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1ª EDIÇÃO

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APRESENTAÇÃO
Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores, estudantes e pesquisadores
que se destacaram e qualificaram as discussões neste espaço formativo. Resulta, também, de movimentos
interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores das mais diversas
áreas do conhecimento e de diferentes Instituições de Educação Superior públicas e privadas de
abrangência nacional e internacional. Tem como objetivo integrar ações interinstitucionais nacionais e
internacionais com redes de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a formação continuada dos
profissionais da educação, por meio da produção e socialização de conhecimentos das diversas áreas
do Saberes.
Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para o desenvolvimento e conclusão
dessa obra. Esperamos também que esta obra sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes,
professores dos diversos níveis de ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática.
Que essa coletânea, some ao seu conhecimento!

Erival Gonçalves Prata


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
01
A FLORA DO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE (RVS) DOS MORROS DO CARAUNÃ E DO PADRE NO MUNICÍPIO DE ÁGUA
BRANCA, ALAGOAS: FAMÍLIA MALVACEAE JUSS

Cremilda Maria Cardoso Santos; Anyelly Gomes Santos; Késia Filadélfia Dionízio Silva

DOI: 10.37885/210404435.................................................................................................................................................................................. 14

CAPÍTULO 
02
A IMPORTÂNCIA DAS AULAS PRÁTICAS DE MICROBIOLOGIA NO ENSINO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO
Janaína dos Santos Nascimento

DOI: 10.37885/210203009..................................................................................................................................................................................32

CAPÍTULO 
03
APLICANDO O CONHECIMENTO EMPÍRICO DA ECOQUÍMICA NA ESTÉTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Cremilda Maria Cardoso Santos; Késia Filadélfia Dionizio Silva; Anyelly Gomes Santos

DOI: 10.37885/210404398................................................................................................................................................................................. 40

CAPÍTULO 
04
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE SURFACTANTE VERDE FRENTE AO CONSÓRCIO DAS BACTÉRIAS
PSEUDOMONAS AERUGINOSA E BACILLUS CEREUS
Maria Eduarda Pereira da Silva; Anderson Oliveira de Medeiros; Maria da Gloria Conceição da Silva; Leonie Asfora Sarubbo

DOI: 10.37885/210404129.................................................................................................................................................................................. 49

CAPÍTULO 
05
AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA POR MICROORGANISMOS EM SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTO
José Carlos Alves Barroso Júnior; Maria Cristina de Almeida Silva; Luiz Olinto Monteggia; Nestor Leonel Muñoz Hoyos; Vinícius Duarte
Soroka; Antônio Carlos de Oliveira Martins Júnior
DOI: 10.37885/210404421................................................................................................................................................................................... 57

CAPÍTULO 
06
AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DO MÉTODO DE PRESERVAÇÃO CASTELLANNI NA CONSERVAÇÃO DE FUNGOS FILAMENTOSOS
Rosangela Santana Martins de Matos; Ivanete Ferreira de Souza; Claudia Rodrigues dos Santos; Andressa Cardoso dos Santos;
Ingrid Reis da Silva
DOI: 10.37885/210404309................................................................................................................................................................................. 68
SUMÁRIO
CAPÍTULO 
07
CINÉTICA DE INIBIÇÃO DAS PROTEASES DIGESTIVAS DE ANTICARSIA GEMMATALIS
Neilier Rodrigues da Silva-Júnior; Maria Goreti de Almeida Oliveira

DOI: 10.37885/210203132................................................................................................................................................................................... 79

CAPÍTULO 
08
CLOSTRIDIUM PERFRINGENS EM ANIMAIS SILVESTRES: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Hanna Gabriela da Silva Oliveira; Cleideanny Cancela Galvão; Felipe Masiero Salvarani

DOI: 10.37885/210404273.................................................................................................................................................................................. 96

CAPÍTULO 
09
EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DA BRACHIARIA BRIZANTHA CV. MG-5
Aline da Silva Vieira; Kelyane Ribeiro de Sousa; Marciana Pereira da Silva; Luciano Klippel Bins; Juliana Caires Figueredo; Weverton
Peroni Santos; Caio Bastos Machado; Mariana Moreira dos Anjos; Amanda da Silva Vieira; Raison Lucio da Silva Vieira
DOI: 10.37885/210203398.................................................................................................................................................................................111

CAPÍTULO 
10
ESCOLA UM ESPAÇO IMPORTANTE DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA ESCOLARES DO ENSINO BÁSICO DA
ESCOLA MUNICIPAL FRANCISCA MAFRA DE CARVALHO DE MANACAPURU-AMAZONAS

Larisse de Vasconcelos Ramos; Sonia Maciel da Rosa

DOI: 10.37885/210203146.................................................................................................................................................................................122

CAPÍTULO 
11
DIVERSITY OF SOIL FILAMENTOUS FUNGI INFLUENCED BY MARINE ENVIRONMENT IN SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRAZIL
Igor Vinı´cius Pimentel Rodrigues; Katia Regina Assunção Borges; Marcos Antonio Custo´dio Neto da Silva; Maria do Desterro Soares
Brandão Nascimento; Juliano dos Santos; Alexandre Santana Azevedo; Geusa Felipa de Barros Bezerra
DOI: 10.37885/210303701.................................................................................................................................................................................134

CAPÍTULO 
12
IMPACT OF PRENATAL LIPOPOLYSACCHARIDE EXPOSURE ON THE DEVELOPMENT OF RATS
Marina Goulart da Silva; Guilherme Cabreira Daros; Gabriela Mazzuco dos Santos; Isabella Paes Angelino; Rafael Mariano de Bitencourt;
Jucélia Jeremias Fortunato
DOI: 10.37885/210203024................................................................................................................................................................................ 147
SUMÁRIO
CAPÍTULO 
13
PLANT EXTRACTS DISPLAY SYNERGISM WITH DIFFERENT CLASSES OF ANTIBIOTICS

Danielle Mendes Silva; Priscilla Almeida da Costa; Andréa de Oliveira Barros Ribon; Gislaine Aparecida Purgato; Gaspar Diaz-Muñoz;

Marisa Alves Nogueira Diaz

DOI: 10.37885/210303718................................................................................................................................................................................ 166

CAPÍTULO 
14
PROSPECÇÃO DE BACTÉRIAS PRODUTORAS DE PLÁSTICOS BIODEGRADÁVEIS NA REGIÃO SUDOESTE DA AMAZÔNIA

Sabrina Sondre de Oliveira Reis; Vanderley Borges Santos; Francisca Silvana do Nascimento; Antônio Gilson Gomes Mesquita

DOI: 10.37885/210404310................................................................................................................................................................................. 178

CAPÍTULO 
15
REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE MINHOCAS EISENIA ANDREI (BOUCHÉ 1972) UTILIZANDO RESÍDUOS ORGÂNICOS
DOMÉSTICOS
João Batista Medeiros Silva; Maria Ingrid de Souza

DOI: 10.37885/210303574................................................................................................................................................................................ 188

CAPÍTULO 
16
UTILIZAÇÃO DE BACTÉRIAS NO CONTROLE DE FUNGOS FITOPATOGÊNICOS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Ingrid Reis da Silva; Ivanete Ferreira de Souza; Rosangela Santana Martins de Matos

DOI: 10.37885/210404307............................................................................................................................................................................... 199

CAPÍTULO 
17
UTILIZAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS EM AULAS DE BIOLOGIA E QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO PARA AVALIAR A
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Késia Filadélfia Dionizio Silva; Clézia Dionizio Silva

DOI: 10.37885/210404426............................................................................................................................................................................... 206


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
18
UTILIZAÇÃO DO FILME “A CINCO PASSOS DE VOCÊ” COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE GENÉTICA
Cássio Gomes Rosse; Leandra Chaves Marques Melim; Maria de Fátima Alves de Oliveira

DOI: 10.37885/210404199................................................................................................................................................................................ 218

SOBRE O ORGANIZADOR..................................................................................................................................... 228

ÍNDICE REMISSIVO..............................................................................................................................................229
01
A flora do Refúgio de Vida Silvestre
(RVS) dos Morros do Caraunã e do
Padre no Município de Água Branca,
Alagoas: Família Malvaceae JUSS

Cremilda Maria Cardoso Santos


UFAL

Anyelly Gomes Santos


UFAL

Késia Filadélfia Dionízio Silva


UFAL

10.37885/210404435
RESUMO

Este trabalho compreende a revisão do estudo taxonômico das espécies da família


Malvaceae que ocorrem no Refúgio de Vida Silvestre dos Morros do Caraunã e do Padre,
localizado no Município de Água Branca, Alagoas, entre as coordenadas geográficas
9°34’00’’S e 37°52’10.88’’W. O trabalho tem como objetivo contribuir para o conhecimento
das espécies de Caatinga da região Nordeste, bem como para a listagem florística da
região, em elaboração pela equipe do Herbário MAC do Instituto do Meio Ambiente (IMA)
do estado de Alagoas. Foram registradas 13 espécies distribuídas em 8 gêneros sendo
que Sida é mais representativo com três spp., seguido de Herissantia e Melochia com
duas spp. cada um e Ceiba, Helicteres, Malvastrum, Pavonia e Pseudobombax com uma
espécie, respectivamente. O trabalho compreende chave de identificação, descrições
morfológicas, comentários sobre distribuição geográfica, taxonomia e aspectos ecológi-
cos e gerais das espécies.

Palavras-chave: Florística, Caatinga, Malvaceae, Taxonomia, Morfologia.

15
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

O Refúgio de Vida Silvestre (RVS) dos Morros do Caraunã e do Padre é a única


Unidades de Conservação (UC) de cunho Estadual estabelecida na Região do Sertão de
Alagoas. O RVS tem como principal objetivo garantir a integridade dos remanescentes de
Caatinga, preservar as culturas e tradições sertanejas garantindo sua permanência em
harmonia com a preservação, além de incentivar e fomentar ações de educação ambiental
(IMA, 2014). A Unidade abriga vegetação nativa em excelente estado de conservação, e
exibe um conjunto florístico característico dos ambientes presentes. O Instituto do Meio
Ambiente do Estado de Alagoas (IMA) é o gestor dessa Unidade e incentiva a realização
de pesquisas científicas que visam o conhecimento dos recursos naturais locais. O Herbário
MAC desde 2010 vem desenvolvendo projetos de pesquisa nas Unidades de Conservação
(UC’s) objetivando à elaboração da Flora de Alagoas (IMA, 2014).
A família Malvaceae compreende cerca de 200 gêneros e 2.330 espécies com dis-
tribuição cosmopolita, especialmente nas regiões tropicais (CASTRO; CALVACANTE,
2010). No Brasil ocorrem aproximadamente 69 gêneros e 752 espécies, sendo que mais de
50% das espécies são endêmicas (BOVINI; ESTEVES; DUARTE, 2010). De acordo com
Lyra-Lemos et al. (2010), a família está representada em Alagoas por 69 espécies. Segundo
Esteves (1996), a família Malvaceae aparece como uma das famílias mais ricas em espécies
no semiárido do Nordeste brasileiro.
Dentre os estudos taxonômicos mais recentes realizados sobre as Malvaceae brasilei-
ras, destacam-se os trabalhos de Esteves (1986, 1996); Duarte; Esteves (2007); Esteves;
Krapovickas (2009) e Bovini; Esteves; Duarte (2010).
Considerando que poucos trabalhos registram a riqueza florística das Unidades de
Conservação em Alagoas, o presente trabalho visa reconhecer os representantes da família
Malvaceae, ocorrentes no RVS dos Morros do Caraunã e do Padre, contribuindo assim para
o conhecimento da flora alagoana.

MÉTODO

O Refúgio de Vida Silvestre (RVS) dos Morros do Caraunã e do Padre está situado
no município de Água Branca, Alagoas, na mesorregião do Sertão entre as coordenadas
9°34’00” e 37°52’10,88”. Essa Unidade foi criada em janeiro de 2012, por meio do decreto n°
17.935. Os Morros compreendem uma área de 1.086,67 hectares e atingem até 630 metros
de altitude e podem ser considerados uma forma de relevo residual (Fig.: 1 e 2), denominado
inselberg, que contrasta com o relevo aplainado dominante da depressão sertaneja (SILVA;
NASCIMENTO; GOIS, 2017).
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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Fig. 1. Localização da área de estudo. (Mapa cedido pela Diretoria de Unidade de Conservação DIRUC – IMA, AL).

Fig. 2. Morro do Padre: A- Vista geral; B- Aspecto da encosta; Morro do Caraunã: C-D- Vista geral; E-Visão do canal do
sertão do topo do morro; F- Riacho do “Craunã” durante o inverno (junho de 2014).

17
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Foram realizadas excursões bimensais no período de agosto de 2013 a novembro de
2014, sendo percorridas seis trilhas de forma a cobrir a maior área possível. Durante as
excursões foram coletadas amostras de indivíduos férteis de representantes de Malvaceae
e realizadas observações sobre o período de floração das espécies. Todas as informações
sobre as amostras coletadas foram registradas em caderneta de campo, onde foram anotados
o hábito, ambiente onde o indivíduo se encontrava, cor das pétalas e qualquer informação
que pudesse ser perdida após a desidratação.
Os materiais foram coletados manualmente, com auxílio de tesoura de poda e poste-
riormente processados de acordo com os procedimentos de usuais descritos em Ferreira
(2006), posteriormente foi realizado a triagem das amostras para prensagem. Essas foram
levadas a estufa e em seguida os exemplares foram acondicionados em baixa tempera-
tura. A identificação destes materiais constituiu-se por meio de bibliografia especializada,
chaves de identificação, descrições morfológicas originais, consulta à especialista e compa-
rações com as coleções depositadas no Herbário MAC. As amostras coletadas foram anali-
sadas detalhadamente sendo observados os caracteres morfológicos, vegetativos, florais e
os frutos. Para a análise da estrutura floral de material herborizado foi seguido o tratamento
de reidratação, através do aquecimento em água e análise com o auxílio de microscópio
estereoscópico binocular.
Ao final, os exemplares foram armazenados na sala de coleção do Herbário MAC em
armário de aço e suas duplicatas estão disponíveis para intercâmbio. As informações obtidas
foram registradas no livro de tombo.
A descrição da família Malvaceae e dos gêneros foi baseada nas obras de Esteves
(1986; 1996), Gibbs; Semir (2003) e Bovini; Esteves; Duarte (2010). Comentários sobre a
distribuição mundial das espécies, bem como a obra onde as mesmas foram publicadas,
basearam-se nas publicações dos Trópicos, para a distribuição nacional foi utilizada a Lista
da Flora do Brasil e para a distribuição no estado de Alagoas foi consultado o material
do Herbário MAC.
Para elaboração da chave de identificação das espécies em estudo, foram considerados
caracteres vegetativos e reprodutivos durantes as análises, dando prioridade aos caracteres
que são fundamentais para a determinação das espécies.
Os gêneros e espécies foram apresentados em ordem alfabética e para as abreviações
dos autores seguiu-se Brummit & Powell (1992). O presente trabalho adota o conceito atual
no qual reconhece a família Malvaceae s.l. como um grupo monofilético constituído pelas
famílias tradicionalmente situadas na ordem Malvales sensu Cronquist (1994).

18
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos Morros do Caraunã e do Padre foram registradas 13 espécies distribuídas em 8 gê-


neros, sendo Sida o mais representativo com 3 spp., seguido de Herissantia e Melochia, com
2 spp. cada um. Os demais gêneros: Ceiba, Helicteres, Malvastrum, Pavonia, Pseudobombax
apresentaram apenas uma espécie respectivamente. A espécie Melochia tomentosa foi
a única encontrada em ambos os Morros, enquanto os demais somente foram encon-
trados no Caraunã.

Chave de identificação dos gêneros

1. Ervas a arbustos. Folhas simples. Frutos esquizocarpos.


2. Anteras 2-tecas, 4-esporangiadas.
3. Arbustos. Frutos espiralados. Pétalas vermelhas a alaranjadas, aladas; androginóforo
presente Helicteres
3. Subarbustos. Frutos não espiralados. Pétalas roxas, sem alas; androginóforo
ausente Sidastrum
4. Fruto em forma de estrela, mericarpos constrictos na porção mediana
4. Frutos globosos, mericarpos sem constrição.
5. Pétalas amarelas; ovário unilocular; estilete único, lateral; estigma penicilado
5. Pétalas róseas; ovário pentalocular; estiletes cinco; estigmas capitados Melochia
2. Anteras 1-teca, 2-esporangiadas.
6. Flores sem epicálice.
7. Frutos pêndulos, inflados Herissantia
7. Frutos eretos, não inflados. Sida
6. Flores com epicálice.
8. Epicálice com 4-muitas bractéolas; tubo estaminal incluso na corola Pavonia
8. Epicálice 3-bracteolado; tubo estaminal não incluso na corola
1. Árvores. Folhas compostas. Frutos cápsulas.
9. Folíolos articulados. Pétalas obovadas recobertas de tricomas e estrias longitudinais
avermelhadas; estames 5 Ceiba
9. Folíolos não articulados. Pétalas linear-elíticas recobertas de tricomas casta-
nhos; estames numerosos Pseudobombax Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum., Bot.
Jahrb. 26(1): 343.
Árvores 10-14 m alt., tronco com intumescência na porção mediana, aculeado; ramos
também aculeados. Folhas com 4-7 folíolos elíticos, articulados, margem serreada. Folhas
e frutos não vistos. Quando floresce a planta perde as folhas.
19
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Material Examinado: Brasil. Alagoas. Água Branca: Morro do Caraunã, 9/VII/2009,
Chagas-Mota (MAC).
Distribuição geográfica: Espécie com distribuição restrita no Nordeste do Brasil, ten-
do sido encontrada nos estados do Ceará, Paraíba, Bahia e Alagoas (BOVINI; ESTEVES;
DUARTE, 2010). No RVS dos morros do Caraunã e do Padre esta espécie só foi observada
em estado vegetativo.
Sua característica mais notável é uma parte bem saliente (pode atingir 1,5 m em diâme-
tro), à meia altura de seu tronco, que lembra uma barriga, daí seu nome popular “barriguda”
(Fig. 3: A-B). A lã produzida pelo fruto seco serve para encher travesseiros, colchões e selas;
a casca é utilizada no tratamento de hérnias, reumatismo, inflamação do fígado, problemas
cardíacos e pressão alta (CASTRO; CAVALCANTE, 2010).

Fig.3. Ceiba glaziovii A- B- Tronco. Fonte: MALVACEAE de uma região semi-árida de Pernambuco, Brasil (AMORIM; ALVES,
2012).

Helicteres brevispira A. St. -Hil.,Fl. Bras. merid. 1(7): 274, pl. 54. 1828.
Arbustos eretos 1,5-7 m; ramos tomentosos. Folhas geralmente discolores, obova-
das, ápice agudo, margem irregularmente serreada, base obtusa, face adaxial em geral
verde-escura, glabrescente, face abaxial verde-clara a castanha; pecíolos 6-30 mm comp.
Inflorescências axilares; cálice fortemente geniculado na base; pétalas eretas, unguicula-
das; androginóforo 5-8 cm comp., encurvado, glabro. Cápsula glabrescente, espiralada até
a metade basal; sementes escuras, não aladas.
Floração e frutificação: Floresce e frutifica de abril a outubro.
Material examinado: Brasil. Alagoas. Água Branca: Morro do Caraunã, 9/VII/2009,
Chagas-Mota (MAC).
20
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Distribuição geográfica: América do Sul, amplamente distribuída desde a Colômbia
e Venezuela até a Bolívia, Paraguai e em todo o Brasil sendo mais frequente nas regiões
Centro-oeste e Sudeste (FERNADES JÚNIOR; CRUZ, 2018).
Helicteres brevispira é facilmente distinta pelo cálice fortemente geniculado na base,
androginóforo encurvado que atinge até 8 cm de comprimento e pelas cápsulas espiraladas
até a metade basal de seu tamanho, sendo esta última uma característica exclusiva da espé-
cie. Assemelha-se a H. macropétala A. St.-Hil. coletada em área de Caatinga, no município
de Pão de Açúcar, mas que difere por suas cápsulas espiraladas em toda a sua extensão.

