB), sequenciou o genoma de um dos mosquitos mais doméstico do ambiente
tropical. Para maiores informações: http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2010/10/01/61059-cientistas-sequenciam-o-geno�
-

50
ma-do-mosquito-domestico-tropical.html. Acessado em: 01 de Outubro de 2010.

Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação


não favorece o desenvolvimento dos seus vetores (FAILLOUX et al., 2017) e a circulação
do vírus Mayaro em Cuiabá-MT em 2012 (SERRA, et al., 2016).
Analisando estas informações, ainda temos uma realidade que permanece até os dias
de hoje, segundo Brassolatti; Andrade (2002) o PEAa4 implantado pelas autoridades go-
vernamentais, não deu ênfase à educação e à participação da comunidade na eliminação
de criadouros, mas sim à erradicação do mosquito vetor em um sistema instituído “de cima
para baixo”, priorizando ações de controle químico, que têm problemas com a resistência
do mosquito, agressão ao ambiente e à saúde da população.
As soluções mais imediatas em áreas urbanas, e até rurais, são as aplicações de
inseticidas, por meio de Ultra Baixa Volume - UBV/Fumacê5 (Figuras 1, 2 e 3), que são
procedimentos efêmeros, pouca eficiência e eficácia, matando, de forma indiscriminada, na
maioria das vezes apenas os alados (mosquitos adultos).

Figuras 1 e 2. O uso do “Fumacê” num Bairro de Uberlândia (MG) e numa Associação de Reciclagem, 2010/2018.

De um lado, os arbovírus criam resistências aos inseticidas; do outro não eliminam os


ovos (que duram aproximadamente mais de um ano) e nem as larvas que, muitas vezes,
estão em criadouros que estão protegidos dentro de casas ou nos peridomicílios, o que
permite a continuidade do ciclo: ovos-larvas-pupas-alados.
Estas práticas, ainda, ocorrem dentro do modelo biomédico/hospitalocêntrico, também
denominado de Flexneriano6 de vigilância em saúde, diferente do que propomos - Promoção
da Saúde, baseado no que foi preconizado pela Organização Pan-americana da Saúde

4 Programa Nacional de Erradicação dos Aedes.


5 O UBV corresponde às nebulizações com inseticidas, por exemplo, temephos (larvicida organofosforado muito utilizado nas aplica-
ções de controle a determinados vetores, entre eles os Aedes, Culex, Simulíum), malation, fenitrotion, organofosforados, piretróides,
utilizados no programa de controle do dengue, aspergido por uma bomba colocada sobre um veículo (normalmente caminhonete) ou
nas costas de Agentes de Controle de Zoonoses ou Agentes de Combate em Endemias, que circulam pelas ruas dos bairros de maior
infestação do vetor, ou de difícil acesso, ou de maior notificação de casos da doença.
6 É um modelo de medicina voltado para a assistência à doença em seus aspectos individuais e biológicos, centrado no hospi-
tal, nas especialidades médicas e no uso intensivo de tecnologia, chamado de medicina científica ou biomedicina ou modelo Fle-
xneriano, em homenagem a Abraham Flexner, cujo relatório, em 1911, fundamentou a reforma das faculdades de medicina nos
EUA e Canadá. Esta concepção estruturou a assistência médica previdenciária a partir da década de 1940, orientando também
a organização dos hospitais estaduais e universitários no Brasil. Para maiores informações: http://www.scielo.br/scielo.php?pi� -

51
d=S0102-311X2010001200003&script=sci_arttext e http://www2.ghc.com.br/GepNet/docsris/rismaterialdidatico63.pdf.

Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação


(OPAS, 2005) e Carta de Ottawa (1986), defendido por Buss (2000), propõem: o estabele-
cimento de políticas públicas saudáveis; criação de ambientes e entornos saudáveis; em-
poderamento e ação comunitária; desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação
dos serviços de saúde.
Sobre o modelo biomédico/hospitalocêntrico, também denominado de Flexneriano, exis-
tem vários estudos, mas aqui aportamos aos de Pagliosa; Ros (2008) e Almeida Filho (2010).
Para Pagliosa; Ros (2008)

Mesmo que consideremos muito importantes suas contribuições para a edu-


cação médica, a ênfase no modelo biomédico, centrado na doença e no hos-
pital, conduziu os programas educacionais médicos a uma visão reducionista.
Ao adotar o modelo de saúde-doença unicausal, biologicista, a proposta de
Flexner reserva pequeno espaço, se algum, para as dimensões social, psico-
lógica e econômica da saúde e para a inclusão do amplo espectro da saúde,
que vai muito além da medicina e seus médicos. Mesmo que, na retórica e
tangencialmente, ele aborde questões mais amplas em alguns momentos de
sua vida e obra, elas jamais constituíram parte importante de suas propostas.
As críticas recorrentes ao setor da saúde, que aconteceram com maior inten-
sidade e frequência a partir da década de 1960 em todo o mundo, pelo que
se denominou a “crise da medicina”, evidenciaram o descompromisso com a
realidade e as necessidades da população (PAGLIOSA; ROS, 2008, p. 496).

Ainda para Almeida Filho (2010)

Aparentemente, o construto doutrinário que viria a ser conhecido como modelo


biomédico de educação médica foi em princípio delineado por Eugênio Vilaça
Mendes, odontólogo, consultor da OPAS, membro atuante do Departamento de
Medicina Preventiva da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foco
nacional do movimento da Integração Docente-Assistencial e das propostas
de reforma curricular promovidas pela Associação Brasileira de Educação
Médica (ABEM). (...). Num par de textos, complementados posteriormente por
um livro de síntese doutrinária intitulado Uma Agenda para a Saúde (1996),
Mendes explicita os elementos estruturais do modelo biomédico suposto como
flexneriano: mecanicismo, biologismo, individualismo, especialização, exclusão
de práticas alternativas, tecnificação do cuidado à saúde, ênfase na prática
curativa (ALMEIDA FILHO, 2010, p. 2239-2240).

Os nossos estudos e pesquisas ocorreram com a instalação e o monitoramento, se-


manal, de ovitrampas (Figuras 3, 4 e 5) como mapeamento de vetores.
De acordo com BRASIL (2001), as ovitrampas

São depósitos de plástico preto com capacidade de 500 ml, com água e uma
palheta de eucatex, onde serão depositados os ovos do mosquito. A inspeção
das ovitrampas é semanal, quando então as palhetas serão encaminhadas para
exames em laboratório e substituídas por outras. As ovitrampas constituem
método sensível e econômico na detecção da presença de Aedes aegypti, prin-
cipalmente quando a infestação é baixa e quando os levantamentos de índices
larvários são pouco produtivos. São especialmente úteis na detecção precoce
52
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
de novas infestações em áreas onde o mosquito foi eliminado ou em áreas
que ainda pouco se conhece a presença dos vetores (BRASIL, 2001, p. 49).

Figuras 3, 4 e 5. Modelos de ovitrampas instaladas no IFTM, março de 2014.

Historicamente, a Epidemiologia, considerada a ciência básica da Saúde Pública, in-


vestiga as causas e os processos de adoecimento e evolução das doenças, a seleção e
o aperfeiçoamento das ferramentas para melhorar a saúde e amenizar o sofrimento das
populações humanas.
Em 2009, foram elaboradas as Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue (DNPCD), alicerçadas em quatro componentes: Controle Vetorial; Vigilância
Epidemiológica; Assistência e Comunicação e Mobilização (BRASIL, 2009).
Também, BRASIL (2013), ao instituir a Política Nacional de Educação Popular em Saúde
no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS), propõe quatro eixos estratégicos:
Participação, controle social e gestão participativa; Formação, comunicação e produção de
conhecimento; Cuidado em saúde; Intersetorialidade e diálogos multiculturais (BRASIL, 2013).
As técnicas estatísticas podem, possibilitam e ampliam as análises de modo a per-
mitir, na medida do possível a realização de inferências e de testes de hipóteses geradas
pelos profissionais de saúde pública/coletiva, em especial na epidemiologia e vigilância em
saúde para responder algumas questões sobre saúde ambiental, aqui no caso da utilização
gaussiana, também denominada de Teoria da distribuição normal, uma das mais importan-
tes distribuições da estatística, que pode descrever uma série de fenômenos e possui um
grande uso na estatística inferencial, ao descrever parâmetros de média e desvio padrão.
De acordo com Costa Neto (2002), a Teoria da distribuição normal pode descrever uma
série de fenômenos e possui na estatística a utilização gaussiana (parâmetros de média e
desvio padrão), com realização de inferências, testes e hipóteses geradas pelos profissio-
nais de saúde pública/coletiva/epidemiologia para responder questões sobre vigilância em
saúde ambiental.
Diante destas proposições de Costa Neto (2002), muito importante dizer que estes
indicadores constituem uma demonstração a mais sobre a infestação de uma localidade
para arbovirus, mas para entender melhor o grau de infestação e na interpretação de ambos

53
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
resultados, será necessário saber o local onde a armadilha foi exposta e se persistiram as
condições de oviposições nas palhetas.
O que, de acordo com Gomes (1998)

Não obstante a persistência de controvérsias sobre o significado epidemiológico


ou dúvida quanto à eficácia, as experiências têm valorizado os mais sensíveis
índices e operacionalmente exeqüíveis. Mesmo assim, a Vigilância Entomo-
lógica dispõe de um leque de opções metodológicas para medir os níveis de
infestação de A. aegypti e A. albopictus em área urbana com perspectivas de
aprofundamento nessa questão (GOMES, 1998, p. 56).

Desta forma, o estudo dos padrões de distribuição geográfica das doenças e suas cor-
relações com fatores ambientais constituem-se um campo de aplicação e desenvolvimento
de novos métodos estatísticos. O uso de dados e desenvolvimento de sistemas de análises
estatísticas desses dados espaciais em saúde são possibilidades no uso de técnicas que
podem se adequar às necessidades dos estudos ecológicos de vetores e suas doenças,
que utilizam áreas geográficas como unidade usual de observação.
Nestas proposições aplicamos modelos estatísticos para avaliação da presença de
vetores numa comunidade rural de Uberlândia (MG), utilizando a metodologia da ovitrampa,
enquanto estratégia Promoção da Saúde.

METODOLOGIA – OS PERCURSSOS PERCORRIDOS

Comungamos com as ideias de Minayo (1994, p. 18), de que “Toda investigação se


inicia por um problema, com uma questão, com uma dúvida ou com uma pergunta, articu-
ladas a conhecimentos anteriores, mas que também podemos buscar novos referenciais.”
Ou seja, o nosso “problema” são os modelos de Vigilância em Saúde, sem uma maior
visibilidade e contextualização dos dados, predominando o modelo biomédico. Desta forma,
Minayo (1994), ainda nos diz que “A realidade social é o próprio dinamismo da vida indivi-
dual e coletiva com toda riqueza de significados dela transbordante. Essa mesma realidade
é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que possamos
elaborar sobre ela.” (MINAYO, 1994, p. 15).
No caso da instalação e monitoramento de ovitrampas ocorreu a partir da multiplica-
ção/replicação da metodologia desenvolvida por Oliveira (2006; 2012), com atenção es-
pecial à presença de vetores, para identificação estatisticamente da oviposição, como for-
ma de constituir em novas possibilidades de vigilância em saúde, enquanto estratégias de
Promoção da Saúde.

54
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Desta forma, umas das primeiras atividades realizadas foram as reuniões com os
moradores do IFTM para a instalação e o monitoramento das ovitrampas, realizado sema-
nalmente entre 2013 e 2014.
Após estes procedimentos, foram instaladas e monitoradas 18 ovitrampas como forma
de mapeamento dos vetores, levando em consideração o uso de planilhas compondo as
datas correspondentes aos dias de cada semana de verificação das ovitrampas; nome dos
responsáveis pela residência, que possui um número de acordo com o setor administrativo
do IFTM (Figuras 6 e 7); condições de cada ovitrampa (água em 200ml, presença de lar-
vas, pupas, sujeira); condições atmosféricas (temperaturas máximas e mínimas, umidades
relativas em termômetros digitais e analógicos); local de instalação (debaixo de tanques
das residências, áreas sombrias, troncos de árvores, proximidades de plantas em quintais,
maior circulação de pessoas).

Figuras 6 e 7. Vista Parcial e Identificação das Residências no IFTM.

No laboratório, com o auxilio de lupas estereomicroscópicas (Figura 8), nas partes


rugosas das palhetas (Figuras 9 e 10), onde as fêmeas realizam a oviposição, faz-se a
identificação e quantificação dos ovos - viáveis, eclodidos e danificados (Figuras 9 e 10).

Figuras 8 a 10. Identificação de ovos em Laboratório.

Os dados das ovitrampas e os mapeamentos foram utilizados na distribuição gaus-


siana como forma de melhor explicitação espacial e comportamento dos vetores, enquanto
55
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
indicadores dos perfis epidemiológicos relacionados às características ambientais (rurais
e do comportamento da população), utilizando a Teoria da distribuição normal gaussiana
(parâmetros de média e desvio padrão).
Paralelamente, não menos importante, realizamos atividades de educação em/e saúde,
que aqui denominamos de Educação Popular em Saúde, com a comunidade por meio da
mobilização social, enquanto estratégias de Promoção da Saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÕES – CONQUISTAS E DESAFIOS

Durante os estudos e as pesquisas, entre 2013/2014, foram realizadas 55 coletas, cujas


palhetas detectaram em estereomioscopia 8.880 ovos, sendo 7.408 viáveis, 1.084 eclodidos
e 388 danificados (Tabela 1).

Tabela 1. Quantificação das ovitrampas – IFTM, 2013/2014.

MÊS/ANO VIÁVEIS ECLODIDOS DANIFICADOS TOTAL


Fev/13 807 11 17 835
Mar/13 1000 91 24 1115
Abr/13 698 63 24 785
Maio/13 295 186 14 495
Jun/13 377 17 10 404
Jul/13 84 60 29 173
Ago/13 8 23 8 39
Set/13 129 7 1 137
Out/13 136 10 10 156
Nov/13 1014 113 4 1131
Dez/13 582 52 11 645
Jan/14 815 203 93 1111
Fev/14 865 139 67 1071
Mar/14 598 109 76 783
TOTAL 7408 1084 388 8880
Fonte: Pesquisa Laboratorial, 2013/2014.
Organização: OS AUTORES, 2015.

A totalização dos ovos, representaram, naquele momento, respectivamente, 83,42%


viáveis, 12,20% eclodidos e 4,36% danificados.
As palhetas com ovos viáveis são colocadas dentro do mosquitário, num copo de água
(70ml), para acompanhamento dos estágios dos vetores (larvas, pupas e alados), que eclodi-
ram em, aproximadamente, 95%, sendo 70% Aedes albopictus, 25% Culex quinquefasciatus
e 5% Aedes aegypti (Figuras 11 a 14).

56
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figuras 11 a 14. Presença de ovos viáveis e eclodidos nas palhetas.

As ovitrampas foram eficientes e permitiram uma rápida visibilidade da presença dos


vetores em diferentes períodos sazonais e ambientes. Os moradores e as comunidades
escolares entenderam da importância dos cuidados ambientais para se evitar a presença
de criadouros nos diferentes ambientes e riscos de doenças, não somente ligadas e/ou re-
lacionadas às arboviroses, mas àquelas denominadas de negligenciadas.
Os dados permitem algumas reflexões e preocupações. Uma delas, presença de ovos
e larvas em todos os meses dos anos. Segunda, os ovos viáveis e eclodidos representam
8.492 ovos (95,62%), com certa representatividade de quantidade que, se analisarmos
que, de acordo com nossos estudos e pesquisas, há eclosão de, aproximadamente, 95%
de ovos, isso significa, aproximadamente, 8.000 vetores em ação. Uma terceira, os ovos
eclodidos antes de 7 dias (1.084, 12,20%), aumentam as preocupações que, de acordo com
os órgãos de Vigilância, há necessidade de eliminar água acumulada de forma inadequada,
pois os vetores tendem a fazer oviposição, com possibilidades de manter o ciclo e riscos de
surtos e/ou epidemias.
Por isso, de posse dos resultados por meio de modelos estatísticos para avaliação do
comportamento da presença dos vetores, nos indicaram um perfil epidemiológico intima-
mente relacionado às características ambientais (rurais e do comportamento da população).
Um dos indicadores da presença dos vetores é as médias, mensais, de ºC e mm
(Tabela 2). Apesar de que cabe um esclarecimento que em 2014 as médias de ºC e mm
em Uberlândia foram atípicas e não representando os dados esperados, mas não podemos
esquecer que registramos a presença de ovos em todos os períodos sazonais (Tabela 1).

57
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Tabela 2. Médias, mensais, de Temperatura e Pluviosidade de Uberlândia (MG), 2013/2014.

ANO 2013 2014

MÊS O
C mm O
C mm
Janeiro 23,5 350,2 23,6 309
Fevereiro 24,2 238,2 24,2 190
Março 24,6 205,8 24,0 210
Abril 22,1 131,2 23,1 88
Maio 12,0 155,4 21,8 41
Junho 21,4 9,6 19,9 10
Julho 21,2 0,0 22,0 05
Agosto 21,5 7,0 21,8 8,0
Setembro 23,5 28,8 23,4 30
Outubro 24,0 152,6 24,2 105
Novembro 24,0 124,6 23,7 192
Dezembro 23,9 372,2 23,5 292
Média 22,15 147,96 22,93 123,33
Total 265,9 1775,6 275,2 1480
Fonte: Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos (IG/UFU).
Organização: OS AUTORES, 2015.

O percentual de ovos viáveis, eclodidos e danificados, no período de fevereiro/2013 a


março/2014, são resultados dos monitoramentos de vetores, semanalmente, por meio de
ovitrampas nas residências dos moradores do IFTM (Figura 15).

Figura 15. Percentual de ovos viáveis, eclodidos e danificados nas residências do IFTM, 2013/2014.

Fonte: Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos (IG/UFU).


Organização: OS AUTORES, 2014.

Analisando os dados, tabela 1 e figura 15, percebemos que há uma estreita corre-
lação entre temperatura, precipitação e a presença de ovos. Apesar de que o ano todo,

58
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
independentemente do período sazonal tem-se uma presença de ovos e de seus vetores,
lógico que nos meses do verão há um aumento significativo (Figura 15 e Tabela 1).
Lembramos que nas localidades 41, 54, 68, 69 e 70, por motivos técnicos não insta-
lamos ovitrampas entre o período em estudo, até porque o período em estudo para este
trabalho é de fev/ 2013 a mar/2014, exatamente um ano para termos uma ideia do compor-
tamento da oviposição e da presença dos vetores (Figura 16).

Figura 16. Números ovos viáveis por localização das ovitrampas instaladas no IFTM, 2013/2014.

Fonte: Pesquisa Laboratorial, 2013/2014.


Organização: OS AUTORES, 2014.

Nota-se que nos meses de maio, julho e agosto de 2013 destacam-se pelo maior per-
centual de ovos eclodidos. No mês de agosto o número de ovos viáveis sofre uma redução
significativa e o número de ovos danificados é o maior comparando com os demais meses
avaliados o que sugere uma relação.
Desta forma o que nos interessa, neste momento, é uma comparação do número total
de ovos com o número ovos viáveis por código de localização (Figuras 15 e 16).
Destacam os códigos de localização 49, 60 e GUA com maior número de ovos totais
e viáveis, seguidos das localizações 56, 61 e 65. Estas localidades apresentam particu-
laridades peculiares, respectivamente, Patrimônio, onde é sede administrativa dos bens
patrimoniais do IFTM; residência, onde inicialmente havia criadouros de larvas em vidros
de uma pesquisa sobre peixes; e, por fim localidade onde há uma vigilância patrimonial
permanente de pessoas.
Na tabela 3 e na Figura 17 encontram-se o quantitativo de ovos viáveis, eclodidos,
danificados e totais para os períodos avaliados de fevereiro de 2013 até março de 2014 com
as respectivas médias e desvios padrões, utilizando uma distribuição de gaussiana.
59
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Tabela 3. Quantificação das ovitrampas – IFTM, 2013/2014.

MÊS/ANO VIÁVEIS ECLODIDOS DANIFICADOS TOTAL


Fev/13 807 11 17 835
Mar/13 1000 91 24 1115
Abr/13 698 63 24 785
Maio/13 295 186 14 495
Jun/13 377 17 10 404
Jul/13 84 60 29 173
Ago/13 8 23 8 39
Set/13 129 7 1 137
Out/13 136 10 10 156
Nov/13 1014 113 4 1131
Dez/13 582 52 11 645
Jan/14 815 203 93 1111
Fev/14 865 139 67 1071
Mar/14 598 109 76 783
Média 529 77 28 634
Desvio 354 65 29 402
Fonte: Pesquisa Laboratorial, 2013/2014.
Organização: OS AUTORES, 2014.

Figura 17. Representação dos dados da tabela 1 utilizando uma distribuição gaussiana.

Fonte: Pesquisa Laboratorial, 2013/2014.


Organização: OS AUTORES, 2014.

Observa-se que em todas as medidas (Figura 17) realizadas com as ovitrampas não
ultrapassaram a faixa de 2s (dois desvios padrão) o que indica a ausência de resultados
discrepantes e que o conjunto que apresenta um comportamento próximo de uma distribuição
normal (gaussiana). Nota-se que no período de maio a outubro o número de ovos viáveis
fica abaixo da média anual o que pode estar relacionado com a estação de seca. Outra

60
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
situação é que nos primeiros e últimos meses, respectivamente, fevereiro a abril, novembro
a dezembro, a quantidade de ovos está acima da média.
Sabemos que existem diversos estudos sobre infestação por mosquitos no Brasil,
que monitorados por ovitrampas, mesmo com grandes polêmicas sobre a validade destas
medidas de infestação, acreditamos que, por meio deste trabalho, nos ajudam a entender
porque não há casos de dengue, mesmo com “alta” quantidade de oviposição.
Aqui destacamos que o monitoramento semanal por meio das ovitrampas e as contribui-
ções estatísticas, enquanto estratégias de vigilâncoa em saúde no contexto da Promoção da
Saúde, podem potencializar de formas diferenciadas do modelo Biomédico hospitalocêntrico
(Flexneriano) em saúde e em vigilância, para além da culpabilização dos indivíduos dentro
de um processo saúde ambiental, o que pode permitir outros cuidados com seus/nossos
ambientes, indicando, na medida do possível, as contribuições da Educação Popular em
Saúde, que de acordo com Valla (1993; 1994), não queira desprezar as possibilidades de
que a educação popular fosse um fator de transformação da sociedade, mas ao mesmo
tempo, também, não queira desvincular as “intenções e desejos” dos agentes de educação
popular de uma obrigatória transformação social.
Para Valla (1993; 1994) não deveríamos achar que a educação popular, por si mesma,
traga no seu bojo as sementes da transformação social. A seu ver, trata-se de uma questão
que inclui variáveis, tais como a conjuntura política, econômica, a organização dos educan-
dos em questão e a sensibilidade política e cultural dos agentes.
Enfim, ainda há muito a que se investigar, enquanto possibilidades e desafios em es-
tudos e pesquisas!
É o que fizemos e continuamos fazendo, desde 2015, no monitoramento dos vetores,
por meio das ovitrampas e da mobilização social na perspectiva da Educação Popular em
Saúde, sem perder de vista os modelos matemáticos e da estatística, agora com destaques
para outros indicadores, que já estão em elaboração, para posteriores publicações.

CONCLUSÕES

No Brasil, ainda que entre os fatores dominantes dos arbovírus (vetores) e das arbovi-
roses (doenças negligenciadas) sejam de natureza e de ordem climática (regiões tropicais),
de modo que a maioria dos casos ocorram durante o verão, não se pode imputar ao clima,
muito menos aos arbovírus, como sendo a única causa das doenças, como aparecem nas
campanhas de prevenção veiculadas nas mídias, as determinações de epidemias.
Todo processo saúde-doença é multicausal e multiftorial.
As ovitrampas foram eficientes e permitiram uma maior visibilidade ambiental, mapean-
do a presença dos Aedes (aegypti e albopictus) e Culex em diferentes períodos sazonais.
61
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
As vigilâncias em saúde, enquanto estratégias da Promoção da Saúde foram realizadas
a partir das ovitrampas e da mobilização social, considerando quatro categorias: atividades
de (re)conhecimento das realidades vividas pelos sujeitos, atividades de educação e saúde,
atividades de mobilização comunitária e práticas de vigilância ambiental e epidemiológica.
Entendemos que as técnicas de análise espacial se adequam às necessidades dos
estudos ecológicos, que utilizam áreas geográficas como unidade usual de observação,
em especial nos estudos das presenças de vetores, deve-se dar atenção especial aos in-
dicadores epidemiológicos de doenças negligenciadas, como entendimento da variação do
risco de adoecer entre diferentes grupos populacionais, mesmo que sejam em áreas rurais
– IFTM, pois há uma circulação intensa e frequente de pessoas entre Uberlândia e o IFTM,
com riscos de contaminação por vírus.
Essas abordagens possibilitam, não só, a vigilância em saúde, evitando riscos aos
indivíduos e sues grupos sociais, mas também antecipa uma visão de riscos coletivos, coe-
rentemente com os entendimentos sobre as consequências dos processos endêmicos e
dos impactos, normalmente por intervenções químicas, de saúde pública nos vários grupos
sociais, com vistas a suprir as necessidades de um Sistema de Vigilância em Saúde.
Entendemos que este trabalho apresenta relevância pela possibilidade de implan-
tação em outras comunidades, pelo baixo custo e boa eficiência, enquanto estratégia da
Promoção da Saúde.
Dada a efetividade desta modalidade (pesquisa-ação), pesquisas de campo e labo-
ratório, mobilizando a comunidade para o monitoramento dos vetores, envolvendo vários
segmentos, de forma inter setorial e em redes, a partir da escola, sugere-se a replicação
desta experiência em demais localidades de Uberlândia e do Brasil.

AGRADECIMENTOS E FINANCIAMENTOS

Universidade Federal de Uberlândia (Escola Técnica de Saúde. Pro Reitorias:


Graduação; Extensão e Cultura; Pesquisa e Pós Graduação), Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG - EDITAL FAPEMIG 07/2013 -
PROJETO DE EXTENSÃO EM INTERFACE COM PESQUISA - PROJETO - CHE - APQ-
02914-13), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e
Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM – Campus Uberlândia).

62
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
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Washington, D.C: OPAS, © 2005. ISBN 92 75 72575 6. Disponível em <http://www.paho.org/
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25. VALLA, Victor; STOTZ, Eduardo. Educação, Saúde e Cidadania. Petrópolis: Vozes, 1994

64
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
04
Calibração do Modelo Weap para uma
bacia hidrográfica do Alto Paracatu

Felipe Bernardes Silva


UNINCOR

Laura Thebit de Almeida


IFNMG

Demetrius David da Silva


UFV

Alisson Souza de Oliveira


UNINCOR

Edson de Oliveira Vieira


UFMG

Allan dos Santos Teixeira


UNINCOR

10.37885/210504465
RESUMO

A população mundial irá apresentar um crescimento expressivo até o próximo sécu-


lo. As políticas tradicionais priorizaram o desenvolvimento das atividades econômicas
em detrimento da preservação ambiental, contudo, há de se ressaltar que a necessidade
de compatibilização entre os usos, de modo a equilibrar as necessidades humanas com
a dos ecossistemas nos quais estão inseridos. Nesse sentido, a modelagem hidrológica
possibilita compreender as inter-relações e/ou as interdependências existentes entre
os diferentes componentes do sistema. O objetivo do presente trabalho foi calibrar o
modelo Water Evaluation em Planning para uma bacia do Alto Paracatu com o intuito
de se verificar se os dados disponíveis na região são suficientes para uma calibração
satisfatória. Para tanto, foram levantados dados históricos de uso e cobertura da terra,
vazão, precipitação, temperatura média do ar, velocidade do vento, umidade relativa do
ar e de demandas pelo uso da água. Por meio da disponibilidade dos dados definiu-se o
período base de 2000 a 2014, sendo a calibração realizada de 2000 a 2009 e a validação
de 2010 a 2014. Durante a calibração, os parâmetros do modelo variaram dentro de um
intervalo até que se obtivesse um ajuste aceitável da vazão estimada em comparação
com a vazão observada. As estatísticas de ajuste na seção de controle considerada
indicaram uma boa calibração, uma vez que apresentou coeficiente de Eficiência Nash-
Sutcliffe (ENS) de 0,91 para a calibração e um ENS de 0,89 para a validação.

Palavras-chave: Gestão de Recursos Hídricos, Modelagem Hidrológica, Escassez Hídrica.

66
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

A utilização da água para múltiplos fins se dá pelo fato de a mesma ser parte integrante
de quase todos os processos produtivos, além de suprir as necessidades hídricas da popu-
lação. Desde a sua retirada ocorrem perdas que promovem alterações na sua quantidade,
bem como na sua qualidade, conforme o fim para qual se destina (NASCIENTO, 2011).
De maneira geral, ações que alteram abruptamente o uso e ocupação do solo, como
o aumento das áreas irrigadas ou a substituição de florestas nativas por pastos, promovem
consequências diretas no ciclo hidrológico, uma vez que afetam a dinâmica da água na bacia
hidrográfica. Essas mudanças representam expressivas alterações não só na disponibilidade
hídrica, mas também no ecossistema como um todo.
Modelos hidrológicos ajudam na compreensão do que acontece no presente, como base
em informações do passado das bacias hidrográficas, permitindo analisar as implicações
das decisões voltadas ao manejo e nas mudanças que ocorreram ou que podem ocorrer ao
longo do tempo, como mudanças climáticas, por exemplo (JOHNSTON;SMAKHTIN, 2014).
Sendo assim, os objetivos do presente trabalho foi calibrar o modelo WEAP para uma
bacia hidrográfica no Alto Paracatu, com o intuito de se verificar se os dados disponíveis na
região são suficientes para uma calibração satisfatória.

DESENVOLVIMENTO

O Water Evaluation And Planning – WEAP é uma ferramenta importante do ponto


de vista da gestão e planejamento de recursos hídricos porque adotam uma abordagem
diferenciada e relação aos demais modelos hidrológicos presentes na literatura. Com um
leque extenso de possibilidades, o WEAP é simples e de fácil utilização, e tem o propósito
de auxiliar os tomadores de decisão em relação ao planejamento e a gestão dos recursos
hídricos. O princípio básico de suas rotinas de cálculo é a contabilização do balanço hídrico,
sendo facilmente aplicável a sistemas municipais e agrícolas, sub-bacias ou sistemas fluviais
complexos (YASTES et al., 2005ª).

METODOLOGIA

A bacia do rio Paracatu localiza- se na região noroeste do Estado de Minas Gerais


(Figura 1), sendo seu processo de ocupação bastante antigo, mais precisamente do perío-
do colonial, iniciado por bandeirantes, com origem nas atividades de mineração e pecuária
(ALMEIDA, 2009).

67
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figura 1. Localização da bacia hidrográfica do rio Paracatu.

Para a citação do modelo WEAP foi utilizado o método Rainfall Runoff (Soil mointure
Methdod), considerado o mais complexo para a realização do balanço hídrico o que apre-
senta uma grande dificuldade para a utilização do método, uma vez que requer uma maior
parametrização do solo e do clima (Figura 2).
Após a inserção de todos os dados requeridos pelo modelo WEAP, realizou- se a cali-
bração do modelo, considerando como seção de controle a estação fluviométrica 42251000.

Figura 2. Esquema do armazenamento de água do solo com duas camadas, mostrando as diferentes entradas e saídas
para um dado tipo de cobertura da terra ou tipo de cultura, j.

FONTE: Yates et al. (2005b)

A aferição da acurácia dos valores estimados pelo WEAP em comparação aos da-
dos históricos observados na estação fluviométrica 42251000, foi realizada por meio
do Índice de Concordância d Willmott (d), do Coeficiente de Eficiência Nash-Sutcliffe
68
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
(ENS) (NASH; SUTCLIEFE, 1970), da Raiz do Erro Quadrático Médio (RMSE) e do Erro
Médio Absoluto (MAE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 3 são apresentadas as vazões observadas e estimadas para a calibração


(2009 a 2014) e validação (2010 a 2014) do modelo WAEP no presente trabalho. É possível
notar em uma análise visual prévia, que o comportamento das vazões preditas pelo modelo
WAEP em comparação às vazões obtidas apresentam comportamento similar, principalmente
no que diz respeito às vazões mínimas.
Na Tabela 1 são apresentadas as estatísticas utilizadas para a validação do ajuste em
base mensal do modela WAP na calibração e na validação.

Figura 3. Vazões observadas e estimadas na estação 42251000 para a calibração e validação do modelo WEAP.

Tabela 1. Estatísticas de ajuste do modelo WEAP na calibração (2000 - 2009) e validação (2010 – 2014)

Calibração Validação
Índices
42251000
d 0,98 0,97
ENS 0,91 0,89
RMSE 8,08 7,58
MAE 5,52 5,46

Cabe ressaltar que todos os valores de ENS obtidos foram superiores a 0,75, carac-
terizando o modelo como bom, tanto para a calibração, quanto para validação conforme
BASLTOKOSKI et al., (2010).
Ao se comparar s valores obtidos por KHALIL; RITTIMA; PHANKAMOLSIL (2018) e
obtidos no presente trabalho em relação ao Coeficiente de Eficiência Nash Sutcliffe (ENS),
verifica- se que no presente obteve-se melhor desempenho, uma vez que o ENS foi de
69
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
0,91, enquanto que o os valores obtidos por KHALILL; RITTIMA; PHANKAMOLSIL (2018)
variaram entre 0,62 e 0,96 para a calibração. Em relação à validação KHALIL; RITTIMA;
PHANKAMOLSIL (2018) obtiveram ENS variando de 0,43 a 0,95, enquanto que no presente
trabalho o ENS para calibração foi de 0,89.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, conclui-se que os dados disponíveis na região do
Alto Paracatu são suficientes para a calibração d modelo WEAP, conforme o coeficiente de
eficiência Nash-Sutcliffe.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho de desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da


bolsa de estudos e pelo financiamento dessa pesquisa. À fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelos recursos financeiros fornecidos para realiza-
ção dessa pesquisa.

REFERÊNCIAS
1. NASCIMENTO, F. R. DO. Categorização De Usos Múltiplos Dos Recursos Hídricos E Proble-
mas Ambientais: Cenários E Desafios. Revista da ANPEGE, p. 81–97, 2011.

2. JOHNSTON, R.; SMAKHTIN, V. Hydrological Modeling of Large river Basins: How Much is
Enough? Water Resources Management, v. 28, n. 10, p. 2695–2730, 2014.

3. YATES, D. N. et al. Planning Model Part 2 : Aiding Freshwater Ecosystem Service Evaluation.
Water International, v. 30, n. 4, p. 501–512, 2005ª.

4. ALMEIDA, B. S. DE. Geoquímica dos filitos carbonosos do depósito Morro do Ouro, PARACATU,
MINAS GERAIS. [s.l.] UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS, 2009.

5. NASH, J.E.; SUTCLIFFE, J.V. River flow forecasting through conceptual models. Part I – A
discussion of principles. Journal of Hydrology, Amsterdam. v. 10, p. 282-290, 1970.

6. BALTOKOSKI, V. et al. Calibração de modelo para a simulação de vazão e de fósforo total


nas sub-bacias dos rios Conrado e Pinheiro - Pato Branco (PR). Revista Brasileira de Ciencia
do Solo, v. 34, n. 1, p. 253–261, 2010.

70
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
05
Caracterização morfométrica da bacia
hidrográfica do Ribeirão das Pedras
no município de Palmas – TO

Denise Domingos dos Santos Martins


UFT

Roseanne Veloso de Camargo


UFT

Girlene Figueiredo Maciel


UFT

Juan Carlos Valdés Serra


UFT

Joel Carlos Zukowski Junior


UFT

10.37885/210504716
RESUMO

A bacia hidrográfica, também entendida como bacia de contribuição de um curso d’água,


é a área geográfica coletora da água da chuva que, escoando pela superfície do solo,
atinge a seção considerada. Todos os acontecimentos que ocorrem na bacia de drena-
gem repercutem, direta ou indiretamente, nos rios. As condições climáticas, a cobertura
vegetal e a litologia são fatores que controlam a morfogênese das vertentes e, por sua
vez, o tipo de carga detrítica a ser fornecida aos rios. Sendo assim, o presente estudo
traz como objetivo caracterizar os parâmetros morfométricos, usando dados georreferen-
ciados em ambiente de SIG (Sistema de Informação Geográfica) da bacia hidrográfica
do ribeirão das Pedras. Para a delimitação do divisor topográfico foi utilizado um MDE
derivado da imagem SRTM obtida pelo projeto Embrapa Monitoramento por Satélite e
com essa delimitação foram calculados os parâmetros morfométricos. A bacia do ribeirão
das Pedras é de 3° ordem, indicando ser pouco ramificada, apesar de ser considerada
uma bacia grande com uma área de 478 km² e perímetro de 112 km. Neste sentido, após
a aplicação de métodos de cálculo e classificação baseada na metodologia proposta por
diversos autores, a bacia do ribeirão das Pedras possui uma baixa capacidade de dre-
nagem, é pouco suscetível a erosão, baixo risco de inundação, alta amplitude altimétrica
e baixo risco de enchentes considerando também a grande extensão de área coberta
pela microbacia.

P a l a v r a s - c h a v e: G e o p r o c e s s a m e n t o, G e s t ã o, M e i o A m b i e n t e, M o r f o m e t r i a ,
Recursos Hídricos.

72
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

No Brasil, o conceito de Bacia Hidrográfica foi instituído pela Lei Nº 9.433/1997, que
em seu artigo 1º, inciso V, define a bacia como “unidade territorial para implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos”, com o objetivo de assegurar a necessária disponibilidade de água, a
utilização racional e a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrentes do uso inadequado (Brasil, 1997).
A bacia hidrográfica, também entendida como bacia de contribuição de um curso d’água,
é a área geográfica coletora da água da chuva que, escoando pela superfície do solo, atinge
a seção considerada (Pinto et al., 1976). A ela não se limitam apenas os cursos d’água que
secionam o relevo ou drenam uma determinada área, mas sim, a um espaço topografica-
mente destinado a alimentar estes cursos d’água através dos processos de movimentação
da água (Lima e Fontes, 2015).
Conforme salienta Christofoletti (1980), todos os acontecimentos que ocorrem na ba-
cia de drenagem repercutem, direta ou indiretamente, nos rios. As condições climáticas, a
cobertura vegetal e a litologia são fatores que controlam a morfogênese das vertentes e,
por sua vez, o tipo de carga detrítica a ser fornecida aos rios. Com isso, deve-se estudar a
bacia hidrográfica como um todo, sem considerar apenas um dos elementos, mas o con-
junto em interação.
A análise de bacias hidrográficas contribui a planejamentos ambientais, que servem
de soluções a problemas que surgem em decorrência de ações antrópicas e de fenômenos
naturais. Segundo Trentin (2011), quando se discutem os problemas relacionados a ques-
tões ambientais, as bacias hidrográficas se apresentam como unidades relevantes para
tal discussão por esta ser um sistema integrado e aberto com entrada e saída continua de
matéria e energia.
A morfometria é um tipo de avaliação quantitativa que revela indicadores físicos espe-
cíficos de forma a qualificar as alterações ambientais que ocorreram e/ou ocorrem. Esses
parâmetros servem como referencial para o planejamento ambiental e auxiliam na tomada
de decisão nos projetos de gestão dos recursos hídricos por corresponder a um conjunto
de procedimentos que caracteriza os aspectos geométricos e de composição dos sistemas
ambientais (Christofoletti, 1999).
A caracterização morfométrica de uma bacia hidrográfica é um dos primeiros e mais
comuns procedimentos executados em análises hidrológicas ou ambientais, e tem como
objetivo elucidar as várias questões relacionadas com o entendimento da dinâmica ambiental
local e regional (Teodoro et al, 2007). De acordo com Santos et al. (2016), estudos referen-
tes ao comportamento hidrológico de qualquer bacia hidrográfica, de maneira quantitativa,
73
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
utiliza-se o método de análise morfométrica, que caracteriza a rede de drenagem, levando-se
em consideração a geologia e geomorfologia da área de estudo.
Segundo Mendes et al. (2017), os dados acerca das características físicas da bacia (hip-
sometria, declividade, solos) e dos parâmetros morfométricos têm sido obtidos de forma mais
rápida e precisa do que antes. Isso se deve a utilização de técnicas de Geoprocessamento
como o Sistema de Informações Geográficas – SIG.
A análise geoambiental, vem como ferramenta auxiliadora para a interpretação de dados
reais, com base em bancos de dados georreferenciados, que caracterizarão os elementos
físicos da paisagem, resultando em detalhamentos riquíssimos das formas naturais da área
de estudo (Santos et al., 2016). Esses estudos geoambientais em bacias hidrográficas au-
xiliam no levantamento de informações referentes às características naturais e elementos
físicos, estabelecendo unidades homogêneas que os descrevam.
Sendo assim, o presente estudo traz como objetivo caracterizar os parâmetros mor-
fométricos, usando dados georreferenciados em ambiente de SIG (Sistema de Informação
Geográfica) da bacia hidrográfica do ribeirão das Pedras. Esta caracterização é de funda-
mental importância para a elaboração e execução de futuros projetos geoambientais, pois os
resultados auxiliarão na compreensão do escoamento superficial da microbacia, favorecendo
o seu manejo adequado.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de Estudo

O estudo foi desenvolvido na área da bacia hidrográfica do Ribeirão das Pedras, loca-
lizada entre as coordenadas 10°11’ e 10°23’ de latitude Sul e 47°50’ e 48°09’ de longitude
Oeste, na região central do Estado do Tocantins, pertencente à bacia do Rio das Balsas,
que, por sua vez, pertence à bacia hidrográfica do Rio Tocantins (Figura 01).

74
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figura 01. Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Pedras – BHRP.

Fonte: autores.

A bacia está totalmente inserida dentro dos limites geográficos do município de


Palmas. O clima no Tocantins, de acordo com Köppen, é do tipo AW – Tropical de verão
úmido e período de estiagem no inverno, sendo o mês mais chuvoso janeiro e o mais seco
agosto, onde a precipitação média anual apresenta variação em torno de 1.500 a 2.100
mm. A classificação climática de Palmas é do tipo clima úmido com moderada deficiência
hídrica no inverno C2WA’a’, sendo caracterizada por duas estações bem definidas, uma
seca e a outra chuvosa (Tocantins, 1997).
O ribeirão das Pedras tem sua nascente ao leste no município de Palmas, numa altitude
de 500 metros, e percorre para o nordeste. São contribuintes da bacia os córregos Cabeceira
Verde e Campeira, e suas nascentes estão a 450 e 400 metros de altitude, respectivamen-
te. O ribeirão, por sua vez, tem sua exutória no rio das Balsas a uma altitude de 250 metros.

Delimitação da Bacia Hidrográfica

Para a delimitação do divisor topográfico foi utilizado um MDE derivado da imagem


SRTM obtida pelo projeto Embrapa Monitoramento por Satélite (SRTM, 2019). As cenas
utilizadas foram SC-22-Z-B e SC-23-Y-A. Após a aquisição das cenas, as mesmas foram
processadas utilizando o software ArgGis versão 10.1. Inicialmente foi realizado o mosaico,
obtendo um único arquivo com a combinação das imagens.
75
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Com a utilização das extensões Spatial Analyst e Hydrology Modeling foi realizada
a delimitação automática da bacia hidrográfica de acordo com a metodologia de Sobrinho
et al. (2010). As etapas foram: preenchimento de depressões – fill; direção de fluxo - flow
direction; fluxo acumulado - flow accumulation; comprimento de drenagem – flow lenght;
ordem de fluxo – stream order; e delimitação de bacias – watershed. Como a bacia foi obtida
em um arquivo raster foi necessária sua conversão para o formato vetor (polígono), para a
realização dos cálculos morfométricos.

Morfometria

Com a delimitação da bacia hidrográfica do ribeirão das Pedras, obtiveram-se as dife-


rentes características morfométricas que, de acordo com Tonello (2005), podem ser divididas
em características geométricas (área total, perímetro total, coeficiente de compacidade,
fator de forma e índice de circularidade); características do relevo (declividade, altitude e
amplitude) e, características da rede de drenagem (comprimento do curso d’água principal,
comprimento total dos cursos d’água, densidade de drenagem e ordem dos cursos d’água).
Também foram calculados os parâmetros coeficiente de manutenção e extensão do percurso
superficial, de acordo com Christofoletti (1969) e produzido mapa de declividade atribuindo
as classes, proposto por Embrapa (1999). Segue abaixo a descrição dos parâmetros mor-
fométricos determinados.

Características geométricas

a. Área

Esse parâmetro é essencial para a obtenção dos outros parâmetros físicos (Villela e
Mattos, 1975). Esse parâmetro pode ser expresso em km² ou ha. A fim de verificar se uma
bacia é classificada como grande ou pequena é levada em consideração a classificação
feita por Wisler e Brater (1964) em que, bacias com área inferior a 26 km² são classificadas
como pequenas, e acima desse valor são classificadas como grandes. O valor foi gerado
no programa ArcGis, expresso em quilômetro quadrado (km²).

b. Perímetro

Corresponde a medida do comprimento da linha do divisor topográfico que delimita


a área da bacia (Smith, 1950), e o valor foi gerado no programa ArcGis e expresso em
quilometro (km).

c. Coeficiente de compacidade (Kc)


76
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
O coeficiente de compacidade é um os parâmetros que refletem a forma da bacia.
Segundo Villela e Mattos (1975), este coeficiente é um número adimensional, que indica
a relação entre o perímetro da bacia e o perímetro de um círculo de área igual à da bacia,
obtido pela equação 1.

Equação (1)

Onde
P: perímetro (km)
A: área (km²)
Cardoso et al. (2006), descreve que quanto mais irregular for a bacia, maior será o
coeficiente de compacidade. Quanto mais próximo de 1, mais circular é a bacia e maior a
sua tendência a gerar enchentes rápidas e acentuadas.

d. Fator de Forma (Kf)

Fioreze et al. (2010) descreve que o fator de forma também é um dos parâmetros que
refletem a forma da bacia, dado pela relação entre a largura média e o comprimento da
bacia. O fator de forma pode ser obtido de acordo com a equação 2.

Equação (2)

Onde
A: área da bacia hidrográfica (km²)
L: comprimento da bacia hidrográfica (km)
De acordo com Cardoso et al. (2006), a bacia é relacionada à forma de um retângulo.
Tanto a forma da bacia como a forma do sistema de drenagem podem ser influenciadas
por algumas características, principalmente a geologia. Podem atuar também sobre alguns
processos hidrológicos ou sobre o comportamento hidrológico da bacia.
Uma bacia estreita e longa, com Kf baixo, é menos sujeita a enchentes porque há
menos possibilidade de ocorrência de chuvas intensas cobrindo, simultaneamente, toda a
sua extensão (Villela e Mattos, 1975).

e. Índice de Circularidade (Ic)

É a relação existente entre a área da bacia e a área do círculo de mesmo períme-


tro. O valor máximo a ser obtido é igual a 1.0, onde quanto maior o valor, mais próxima da

77
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
forma circular estará a bacia de drenagem (Embrapa, 2014). Para determinar o índice de
circularidade utiliza-se a equação 3.

Equação (3)

Onde
Ic: índice de circularidade
A: área de drenagem (km²)
P: perímetro (km)
Características do relevo

a. Declividade
A declividade é muito importante para a modelagem do escoamento, uma vez que a
velocidade do fluxo depende desta variável. Pode ser determinada por vários métodos, mas
em geral consiste na razão entre a diferença das altitudes dos pontos extremos em um cur-
so d’água e o comprimento desse curso d’água. Pode ser expressa em % ou m/m (Paiva e
Paiva, 2001). A declividade do canal principal pode ser obtida de acordo com a equação 4.

Equação (4)

Onde
SRp: declividade do canal principal
AH:amplitude altimétrica do canal principal
Cr: comprimento
Rp: comprimento do canal principal

b. Altitude

A variação de altitude associa-se com a precipitação, evaporação e transpiração, con-


sequentemente sobre o deflúvio médio. Grandes variações de altitude numa bacia acarretam
diferenças significativas na temperatura média, a qual, por sua vez, causa variações na
evapotranspiração. Mais significativas, porém, são as possíveis variações de precipitação
anual com a elevação (Teodoro et al., 2007). A altitude foi obtida a partir do banco de dados
da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado do Tocantins.

c. Amplitude

Amplitude é a variação entre a altitude máxima e altitude mínima.


78
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Características da rede de drenagem

a. Ordem dos cursos d’água


Esse parâmetro se refere a uma determinação relacionada com o grau de ramifica-
ções e/ou bifurcações presentes em uma bacia hidrográfica (Andrade et al., 2008). A jun-
ção de dois canais de primeira ordem forma um canal de segunda ordem; quando dois
rios de segunda ordem juntam-se, forma-se um rio de terceira ordem e, assim por diante
(Nascimento et al., 2013).

b. Densidade de Drenagem

Para Carvalho et al. (2009), a densidade de drenagem indica a eficiência real da drena-
gem atuante nas bacias hidrográficas. De acordo com Horton (1945), a densidade explica o
comportamento hidrológico e litológico de cada unidade de solo. Nos locais onde a infiltração
da água no solo é dificultada, o escoamento superficial é gerado junto com a esculturação
do terreno e geração dos rios e córregos, o que aumenta a densidade de drenagem da
área. A densidade é determinada segundo a equação 5.

Equação (5)

Onde
Cr: comprimento da rede de drenagem (km)
A: a área da bacia (km²)
Segundo Beltrame (1994), a classificação dos valores numéricos de densidades de
drenagem é realizada em 4 classes (menor que 0.5 km/km² é considerada baixa; de 0.5 a
2.00 - média; de 2.01 a 3.5 - alta; maior que 3.5 - muito alta).

c. Coeficiente de Manutenção

A partir da densidade de drenagem é possível calcular o Coeficiente de manutenção


que representa a área necessária que a bacia deve ter para manter perene cada metro de
canal de drenagem (Santos et al., 2012). O Coeficiente de manutenção (Cm) é calculado
de acordo com a Equação 6.

Equação (6)

Onde
Dd: densidade de drenagem

79
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Lana (2001) considera o coeficiente de manutenção como um dos valores numéricos
mais importantes para a caracterização do sistema de drenagem, limitando sua área mínima
requerida para o desenvolvimento de um canal.

d. Extensão do Percurso Superficial

A extensão do percurso superficial (Eps) é considerada como a distância média que


um fluxo hídrico percorre até chegar ao leito do rio (Nunes et al., 2006). O resultado obtido
também serve para caracterizar a textura topográfica sendo calculada conforme a equação
7 proposta por Christofoletti (1969).

Equação (7)

Onde
Dd: densidade de drenagem
Para Pinto, Júnior e Rossete (2005) o valor obtido pelo cálculo da extensão do percur-
so superficial é similar, quanto à interpretação, ao coeficiente da manutenção. A diferença
reside no fato de que no índice de coeficiente de manutenção o resultado é expresso em
área mínima necessária para a existência de um canal, enquanto que o índice da extensão
do percurso superficial indica o comprimento do caminho percorrido pelas águas pluviais
antes de se estabilizarem ao longo de um canal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A bacia do ribeirão das Pedras é de 3° ordem, indicando ser pouco ramificada, ape-
sar de ser considerada uma bacia grande com uma área de 478 km² e perímetro de 112
km. O comprimento do canal principal é de 46 km com uma rede de drenagem total de 75
km. Os resultados da caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do ribeirão das
Pedras estão apresentados na Tabela 01.

Tabela 01.Parâmetros morfométricos da bacia hidrográfica do ribeirão das Pedras.

Parâmetros Valores e Unidades


Área 478 km²
Perímetro 112 km
Comprimento do canal principal 46 km
Comprimento total da rede de drenagem 75 km
Coeficiente de Compacidade 1.43
Fator de Forma 0.085
Índice de Circularidade 0.48
Altitude Máxima 650 m
Altitude Mínima 250 m
Amplitude Altimétrica 400 m

80
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Parâmetros Valores e Unidades
Ordem 3ª
Densidade de drenagem 0.16 km/km²
Coeficiente de manutenção 6.25 km²/km
Extensão do Percurso superficial 3.125 km
Declividade no canal principal 8.69%

A densidade de drenagem é de 0.16 km/km² indicando dessa forma que a bacia possui
uma baixa capacidade de drenagem, tomando como base a proposição de Villela e Mattos
(1975) indicando que a densidade varia de pobre (0.5 km/km²) a bem drenada (>3.5 km/km²).
Para Oliveira et al. (2011), a densidade de drenagem reflete a propriedade de trans-
missibilidade do terreno e, consequentemente, a suscetibilidade a erosão. Nesse sentido, o
baixo valor da Dd torna a bacia do ribeirão das Pedras menos suscetível à erosão dos solos.
De acordo com Lavagnoli (2007), os solos da região, são solos bastante permeáveis,
muito porosos, com horizontes espessos e pouca diferenciação entre si. Tem como principal
limitação a baixa fertilidade natural, devido a acidez, aos altos teores de alumínio livre e às
altas altitudes.
Dessa forma, a bacia apresenta em sua composição litológica, rochas de granulometria
fina, como as rochas areníticas presentes na área, as quais possuem melhor permeabilidade,
apresentando densidade de drenagem baixa, dificultando assim o escoamento superficial.
Cabe ressaltar que a densidade de drenagem é um importante fator na indicação do
grau de desenvolvimento do sistema de drenagem de uma bacia ajudando substancialmente
no planejamento do manejo da bacia hidrográfica (Cardoso et al., 2006).
A bacia possui coeficiente de manutenção de 6.25 km²/km indicando que são neces-
sários 6.25 km² de área para manter perene cada quilômetro de canal na bacia do ribeirão
das Pedras. Para Rodrigues et al. (2017), o índice de Coeficiente de Manutenção funciona
de forma inversa à Densidade de Drenagem; enquanto que Dd baixa é indicadora de boa
capacidade de infiltração da água no solo e de cobertura vegetal, o Cm baixo significa que
o canal não consegue manter ativo um km de canal fluvial, assim, quanto mais alto for a
classe do Cm melhor capacidade o canal terá de se manter ativo.
A Extensão do Percurso Superficial que indica a distância média percorrida pelas en-
xurradas antes de encontrar um canal permanente foi de 3.125 km. Este é um importante
indicador da distância média percorrida pela água precipitada e permite inferir se a bacia
hidrográfica apresenta ou não risco de inundação. Como a água na bacia percorre uma
distância considerável até atingir o canal, o risco de inundação é baixo.
De acordo com Fonseca e Silva (2017), o valor da extensão do percurso superficial
apresenta correspondência inversamente proporcional com a densidade de drenagem, ou
seja, quanto menor a densidade de drenagem, maior a distância que a água deve percorrer

81
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
até o leito do rio. Assim, o valor encontrado está corroborando com as informações sobre a
densidade de drenagem da bacia de 0.16 km/km².
Analisando imagens de satélite da área da bacia foi possível verificar a ausência de
cobertura vegetal nos córregos Cabeceira Verde e Campeira, afluentes da margem esquer-
da do ribeirão das Pedras. Para Pinto Júnior e Rossete (2005), este fator facilita o impacto
das gotas de chuva fazendo com que os agregados se quebrem e crostas sejam forma-
das na superfície do solo aumentando os efeitos do escoamento superficial e causando
processos erosivos.
Trentin e Robaina (2005) afirmam que o estudo da altimetria tem fundamental importân-
cia na análise da energia do relevo. Ele indica condições mais propícias à dissecação para
áreas de maior altitude, e à acumulação para áreas de menor altitude, fatores observados
na bacia em estudo.
O valor encontrado para a amplitude altimétrica foi de 400 metros. Tonello et al. (2006)
afirmam que uma amplitude altimétrica alta indica que a bacia possui um relevo acidentado
influenciando na evapotranspiração, na temperatura e na precipitação e tende a favorecer o
escoamento rápido. Segundo Fritz (2000), as curvas de nível existentes nas cartas topográ-
ficas permitem a confecção de mapas de declividade, os quais geram importantes subsídios
para estudos ambientais, conforme demonstra a Figura 02.