Chave de identificação das espécies

1. Subarbustos decumbentes; ramos com tricomas estrelados. Mericarpos com trico-


mas simples..................................................................................................Herissantia c
2. Subarbustos eretos; ramos com tricomas simples. Mericarpos com tricomas estre-
lados. .................................................................................................Herissantia tiubae
Herissantia crispa (L.) Brizicky, J. Arnold Arbor. 49 (2): 279. 1968. (Fig.4: A-B)
Subarbustos decumbentes; ramos tomentosos, tricomas estrelados. Folhas com lâ-
minas 2,8–4x2,8–4,2 cm, ovadas, ápice agudo, margem serreada, base cordada; pecíolos
0,4-1,5x0,1 cm comp. Inflorescências axilares; epicálice ausente; sépalas externamente
com tricomas simples, pétalas-5, alvas, mácula amarelada na base; tubo estaminal glabro;
ovário com10-14 lóculos, 1 óvulo por lóculo; estiletes 10-14. Mericarpos múticos, tricomas
simples; sementes castanhas, reniformes, levemente pilosas.
Floração e frutificação: Floresce e frutifica de abril a outubro.
Material examinado: BRASIL. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, trilha do Pau-
chico, 25/ II/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC); ibdem, 27/IV/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC).
Distribuição geográfica: Neotropical, ocorrendo desde os Estados Unidos até
a Argentina (OLIVEIRA, 2017). No Brasil distribui-se apenas na Região Nordeste, com
citação para os estados da Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Paraíba (BOVINI;
ESTEVES; DUARTE, 2010).
Herissantia crispa pode ser reconhecida principalmente pelo hábito subarbustivo de-
cumbente e pelos mericarpos recobertos de tricomas simples. É empregada na região do
semiárido brasileiro na produção de mel e como forrageira (MORAES, et al., 2020).
Herissantia tiubae (K. Schum.) Brizicky, Bol. Soc. Portug. Ci. Nat. 5: 130. 1995. (Fig.2: C-D)
Subarbustos eretos; ramos pilosos, tricomas simples. Folhas com lâminas
3–6,5x1–3 cm, ovadas, ápice acuminado, margem serreada; pecíolo 0,3-3,5x0,1 cm comp.
Inflorescências axilares; epicálice ausente, sépalas com tricomas simples, alvas, mácula

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
amarela na base; tubo estaminal glabro; ovário 10-14 lóculos, 1 óvulo por lóculo; estiletes
10-14. Mericarpos múticos, tricomas estrelados; sementes castanhas, reniformes, lisas.
Floração e frutificação: Floresce e frutifica nos meses de fevereiro e Abril.
Material examinado: BRASIL. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, trilha do Pau-
chico, 25/ II/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC); ibdem, 27/IV/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC).
Distribuição geográfica: Neotropical, desde o México, estendendo-se pelas Antilhas,
até a América do Sul, onde é encontrada apenas na Região do Nordeste do Brasil (Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe) (BOVINI;
ESTEVES; DUARTE, 2010).
Herissantia tiubae pode ser caracterizada por apresentar hábito subarbustivo ereto.
Assemelha-se a H. crispa por apresentar mericarpos inflados, mas difere desta por conter tri-
comas simples nos ramos e estrelados nos mericarpos. É empregada na região do semiárido
brasileiro na produção do mel e como forragem para o gado (CASTRO; CAVALCANTE, 2010).

Fig.4. Herissantia crispa: A-Ramo com flor e fruto; B-Detalhes da flor; Herissantia tiubae: C-Hábito; D- Detalhes da Flor.

Malvastrum coromandelianum (L.) Garcke, Bonplandia 5:295, 1857. (Fig. 5: A-B)


Ervas ca. 0,7 m alt. Folhas com lâminas 1,0-5,5x0,6-3,0cm, ovadas, ápice agudo,
margem serreada, base obtusa a cuneada; pecíolo 0,6–2,0x1,0 cm comp. Inflorescências
axilares, nunca em espiga; epicálice menor que o cálice, três bractéolas lanceoladas; péta-
las amarelas; tubo estaminal glabro; ovário 10-12 lóculos, 1 óvulo por lóculo. Mericarpos
indeiscentes, 3-aristados; sementes reniformes, castanhas, lisas.
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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Floração e frutificação: Flor e fruto nos meses de Junho e Julho.
Material examinado: BRASIL. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, trilha do Pau-
chico, 01/ VI/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC); ibdem, 24/VII/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC).
Distribuição geográfica: Pantropical, ocorrendo principalmente na América do Sul
(ARECES BERAZAÍN; FRYXELL, 2007). No Brasil ocorre em todas as regiões (BOVINI,
ESTEVES; DUARTE, 2010). No RVS dos Morros do Caraunã e do Padre a espécie foi en-
contrada em local sob ação antrópica.
Malvastrum coromandelianum é distinta dentre as demais espécies estudadas por
apresentar um epicálice menor que o cálice, formado por três bractéolas lanceoladas.
A espécie é considerada ruderal, habita em áreas de cultivo, pastagem e em terrenos
baldios. Os ramos são bastante utilizados como vassoura no meio rural, daí o nome vulgar
“vassourinha” (ARECES BERAZAÍN; FRYXELL, 2007).

Fig.5. Malvastrum coromandelianum: A-B- Ramo com flor.

Chaves de identificação das espécies

1. Ramos com tricomas simples. Inflorescência oposta às folhas. Cápsulas com manchas
vináceas na maturidade.............................................................................. M. pyramidata
2. Ramos com tricomas estrelados. Inflorescência axilar. Cápsulas sem man-
chas............................................................................................................. M. tomentosa
Melochia pyramidata L., Sp. pl. 674. 1753 (Fig. 6: A)
Subarbustos ca. 70 cm alt.; ramos constituídos de tricomas simples, castanhos. Folhas
com lâminas 1-4,3x0,6-2 cm, ovadas, ápice agudo, margem irregularmente serreada, base
obtusa; pecíolos 2-15mm comp. Inflorescências opostas às folhas; pétalas roxas com má-
cula amarelada na base; filetes parcial ou totalmente concrescidos em tubo; ovário ovóide.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Cápsula piramidal, verde-clara a amarelada com manchas vináceas na maturidade, loculi-
cida; sementes glabras, castanho-escuras.
Floração e frutificação: Floresce e frutifica de abril a outubro.
Material examinado: BRASIL. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, 25/ II/2014,
C.M.C. Santos et al. (MAC); ibdem, 27/IV/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC).
Distribuição geográfica: espécie de maior distribuição geográfica do gênero, ocorrendo
na América, Ásia e Oceania. No Brasil distribui-se em todo o território nacional, exceto na
região Norte (ESTEVES, 1996).
Melochia pyramidata assemelha-se morfologicamente a M. tomentosa por ambas pos-
suírem as pétalas roxas com mácula amarela na base, entretanto diferem principalmente por
esta última apresentar pubescência acinzentada nos caules e folhas como também flores
opostas às folhas.
Melochia tomentosa L., Syst. Nat. 2: 1140. 1759. (Fig.4: B-C)
Subarbustos ca. 80 cm at. ereto, ramos tomentosos, acinzentados, tricomas estrelados.
Folhas com lâminas 1,5-4,3x0,8-3 cm, ovadas, ápice agudo, margem serreada, acinzentadas;
pecíolos 2-11mm comp. Inflorescências axilares; cálice piloso, sépalas lineares; pétalas
roxas com mácula amarela na base, filetes parcialmente concrescidos em tubo estaminal;
ovário ovóide. Cápsula piramidal, loculicida, tomentosa; sementes glabras.
Floração e frutificação: Flor e fruto nos meses de junho a dezembro.
Distribuição geográfica: Pantropical, no Brasil é encontrada em ambientes com vege-
tação aberta. Nas regiões do Nordeste e Centro-Oeste nos domínios da Caatinga, Cerrado
e Floresta Atlântica (ALVES, 2009). Em Alagoas já havia registro desta espécie no Checklist
da Flora do estado juntamente M. pyramidata.
Material examinado: BRASIL. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, margens
do riacho Caraunã, 25/ II/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC); Morro do Padre, 27/IV/2014,
C.M.C. Santos et al. (MAC).
Melochia tomentosa pode ser reconhecida por suas folhas e ramos com pilosidade
acinzentada, formada de tricomas estrelados, enquanto em M. pyramitada os ramos e fo-
lhas possuem tricomas simples. Tem uso na medicina popular, na produção de mel e como
forrageira (DUARTE; ESTEVES, 2006). Vegeta principalmente em áreas antropizadas.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Fig.6. Melochia pyramidata: A- Hábito; Melochia tomentosa: B-C- Ramos

Pavonia cancellata (L.) Cavanilles, Diss. 3: 135, 1787. (Fig.7: A-B)


Ervas prostradas; ramos ascendentes, tricomas estrelados e simples. Folhas com
lâminas 3-5,8x2,4-3,9 cm, inteiras, ovadas a triangulares, ápice agudo, margem serreada,
base cordado-sagitada; pecíolos 8-25 mm compr. Flores solitárias; epicálice com 13-18 brac-
téolas lineares, livres, ciliadas; pétalas obovadas, amarelas com mancha basal vinácea; tubo
estaminal incluso na corola. Mericarpos trígonos, 3-rostrados; sementes reniformes, lisas.
Floração e frutificação: Floresce e frutifica o mês de Julho.
Material examinado: BRASIL. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, margens do
canal do sertão, 26/IV/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC).
Distribuição geográfica: Neotropical, ocorrendo desde a América do Norte (México),
até a América do Sul. No Brasil esta espécie é encontrada nas regiões Norte, Nordeste,
Centro Oeste e Sudeste (ESTEVES, 1996).
Pavonia cancellata pode ser facilmente reconhecida por apresentar as flores relati-
vamente grandes e vistosas de pétalas amarelas com mancha basal vinácea e epicálice
com 13-18 bractéolas lineares. De acordo com Batista et al. (2005) é utilizada na produção
de mel, além de ser hospedeira de Bemisia tabaci “mosca-branca” que transmite viroses
para culturas de tomates e repolho. Apresenta também potencialidade para no paisagismo
(CASTRO; CAVALCANTE, 2010).

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Fig.7. Pavonia cancellata: A- Hábito; B- Flor. Fonte: MALVACEAE de uma região semi-árida de Pernambuco, Brasil (AMORIM;
ALVES, 2012).

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns, Bull. Jard. Bot. État 33


(1):65.1963. (Fig.8: A-B)
Árvores 8-15 m alt.; tronco ereto. Folhas compostas (5-)7-9-folioladas; folíolos obo-
vados a oblongo-elípticos, ápice acuminado, margem inteira, base aguda. Inflorescências
terminais, em cimas 2-3-floras; botões florais alaranjados; cálice esverdeado a vináceo,
cupuliforme, externamente glabro; tubo estaminal 12-55 x 3-8 mm, glabro; ovário 5-angulado;
estigmas capitados. Frutos não vistos.
Floração e frutificação: Floresce de setembro a dezembro.
Material examinado: BRASIL. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, 19/X/2013
M.C.S. Mota et al. (MAC).
Distribuição geográfica: Exclusiva no Brasil, nas regiões Nordeste (Alagoas, Bahia),
Centro Oeste (Mato Grosso), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro) e Sul
(Paraná e Santa Catarina) (DUARTE; ESTEVES, 2007).
Pseudobombax grandiflorum caracteriza-se pelas folhas com (5-)7-9 folíolos obovados
a oblongo-elípticos de ápice acuminado. Em Lyra-Lemos et al. (2010) foram citadas a ocor-
rência de duas espécies em Alagoas: P. marginatum (A.St.-Hil., Juss & Cambess) A. Robyns
e P. simplicifolium A. Robyns. Sendo que P. glandiflorum constitui a primeira referên-
cia para o Estado.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Fig. 8. Pseudobombax grandiflorum: A- Botão floral; B- Flor.

Chave de identificação das espécies

1. Lâminas foliares lineares. Pétalas alvas. Mericarpos múti-


cos................................ S. linifolia
1.Lâminas foliares elíticas a ovadas. Pétalas amarelas, roxas a rosadas.
Mericarpos biaristados.
2. Lâmina foliar 3–7x2-5cm. Pétalas amarelo-claro................................................ S. cordifolia
2. Lâmina foliar2,4-4,1x1,1-2cm.Pétalas amarelo-ouro.....................................
.S. galheirensis
Sida cordifolia L., Sp. Pl. 2: 684. 1753. (Fig. 9: A-B)
Subarbusto ereto, ca. 0,5-1,5 m alt.; ramos cilíndricos, densamente velutinos, tricomas
estrelados. Folhas com lâmina 3–7x2-5 cm, inteira, levemente discolores, velutinas, ova-
das, ápice agudo, margem inteiramente crenada, base cordada; pecíolo 3,0-4,5 cm compr.
Inflorescências axilares; corola amarelo-clara, com mancha basal alaranjada; tubo estami-
nal glabrescente; ovário 10 lóculos. Fruto ovóide, castanho; mericarpos 10, pubescentes,
tricomas estrelados, biaristados, aristas ca. 2 mm compr., eretas, divergentes, com tricomas
retrorsos; semente reniformes, escuras, glabras.
Floração e frutificação: Floresce e frutifica nos meses de fevereiro a outubro.
Material coletado: Brasil. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, 06/II/2014, C.M.C.
Santos et al. (MAC); ibdem, 24/VII/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC).
Distribuição geográfica: Pantropical (ARECES BERAZAÍN; FRYXELL, 2007). No Brasil
é encontrada nas regiões Norte (Roraima, Pará, Amazonas, Tocantins, Rondônia), Nordeste
(Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste (Mato
Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito
Santo, São Paulo, Rio de Janeiro) e Sul (Paraná) (COLLI-SILVA; ESTEVES; DUARTE,

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
2019). No RVS dos Morros do Caraunã e do Padre, S. cordifolia foi encontrada às margens
de várias trilhas, nos arredores do riacho Caraunã e no sopé dos morros.
Sida cordifolia caracteriza-se pelas folhas ovadas de base cordada, mericarpo sem
número de 10, com duas aristas longas, eretas, divergentes e com tricomas retrorsos.
Assemelha-se a S. galheirensis, porém além dos caracteres mencionados na chave dife-
rencia-se por apresentar maior densidade de tricomas nos ramos.
Sida galheirensis Ulbr., Sp. Pl. 2:683-686.1753. (Fg.9:C-D)
Subarbusto ereto, ca. 80-90 cm alt.; ramos pilosos, tricomas estrelados. Folhas com
lâminas 2,4-4,1x1,1-2 cm, inteiras, elípticas a ovadas, ápice acuminado, margem serrea-
da, base cordada a aguda; pecíolo 9-15mm, piloso. Inflorescência corimbosa ou flores
solitárias; corola amarelo-ouro, com mácula basal alaranjada, glabra. Mericarpos 10, re-
ticulados, glabros, biaristados, aristas longas, eretas, divergentes; sementes reniformes,
castanhas, glabras.
Floração e frutificação: Floresce e frutifica nos meses de fevereiro a outubro.
Material coletado: Brasil. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, 06/II/2014, C.M.C.
Santos et al. (MAC); ibdem, 24/VII/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC).
Distribuição geográfica: Única espécie do gênero endêmica no Brasil e amplamente
distribuída na região Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte) (CASTRO; CAVALCANTE, 2010). No RVS dos Morros do
Caraunã e do Padre, S. galheirensis foi encontrada às margens de várias trilhas, aos arre-
dores do riacho Caraunã e no sopé dos morros.
Além dos caracteres já mencionados, Sida galheirensis diferencia-se de S. cordifolia
pela margem da lâmina folia, serreada na primeira espécie e crenada na segunda. No nor-
deste brasileiro é utilizada na produção de mel (ESTEVES, 1986).

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Fig.9:.Sida cordifolia: A- Hábito; B- Detalhes da Flor; Sida galheirensis: C-Hábito; D- Flor.

Sida linifolia Cav., Diss. I. 14. t.2. fig. 2. 1785.


Subarbustos eretos, 0,40-1,0 m alt; ramos cilíndricos, com tricomas longos simples
patentes, glabrescentes. Folhas com lâminas 3,0-12,0x0,5-1,0 cm concolores, lineares, ápice
agudo, margem inteiramente serreada, base obtusa; pecíolo cilíndrico, ca. 0,5cm compr.,
glabrescente. Inflorescências terminais, corimbosas; pétalas alvas, com mácula vinosana
base; tubo estaminal glabro; ovário 7-lócular, glabrescente. Mericarpos 7, múticos, faces
laterais levemente reticuladas.
Floração e frutificação: Floresce e frutifica nos meses de fevereiro a outubro.
Material examinado: Brasil. Alagoas, Água Branca: Morro do Caraunã, 06/II/2014,
C.M.C. Santos et al. (MAC); ibdem, 24/VII/2014, C.M.C. Santos et al. (MAC).
Distribuição geográfica: Ocorrendo Panamá até a América do Sul (Colômbia,
Venezuela, Guianas, Brasil, Paraguai, Perú e Bolívia) e em vários países da África
(FERNADES JÚNIOR; CRUZ, 2018). No Brasil ocorre em todas as regiões e com bastante
frequência nos domínios da Caatinga e do Cerrado, especialmente em áreas antropizadas
(COLLI-SILVA; ESTEVES; DUARTE, 2019).
Sida linifolia difere de todas as espécies de Sida que ocorrem na RVS por ser a única
que apresenta folhas lineares. De acordo com Esteves (1996) suas flores fornecem néctar
e pólen para abelhas-europa.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
CONCLUSÃO

Das 13 espécies encontradas no RVS dos Morros do Caraunã e do Padre, destacam-se


Pseudobombax grandiflorum, aqui referida pela primeira vez para Alagoas e Ceiba glaziovii
como a única dentre as estudadas que tem distribuição exclusiva na região Nordeste, ocor-
rendo principalmente nas áreas de Caatinga.
O gênero Sida foi o mais representativo, com cinco espécies, e pode ser considerado
o mais importante, não somente pelo número de espécies, mas também pela abundância
de indivíduos visualizados no campo. Representantes dos gêneros Melochia e Herissantia
foram também bastante observados no RVS.
Desta forma o atual trabalho constitui grande importância como contribuinte para o co-
nhecimento da flora local, destacando-se como pioneiro em circunscrever todas as Malvaceae
ocorrentes em uma Unidade de Conservação localizada no bioma exclusivamente brasileiro
no estado de Alagoas.