Figura 02. Mapa de declividade da área da bacia do ribeirão das Pedras.

De acordo com Embrapa (1979), a classe de declive de 0.0 a 3.0% é classificada como
plano; a classe de 3.0 a 8.0% é classificada como suave-ondulado; entre 8.0 e 20.0% é qua-
lificada como sendo ondulado; entre 20.0 e 45.0% é classificada como sendo forte-ondulado;
a classe de 45 a 75% é definida como montanhosa e acima de 75% forte montanhoso.
A declividade não apresentou expressiva variação na área, em geral, a bacia hidro-
gráfica do ribeirão das Pedras apresenta baixa declividade, como pode ser observado na
Figura 02, na qual mostra mais de 80% da área da bacia no intervalo entre as declividades 82
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
de 0% a 16.64%. A maior concentração de altas declividades está localizada na porção
oeste da bacia em que a altitude se apresenta mais elevada e evidenciada pela influência
da estrutura geológica na área.
O uso e ocupação do solo às margens dos córregos Campeira e Campina Verde podem
ser explicadas devido à proximidade com a TO-030 que liga o município de Palmas a Santa
Tereza e também as baixas declividades e altitudes facilitando a utilização dessas terras
por não apresentarem impedimentos mecânicos. Porém, com a ocupação desordenada
nessas áreas acompanhada por práticas inadequadas de conservação do solo, estas áreas
apresentam características de vulnerabilidade e risco ambiental.
Os parâmetros que se relacionam com a forma da bacia são descritos como 0.085 de
fator de forma (não sujeita a enchentes), 0.48 de índice de circularidade e 1.43 de coefi-
ciente de compacidade (tendência mediana a enchentes). Para Oliveira et al. (2011), esses
parâmetros morfométricos são os mais utilizados para verificar se uma bacia é suscetível à
inundação por influenciar no tempo de concentração da bacia.
De acordo com os valores encontrados, de modo geral, não há favorecimento à con-
centração de fluxo fluvial que permita que os fluxos dos tributários cheguem a exutória da
bacia em tempos diferentes com o início da chuva; e a forma alongada da bacia indica que
ela é menos sujeita a enchentes porque há menos possibilidade de ocorrência de chuvas
intensas cobrindo, simultaneamente, toda a sua extensão.
Portanto, as informações derivadas dessa análise podem ser utilizadas para as ações
de planejamento servindo como ponto de partida para a definição e elaboração de indica-
dores ambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As bacias hidrográficas são adotadas como unidades de caracterização e avalia-


ção dos recursos hídricos por serem áreas de captação natural da água para diversas
atividades humanas.
Metodologias como a análise morfométrica de uma bacia hidrográfica ou de uma rede
de drenagem estão sendo utilizadas por vários pesquisadores facilitando o entendimento
de forma integrada nos processos do ciclo hidrológico que ocorrem numa bacia hidrográfica
exercendo influência na infiltração, no deflúvio, na evapotranspiração e nos escoamentos
superficiais e subsuperficiais.
De modo geral, os parâmetros morfométricos são muito importantes para a compreen-
são dos fatores que afetam o comportamento das bacias, pois auxiliam na tomada de decisão
e na elaboração dos planos de gestão.
A análise morfométrica realizada na bacia hidrográfica do ribeirão das Pedras mostrou
resultados que permitem inferir num preliminar diagnóstico ambiental da área, e que permitem
83
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
também verificar a suscetibilidade a enchentes e estimar a área mínima necessária para a
manutenção de um canal de escoamento permanente. Possibilitam também a compreensão
da vulnerabilidade natural à erosão dos terrenos, informações importantes na definição do
zoneamento e ordenamento territorial das bacias hidrográficas estudadas.
Neste sentido, após a aplicação de métodos de cálculo e classificação baseada na
metodologia proposta por diversos autores, verificou-se que a bacia do ribeirão das Pedras
possui uma baixa capacidade de drenagem, é pouco suscetível a erosão, tem baixo risco
de inundação, alta amplitude altimétrica, devido à presença de declives na porção oeste e
baixo risco de enchentes.
A bacia apresentou baixa declividade, exceto na porção oeste, o que torna a área
passível de ocupação humana, que vem ocorrendo de modo desordenado, especialmente
às margens dos córregos Campeira e Campina Verde. De acordo com alguns parâmetros
calculados, dentre eles o fator de forma (sendo seu formato mais alongado), a bacia não
é sujeita a enchentes, contudo o índice de circularidade e o coeficiente de compacidade
indicam tendência mediana a enchentes.
Com essas informações, este estudo pode contribuir para um melhor planejamento
ambiental e tomada de decisão quanto à gestão dos recursos hídricos da bacia do ribeirão
das Pedras com um melhor direcionamento das ações de planejamento, servindo como
ponto de partida para a definição e elaboração de Indicadores Ambientais.
Como recomendação para futuros trabalhos fica a elaboração de mapas de uso e ocupa-
ção da terra e de aptidão agrícola, com informações mais detalhadas da área, nos quais possa
ser mostrada a comunidade local como parte de um programa ambiental e geoeconômico.

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86
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
06
Diferentes fontes alimentares e seus
efeitos na produção de húmus e
biomassa da minhoca gigante africana

Amanda Fialho
UEMG

Ubiramar Ribeiro Cavalcante


UEMG

Franciane Diniz Cogo


UEMG

Rafaella Gouveia Mendes


IFTM

Josef Gastl Filho


UFU

Julia Peres Gonçalves


UEMG

10.37885/210404345
RESUMO

Este trabalho teve como objetivo avaliar a produção de biomassa fresca de minhocas-
jovens e adultas de Eudrilus eugeniae, e a produção de húmus, tendo como substrato
esterco bovino curtido e fontes alimentares à base de ração para aves de corte em cres-
cimento, milho moído, casca de soja peletizada e ora-pro-nóbis. O estudo foi conduzido
em casa de vegetação localizada na área experimental da Universidade do Estado de
Minas Gerais (UEMG), unidade Ituiutaba-MG. A metodologia utilizada foi pesquisa de
campo. O delineamento experimental adotado foi DBC. Foram 5 tratamentos foram T1 -
Ração de Frango, T2 - Milho Moído, T3 - Casca de Soja Peletizada, T4 - Ora-Pro-Nóbis
e T5 – Esterco bovino curtido (testemunha) com 4 repetições. As unidades experimentais
utilizadas foram caixotes de madeira nas dimensões 52cmx30cmx26cm, respectivamente,
dispostas em quatro fileiras, consideradas como os blocos, contendo todos os tratamentos
aleatórios dentro de cada bloco. Posteriormente foi adicionado 5 kg de substrato (ester-
co bovino curtido) em cada caixote, correspondente a cada tratamento e 15 gramas de
minhocas jovens. Foi confirmado o aumento da biomassa fresca das minhocas, havendo
maior prevalência nos tratamentos onde houve suplementação de alimento, em com-
paração ao substrato tradicional(testemunha).Com a adição dos suplementos utilizados
nessa pesquisa, pode-se concluir que houve um incremento na biomassa fresca final
atingida pelas minhocas, menor foi a produção final de vermi composto.

Palavras-chave: Minhocultura, Vermicomposto, Agricultura Familiar.

88
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

O húmus é o produto resultante da decomposição da matéria orgânica digerida pelas


minhocas, e quando aplicado ao solo, atua de forma benéfica sobre suas características
físicas, químicas e biológicas, contribuindo para a conservação do solo e o desenvolvimento
vegetal (COSTA, 2010).
De acordo com Costa (2010), muitas são as vantagens da utilização de húmus na
agricultura, podendo ser destacado o incremento dos teores de macronutrientes (nitrogênio,
potássio, fósforo, enxofre, cálcio e magnésio) e micronutrientes (cobre, molibdênio, zinco,
ferro e cloro) fornecidos ao solo.
Por se tratar de um insumo resultante do processo natural da digestão de minhocas, não
oferece toxicidade às plantas, aos animais e ao homem, permitindo a liberação de nutrientes
de forma lenta e contínua, antecipando e prolongando os períodos de florada e frutificação
das plantas, além de ser o fator principal que contribui no aumento da população de micror-
ganismos benéficos para o solo. O húmus é rico em matéria orgânica e age como fertilizante
natural, neutraliza a solução do solo, eleva a concentração de nutrientes e a resistência das
plantas contra pragas e doenças (DORES-SILVA, LANDGRAF e REZENDE, 2013).
A criação racional de minhocas amplamente conhecido, tem por objetivo produzir minho-
cas para iscas (alimentação de aves ou pescaria) e produção de húmus para adubação. Essa
atividade econômica pode ser desenvolvida com um mínimo de condições controladas, se
apresentando bem adaptada para grandes e pequenas escalas de produção(AQUINO,2009).
Nesse contexto, a minhocultura se apresenta como uma atividade econômica alternativa
para a agricultura familiar. Por mais simples que se apresente o manejo nessa atividade,
ainda assim gera o húmus, um produto altamente valorizado no mercado, proporcionando
renda para os agricultores familiar, exigindo apenas a disponibilidade da matéria orgânica
e mão-de-obra (SCHIEDECK, GONÇALVES e SCHWENGBER, 2006).
A agricultura orgânica é um setor do agronegócio com grande potencial econômico e
em evidente expansão. Diante desse fato, passa-se a considerar as necessidades de investi-
gação sobre a produtividade e qualidade dos insumos orgânicos que possam contribuir para
incrementar as estratégias de adubação orgânica, principalmente para a agricultura familiar.
O objetivo do trabalho foi avaliar a produção de biomassa fresca de minhocas jovens
e adultas de Eudrilus eugeniae (Kinberg, 1867), como o efeito desses resíduos sobre quan-
tidade de vermicomposto produzido.

89
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
MATERIAL E MÉTODOS

Os estudos foram realizados em casa de vegetação localizada na área experimental


da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), unidade Ituiutaba-MG (coordenadas
geográficas: latitude: 18°58’17.59”S, longitude: 49°26’51.78”O), no período de novembro de
2019 a janeiro de 2020. O município de Ituiutaba localiza-se na região do Triângulo Mineiro
em Minas Gerais, a uma altitude de 560 metros. O clima da região é classificado por Köppen
e Geiger (1928)como “AW”, quente e úmido.
Foi utilizado delineamento em blocos casualizados (DBC) 5x4, 5 tratamentos com 4
repetições, sendo que os tratamentos consistiram deração para aves de corte em crescimento
(T1), milho moído (T2),casca de soja peletizada (T3), ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Miller)
(T4), esterco bovino puro (T5), sendo o esterco bovino puro utilizado como testemunha,
totalizando 20 parcelas experimentais.
As unidades experimentais utilizadas foram caixotes de madeira nas dimensões
52x30x26, dispostas em quatro fileiras, consideradas como os blocos, cada qual com trata-
mentos aleatórios dentro de cada bloco.
Posteriormente foi adicionado 5 kg de substrato (esterco bovino curtido, em cada caixote
correspondente a cada tratamento e 15 gramas de minhocas jovens, para que pudessem se
adaptar ao substrato de esterco bovino por 33dias, para proporcionar seu desenvolvimento
e sua sobrevivência. Foi adicionado aos caixotes sombrite 80%, com a finalidade de envol-
ver todo material que foi adicionado dentro do mesmo, afim de promover a proteção contra
condições adversas climáticas, e evitar evasão das minhocas.
O processo de suplementação decorreu-se a cada 3 dias, durante 33 dias, e a quan-
tidade de suplementação alimentar oferecida as minhocas foram de 76 gramas de cada
tratamento. O suplemento alimentar foi distribuído de forma homogênea na superfície de
cada caixote (área/volume). Periodicamente realizou-se o monitoramento da temperatura
a cada 3 dias, foram realizadas manutenções dos caixotes com a irrigação por aspersão e
revolvimento do material, a fim de proporcionar melhor aeração do substrato.
As avaliações foram realizadas 78 dias após a instalação do experimento. O desempe-
nho produtivo da minhoca Eudrilus eugeniae em cada tratamento foi obtido pela diferença
entre o peso final e inicial aos 78 dias de avaliação, onde foi realizada a pesagem simples
da massa fresca das minhocas, e do vermi composto, utilizando uma balança de precisão.
Dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo aplicado o teste de
comparações de médias de Scott-Knott, a 5% de probabilidade, utilizando o programa es-
tatístico SISVAR® (FERREIRA, 2011).

90
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a tabela 1, foi confirmado o aumento da biomassa em todos os trata-


mentos, O T1 obteve maior ganho de biomassa quando comparado ao esterco bovino, com
338g, representando 25 vezes a massa do início do experimento. Dessa forma a ração de
frango, demonstrou ser melhor alternativa entre os tratamentos deste estudo para produto-
res que tem o interesse de comercializar minhocas da espécie Eudrilus eugeniae (Kinberg
1867) para iscas para alimentação de aves ou pescaria.
O T2 com 306,75g, representando 20 vezes a massa do inicial, T3 com 172g, repre-
sentando 11 vezes a massa do inicial, T4 com 129g representando 9 vezes o peso do inicial
e T5 com 43,50g representando cerca de 3 vezes o peso do inicial do experimento. Apesar
da biomassa dos tratamentos T2, T3 e T4 ser mais baixo que do T1, ficou claro que, o trata-
mento apenas com esterco bovino curtido (T5), não é um bom suplemento para produtores
de minhocultura da espécie Eudrilus eugeniae (Kinberg 1867) para iscas para alimentação
de aves ou pescaria.

Tabela 1. Biomassas fresca médias (g) final atingida por de Eudrilus eugeniae (Kinberg 1867) jovens e adultas, com esterco
bovino curtido e fontes alimentares à base de ração de frango, milho moído, casca de soja peletizada e ora-pro-nóbis.

Tratamentos Biomassa (g)


Tratamento 1 338,00a
Tratamento 2 306,75ª
Tratamento 3 172,00b
Tratamento 4 129,00b
Tratamento 5 43,50b
T1- Ração de Frango, T2 - Milho Moído, T3 - Casca de Soja Peletizada, T4 - Ora-
Pro-Nóbis e T5 – Esterco bovino curtido (testemunha). Médias seguidas da mesma
letra na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste Scott-Knott (P<0,05).

De acordo com a análise dos vermicompostos, na tabela 2, foi observado que, houve
um aumento na produção húmus em todos os tratamentos. Foi observado que, o tratamen-
to T4 houve maior prevalência de 5.139,25g em comparação ao tratamento convencio-
nal com 4.874,25g.
Pode-se observar que, o húmus do tratamento T4, as minhocas utilizaram como su-
plemento ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Miller), seco e moído. A ora-pro-nóbis (Pereskia
aculeata Miller), confirmou uma excelente fonte de matéria prima, pode ser facilmente en-
contrada na região do Triangulo Mineiro, que podem representar custo muitos baixos para
os produtores de minhocultura.
Outros tratamentos com milho moído (T2) e casca de soja peletizada (T3) também se
demonstraram bom suplemento em comparação ao esterco bovino curtido (T5). De acordo
com Florentino (2019), substrato de origem vegetal é rica em nitrogênio, enriquecem o hú-
mus, obtendo um vermicomposto com alta qualidade nutricional.
91
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
O tratamento com ração de frango (T1) se apresentou inviável a produção de húmus,
uma vez que, obteve apenas 187g de húmus após 78 dias. Por se tratar de um tipo de
substrato processado, pode-se concluir que, ele pode ter facilitado o processo de ingestão
e absorção dos nutrientes pela minhoca, mas prejudicou na produção de húmus.

Tabela2. Produção final de vermicomposto (kg) de Eudrilus eugeniae (Kinberg 1867) jovens e adultas, com esterco bovino
curtido e fontes alimentares à base de ração de frango, milho moído, casca de soja peletizada e ora-pro-nóbis.

Tratamentos Húmus (g)*


Tratamento 4 5.139,25ª
Tratamento 5 4.874,25 a
Tratamento 3 3.464,75 b
Tratamento 2 2.647,75 c
Tratamento 1 187,00 d
T1- Ração de Frango, T2 - Milho Moído, T3 - Casca de Soja Peletizada, T4 - Ora-
Pro-Nóbis e T5 – Esterco bovino curtido (testemunha).* Médias seguidas da mesma
letra na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste Scott-Knott (P<0,05).

Para Florentino (2019), além do substrato, existem outros fatores que influenciam a
produção de húmus, fatores como “a temperatura, umidade, teor de oxigênio, pH e relação
carbono/nitrogênio”. Quando todos estes estão em condições ideais, o processo tende a ser
rápido. Por outro lado, quando um ou mais fatores estão em condições distantes das ideais,
o processo se tornará lento.

CONCLUSÃO

A inserção da suplementação ao esterco bovino curtido incrementou a quantidade de


biomassa das matrizes de minhocas, de Eudrilus eugeniae, assim como também foi positiva
para a produtividade de húmus. Sendo que o uso do Ora-pro-nóbis foi positivo para produ-
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Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
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93
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
07
Dinâmica do escoamento em áreas de
recarga de nascentes na região Serra
Da Mantiqueira, MG

Alisson Souza de Oliveira Rosângela Francisca de Paula Vitor


UNINCOR Marques
UNINCOR
Antônio Marciano da Silva
UFLA Aurivan Soares de Freitas
UNINCOR
Carlos Rogério de Mello
UFLA José de Oliveira Melo Neto
UFT
Geovane Junqueira Alves
UFLA Felipe Bernardes Silva
UNINCOR

10.37885/210504705
RESUMO

A dinâmica do escoamento de quatro nascentes inseridas na região Serra da Mantiqueira


- MG foi avaliada em associação à área de recarga, ao relevo, à cobertura vegetal e aos
atributos físico-hídricos do solo. Para tanto, realizou-se o monitoramento das vazões, o
cálculo do deflúvio e da vazão específica e a modelagem da vazão no período de deple-
ção segundo “Maillet”. O porte da área de recarga, os atributos físico-hídricos do solo e
cobertura vegetal influenciaram os indicadores do regime de escoamento das nascen-
tes. O porte da área de recarga contribuiu positivamente para os indicadores vazão média
e deflúvio em volume e o grau de regularização do regime do escoamento (nascentes L4 e
L1), a nascente sob a menor área de influência apresentou os piores valores para estes
indicadores (nascente L3). O efeito da cobertura vegetal (nativa e plantada), associado
aos dos atributos físico-hídricos do solo, foi evidenciado pelos indicadores deflúvio em
lâmina e rendimento específico que independem da área de recarga (nascentes L4 e
L2). A interação porte de área, atributos físico-hídricos do solo e cobertura vegetal sob
mata (nativa e plantada), gerou os melhores valores para todos os indicadores do regime
escoamento das nascentes (nascente L4).

Palavras-chave: Escoamento Base, Regime de Escoamento, Nascentes.

95
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

A qualidade e quantidade da água das nascentes podem ser alteradas por diversos
fatores, destacando-se o tipo de solo, seus atributos físico-hídricos, seu uso, a cobertura
vegetal e a declividade, principalmente das áreas de recarga, pois influenciam no armaze-
namento da água e no regime do escoamento da nascente e dos cursos d’água (PINHEIRO,
et al. 2011; PINTO et al. 2004).
Segundo Cortines (2008) as áreas de recarga ou as zonas hidrogenéticas são caracteri-
zadas pelas zonas de captação, transmissão e afloramento. Na zona de captação prevalece
o processo de infiltração em relação ao escoamento superficial, já na zona de transmissão o
escoamento superficial é quem predomina, e por fim, a zona de afloramento é onde ocorre
a surgência da nascente.
Pires e Santos (1995) salientam que a ausência da cobertura vegetal resulta na redução
da infiltração de água no solo e do estoque de água subterrânea, influenciando o padrão de
vazões e volume do escoamento, além de contribuir para a o aumento da erosão e assorea-
mento dos corpos d’água. Ainda com relação aos aspectos relacionados ao solo, deve-se
considerar o papel da vegetação sobre alguns atributos físico-hídricos, com consequente
reflexo na dinâmica da água.
Schuler (2003), estudando a influência de diferentes tipos de vegetação em microbacias
no estado do Pará, observou redução na condutividade hidráulica e na porosidade do solo
sob pastagem, em relação à floresta, proporcionando aumento do escoamento superficial.
Nesse contexto se insere o levantamento pedológico, que fornece bases para agrupar
solos que têm funcionalidade semelhante. Deste modo, a caracterização do meio físico
das bacias hidrográficas em especial das áreas de recarga das nascentes, com o intuito de
identificar os aspectos críticos associados à manutenção da água, são condições básicas
para o sucesso do planejamento da conservação e geração de escoamento.
Diante do exposto, objetivou-se neste estudo avaliar a dinâmica do escoamento em
quatro nascentes inseridas na região Serra da Mantiqueira – MG em associação às áreas
de recarga, ao relevo, à cobertura vegetal e aos atributos físico-hídricos do solo.

MÉTODO

As nascentes estudadas denominadas, L1, L2, L3 e L4 situam-se na bacia do Ribeirão


Lavrinha (Figura 1), que se localiza no município de Bocaina de Minas - MG, entre as coor-
denadas UTM 554105 e 557145 de longitude W e 7553647 e 7552021 de latitude S, altitudes
entre as 1144 e 1739 m e área de drenagem de 6,87 km², sendo considerada uma bacia hidro-
gráfica de cabeceira (JUNQUEIRA JÚNIOR, 2006). Yanagi (2008) classificou preliminarmente
96
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
o seu clima, como ArB’2a’, sendo que a temperatura média no mês mais quente e no mês
mais frio são 19ºC e 11ºC, respectivamente, com ocorrência de geadas. A bacia hidrográfica
em questão é representativa dos ambientes associados aos Cambissolos da região da Serra
da Mantiqueira no Alto Rio Grande, tendo sido escolhida para realização de estudos hidroló-
gicos associados à produção de água subterrânea por Menezes (2009). As áreas de recarga
das nascentes L1 e L2 apresentam o domínio do Cambissolo CX A fraco forte ondulado, já,
as áreas de recarga das nascentes L3 e L4 o Cambissolo CX A moderado forte ondulado.

Figura 1. Localização das nascentes dentro da bacia do Ribeirão Lavrinha, da UPGRH- GD1, e do Estado de Minas.

Fonte: Autores.

97
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Tabela 1. Distribuição das classes de solos, uso predominante e atributos físico-hídricos do solo na área de recarga das
nascentes.

NASCENTES

L1 L2 L3 L4
Cambissolo CX A fraco Cambissolo CX A moderado
Classe de Solos*
forte ondulado forte ondulado
Área Recarga (ha) ** 7,24 2,43 0,87 5,14
Classes de Relevo** Distribuição das classes de relevo por nascente%
Fortemente montanhoso (>75%) 0,1 0,0 11,6 2,6
Montanhoso (45-75%) 10,9 24 23,8 20,8
Fortemente ondulado (20-45 %) 67,2 57,3 29,9 62,0
Ondulado (8-20%) 19,5 17,2 28,9 13,0
Suavemente ondulado (3-8%) 1,6 1,5 5,3 1,4
Plano (0-3%) 0,7 0,0 0,5 0,2
Declividade média (%) 28,7 33,9 38,5 37,1

Uso predominante (%) **


Pastagem 92,9 32,9 99 45,4
Samambaia 6,9 0 0 0
Mata 0,2 67,1 1 31,4
Eucalipto 0 0 0 23,2

Atributos Físico-Hídrico***
VTP (%) 52 55 57 54
µ (%) 31 30 34 32
K0 (m/dia) 0,4 0,3 1,1 1,05
MO (%) 3,6 3,6 5,8 4,6
Fontes: *Menezes (2009); **Silva (2009); ***Junqueira Júnior (2006).

Para o monitoramento da vazão e caracterização do regime de escoamento, a vazão


foi quantificada utilizando-se de medidor de vazão modelo WSC Flume, com frequência
aproximadamente quinzenal, no período entre outubro de 2009 e outubro de 2010, sendo
que, sempre, a vazão medida correspondeu ao escoamento de base (surgência da nascen-
te), ou seja, não houve contribuição do escoamento superficial direto. Para cada nascente
e no período de abril a setembro (início e fim do período de seca), foi estimada a equa-
ção de decaimento das vazões, Equação (01) conforme “Fórmula de Maillet” (CASTANY,
1967), ajustando-se os coeficientes com o emprego da ferramenta SOLVER – Excell® e
opção, método de Newton Raphson, e para verificar a qualidade do ajuste o coeficiente de
determinação (R2).

(1)

Em que: Q é a vazão (L3T-1) da nascente; α é o coeficiente de recessão (T-1), repre-


senta a taxa de decaimento da vazão com o tempo, t0 é o dia Juliano correspondente ao

98
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
início do período de depleção do escoamento subterrâneo e t é o dia Juliano para o qual se
deseja estimar a vazão, sendo que t >= t0.
O cálculo do deflúvio foi realizado com a série histórica obtida do monitoramento das
nascentes, calculou-se pela integração numérica os deflúvios base, entre o período de ou-
tubro de 2009 à outubro de 2010. Foi também estimado um deflúvio médio das nascentes,
pela ponderação com suas respectivas áreas de recarga, para permitir a análise comparativa,
com o deflúvio de base da bacia do Ribeirão Lavrinha, o qual foi estimado pela separação do
seu fluviograma anual, obtido com os dados de vazão monitorada na sua seção de controle
(SILVA & MELLO, 2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme apresentado na Tabela 1, os relevos das áreas de recarga se enquadram


numa mesma classe, o que reduz a possibilidade de que o mesmo seja fator diferencia-
dor do regime de escoamento das nascentes. Outro ponto a destacar é que as nascen-
tes L1 e L2 apresentam a mesma classe de solo e possuem atributos físico-hídricos se-
melhantes, sendo que esta condição também se aplica às nascentes L3 e L4, portanto, no
tocante a estes fatores, não há necessidade de se promover discussões entre estes pares
de nascentes. Na Tabela 2 são apresentados os valores, do deflúvio base anual, da sua
decomposição para o período de recarga e depleção, da vazão média diária e do rendimento
específico (RE) médio anual, para cada nascente.

Tabela 2. Valores característicos do escoamento anual das nascentes.