REFERÊNCIAS
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Verlag KG, Ruggell, Liechtenstein, p. 228, 2007

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tre dos Morros do Caraunã e do Padre, Alagoas, 27 de janeiro de 2012. Legislação Estadual.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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15. FERREIRA, G. C. Diretrizes para coleta, herborização e identificação de material botânico


nas Parcelas Permanentes em florestas naturais da Amazônia brasileira. Grupo Institu-
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Maceió-Al V. 2. N.4 Dezembro/2017.

31
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
02
A importância das aulas práticas de
microbiologia no ensino técnico de
nível médio

Janaína dos Santos Nascimento


IFRJ

10.37885/210203009
RESUMO

As aulas teóricas podem não ser suficientes para produzir uma visão completa da com-
plexidade da Microbiologia como uma disciplina, uma vez que há a necessidade de uma
ligação entre o conhecimento teórico e a experiência prática desenvolvida no laborató-
rio. A vivência das aulas práticas gera a sedimentação de conceitos na estrutura cognitiva
do aluno, o desenvolvimento de habilidades e competências e incentiva a formação do
espírito crítico. Dessa forma, esse trabalho contribui para a valorização do ensino de
Microbiologia, especialmente para os níveis nível fundamental e médio/técnico, uma
vez que o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigindo experiência.

Palavras- chave: Aulas Práticas, Microbiologia, Ensino Técnic o de Nível Médio,


Habilidades e Competências.

33
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

Para os alunos do ensino técnico de nível médio, sabe-se que os livros didáticos nem
sempre são suficientes para explicar de forma completa as relações conceituais. Assim, as
metodologias práticas atuam como estratégias adicionais de ensino. Elas reforçam o con-
teúdo teórico já abordado, podendo também servir como alternativa de avaliação, na qual
conceitos aprendidos com precisão podem ser reafirmados e mal- entendidos podem ser
corrigidos (ROCHA et al., 2016).
Outro fator importante que merece atenção é a melhoria contínua da experiência dos
alunos no laboratório de ensino. Com cada aula prática, os alunos desenvolvem mais con-
fiança, mais destreza e mais experiência (BINDAYA et al., 2020). Essas habilidades são
fundamentais para a transição dos alunos da escola para a universidade ou para o mer-
cado de trabalho.
Em uma instituição de ensino com uma tradição estabelecida de aulas práticas, as
preocupações com a falta de experiência prática de trabalho são significativamente redu-
zidas. Essa visão já foi colocada em pauta por ADAMS (2009). Ele relata que à medida
que os alunos progridem nos estudos e enfrentam atividades laboratoriais cada vez mais
exigentes e complexas, é possível garantir que haja um reforço constante dos alicerces dos
conhecimentos e competências adquiridos.
Esse estado de “saber fazer mesmo”, de “trabalho prático” ou de “saber colocar a mão
na massa”, tem sido discutido nos sistemas educacionais de vários países (WANG et al.,
2012; WANG et al., 2018; BROCKMAN et al., 2020; BINDAYA et al., 2020), tendo como
base o fato de que somente a posse de um diploma universitário ou de ensino técnico não
implica, necessariamente, na aquisição de um emprego. Essa discussão também se aplica
ao Brasil, especialmente no momento econômico atual.
É importante ressaltar que o mercado de trabalho brasileiro está cada vez mais com-
petitivo, buscando habilidades e não somente um certificado de conclusão de um curso.
Com isso, os educadores precisam proporcionar experiências de aprendizagem autênticas
para seus alunos. Na área das Ciências Biológicas, essa autenticidade é melhor represen-
tada por aulas práticas e experiência em laboratório. Este trabalho tem por objetivo alertar
sobre a importância da valorização do ensino de Microbiologia através de aulas práticas,
buscando capacitar ainda mais os alunos do Ensino Técnico de Nível Médio e prepará-los
para o mercado de trabalho.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
DESENVOLVIMENTO

Por definição, a Microbiologia é o estudo científico dos micro-organismos e está as-


sociada ao estudo de suas células - sejam elas unicelulares ou multicelulares - e de seu
funcionamento (MADIGAN, MARTINKO & PARKER, 1997).
Vários conceitos da Microbiologia já estão presentes em nossas vidas, mesmo que
inconscientemente, desde quando ouvimos pela primeira vez sobre “germes”, quando crian-
ças (MCGENITY et al., 2020). A partir daí, tomamos conhecimento dos princípios básicos
para o controle do crescimento microbiano, como lavagem das mãos, assepsia, manobras
de higiene no preparo dos alimentos e prevenção de doenças. Porém, muitas importantes
aplicações biotecnológicas dos micro-organismos no cotidiano, como por exemplo, na pro-
dução de alimentos e de medicamentos, permanecem desconhecidas (TIMMIS et al., 2020).
Segundo TOLEDO e colaboradores (2015), ao se trabalhar com Microbiologia, a impor-
tância da instituição de ensino na promoção de mudanças conceituais emerge de seu papel
na área da saúde, juntamente com outros aspectos como a alimentação e o meio ambiente.
Muitos professores querem proporcionar aos alunos essa oportunidade de aprendizagem
ativa, mas eles são limitados pelas condições de suas instituições, o que gera um grande
desafio a ser enfrentado.
Por si só, a complexidade da disciplina já é uma das principais dificuldades encontradas
pelos educadores: os micro-organismos incluem bactérias, fungos, vírus e protozoários, que
requerem diferentes habilidades laboratoriais (BARBOSA & BARBOSA, 2010; SANCHO
et al., 2016). As aulas de Microbiologia são, em geral, baseadas em culturas microbianas,
o que aumenta os obstáculos, pois para cultivar micro- organismos fazem-se necessários
recursos de custo elevado, como meios de cultura e materiais de consumo, incluindo tubos
de ensaio, placas de Petri, pipetas e outras vidrarias, além de equipamentos, como estu-
fas e autoclaves.
Muitas instituições de ensino médio e técnico não possuem materiais específicos ou
dispõem de um laboratório adequado para que sejam realizadas as aulas práticas aulas de
Microbiologia. Este ambiente tecnológico é importante para que o conhecimento teórico da
sala de aula seja atualizado e fixado. É também nesse ambiente que os alunos têm as suas
atitudes, competências e aptidões despertadas, desenvolvendo o seu espírito criativo e fo-
mentando um maior interesse nas aulas (GASPER & GARDNER, 2013; WALLER et al., 2016).
Porém, a falta de equipamentos, local específico e/ou matérias de consumo não deve
restringir o ensino de Microbiologia apenas a aulas teóricas. É possível, por meio de so-
luções personalizadas, despertar a curiosidade, atenção, habilidades e competências dos
alunos; o mais importante é estimular o espírito crítico. Muitos autores descrevem meto-
dologias alternativas para aulas práticas de Microbiologia, visando conseguir despertar a
35
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
curiosidade, a atenção e as habilidades e competências dos alunos. É possível substituir uma
estufa, meios de cultura e vidrarias de laboratório por matérias de fácil acesso disponíveis
no dia-a-dia (GENTILE et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2016; PALHETA & SAMPAIO, 2016;
ROMERO et al., 2016). É a partir do manuseio e da observação direta de amostras que os
alunos são capazes de desenvolver o senso de responsabilidade e uma maior apreciação
pela disciplina e, ainda, têm sua metacognição estimulada (SALTER & GARDNER, 2016;
BROCKMAN et al., 2020).
Segundo citado por LIMA & GARCIA (2011), “tornar o ensino prazeroso não deveria
depender exclusivamente de estruturas e equipamentos”. Vale ressaltar que o simples fato
de estar fora de uma sala de aula convencional já constitui um estímulo à aprendizagem
e que as aulas práticas não devem ser apenas uma ação de observação ou de simples
manipulação de vidrarias, mas sim uma atividade que remeta ao caráter investigativo, que
tenha características de um trabalho científico, ou seja, com objetivos, metodologia, resul-
tados e discussão.
Em outros países, modelos de ensino baseados em atividades práticas, em diversas
áreas de conhecimento, já são bem estabelecidos. Um dos mais utilizados é o “Course-
Based Undergraduate Research Experience” (CURE), que consiste de um método eficaz
de transformar a aprendizagem e o ensino de ciências, envolvendo os alunos no processo
científico, ou seja, é o aprendizado orientado pela prática. No CURE, o aluno é estimulado a
fazer perguntas, construir e avaliar modelos, propor hipóteses, projetar estudos, selecionar
métodos, usar as ferramentas da ciência, analisar dados, e transportá-los ao mundo real,
desenvolvendo argumentos e conclusões (AUCHINCLOSS et al., 2014; SUN et al., 2020;
ZELAYA et al., 2020). Na área de Microbiologia, diversos autores relatam com êxito a sua
utilização no ensino de tópicos como crescimento microbiano, resistência a antimicrobianos
e produção de biofilme (LO & MEL, 2017; FURROW et al., 2020; LIGHT et al., 2020; TAWDE
& WILLIAMS, 2020).
Seja com um laboratório equipado ou com técnicas improvisadas, as práticas de
Microbiologia devem proporcionar ao aluno o desenvolvimento de aptidões e competências
que incluem: a capacidade de demonstrar conhecimentos bem desenvolvidos; o domínio
das técnicas microbiológicas essenciais; a capacidade de articular as interações entre os
micro-organismos e seu ambiente; e, por fim, a análise crítica e a resolução de problemas
microbiológicos específicos, tanto individualmente quanto em equipe (BURKE et al., 2016;
BROCKMAN et al., 2020; BINDAYA et al., 2020). De acordo com AGUS (2010), a capacidade
de realizar corretamente o diagnóstico, o controle de qualidade e as técnicas de pesquisa
requer a aquisição dessas habilidades práticas. Tais habilidades, por sua vez, tornam-se

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
diferenciais para uma carreira em Microbiologia, que pode estar inserida em diversas áreas
de trabalho, como industrial, ambiental, farmacêutica, clínica, alimentícia e agrícola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sem dúvida, a inclusão de aulas práticas de Microbiologia nos cursos profissionalizantes


do ensino médio é enriquecedora em vários aspectos, uma vez que as atividades laborato-
riais estão fortemente ligadas à qualidade dos resultados de aprendizagem dos alunos. Isso
permite que os alunos demonstrem seu potencial de pesquisa com interesse e entusiasmo,
tornando-os mais capazes de assimilar conteúdos, desenvolver ideias e, segundo AGUS
(2010), desenvolver habilidades de pensamento crítico para aplicação em uma sociedade
dinâmica e em constante mudança.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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molecular cloning of microbial genes. Biochemistry and Molecular Biology Education, v.
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competency examination in microbiology. FEMS Microbiology Letters, v. 365, n. 20, fny224,
2018. https://doi.org/10.1093/femsle/fny224

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Project: A course-based undergraduate research experience in Microbiology. Frontiers in
Microbiology, v. 11, 2274, 2020. https://doi.org/10.3389/fmicb.2020.577621

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
03
Aplicando o conhecimento empírico
da ecoquímica na estética: um relato
de experiência

Cremilda Maria Cardoso Santos


UFAL

Késia Filadélfia Dionizio Silva


UFAL

Anyelly Gomes Santos


UFAL

10.37885/210404398
RESUMO

Este trabalho trata-se de relato de experiência referente a um estudo de cunho sociocien-


tífico desenvolvido por discentes do ensino médio integral de uma escola de rede pública
estadual. Tendo como objetivo principal levar os alunos utilizarem meios tecnológicos
para alcançar e engajar a sociedade com conceitos da química e da biologia contextua-
lizando com o uso de ervas e produtos naturais em diferentes formas que beneficiam a
saúde e a estética. Para isso foi utilizado o conhecimento que é transmitido de geração
por geração por meio de uma pesquisa com a comunidade local. A pesquisa ocorreu
com a aplicação de um questionário via Google Forms. O trabalho consistiu na criação
de um aplicativo, nomeado pelos alunos de Ecoquímica. No qual os tutoriais gravados
pelos próprios alunos demonstram os benefícios do uso de misturas das plantas, cascas
de legumes, elementos químicos entre outros. Na atualidade constatou-se que as pes-
soas de faixa etárias diferentes buscam e utilizam uma grande variedade de produtos
advindos de matéria-prima considerada natural, mesmo que existam na fabricação alguns
elementos químicos.

Palavras-chave: Ecoquímica, Saúde, Estética, Ervas, Aplicativo.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

Os desenvolvimentos científicos dos últimos séculos têm permitido o atendimento


das necessidades básicas (alimentação, saúde e vestuário) de uma significativa parcela da
crescente população humana. Nos tempos antigos, a humanidade descobriu que o poder
das plantas ia além da alimentação. Propriedades curativas, higienizadoras e cosméticas
fascinaram os sábios (CABRAL; CASTRO, 2018). Muitas pessoas utilizavam de certas ervas,
para melhorar a aparência. Com o passar do tempo, essas técnicas foram sendo aprimora-
das, se transformando nos produtos que conhecemos hoje.
Durante milhares de anos, folhas, raízes, extratos, óleos e seivas eram explorados,
trabalhados, aplicados como emplastros e consumidos como chás e remédios. As plantas se
tornaram as principais fontes para os produtos de cuidados pessoais e de saúde. A industria-
lização trouxe uma infinidade de avanços aos setores farmacêutico e cosmético (CABRAL
et al., 2000). Mas, se os produtos se tornaram mais seguros, também se apresentam com
mais substâncias sintéticas. Conforme a tecnologia avança, porém, empresas e consumi-
dores, cada vez mais preocupados com o que consomem, voltam a apostar no poder dos
ativos naturais.
Segundo Bolzani e Barreiro (2006) a natureza sempre despertou no homem um fascínio
encantador, não só pelos recursos oferecidos para sua alimentação e manutenção, mas por
ser sua principal fonte de inspiração e aprendizado. A busca incessante pela compreensão
das leis naturais e o desafio de transpor barreiras à sua sobrevivência, levaram o homem ao
atual estágio de desenvolvimento científico, mesmo após o avanço tecnológico observado
nos dias atuais. Na contemporaneidade, a indústria de cosméticos é extremamente impor-
tante dentro da economia de grande parte dos países mais desenvolvidos, dentre os quais
se inclui o Brasil, contribuindo para a geração de empregos e a redução de desigualdades
regionais, através da exploração sustentável de várias espécies do nosso bioma, especial-
mente na Amazônia.
A sociedade vem exigindo a adoção de tecnologias de produção limpas, econômicas e
ambientalmente corretas que, por sua vez, requerem um enorme e entusiástico esforço de
estudantes, professores, pesquisadores e engenheiros, na Universidade e na Indústria, na
busca de ingredientes diferenciados, naturais e competitivos e de processos de formulação
inovadores (CSORDAS, 2016). Nos últimos anos surgiram produtos que têm funções mais
complexas do que a limpeza ou o embelezamento. Trata-se de formulações de uso pessoal
que atuam beneficamente sobre o organismo, causando modificações positivas e duráveis na
saúde da pele, mucosas e couro cabeludo. São muitos produtos diferentes, que usam muitas
substâncias químicas como matérias-primas: colágeno e elastina, cafeína, retinóis, estróge-
nos e várias outras. Sendo assim, o trabalho relatado, sugere que os alunos desenvolvam
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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
um aplicativo para trocar informações com a sociedade sobre o uso de ervas em diferentes
formas que beneficiem a saúde e a estética, propiciando aos indivíduos harmonia com a
autoestima, como também, estimular o uso de ervas orgânicas para o progresso de estética
pessoal e ajudar a elevar a autoestima dos indivíduos.

RELATO DE CASO

Este projeto foi desenvolvido pelos alunos da segunda série do ensino médio da Escola
Estadual de Alagoas de tempo integral, Inácio de Carvalho, que faz parte da segunda ge-
rência educacional do estado de Alagoas, localizada no município de Coruripe a 90 km da
capital. O projeto é de cunho sociocientífico com o principal intuito de contribuir com o conhe-
cimento dos indivíduos em relação ao uso de ervas orgânicas e fórmulas químicas na estética.
Para a realização desse trabalho, algumas etapas foram definidas.

• Primeira etapa: Estudo teórico sobre Ecoquímica e sua aplicação na saúde e esté-
tica.
• Segunda etapa: Criação de um questionário no Google Forms para a realização de
uma pesquisa na comunidade local.
• Terceira etapa: Desenvolvimento de um aplicativo digital.
• Quarta etapa: Produção de vídeos e textos tutoriais para alimentar o aplicativo e
dialogar com a comunidade.

As etapas foram pensadas e formuladas de acordo com os objetivos que a turma


desejava alcançar. A pesquisa realizada com a sociedade por meio da aplicação do ques-
tionário via Google Forms, buscou colher as diferentes maneiras de pensar a estética, e
dicas de como cuidar do bem estar das pessoas e do planeta, visto que no aplicativo foram
discutidos e utilizados tutoriais estéticos com produtos naturais juntamente com algumas
fórmulas químicas, sempre tentando usar de forma sustentável. De maneira geral, o traba-
lho consistiu em um aplicativo, denominado de Ecoquímica, desenvolvido pelos alunos da
turma acima citada, onde repassam dicas, curiosidades, tutoriais, conhecimentos científi-
cos, entre outros. Através de tutoriais gravados pelos próprios alunos, o benefício do uso
de misturas das plantas, cascas de legumes, fórmulas químicas foram satisfatoriamente
demostrados e explicados.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
DISCUSSÃO

De acordo com o trabalho realizado pelos alunos, foi possível evidenciar que na atua-
lidade as pessoas de faixa etárias diferentes buscam e utilizam uma grande variedade de
produtos advindos de matéria-prima considerada natural, bem como formulados quimi-
camente. (fig.1).

Figura 1. Uso de produtos de base natural e química por faixa etária.

Fonte: Autores, 2021

De acordo com os dados recolhidos na pesquisa, foram pesquisadas, estudada a fór-


mula química ou seus componentes naturais e os alunos testaram as receitas naturais de
esfoliantes, máscaras de hidratação capilar e máscara de limpeza facial. A partir disso foi
possível a criação de conteúdo para o aplicativo em forma de vídeos tutoriais, postagem de
fotos e textos explicativos (fig.2).

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figura 2. Testando as receitas naturais de máscara de limpeza facial e máscara de hidratação capilar.

Fonte: Autores, 2021

Com o uso do aplicativo Ecoquímica, a comunidade conseguiu ter acesso aos tutoriais,
onde consta o passo a passo do processo de confecção dos produtos, o material necessário
e modo de fazer (fig.3). Para realizar o download dos conteúdos, os alunos disponibilizaram
aos interessados, um link por meio dos aplicativos de mensagens.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figura 3. Imagem de uma das telas do aplicativo Ecoquímica

Fonte: Autores, 2021

A metodologia utilizada de envolver os alunos com a tecnologia na criação e acompa-


nhamento do aplicativo se mostrou bastante atrativa, obtendo resultados positivos segundo
relatos dos discentes envolvidos. Aulas experimentais sempre chamam mais atenção dos
alunos e nesse caso, os alunos foram os protagonistas enquanto aprendiam conceitos em-
píricos com a troca de experiências e produziam tutoriais formativos.
De acordo com Teixeira et al (2017) é notável uma satisfação por parte de estudantes
quando o processo de ensino e aprendizagem é dinâmico. Nesse trabalho esse resultado
foi notório, principalmente por envolver conceitos de disciplina como a química que é consi-
derada tão abstrata, a contextualização e sua demonstração prática por meio do aplicativo
Ecoquímica foram indispensáveis para o engajamento. A relação de conteúdos científicos
com produtos regionais torna a aprendizagem mais efetiva e desperta o interesse dos es-
tudantes ao enfatizar a importância dos conhecimentos culturais existentes no contexto
cultural de cada indivíduo.
Um fator importante observado nesse trabalho foi a utilização da tecnologia com a
criação e manutenção do aplicativo pelos alunos, o ensino de ciências tem como objetivo
principal a formação da cidadania e nesse sentido, o trabalho desenvolvido auxiliou na sua
formação envolvendo-o no contexto atual de uma sociedade tecnologia, como também,
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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
foram discutidos e priorizados atitudes e valores sobre as questões ambientais, politicas e
éticas sobre as ciência e tecnologia (REZENDE, 2010).
Os resultados satisfatórios de engajamento desse trabalho deixa uma sugestão para
professores e escolas que possuem dificuldades de aplicação do ensino experimental e di-
nâmico por motivos de falta de matérias, limitações de estrutura e superlotação de turmas.
Utilizar a tecnologia por meio dos celulares dos próprios alunos é uma boa forma de alcançar
e envolve-los ativamente no processo de aprendizagem. Lembrando de que é importante o
professor se manter como mediador do conhecimento buscando os melhores meios de alcan-
çar cada aluno, e uma das formas eficazes é o fato de contextualizar os conceitos teóricos
das disciplinas com os fatos, usos e costumes do cotidiano do aluno e da sua comunidade.
Dessa forma, é fundamental valorizar e considerar os saberes populares provenientes dos
diferentes contextos sociais, passados de geração para geração. Com esse trabalho ficou
registrado um processo de ensino e aprendizagem onde não houve a substituição dos sa-
beres populares, mas a utilização do saber local que representa o aluno e sua comunidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados obtidos pode-se notar que a troca de conhecimentos, a


criação do aplicativo, bem como sua funcionalidade interativa e dinâmica, ajudaram na
compreensão dos conteúdos teóricos, facilitando a compreensão dos conceitos empíricos.
Com esse trabalho foi possível observar que a metodologia utilizada promoveu o foco na
sustentabilidade, visando à melhoria do meio ambiente e bem estar para todos, Além disso,
o aplicativo criado ajudou as pessoas trocar seus conhecimento e utilizar cada vez mais os
produtos orgânicos em casa, para que não haja desperdício algum. Por fim, podemos concluir
que o processo de ensino e aprendizagem deve estar intrinsecamente relacionado com uma
fundamentação teórica e tendências metodológicas didáticas de ensino diversificadas, como
a inserção da interdisciplinaridade, experimentação, contextualização, TIC’s (Tecnologia da
Informação e Comunicação), enfoque CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente),
entre outras ferramentas.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
REFERÊNCIAS
1. ALVES. A. C. T.; Leão, M. F. Instrumentação no Ensino de Química. Uberaba: Edibrás. 2017.

2. BOLZANI, V., S.; BARREIRO ,E. J. Os produtos naturais e a química medicinal moderna.
Quím. Nova. vol.29 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2006 .

3. CSORDAS, F.,G.,Y. Cosméticos: a química da beleza. Creative Commons. São Paulo. 2016.

4. CASTRO, A.; CABRAL, A., F. Ervas e Plantas retomam na medicina, na estética e na cosmé-
tica. Correio Braziliense Revista. São Paulo. 2018.

5. CASTRO, E. N. F; MÓL, G de S. Química na sociedade: projeto de ensino de Química em um


contexto social; editora da Universidade de Brasília, Brasília, 2000.

6. REZENDE, D. R. CASTRO, R. A. PINHEIRO, P. C. O saber popular nas aulas de Química:


Relato de experiência envolvendo a produção de vinho de laranja e sua interpretação no ensino
de Química. vol. 32. Minas gerais: Química nova na escola, 2010.

7. TEIXEIRA, J. B.; NOGUEIRA, L. J.; PAULA, M. L. N. Da cozinha para a sala de aula: realiza-
ção de práticas laboratoriais de Química com materiais de fácil acesso. Iguatu- Ceará, 2017.

48
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
04
Avaliação da atividade antimicrobiana
de surfactante verde frente ao
consórcio das bactérias Pseudomonas
aeruginosa e Bacillus cereus

Maria Eduarda Pereira da Silva


UNICAP

Anderson Oliveira de Medeiros


UNICAP

Maria da Gloria Conceição da Silva


RENORBIO

Leonie Asfora Sarubbo


RENORBIO

10.37885/210404129
RESUMO

Objetivo: Este trabalho teve como objetivo avaliar a inibição do crescimento de um


consórcio microbiano por um surfactante verde (SV) para a triagem de substâncias e
o desenvolvimento de produtos naturais anti-incrustantes. Método: O SV ácido oleico
hidroxilado (AOH) foi obtido por reação de esterificação usando o óleo de soja pós fri-
tura, e após verificação da tensão superficial e CMC foi submetido ao teste de inibição
do crescimento de bactérias com as cepas de Pseudomonas aeruginosa (UCP 0992) e
Bacillus cereus (UCP 1516), onde discos estéreis de antibiograma contendo 1% (v/v) do
ativo foram dispostos em placas de Petri contendo essas bactérias em forma de consórcio
e isoladas. Após 24 h, foi realizada a medição de halos formados ao redor dos discos.
Resultados: O SV apresentou uma CMC de 400 mg/L, tensão superficial de 35 mN/m.
Após 24 h, foi realizada a medição de halos formados ao redor dos discos. As placas
em consórcio apresentaram formação de halo com o AOH, porém, confrontando esses
resultados obtidos com a ausência de halo nas placas de P. aeruginosa, pôde-se inferir
que nos consórcios, houve alguma alteração bioquímica que enfraqueceu a capacidade
de proteção da P. aeruginosa, ou alguma simbiose não benéfica, tornando-a vulnerável
ao surfactante aqui testado. Conclusão: Por ter apresentado atividade antimicrobiana,
um requisito para que o ativo seja utilizado como anti-incrustante, ele se torna uma al-
ternativa eco-friendly para essa problemática.

Palavras-chave: Biossurfactantes, Bioincrustação, Adesão Microbiana.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

A bioincrustação (biofouling) na superfície de materiais é reconhecida como um dos


principais problemas econômicos no ambiente marinho. Afeta de modo particular o setor
dos transportes marítimos, devido ao acréscimo do consumo de combustível, aumento de
danos por corrosão, maior risco de biossegurança, velocidade reduzida e manobrabilidade
(AMARA et al., 2018; TIAN et al., 2020).
A bioincrustação que ocorre no ambiente marinho é um processo complexo e envolve
múltiplas etapas e diversas interações entre a superfície e os organismos que (ativamente
ou não) escolhem um substrato para o estabelecimento o qual é frequentemente uma etapa
crucial em seu desenvolvimento futuro (JAHAN et al., 2019; GULE; BEGUM; KLUMPERMAN,
2016). Inicialmente, a deposição e a colonização de organismos microscópicos fornecem um
substrato ideal para o aparecimento de organismos secundários da bioincrustação, que são
os bioincrustantes mais dominantes, assim como as algas filamentosas (SWEAT et al., 2017).
Revestimentos anti-incrustantes à base de produtos químicos sintéticos é a estra-
tégia primária para combater o biofouling na indústria marinha. Biocidas contendo o TBT
(tributilestanho), apesar de eficazes na redução da incrustação, estão vetados por serem
prejudiciais para outros organismos do ambiente marinho além dos organismos incrustantes
(AMARA et al., 2018).
Os surfactantes são compostos químicos que apresentam propriedades anfipáticas e
tensoativas atuantes na superfície de diferentes matérias. Tal multifuncionalidade, os permite
atuar com distintas substâncias e com isso serem utilizados em diversas aplicações. Podem
ser obtidos por síntese química usando derivados do petróleo (maioria dos surfactantes
disponíveis no mercado), por vegetais e por micro-organismos, sendo estes dois últimos
definidos como surfactantes naturais ou biossurfactantes (ARAUJO et al., 2016; SANTOS
et al., 2016; GUTNICK; BACH, 2017).
A redução do uso de produtos com efeitos nocivos aos humanos, plantas e animais
tem ampliado à busca por surfactantes biodegradáveis que podem ser sintetizados quimi-
camente a partir de frações de matérias-primas naturais (óleos vegetais e macromoléculas
de micro-organismos) usualmente denominadas surfactantes verdes (FARIAS et al., 2021)
Os surfactantes verdes (SV) apresentam diversas vantagens sobre os surfactantes
sintéticos como: baixa toxicidade, biodegradabilidade, atividade e resistência em condições
extremas de temperaturas, pH e salinidade. Eles podem possuir, também, níveis mais baixos
de concentração micelar crítica (CMC) do que os surfactantes sintéticos, melhorando sua
eficiência em diversas aplicações. Além de atividades antibacterianas, antivirais e antifún-
gicas, esses compostos também provaram serem bons inibidores da adesão microbiana e

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
formação de biofilmes (ARAUJO et al., 2016; SANTOS et al., 2016; GUTNICK; BACH, 2017;
JAHAN et al., 2019).
Compreendendo que a formação de biofilmes precede a formação da bioincrustação
de macroincrustantes no ambiente marinho e que ambos causam prejuízos econômicos
nos mais diversos setores e os métodos de controle atuais não são os ecologicamente
ideais, faz-se necessário a busca de compostos ativos eco-friendly que sejam eficientes
em relação à inibição da adesão de micro-organismos pioneiros das incrustações. Portanto,
este trabalho teve como objetivo avaliar a inibição do crescimento de um consórcio micro-
biano por um SV para a triagem de substâncias e o desenvolvimento de produtos naturais
anti-incrustantes.

MÉTODO

Obtenção do SV ácido oleico hidroxilado (AOH)

O SV ácido oleico hidroxilado foi obtido por reação de esterificação usando o óleo de
soja pós fritura.

Determinação das Propriedades Tensoativas

A tensão superficial do SV foi medida em tensiômetro digital KSV Sigma 700 (Finland)
a 25°C, utilizando o método do anel de NUO. O ativo foi pesado e previamente diluídos em
volumes de até 50 mL de água destilada para esse teste. A água destilada pura foi usada
como branco da tensão e água destilada contendo surfactante SDS (Dodecil sulfato de sódio)
foi usada como padrão para o surfactante verde. A concentração micelar crítica (CMC) foi
determinada automaticamente no mesmo tensiômetro por medidas sucessivas de diferentes
concentrações do SV até ter atingido um valor constante da tensão superficial. Todas as
medidas foram realizadas em triplicata.

Obtenção dos Micro-organismos

Micro-organismos

As bactérias utilizadas nesse ensaio foram as cepas Pseudomonas aeruginosa UCP


0992 e Bacillus cereus UCP 1516. Essas bactérias foram escolhidas por serem bactérias
pioneiras na adesão e formação de biofilmes (CARTEAU et al.,2014).

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Meio de Manutenção

Para a manutenção das bactérias foi utilizado o meio AN que apresenta a seguinte
composição: Digestão Enzimática de Gelatina (5 g/L); Extrato de Carne Bovina (3 g/L); Ágar
(15 g/L). Com o pH 6,8 ± 0,2 a 25°C. A cultura manteve-se a 27°C ± 2 em estufa por 24 horas.

Meio de Crescimento do inóculo

As culturas jovens das bactérias, foram obtidas após 24 horas de cultivo em meio AN fo-
ram transferidas para um Erlenmeyer contendo 50 mL de Caldo Nutritivo (CN), mantendo
sob agitação orbital de 200 rpm durante 24 horas, a 30°C para que obtivesse uma D.O. de
0.7 (correspondente a um inóculo de 107 U.F.C/mL) a 600 nm. Esta leitura foi utilizada como
inóculo na concentração de 3% (v/v).

Teste de Inibição do crescimento de bactérias

Avaliou-se o SV através do teste de inibição do crescimento bacteriano, conforme


adaptação do método de BAUER et al. (1966). Para tanto, as linhagens das bactérias
Pseudomonas aeruginosa, Bacillus cereus e ambas formando um consórcio, foram disper-
sas em placas de Petri, contendo meio AN, com o auxílio de swabs. Em seguida, discos
estéreis de antibiograma (Ø=6 mm) contendo 25 µL dos tensoativos (SDS e ácido oleico
hidroxilado) na concentração dos seus CMCs, foram transferidos para as placas.
Posteriormente, o conjunto das placas para os testes foi incubado em estufa a 37°C.
Após 24 h, verificou-se a formação, ou não, de halos em torno de cada disco. Indicando,
assim, a ocorrência ou não ocorrência de inibição. Qualquer halo produzido, independente
do diâmetro, foi considerado como inibição. Todas as medidas foram realizadas em triplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 1, tem-se o gráfico da tensão superficial versus a concentração em mg/L do


ácido oleico hidroxilado. A tensão superficial ficou entre 34-36 mN/m já a CMC foi 400 mg/L.
Foi possível observar uma diminuição sucessiva das tensões superficiais à medida que suas
concentrações foram aumentando, tal fato observado por VAZ et al. (2012). De acordo com
o fabricante Sigma-Aldrich ( https://www.sigmaaldrich.com) a tensão superficial do SDS é
35 mN/m e a CMC 2350 mg/ L. Esses dados já demonstram o alto potencial do surfactante
verde ácido oleico hidroxilado, uma vez que ele apresentou tensão superficial semelhante,
mas com uma quantidade reduzida de massa, isto é, 5 vezes menos AOH são necessários
para obter a mesma redução da tensão superficial da água.
53
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figura 1. Obtenção da CMC dos surfactantes naturais laurato (linha verde) e ácido oleico hidroxilado (linha azul) por meio
de diluições sequenciais com água destilada a 25ºC.

Fonte: autor, 2019.

SANTOS et al. (2007) afirmam que é de fundamental importância determinar a CMC


para qualquer atividade que envolva tensoativos, já que esses compostos têm maior efeito
quando uma quantidade significativa de micelas está presente. Segundo CAMPOS et al.
(2013), a CMC é a concentração mínima necessária de surfactante para que a tensão su-
perficial seja reduzida ao nível máximo, o que foi perceptível na Figura 1 pela constância da
tensão após esse ponto ser atingido pelo surfactante.

Teste de Inibição do crescimento de bactérias

O SDS, nesse ensaio, foi usado como um controle negativo, por ser um surfactante
comercial de eficiência já comprovada. Não houve formação de halo com nenhum dos ativos
dispersos nas placas com Pseudomonas aeruginosa, nem mesmo com o dodecil sulfato de
sódio na concentração aqui usada. Tal fato, faz-se concluir que essa bactéria não teve o
seu crescimento afetado por esses surfactantes (sintético e natural) na concentração aqui
utilizada. Já nas placas com Bacillus cereus, observou-se a formação de halos com o SDS
e o AOH, o que pode comprovar a atividade de inibição desses surfactantes frente à essa
bactéria já a partir da CMC. Enquanto isso, nas placas em que os micro-organismos estavam
em consórcio houve a formação de halos. Porém, confrontando esses resultados obtidos com
a ausência de halo nas placas de P. aeruginosa, pôde-se inferir que nos consórcios, houve
alguma alteração bioquímica que enfraqueceu a capacidade de proteção da Pseudomonas
aeruginosa, ou alguma simbiose não benéfica, tornando-a vulnerável aos surfactantes aqui
testados. Como caracteriza ALCANTARA et al. (2019), o teste de difusão é um método físi-
co-químico onde bactérias alvo, em placas de Petri com meio de cultura sólido, são expostas
contra uma substância ativa presente em discos de papel filtro, relacionando o diâmetro do
halo de inibição com a concentração do tensoativo. 54
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
CONCLUSÃO

O ácido oleico hidroxilado apresentou atividade antimicrobiana, um pré-requisito para


que o ativo seja utilizado como anti-incrustante. Logo, pode-se inferir que esse ativo se torna
uma alternativa eco-friendly eficiente em relação à inibição da adesão de micro-organismos
pioneiros das incrustações.

AGRADECIMENTOS E/OU FINANCIAMENTO

Agradecimentos as agências de fomento UNICAP, CNPq e FACEPE; e ao Instituto


Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI).

REFERÊNCIAS
1. ALCANTARA, A. L. et al. Avaliação da atividade antimicrobiana do óleo extraído da cápsula
de Eucaliptus urograndis: Uma contribuição significativa para o ramo farmacêutico. Id online
Rev. Mult. Psic. v.13, n. 43, p. 455-468, 2019.

2. AMARA, I. et al. Antifouling processes and toxicity effects of antifouling paints on marine envi-
ronment. A review. Environmental Toxicology and Pharmacology, v. 57, p. 115–130, 2018.

3. ARAUJO, L. V. de et al. Rhamnolipid and surfactin: Anti-adhesion/antibiofilm and antimicrobial


effects. Food Control, v. 63, p. 171–178, 2016.

4. BAUER, A. W. et al. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method.


American journal of clinical pathology, v. 45, n. 4, p. 493–6, 1966.

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Progress, v. 29, p.1097-1108, 2013.

6. CARTEAU, D. et al. Development of environmentally friendly antifouling paints using biode-


gradable polymer and lower toxic substances. Progress in Organic Coatings, v. 77, n. 2, p.
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7. FARIAS, C. B. B. et al. Production of green surfactants: Market prospects. Electronic Journal


of Biotechnology, v. 51, p. 28–39, 2021.

8. GULE, N. P.; BEGUM, N. M.; KLUMPERMAN, B. Advances in biofouling mitigation: A review.


Critical Reviews in Environmental Science and Technology, v. 46, n. 6, p. 535–555, 18
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9. GUTNICK, D. L.; BACH, H. Biosurfactants ☆. In: Reference Module in Life Sciences. [s.l.]
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10. JAHAN, A.M.R. et al. Biosurfactants, Natural Alternatives to Synthetic Surfactants: Physico-
chemical Properties and Applications. Advances in Colloid and Interface Science, 2019.

55
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
11. SANTOS, D. et al. Biosurfactants: Multifunctional Biomolecules of the 21st Century. Interna-
tional Journal of Molecular Sciences, v. 17, n. 3, p. 401, 2016.

12. SANTOS, F. K. G. et al. Determinação da concentração micelar crítica de tensoativos obti-


dos a partir de óleos vegetais para uso na recuperação avançada de petróleo. 4º PDPETRO,
Campinas, SP, 2007.

13. SWEAT, L. H. et al. Transported biofilms and their influence on subsequent macrofouling co-
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the surface of aluminum alloy. Journal of Cleaner Production, v. 244, 2020.