Deflúvio base (Db) Q RE


Nascentes Anual Recarga Depleção média anual médio anual

(dam³) (mm) (mm) (mm) (l.s–1) ( l.s–1.ha–1)

L1 37,261 514,9 309,6 205,3 1,21 0,17

L2 15,283 630,0 423,8 206,2 0,49 0,20


L3 1,656 190,8 130,2 61,1 0,05 0,06

L4 55,310 1075,3 541,4 534,5 1,79 0,35


Fonte: Autores.

Analisando-se a Tabela 2, constata-se a influência da área de recarga no volume total


gerado pelo escoamento (deflúvio) e na correspondente vazão média anual. Quanto maior a
área de recarga, maior o deflúvio e a vazão média anual, com exceção da nascente L4, que
apesar de apresentar a segunda maior área de recarga, apresentou valores maiores para os
dois parâmetros analisados. Este fato, provavelmente está ocorrendo devido a interação de
dois fatores, os atributos físico-hídricos do solo bastante favoráveis à infiltração, e possuir
grande parte de sua área de recarga coberta por mata (nativa e plantada) Tabela 1.
99
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Seguindo esta linha de raciocínio a nascente L3, embora apresente valores dos atribu-
tos físico-hídricos do solo semelhantes aos da L4, possui a menor área de drenagem e 99%
de sua área está ocupada por pastagem, fatores que se integram para a redução do tempo
de oportunidade para que ocorra a infiltração, e consequentemente a recarga do aquífero
superficial, resultando nos menores valores para os indicadores do regime de escoamento.
Por outro lado, a nascente L1 que apresenta a maior área de recarga, possui atributos de
solo com menor potencialidade para favorecer o processo de infiltração que se alia a uma
cobertura vegetal predominantemente de pastagem que acentua a sua condição desfavorá-
vel em relação a nascente L4. Ao analisar os valores do deflúvio expresso em lâmina e do
rendimento específico médio anual, que não são influenciados pelo porte da área de recarga,
percebe-se que a nascente que apresentou o maior valor para estes parâmetros foi a L4,
provavelmente pelos mesmos motivos já discutidos anteriormente. A nascente L2 apresenta
o segundo maior valor, que ao ser comparado com o apresentado pela nascente L1, que tem
na cobertura vegetal o fator diferenciador entre elas (67,1% de mata nativa na L2 e 0,2% na
L1, Tabela 1), permite inferir ser o mesmo o determinante deste comportamento. Partindo-se
para uma análise da decomposição do deflúvio, verifica-se que a nascente L4 apresentou a
maior capacidade de regularização natural, visto que apresenta a relação deflúvio no período
de recarga/depleção próximo de 50%, seguida das nascentes L1, L2 e L3, que é a mesma
ordem decrescente das áreas de recarga das nascentes.
Novamente aqui se destaca a influência do porte da área de recarga e a prevalência da
integração atributos do solo e cobertura sob mata atuando de modo a favorecer o processo
de recarga. Resultados semelhantes foram encontrados por Menezes et al. (2009), que estu-
dando duas nascentes na bacia em questão, cuja área de recarga apresentava o mesmo tipo
de solo, verificou que a nascente cuja área de recarga estava sob domínio da Mata Atlântica,
a vazão era mais estável durante o ano do que aquela que se encontrava sob pastagem.
Pinto et al. (2004) encontraram maiores vazões nas nascentes com uso do solo sob
mata nativa em relação às áreas de pastagem. Segundo os autores, a mata nativa propi-
ciou uma maior infiltração das águas das chuvas no solo, com consequente recarga de
aquíferos e alimentação das nascentes, reduzindo a parcela de água drenada diretamente
para o leito dos rios. Destas discussões depreende-se a influência favorável da mata para
o processo de infiltração e recarga de água no solo, mesmo para solos com diferentes
atributos físico-hídrico, guardando relação com o relatado por Pinheiro et al. (2009), que
solos sob reflorestamentos com Pinus apresentam capacidade de infiltração semelhante à
mata nativa e superior ao solo sob pastagem. A infiltração em áreas florestadas tende a ser
superior ao verificado em solos descobertos ou com uso agrícola (BRANDÃO et al. 2006),
devido a cobertura vegetal ser permanente, recobrindo a superfície do solo com serrapilheira
(ANTONELI & THOMAZ, 2009).
100
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
A Figura 2 e a Tabela 3 apresentam informações sobre as hidrográfas de depleção
das vazões e respectivas equações, relação entre Qt/Qt0 e deflúvios estimados para cada
nascente estudada. Com relação à vazão no início do período de recessão (Qt0) que reflete
a influência do período de recarga que o antecede, constata-se que os valores guardam
relação direta com as áreas de recarga, excetuando o da nascente L4 que como já discu-
tido apresentou maior capacidade de recarga em função da interação de seus atributos de
solo e cobertura de mata. Em relação ao coeficiente de decaimento da vazão com o tempo
(α), o comportamento segue a mesma lógica, porém em sentido inverso, incluindo também
a exceção para a nascente L4. Neste caso o porte da área é também uma indicação do
porte do reservatório a ser drenado pela nascente, e quanto maior ele for, maior será sua
inércia, e, portanto, menores variações ao longo do tempo. Esta consideração se confirma
ao analisar os valores da relação Qt/Qt0 cujo maior valor ocorrido na nascente L4 (0,230)
significa que ao final do período de depleção a vazão é aproximadamente 30% da inicial, e
está vinculado ao menor valor de α (0,0069 dia-1). Opostamente a relação Qt/Qt0 apresenta
seu menor valor para a nascente L3 (0,008) mostrando que ao final do período a vazão é
apenas 2,3% da inicial, representando uma acentuada exaustão do volume do reservatório,
e está vinculado ao maior valor de α (0,0216 dia-1).

Figura 2. Curva de depleção das vazões das quatro nascentes estudadas.

Fonte: Autores.

101
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Tabela 3. Parâmetros característicos do período de depleção.

Nascentes α (dia–1) Qt0(20/03) Qt (16/10) (Qt/Qt0) Deflúvio estimado (mm)

L1 0,0112 2,16 0,300 0,139 208,6

L2 0,0197 1,01 0,016 0,016 179,5


L3 0,0216 0,12 0,001 0,008 54,6

L4 0,0069 2,74 0,630 0,230 510,8


Fonte: Autores.

Os deflúvios para o período de depleção apresentados na Tabela 3, estimados com


base nas equações geradas, quando comparados com os constantes da Tabela 2 mostram
um ajuste adequado, pois o maior desvio entre os valores está na ordem de 13%.

CONCLUSÃO

Foi evidenciado o efeito do porte da área de drenagem, dos atributos do solo considera-
dos e da cobertura vegetal nos indicadores do regime de escoamento das nascentes. O porte
da área de recarga evidenciou sua influência positiva sobre os indicadores vazão média e
deflúvio em volume e sobre o grau de regularização do regime de escoamento (nascen-
tes L4 e L1), a nascente sob a menor área de influência apresentou os piores valores para
estes indicadores (nascente L3). O efeito da cobertura vegetal do solo na forma de mata
(nativa e plantada), associado aos dos atributos do solo, foi evidenciado pelos indicadores
deflúvio em lâmina e rendimento específico que independem da área de recarga (nascen-
tes L4 e L2). A interação porte de área, atributos do solo e cobertura vegetal sob mata (nativa
e plantada), gerou os melhores valores para todos os indicadores do regime escoamento
das nascentes (nascente L4).

AGRADECIMENTO

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e ao


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelo financiamento
do projeto de pesquisa.

REFERÊNCIAS
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período seco e úmido, em diferentes usos da terra na bacia do arroio Boa Vista, Guamiranga,
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102
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
3. CASTANY, G. Traité pretique des eaux souterraines. 2. ed. Paris: Dunod, 1967. 661p.

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de Guaratiba - RJ. 2008. 87 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais e Florestais).
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5. COSTA, F. M. & BACELLAR, A. P. Caracterização Hidrogeológica de Aquíferos a Partir do


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jul./set. 2010.

6. HILLEL, D. Soil and water - Physical principles and process. NY: Academic Press, 1971. 288p.

7. JUNQUEIRA JÚNIOR, J. A. Escoamento de nascentes associado à variabilidade espacial


de atributos físicos e uso do solo em uma bacia hidrográfica de cabeceira do Rio Gran-
de, MG. 2006. 84 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal
de Lavras, Lavras.

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QUES, J. J. Dinâmica hidrológica de duas nascentes, associada ao uso do solo, características
pedológicas e atributos físico-hídricos na sub-bacia hidrográfica do Ribeirão Lavrinha – Serra
da Mantiqueira (MG). Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 37, n. 82, p. 175-184, jun. 2009.

9. PINHEIRO, A.; TEIXEIRA, L. P.; KAUFMANN, V. Capacidade de infiltração de água em solos


sob diferentes usos e práticas de manejo agrícola. Ambi-Água, Taubaté, v. 4, n. 2, p. 188-
199, julho 2009.

10. PINHEIRO, R. C., TONELLO, K. C., VALENTE, R. O. A. V., MINGOTI, R., SANTOS, I. P.
Ocupação e caracterização hidrológica da microbacia do Córrego Ipaneminha, Sorocaba-Sp.
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11. PINTO, V.A.P.; BOTELHO, S.A.; DAVIDE, A.C.; FERREIRA, E. Estudo das nascentes da ba-
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13. SCHULER, A.E. Fluxos hidrológicos em microbacias com floresta e pastagem na Ama-
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Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.

14. SILVA, L. A. Regime de escoamento e recarga subterrânea de nascentes na região do


Alto Rio Grande, MG, 2009. 134p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Univer-
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Army. US Army corps of Engineers, 1999. 90p.

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região do Alto Rio Grande, MG. Lavras: Relatório de Atividades apresentado à FAPEMIG,
2008. 103p.

103
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
08
Direct Radiative Forcing Due to
Aerosol Properties at the Peruvian
Antarctic Station And Metropolitan
Huancayo Area

Julio Miguel Ángeles Suazo Nancy Curasi Rafael


Universidad Tecnológica del Perú-Perú Universidad Peruana Unión

Alex Rubén Huamán De La Cruz Luis Ernesto Tapia Lujan


Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central
Juan Santos Atahualpa - Perú Juan Santos Atahualpa - Perú

Roberto Angeles Vasquez Moisés Ronald Vásquez Caicedo-Ayras


Universidad Nacional del Centro del Perú Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central
Juan Santos Atahualpa - Perú

Nataly Angeles Suazo


Universidad Tecnológica del Perú-Perú Lino Elias Fernandez Bonilla
Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central
Juan Santos Atahualpa - Perú
Rony William Huamán De La Cruz
Universidad Nacional del Centro del Perú

Ide Gelmore Unchupaico Payano


Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central
Juan Santos Atahualpa - Perú

10.37885/210303965
ABSTRACT

We describe the results of the study of aerosol optical depth (AOD) and Direct Radiative
Forcing (DRF) in Top Of Atmosphere (TOA), obtained from the measurement and moni-
toring campaign carried out during the XXI Antarctic Peruvian Expedition in the months of
January and February 2013 and in the Metropolitan Huancayo Area in the months of june
and july 2019. In the Scientific Peruvian Station at Antarctic “Machu Picchu” our used a
SP02-L sun photometer, which is within the instrumental framework of the International
Polar Year. This instrument has 4 channels: 412 nm, 500 nm, 675 nm and 862 nm, thus
allowing direct radiation spectra measurements. And in the MHA we used the BF5 sensor.
This instrument measured Direct, Diffuse and Global Radiation in low wavelength. The
results calculated of AOD in polar latitudes varied between 0.0646 to 0.1061, in relation
to AOD in MHA, presents the value maximum that is 0.58 (11 of june) and minimum that
is 0.19 (12 June). The Angstrom coefficient was determined have values ranging from 0
to 0.07, these values also indicates the presence of big particles. Also to the MHA pre-
sents the mean value varied from 0 to 1.8, that indicated the presence the aerosols types
biomass burning and industrial. Recorded optical properties used to estimate the direct
aerosol radiative forcing (DARF) at the top of the atmosphere. The results indicates that
on King George Island site the DARF is between [-2 4] W/m2; also, the direct aerosol
radiative forcing in MHA is between [0 20] W/m2.

Keywords: Aerosol, Radiative Forcing, Antarctic.

105
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUCTION

As the direct solar radiation passes through the atmosphere, it is attenuated by two main
physical processes: scattering (angular redistribution of energy) and absorption (conversion
of energy into either heat or photochemical change). Both effects are known to be wavelen-
gth dependent (El-Shobokshy & Al-Saedi, 1993). Traditionally, the tool most commonly used
for monitoring the aerosol optical depth of the atmosphere has been the sun photometer.
Essentially, the instrument which is small in physical dimensions, is sighted at the sun to
measure the direct solar irradiance in some selected narrow spectral intervals (Volz, 1959).
Aerosol particles affect the climate system via the following physical mechanisms: First,
they scatter and can absorb solar radiation. Second, they can scatter, absorb and emit thermal
radiation. Third, aerosol particles act as cloud condensation nuclei (CCN) and ice nuclei (IN).
The first two mechanisms are referred to as direct effects and are not subject of this paper
but are discussed in detail in e.g., Haywood & Boucher (2000). The last one is referred to as
indirect effect. It will be the subject of this review together with other atmospheric properties
influenced by aerosols (e.g. semi-direct effect, suppression of convection).
Even though the semi-direct effect is a consequence of the direct effect of absorbing
aerosols, it changes cloud properties in response to these aerosols and therefore is part of
this review on aerosol-cloud-interactions.
Radiative Forcing (RF) is defined as the change in net irradiance at the tropopause
due to an applied perturbation holding all atmospheric variables fixed, once stratospheric
temperatures have been allowed to adjust to equilibrium. The concept of RF was first deve-
loped for one-dimensional (1-D) radiative convective models (e.g., Intergovernmental Panel
on Climate Change - IPCC, 1996) considered the direct radiative forcing from three different
anthropogenic aerosol species: sulphate, fossil fuel black carbon (or soot), and biomass-
-burning aerosols.
IPCC (1996) suggested a range of 20.2 to 20.8 W m–2 (“best guess” of 20.4Wm–2) for
sulphate aerosols, 10.03 to 10.3 W m–2 (best guess of 10.1 W m–2) for fossil fuel black carbon
aerosols, and 20.07 to 20.6 W m–2 (best guess of 20.2 W m–2) for biomass-burning aerosols.
The present research work estimates the direct radiative forcing of aerosols at the
Scientific Peruvian Station Antarctic Machu Picchu and in the Metropolitan Huancayo Area

106
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
METHODS

Site description

The Scientific Peruvian Station at Antarctic “Machu Picchu” (referred as ECAMP,


62º05’30” S, 58º28’16” W and 6 meter above sea level (masl)) is located at King George
Island, the largest of the South Shetland Islands, on the northern tip of the Antarctic penin-
sula (Figure 1). About 90% of King George Island extension is covered by ice (Simoes et al.,
1999). The Peruvian station is located very close to the open ocean so the climate regime is
characterized by maritime conditions. Brazilian and Polish Antarctic stations are the closest
ones. The Peruvian station is only operated during austral summer covering periods from
December to March at maximum, depending of logistics aspects. This station is operated
by the Peruvian Antarctic Institute and actually is run by the Office of Antarctic Affairs of the
Ministry of External Affairs.
The closest station to Peruvian station with continuous meteorological measurements is
Comandante Ferraz, the Brazilian Antarctic station that is about only 5 km from the Peruvian
one. Temperature records for the period of 1947 to 1995 shows that the mean is –2.8oC, with
a minimum of –5.2oC and a maximum of –0.8oC, for year 1959 and 1989, respectively. It sho-
wed a warming trend of 0.022oC per year, resulting in a mean air temperature rise of 1.1◦C
over 49 years. The temperature during summer, the season that covers the aerosol sampling
at the Peruvian station, could reach some degrees over 0oC, with a mean of 0.9oC (Ferron
et al., 2004). Storms are quite frequent over this region of the Antarctic Peninsula so mean
wind speed is above 4 m/s with high variability due to synoptic circulation patterns like the
next ones described by Braun et al. (2001):
(a) advection from north to northwest
(b) southerly to southeasterly air mass transport
(c) advection from northwest
(d) advection from west to southwest

107
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figure 1. Map presenting the location of the Peruvian Antarctic Station “Machu Picchu” and the main geographical
references.

The study was also conducted in the MHA located at coordinates 12°4´12.03´´S,
75°12´43.55´´W with altitude of 3300 masl, it is part of the central Andean region of Peru, as
seen in Figure 2, located in South America and east of the Pacific Ocean. It is one of the 10
most populous provinces of Peru, whose annual population growth rate is 1.6%, with more
than half a million inhabitants (Instituto Nacional de Estadistica e Informatica, 2007.
The MHA belongs to the Mantaro Valley, it occupies an area of 319.4 km2. Its topogra-
phy is quite complex with rock formations and altitudes ranging between 3000-5000 masl,
this range of altitudes is generally due to the presence of mountains.

108
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figure 2. A. Location map of the Department of Junín in Peru; B. Geographic localization of the MHA; C. Topographical
distribution of the MHA.

Instrument

Field campaigns for taking sun photometry measurements were carried during Peruvian
Antarctic campaign: ANTAR XXI (January and February 2013) and Campaign in the Huancayo
province (june and July 2019). The fieldwork at ECAMP and Huancayo has been programmed
with the main objective of quantifying the AOD as an indicator of atmospheric pollution and
evaluate its variation among the different years of measurements.
The main instrument used was the sun photometer that collects information about the
physical and optical properties of aerosols along a vertical path of the atmosphere. This
sun-photometer, named herein front as SP02-L, is used to measure solar irradiance at five
different wavelengths that nominally are 412, 500, 675, 862 nm with 10 nm of bandpass
(Middleton Solar, 2004). A previous model has been used extensively for other research
groups by NOAA/USA (Stone, 2002), by the Australian Bureau of Meteorology in its national
network (Mitchell & Forgan, 2003) and more recently by groups for doing measurements
at Antarctic sites as part of a namely POLAR AOD network (Mazzola et al., 2011). In this
improved model it has a 35 mm longer body to give a narrower field of view of 2.5˚ (1.25˚
opening angle), a slope angle of 0.7˚ and a limit angle of 1.8˚. The fieldwork at Huancayo

109
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
the instrument used was the sun pyranometer, BF5 model; that collects information about
the diffuse and direct radiation along a vertical path of the atmosphere.
For the corresponding measurements of solar radiation in the Province of Huancayo, was
used the BF5 sensor, located at 12°4′0″ S and 75°13′0″ W, in the Metropolitan Huancayo
Area. This records data with a frequency interval every minute, of the following variables:
global radiation and diffuse incident radiation since June 4, 2019. With this information, the
atmospheric clarity index was determined, and the temporal variability was analyzed direct,
diffuse and global solar radiation. The BF5 Sensor is a patented design. It uses a series
of photodiodes with a unique computer-generated hatch pattern to measure incident solar
radiation. A microprocessor calculates the Global and Diffuse components of solar radia-
tion. A built-in heater keeps the BF5 free from dew, ice, and snow down to -20 °C.

Aerosol Optical Depth

The direct solar irradiance measured with this sun-photometer is used to describe the
spectral values of the aerosol optical depth (AOD) associated to each wavelength that are
determined based on the well known law of Lambert-Bouguer-Beer.

(1)

Where is the solar intensity recorded at each wavelength , is the value of solar
radiation at the top of the atmosphere (TOA), R is the solar distance expressed as astronomi-
cal units, m is the air optical mass and is the total optical depth dependent on wavelength.
This last term can be described as the sum of the different constituents of the atmosphere.

(2)

Where is the aerosol optical depth, is the Rayleigh-Scattering optical depth,


and is the ozone optical depth (Liou, 2007).
It should be noted that equations 1and 2 are used in the estimation of AOD for ECAMP.
For AMH, if the model established by Iqbal (1983) is used, the optical aerosol thickness
can be estimated using the IQC model:

(3)

110
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Angstrom exponent

Another important optical property of aerosols is the Ångström exponent (Ångström,


1964). It permits to quantify the spectral dependence of the AOD related with size and the
vertical profile (Tomasi et al., 1983). Ångström exponent is the slope of the lines that passes
through the two values of AOD dependent of in a logarithmic scale as showed in equation
4 (World Meteorology Organization, 2005)
This indicator is very useful because high values of α indicate the predominance of fine
particles and low values of α suggest the opposite. During this study it has been used 500
and 862 nm wavelengths accounting a small difference related to the World Meteorology
Organization suggestion of 870 nm.

(4)

For the calculation of the Angstrom exponent in MHA, it was based on the Iqbal Model,
using parameterization techniques as mentioned in his research Flores et al. (2014).

Direct Radiative Forcing

The attenuation of aerosols during clear sky conditions is known as the ‘direct’ influence
of aerosols on climate. This effect results from backscattering and absorption of radiation by
the aerosol particles themselves (Charlson et al., 1992; Haywood & Boucher, 2000). Although
many monitoring efforts the broad range of estimates due to aerosol direct radiative forcings
still remains large and an important source of uncertainty in climate models (Forster et al.,
2007). Less data, spatially and temporal, is available at Polar regions. In that sense, as a glo-
bally-averaged annual mean, this direct attenuation will produce a cooling sign almost of the
same magnitude of the warming caused by the greenhouse gases (Myhre & Shindell, 2013).
The annual mean at the top of the atmosphere direct shortwave aerosol radiative
forcing, DF, can be roughly estimated using equation 6 and some values suggested by
Haywood & Shine (1995).

(5)

Where:

111
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
– D is the fractional day length (0.7 and 0.5 to ECAMP and MHA respectively),
– So is the solar constant (1370 Wm-2),
– the atmospheric transmission (0.76),
– Ac fractional cloud cover (0.6 and 0.35 to ECAMP and MHA respectively, based
on the mean daily record of Cloud_Fraction from the Moderate Resolution Imaging
Spectroradiometer (MODIS) sensor for King George Island site),
– Rs the surface reflectance (0.65 and 0.20 to ECAMP and MHA respectively, based
on the mean daily record of Effective surface reflectivity at 360 nm (%) from Ozone
Monitoring Instrument (OMI) sensor),
– , the single scattering albedo,0.8 at 1 and calculate for Iqbal method (1983)
– β, the upscatter fraction (0.27, based on measurement of medium latitudes),
– , the aerosol optical depth,

RESULTS

Aerosol Optical Depth

Records of AOD at polar latitudes shows the lowest values of the world with higher
values at Arctic than Antarctic. Figure 3A shows the complete set of daily records of AOD
during Peruvian Antarctic Campaigns at ECAMP developed during austral summers of 2013.
During these years AOD (500 nm) varied between 0.0646 to 0.1061, being a typical value for
the conditions of atmospheric turbidity at a polar site dominated by maritime conditions, during
this season of the year (Tomasi et al., 2007), also are lower than the ones registered at urban
cities, from 0.25 to 1.7 (Castro et al., 2001), and much lower that records during biomass
burning season where values can have values as high as 2.4 for the same wavelengths (Eck,
2003). Then the Figure 3B, in relation to AOD in MHA, presents the value maximum that is
0.58 (11 of june) and minimum that is 0.19 (12 June). Estevan et al. (2019) utilize a CIMEL
sunphotometer belonging to the AERONET network have been performed in the Huancayo
Observatory, Peru, from March 2015 to August 2017, two and a half years, providing for
the first time information about aerosols in the specific area, and obtain the month with the
maximum AOD monthly average is September, and in 2016, the absolute maximum value of
0.91 was registered. The mean AOD value for the study period is 0.10 ± 0.07 and the alpha
mean value is 1.49 ± 0.36, indicating presence, of small size aerosols.
Comparing these values with other Antarctic monitoring stations, the ECAMP ones
presents a high median for AOD (500 nm) of 0.0781. AOD recorded at Neumayer and Aboa
Stations were 0.06 and 0.0551, respectively. These sites are also very close to the coast
where the influence of marine aerosols is higher. Continental sites, far from the coast, present
112
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
lower values. AOD at Kohne and South Pole stations were values as low as 0.015 were re-
corded (Tomasi et al., 2007).
The comparison between the ECAMP and the other station offers the evidence of the
main and important differences of the optical properties of the aerosols. Polar sites has a
relatively very clean atmosphere, but they have a strong influence of particles, very small,
mainly of marine source and eventually from anthropogenic sources and to the turbidity con-
ditions that is usually present in summer and fall because the strong prevailing winds that
also transport haze and dust (Shaw, 1982).

Figure 3. A. Daily variation of AOD at 500 nm for austral summers of 2013 in ECAMP; B. 2019 in MHA.

Angstrom coefficient

Angstrom coefficient α is useful to compare and characterize the wavelength dependen-


ce of AOD and columnar aerosol size distribution (Eck et al., 1999; Cachorro et al., 2001).
Smaller values represents bigger particles, for example dust. On the other hand higher values
represent smaller particles like smoke and/or burning particles (Shifrin, 1995). One way to
113
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
discriminate if the aerosols are mainly composed by particles of medium – small radius,
smaller than 1 mm, or higher is to calculate the Ångström for the evaluated days. Values of
α that are in the range of 0.12 and 0.4 indicates the presence of particles of big size (Otero
et al., 2006), as it is shown in figure 3A from for the Antarctic site. During the year of cam-
paign, the mean value for Angstrom coefficient ( ) varied from 0 to 0.07 that represents a low
variability that can be both to instrumental and atmospheric properties but also indicates the
dominance of big particles probably coming from maritime source. Also to the MHA presents
the mean value for Angstrom coefficient ( ) varied from 0 to 1.8, that indicated the presence
the aerosols types biomass burning and industrial.

Figure 4. A. Daily Ångström exponent variations during Peruvian Antarctic Campaigns at ECAMP for year 2013 and B.
MHA for year 2019.

Aerosol Top Of Atmosphere (TOA) Direct Aerosol Radiative Forcing

The Aerosol TOA Direct aerosol radiative forcing (DARF) is strongly dependent of AOD
(τa) and of single scattering albedo (SSA, ω0), that it is a measure of scattering and absorption
processes of solar light caused by aerosols becoming a key variable for DARF determination.
114
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Comparing the forcing estimates with AOD values, we find that the radiative forcing is
primarily governed by the magnitude of AODs which varied from a low value of 0.04 to high
values above 0.065 at 0.5 um during the field campaigns.
For evaluating and estimating the DARF it was used the median of AOD (at 500 nm) as
it is the most representative value due to this non-parametric distribution. Our estimation for
the King George Island site suggests that based on the equation 5 the direct aerosol radia-
tive forcing is between [-2 4] w/m2. The figure 5BÑ shows the variation of the DARF based
on the optical properties determined in the MHA, also the direct aerosol radiative forcing is
between [0 20] w/m2

Figure 5. A. Dependence of single scattering albedo (ω) and AOD on the direct aerosol radiative forcing (DARF) for King
George Island and B. MHA.

CONCLUSIONS

Measurements of optical properties of aerosols performed during Peruvian Antarctic


campaigns of year 2013 and MHA of year 2019 were analyzed; during these years AOD
(500 nm) varied between 0.0646 to 0.1061, in relation to AOD in MHA, presents the value
maximum that is 0.58 (11 of june) and minimum that is 0.19 (12 June).
The Angstrom coefficient was determined by the same years with values ranging from
0 to 0.07 presenting a high variability that can be both to instrumental and atmospheric as-
pects. These values also indicate the presence of big particles. Also to the MHA presents
the mean value for Angstrom coefficient ( ) varied from 0 to 1.8, that indicated the presence
the aerosols types biomass burning and industrial.
It was evaluated a first inference about the role of aerosols on the Earth´s energy ba-
lance. Recorded optical properties were used to estimate the direct aerosol radiative forcing
(DARF) at the top of the atmosphere. The results indicate that focusing on King George Island

115
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
site the DARF is between [-2 4] W/m2. Also, the direct aerosol radiative forcing in MHA is
between [0 20] W/m2.