15. VAZ, D. A. et al. Performance of a biosurfactant produced by a Bacillus subtilis strain isolated
from crude oil samples as compared to commercial chemical surfactants. Colloids and Sur-
faces B: Biointerfaces, v. 89 p. 167– 174, 2012.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
05
Avaliação da remoção de matéria
orgânica por microorganismos em
sistemas de tratamento de esgoto

José Carlos Alves Barroso Júnior


FDB

Maria Cristina de Almeida Silva


UFRGS

Luiz Olinto Monteggia


UFRGS

Nestor Leonel Muñoz Hoyos


UFRGS

Vinícius Duarte Soroka


UFRGS

Antônio Carlos de Oliveira Martins


Júnior
UFRGS

10.37885/210404421
RESUMO

A necessidade de inovação e avanço em projetos de desenvolvimento sustentável é


essencial para o desenvolvimento no tratamento de efluentes do país. O tratamento de
efluente por via biológica a partir de lagoas de alta taxa apresenta vantagens na remoção
e recuperação de nutrientes, além de fornecer biomassa energética. Este trabalho ava-
liou dois sistemas de tratamento, sendo um somente com a LAT (Lagoa A) e o segundo
composto de reator UASB seguido de LAT (Lagoa B). A vazão afluente utilizada foi de
1,5 m³/h para cada sistema, resultando em TDH de 12,2 horas no reator UASB e de 2,2
dias nas lagoas. Foram avaliadas a remoção de matéria orgânica (DBO, DQO e SSV)
e nutrientes (NTK, nitrogênio amoniacal, fósforo total e ortofosfato). O sistema UASB
seguido de LAT apresentou menores concentração no efluente final para os poluentes
analisados, exceto para o nitrogênio amoniacal, onde a lagoa A apresentou valor final de
17,8 ± 11,4 e para a lagoa B de 21,1 ± 13,9, identificando a importância do reator UASB
para auxiliar no sistema de tratamento. Para melhoria da qualidade do efluente final pode
ser implantado sistema de remoção de microalgas como a flotação por ar dissolvido.

Palavras-chave: Microalgas, Lagoas de Alta Taxa, Microrganismos, UASB, Efluente Sanitário.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

A necessidade de inovação e avanço em projetos de desenvolvimento sustentável é


essencial para o desenvolvimento no tratamento de efluentes do país. No Brasil, sistemas
de tratamento de efluentes domésticos são vistos como de elevados gastos de instalação
e manutenção, sendo em sua maioria financiados por verbas públicas (PECORA, 2006).
O tratamento de efluentes através de sistemas biológicos possuem diversas técnicas
de tratamento, podendo ser aeróbios como lodos ativados, filtros biológicos e reatores se-
quenciais em batelada que apresentam satisfatório poder de remoção de matéria orgânica,
baixa eficiência na remoção de nutrientes (nitrogênio e fósforo) e, principalmente, apresen-
tam elevados gastos energéticos devido à necessidade de aeração, anaeróbios e anóxicos
(VON SPERLING, 2002).
Entre os processos anaeróbios destacam-se os reatores tipo UASB (Upflow Anaerobic
Sludge Blanket Reactor), conhecido também como reator de manta de lodo, que apresentam
moderada capacidade de remoção de matéria orgânica, com baixo consumo energético,
reduzida produção de excesso de lodo e destaca-se a produção de biogás, porém normal-
mente necessita de pós tratamento do efluente líquido (MOLINUEVO-SALCES; GARCÍA-
GONZÁLEZ; GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ, 2010), que pode ser uma importante fonte de ener-
gia através da sua queima ou através da venda de créditos de carbono (PECORA, 2006),
deixando de ser uma fonte consumidora de energia para uma fonte produtora.
Comumente aliado a reatores anaeróbios são comuns a utilização de lagoas para o
polimento final do efluente (TONON, 2016; BARROSO JÚNIOR, 2020), com o objetivo de
reduzir as concentrações dos poluentes do efluente a ser lançado no corpo receptor, pode-se
optar por um sistema de pós-tratamento ao processo anaeróbio.
As LAT (Lagoas de Alta Taxa de produção algal), podem apresentar eficiente remoção
de nutrientes do efluente, melhorando a qualidade do mesmo, e tendo como vantagem a
produção de biomassa algal, que possibilita o aproveitamento dessa biomassa como fonte
de energia, devido a sua elevada concentração de lipídeos (BARROSO JÚNIOR, 2015), além
de bactéria heterotróficas que auxiliam na remoção de matéria orgânica no pós-tratamento.
As LAT são uma variante das lagoas de estabilização, com profundidade de lâmina
d’água entre 0,2 m a 1,0 m possuindo um sistema de mistura promovendo movimento
na lagoa com velocidade entre 0,15 – 0,30 m/s, normalmente mecanizado (MEHRABADI;
CRAGGS; FARID, 2015), que podem substituir de forma vantajosa as lagoas facultativas e
de maturação (BENEMANN et al., 1977). As elevadas cargas de nutrientes e a baixa profun-
didade estimula o desenvolvimento de microalgas podendo atingir valores acima de 3.000
µg/m3 de clorofila-a (Craggs et al., 2012).

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
As LAT permitem a redução de custoso no cultivo de microalgas e para o tratamento
de efluentes, permitindo a recuperação e remoção de nutrientes e uma biomassa energética
que pode ser utilizada como matéria prima para geração de energia, as LAT’s normalmente
são operandas com valores de TDH entre 3 a 6 dias (ABDELAZIZ et al., 2014; BARROSO
JÚNIOR, 2015), podendo chegar até 21 dias (JUÁREZ et al., 2018; MILITÃO et al., 2019).
Dessa forma, estações de tratamento de esgoto podem vir a apresentar baixos custos
de manutenção e eventualmente ser auto-sustentável do ponto de vista energético. Assim,
o presente trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência de remoção de matéria orgânica
(DBO e DQO), nutrientes (fósforo total, ortofosfato e amônia) e sólidos totais de dois siste-
mas utilizando LAT’s para tratamento de esgoto com potenciais características sustentáveis.

MÉTODO

O presente estudo foi realizado através de um experimento em escala piloto em uma


planta experimental localizada em uma Estação de Tratamento de Esgoto na cidade de Porto
Alegre- RS em clima subtropical com precipitações médias anuais de de 1397 mm, bem
distribuídos ao longo do ano com picos mais elevados entre os meses de junho a setembro.
O sistema de tratamento foi composto por tanque pulmão e em seguida dividido em
duas linhas de tratamento, sendo uma com a LAT alimentada diretamente com efluente
sanitário bruto (Lagoa A) e a segunda linha de tratamento composta por reator tipo UASB
seguida de LAT (Lagoa B).
O reator UASB possui volume útil de 18,3m³, com altura de 4,0m. As duas LAT possuem
as mesmas dimensões, com 40m de comprimento, 10m de largura e 0,75m de profundidade,
com taludes inclinados à 45º e impermeabilizada para evitar perdas por infiltração. A lagoa
foi operada com altura de lâmina d’água de 30cm, totalizando volume útil de 80m³. A Figura
1 apresenta as LAT do sistema de tratamento piloto.

Figura 1. Lagoas de Alta Taxa piloto em pleno funcionamento na ETE experimental.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
As lagoas foram alimentadas com vazão de 1,5 m3/h e tempo de detenção hidráulico de
2,2 dias. O reator UASB também foi alimentado com vazão de 1,5m³/h resultando no tempo de
detenção hidráulico de 12,2 horas, o que contribui principalmente para a remoção de matéria
orgânica e conversão do nitrogênio orgânico em nitrogênio amoniacal (MONTEGGIA, 1991;
BUENO, 2011). O experimento foi realizado durante o período de 5 meses entre dezembro
de 2011 a abril de 2012, compreendendo 20 amostras. As amostras de efluentes foram
coletadas na entrada do sistema (esgoto bruto) e na saída (efluente das lagoas).
O desempenho dos sistemas de tratamento foi analisado a partir da caracterização das
amostras nos pontos coletados, baseado nas análises físicas, químicas e biológicas, confor-
me metodologias descritas no Standard Methods of Examination of Water and Wastewater
(APHA, 2003): DBO5 (5210 B); DQO (5220 D); sólidos suspensos voláteis (SSV) (2540 D e
E); nitrogênio amoniacal (4500 B); fósforo total (4500 B) e fosfato (4110 B).
A análise estatística dos dados foi realizada através do teste de significância, segundo
ANOVA, de acordo com o método de Tukey, com intervalo de confiança de 95% através do
software R. Identificando se há diferença significativa entre os valores de entrada e saída do
sistema de tratamento e entre o efluente das duas LAT, diferenciados pelas letras “a” “b” e “c”,
sendo para letra “a” os valores mais elevados, seguido da letra “b” e assim sucessivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras coletadas para análise de dados não foram submetidas a nenhum trata-
mento prévio, exceto pela análise de ortofosfato que foram filtrados em filtros com porosi-
dade média de 0,2 μm antes de proceder a análise em cromatografo iônico. Assim, para as
demais análises, as microalgas e microrganismos presentes na lâmina d’água são contabi-
lizadas nos resultados.
O Quadro 1 apresenta as médias e o desvio padrão dos poluentes avaliados no esgoto
bruto e nas lagoas.

Quadro 1. Valores médios e análise estatística das concentrações dos poluentes no esgoto bruto e nas lagoas.

Parâmetro EB Lagoa A UASB+Lagoa B

DBO 338,9 ± 154,1a 201,3 ± 64,5b 158,1 ± 33,1c

DQO 386,4 ± 189,2a 209,6 ± 108,4b 166,5 ± 120,2c

SSV 153,8 ± 32,3a 111,6 ± 26,0b 52,8 ± 17,2c

NTK 45,2 ± 16,3a 33,8 ± 8,8b 29,2 ± 10,5c

Amônia 37,5 ± 15,2a 17,8 ± 11,4c 21,1 ± 13,9b

Pt 6,1 ± 2,1a 4,2 ± 1,8b 2,9 ± 1,3c

Ortofosfato 0,93 ±0,33b 1,71 ± 0,98a 0,95 ± 0,54b

61
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Avaliação da Matéria Orgânica
Os valores nas concentrações de DBO, DQO e SSV obtidos nas lagoas apresentaram
concentrações significativamente inferiores ao do esgoto bruto, mostrando que o sistema
de lagoas apresenta remoções significativas de matéria orgânica. Além disto os valores de
concentração de matéria orgânica obtidos na lagoa B são ainda inferiores as concentrações
da lagoa A, isto devido ao fato da lagoa B receber o efluente do reator UASB o qual normal-
mente apresenta remoção de DBO e DQO acima de 50 % segundo a literatura (CAMPOS
et al., 2004; TESSELE, 2011; BARROSO JÚNIOR, 2015).
A remoção de matéria orgânica nas lagoas ocorre provavelmente devido aos micror-
ganismos presentes na lâmina d’água, visto que os seres fotossintetizantes utilizam car-
bono inorgânico, é possível também que ocorra devido a decantação que pode ocorrer
ao fundo da lagoa.

Avaliação do Nitrogênio

A análise da parcela nitrogenada foi separada em NTK e nitrogênio amoniacal, facilitan-


do a avaliação da via nitrogenada no sistema de tratamento. O NTK apresenta valores mais
elevados no esgoto bruto seguido pela lagoa A e as menores concentrações são encontradas
na lagoa B. Porém, o nitrogênio amoniacal não segue a mesma tendência do NTK, como é
apresentado na Tabela 1 as menores concentração são obtidas na lagoa A, seguido pela
lagoa B e as maiores concentrações no esgoto bruto. Isto ocorre devido a elevada remo-
ção/conversão do nitrogênio amoniacal nas LAT, que pode ocorrer a partir da nitrificação
e/ou volatilização de parcela do nitrogênio amoniacal (NASCIMENTO, 2001; BENJAWAN;
KOOTTATEP, 2007).
Nas lagoas de alta taxa é comum valores de pH acima de 9,5 devido a elevada ativi-
dade fotossintética, assim com estes valores de pH é possível a volatilização de parcela do
nitrogênio amoniacal (BENEMANN; OSWALD, 1996; FALLOWFIELD; CROMAR; EVISON,
1996; BARROSO JÚNIOR, 2015).
Além disso a conversão do nitrogênio amoniacal em nitrito e posteriormente a nitrato
por processo de nitrificação, visto que as concentrações de oxigênio dissolvido nestes tipos
de lagoas são elevadas durante o dia devido a atividade fotossintética, registrando valores
acima de 20 mg/L. ( VAN HAANDEL; MARAIS, 1999; POSADAS et al., 2014; WANG et al.,
2014), podendo ocorrer ainda a geração de óxido nitroso (ALCÁNTARA et al., 2015).
Os valores de nitrogênio amoniacal apresentam-se mais elevados na lagoa B devido
ao reator UASB, no qual há o processo de nitrificação, ou seja, a conversão de nitrogênio
orgânico em amoniacal devido à quebra de cadeias orgânicas como aminoácidos e proteínas

62
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
(BUENO, 2011), desta forma há elevação no nitrogênio amoniacal no efluente do UASB que
é direcionado para lagoa B.
Mesmo havendo maiores concentrações de nitrogênio amoniacal no afluente da la-
goa B esta apresenta menores concentrações finais de NTK, devido a influência do reator
UASB, assim o sistema UASB + LAT seria mais indicado para o tratamento de nitrogênio,
levando-se em consideração o NTK.

Avaliação do Fósforo

As concentrações de fósforo total seguem a mesma tendência da matéria orgânica


e NTK, apresentando valores mais elevados no esgoto bruto, seguido da lagoa A e com
os valores menores a lagoa B. Assim como ocorre a elevação de nitrogênio amoniacal no
reator UASB, há também a elevação do ortofosfato, devido à quebra das proteínas e ami-
noácidos (BUENO, 2011).
O reator UASB normalmente não apresenta elevada eficiência referente aos nutrien-
tes (nitrogênio e fósforo), mas há a conversão de uma parcela das cadeias nitrogenadas
e fosforadas em cadeias menores (VON SPERLING, 2002). A remoção do fósforo total
ocorre em sua maior parte nas lagoas, podendo ser pela sorção do nutriente pelas microal-
gas (CRAGGS et al., 2014), podem também se ligar se ligar a íons de metal, como ferro
e manganês, tornando-os insolúveis na água como os oxihidróxidos de ferro, que formam
ligações químicas fortes com ânions fosfatos e assim diminuindo a disponibilidades deste
fosfato para as plantas (HERNÁNDEZ; MEURER, 1995).
A remoção de fósforo pode ocorrer também devido ao biofilme que pode se formar nos
taludes da lagoa, que podem sorver nutrientes para o desenvolvimento destes, removendo
nitrogênio e fósforo do meio líquido (TELES, 2016; TONON, 2016; BARROSO JÚNIOR, 2020).
A concentração de ortofosfato é mais elevada na lagoa A e não há diferença estatística
entre o esgoto bruto e a lagoa B. O que provavelmente ocorre durante o tratamento é a con-
versão do fósforo total em ortofosfato, o qual é mais facilmente assimilado pelas microalgas
e microrganismos presentes nas lagoas e no UASB.
O valor mais elevado na lagoa A pode ser devido à quebra das cadeias orgânicas
fosfóricas para que o fósforo se torne disponível para assimilação dos microrganismos, já
para lagoa B como parte da quebra das cadeias orgânicas ocorreram no reator UASB os
microrganismos nas lagoas já possuíam nutrientes disponíveis, além de se ter menos quan-
tidades de cadeias a serem quebradas para liberação do ortofosfato.
Para que o processo de tratamento forneça um efluente clarificado e com menores
concentrações de poluentes é necessário a remoção das microalgas do meio líquido. Uma
das formas de remoção das microalgas é a utilização da técnica de flotação por ar dissolvido
63
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
(FAD), que apresenta eficiências de remoção de microalgas acima de 90% (TEIXEIRA;
SOUSA; ROSA, 2010; BARROSO JÚNIOR, 2015; DAFLON et al., 2019).
Quando não há a remoção das microalgas do meio líquido, podem ser apresentadas
baixas remoções de fósforo da lamina d’água atingindo valores entre 25-55% de remoção,
porém elevadas remoções de nitrogênio total entre 40-90% (POWELL et al., 2010; BENÍTEZ
et al., 2018; BARROSO JÚNIOR, 2020). A lagoa A obteve valores de remoção de NTK de
25,2%, nitrogênio amoniacal de 52,2% e de fósforo total de 31,1%, para o UASB + lagoa B a
remoção de NTK foi de 35,4%, o de nitrogênio amoniacal de 43,7% e fósforo de 52,5%.
As porcentagens de remoção de fósforo total e de NTK da lagoa A está abaixo do re-
gistrado pela literatura, acredita-se que isto pode ser devido ao baixo TDH (2,2 dias) utilizado
no experimento, já que o comum são valores acima de 3 dias. Para a lagoa B os valores
de remoção se encaixam na literatura, porém isto é possível devido ao pré tratamento do
efluente pelo reator UASB.
A melhoria do efluente final das lagoas pode ser obtida através da implementação de
sistema de remoção de microalgas e a elevação no TDH operação das lagoas. BARROSO
JÚNIOR (2020), utilizou lagoa de tratamento com presença de macrófitas para o polimento
final do efluente da lagoa de microalgas, ao invés de sistemas mecanizados de remoção de
microalgas. O efluente final se apresentou clarificado e com baixas concentrações de po-
luentes, sendo esta outra alternativa ao tratamento que apresenta menor custo de operação
e manutenção, porém é necessária maior área disponível.

CONCLUSÕES

O sistema de lagoas apresentou-se eficiente para remoção de matéria orgânica e nu-


trientes, obtendo menores concentrações no efluente final para o sistema utilizando o reator
UASB seguido da lagoa B.
O sistema de UASB seguido de LAT apresenta vantagem energética, pois é possível
utilizar o biogás gerado no reator UASB e a biomassa energética de microalgas gerada na
LAT, porém para a utilização desta biomassa é necessário a implementação de sistema de
remoção das microalgas do meio líquido, como a FAD.
O tratamento a partir das lagoas permite ainda a recuperação de nutrientes por meio
da biomassa algal, podendo ser utilizada na produção de adubo e redução das dosagens
de nutrientes para co-digestão anaeróbia.
Para melhor entendimento e aprofundamento do tema pode-se avaliar a qualitativamen-
te e quantitativamente a comunidade bacteriana das lagoas, estudando a interação entre as
microalgas e os microrganismos presentes.

64
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Os sistemas de UASB seguido de LAT ou somente de lagoas de alta taxa, apresentam
diversas qualidades destacadas neste trabalho, possuindo ferramentas para que estes sejam
sistemas mais sustentáveis quando comparados com os sistemas mecanizados para trata-
mento de efluentes, além de poderem apresentar menor custos de operação e manutenção.

AGRADECIMENTOS E FINANCIAMENTO

Este trabalho foi possível devido ao financiamento pelos órgãos da CNPq, CAPES
e FAPERGS, deixando assim o agradecimento ao incentivo a pesquisa e desen-
volvimento do país.

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67
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
06
Avaliação da viabilidade do método
de preservação Castellanni na
conservação de fungos filamentosos

Rosangela Santana Martins de Matos


CBA

Ivanete Ferreira de Souza


CBA

Claudia Rodrigues dos Santos


CBA

Andressa Cardoso dos Santos


CBA

Ingrid Reis da Silva


CBA

10.37885/210404309
RESUMO

As coleções microbiológicas são um importante patrimônio biológico, que se devidamente


conservadas, podem servir de suporte para atividades de ensino e pesquisa. Não existe
um único método ideal de preservação. A escolha irá depender do tipo de microrganis-
mo em estudo, da infraestrutura laboratorial e dos objetivos do trabalho. Neste sentido,
foi avaliada a viabilidade quanto ao método de preservação Castellani de 447 fungos
filamentos da coleção microbiológica do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA).
Dentre estes, 100 isolados de solo e 367 endofíticos. Os fungos foram reativados em
triplicatas em meio BDA acrescidos de antibiótico. Após crescimento, as características
morfológicas (coloração, pigmentos e aspecto da colônia) foram confirmadas com base
nas informações já catalogadas. A caracterização microscópica foi realizada pela obser-
vação das estruturas fúngicas. Dos 447 fungos avaliados, 359 permaneceram viáveis em
meio de cultura BDA. Em relação aos fungos de solo, a viabilidade foi de 75% após 4 anos
de preservação. Os fungos endofíticos apresentaram viabilidade variada de acordo com
o ano de preservação: 70% após 8 anos; 65% após 5 anos; 80% após 4 anos; 89% após
3 anos. Foi possível identificar isolados dos gêneros: Fusarium, Aspergillus, Penicillium,
Colletotrichum, Trichoderma, Paecilomyces, Botritys, Curvullaria, Cladosporium, Xylaria,
Pestallotia, Pestallotiopsis, Lasiodiplodia e Fomitopsis. A preservação de fungos fila-
mentosos pelo método de Castellani se mostrou eficiente, garantindo a manutenção da
viabilidade sem alterar as características morfológicas originais dos isolados. Além de
ser um método barato e prático para manutenção de micotecas.

Palavras-chave: Coleções Biológicas, Biodiversidade, Microrganismos.

69
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

O Brasil detém uma rica biodiversidade de fauna e flora, principalmente na Amazônia,


no entanto, pouco se conhece sobre a biodiversidade de microrganismos. Neste sentido,
a escolha do método de preservação de fungos filamentosos que mantenham suas carac-
terísticas inalteradas é importante, uma vez que permite a disponibilidade da cepa para
acesso sempre que houver demanda, seja ela para pesquisa ou aplicações tecnológicas
(Da Silva et al., 2011).
Os microrganismos constituem uma fonte quase inesgotável de produtos de importância
biotecnológica. Na área industrial, vários processos biotecnológicos têm como objetivo a
produção de compostos comerciais ou a transformação de substrato em produtos de maior
valor agregado, tais como antibióticos (estreptomicina, penicilina). No setor agropecuário e
de alimentos, destacam-se os microrganismos fixadores de nitrogênio, os empregados na
produção de bebidas alcoólicas e sucos (vinho, cerveja, produção de pectinase), proces-
samento de alimentos (queijo, iogurte, panificação), além do controle biológico de pragas e
doenças (controle da lagarta da soja, da cigarrinha da cana de açúcar e outros) (Fungaro
& MAccheroni Jr., 2002). Apresentam ainda uma grande vantagem para a produção de
compostos de interesse comercial devido ao fato de serem cultivados em grande escala e
seus compostos facilmente purificados. Essa imensa riqueza natural constitui um verdadeiro
patrimônio científico, tecnológico e econômico, que precisa ser conhecido, preservado e
explorado racional e criteriosamente (Demain e Sanchez, 2009).
As coleções biológicas são recursos estratégicos, fundamentais para o conhecimento
e preservação da biodiversidade, que podem fazer parte da infraestrutura de pesquisa e
inovação do país. As informações contidas nestas coleções são recursos-chave que o país
precisa para o estabelecimento de estratégias rápidas e eficientes para o desen­volvimento
científico e tecnológico (Dieuliisa et al., 2016).
As coleções microbiológicas têm como principal função a aquisição, preservação,
identificação, catalogação e distribuição de microrga­nismos autenticados para dar suporte à
pesquisa científica, estudos epidemio­lógicos, bem como ao desenvolvimento e produção de
produtos e processos tecnológicos, na obtenção de extratos e moléculas bioativas, atuando
também como provedores de serviços especializados (Da Silva et al., 2011).
Os diferentes tipos de coleções sejam elas de trabalho, institucionais ou de serviço,
têm uma importância destacada na conservação e exploração da diversidade genética e
metabólica. O material biológico destas coleções é matéria-prima para a obtenção dos mais
variados produtos biotecnológicos incluindo fármacos, alimentos, bebidas alcoólicas e ácidos
orgânicos (Câmara, 2008).
Diversos métodos vêm sendo empregados para preservação de fungos, porém, não
existe um único método que seja capaz de preservá-los de forma adequada e generalizada
(Girão et al., 2004). A escolha do melhor método deve ser baseada nas características dos 70
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
microrganismos em estudo, assim como pelas vantagens e desvantagens de cada método
(Sola et al., 2012). Com o objetivo de conservar a biodiversidade Amazônica, 428 fungos
filamentosos da coleção microbiológica do Centro de Biotecnologia da Amazônia foram ava-
liados quanto a viabilidade e eficiência da técnica de Castellani como método de preservação.

MATERIAL E MÉTODOS

Os isolados utilizados neste estudo foram obtidos da Coleção Microbiológica do


Laboratório de Bioprospecção (LAPROSP) do Centro de Biotecnologia da Amazônia - CBA
(Manaus/Am) e estavam conservados pela em água destilada. A preservação em água
destilada, também conhecida como método de Castellani, consiste em armazenar pequenos
discos do fungo com meio em frascos de vidro contendo água destilada esterilizada (Passador
et al., 2010). Foram selecionados 467 fungos, destes, 367 são endofíticos, isolados a partir
de plantas da região Amazônica e 100 isolados de solo.
Os isolados selecionados foram reativados em triplicata em meio ágar batata dextrose
(BDA), previamente vertidos em placas de petri, incubados a 28°C para favorecer a multipli-
cação e posterior preservação pela técnica de Castellani e óleo mineral.
As características macroscópicas como coloração do micélio aéreo, pigmentos difusos
no meio e aspecto das colônias foram analisadas e confirmadas com base nas informações
já catalogadas da coleção. As características micromorfológicas foram analisadas pela téc-
nica de microcultivo em lâmina e coloração com azul de metileno segundo metodologia de
Lacaz et al., (1998).

RESULTADOS

Pelo método de preservação Castellani, dos 447 fungos avaliados, 359 permanece-
ram viáveis em meio de cultura BDA. Esses foram novamente preservados pelas técnicas
de Castellani e óleo mineral. Dos 100 isolados de solo do ano de 2014, 80 permaneceram
viáveis, correspondendo a 80% de viabilidade (4 anos). Os isolados endofíticos foram sele-
cionados de acordo com o ano de preservação. Dos 367 endofíticos, 19 foram reativados do
ano de 2009 e 14 permaneceram viáveis, correspondendo a 70% de viabilidade (8 anos). 80
endofíticos foram reativados do ano de 2012 e 52 permaneceram viáveis, correspondendo
a 65% de viabilidade (5 anos). 209 endofíticos foram reativados do ano de 2013 e 168 per-
maneceram viáveis, correspondendo a 80% de viabilidade (4 anos). 56 endofíticos foram
reativados do ano de 2015 e 50 permaneceram viáveis, correspondendo a 89% de viabilidade
(3 anos). Os aspectos macro e micromorfológicos das culturas viáveis foram avaliadas, sendo
possível identificar em nível de gênero 147 fungos, 37 de solo e 110 endofíticos. Dentre os
isolados de solo: 13 Penicillium, 11 Aspergillus, 4 Trichoderma, 3 Paecilomyces, 3 Botritys, 71
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
2 Fusarium. Em nível de espécie, um isolado de solo foi identificado como Fomitopsis os-
treiformis (Tabela 1).

Tabela 1. Relação dos fungos de solo com identificação morfológica preservados no LAPROSP pelo método de Castellani
(água destilada).
Identificação
Código Tempo Estocagem
Morfológica
1 CBA 430 Penicillium 4 anos
2 CBA 448 Aspergillus 4 anos
3 CBA 452 Fomitopsis ostreiformis 4 anos
4 CBA 455 Paecilomyces 4 anos
5 CBA 459 Aspergillus 4 anos
6 CBA 480 Aspergillus 4 anos
7 CBA 483 Aspergillus 4 anos
8 CBA 4101 Penicillium 4 anos
9 CBA 4123 Trichoderma 4 anos
10 CBA 4125 Penicillium 4 anos
11 CBA 4149 Trichoderma 4 anos
12 CBA 4159 Penicillium 4 anos
13 CBA 4172 Botritys 4 anos
14 CBA 4202 Penicillium 4 anos
15 CBA 4214 Aspergillus 4 anos
16 CBA 4219 Paecilomyces 4 anos
17 CBA 4235 Penicillium 4 anos
18 CBA 4248 Fusarium 4 anos
19 CBA 4262 Penicillium 4 anos
20 CBA 4263 Trichoderma 4 anos
21 CBA 4265 Paecylomyces 4 anos
22 CBA 4272 Botritys 4 anos
23 CBA 4273 Botritys 4 anos
24 CBA 4313 Penicillium 4 anos
25 CBA 4337 Aspergillus 4 anos
26 CBA 4340 Penicillium 4 anos
27 CBA 4341 Penicillium 4 anos
28 CBA 4343 Penicillium 4 anos
29 CBA 4345 Trichoderma 4 anos
30 CBA 4347 Fusarium 4 anos
31 CBA 4349 Aspergillus 4 anos
32 CBA 4352 Penicillium 4 anos
33 CBA 4356 Penicillium 4 anos
34 CBA 4360 Aspergillus 4 anos
35 CBA 4316 Aspergillus 4 anos
36 CBA 4360 Aspergillus 4 anos
37 CBA 4399 Aspergillus 4 anos
Total 37

Dentre os endofíticos: 36 Aspergillus, 23 Penicillium, 17 Fusarium, 6 Trichoderma, 6


Colletotrichum, 5 Pestalottia, 4 Pestallotiopsis, 3 Xylaria, 1 Cladosporium e 1 Curvularia. Em ní-
vel de espécie, foram identificados 4 Aspegillus flavus, 1 A. fumigatus e 1 Lasiodiplodia

72
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
theobromae, como pode ser observado nas Tabelas 2. A morfologia macro e micromorfoló-
gica de alguns fungos pode ser observada na Figura 1.

Tabela 2. Relação dos endofíticos com identificação morfológica preservados no LAPROSP pelo método de Castellani
(água destilada).
Identificação
Código Hospedeiro Tempo Estocagem
Morfológica
1 CBA 26 Fusarium Elaeis guianeensis 8 anos
2 CBA 213 Penicillium Paulinea cupana 8 anos
3 CBA 214 Aspergillus Paulinea cupana 8 anos
4 CBA 217 A. flavus Paulinea cupana 8 anos
Continuação da Tabela 2.
5 CBA 224 Aspergillus Paulinea cupana 8 anos
6 CBA 243 Aspergillus Hevea brasiliensis 8 anos
7 CBA 247 Penicillium Arrebidaea chica 8 anos
8 CBA 251 Penicillium Arrebidaea chica 8 anos
9 CBA 257 Penicillium Mangifera indica 8 anos
10 CBA 269 Aspergillus Bertholletia excelsa 5 anos
11 CBA 271 Aspergillus Bertholletia excelsa 5 anos
12 CBA 288 Aspergillus Astrocaryum aculeatum 5 anos
13 CBA 289 Paecylomyces Copaifera multijuga 5 anos
14 CBA 291 Fusarium Astrocaryum aculeatum 5 anos
15 CBA 295 Trichoderma Spondias mombin L. 5 anos
16 CBA 2109 Fusarium Copaifera multijuga 5 anos
17 CBA 2120 Penicillium Aniba rosaeodora 5 anos
18 CBA 2135 Colletotrichum Aniba rosaeodora 5 anos
19 CBA 2185 Fusarium Piper aduncum 5 anos
20 CBA 2188 Penicillium Piper aduncum 5 anos
21 CBA 2191 Penicillium Piper aduncum 5 anos
22 CBA 2194 Fusarium Piper aduncum 5 anos
23 CBA 2195 Fusarium Piper aduncum 5 anos
24 CBA 2212 Colletotrichum Piper aduncum 5 anos
25 CBA 2216 Penicillium Piper aduncum 5 anos
26 CBA 2234 Penicillium Piper aduncum 5 anos
27 CBA 2238 Trichoderma Piper aduncum 5 anos
28 CBA 2245 Penicillium Piper aduncum 5 anos
29 CBA 2247 Colletotrichum Piper aduncum 5 anos
30 CBA 2249 Colletotrichum Piper aduncum 5 anos
31 CBA 2252 A. flavus Piper aduncum 5 anos
32 CBA 2257 Curvullaria Piper aduncum 5 anos
33 CBA 2258 Colletotrichum Piper aduncum 5 anos
34 CBA 2280 Colletotrichum Psycotria barbiflora 4 anos
35 CBA 2304 L. theobromae Izertya hypoleuca 4 anos
36 CBA 2345 Fusarium M. hoffmannseggiana 4 anos
37 CBA 2361 Aspergillus M. hoffmannseggiana 4 anos
38 CBA 2366 Penicillium Astrocaryum aculeatum 4 anos
39 CBA 2370 Aspergillus Astrocaryum aculeatum 4 anos
40 CBA 2392 Aspergillus Dioclea glabra 4 anos
41 CBA 2542 Fusarium Morinda citrifolia 4 anos
42 CBA 2545 Cladosporium Morinda citrifolia 4 anos
43 CBA 2557 Aspergillus Morinda citrifolia 4 anos

73
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Identificação
Código Hospedeiro Tempo Estocagem
Morfológica
44 CBA 2558 Aspergillus Morinda citrifolia 4 anos
45 CBA 2567 A. flavus Morinda citrifolia 4 anos
46 CBA 2568 Fusarium Morinda citrifolia 4 anos
47 CBA 2567 A. flavus Morinda citrifolia 4 anos
48 CBA 2583 Aspergillus Morinda citrifolia 4 anos
49 CBA 2590 Aspergillus Morinda citrifolia 4 anos
50 CBA 2595 Trichoderma Eichornia chassipes 4 anos
51 CBA 2596 Trichoderma Eichornia chassipes 4 anos
52 CBA 2599 Aspergillus Eichornia chassipes 4 anos
53 CBA 2614 Trichoderma A. aculeatum 4 anos
54 CBA 2638 A. fumigatus A. amazonicus 4 anos
55 CBA 2657 Fusarium Handroanthus albus 4 anos
56 CBA 2743 Aspergillus Copaifera multijuga 4 anos
57 CBA 2746 Aspergillus Copaifera multijuga 4 anos
58 CBA 2747 Aspergillus Copaifera multijuga 4 anos
Continuação da Tabela 2.
59 CBA 2748 Aspergillus Copaifera multijuga 4 anos
60 CBA 2746 Aspergillus Copaifera multijuga 4 anos
61 CBA 2760 Trichoderma Copaifera multijuga 4 anos
62 CBA 2818 Fusarium Piper aduncum 4 anos
63 CBA 2835 Aspergillus Piper aduncum 4 anos
64 CBA 2884 Xylaria Piper aduncum 4 anos
65 CBA 2960 Xylaria Piper aduncum 4 anos
69 CBA 21481 Aspergillus Piper aduncum 4 anos
70 CBA 21493 Pestallotiopsis Morinda citrifolia 4 anos
71 CBA 21494 Pestallotiopsis Morinda citrifolia 4 anos
72 CBA 21495 Fusarium Morinda citrifolia 4 anos
73 CBA 21498 Curvullaria Morinda citrifolia 4 anos
74 CBA 21504 Fusarium Annona muricata 4 anos
75 CBA 21531 Pestallotia Annona muricata 4 anos
76 CBA 21535 Aspergillus Morinda citrifolia 4 anos
77 CBA 21540 Fusarium Morinda citrifolia 4 anos
78 CBA 21541 Fusarium Morinda citrifolia 4 anos
79 CBA 21542 Pestalottia Morinda citrifolia 4 anos
80 CBA 21543 Aspergillus Morinda citrifolia 4 anos
81 CBA 21557 Fusarium Morinda citrifolia 4 anos
82 CBA 21558 Penicillium Morinda citrifolia 4 anos
83 CBA 21566 Penicillium Morinda citrifolia 4 anos
84 CBA 21568 Fusarium Morinda citrifolia 4 anos
85 CBA 21569 Penicillium Annona muricata 4 anos
86 CBA 21576 Pestallotiopsis Annona muricata 4 anos
87 CBA 21578 Pestalottia Morinda citrifolia 4 anos
88 CBA 21582 Pestallotiopsis Annona muricata 4 anos
89 CBA 21585 Penicillium Annona muricata 4 anos
90 CBA 21586 Penicillium Annona muricata 4 anos
91 CBA 21588 Aspergillus Annona muricata 4 anos
92 CBA 21589 Penicillium Annona muricata 4 anos
93 CBA 21593 Aspergillus Annona muricata 4 anos
94 CBA 21594 Penicillium Annona muricata 4 anos

74
95 CBA 21566 Penicillium Morinda citrifolia 4 anos

Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Identificação
Código Hospedeiro Tempo Estocagem
Morfológica
96 CBA 21569 Penicillium Annona muricata 4 anos
97 CBA 21596 Pestalottia Morinda citrifolia 4 anos
98 CBA 21600 Penicillium Morinda citrifolia 4 anos
99 CBA 21601 Penicillium Morinda citrifolia 4 anos
100 CBA 21603 Pestalottia Morinda citrifolia 4 anos
101 CBA 21675 Aspergillus Carapa guianensis 4 anos
102 CBA 21931 Aspergillus Mangifera indica 3 anos
103 CBA 21932 Aspergillus Mangifera indica 3 anos
104 CBA 21934 Aspergillus Mangifera indica 3 anos
105 CBA 21935 Aspergillus Mangifera indica 3 anos
106 CBA 21936 Aspergillus Mangifera indica 3 anos
107 CBA 21937 Aspergillus Mangifera indica 3 anos
108 CBA 21938 Aspergillus Mangifera indica 3 anos
109 CBA 21939 Aspergillus Mangifera indica 3 anos
110 CBA 21956 Aspergillus Senna macranthera 3 anos
Total 110

Figura 1. Macro e micromorfologia de alguns fungos da Coleção Microbiológica do CBA. CBA 2392 (1 A e B: Aspergillus
spp.); CBA 195 (2 A e B: Fusarium spp.); CBA 289 (3 A e B: Paecylomyces); CBA 2234 (4 A e B: Penicillium); CBA 2238 (5
A e B: Trichoderma); CBA 2361 (6A e B: Aspergillus).

DISCUSSÃO

A preservação de fungos filamentosos pelo método de Castellani se mostrou eficiente,


garantindo a manutenção da viabilidade em meio de cultivo BDA, sem alterar as caracterís-
ticas morfológicas originais dos isolados.
75
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Segundo Aparecido et al. (2001) este método além de garantir a preservação das ca-
racterísticas originais da cultura por longos períodos, promove a ausência de contaminação
por ácaros, baixo custo, pois utiliza apenas água destilada e não requer grande espaço físico
para acondicionar os frascos.
Entre os fungos reativados e preservados encontrou-se isolados do gênero Fusarium,
Aspergillus, Penicillium, Colletotrichum, Trichoderma, Paecilomyces, Botritys, Curvullaria,
Cladosporium, Xylaria, Pestallotia e Pestallotiopsis. Em nível de espécie, foram identificados
4 Aspegillus flavus, 1 Aspegillus fumigatus, 1 Lasiodiplodia theobromae e um isolado de solo
foi identificado como Fomitopsis ostreiformis. O método de conservação em água destilada,
também chamado de Castellani, pode ser aplicado para a conservação de uma variedade de
gêneros e espécies de fungos, inclusive bactérias e fungos fitopatogênicos, além de esporos
do gênero Bacillus e vírus da hepatite (Dhingra e Sinclair, 1995; Passador et al., 2010).
Utilizando a mesma técnica de Castellani, Neufeld e Oliveira (2008), comprovaram a
eficiência da técnica na manutenção de 15 cepas de dermatófitos por um período de 11
anos, onde 93,3% (14 cepas) permaneceram viáveis e sem alterações morfológicas.
Fungos isolados de solo como Fusarium sp., Rhizoctonia solani, Verticillium dahliae,
Trichoderma spp. e Sclerotium cepivorum também tem sido preservados com sucesso
por este (Figueiredo, 1967; Singleton et al., 1992; Dhingra e Sinclair, 1995. Preservado
pelo método Castellani, Curvularia luneta manteve-se viável após 37 anos e seis meses
(Aparecido, 2007).
A técnica de Castellani é um método simples e eficaz quanto à viabilidade fúngi-
ca. A principal vantagem deste método é o baixo custo, facilidade na execução da técnica,
espaço reduzido para a estocagem do material e evita a contaminação por ácaros. Diante
disso, pequenas coleções micológicas podem ser mantidas por este método (Urdaneta e
Lacaz, 1965; Carneiro et al., 1996).