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117
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
09
Educação ambiental: a escola no novo
paradigma da percepção ambiental e
o sistema preventivo

Lázaro Pereira Dourado

Lourivaldo Silva Santos

10.37885/210504777
RESUMO

Diante da questão exploratória e destrutiva da natureza, a educação ambiental na escola


precisa ser mais atuante e preventiva, pois sua missão vai além dos muros da escola.
Com isso precisará analisar o seu papel de educadora frente ao conhecimento, observar
sua integração social e sua tarefa formadora de consciência crítica frente aos resultados
do sistema econômico capitalista exploratório e destrutivo no tocante a natureza.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Escola Novo Paradigma Ambiental e Preventivo,


Educação e Agentes Sociais e a Preventividade.

119
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos a educação ambiental tem ganhado muita importância no cenário
mundia l, por conta da exploração desenfreada da natureza, que tem causado muitas mu-
danças no meio ambiente. Com o advento do modelo econômico capitalista, fortalecido pela
Revolução Industrial, que alterou a sistemática do aumento da produção de bens ofertados
no mercado, aumentando o consumo (SEIFFERT, 2010) exigindo maior velocidade produtiva,
busca mais agressiva na aquisição de matéria-prima, obtendo como resultado a exploração
acentuada sem nenhuma preocupação com o meio ambiente, tudo isso tem chamado a
atenção global levando a previsões catastróficas para as futuras gerações, culminando com
mais perdedores do que ganhadores (ZALASIEWICZ, et al., 2010).
Diante dessa realidade, vários países têm apresentado suas propostas de proteção
à natureza, reagindo de maneira contrária a esse modelo exploratório que não se importa
com o meio ambiente. Tratados e acordos estão sendo assinados para diminuir ou equali-
zar a destruição da natureza. Como exemplo, alguns documentos surgiram a partir de 1960
alertando sobre os problemas ambientais, tais como: a devastação foi combatida no livro de
Rachel Carson chamado de “Primavera Silenciosa”; “Os Limites do Crescimento”, projeto
dos cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT); I Conferência Mundial sobre
o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo (1972) sob a coordenação da Organização das
Nações Unidas (ONU); no Brasil, a “Política Nacional do Meio Ambiente de 1981; “Cúpula da
Terra” no Rio de Janeiro em 1992 ou “Carta da Terra”; e a “Agenda 21” (BARBIERI, 1997);
em 1997, intitulada “Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas”, no Japão,
que originou o documento denominado “Protocolo de Kyoto”, etc.
O Brasil parceiro dos acordos, vem aderindo a esta causa e inseriu no caput do art.
225 da Constituição Federal de 1988 a preocupação com o meio ambiente:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações.

Neste contexto, buscou-se envolver setores importantes da sociedade, como a escola,


por ser um ambiente de formação de futuros agentes sociais e vem aos poucos se tornando
parceira dessa ideia protetora da natureza. Sua entrada na questão pode ser notada no movi-
mento social pela educação, que teve seu papel importante no tema por fazer parte da Rio-92.
A Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA sedimentou o ambiente da edu-
cação como habilitada para formar seus discentes como agentes sociais e propositivos na
preservação ambiental.
120
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
A escola no novo paradigma ambiental tem buscado adequar-se a esse novo desafio
capacitando seus docentes e reforçando seu compromisso para formar os alunos como futu-
ros agentes sociais com intuito preventivo. Destaca-se que a linha abordada de “preventivo”
foi um método educativo criado por Dom Bosco em suas obras de formação com desejo
de prevenir situações que pudessem ser desastrosas no futuro, tornando os educandos
protagonistas (BRAIDO, 2004).
O objetivo do presente assunto visa analisar, alicerçado por uma revisão bibliográfica,
a educação ambiental: o papel da escola no novo paradigma da educação ambiental e sua
preventividade. Para isso buscou-se apontar os problemas ambientais que surgiram após o
modelo econômico capitalista, na exploração desenfreada da natureza; a escola que adere
a um papel formador, ao mesmo tempo atual, integrada com os problemas sociais, utilizando
a ação reflexiva, que é a preventividade em suas práticas.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A escola é reconhecida como centro de transmissão de conhecimento (DRUCKER,


1992), aprendizagem e de formação de consciências. Neste meio de convivência humana,
a interação social acontece no despertar da troca de experiências e na renovação constante
de conceitos e atitudes. Ela é o local escolhido e planejado para educar, capacitar e permi-
tir novas propostas, já que o ser humano não herda biologicamente o que foi aprendido e
adquirido pelos seus ancestrais, ele terá que buscar formas de entender a realidade, que
pode ser captada pela razão e seus sentidos. Então o meio, principalmente escolar, é im-
prescindível ao desenvolvimento do ser humano (STECANELA, 2009).
A troca de experiência através da inter-relação humana, principalmente da educação
tem sido uma das chaves principais de informações entre os seres humanos, principalmen-
te para poder dominar e sobreviver com mais segurança. Estudos realizados por Vygotsky
(1978) indica m isso, que assim explicou:

Cada função no desenvolvimento cultural de uma criança aparece duas vezes:


primeiro no nível social e mais tarde, no nível individual, primeiro entre pessoas
(interpsicológico) e depois dentro da criança (intrapsicológico). Isso se aplica
igualmente a toda atenção voluntária, à memória, à formação de conceitos.
Todas as ações mentais superiores se originam como relações reais entre
pessoas. (VYGOTSKY, 1978, p.57).

Para isso o saber adquirido no ambiente escolar, necessita de uma profunda integração
entre o conhecimento, a cultura, o aperfeiçoamento, a capacitação de seu corpo docente,
e vínculos com o seu meio social. É o que diz SAVIANI (2007):

121
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Ora, em meu modo de entender, tal contribuição será tanto mais eficaz quanto
mais o professor for capaz de compreender os vínculos da sua prática social
global. Assim, a instrumentalização desenvolver-se-á como decorrência da pro-
blematização da prática social, atingindo o momento catártico que concorrerá
na especificidade da matemática, da literatura etc., para alterar qualitativamente
a prática de seus alunos como agentes sociais (p. 80).

Esta postura de agentes sociais ajudará a perceber que o progresso trouxe conforto a
vida moderna, porém trouxe também uma profunda interferência na natureza implantada pelo
sistema econômico atual e tem trazido resultados degradantes e de mudanças climáticas
acentuadas, transformando a realidade em “uma crise de civilização” (LEFF, 2006, p. 59).
Neste aspecto é mais do que salutar o ambiente escolar estar alinhado também com os
cuidados voltados para a natureza e o meio ambiente em que vivemos e utilizar ferramentas
para que todos tenham uma educação ambiental propositiva, preocupada e comprometi-
da, desfazendo a conduta de degradação que se acentua a cada momento. Então, urge
transformar pela educação escolar os alunos em agentes sociais para proteção à natureza
(LAYRARGUES, 2006, p.90).
Há necessidade de uma nova relação entre o ser humano e a natureza e ensaiar alter-
nativas e novos caminhos harmoniosos entre o homem dominador e a natureza dominada
para abrandar o que se fez até o presente momento:

Ora, a questão ambiental aparece como sintoma da crise da razão da civiliza-


ção moderna, e a educação ambiental crítica como uma proposta pedagógica
para a construção de uma organização social alternativa, onde as relações
entre o “eu e o outro”, entre os Homens e seu ambiente, não sejam marcadas
pela dominação (NEVES, 2009, p.33).

Além do compromisso com o ensino e com a formação dos novos agentes sociais, a
escola engajada e preocupada com o meio ambiente, entrará em sintonia com as propostas
advindas dos vários tratados de preservação ambiental, principalmente no que se refere
a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA. O caminho nessa trilha não é fácil,
como aponta Janke:

No contexto formal, a educação ambiental tenta se estruturar num espaço his-


toricamente disputado, acirradamente, entre as correntes tradicionais e críticas,
entre o processo educativo pela manutenção do capital contra a luta por uma
educação para a transformação social. Em geral, o cenário de manutenção
tem sobrevivido à disputa, numa situação revelada pela precariedade, falta de
qualidade da educação nos espaços formais, de um modo geral e abrangente.
Essa situação é resultado das escolhas político-econômicas daqueles que
representam democraticamente o povo, mas que se comprometem repeti-
damente com interesses privados e de manutenção da ordem social vigente
(JANKE, 2012, p. 7).

122
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Inserir essa nova proposta ambiental na escola requer perguntar se seus procedi-
mentos estão dando certo e se estão sendo seguidos de avaliações e melhorias, ou seja,
estão alcançando os seus propósitos principalmente com referência a formação dos agentes
sociais? A percepção ambiental está sendo alcançada por seus alunos? As semanas am-
bientais, as campanhas ambientais, os temas transversais ou multidisciplinar que abordam
o respectivo tema ambienta l, etc, estão sendo eficazes?
Assim, a conduta humana no tema prática ambiental poderá ser mais profícua se for
projetada, planejada, executada, avaliada para se evitar práticas descontextualizadas, erra-
das ou aquelas levianas, sem efeitos algum. Para isso, será preciso reavaliação, segurança
e antecipação de alguns resultados positivos, superando-se os negativos, aqueles que não
poderão ser mais consertados e nem tampouco remediados. Como no ambiente escolar
busca-se a formação da consciência (FREIRE, 2015), pode-se aplicar a preventividade, que
é um dos métodos que visa antever algo antes que seja tarde para remediar. Essa prática
educativa foi utilizada por Dom Bosco em sua vida e em suas obras, incluindo-se as escolas.
Prevenir para que não ocorra algo indesejado, são valores vivenciados por educadores no
trato com seus educandos (Braido, 2004), tema que deverá fazer parte na atualidade escolar
de quem quer aderir e ensinar seus agentes sociais em ações de proteção ambiental.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente elaboração ancorou-se nos procedimentos metodológicos, permeados por


procedimentos de pesquisa qualitativa, conforme descreve VERGARA (2004), com pretensão
descritiva, por analisar a educação ambiental na escola frente a inclusão da nova postura
preventiva ambiental. Aborda sobre o papel da escola e sua práxis reflexiva acerca da rea-
lidade interventiva econômica da atualidade capitalista, mas com abordagens explicativas
sobre o papel da escola formadora de consciências e por apresentar procedimento de aná-
lise pautada na preventividade, comparando que todo projeto humano pode ser pensado e
projetado quando a proposta é de cunho formativo e educativo aos seus agentes sociais.
Quanto aos meios, foram usadas e selecionadas literaturas publicadas em artigos e livros
que abordam o assunto ora proposto.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A preocupação com a natureza, o meio ambiente, a preservação, bem como sua


conservação para as futuras gerações têm ocupado agendas de países, grupos, cientistas
e pessoas, pois a sua acelerada destruição dos recursos naturais e as grandes mudanças
climáticas em todo o planeta tem se acentuado. Neste cenário global surgiu o conceito de
123
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
desenvolvimento sustentável e a preocupação ambiental e seu marco referencial foi na
década de 1970, Estocolmo/Suécia, com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente (BARBIERI; SILVA, 2010). Observando de forma particular e local o Brasil tam-
bém passa por alterações ambientais, fruto da intervenção humana. É um país dotado de
abundâncias e que deve cada vez mais preocupar- se com suas riquezas e recursos naturais
para que no futuro não seja um caminho sem volta (NOZAWA e SANTOS, 2010).
Esta tendência mundial exploratória acentuada ganhou força a partir da Revolução
Industria l continuando até os dias atuais e com previsões catastróficas para as futuras ge-
rações, culminando com mais perdedores do que ganhadores (ZALASIEWICZ, et al., 2010).
Na atualidade, a falta de zelo pelo meio ambiente demonstra o quanto precisa ser feito,
visto se observar a realidade nada animadora. Os fatos por si só já denunciam a prática
nociva, grande volume de resíduos, também chamados de “lixos”, são produzidos por essa
cadeia sistematizada da vida moderna, que passa por exemplo, do processo industrial inicial
para a venda, depois na aquisição pelo consumidor até o seu descarte, tudo isto vem oca-
sionando montanhas de resíduos ou lixos, que são jogados em qualquer lugar do planeta,
como pode ser notado pelo levantamento do IBGE, 2011/Brasil.
Esta e outras formas exploratórias utilizadas pelo ser humano tem chamado a atenção
de várias áreas que se importam com o planeta que habitamos. Por isso, tomadas de deci-
sões estão sendo feitas, como acordos entre os vários países na tentativa de estancar ou
amenizar essa realidade destrutiva sem nenhum cuidado frente à natureza.
Caberá sem dúvida a escola, através da educação, sintonizar-se ainda mais com a
questão ambiental e capacitar os novos agentes sociais. Ao nascer, a base biológica do
ser humano passa a ser alimentada por informações adquiridas ao longo de seu desenvol-
vimento para que alcance o vir a ser do mesmo em um processo social e consciente: “[...]
a finalidade imediata da educação é a de tornar possível um maior grau de consciência,
ou seja, de conhecimento, compreensão da realidade da qual nós, seres humanos, somos
parte e na qual atuamos teórica e praticamente ” (RIBEIRO, 2001).
Desta feita, esse processo de humanização, de alimentação formativa, depende em
grande parte de um processo centrado na educação. Compreender esta estrutura de for-
mação habilitará a consciência humana a saber interpretar a realidade e sobre ela atuar em
seu benefício, mas sem destruí-la.
Nesse sentido, a educação será um dos instrumentos para que a consciência ambien-
tal seja adquirida e o resultado aconteça por meio dos indivíduos, instrumentalizados pelo
saber cultural, agindo na história para transformá- la com sua prática voltada para o meio
ambiente saudável.

124
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Portanto, para LUCKESI (1993), a escola poderá ter um papel de manutenção de
ideologias dominantes, como poderá ter um papel de habilitar consciências críticas perante
o seu meio com intuito transformador, mediando vida e sociedade. A apropriação do saber
adquiridos na escola não deveria ser um contra “c” ou um contra “v” ou de decorar conheci-
mentos, mas um saber com propostas ativas, fruto da compreensão cultural madura e pronto
para a renovação. Para isso, professores precisam superar os saberes do senso comum e
objetivar o saber filosófico (SAVIANI 2009).
Na indicação do pensamento de Leff (2001), oportunizar o debate da emergência da
crise ambiental deverá motivar um processo educacional para novas posturas como a forma-
ção de uma nova consciência e mudanças de condutas sociais, possibilitando a equalização
dos efeitos negativos que o ser humano vem causando ao planeta. Nesta linha indica-se a
preparação dos discentes e docentes com práticas que envolvem a escola, seus ambientes,
para que se sintam parte e responsáveis pela preservação do planeta.
Percebe-se que, entre estas tomadas de posição estão a semana do meio ambiente,
temas multidisciplinares, campanhas ambientais nas escolas e faculdades que mostram aos
alunos a importância de cuidar do planeta com pequenas atitudes em sua vida e no meio em
que vivem, tudo para adquirir uma percepção ambiental profunda e transformar a consciência
da criança, do jovem e do adulto em uma conduta correta quanto ao tratamento, cuidados
com a natureza e com condições melhores de vida e de sobrevivência (MILLER, 2017).
Para tanto é preciso ir além e conhecer a Lei 9.795 de 1999, que conceituou a educação
ambiental, capacitar e preparar ainda mais o ambiente formativo escolar com seu corpo do-
cente e equipe formativa, segundo Oliveira e Gadelha (2014) na proposta da Política Nacional
de Educação Ambiental – PNEA. Mostrar a todos que o meio ambiente precisa de cuidados
especiais e que preservá-lo faz parte da manutenção da vida de todos os seres vivos.
O papel da Escola como ambiente formativo é inegável, e é isso que o papel da edu-
cação demonstrou em sua história: a importância que este local formativo tem na vida de
qualquer comunidade humana e o seu legado na conduta da formação.
Este papel escolar foi observado no que ocorreu no final dos anos oitenta do século
XX, época em que o controle militar estava declinando, oportunizando momento de muitos
debates sobre a educação e seu enfoque, centrado na perspectiva crítica e transformadora
com modelagem teórica e prática da educação, um dos frutos surgidos através dos movi-
mentos sociais pela educação e que teve presença significativa foi no Tratado de Educação
Ambiental e sustentabilidade na Rio-92.
Atitudes assim alicerçaram projetos do futuro sobre o tema ambiental mesmo que seja
em meio a grandes propostas de desenvolvimento econômico, como as que ocorreram na
época. Foi por isso que se delineou a chegada de uma nova lei embasada na preocupação
125
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
ambiental conhecida como a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), regulamenta-
da em 2002, enfrentando hostilidades, mas que encontrou esperanças de sua aplicabilidade.
Na Lei 9.795/99 (Brasil 1999), que foi regulamentada pelo Decreto 4.281/02, criou-se o
PNEA, que declinou tarefa e responsabilidade ao Ministério do Meio Ambiente e iniciou sua
proposta de Educação Ambiental na Escola. E, esse apoio do PNEA ajudou a mitigar óbices
contra o lucro empresarial na época. Neste bojo, estudos realizados puderam vislumbrar o
ambiente nada acolhedor de frentes opostas de um lado, a manutenção do capital, e a nova
abordagem da educação para a transformação social (JANKE, 2012, p. 7).
As escolhas de uma direção educacional possuem por base o desejo cultural e sua
sistematização (SAVIANI, 2005), para que o processo e o papel da escola frente a educação
ambiental sejam inseridos. A consciência passa a ser o despertar para o conhecimento e
para a realidade em que o indivíduo está vivendo.
No Brasil, o tema ambiental tem crescido a cada ano na sociedade e sua lei. A LDB
(Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96) tem reforçado a forma-
ção dos professores. Mas será preciso que o tema ambiental faça parte da base formativa
de quem está se preparando para a profissão de docente, que irá lidar com os discentes
colocados em suas salas de aula. As fases iniciais da educação básica voltada para a edu-
cação ambiental precisam observar certos cuidados, principalmente quanto a formação de
professores, conforme entende Martins:

proposição de um modelo de formação alternativo, no qual a construção de


conhecimentos se coloque a serviço do desvelamento da prática social, apto a
promover o questionamento da realidade fetichizada e alienada que se impõe
aos indivíduos. Que supere, em definitivo, os princípios que na atualidade
têm norteado a formação escolar, em especial a formação de professores
(MARTINS, 2010, p. 20).

Além da formação dos docentes, inserção do tema ambiental nas escolas e formação
dos agentes sociais, será de grande importância refletir sobre os resultados, pois muitos
trabalhos e campanhas ambientais já estão sendo realizadas nos ambientes escolares, mas
estarão as mesmas cumprindo com o seu papel, isto é, estarão educando e possibilitando
uma percepção ambiental em seus discentes? Eles estarão adquirindo uma consciência
ambiental em suas vidas e nas suas práticas? Estarão preocupados com o meio ambiente,
conservando-o para as futuras gerações?
As experiências do passado vão norteando as do futuro (McCORMICH, 1992) ou pelo
menos indicando o que poderá ser usado e experimentado com segurança. Quando se trata
de meio ambiente e a conduta humana exploratória por conta de seu sistema econômico,
resultados positivos e negativos fizeram parte dessa história e para a maioria há muita

126
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
preocupação do que se tem feito negativamente com os recursos naturais do planeta e que
jamais poderão ser recuperados, causando muita ameaça a vida de todos os seres vivos.
Então um estudo da realidade ambiental emerge como preocupação e isso foi alerta-
do pelos ambientalistas de que nas últimas décadas a “sobrevivência humana estava em
jogo” (McCORMICH, 1992). Neste ambiente de preocupações, formar as futuras gerações
e capacitá- las para os cuidados com o meio ambiente tornaram-se urgente e a escola tem
esse papel e condições de fazer essa parceria na formação de seus docentes e discentes,
difundindo a ideia dos cuidados com o meio ambiente e a multiplicação dos agentes sociais
em larga escala.
Ter cuidado com o meio ambiente nas atuais condições é ter o cuidado em prevenir o
que ainda pode ocorrer de pior ao planeta através da preventividade. A prevenção passa a
ser uma importante ferramenta educativa a ser utilizada na formação dos futuros agentes
sociais e cuidadores do meio ambiente.
Mas o que seria a preventividade no interior de um sistema preventivo educacio-
nal? É simplesmente prevenir? Não, esta é uma proposta de formação e de muita confiança
depositada no educando. Esta proposta preventiva e educativa foi pensada por um religioso
chamado João Melchior Bosco, que nasceu e viveu na Itália entre os anos de 1815 a 1888.
Conhecido como Dom Bosco, foi fundador da Pia Sociedade de São Francisco de Sales e
seus religiosos são chamados de salesianos. Seu trabalho foi essencialmente uma pedagogia
de educação e confiança nos jovens (BOSCO, 2002).
Naquele tempo a Itália atravessava por uma época de muitas mudanças políticas e
de muita repressão. Foi aí que Dom Bosco encontrou sua missão de educar os jovens, pre-
venindo para que os mesmos não buscassem os caminhos da marginalidade. Tornou-se
líder e desenvolveu seu sistema pedagógico de educação, transformando a vida daqueles
jovens (SALAZAR, 2007).
Nas palavras de Salazar:

Para distinguir a pedagogia de Dom Bosco em relação ao sistema educativo


de repressão, vigente na Itália no século XIX, Dom Bosco, em 1880, afirmava
que o espírito da congregação se resumia na expressão “verdadeiro espírito
de doçura e de caridade”, sobretudo no agir educativo-preventivo. (2007, p.37).

A educação capacita a consciência do discente para ser melhor na sociedade e essa


era a conduta difundida por Dom Bosco, segundo Braido (2004). Seu olhar para uma con-
duta de futuro levou em conta o protagonismo dos jovens e sua inserção transformadora na
sociedade e isto é uma leitura sempre atualizada do método da preventividade:

Tendo em vista os desafios apontados para a educação nos dias atuais, e os


pilares colocados para a educação no século XXI pela igreja e pela UNES-
127
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
CO, e o sentido amplo do termo preventividade, creio que podemos afirmar
tranquilamente que o sistema preventivo é oportuno e necessário. De fato,
seu sentido de envolvimento dinâmico do educando como protagonista de
seu crescimento, e da forma de assistência-presença dialógica, propositiva
e respeitadora da liberdade por parte do educador, podem responder tanto
à concepção atual de protagonismo do educando, quanto à necessidade de
participação do adulto como elemento dialético de orientação, confronto e de
confirmação assertiva neste processo. (SCARAMUSSA , 2015, p.138).

Então resta fazer uma leitura da história, verificando a papel educativo, transformador
e integrador da escola frente aos grandes desafios advindos da realidade ambiental e do
sistema econômico implantado, com nuances de cunho simplesmente exploratório e lu-
crativo para as grandes empresas, e do outro lado o descaso e a transformação poluidora
do meio ambiente.

CONCLUSÕES

O tema preservação ambiental tem cada vez mais tomado espaço no cotidiano de
todos, principalmente quando são veiculados grandes acidentes ocasionados pela ação
humana. A vocação do sistema capitalista é o lucro e as grandes fortunas, não importando
quais sejam as consequências de seus produtos. Isto tem ocasionado muitos problemas na
natureza como poluições, lixões, rios poluídos, substâncias tóxicas lançadas, plásticos des-
cartados e etc. Diante do que vem ocorrendo, países estão tomaram algumas providencias
assinando tratados para proteger o meio ambiente. Grupos defensores da natureza também
se manifestam para salvar ainda o que resta. Leis foram criadas sustentando a tese da pre-
servação ambiental. E, na mesma direção, a educação foi inserida no tema para formar os
agentes sociais que agirão como sujeitos conscientes de seu papel para cuidar da natureza
e mantê-la para as futuras gerações e garantir a vida dos seres vivos.
Assim, cuidar da natureza é cuidar do futuro de todos e da preservação da vida. Por
isso, a educação tem um papel muito importante nesta seara, pois terá que preparar seus
docentes, formá-los constantemente e preparar os discentes para que os mesmos adquiram
uma consciência responsável diante da sua comunidade e quiçá do mundo. Para tanto, terão
que usar a preventividade em suas ações educativas e responsáveis a fim de que não haja
lamentação e destruição do meio ambiente mas, pelo contrário, os cuidados com a natureza
tragam a manutenção da vida com mais qualidade.

128
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
REFERÊNCIAS
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Agenda 21. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

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trador: uma visão do quadro regulatório. In: MORETTI, S. L. A. (Ed.). Ensino e Pesquisa em
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Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

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LOUREIRO, C.F.B. et al. Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo:
Cortez, 2006.

9. LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.

10. McCORMICH, John. Rumo ao paraíso: a história do movimento ambientalista. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará, 1992. p. 64.

11. NEVES, J. P. O vir-a-ser da educação ambiental nas escolas municipais de Penápolis – SP.
Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência). Faculdade de Ciências, Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Bauru, 2009. 180p.

12. NOZAWA, S.; SANTOS, A. L..W. Impactos urbano sobre a biologia do ambiente amazônico :
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13. OLIVEIRA, I.; GADELHA, F.E.A. A gestão ambiental e a análise do uso racional e ecologica-
mente correto dos recursos naturais e seus processos no centro de tecnologia da Faculdade
Federal do Ceará. Revista eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambient a l, Santa
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14. SALAZAR, Deuzilene Marques. Amor educativo: o ensino médio no projeto educativo pastoral
salesiano do colégio dom bosco de Manaus (1998-2003). 2007. 125 f. Dissertação de Mestra-
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SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 39 ed. Campinas: Autores Associados, 2007b.
SEIFFERT, M. E. B. Gestão ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambienta
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129
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
16. STECANELA, Nilda. A crise da escola e o esboroar de seus mitos fundadores. In: SANTOS,
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17. VERGARA, Sylvia Constat. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 5ª ed. São
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18. VYGOTSKY, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VYGOT-


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19. ZALASIEWICZ, JAN; WILLIAMS, MARK; STEFFEN, WILL; CRUTZEN, PAUL. The new world
of the Antrophocene. In Enviroment Science & Technology, v. 44 (7), p. 2228. 2010.

130
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
10
Estimativa do potencial energético de
um aterro sanitário por meio de duas
metodologias

Aline Tathyana Alves Felca


UNIFEI

Raphael Felca Glória


UNIFEI

Regina Mambeli Barros

Arnaldo Pereira Alves


COPASA

10.37885/210604900
RESUMO

Os aterros sanitários são atualmente, de acordo com a Lei nº 12.305/2010, o futuro do


lixo para o Brasil. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada por essa lei,
determinou a extinção de todos os lixões do país até o ano de 2014 e a adoção de aterros
sanitários, que funcionarão junto com a política de gestão integrada dos resíduos, para
os municípios brasileiros. A decomposição do material orgânico em aterros gera o cha-
mado gás de aterro que é composto, dentre outros gases, de dióxido de carbono (CO2)
e gás metano; este sendo 21 vezes mais poluente que o dióxido de carbono. Embora
bastante poluidor, o metano possui um excelente potencial energético e tem sido ampla-
mente estudado como fonte de energia em aterros em todo o mundo. Sendo assim, este
trabalho objetiva demonstrar a eficácia de dois diferentes métodos de cálculo da geração
de biogás presente em aterros sanitários, bem como mostrar o potencial energético que
esse gás possui e a possibilidade de transformação do metano em energia útil, tornando
o biogás um gás lucrativo e mitigando o problema da poluição. Foram utilizados o modelo
do banco mundial e o modelo Landgem para os cálculos. Os dois modelos apresentados
mostraram-se eficazes para cálculo da produção de biogás, no entanto o modelo Landgem
mostrou-se mais adequado devido ao maior número de variáveis envolvidas no método.

Palavras-chave: Aterro Sanitário, Potencial Energético, Biogás, Metano.

132
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

A disposição final dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) tem sido tema de diversos
estudos nas últimas décadas (FEAM e FIP, 2015; ASSAMOI, et. al., 2012), por ser tratar
de um assunto extremamente complexo e que envolve um grande número de variáveis, a
conclusão desse assunto está longe do fim e as soluções para a destinação final do lixo
variam de acordo com as características peculiares de cada região, país, estado, e cidade.
O lixo é um potencial emissor de gases que contribuem com o efeito estufa e é bas-
tante oneroso, sendo assim, torna-se cada vez mais urgente tratar todo esse lixo de forma
correta e encontrar alternativas para o aproveitamento do biogás que é gerado nos aterros.
Este biogás gerado é composto principalmente de metano, gás 21 vezes mais poluente que
o gás carbônico, que possui um elevado poder calorífico e seu aproveitamento energético
se enquadra nos quesitos de desenvolvimento sustentável (BARROS, 2012).
O biogás é composto por metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), amônia (NH3),
hidrogênio (H2), gás sulfídrico (H2S), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2) – tendo como fração
maior o gás metano – e pode ser hoje considerado uma fonte para obtenção de energia
útil como a energia térmica, elétrica, vapor e também pode servir como combustível para
caldeiras (MMA, 2015).
Fatores importantes são levados em conta para o cálculo da geração do metano, como
a população da região, a quantidade de lixo produzida por habitante e o tempo de vida do
aterro, sendo esses apenas alguns dos fatores relevantes no cálculo (SILVA, 2012).
Segundo Barros (2012), há vários modelos para calcular a quantidade de metano ge-
rado, desde métodos que apresentam uma aproximação grosseira, considerando somente
a quantidade de resíduo sólido doméstico disposto no aterro, até métodos que considerem
uma cinética de geração de biogás. Atualmente os modelos mais utilizados são: o modelo
do Banco Mundial, que foi o primeiro modelo a ser criado, o LANDGEM, o IPCC e por último,
o modelo da CETESB de geração de biogás.
Através dos primeiros dois modelos citados foi possível, por meio de cálculos, obter
os gráficos de geração do metano em função do tempo de vida do aterro e assim encon-
trar o ano de produção máxima do biogás e em que ano aproximadamente termina a sua
geração. Também foi estimada a energia que foi gerada através de um dos modelos utili-
zados. E, não obstante, os resultados obtidos foram analisados e comparados por meio de
gráficos e tabelas.

133
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados dados de um município com uma população de 90 mil habitantes, con-
siderando um crescimento populacional de 1% ao ano e uma geração de Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU) de 0,75 kg por habitante/dia. Assim, a quantidade de biogás produzida pode
ser estimada pelos dois modelos abaixo:

Modelo Banco Mundial

O método do Banco Mundial se apresenta como um modelo de primeira ordem, com


base na hipótese de que há uma fração constante de material biodegradável no aterro por
tempo decorrido. Este modelo é o mais comumente empregado e aceito nas Américas do
Sul e do Norte e pode ser representado pela equação 1 (SILVA, 2012):

(Eq.1)

Onde:
Q(CH4)i = Metano produzido no ano i a partir da seção i do resíduo (m3/ano);
k = Taxa de geração de metano (ano–1);
Lo = Potencial da geração de metano (m3CH4/tonelada de resíduos);
mi = Massa de resíduo despejada no ano i (tonelada/ano);
t = Anos após o fechamento do aterro.

Modelo LandGEM

Modelo de Emissão de Gases em Aterros Sanitários (LandGEM) é um programa desen-


volvido pelo CTC (Control Technology Center – Centro de Controle de Tecnologia) da EPA
(Environmental Protection Agency – Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) em
2005. Este modelo matemático é utilizado para contabilizar quantidade e variações na gera-
ção de gases em aterros, calculando, além do metano, a emissão de 49 outros componentes.
O LandGEM também utiliza uma equação (2) de primeira ordem para estimar as emis-
sões desses componentes em um período específico (EPA, 2015):

(Eq.2)

Onde:
134
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
QCH4 = Geração anual de metano por ano calculado (m3CH4/ano);
i = 1 – Acréscimo por ano;
n = Ano do cálculo (ano inicial de abertura do aterro);
j = 0,1 – Acréscimo por ano;
k = Taxa de geração de metano (ano–1);
Lo = Potencial de geração de metano (m3/Mg);
Mi = Massa de resíduos despejadas no ano em cada seção (Mg)
tij = Ano, em cada seção, de recebimento da massa de resíduos (tempo, com precisão
de decimais; por exemplo, 3,2 anos);

Considerações (BARROS, 2012):

A taxa de geração de metano, k = 0,05;


Tempo de vida útil do aterro de 20 anos;
Potencial de geração de metano, Lo = 170 m³ de CH4;
Fração da matéria orgânica presente nos RSU: 50%.

Estimativa da Potência e Energia Disponíveis no Aterro

Para a determinação da potência e energia, utilizaram-se as seguintes equações:

(Eq.3)

(Eq.4)

Onde:
P = Potência Disponível (MW);
Q = Geração Anual de Metano por ano calculado (m3CH4/ano);
PCI = Poder Calorífico Inferior do metano (kcal/m3CH4);
η = Eficiência dos motores (em média, 0,28);
860.000 = Conversão de kcal/h para MW;
E = energia disponível (MWh/dia);
Rend = Rendimento de motores operando a plena carga (estimado em 0,87);
Tempo de operação = Tempo de operação dos motores.
Portanto, em função da vazão de metano, foi possível realizar os cálculos da potência
(MW) e de energia (MWh/dia) disponíveis no aterro no ano de maior produção de biogás,
para isso, considerou-se:
135
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
PCICH4 = 5.500 kcal/m3, valor adotado supondo 50% de metano presente no
biogás de aterro;
Tempo de operação dos motores = 24 horas/dia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O modelo do Banco Mundial apresentou os seguintes resultados para geração do


metano no aterro, indicados na Tabela 1:

Tabela 1. Estimativa de CH4 produzido em um aterro com 20 anos de vida útil, pelo método Banco Mundial.

Ano População RSU/dia (ton) RSU/ano (ton) Metano Produzido (QCH4) (m3/ton.res)

0 0 0,00 0,00 0,00


1 90.000 33,75 12.318,75 99.602,64
2 90.900 34,09 12.441,94 195.295,05
3 91.809 34,43 12.566,36 287.230,74
4 92.727 34,77 12.692,02 375.557,19
5 93.654 35,12 12.818,94 460.416,10
6 94.591 35,47 12.947,13 541.943,59
7 95.537 35,83 13.076,60 620.270,46
8 96.492 36,18 13.207,37 695.522,35
9 97.457 36,55 13.339,44 767.819,97
10 98.432 36,91 13.472,84 837.279,32
11 99.416 37,28 13.607,56 904.011,81
12 100.410 37,65 13.743,64 968.124,50
13 101.414 38,03 13.881,08 1.029.720,23
14 102.428 38,41 14.019,89 1.088.897,83
15 103.453 38,79 14.160,09 1.145.752,21
16 104.487 39,18 14.301,69 1.200.374,58
17 105.532 39,57 14.444,70 1.252.852,58
18 106.587 39,97 14.589,15 1.303.270,38
19 107.653 40,37 14.735,04 1.351.708,86
20 108.730 40,77 14.882,39 1.398.245,73
21* ---- ---- ---- 1.330.052,48
22 ---- ---- ---- 1.265.185,06
23 ---- ---- ---- 1.203.481,26
24 ---- ---- ---- 1.144.786,78
25 ---- ---- ---- 1.088.954,87
26 ---- ---- ---- 1.035.845,92
27 ---- ---- ---- 985.327,11
28 ---- ---- ---- 937.272,14
29 ---- ---- ---- 891.560,84
30 ---- ---- ---- 848.078,91
31 ---- ---- ---- 806.717,61
32 ---- ---- ---- 767.373,53
33 ---- ---- ---- 729.948,28
34 ---- ---- ---- 694.348,28
35 ---- ---- ---- 660.484,52

136
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Ano População RSU/dia (ton) RSU/ano (ton) Metano Produzido (QCH4) (m3/ton.res)

36 ---- ---- ---- 628.272,31


37 ---- ---- ---- 597.631,10
38 ---- ---- ---- 568.484,29
39 ---- ---- ---- 540.758,99
40 ---- ---- ---- 514.385,86
* Como o aterro em questão possui 20 anos de vida útil, não há mais acréscimo de RSU ao longo dos anos, havendo um
decréscimo de metano produzido.

O Gráfico 1 foi gerado a partir da Tabela 1, no entanto o mesmo foi estendido para,
aproximadamente, 120 anos após o aterro ser fechado, para que se possa analisar o que
acontece com a quantidade de metano gerado.

Gráfico 1. Perfil da geração de metano, a partir do modelo Banco Mundial.

Pelo método do LandGEM, foram obtidos os resultados mostrados na Tabela 2:

Tabela 2. Estimativa de CH4 produzido em um aterro com 20 anos de vida útil, pelo método LandGEM.

Emissão de Metano Emissão de Metano Emissão de Metano Emissão de Metano


Ano Ano Ano Ano
x105 (m3/ano) x105 (m3/ano) x105 (m3/ano) x105 (m3/ano)
0 0 12 10,070 23 12,780 34 7,374
1 1,024 13 10,730 24 12,160 35 7,014
2 2,008 14 11,370 25 11,560 36 6,672
3 2,955 15 12,000 26 11,000 37 6,347
4 3,865 16 12,600 27 10,460 38 6,037
5 4,742 17 13,190 28 9,954 39 5,743
6 5,587 18 13,760 29 9,468 40 5,463
7 6,402 19 14,310 30 9,006
8 7,187 20 14,850 31 8,567
9 7,945 21 14,120 32 8,149
10 8,678 22 13,440 33 7,752

O Gráfico 2 foi gerado a partir da Tabela 2, no entanto o modelo LandGEM estende


para, aproximadamente, 80 anos após o aterro ser fechado, para que se possa analisar o
que acontece com a quantidade de metano gerado.

137
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Gráfico 2. Perfil da geração de metano, a partir do modelo LandGEM.

Comparando os dois métodos de estimativa de emissão de metano em aterro sanitário,


nota-se que, pelo Gráfico 3, a quantidade de gás gerado é maior pelo método LandGEM.

Gráfico 3. Perfis da geração de metano, comparativo dos modelos LandGEM e Banco Mundial.

Cálculo da Energia passível de ser gerada


No cálculo da produção de energia, utilizou-se a quantidade de produção de metano
em seu pico máximo (Tabela 2) obtido no modelo LandGEM, além de que considera-se que
apenas 80% do gás emitido é recuperado.
P = (PCI * Q * 0,80 * η) / 860.000
P= 5500 [kcal/m3CH4] * 1,485 x 106 [m3CH4/ano] * 0,80 * 0,28 * 1/860.000 [MW/(kcal/h)]
P= 2127,35 MWh/ano
P= 0,243 MW

Logo,
E = P * Rend. * Tempo de Operação
E = 0,243 [MW] x 0,87 x 24 [horas/dia]
138
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
E = 5,07 MWh/dia
A Energia calculada confirma o bom potencial energético do biogás presente nos aterros
e de que é possível convertê-lo em energia útil.
Nos cálculos da produção de metano observou-se uma pequena diferença nos resul-
tados obtidos quando comparados os métodos entre si, no entanto, essa diferença já era
esperada por se tratar de um modelo mais antigo (banco mundial) onde há menos variáveis
envolvidas, portanto uma menor precisão dos resultados.
Já o LandGEM é um modelo mais recente e que apresenta um maior número de fatores
que são considerados nos cálculos, aumentando a sua precisão.
Os gráficos de ambos apresentaram o comportamento que era esperado para a pro-
dução de biogás nos aterros, ou seja, uma acelerada produção de metano nos primeiro
anos onde atinge sua produção máxima em 20 anos e após esse período há uma queda
na produção desse biogás chegando a zero, mais de 100 anos depois (BARROS, 2012).

CONCLUSÃO

Ambos os modelos utilizados para o cálculo da geração de metano em aterros são


eficazes e podem ser adotados para estimativa da produção de biogás em diversas cidades,
sendo que o LandGEM seria um método mais adequado pois é calculado por meio de um
maior número de variáveis, mas não desqualifica o modelo do Banco Mundial, é apenas
uma solução mais precisa para o cálculo da geração do biogás.
Concluiu-se que há realmente um potencial energético elevado presente no gás que
sai dos aterros e que é viável o estudo de instalações de mini-hidrelétricas em aterros não
só pela diminuição do impacto ambiental, mas também por se tratar de uma boa fonte de
energia e lucros.

REFERÊNCIAS
1. ASSAMOI, B.; LAWRYSHYN, Y. The Environmental Comparison of Landfilling vs. Incineration
of MSW Accounting for Waste Diversion. Waste Management 32, Elsevier Journal, p.1019-
1030. 2012.

2. BARROS, R. M., Tratado sobre resíduos sólidos: gestão, uso e sustentabilidade. Rio de Ja-
neiro: Interciência; Minas Gerais: Acta, 2012.

3. EPA. Modelo de Biogás Centroamericano. Acesso em: 30 mar. 2015. Disponível em: http://
www.epa.gov/lmop/international/centro americano.html

139
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
4. FEAM e FIP. Plano de Regionalização: Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos; Minas
Gerais. Acesso em: 23 mar. 2015. Disponível em http://www.minassemlixoes.org.br/ gestao-
-municipal/plano-de-regionalizacao-para-gestao-integrada-de-rsu/

5. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Aproveitamento Energético do Biogás de Aterro Sanitá-


rio. Acesso em: 23 mar. 2015. Disponível em http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/
residuos-solidos/politica-nacional-de-residuos-solidos/aproveitamento-energeti co-do-biogas-
-de-aterro-sanitario

6. SILVA, T. R.; Metodologia para a determinação teórica da potência ótima conseguida a partir
da combustão do biogás gerado em aterro sanitário: Estudo de caso do aterro sanitário de
Itajubá-MG. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). 164 p.; 2012.

140
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
11
Estudo da situação ambiental do
manguezal e das praias da cidade de
Natal-RN

Ana Karla Costa de Oliveira


IFRN

Joseane Schmidt dos Santos


IFRN

Pamela Melo da Rocha


IFRN

Samuel da Silva Guedes


IFRN

10.37885/210604935
RESUMO

O enfoque do trabalho é analisar os conhecimentos da população acerca das condições


ambientais da Praia do Forte e do manguezal, presentes na Zona Leste da cidade de
Natal-RN, e, a partir dos resultados obtidos de questionários aplicados, propor ações
que melhorem as condições desses ecossistemas, assim como, ações que possibilitem
a transformação do modo de pensar e agir do cidadão para viabilizar a qualidade de vida
da sociedade e do meio ambiente. A metodologia adotada para o desenvolvimento da
pesquisa foi, primeiramente, bibliográfica, pois baseou-se em materiais já elaborados para
obtenção de maiores conhecimentos acerca da temática estudada, exploratória devido ao
levantamento bibliográfico feito para estimular a compreensão e descritiva, pois utilizou-
-se como técnica de padronização de coleta de dados um questionário online com onze
perguntas objetivas (respondidas por cem participantes), no intuito de estudar e analisar
características, opiniões e atitudes da população que frequenta ou apenas transita pela
região onde se localiza o manguezal e a Praia do Forte. Os resultados demonstraram
que a população detém uma preocupação com esses ecossistemas, porem também
explicitam uma certa acomodação frente a atual situação em que esses se encontram.
Conclui-se que, mediante os resultados obtidos, é imprescindível a conscientização da
população sobre sua interação com a natureza e seus recursos naturais e a importância
de se efetivar um desenvolvimento sustentável para promoção de uma relação harmô-
nica com o meio ambiente, assim como, a reivindicação por maiores atitudes advindas
do poder público, haja vista, as condições atuais da zona costeira e seus ecossistemas.

Palavras-chave: Manguezal, Praia, Poluição, Conscientização Ambiental.

142
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

A inserção de novas tecnologias na sociedade atual, sem nenhum planejamento ou


reflexão sobre as consequências, interfere na sustentabilidade, o que acarreta problemáticas
ambientais; este fator está relacionado ao desequilíbrio entre o crescimento da população
e a extração abundante dos recursos naturais e o mau gerenciamento segundo a ideia
de Ramos (2010).
Assim, de forma silenciosa e menos perceptível, zonas costeiras, mares e oceanos de
todo o mundo também sofriam gradativamente os efeitos da expansão da ocupação e dos
usos humanos, sem receber a devida consideração (MMA, 2010). Possíveis soluções para
minimização desses problemas são o desenvolvimento de uma conscientização e mudança
de hábitos da sociedade, objetivando tornar cada cidadão uma parte ativa nessa teia de
relacionamento entre o homem e o meio ambiente, haja vista que, durante a maior parte das
últimas décadas, a preocupação da população se concentrou prioritariamente na proteção
dos ecossistemas terrestres diz Philippi Jr(2014).
Deste modo, estudos de abordagem foram realizados no manguezal e Praia do Forte
(locais de grande relevância no âmbito ambiental e socioeconômico) em Natal-RN, pois
a cidade tem o turismo como grande atividade econômica (BELTRÃO, 2017); assim sen-
do, a preservação desses ecossistemas é essencial para seu desenvolvimento, tendo em
vista que podem não receber o devido cuidado e importância, tanto da parte do governo,
quanto da população.
Diante do exposto, o artigo tem por objetivo analisar os conhecimentos da população
acerca das condições ambientais da Praia do Forte e do manguezal presentes na Zona Leste
da cidade de Natal-RN e propor soluções que melhorem as condições desses ecossistemas,
assim como, ações que possibilitem a transformação do modo de pensar e agir do cidadão
para viabilizar a qualidade de vida da sociedade e do meio ambiente.

METODOLOGIA

O estudo teve como foco a análise e proposição de melhorias para o manguezal e a


Praia do Forte da cidade de Natal-RN, a partir da aplicação do questionário online com 11
perguntas objetivas, respondidas por 100 participantes, e da observação dos fatores que
contribuem para a crescente poluição desses ecossistemas. Detendo a preocupação de
seguir as diretrizes e normas da Resolução CNS n.466/12 (Brasil, 2012) para assegurar o
anonimato, a dignidade, liberdade, segurança e bem-estar dos praticantes na realização do
questionário. Sendo caracterizada como uma pesquisa de cunho exploratório, pois fez-se um
levantamento bibliográfico para promover uma melhor compreensão do assunto, descritiva
143
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
devido ao questionário online para analisar as opiniões e atitudes da população sobre a atual
problemática da poluição que impacta diretamente e/ou indiretamente o manguezal e a Praia
do Forte. E por fim, uma pesquisa bibliográfica, pois baseou-se em materiais já elaborados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatou-se, a partir das respostas das questões 2 e 10, que muitos participantes
estão confortáveis com o atual estado das praias e que essas detêm qualidade razoável,
mesmo diante do lançamento de esgoto doméstico, oriundo dos condomínios a beira mar, e
de toda poluição dos resíduos sólidos, observados ao longo da visita em campo. Contudo,
mostraram-se preocupados com as condições desse ecossistema e dispostos a zelar por
ele, segundo as respostas das questões 3, 4, 5, 6, 9 e 11. A respeito do manguezal, a maio-
ria declarou saber sobre sua relevância, de acordo com a questão 7, entretanto, afirmaram
que esse detém atenção necessária para seu bom desenvolvimento, segundo a questão 8,
demonstrando uma falta de conhecimento, pois o manguezal sofre com as atividades antró-
picas advindas da população ribeirinha e demais, que lançam seus efluentes sem tratamento
e acumulam resíduos sólidos que poluem a água, o solo e o ar.

Gráfico 1. Respostas das questões 1, 2, 3, 4 e 5 do questionário online.

Fonte: autoral, 2018.

144
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Gráfico 2. Respostas das questões 6, 7, 8 e 9 do questionário online.

Fonte: autoral, 2018.

Gráfico 3. Resposta da questão 10 do questionário online.

Fonte: autoral, 2018.

Gráfico 4. Resposta da questão 11 do questionário online.

Fonte: autoral, 2018.

CONCLUSÕES

Diante os resultados obtidos é imprescindível a conscientização da população sobre


sua dependência dos recursos naturais e a importância do desenvolvimento sustentável
para promoção de uma relação harmônica com o meio ambiente. Para tal propõem-se a
145
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
elaboração de um projeto social de educação ambiental para toda população, de um curso
para manejo de resíduos sólidos para os ambulantes e donos de quiosques na beira mar,
maior fiscalização dos órgãos ambientais e investimento em pesquisas para minimizar a
poluição da zona costeira, além da viabilização do turismo ecológico. Tais medidas já seriam
transformadoras para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente, da sociedade e da
economia da cidade.

REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n° 466, de 12 de dezembro de 012.Aprova
normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: Diário Oficial
da União, 2013

2. BELTRÃO, Marx. Turismo, Economia e Sustentabilidade. 2017. Disponível em: <http://www.


tribunadonorte.com.br/noticia/turismo-economia-e-sustentabilidade/393037>. Acesso em: 13
abr. 2018.

3. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Gerenciamento Costeiro no Brasil. Disponível em: <http://


www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro>. Acesso em: 01 abr. 2018

4. PHILIPPI JUNIOR, Arlindo; ROMÉRO, Marcelo de Andrade; BRUNA, Gilda Collet. Curso de
Gestão Ambiental. São Paulo: Manole, 2014. 21 p.

5. RAMOS, Elisabeth Christmann. O processo de constituição das concepções de natureza.


Uma contribuição para o debate na educação ambiental. Ambiente & Educação: Revista de
educação ambiental da FURG, Rio Grande, v. 15, n. 1, p.67-91, 2010. Semestral. Disponível
em: <http://www.seer.furg.br/ambeduc/article/view/905>. Acesso em: 29 Abril. 2018

146
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
12
O atropelamento de fauna e a prática
em educação ambiental

Lucas Silva Santos Júnior


UNIFAP

Francisco Diego Barros Barata


UNIFAP

Eliane Furtado da Silva


UNIFAP

Mauricio Souza dos Santos


UNIFAP

10.37885/210303566
RESUMO

O presente estudo se propôs a avaliar a prática em Educação Ambiental no processo


de sensibilização no combate ao atropelamento de fauna na rodovia AP-010, no Estado
do Amapá. Este estudo foi realizado no mês de outubro de 2014 em um único ponto da
rodovia AP−010. Se entrevistou 15 pessoas, que utilizam diariamente ou semanalmente
a rodovia, possuindo idade entre 25 e 40 anos, sendo 13 homens e 2 mulheres. As entre-
vistas eram do tipo semiestruturadas e foram gravadas através de celular LG OPTIMUS
L1, e transcritas fielmente no programa Microsoft Word 2013®. Para a realização das
gravações foi pedido a autorização dos motoristas através do Termo de Consentimento
de Livre e Esclarecimento, e foram criados códigos para cada entrevistado. 14 espécies
foram citadas como vítimas de atropelamento na rodovia AP-010. Os mamíferos foram
mencionados na maioria das citações, representando 75%
(n=30) do total, seguidos pelos répteis com 21% (n=8) e aves 7%(n=2), os anfíbios não
foram citados em momento algum durante a realização das entrevistas. Se constatou
que o atropelamento de fauna não ocorre somente na AP-010, mas em outras rodovias
amapaenses; estudos relacionados ao atropelamento de fauna se fazem necessários
nas rodovias amapaenses, para se ter comparativos e verificar o aumento ou diminui-
ção das taxas de atropelamento no decorrer dos anos; entrevistas podem ser utilizadas
como método complementar em levantamentos de fauna atropelada; há necessidade
de projetos de sensibilização ambiental nas comunidades em torno da rodovia AP010,
os entrevistados tiverem o despertar para a solução da problemática.

Palavras-chave: Rodovia, Animais, Entrevistas, Folders.

148
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

Dentre as diversas atividades humanas que causam a degradação do meio ambiente,


a construção de rodovias, segundo Trombulak e Frissel (2000) é uma das principais cola-
boradoras para esse processo. Porém, a abertura de estradas é importante para o cresci-
mento de um país, especialmente pela grande oportunidade de geração de empregos, e
está diretamente vinculada ao progresso econômico, atraindo pessoas para áreas antes não
ocupadas pela civilização (FEARNSIDE, 1989; 1990).
Nos últimos anos o tema “atropelamento de fauna” vem ganhando destaque e sendo
alvo de diversas pesquisas (VAN DER ZANDE et al., 1980; KUIKEN, 1988; PHILCOX et al.,
1999; TROMBULAK; FRISSEL, 2000), conforme estudos realizados por Lima e Obara (2004),
a grande incidência de animais mortos nas rodovias dá-se por dois motivos: 1) estradas de
rodagem cortam habitats e interferem diretamente no deslocamento natural das espécies;
2) a disponibilidade de alimentos existente ao longo da rodovia.
As rodovias representam um dos maiores males da civilização quanto aos impactos
sobre o ambiente natural (BANDEIRA e FLORIANO, 2004), especialmente sobre a fauna de
vertebrados, devido aos recorrentes atropelamentos. Estimativas mostram que mais de 15
animais morrem nas estradas brasileiras a cada segundo. Diariamente devem morrer mais
de 1,3 milhões de animais e ao final de um ano mais de 475 milhões de animais selvagens
são atropelados no Brasil (CBEE, 2014). A morte de animais por atropelamento é conside-
rada hoje, a segunda maior causa de perda de biodiversidade da fauna em todo o planeta,
atrás apenas da redução de ambientes naturais (KIEKEBUSCH, 2011).
Neste sentido, este trabalho tem como o objetivo avaliar a prática em Educação
Ambiental no processo de sensibilização no combate ao atropelamento de fauna na rodo-
via AP-010, no Estado do Amapá. Visando contribuir para o desenvolvimento de práticas
educacionais de preservação da fauna nas rodovias brasileiras.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado na rodovia AP−010 (Figura 1), Estado do Amapá, a qual
tem seu início em um entroncamento com a BR−210 localizado no município de Macapá, esta
rodovia se estende pelo município de Santana e tem seu término no município de Mazagão,
sua extensão total é de 55 km. A rodovia é um meio para o escoamento de produtos agrí-
colas de Mazagão para a capital do Estado, Macapá.

149
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figura 1. Rodovia AP-010, Local onde o estudo foi realizado.

A execução do trabalho ocorreu no mês de outubro de 2014, quando foi selecionado


um único trecho na AP−010 para a aplicação de entrevistas, o intervalo da rodovia que é
seccionado pelo Rio Matapí, o qual os motoristas atravessam por meio de balsa, desse
modo, as entrevistas foram realizadas durante a travessia da balsa.
Fizeram parte deste estudo quinze entrevistados, que possuíam idade entre 25 e 40
anos, sendo 13 homens e duas mulheres, todos os entrevistados utilizavam diariamen-
te ou semanalmente a rodovia. As entrevistas realizadas foram do tipo semiestruturadas
(AMOROZO; VIERTLER, 2010), sendo utilizado como ferramenta um questionário constituído
com 10 perguntas subjetivas.
Optou-se pela aplicação de entrevistas, uma vez que esta metodologia possui diver-
sas vantagens, pois possibilitam maior flexibilidade, permitindo ao entrevistador repetir ou
esclarecer perguntas, oportuniza a obtenção de dados que não se encontram em fontes
documentais e que sejam relevantes para a pesquisa, e pode ser utilizado com todos os
segmentos da população, independente de grau de escolarização (OLIVEIRA, 2013).
As entrevistas foram gravadas por meio de celular LG OPTIMUS L1, as gravações
foram transcritas fielmente no Software Microsoft Word 2013®. Para a realização das
gravações foi pedido a autorização dos motoristas através do Termo de Consentimento
de Livre Esclarecimento (TCLE), e foram criados códigos para preservar a identidade
dos entrevistados.