CONCLUSÃO

A preservação de microrganismos é necessária tanto para fins didáticos como de


pesquisa. Dessa forma, a preservação pelo método de Castellani é um recurso prático,
viável e eficiente. No entanto, devido à grande diversidade das populações microbianas, é
aconselhável uma pesquisa específica quanto ao melhor método, melhor temperatura e pe-
ríodo de tempo para condições específicas, ou a combinação de dois ou mais métodos para
garantir a viabilidade e integridade morfológica, fisiológica e genética das culturas ao longo
do tempo. O presente projeto continuará em execução para que o maior número de isolados
da Coleção Microbiológica do CBA seja preservado e seu potencial biotecnológico avaliado.

76
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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18. Urdaneta SM, Lacaz CS. 1965. Preservation of Fungi in Distilled Water Preliminaru Results.
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78
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
07
Cinética de inibição das proteases
digestivas de Anticarsia gemmatalis

Neilier Rodrigues da Silva-Júnior

Maria Goreti de Almeida Oliveira

10.37885/210203132
RESUMO

O objetivo deste trabalho foi estudar a cinética de inibição das serino proteases intestinais
de Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae) utilizando inibidores
de proteases sintéticas e proteicos. As proteases tripsina-like extraídas do intestino de
Anticarsia gemmatalis foram purificadas por cromatografia líquida em uma coluna de
p-aminobenzamidina agarose. A caracterização cinética mostrou KM= 0,503 mM para
o substrato L-BApNA; Vmáx= 46,650 nM s-1; Vmáx/[E]= 9,256 nM s-1 mg L-1 e Vmáx/[E]/KM=
18,402 nM s-1 mg L-1 mM. Os valores de Ki para os inibidores benzamidina, berenil, SKTI
e SBBI foram 11,2 μM, 32,4 μM, 0,25 nM e 1,4 nM, respectivamente; todos revelaram
inibição competitiva linear. O SKTI apresentou a maior inibição, o que o torna um assunto
promissor para pesquisas futuras na fabricação de inibidores miméticos de peptídeos.

Palavras-chave: Cinética Enzimática, Enzimologia, Inibidores Enzimáticos, Interação Plan-


ta-Praga, Lagarta da Soja.

80
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

As plantas de soja podem ser danificadas por insetos ao longo de todo o seu ciclo,
sendo Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) uma das principais pragas desta cul-
tura (BERNARDI et al., 2012). Por isso, este inseto reduz a produtividade e requer controle
rápido para evitar perdas econômicas (VIANNA et al., 2011).
Estratégias baseadas nos mecanismos de resistência endógena de plantas contra inse-
tos herbívoros têm se mostrado eficientes e seguras no controle de pragas como alternativa
ao uso de inseticidas químicos que afetam outros organismos não-alvo e causam impacto
ambiental (FERRY et al., 2006; GATEHOUSE, 2002; MILLS; KEAN, 2010; PATARROYO-
VARGAS et al., 2018; SCOTT; THALER; SCOTT, 2010). Nesse sentido, o mecanismo de
inibição das enzimas digestivas é uma estratégia alternativa para o controle de pragas,
embora a estrutura e função dessas macromoléculas devam ser estudadas.
As plantas possuem inibidores de protease (IP), importantes componentes multi-me-
canísticos de defesa contra pragas. Os IP são, geralmente, moléculas pequenas e estáveis,
específicas para as principais proteases digestivas (serino, cisteíno e aspartil-proteases)
de herbívoros pragas (JAMAL et al., 2013). As serino proteases, tripsina e quimotripsina,
são as principais enzimas digestivas que ocorrem no intestino médio de lepidópteras (SHI
et al., 2013; TERRA; FERREIRA, 1994). A ingestão de IP reduz a atividade proteolítica e,
consequentemente, a digestão, o crescimento e o desenvolvimento larval, bem como a
fertilidade e fecundidade adulta (MAHDAVI et al., 2013; SHI et al., 2013). No entanto, os
insetos desenvolveram mecanismos de defesa para proteção contra os IP. Essas defesas
incluem o aumento da síntese enzimática da classe que está sendo inibida, bem como de
enzimas insensíveis aos inibidores, em resposta ao efeito inibitório (DE OLIVEIRA et al.,
2013; OLIVEIRA et al., 2005; SCOTT; THALER; SCOTT, 2010; WIELKOPOLAN et al., 2015).
O conhecimento mais aprofundado da enzima e da cinética de inibição das proteases
digestivas de A. gemmatalis permite um melhor entendimento dos centros ativos, dos me-
canismos de ação dessas enzimas e dos inibidores proteicos e/ou sintéticos que precisam
ser aplicados como inibidores do complexo arsenal de proteases digestivas do inseto. Este
é um estudo pioneiro na caracterização do modelo de inibição de enzimas tripsina-like no
intestino médio de A. gemmatalis e permitirá o mapeamento dos centros ativos dessas
enzimas. Além disso, fornecerá uma base para estudos ecológicos aplicados que buscam
compreender como ocorre a resistência dos insetos às plantas de interesse.

81
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi estudar a cinética de inibição das serino proteases intes-
tinais de Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae) utilizando inibidores
de proteases sintéticos e proteicos.

MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Enzimologia, Bioquímica de


Proteínas e Peptídeos do Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agricultura e Laboratório de
Criação de Insetos do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade
Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil.

Anticarsia gemmatalis

As larvas de quarto e quinto instar de A. gemmatalis foram criadas no Laboratório de


Criação de Insetos do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade
Federal de Viçosa em dieta artificial (HOFFMAN; OLIVEIRA; MOSCARDI, 1985), e mantidas
em câmaras climatizadas com 25 ± 2 ºC, umidade relativa 70 ± 10% e fotoperíodo de 14 h.

Preparo do extrato bruto do intestino médio

As larvas foram imobilizadas em gelo. Seus intestinos foram retirados e colocados em


solução de HCl 10–3 M, na proporção de cinco intestinos para 1 mL de solução a -20 °C. O ex-
trato enzimático bruto foi obtido por rompimento celular após passar por nove ciclos de con-
gelamento em nitrogênio líquido, seguido de descongelamento em banho termostático, a 37
°C. A suspensão obtida foi centrifugada a 10000 g por 45 min a 4 °C (OLIVEIRA et al., 2005).

Purificação enzimática

O extrato enzimático foi submetido à cromatografia de afinidade em uma coluna de


p-aminobenzamidina agarose (2,5 mL), equilibrada com tampão Tris-HCl 0,05 M em pH
7,5, contendo NaCl 0,5 M. As proteínas foram eluidas em fluxo contínuo de 1 mL min–1 de
tampão de glicina 0,05 M, em pH 3,0. As frações correspondentes aos picos de atividade
foram reunidas e utilizadas nos ensaios cinéticos enzimáticos.

82
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Quantificação de proteínas e atividade enzimática

As concentrações proteicas das amostras dos extratos enzimáticos brutos e purificados


foram medidas utilizando o BSA 0,2 mg mL–1 como padrão (BRADFORD, 1976).
A atividade de tripsina-like foi determinada em tampão Tris-HCl 0,1 M, pH 8,0, conten-
do CaCl2 20 mM com o substrato L-BApNA 1,2 mM (ERLANGER; KOKOWSKY; COHEN,
1961). O produto p-nitroanilida foi determinado a 410 nm em tempo fixo de 2,5 min e coefi-
ciente de extinção molar 8800 M–1 cm–1. O experimento foi conduzido em uma série de três
repetições (OLIVEIRA et al., 2005).

Caracterização cinética

O KM e Vmáx foram determinados utilizando tampão Tris-HCl 0,1 M em pH 8,0, conten-


do CaCl2 20 mM e a enzima purificada na concentração de 5,04 µg mL-1 e aumentando as
concentrações do substrato L-BApNA (0,1 mM a 1,0 mM).
Os valores de Ki foram determinados em tampão Tris-HCl 0,1 M, pH 8,0, contendo CaCl2
20 mM na presença de L-BApNA na faixa de concentração de 0,1 mM a 0,4 mM. As concen-
trações dos inibidores foram: inibidor sintético benzamidina (10 μM a 50 μM) e berenil (20
μM a 100 μM); inibidores proteicos SKTI (0,1 nM a 1,0 nM) e SBBI (0,5 nM a 4,0 nM). Os pa-
râmetros cinéticos foram calculados por regressão não linear utilizando o software Sigma
Plot 10.0, adotando o modelo cinético uni reacional simples.
A equação de velocidade para este modelo é:

(1)

O método linear utilizado foi o gráfico duplo recíproco de Lineweaver-Burk, cuja linea-
rização foi representada pela equação:

(2)

Os Ki dos inibidores foram obtidos pela intersecção das linhas correspondentes às


concentrações do substrato (DIXON, 1979). A equação (3) representa o gráfico de Dixon,
seguido pelo modelo de cinética de inibição:

(3)

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O modelo de inibição competitiva foi determinado utilizando o duplo recíproco de
Lineweaver-Burk (Equação 4) e o duplo recíproco das inclinações (Equação 5):

(4)

(5)

RESULTADOS

Purificação parcial de serino proteases

O extrato enzimático bruto do intestino das lagartas de A. gemmatalis foi submetido à


cromatografia de afinidade em uma coluna de p-aminobenzamidina agarose com frações
contendo a atividade de tripsina-like, eluídas com tampão glicina 0,05 M, correspondendo
à segunda absorvância pico (Figura 1). As proteínas que não aderiram à coluna de p-ami-
nobenzamidina agarose foram identificadas no primeiro pico cromatográfico. Essa etapa
resultou em um fator de purificação igual a 6,0 e um rendimento de atividade original de
tripsina-like de aproximadamente 124% (Tabela I).

Figura 1. Perfil de eluição cromatográfica de serino proteases de Anticarsia gemmatalisis em coluna de p-aminobenzamidina
agarose. Absorbância a 280 nm (●); atividade enzimática em μM s–1 ( ).

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Tabela I. Purificação parcial de serino proteases digestivas de Anticarsia gemmatalis

Proteína total Atividade total Atividade específica


Frações Fator de purificação
(mg) (µM s–1) (µM s–1 mg)

Extrato bruto 1.58 0.144 0.091 1

p-aminobenzamidine agarose 0.328 0.179 0.546 6

Determinação dos parâmetros cinéticos

Os parâmetros cinéticos estimados para as serino proteases foram aparentes devido


ao sistema parcialmente purificado (Tabela II). Os dados foram comparados com os da
β-tripsina bovina como padrão.
A atividade amidásica gerou uma curva hiperbólica de concentração versus veloci-
dade, seguindo o modelo cinético de Michaelis-Menten para a faixa de concentração de
substrato utilizada (Figura 2). O KMapp e Vmáxapp foram confirmados por linearização da curva
de Michaelis-Menten, gerando o gráfico duplo recíproco de Lineweaver-Burk com um valor
de R2= 0,9860 (Figura 2).
As serino proteases parcialmente purificadas mostram uma taxa de transformação mais
rápida de aproximadamente 5,6 vezes maior do que a β-tripsina (Tabela II).

Figura 2. Gráfico de Michaelis-Menten para a hidrólise de L-BApNA catalisada pela enzima. As concentrações de substrato
variaram de 0,1 mM a 1,0 mM. Os pontos são experimentais. Inserção: gráfico do duplo recíproco de Lineweaver-Burk.
A linha desenhada foi calculada por regressão linear com R2= 0,9860.

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Tabela II. Parâmetros cinéticos da hidrólise do substrato L-BApNA pela tripsina das serina proteases digestivas de Anticarsia
gemmatalis
Parâmetros cinéticos β-trypsin(a) Trypsin-like
KM (mM) 0.580 0.503
Vmax (nM s-1) - 46.650
Kcat (1 s-1) 1.630 -
Vmax/[E] (nM s-1 mg L-1) - 9.256
Kcat/KM (s-1 mM-1) 2.810 -
Vmax/[E]/KM (nM s-1 mg L-1 mM) - 18.402
(a) Dados de NAKATA & ISHII (1972).

Determinação das constantes de inibição

Os gráficos de Lineweaver-Burk (Figura 3) foram construídos utilizando concentrações


variáveis do inibidor e substrato para determinar a inibição das serino proteases tripsina-li-
ke parcialmente purificadas. Os quatro gráficos de Lineweaver-Burk mostraram inibição do
tipo competitiva. O aumento das inclinações das linhas com o aumento das concentrações
do inibidor indica que a enzima se distribui em maiores quantidades na forma do complexo
EI. A presença do inibidor não alterou o valor de Vmáx, observado na interseção das retas
com o eixo das ordenadas, correspondente a 1/Vmáx nos gráficos de Lineweaver-Burk.

Figura 3. Gráfico de Lineweaver-Burk da inibição (I) de tripsina-like intestinal de Anticarsia gemmatalis pelos inibidores (a)
benzamidina, (b) berenil, (c) SKTI e (d) SBBI na presença de substrato L-BApNA. As retas foram calculadas por regressão
linear usando os parâmetros da Tabela II. Os pontos são experimentais. I1 ( ), I2 (□), I3 ( ), I4 (○), I5 (●).

O gráfico de inclinações obtido a partir dos gráficos recíprocos dos dados (Figura 4)
mostra linearidade significativa. Isso confirma que o padrão de inibição da atividade ami-
dásica da enzima parcialmente purificada contra os inibidores benzamidina, berenil, SKTI
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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
e SBBI é do tipo competitivo, no qual uma molécula inibidora se liga à enzima formando
complexo binário EI.

Figura 4. Inclinações gráficas do gráfico Lineweaver-Burk versus concentração de I para a hidrólise de L-BApNA por meio
de tripsina parcialmente purificada na presença dos inibidores (a) benzamidina, (b) berenil, (c) SKTI e (d) SBBI.

Os dados do gráfico de Dixon, fixando a concentração dos inibidores testados, mostra-


ram que um aumento na concentração do substrato desencadeou uma diminuição no grau
de inibição; entretanto, a fixação da concentração do substrato e o aumento da concentração
do inibidor aumentaram o grau de inibição (Figura 5).

Figura 5. Gráficos de Dixon da inibição de tripsina intestinal de Anticarsia gemmatalis pelos inibidores (a) benzamidina,
(b) berenil, (c) SKTI e (d) SBBI na presença de substrato de L-BApNA (S). As retas foram calculadas por regressão linear
usando os parâmetros da Tabela II. Os pontos são experimentais. S1 ( ), S2 ( ), S3 ( ).

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As constantes de inibição calculadas pelo método de Dixon et al. (1979) foram obtidas
para os inibidores benzamidina, berenil, SKTI e SBBI (Tabela III) e os dados comparados
com a β-tripsina.

Tabela III. Constante de inibição de inibidores de serina proteases de Anticarsia gemmatalis na presença de substrato
L-BApNA.
Inibidor Ki trypsin-like Ki β-trypsin
Benzamidine 11.2 µM 18.4 µM (a)
Berenil 32.4 µM 1.79 µM (b)
SKTI 0.25 nM 0.6 nM(c)
SBBI 1.4 nM 1.6 nM(c)
(a) Dados de Mares-Guia & Shaw (1965), (b) Dados de Junqueira et al.
(1992); (c) Dados de Zollner (1989).

O Ki da benzamidina, SKTI e SBBI para a enzima parcialmente purificada foram menores


que o Ki para a β-tripsina. Isso mostra a maior afinidade desses inibidores para o centro ativo
da protease tipo tripsina parcialmente purificada de A. gemmatalis em comparação com a
β-tripsina. O berenil apresentou um Ki mais alto, sugerindo menor afinidade desse inibidor
pelo centro ativo da enzima semelhante à tripsina parcialmente purificada.