150
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
USO DE FOLDER COMO FERRAMENTA EDUCATIVA

Como ferramenta educativa, foram distribuídas 200 unidades de folders, dentre as


pessoas que receberam os folders selecionou-se uma amostra total de 25 motoristas, estes
foram questionados sobre a importância do material no combate ao atropelamento de fauna.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram citadas pelos entrevistados 14 espécies vítimas de atropelamento na rodovia AP-


010, as espécies foram categorizadas em domésticas e silvestres. Como espécies domésticas
foram descritos indivíduos como: Porco doméstico (Sus scrofa domesticus Erxleben, 1777);
Cavalo (Equus sp.); Búfalo (Bubalus sp.); Cão doméstico (Canis familiaris Linnaeus,1758);
Gato doméstico (Felis catus Linnaeus, 1758). Para indivíduos categorizados como silves-
tres: Tamanduá mirim (Tamandua tedradactyla Linnaeus, 1758); Cutia (Dasyprocta leporina
Linnaeus, 1758); Tatu (Dasypus sp. Gray, 1821); Raposinha (Cerdocyon thous Linnaeus,
1766); Iguana (Iguana iguana iguana Linnaeus, 1758); Anu preto (Crotophaga ani Linnaeus,
1758) e ainda, Ofídios e lacertílios não identificados.
Todos os entrevistados relataram terem avistado mamíferos atropelados na rodovia
AP−010 “Olha já vi muito bicho atropelado na estrada, além de cobra eu já vi porco, cachorro,
mucura, tatu, e raposa, a raposa é um bicho que vejo muito atropelado na estrada, mais não
só nessa aqui, aí pro interior a gente vê muito ela atropelada” (M001).
Os mamíferos foram mencionados na maioria das citações, representando 75% (n=30)
do total de citações seguidos pelos répteis com 21% (n=8) e aves 7%(n=2), anfíbios não
foram citados em momento algum durante a realização das entrevistas. Com um total de
30 citações para o grupo de mamíferos a espécie Cerdocyon thous (raposinha) represen-
tou 26,6% (n=8) do total de citações seguido de Tamandua tetradactyla (Tamanduá mirim)
com 23,3% (n=7) sendo as duas espécies mais citadas pelos entrevistados como vítimas
de atropelamento (Figura 2).

151
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figura 2. Porcentagem das espécies de mamíferos vítimas de atropelamentos na rodovia AP−010 segundo as entrevistas
realizadas.

Durante a realização da entrevista, o participante de código M013 forneceu uma imagem


do seu próprio aparelho de celular de um indivíduo de Tamandua tetradactyla (Tamanduá
mirim) (figura 3), que o próprio diz ter encontrado morto por atropelamento na rodovia.

Figura 3. Indivíduo de Tamandua tetradactyla (Tamanduá mirim) atropelado em trecho não asfaltado da rodovia AP−010,
imagem fornecida e registrada pelo aparelho celular do entrevistado M013.

Das espécies categorizadas como silvestres nenhuma se encontra ameaçada ou em


risco de extinção segundo a IUCN (2014). Dentre as espécies citadas pelos entrevistados
foram mencionadas as mucuras e tatus, as “mucuras” são mamíferos pertencentes ao gênero
Didelphis, esses animais assim como os do gênero Dasypus que compreende os “tatus”, são
vítimas comuns de muitos atropelamentos em rodovias brasileiras, motivo explicado pelo fato
que estas espécies possuem uma ampla distribuição geográfica e hábitos generalistas que
152
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
os levam para a pista (JUNIOR; BAGAGLI, 2011; PENTER et al., 2008; COSTA et al.,2008;
BRITO et al., 2008).
A pesar da espécie Tamandua tetradactyla (Tamanduá mirim) ser predominantemente
arborícola, ela também usa o solo para se deslocar em busca de alimento e para acasalar
(RODRIGUES et al, 2008), possuindo uma área de vida relativamente grande de aproximada-
mente 3,5 km2, e movimentos lentos (TROVATI e BRITO, 2009; RODRIGUES e MARINHO,
2003), as características desta espécie de percorrer grandes distâncias em busca de recursos
e a peculiaridade de seus movimentos letárgicos aumentam seu risco de colisão com veículos
(PINTO et al., 2018). As rodovias podem ainda constituir uma barreira física e prejudicar a
movimentação, o acesso a recursos e o fluxo genético desses indivíduos, contribuindo ainda
mais para a diminuição de seus exemplares (CHEN e KOPROWSKI, 2016).
A espécie Cerdocyon thous (raposinha) apesar de estar categorizada no status de
pouco preocupante (MMA, 2003; IUCN, 2014), possui um potencial risco de extinção local,
uma vez que se mostrou em todas as citações dos entrevistados, esta espécie possui uma
extensa área de vida por ser predadora, percorrendo durante a noite longas distâncias em
rodovias na busca por alimento, segundo Pough (2008), as características desta espécie
podem levar a um potencial vulnerabilidade a extinção, principalmente em áreas próximas
a rodovias. Durante as entrevistas se percebeu um certo sentimento de afeto pela espécie,
principalmente pelos entrevistados do sexo feminino, “poxa...dá uma enorme tristeza de ver
um animal tão engraçadinho morrer assim....” (M008).

CAUSAS DOS ATROPELAMENTOS

Três foram as causas apontadas pelos entrevistados (Quadro 1) como principais cau-
saras de atropelamento dos animais em rodovias, sendo elas:

153
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Quadro 1. Resposta dos entrevistados sobre as principais causas que levam ao atropelamento de animais na AP−010.

CAUSAS APONTADAS DESCRIÇÃO DOS MOTORISTAS


“Olha eu acho que os caras que constroem a rodovia deveriam colocar
uma placa pra dizer que os bichos passam por aí... o cara não sabe aí
vai dirigindo na chutada...” (M002).
FALTA DE SINALIZAÇÃO NA PISTA
“Aqui no Amapá não tem placa de passagem de animais, sem isso
como vou saber se tem bicho na área?” (M004).
“Tem cara aí que tá dirigindo, aí vê uma cutia e mete o carro em cima
mesmo pra matar e depois comer o bicho” (M011).

ATROPELAMENTO PROPOSITAL “Tem gente que mata o bicho de maldade pra comer depois” (M009).

“Tem caboco aqui que quando vê tatu de noite na parte de barro da


estrada, vai na chutada em cima do bicho” (M004).
“O bicho vai atravessar a pista pra passar de uma mata para a outra
BUSCA DE ALIMENTO PELOS ANIMAIS pra comer e as vezes é tão de repente que não tem como frear...”
(M013).

As respostas sobre a importância do folder foram bastante variadas, possivelmente


por ser tratar de um assunto pouco corriqueiro entre os entrevistados. A maior parte das
respostas foram de âmbito positivo para a iniciativa e demostraram boas perspectivas quanto
ao uso do material como iniciativa para a diminuição dos atropelamentos na rodovia. Souza
(2010) diz que no decorrer do contexto histórico as pessoas passaram a querer mudar seus
hábitos para a preservação do planeta, tal preocupação é bastante notável nas respostas
após a distribuição dos folders, este interesse para a proteção do meio ambiente não passou
somente a ser sentindo apenas pelos ambientalistas mais também passou a ser sentido
pelos cidadãos em geral.
Em relação as respostas negativas com relação a distribuição do material informativo,
como a citada pelo entrevistado M019, Leff (2001) fala sobre a impossibilidade de resolver
os crescentes e complexos problemas ambientais e reverter suas causas sem que ocorra
uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, dos valores e dos comportamentos
gerados pela dinâmica de racionalidade existente, fundada no aspecto econômico do de-
senvolvimento, ou seja, os motoristas veem somente as vantagens que a conclusão da
rodovia pode trazer para o desenvolvimento, deixando a questão dos impactos ambientais
em segundo plano.
“Mostrar o problema” como o detectado nos relatos dos entrevistados M016, M021
e M018, seria o passo inicial para propor estratégias mitigadoras no combate à referida
problemática. E mesmo com o baixo número de pessoas (n=200) que receberam o folder
informativo, se comparado ao total de motoristas que utilizam a rodovia AP-010, é possível
perceber que as pessoas que receberam o material tiveram o despertar para a solução da
problemática, Padua e Tabanez (1997) explicam que uma ferramenta de Educação Ambiental
não possui uma eficácia total, porém pode amenizar a problemática quando atinge um
pequeno público.
154
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
CONCLUSÕES

O atropelamento de fauna ocorre em várias rodovias amapaenses, por isso estudos


relacionados ao atropelamento de fauna são necessários nas rodovias do Amapá. Entrevistas
podem ser utilizadas como método complementar em levantamentos de fauna atropela-
da. Há necessidade da criação de programas ambientais que combatam o atropelamento
de animais e de projetos de sensibilização ambiental nas comunidades em torno da rodovia
AP010 que buscam mostrar os impactos das obras sobre a fauna. Ao receberem, os entre-
vistados tiverem o despertar para a solução desta problemática.

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Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
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156
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
13
Qualidade fisiológica de sementes de
arroz produzidas em manejo orgânico
e convencional

Amanda Fialho Ana Paula Santos da Silva


UEMG UEMG

Rafaella Gouveia Mendes Alisson Rodrigues de Resende


IFTM UEMG

Josef Gastl Filho Eleusa Maria Ferreira Rocha


UFU UEMG

Franciane Diniz Cogo Julia Peres Gonçalves


UEMG UEMG

10.37885/210404228
RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo determinar a qualidade fisiológica de sementes


de arroz produzidas em manejo orgânico, através de testes rápidos, como o teste de
condutividade elétrica e o teste padrão de germinação. Para avaliar a qualidade fisioló-
gica das sementes de arroz, foram utilizados cinco testes de vigor com 4 repetições de
200 sementes para cada teste, sendo eles, teste padrão de germinação (TPG), índice
de velocidade de germinação (IVG), teste de padrão de emergência (TPE), índice de
velocidade de emergência (IVE) e teste de condutividade elétrica (CE). No teste padrão
de germinação as sementes de arroz orgânicas, se diferiram significativamente das se-
mentes de origem convencional, sendo que ambas apresentaram alto nível de germinação
100% e 95,2%, respectivamente. Em relação ao IVG, não houve diferença significativa
entre as sementes. O teste padrão de emergência apresentou resultados semelhantes
ao teste padrão de germinação, sendo que, as sementes orgânicas se diferiram signifi-
cativamente das sementes de origem convencional. As sementes oriundas de produção
orgânica e convencional não apresentaram diferença significativa entre si, no teste de
condutividade elétrica, além disso, ambas apresentaram valores baixos de lixiviados, o
que permite deduzir que as sementes possuem boa qualidade fisiológica. Conclui-se,
portanto, que as sementes de arroz, seja do sistema orgânico ou do sistema convencional
pouco se diferenciaram em sua qualidade fisiológica, sendo viável a utilização de ambos,
em particular, da semente orgânica que promove a agricultura sustentável.

Palavras-chave: Agricultura Familiar, Oriza Sativa, Produção Orgânica de Arroz.

158
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

O arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais mais produzidos e consumidos no mundo,
caracterizando-se por ser um alimento substancial para grande parte da população mundial
(PEREIRA, 1996; OLIVEIRA NETO, 2015). Este cereal está presente principalmente nos
países em desenvolvimento e é considerado um dos alimentos com melhor balanço nutricio-
nal, já que, fornece 20% da energia e 15% da proteína “per capita” necessárias ao homem.
Ademais, o arroz é considerado a espécie de maior potencial no combate à fome do mundo
(GOMES; MAGALHÃES JÚNIOR, 2004), o que torna a demanda por este grão crescente.
Em meio ao aumento da demanda pela produção de arroz, surge um grupo seleto de
consumidores que buscam por de alimentos produzidos de forma sustentável, preocupando-
-se com o ambientalmente correto e o socialmente justo. Esse grupo seleto está crescendo,
trazendo a necessidade de sistemas produtivos de base ecológica, onde agricultura orgânica
preconiza a proposta de produção alimentos com alta qualidade e produtividade, e possibilita
um menor impacto ambiental (GLIESSMAN, 2001), com produtos de igual qualidade.
Entre os sistemas produtivos de base ecológica, a agricultura orgânica propõe uma
produção alimentos com qualidade e produtividade, e possibilita um menor impacto ambiental,
devido à eficiência na utilização de recursos naturais, e a redução de insumos externos a
propriedade (GLIESSMAN, 2001). Contudo, um fator limitante para o desenvolvimento das
produções orgânicas está no estabelecimento da lavoura, onde a semente pode determinar
o sucesso ou fracasso da produção, pois nela está toda a potencialidade produtiva da planta
(DANTAS et al., 2018).
Para se implantar uma cultura recomenda-se sementes de qualidade superior, onde
o teste de germinação é o procedimento oficial para avaliar a capacidade das sementes de
germinarem e produzirem plântulas normais em condições ideais (CARVAHO; NAKAGAWA,
2000; BRASIL, 2009). Além do teste de germinação, outros métodos podem ser utilizados
para identificar lotes de sementes mais vigorosos, e um deles é o teste de condutividade elé-
trica, tido como rápido, prático e eficiente para determinação do vigor de sementes (VIEIRA;
KRZYZANOWSKI, 1999).
Em vista disso, o presente trabalho teve como objetivo determinar a qualidade fisiológica
de sementes de arroz produzidas em manejo orgânico, através de testes rápidos, como o
teste de condutividade elétrica e o teste padrão de germinação.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes da Universidade


do Estado de Minas Gerais (UEMG) unidade de Ituiutaba – MG; utilizando sementes de
159
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
arroz orgânico oriundas de produção orgânica e a convencional, no período de janeiro
a março de 2019.
Para avaliar a qualidade fisiológica das sementes de arroz, foram utilizados cinco testes
de vigor com 4 repetições de 200 sementes para cada teste, sendo eles, teste padrão de
germinação (TPG), índice de velocidade de germinação (IVG), teste de padrão de emergên-
cia (TPE), índice de velocidade de emergência (IVE) e teste de condutividade elétrica (CE).
No TPG, as sementes foram semeadas sobre papel germitest, umedecidos com água
destilada em quantidade equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco, acondicionados
em caixas gerboc, e então foram transferidos para a estufa de germinação com temperatura
controlada a 25ºC (BRASIL, 2009), sendo os parâmetros analisados: porcentagem de ger-
minação (PG) e o IVG. Avaliou-se diariamente, durante 7 dias, a quantidade de sementes
germinadas, tendo por critério a emissão da raiz primária. A primeira germinação se deu no
primeiro dia após o plantio, e a última no terceiro dia após o plantio.
Já para o teste padrão de emergência, as sementes foram semeadas em vasilhames
plásticos contendo areia média, os quais foram umedecidos diariamente, sendo mantidos
em temperatura ambiente. Foram avaliados os parâmetros; porcentagem de emergência
(PE) e o IVE. Avaliou-se diariamente, durante 7 dias, a quantidade de sementes emergidas,
tendo como critério a exposição de qualquer parte da plântula sobre o substrato. A primeira
emergência se deu no primeiro dia após o plantio, e a última no terceiro dia após o plantio.
Por fim, para o teste CE, foram previamente pesadas 200 sementes e embebidas em
copos plásticos (200 mL) contendo 75 mL de água destilada e mantidas a 25ºC por 24 h.
(HAMPTON; TEKRONY, 1995; VIEIRA; KRZYZANOWSKI, 1999). Decorrido o período de
embebição, foi realizada a leitura da condutividade elétrica, utilizando-se um condutivímetro
DIGIMED, modelo CD 21, com eletrodo de constante 1,0. Os resultados finais foram expres-
sos em “micro Siemens por centímetro por grama” (µS cm–1 g–1).
Os dados obtidos foram submetidos ao cálculo das medidas de dispersão e análise de
variância (Anova), sendo comparados por meio do Teste de Tukey a 5% de probabilidade,
utilizando o software Sisvar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados do índice de porcentagem de germinação, índice de velocidade de germi-


nação, índice de porcentagem de emergência, índice de velocidade de emergência das
sementes e condutividade elétrica das sementes de arroz oriundas de produção orgânica e
convencional, estão descritos na tabela 02.

160
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Tabela 2. Valores médios de PG (%), IVG, PE (%), IVE, e CE das sementes de arroz oriundas de produção orgânica e
convencional.

Arroz Orgânico Arroz Convencional CV(%)


Germinação (%) 100 ±0,00 a 95,2 ±0,81 b 0,834
IVG 221,2 ±35,33a 188,316 ±26,42a 33,635
Emergência (%) 87,6 ±0,73 a 62 ±1,22 b 2,626
IVE 161,333 ±11,32 a 100,166 ±19,77 a 26,519
Condutividade elétrica 17,421 ±1,65 a 12,7987 ±0,37 a 6,717
Cada teste foi avaliado de forma individual em relação ao teste de tukey a 5% de probabilidade, logo para cada teste
considerou-se um DMS diferente. Valores seguidos pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Tukey (p<0,05).
Valores entre parênteses correspondem ao desvio padrão. CV = coeficiente de variação.

No teste padrão de germinação as sementes de arroz orgânicas, se diferiram significa-


tivamente das sementes de origem convencional, sendo que ambas apresentaram alto nível
de germinação 100% e 95,2%, respectivamente. Em relação ao IVG, não houve diferença
significativa entre as sementes. O teste padrão de emergência apresentou resultados se-
melhantes ao teste padrão de germinação, sendo que, as sementes orgânicas se diferiram
significativamente das sementes de origem convencional. Mesmo diante da proximidade dos
resultados, foi possível verificar a qualidade fisiológica das sementes oriundas de manejo
orgânico, o que corrobora com Oliveira et al. (2019), o qual verificou a capacidade de se obter
sementes de qualidade oriundas de sistemas orgânicos de produção para a cultura do arroz.
As sementes oriundas de produção orgânica e convencional não apresentaram diferen-
ça significativa entre si, no teste de condutividade elétrica, além disso, ambas apresentaram
valores baixos de lixiviados, o que permite deduzir que as sementes possuem boa qualida-
de fisiológica. Isto é possível, pois, o princípio do teste baseia-se no grau de estruturação
das membranas celulares das sementes, que, dependendo da sua integridade, liberam
maior ou menor quantidade de eletrólitos na água de embebição (HEPBURN; POWELL;
MATTHEWS, 1984). Dessa forma, valores mais elevados indicam sementes de potencial
fisiológico inferior, enquanto valores mais baixos, indicam maior qualidade fisiológica (VIEIRA;
KRZYZANOWSKI, 1999).

CONCLUSÕES

Foi observado que para os parâmetros de germinação e emergência as sementes de


arroz orgânico apresentaram desempenho superior em relação às sementes de arroz conven-
cional. Infere-se, portanto, que as sementes de arroz, seja do sistema orgânico ou do sistema
convencional pouco se diferenciaram em sua qualidade fisiológica, sendo viável a utilização
de ambos, em particular, da semente orgânica que promove a agricultura sustentável.

161
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
REFERÊNCIAS
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162
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
14
Utilização de técnicas de sensoriamento
remoto nas imagens CBERS 4 a para a
avaliação de aspectos da qualidade da
água (macrófitas e clorofila a): estudo
no reservatório Biritiba-Mirim – SP

Bruno Gomez Leguizamon Bertoni


IGc-USP

Joel Barbujiani Sígolo


IGc-USP

10.37885/210504728
RESUMO

A água doce é um recurso natural que vem sofrendo demasiada pressão, a ponto de
se tornar um dos grandes desafios do século XXI e, neste contexto de crise, a Bacia
Hidrográfica do Alto Tietê Cabeceiras, uma Sub-bacia da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê,
inserida na Região Metropolitana de São Paulo é emblemática. Esta pesquisa abordou
técnicas de Sensoriamento Remoto e limnologia no monitoramento da possível presença
de algas e macrófitas, que indiquem eutrofização das águas dos reservatórios e índi-
ces de clorofila A utilizando técnicas como o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença
Normalizada) desta forma, a pesquisa apresentou as três metas principais: (a) analise
da evolução de ocorrência destas algas, através de técnicas de Sensoriamento Remoto
(sensores do CBERS 4 A) obtendo parâmetros de assinatura espectral; os dados obtidos
servem como base para elaborar um diagnóstico ambiental sobre a relação entre a pre-
sença de algas e os índices de qualidade da água no Reservatório de Biritiba-Mirim que
futuramente serão relacionados com os índices limnológicos. Tais informações permitirão
avançar para a proposição de metas de recuperação e/ou conservação e na elaboração
de cenários ambientais, trazendo subsídios inovadores para o gerenciamento de recursos
hídricos, bem como propiciar um melhor planejamento das coletas em campo, diminui-
ção dos custos aos órgãos ambientais que fiscalizam e controlam a qualidade da água
e aumento na análise multitemporal deste reservatório que tem fundamental importância
no abastecimento de água bruta para a Região Metropolitana de São Paulo.

Palavras- chave: NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada, Qualidade da


Água, Macrófitas, Clorofila (a) e Sensoriamento Remoto).

164
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
INTRODUÇÃO

A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê Cabeceiras abrange uma área desde nascente do Rio
Tietê até as proximidades da cidade de Guarulhos e tem uma área de drenagem de 1.790
km2 (Figura 1). As principais contribuintes do rio Tietê nas suas cabeceiras são as bacias
hidrográficas cujas drenagens principais são os rios: Claro, Paraitinga, Jundiaí, Biritiba-Mirim
e Taiaçupeba que, juntamente com o próprio rio Tietê, compõe o quadro dos mais impor-
tantes mananciais de abastecimento de água da região, destacando-se os reservatórios
Biritiba, Ponte Nova, Jundiaí, Taiaçupeba, Ribeirão do Carmo e Paraitinga, implantados
para abastecimento público como finalidade principal e secundariamente, para controle de
enchentes (SILVA, 2002).
O presente estudo tem como foco principal os estudos em especial no Reservatório
Biritiba-Mirim, que se fica localizado conforme figura abaixo.

Figura 01. Localização da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê Cabeceiras – área de estudo proposta – Reservatório Biritiba-
Mirim.

Segundo CETESB (2001), nesta área de estudo, o percentual médio de tratamento


dos efluentes em relação à coleta não ultrapassa os 40%, isso significa que muitas cidades
ali situadas, despejam nas águas do Rio Tietê praticamente 100% de seus efluentes sem
nenhum tratamento. Poucos quilômetros de sua nascente, no município de Salesópolis, o
Rio Tietê já recebe cargas significativas de efluentes em seu curso. No município de Biritiba
165
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Mirim, além das cargas de efluentes domésticos, há a poluição difusa resultante da agri-
cultura. Já no Município de Mogi das Cruzes, há 40 km da nascente do rio, a qualidade da
água piora consideravelmente devido às indústrias localizadas próximas a região da Área de
Proteção Permanente das margens do rio e devido aos agrotóxicos utilizados na agricultura
local. A água é considerada de qualidade ruim e péssima quando chega ao município de
Suzano, segundo amostras de 2007 (CETESB, 2008).
Parte da Região Metropolitana de São Paulo está inserida na Bacia Hidrográfica do
Alto Tietê Cabeceiras (BHATC). Considerada de baixíssima disponibilidade hídrica e em
condições críticas devido à recente seca (WHATELY e DINIZ, 2009). Em função da ausên-
cia de um modelo de planejamento urbano nas décadas passadas, os órgãos responsáveis
pelo abastecimento de água obrigaram-se a buscar, em bacias hidrográficas vizinhas, os
recursos hídricos necessários para a população da RMSP (ANDRADE, 2015). Nesse senti-
do, um sistema adequado de governança da água deve vir por meio de um monitoramento
adequado tanto espacialmente quanto temporalmente (TUNDISI, 2008).
Diferentes estudos têm demonstrado que a deterioração da qualidade das águas con-
tinuará sendo uma das ameaças mais urgentes para a sociedade. Porém, o acesso a essa
informação é limitado, devido ao custo e tempo requeridos nos métodos tradicionais de
avaliação da qualidade da água, o que limita a frequência temporal e cobertura espacial
destas análises (TORBICK, 2013).
No monitoramento de lagos e reservatórios, diversos pesquisadores analisaram di-
ferentes substâncias e seres vivos presentes nas águas, que podem ser utilizados como
indicadores ambientais. Assim, relacionando a presença desses indicadores ambientais aos
padrões de qualidade da água, de maneira indireta, não há a necessidade de se deslocar
a campo já no primeiro momento de uma análise, deixando para investirem-se recursos de
logística quando houver algum forte indício de ocorrência de determinado ser vivo ou subs-
tância que possa poluir um corpo hídrico superficial (FERREIRA & GALO, 2013).
O monitoramento da qualidade da água é essencial para uma boa gestão dos recur-
sos hídricos e a aplicação de diferentes metodologias de análise pode baratear esse mo-
nitoramento. Com esse intuito, a tecnologia de sensoriamento remoto se insere como uma
ferramenta adequada de análise temporal e espacial (NOVO et al., 2007).
Lopes et al. (2016) afirmam que a aplicação de técnicas de sensoriamento remoto em
estudos sobre qualidade da água é muito relevante, pois permite avaliação de problemas
dinâmicos em sistemas aquáticos, tais como a eutrofização de corpos de água e dos sedi-
mentos em suspensão. O processo de eutrofização antrópica interfere na qualidade da água
e, consequentemente, ocasiona alterações no nicho ecológico de algumas comunidades

166
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
aquáticas, especialmente no fitoplâncton, promovendo a proliferação de cianobactérias e
algas (BORGES et al., 2010; KAGGWA et al., 2011).
As imagens registradas por sensores acoplados em equipamentos em voo ou satélite
tem grande aplicação na identificação de florações de fitoplâncton porque sua presença
causa alterações na cor da água, logo, na resposta espectral da clorofila-a que está presente
nas algas. Kirk (2011) cita que a aplicação do sensoriamento remoto em pesquisas sobre o
fitoplâncton apresenta excelentes resultados porque esses microrganismos apresentam o
pigmento Clorofila-a, pigmento fotossintético, que é opticamente ativo, ou seja, seu espectro
de reflectância é detectado por sensores remotos.
Essa análise da presença de clorofila-a num corpo de água através da aplicação de
técnicas de sensoriamento remoto reduz custos e permite o monitoramento de áreas ex-
tensas. O custo pode ser um fator limitante dependendo do objetivo da análise. Embora
algumas plataformas disponibilizem uma série de imagens de satélite de maneira gratuita
(por exemplo, do sensor Landsat Thematic Mapper – TM).
Além destes parâmetros relativos à qualidade da água, as técnicas de sensoriamento
remoto possibilitam estudos sobre a dinâmica e evolução do uso e cobertura do solo que
pode interferir na qualidade das águas (GIARDINO et al., 2010). Torbick et al. (2010) citam
que os processos erosivos, o crescimento de áreas urbanas e a perda de áreas florestais e
outros tipos de mudanças nos tipos de uso e ocupação do solo, por exemplo, são proces-
sos que podem acentuar a proliferação de algas e os processos de eutrofização. Barbosa e
et al. (2014) abordam a viabilidade da aplicação de técnicas de sensoriamento remoto para
estimar parâmetros de qualidade da água analisando-se material em suspensão e citam que
essa técnica tem sido realizada com sucesso, globalmente.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No caso, deste projeto se propõe métodos classificação mais robustas, que permitam
o mapeamento mais preciso (Rodriguez e Galiano et al., 2012). Duro et al. (2012) citam que
a classificação orientada a objeto é uma aplicação do sensoriamento remoto que apresenta
resultados bastante satisfatórios na interpretação da distribuição das classes de uso e cober-
tura do solo. Esses autores enfatizam a importância destes tipos de análises com a utilização
de programas gratuitos e de código aberto, devido à carência de ambientes simplificados
para executar processos de classificação. Myint et al. (2011) utilizaram diferentes tipos de
classificadores para segmentação do terreno e concluíram que a classificação orientada
ao objeto apresentou os melhores resultados diante de outras técnicas (como classificação
supervisionada e não supervisionada), devido ao seu elevado nível de precisão.

167
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Um exemplo de utilização de sensores remotos para a qualidade da água é em Fadel
et al. (2016) que desenvolveram um estudo para examinar a acurácia das imagens no sensor
OLI (Landsat 8), na estimativa de clorofila-a no reservatório de Karaoun (Líbia), corpo de
12 km² de água doce. Após da correção atmosférica das imagens, foram aplicados índices
sobre as imagens selecionadas para o estudo (2013 a 2015) e os resultados comparados
com dados de coletas de campo. A melhor correlação (R= 0,84 e R2= 0,72) foi obtida apli-
cando a seguinte combinação de bandas do sensor OLI: [(B2/B4) x B5]. Concluiu-se que
o reservatório de Karoun apresenta uma qualidade da água de eutrófica para hipertrófica,
com altas concentrações de nutrientes e baixas biodiversidades de fitoplâncton. Os autores
terminam o artigo afirmando que as imagens do sensor OLI podem ser usadas para avaliar
e monitorar a presença de clorofila-a em corpos d’água em outros grandes reservatórios e
de maneira econômica.
Em estudo no Reservatório da Guarapiranga (localizado na Região Metropolitana de
São Paulo), Ogashawara et al. (2014) avaliaram os uso das imagens dos sensores TM e
ETM+, a bordo dos satélites Landsat 5 e 7, respectivamente, na identificação de floração
de cianobactérias. Dados referentes a coletas de água neste reservatório, com posterior
contagem de células, foram confrontados com os resultados obtidos através das técnicas de
sensoriamento remoto sobre as bandas dos sensores TM e ETM+. O resultado foi uma alta
correlação (R2 = 0,96). Os autores concluem que o modelo utilizado mostrou-se bastante útil
como uma ferramenta que pode ser aplicada na gestão dos de reservatórios de água pelos
tomadores de decisão, pois forneceu informações sobre a distribuição das cianobactérias de
maneira horizontal, sobre todo o espelho de água, o que não poderia ser feito através das
técnicas tradicionais, onde o monitoramento é feito através da escolha de pontos.
Bonansea et al. (2015), em estudos no Reservatório Tercero (Argentina) demonstraram
que os sensores TM e ETM+ são ferramentas poderosas para o fornecimento de informa-
ções sistemáticas e periódicas de parâmetros de qualidade da água. Segundo os autores,
os mapas gerados forneceram ricas informações espaciais e temporais sobre a presença de
clorofila-a no corpo de água, permitindo a discriminação das mudanças nas características
da água. Os autores ainda sugerem que se amplie o escopo do estudo com a inclusão de
imagens do sensor OLI (Landsat 8).
Em estudo realizado por Masocha et al. (2017), nos reservatórios Chivero e Mazvikadei,
ambos situados em Zimbabue (África), foram testadas as relações entre os resultados de
análises laboratoriais de coletas de água dos citados reservatórios, com dados obtidos por
técnicas de sensoriamento remoto com a utilização de imagens do sensor OLI, na busca
pela presença de clorofila-a. Foi aplicado um índice que se baseia na divisão da banda 5
(Infravermelho Próximo) pela banda 4 (vermelho), que resultou numa boa correlação com os
168
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
dados de campo (R2 = 0,84); enquanto que no reservatório Chivero, que é mais poluído, a
utilização da banda 4 (vermelho) teve melhores resultados (R2 = 0,69). Os autores concluem
que as imagens do sensor OLI podem ser utilizadas para a avaliação remota da qualidade
de água de reservatórios, pois esse tipo de análise é muito mais econômico que os métodos
tradicionais de coleta de campo.
Pode-se verificar a importância da aplicação das técnicas de sensoriamento remoto
em diferentes estudos em reservatórios do Estado de São Paulo, os quais avaliam a relação
entre o uso e ocupação e qualidade de água dos reservatórios, um deles executado por
Urakawa (2011), no reservatório de Biritiba Mirim, demonstram claras relações nas análi-
ses químicas de diversos pontos de água de poços com os tipos de ocupação. Em um dos
pontos foi possível admitir comprometimento ambiental e de risco na qualidade da água do
reservatório, em consequência da atividade agrícola na proximidade do reservatório o qual
utilizava defensivos agrícolas, vinculado ao cenário geológico compreendido pelo Complexo
Embu. Isso demonstra como uso e ocupação associado às características ambientais inter-
fere na qualidade da água.
Outro estudo no mesmo reservatório, produzido por Trindade (2016) demonstrou um
aumento na concentração de Al, Fe, Mn e P acima do permitido pela resolução 357/2005
CONAMA, onde o Ferro e o Fósforo encontraram se em maior quantidade em áreas agríco-
las, onde também apresentou pH menor que seis, o qual tende a aumentar a concentração
de íons de alumínio. Além disso, o Ferro e Manganês também podem ter possível fonte
no próprio ambiente por fazerem parte do Complexo Embu, e o Al do Complexo Granítico.
Outra possível fonte de Mn pode ser oriunda dos defensivos agrícolas utilizados nas áreas
agrícolas. Ou seja, observou-se que alguns materiais como defensivos, adubos ou nutrientes
sabidamente empregados por agricultores, podem entrar por escoamento superficial dos
solos no reservatório ficando em suspensão, até sedimentarem no seu leito muitas vezes
comprometendo a vida aquática.
Estudos realizados por Fonseca e Bicudo (2011), demonstram que as comunidades
fitoplântônicas apresentam comportamento sazonal, pois suas variações verticais seguem
uma estação quente-chuvosa com estratificação da coluna de água, alternando com a estação
frio-seca com mistura coluna de água. Durante a fase frio-seca, a temperatura da água mais
baixa e a maior concentração de oxigênio dissolvido favorecem alguns grupos funcionais
que, na maioria dos casos, são associados a sistemas de oligo-mesotrófico. Sendo assim,
estratificações sazonais desempenham um papel decisivo na determinação da estrutura e
dinâmica das algas.
Para a clorofila-a (Chl-a) é um dos principais pigmentos responsáveis pela fotossínte-
se e o conhecimento de sua concentração tem sido utilizada para determinar a biomassa
169
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
da comunidade fitoplanctônica e para caracterizar ambientes aquáticos (Calijuri et al.,
2006; Esteves, 2011).
Londe (2008) obteve um excelente desempenho do NDVI na previsão da concentração
de Chl-a a partir de dados radiométricos de campo obtidos num reservatório eutrófico com
concentrações de clorofila variando entre 20 μg.L-1 e 140 μg.L-1. Para testar o desempe-
nho do NDVI a autora o aplicou em imagens Landsat TM5 referentes a outro reservatório
para o qual dispunha de dados experimentais. A partir do modelo empírico (y = 237x +
6,5), onde y é a concentração de Chl-a e x o valor de NDVI, Londe (2008) constatou que
o NDVI foi sensível à presença de Chl-a, permitindo converter os intervalos de classe do
NDVI em concentração de Chl-a (Tabela 1), com o mapeamento da distribuição espacial
de florações de cianofíceas.
Conforme Novo et al. (2009), os resultados apresentados por Londe (2008) indicam
que os índices de vegetação tradicionalmente aplicados no estudo de ecossistemas terres-
tres podem ser adaptados para o monitoramento do estado trófico de sistemas aquáticos.
Lissner (2011) analisou a variação dos valores de NDVI na lagoa Itapeva, localizada no
Litoral Norte do Rio Grande do Sul, por meio de imagens Landsat TM5 e ETM+7, no período
de 1985 a 2010. A série temporal de imagens mostrou que os valores de NDVI aumentaram
durante os períodos de floração do fitoplâncton no outono e primavera, apresentando um bom
desempenho na visualização da dinâmica da lagoa e para o estabelecimento de padrões de
distribuição da Chl-a (Lissner, 2011).
Tendo em vista que intensas florações de algas possuem característica espectral se-
melhante à das vegetações dispersas, e muitas vezes ocorrem à influência do material de
fundo, especialmente em ambientes aquáticos rasos, vislumbra-se a possibilidade de realizar
o monitoramento de florações empregando este índice. A principal característica do SAVI
é justamente minimizar o efeito do solo no resultado final (Ponzoni e Shimabukuro, 2007).
Para calibração dos resultados, foram utilizados os valores de reflectância de cada pixel
das imagens pré-selecionadas, e em estudo futuro serão realizados n mesma localização
coleta de dados limnológicos seguindo parâmetros da Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo para, posteriormente, serem ajustados por regressão linear a fim de se gerar
modelos bio-ópticos calibrados in situ.
Os dados limnológicos serão aqueles que correspondem a Clorofila-a e Fósforo Total.
Adaptação do índice de Rouse et al. (1974) para as bandas correspondentes do sensor
CBERS 4 A, para o ano de 2020.

170
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
MATERIAIS E MÉTODOS

Para a presente pesquisa foi elaborada a avaliação de clorofila-a (indicadora de pos-


sível presença algas) nos reservatórios da Bacia do Alto Tietê Cabeceiras em especial o
Reservatório de Biritiba-Mirim. O processo de prospecção da presença da clorofila-a foi
realizado com técnicas de Sensoriamento Remoto, através do NDVI (Índice de vegetação
por diferença normalizada). O índice de vegetação da diferença normalizada (NDVI) é uma
relação entre medidas espectrais (refletância - r) de duas bandas, a do infravermelho pró-
ximo (800-1100 nm) e a do vermelho (600-700 nm), e visa eliminar diferenças sazonais
do ângulo do Sol e minimiza os efeitos da atenuação atmosférica, observados para dados
multitemporais. O cálculo do NDVI foi realizado com a Rouse et al. (1974):

Figura 2. Fórmula NDVI adaptado Rouse et al. (1974).

Dessa forma, também é possível indicar quais áreas dos reservatórios desta bacia
apresentam maior ocorrência de algas indicadoras de contaminação e que devem receber
maior atenção em relação ao tipo de uso e cobertura do solo das bacias de captações
dessas represas.
Alguns sensores remotos possuem como produto imagens multiespectrais, onde estes
espectros são bandas que estão ligadas a determinados intervalos de comprimentos de
onda de energia luminosa. O aumento da concentração de clorofila-a é associado com a
diminuição de energia da banda azul (0,45–0,52 μm) e aumento na verde (0,52–0,60 μm)
(FRIESE et al., 2010).
Neste projeto foram utilizadas as cenas das imagens do CBERS 4 A que baseados na
espectroscopia de reflectância, ou seja, em medidas da reflexão da radiação eletromagné-
tica (REM) após interação com diferentes superfícies em diferentes comprimentos de onda,
oriundas do chamado espectro refletido, mais especificamente abrangendo a região do visível
(Visible – VIS – 0.4-0.7 μm), Infravermelho próximo (Near Infrared – NIR – 0.7-1.3 μm) e
Infravermelho de ondas curtas (Short Wave Infrared – SWIR – 1.3- 2.5 μm).
Cada comprimento de onda da REM possui um comportamento particular em relação
à superfície dos diferentes materiais, o qual pode ser medido quantitativamente com base
na razão entre energia incidente e energia refletida na sobre a planta.
A medida de reflectância do comportamento espectral da cultura, do solo ou água ao lon-
go da REM é usualmente representada por um gráfico de eixo Y/reflectância vs eixo X/compri-
mento de onda, denominado assinatura espectral ou curva de reflectância. O comportamento
171
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
espectral é resultado direto de suas propriedades físicas e químicas, bem como da estrutura
atômica dos seus átomos, expressas nos segmentos de bandas através de características
da curva de reflectância, como: depressões, ombros, área, curvatura e ângulos, compondo
o que chamamos de feições espectrais diagnósticas.

Figura 03. Curva de refletância das plantas.

Para a pesquisa foi utilizado o software Qgis 2.8.3 para a composição dos mapas e
análise das imagens que foram baixadas no site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisa
Especial). Na figura 04 pode ser observado na fusão das imagens para obtenção dos NDVI
sob o reservatório Biritiba-Mirim.

Figura 04. QGis calculadora NDVI – “Raster Calculator”.

172
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
No Qgis 2.8.3 foi utilizada a ferramenta Raster Calculator para a elaboração das plantas
usando a seguinte expressão:

NDVI = (NIR - RED) / (NIR + RED) (1)

Onde:
NDVI = Normalized Difference Vegetation Index (Índice de Vegetação da
Diferença Normalizada)
NIR= Near Infrared (infravermelho próximo) – Banda 8 (CBERS 4 A)
RED = Vermelho – Banda 7 (CBERS 4 A)
Para a melhor avaliação dos sensores foram escolhidas suas cenas distintas do mes-
mo local, porém em períodos distintos, tendo como base o período de maior quantidade de
umidade e chuvas (período vazante – verão) e o período de máxima estiagem (inverno) e
para tal cálculo a seguinte formulação:

(2)

(3)

Figura 06. QGis calculadora NDVI – “Raster Calculator”.

173
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
No Qgis foram utilizados recursos para transformar a escalas de tons de cinza para
a falsa cor seguindo a formulação de bandas da imagem CBERS 4 A cuja composição de
cores segue o padrão da Figura 07.

Figura 07. http://www2.dgi.inpe.br/catalogo/explore.

Fonte: INPE, 2020.

No QGis também usando as técnica de composição de cores e classificação para


realçar as imagens e detectar as diferenças na do NDVI e desta forma, destacar os trechos
de tons mais escuros para mais claros, conforme figura 08.

Figura 08. QGis – alterando propriedade de bandas em “Gray” para simbologia “Falsa Cor”.

As imagens foram obtidas por meio do site http://www2.dgi.inpe.br/catalogo/explore, que


é a Divisão de Geração de Imagens (DIDGI) faz parte da Coordenação-Geral de Observação
da Terra (CGOBT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A DIDGI mantém
174
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
os seguintes catálogos para a disseminação de imagens de satélites por meio da Internet,
que pode ser observado na Figura 09.

Figura 09. http://www2.dgi.inpe.br/catalogo/explore.

Fonte: INPE, 2020.

A Figura 10 mostra a localização e as coordenadas, no sistema SIRGAS2000 UTM


fuso 23s, do Reservatório Biritiba-Mirim.

Figura 10. Localização e as coordenadas, no sistema SIRGAS2000 UTM fuso 23s, do Reservatório Biritiba-Mirim – CENA
CBERS 4 A .

O satélite CBERS 4 A, assim como os anteriores, é equipado com câmeras para


observações ópticas de todo o globo terrestre, além de um sistema de coleta de dados e
monitoramento ambiental. As cargas úteis do CBERS 4 A são todos os instrumentos dire-
tamente relacionados com a aquisição dos dados científicos ou relacionados à missão do
satélite, conforme segue.
175
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
• Câmera Multiespectral e Pancromática de Ampla Varredura (WPM);
• Câmera Multiespectral (MUX);
• Câmera imageadora de Campo Largo (WFI);
• Transmissor de Dados de Imagem (DTS) para as câmeras MUX,a WFI e WPM;
• Gravador de Dados Digital (DDR);
• Sistema de Coleta de Dados (DCS);
• Monitor do Ambiente Espacial (SEM).

A câmera MUX a ser utilizada no CBERS 4 A é a mesma usada nos Satélites CBERS
3&4, que apresenta as seguintes características:

Tabela 1. Características complementares da Câmera Multiespectral (MUX).

Característica Dado
B05: 0,45 - 0,52 µm
B06: 0,52 - 0,59 µm
Bandas Espectrais
B07: 0,63 - 0,69 µm
B08: 0,77 - 0,89 µm
Largura da Faixa Imageada 95 km
Resolução Espacial (Nadir) 16,5 m
Visada Lateral de Espelho Não
Taxa Bruta de Dados 65 Mbps
Fonte: INPE, 2020.

• Distância focal efetiva: 505,8 mm


• Abertura relativa: 4,5
• Campo de visada: ±4,4º
• Período de amostragem da linha: 2,972 ms
• Distorção global da imagem: < 0,1%
• MTF (frequência de Nyquist)
• 0,23 para as bandas 05, 06 e 07
• 0,18 para a banda 08
• Fatores de ganho: 1; 1,59; 2,53 e 4
• Sensibilidade à polarização: < 7%

176
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figura 11. Câmera MUX a ser utilizada no CBERS 04A DATA 2020-04-01.

Fonte: INPE, 2020.

Para a análise dos diferentes usos do solo, as bandas foram compostas na combinação
ilustrada na Tabela 2.

Tabela 2. Composição FALSA COR - Imagem CBERS 4 A.

Quickview Resultado Cbers 4 A

Falsa Cor 5,6,7

Fonte: U.S. Geological Survey, 2020 - Composição Colorida RGB

Seguindo os padrões de resposta espectral foram avaliadas as assinaturas espectrais


conforme a figura 12, que mostra os comportamentos de reflectância e absortância dos alvos
dependendo do espectro eletromagnético.

177
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figura 12. http://www2.dgi.inpe.br/catalogo/explore

Fonte: INPE, 2020.

DISCUSSÃO/ANÁLISES DOS RESULTADOS

As imagens orbitais referentes ao mês de abril de 2020 estiveram com cobertura de


nuvens em alguns trechos do reservatório de Biritiba Mirim, caracterizando um período
chuvoso. A Figura 13 representa composição colorida das bandas 7 e 8 do satélite CBERS
4 A, referentes à composição do NDVI para obtenção dos dados de clorofila A localizados
nas diferentes áreas do reservatório.
Na região mais ao norte do reservatório (Figuras 13 e 14) nota-se um maior destaque
de locais cujo são detectados características de vegetação indicando concentrações de
material vegetal e uma alternância destas cores, mostrando maior turbidez. Após a detecção
dos locais para avaliação dos parâmetros limnológicos.

178
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
Figura 13. Mapa de detecção de locais de clorofila A – abril/2020.

Figura 14. Mapa de detecção de locais de clorofila A – agosto/2020.

179
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
A cor verde em tons mais claro sugere áreas agrícolas no entorno do reservatório
localizam-se próximas às áreas de perímetros irrigados, evidenciando maior influência do
uso do solo de acordo com Silva, Moraes e Silva (2014).
Nas imagens referentes ao mês agosto/2020, nota-se que a composição de bandas
R5G6B7 também obteve maior realce para a água e na região de transição rio-reservatório
observa-se ainda aumento da turbidez e uma menor cobertura de nuvens, destacados na
cor mais vermelha.
A Presença de Macrófitas é mais notada pela cor verde na imagem de abril/2020 na
área norte do reservatório e na imagem de agosto/20 na área norte e apenas um ponto
no sul. Esta análise denota que a concentração de macrófitas pode ser notada no período
de estiagem. Outro fator relevante da análise é que a área de drenagem nas imagens de
agosto/20 é menor que a imagem de abril/2020, fato este que pode demonstrar a menor
quantidade de água (período seco) e a concentração das macrófitas que pode ser detecta-
da pelas imagens.
Melo (2007) estudando a qualidade da água no reservatório Itaparica, no submédio
São Francisco, concluiu que a existência de vários perímetros irrigados nas margens do
reservatório condiciona o uso de agroquímicos, e quando o nível do reservatório aumenta,
as áreas marginais são alagadas, carreando nutrientes que favorecem o desenvolvimento
de plantas aquáticas. Os usos agrícola e urbano são os principais agentes no aporte de
fósforo em rios e reservatórios. Toledo e Nicolella (2002) ao estudarem uma microbacia,
localizada no município de Guaíra (SP) evidenciaram a influência do fósforo na degradação
da qualidade da água, sendo o uso urbano como principal agente causador. Elevadas con-
centrações desse nutriente na água favorece o crescimento de macrófitas, o que contribui
para a intensificação da produção primária, levando ao processo de eutrofização (BUZELLI;
CUNHA-SANTINO, 2013).
Os resultados encontrados configuram uma primeira avaliação da qualidade da água
do reservatório Biritiba Mirim no período do final da estação chuvosa e período de estiagem
e este estudo inicial propõem maiores esforços que devem ser realizados para mitigação
dos impactos negativos, tendo em vista a importância do reservatório de abastecimento de
água para a região metropolitana de São Paulo. Destaca-se que o estudo deve continuar
para obtenção dos dados de campa de campo para comparar dos limnológicos e imagens
de satélite. Outrossim, destaca-se a importância de um monitoramento contínuo para melhor
avaliar a integridade hídrica e um adequado gerenciamento deste sistema.

180
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
CONSIDERAÇÕES FINAIS

As imagens de sensoriamento remoto utilizadas forneceram auxílio aos resultados dos


bioindicadores, corroborando com as condições ambientais identificadas no reservatório.
Segundo Warren et al. (2014), algumas técnicas do sensoriamento remoto não têm sido utili-
zadas em toda a sua plenitude na gestão de recursos hídricos. Assim, sugere-se que outros
estudos sejam realizados, testando outras metodologias, comparando diferentes técnicas e
métodos do sensoriamento remoto ou até mesmo aplicando outros índices biológicos. Assim,
poderá aprimorar o entendimento da causa-efeito dos processos produtivos sobre os recursos
hídricos, identificando os potenciais impactos que contribuem para a deterioração ambiental.

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184
Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação
SOBRE OS ORGANIZADORES

Claudiomir da Silva dos Santos


Técnico em Agropecuária pelo IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes, tenho graduação em Ciências Agrarias pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Biologia pelo UNICLAR e Pedagogia pela UNINTER, Doutorado em Promoção da saúde pela
Universidade de Franca - UNIFRAN, Mestrado em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba, pós-graduado em Sistema de
Gestão Ambiental, Educação para o Campo, Educação Ambiental, Auditoria e Pericia Ambiental, Vigilância em saúde Ambiental.
Fui professor de graduação e pós-graduação na UVA e UECE - Ce. Atuo nas áreas de Ciências Agrárias e Ciências Ambientais,
com trabalhos publicados nestas áreas do conhecimento. Fui professor da UNINCOR e FACICA, nos cursos de Agronomia,
Gestão ambiental, Biologia e Química. Em 2008 assumi o cargo de professor do IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho em
regime DE, atuando nos cursos Técnicos de Agropecuária, Meio Ambiente, Cafeicultura, Curso Superior de Agronomia, Líder
do Grupo de Pesquisa Ciências Ambientais do CNPQ. Coordenador do Projeto Rondon IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho,
atualmente estou como Coordenador dos Cursos de Meio Ambiente do IFSULDEMINAS Campus Muzambinho, Membro do
Fórum Mineiro de Combate ao Agrotóxico ? FMCA, Membro do Comitê de Bacia Hidrográfica Mogi-Pardo CBH GD6, Membro
da Comissão Organizadora do Simpósio de Hidrologia Médica, Águas Termais, Minerais e Naturais de Poços de Caldas,
Membro do Comitê Cientifico da Rede de Pesquisa em Desenvolvimento Resiliente ao Clima ? RIPEDRC e do Environmental
Resilience Research and Science (IJERRS) e Presidente da Comissão Técnica do Congresso Nacional de Meio Ambiente.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7460335760795185

Fabrício dos Santos Rita


Possui formação Técnica em Enfermagem e em Segurança do Trabalho. Bacharel e Licenciado em Enfermagem. Especialista
em Saúde e Segurança do Trabalho ( UNIUBE), Educação ambiental (UFLA), e Gestão Ambiental (CLARENTIANO) . Mestre
em Biotecnologia aplicada à Saúde (UNAERP). Doutor em Promoção de Saúde pela UNIFRAN ( Universidade de Franca).
Membro da Comissão Organizadora do Congresso Nacional de Meio Ambiente de Poços de Caldas. Atua como docente
Titular no IF Sul de Minas Campus de Muzambinho, desenvolvendo ações profissionais nas temáticas de saúde, segurança e
meio ambiente. Entre as metodologias instituídas em sua prática de ensino implementa a ênfase de atividades relacionadas
a prevenção de riscos, minimização de patologias ocupacionais, caracterização entre ambiente de trabalho, ecologia e
harmonização entre homem e natureza, bem como o uso racional das tecnologias e da saúde laborativa.Busca identificar e
estreitar as inter-relações entre as mudanças climáticas e os efeitos sobre a saúde dos trabalhadores. Leciona nos cursos de
Enfermagem, Vigilância em Saúde, Urgência e Emergência, Enfermagem do Trabalho, Segurança do Trabalho,e Meio Ambiente.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9009240714607346

Ronei Aparecido Barbosa


Mestre em Ciência Animal pela Universidade José do Rosário Vellano, especialista em Educação, graduado em Pedagogia, Ciências
Biológicas e Processos Gerenciais. Atua na Educação Básica, Cursos Técnicos e Educação a Distância em disciplinas ligadas a
Biologia e Metodologia Científica. Tem experiência na área de Piscicultura e Biologia Geral atuando principalmente nos seguintes
temas: Meio Ambiente, Educação, Sustentabilidade, Biologia e Educação Ecológica. Integrou de o grupo de pesquisa Ciência
Animal - UNIFENAS de 10/11/2014 a 06/09/2018 (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1592314677810491). Atualmente atua
no grupo de pesquisa Ciências Ambientais - IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho na linha de pesquisa Saúde e Meio Ambiente
(dgp.cnpq.br/dgp/espelhorh/4964015135722519). Integra a Comissão Organizadora e Científica do Congresso Nacional do
Meio Ambiente desde 2017 onde Coordena a Produção Científica do evento juntamente com os demais membros e parceiros.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4964015135722519

Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação


ÍNDICE REMISSIVO

Macrófitas: 164, 180


A
Manguezal: 142
Aerosol: 104, 105, 106, 110, 112, 114, 117

Agricultura: 88, 103, 158, 162 Meio Ambiente: 23

Animais: 148 Metano: 132, 134, 135, 136, 137


Antarctic: 104, 105, 106, 107, 108, 109, 112,
114, 115, 117 Minhocultura: 88, 93

Aterro Sanitário: 132 Modelagem Hidrológica: 66

B
Morfometria: 72, 76, 86
Biogás: 132, 139, 140
N
Biomonitoring: 26, 28, 40, 42
Nascentes: 95, 99, 102
C
Clorofila: 164, 167, 170 O
E Oriza Sativa: 158
Educação: 14, 15, 20, 21, 22, 23, 52, 53, 56, 61,
63, 64, 118, 119, 120, 122, 125, 126, 129, 130, P
146, 148, 149, 154, 156
Poluição: 142
Educação Ambiental: 118, 129

Entrevistas: 148, 155 Potencial Energético: 132

Escassez Hídrica: 66 Praia: 142, 143, 144

Escoamento: 95, 103 Produção Orgânica: 158


Escoamento Base: 95
R
F
Rodovia: 148, 150
Folders: 148

G V

Geoprocessamento: 72, 74 Vermicomposto: 88

Gestão: 14, 16, 18, 22, 66, 72, 85, 129, 140,
Vigilância: 53, 54, 57, 62, 63
146, 183

Vigilância e Saúde Ambiental: no contexto da educação


VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS

editora científica

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