DISCUSSÃO

Com o objetivo de promover a defesa das plantas contra pragas eliminando o uso de
agrotóxicos, temos trabalhado na obtenção de uma molécula de proteína própria do meio
fisiológico. Portanto, essa molécula de proteína precisa ter uma ação inibitória sobre as pro-
teases do intestino dos insetos. Para construir um peptídeo ou um peptídeo mimético com
grande potencial para utilização na proteção de plantas é necessário conhecer o modelo
cinético de inibição de proteases intestinais de insetos-praga.
Nesse sentido, realizamos a caracterização cinética da inibição de tripsina-like
de A. gemmatalis para entender a inibição do ponto de vista da estrutura/função fisiológi-
ca. A partir do modelo cinético é possível propor uma molécula inibidora ecologicamente
aceitável para o controle de pragas agrícolas pela via das lipoxigenases.
A benzamidina é um potente inibidor competitivo de tripsina-like, porque ocupa o sí-
tio de especificidade (S1) dessa serino protease. O primeiro pico de eluição corresponde,
provavelmente, às cisteíno proteases presentes no intestino médio de A. gemmatalis, uma
vez que essas enzimas não têm afinidade para p-aminobenzamidina, mas são capazes de
hidrolisar o substrato L-BApNA (TERRA; FERREIRA, 1994). O aumento na atividade total
de enzimas tripsina-like após cromatografia de afinidade (Tabela I) é devido à separação de
seus prováveis inibidores
​​ presentes no extrato bruto durante o processo de purificação. Isso
também foi relatado para a purificação das tripsinas de Bombyx mori Lineu, 1758 (EGUCHT;
88
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
KURIYAMA, 1985), Locusta migratoria Linnaeus, 1758 (LAM; COAST; C. RAYNE, 2000) e
Heliothis virescens Fabricius, 1781 (BRITO et al., 2001). A purificação do extrato do intestino
médio de A. gemmatalis na coluna de p-aminobenzamidina agarose apresentou melhor ren-
dimento (124,3%) do que a coluna de aprotinina-agarose (66,7%) (OLIVEIRA et al., 2005).
A banda com massa próxima a 35 kDa da enzima tripsina-like solúvel de A. gemmatalis
é considerada consistente com as massas das tripsinas da maioria dos insetos, variando
entre 20 kDa e 35 kDa (TERRA; FERREIRA, 1994), semelhante àqueles isolados de ou-
tras lepidópteras: 27 kDa e 24 kDa de Sesamia nonagrioides Lefèbvre, 1827 (NOVILLO;
CASTAÑERA; ORTEGO, 1999); 26 kDa e 29 kDa de Helicoverpa armigera, Hübner, 1805
(TELANG et al., 2005); e 28,7 kDa de Diatrea saccharalis, Fabricius, 1794 (LOPES et al.,
2006). Múltiplas tripsinas comumente ocorrem no intestino de Lepidoptera e geralmente estão
relacionadas à adaptabilidade do inseto aos inibidores de protease de plantas (BRITO et al.,
2001; BUDATHA; MEUR; DUTTA-GUPTA, 2008; SILVA JÚNIOR et al., 2020). A banda com
massa de 66 kDa é consistente com a massa molecular de 67 kDa e 70 kDa de H. virescens
(BRITO et al., 2001). As proteínas relatadas com massa molecular de 66 kDa a 91 kDa
representaram o agrupamento das moléculas de tripsina-like ou uma adaptação evolutiva
de A. gemmatalis devido à exposição constante a inibidores de protease (OLIVEIRA et al.,
2005). A massa molecular de uma banda, praticamente o dobro da outra, indica a dimeriza-
ção da enzima (OLIVEIRA et al., 2005).
O valor KM semelhante das serino proteases parcialmente purificadas de tripsina-like e
da β-tripsina na presença de L-BApNA (Tabela II) mostra a interação semelhante deste subs-
trato com o centro ativo de ambas as enzimas. Os parâmetros cinéticos das serino proteases
tripsina-like de A. gemmatalis parcialmente purificadas em uma coluna de aprotinina tiveram
KM= 0,32 mM para o substrato L-BApNA (OLIVEIRA et al., 2005). A taxa de transformação
nos sistemas semipuros pode ser expressa como Vmáx/[E] e a constante de especificidade
por Vmáx/[E]/KM. A taxa mais rápida de formação do produto pela ação das serino proteases
tripsina-like sobre o substrato L-BApNA não corresponde a uma maior interação pelo subs-
trato porque os valores de KM foram semelhantes para as enzimas comparadas. A enzima
tripsina-like parcialmente purificada apresentou uma constante de especificidade maior que
a β-tripsina e, portanto, foi mais eficiente na formação do complexo ES. A enzima semi-puri-
ficada apresentou a maior adaptação entre o substrato e o centro ativo na fase de transição,
o que indica a melhor eficiência catalítica das enzimas tripsina-like de A. gemmatalis.
Benzamidina, berenil, SKTI e SBBI atuaram como inibidores competitivos puros das
serino proteases parcialmente purificadas de tripsina-like nas faixas de concentração ana-
lisadas de substrato e inibidor. O inibidor competitivo aumentou o KM do substrato, exigin-
do uma concentração maior do substrato para a enzima para atingir qualquer fração de
89
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Vmáx. O fator pode ser considerado um importante fator estatístico dependente de
[I], que descreve a forma livre de distribuição da enzima e na forma EI. A maior concentração
do inibidor aumenta o KM e a inclinação da reta pelo fator . O inibidor e o substrato
são mutuamente exclusivos, por competirem pelo mesmo sítio de ligação na região do centro
ativo da enzima.
A caracterização de três tipos diferentes de perfis gráficos mostra os inibidores analisa-
dos ​​com a inibição competitiva pura da tripsina-like na faixa de concentração dos inibidores
e substratos analisados. Esta é a primeira vez que um modelo de inibição da enzima tripsina
do intestino médio de A. gemmatalis é caracterizado e, portanto, merece atenção especial
dada à padronização do modelo. A caracterização de um modelo cinético de inibição requer
mais de um tipo de gráfico ajustado a mais de uma equação cinética, uma vez que diferentes
modelos cinéticos podem apresentar o mesmo perfil de um determinado gráfico. O gráfico de
Lineweaver-Burk da β-azotripsina bovina com inibição competitiva parcialmente hiperbólica
mostrou o mesmo perfil de inibição competitiva pura (OLIVEIRA et al., 1993). A caracteriza-
ção da inibição da tripsina bovina que exibe o gráfico de inibição competitiva parcialmente
parabólica mostrou o gráfico de Lineweaver-Burk com o mesmo perfil de inibição competitiva
pura (JUNQUEIRA RG, 1992).
Os valores das constantes de inibição podem ser explicados pelas características quí-
micas e estruturais dos inibidores testados. A benzamidina, com Ki= 18,4 µM, é uma amida
aromática sintética que inibe competitivamente a tripsina, interagindo eletrostaticamente com
o Asp189 da tripsina e hidrofobicamente com sítio de especificidade do centro ativo desta
enzima (OLIVEIRA et al., 1993; PATARROYO-VARGAS et al., 2018). A inibição das seri-
no proteases parcialmente purificadas pela benzamidina indica que são proteases do tipo
tripsina-like. O berenil interage eletrostaticamente com o Asp189 da tripsina, além de formar
interações hidrofóbicas com o sítio de especificidade do centro ativo da enzima. O berenil
também se liga fortemente ao sítio de ligação secundário de forma semelhante ao Asp17 do
inibidor de tripsina pancreática bovina (BPTI) (OLIVEIRA et al., 1993). O subsítio S2’ está
muito próximo ao sítio ativo da tripsina e apresenta os resíduos Tyr39, His40 e Tyr151. O resíduo
Tyr151, modificação no subsítio S2’ da tripsina bovina mostra que o resíduo de tirosina participa
da ativação da enzima, tornando-a permanentemente mais ativa (OLIVEIRA et al., 1993).
Os valores mais baixos de Ki para os inibidores SKTI e SBBI em comparação com
o Ki de inibidores sintéticos permite que eles ocupem todos os sítios de ligação disponíveis no
centro ativo da enzima e, assim, ocorre uma otimização na formação do complexo EI. Os ini-
bidores sintéticos, por serem menores, não ocupam todos os sítios disponíveis da enzima,
formando um complexo EI menos estável. Os inibidores de proteína revelam Ki na mesma
ordem de magnitude; entretanto, a maior afinidade do SKTI para o centro ativo das enzimas
90
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
pode ser explicada pelas diferenças na arquitetura desses inibidores (VOLPICELLA et al.,
2003). O inibidor do tipo Kunitz interage com a enzima por meio do resíduo de aminoácido
na posição P1, arginina ou lisina, e essa interação direta entre os resíduos do sítio reativo
do inibidor com o sítio catalítico da enzima caracteriza um mecanismo competitivo de inibi-
ção. A conformação canônica da alça do sítio reativo do SKTI interage com o sítio reativo da
enzima através das ligações eletrostáticas e ligações de hidrogênio (BODE; HUBER, 1992),
formando um complexo EI estável.
Os inibidores Bowman-Birk também apresentam a conformação de alça canônica que
interage com o centro ativo da enzima. A presença de sete ligações dissulfeto estabiliza a
estrutura do inibidor, tornando-o menos flexível para se adaptar à tripsina-like parcialmente
purificada quando comparado ao SKTI. Outra hipótese é que, ao longo da evolução, as trip-
sinas de lepidópteras apresentaram aumento da hidrofobicidade dos subsítios do sítio ativo
pela ingestão de inibidores de protease de plantas. Esses inibidores possuem, na região ativa,
uma sequência hidrofílica que não se adapta aos sítios de tripsina hidrofóbica. A mudança na
especificidade primária da tripsina em Lepidoptera é uma adaptação evolutiva na resistência
aos inibidores de tripsina da planta (LOPES et al., 2006). Isso torna difícil a ocorrência da
interação entre o inibidor SBBI e as enzimas parcialmente purificadas.
Os estudos cinéticos de inibição são ferramentas para a compreensão do sistema
multi-mecanístico de enzimas. Nosso estudo demonstrou, pela primeira vez, a adaptação de
enzimas tripsina-like no intestino de A. gemmatalis contra diferentes inibidores. O inibidor de
soja SKTI apresentou a maior inibição dessas enzimas. Esse é um importante motivo para
estudar a produção de inibidores miméticos de peptídeos que podem ser produzidos pela
planta ou aplicados a ela, e atuar como inibidores do complexo sistema de proteases digesti-
vas do inseto. No entanto, os mecanismos adaptativos do inseto devem ser cuidadosamente
considerados. A possibilidade de produção de plantas resistentes que expressam IP torna
necessário o desenvolvimento de novos estudos para aumentar as chances de sucesso
desse método (GHOLAMZADEH CHITGAR; GHADAMYARI; SHARIFI, 2013). Futuramente,
esses estudos deverão incluir os níveis de expressão do IP, suas constantes de inibição, a
estabilidade dos IP no intestino e a capacidade de adaptação do inseto aos inibidores via
alteração na expressão gênica. Além dos importantes benefícios econômicos, esses estudos
também podem trazer benefícios ambientais e sociais ao possibilitar o desenvolvimento de
cultivares resistentes a insetos-praga e, assim, reduzir significativamente o uso de agrotóxi-
cos. Trabalhos com esse foco também fornecem uma base para estudos ecológicos aplicados
sobre como ocorre a resistência a insetos em plantas de interesse. Isso também demonstra
como as interações planta-herbívoro precisam ser consideradas nas estratégias de Manejo

91
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Integrado de Pragas. Esse conhecimento será de grande importância para programas de
melhoramento genético visando à produção de cultivares resistentes a insetos-praga.

AGRADECIMENTOS/FINANCIAMENTOS

Agradecemos aos colaboradores do nosso grupo de pesquisa que contribuíram para


a publicação do artigo original no periódico Anais da Academia Brasileira de Ciências.
Este trabalho foi apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e Instituto
Nacional de Ciência e Tecnologia em Interações Planta-Praga (INCTIPP).

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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95
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
08
Clostridium perfringens em animais
silvestres: uma revisão de literatura

Hanna Gabriela da Silva Oliveira


FAMEV/UFPA

Cleideanny Cancela Galvão


PPGSAAM/UFPA

Felipe Masiero Salvarani


IMV/UFPA

10.37885/210404273
RESUMO

Clostridium perfringens como agente patogênico de doenças em animais silvestres ainda


é pouco relatado, assim como estudos do potencial papel de hospedeiros reservatórios
desses agentes bacterianos, pois C. perfringens é responsável por causar patologias
importantes em animais domésticos e no homem. Desta forma, o objetivo do presente
trabalho foi reunir numa revisão de literatura os principais quadros patológicos, sinais
clínicos, achados histopatológicos, métodos diagnósticos e tratamentos utilizados em
animais silvestres com suspeita de infecção ou intoxicação por C. perfringens. Para
isso realizou-se um estudo descritivo analítico, através de pesquisa bibliográfica inde-
xada, utilizando-se plataformas digitais de acesso como Portal Capes, British Veterinary
Association, Research Gate, PubMed, Science Direct, NCBI, Scielo e BioOne. Como
resultados pode-se inferir que C. perfringens tipo A foi o mais diagnosticado nos casos
clínicos em animais silvestres, sendo os quadros entéricos os mais comuns, associados
a detecção dos genes cpb2 e cpe. Além disso a avaliação in vitro da susceptibilidade
antimicrobiana frente a isolados de C. perfringens de animais silvestres demonstrou ser
uma ferramenta útil para a clínica médica desses animais. E também se confirmou a
real necessidade de mais pesquisas para esclarecer a participação de C. perfringens na
cadeia epidemiológica de doenças clostridiais nas espécies silvestres, além de estudos
que envolvam o papel da fauna silvestre como possíveis hospedeiros reservatórios na
disseminação dessas bactérias para animais domésticos, de produção e até mesmo
humanos, podendo representar risco zoonótico.

Palavras-chave: Quadros Entéricos, Gene cpb2, Gene cpe, Potencial Zoonótico, Toxina Alfa.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

As mudanças constantes que veem ocorrendo no planeta, principalmente em função


da ação predatória e destrutiva do homem nas últimas décadas, não só alteraram o meio
ambiente, mas aumentaram a pressão antrópica e possibilitaram o surgimento de novos
patógenos e pandemias, como, por exemplo, o SARS-Cov-2 e a COVID19. Além disso,
alterações de virulência e patogenicidade de agentes infecciosos já conhecidos, podendo
representar maior risco e infecciosidade tanto para a espécie humana como animais domés-
ticos, de produção ou mesmo os silvestres, podendo, nesse último grupo, ocorrer declínios
de populações, extinções locais como também podem estes animais silvestres se tornarem
reservatórios ou hospedeiros de agentes patogênicos, o que permite um transbordamento
contínuo de microrganismos entre os seres vivos (Monteiro, 2008). Lembrando que a par-
ticipação de animais silvestres como reservatórios ou hospedeiros de microrganismos e
doenças, tem importância vital para a saúde única, porém existem poucos estudos, relatos
e conhecimentos adquiridos disponíveis (Pimentel et al., 2009).
Guimarães et al. (2012) relatam que tanto parques estaduais como zoológicos, que
possuem animais silvestres podem tornar-se um problema de saúde pública para os visi-
tantes ou para a população em seu entorno, caso estes animais sejam portadores de pa-
tógenos, como por exemplo aqueles com potencial zoonótico. Por outro lado, Catão-Dias
(2008) alerta sobre a reintrodução de animais silvestres cativos na natureza, pois a soltura
de animais com status sanitário desconhecido implica em algum nível de risco de transmis-
são de doenças. Sendo assim o caráter zoonótico ou não de algumas patógenos deve ser
levado em consideração na tentativa de traçar ações de prevenção, controle e tratamento de
doenças infecciosas que podem acometer as populações humana, de animais domésticos
e até mesmo de animais silvestres livres.
É necessário ainda ressaltar o crescimento do mercado de animais exóticos com a
finalidade de pets, assim como também o aumento do consumo de proteína animal de ori-
gem da fauna silvestre, principalmente nas regiões mais carentes do Brasil. Tais situações
podem vir a favorecer as cadeias epidemiológicas de transmissão de doenças e, até casos
de surtos alimentares se as carnes destes animais estiverem contaminadas (Sfaciotte et al.,
2015). Portanto, a investigação a respeito do papel, por exemplo, de Clostridium perfringens
em animais silvestres, seja como agente causador de doença ou hospedeiros reservatórios
da bactéria, é extremamente relevante, pois trata-se de um microrganismo comensal do
trato gastrointestinal e que possui a habilidade de produzir toxinas e enzimas capazes de
ocasionar tanto doenças entéricas quanto mionecrosantes, dependendo da via de infecção
ou intoxicação, sendo responsável por ocasionar prejuízos econômicos na saúde animal e

98
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
humana, sendo, por exemplo, a segunda fonte mais comum de toxinfecção alimentar nos
EUA e, a sexta mais comum no Brasil (Silva & Lobato, 2015).
Clostridium perfringens é uma bactéria, Gram-positiva, formadora de esporo oval e
subterminal, encapsulado, imóvel e com intensa atividade metabólica em alimentos. Possui
capacidade de multiplicação em altas temperaturas e apesar de ser classificado como micror-
ganismo anaeróbico pode sobreviver e crescer na presença de oxigênio (Popoff & Bouvet,
2009). Não possui a capacidade de produzir 13 dos 20 aminoácidos necessários, obtendo-os
degradando os tecidos dos hospedeiros com auxílio de suas toxinas e enzimas proteolíticas
(Allaart et al., 2013), podendo assim ocasionar uma variedade de lesões toxina-específicas
e doenças gastrointestinais em animais domésticos, silvestres e humanos, diferindo em
patogenicidade e nas doenças que causam, em função dos diferentes tipos de toxinas que
produzem e consequentemente em toxinotipos que são classificados (Van Asten et al., 2010).
Diante do exposto esta revisão de literatura tem como objetivo abordar Clostridium
perfringens em animais silvestres, na tentativa de traçar os principais aspectos epidemioló-
gicos desta bactéria ao infectar esses animais, relatando os quadros patológicos com seus
principais sinais clínicos, quais toxinotipos bacterianos até então foram encontrados como
agentes causadores de doença na fauna silvestre, os principais métodos diagnósticos utili-
zados na detecção de C. perfringens, achados histopatológico e tratamentos utilizados na
clínica médica de animais silvestres, no intuito de inferir as possíveis consequências para
este grupo de animais e para o ecossistema, além de servir como um meio de compilar in-
formações para auxiliar o médico veterinário no diagnóstico e tratamento dessa clostridiose
em animais silvestres. Além é claro de se discutir a questão do risco de potencial zoonóti-
co desses agentes.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um estudo descritivo analítico, por meio de pesquisa bibliográfica, com
auxílio de publicações científicas especializadas e indexadas, utilizando-se plataformas di-
gitais como Portal Capes, British Veterinary Association, Research Gate, PubMed, Science
Direct, Scielo e BioOne elaborando uma revisão de literatura, descrevendo os principais
quadros patológicos, sinais clínicos, achados histopatológicos, métodos diagnósticos e tra-
tamentos utilizados em animais da fauna silvestre com suspeita de infecção ou intoxicação
por C. perfringens. Os termos de busca utilizados de forma isolada ou em associação nas
bases de dados foram Clostridium perfringens, Clostridium, toxinas, enterotoxemia, enterite
necrótica, mionecroses, diarreia associada a animais silvestres, ocorrendo a busca simul-
tânea na tradução para o inglês. Foram encontrados um total de 55 publicações, excluídas
a taxa de 80% de sobreposição dos trabalhos nas bases consultadas. Contudo, apenas 36
99
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
destas publicações contemplam a presente revisão, sendo as buscas limitadas por data de
publicação, optando-se apenas por artigos científicos datados de 1995 a 2020, indexados
a revistas de maior fator de impacto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As cepas de C. perfringens podem produzir pelo menos 17 toxinas conhecidas, no


entanto, a espécie é classificada de A – E (tabela 1) de acordo com a produção de quatro
toxinas principais: alfa (α), beta (β), épsilon (ε) e iota (ι) Petit et al. (1999). Além das toxinas
principais algumas outras foram relatadas como potencialmente causadoras de doenças em
espécies de animais, entre elas, a enteretoxina (cpe), beta-2 (β2), NetB, NetE, NetF e NetG,
conforme descrito por Diniz et al. (2016).

Tabela 1. Classificação dos diferentes toxinotipos de Clostridium perfringens:


Toxinotipo Toxina Alfa Toxina Beta Toxina Beta-2 Toxina Épsilon Toxina Iota Enterotoxina
A + + +
B + + + +
C + + + +
D + + +
E + + +
Fonte: Petit et al. (1999).

Toxina alfa (α). Codificada pelo gene plc, de origem cromossomal, tem sua ação ca-
racterizada por hemólise intravascular, danos capilares, processos inflamatórios, agregação
plaquetária e alterações do metabolismo culminando com a morte celular, sendo a primeira a
demonstrar atividade enzimática. É a principal toxina produzida por C. perfringens tipo A, no
entanto, é também produzida por todos os toxinotipos (Popoff & Bouvet, 2009)
Toxina beta (β). Codificada pelo gene cpb, de origem plasmidial, tem sua ação carac-
terizada pelo efeito citotóxico através da formação de poros, atuando nos canais seletivos de
sódio e potássio, causando despolarização das membranas celulares excitáveis e alterações
na permeabilidade vascular do sistema nervoso. Principal toxina secretada por C. perfringens
tipos B e C (Popoff & Bouvet, 2009)
Toxina épsilon (ε). Codificada pelo gene etx, de origem plasmidial, é secretada na
forma de protoxina e pela ação de enzimas proteolíticas é convertida na forma ativa, que
age envolvendo a ligação específica a receptores na superfície das células endoteliais pro-
movendo a desestabilização da membrana com alteração da permeabilidade vascular com
resultante escape de líquidos e destruição celular. Produzida por cepas do tipo B e D, no
entanto, nunca pelo tipo A (Songer, 1996).

100
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Toxina iota (ι). Codificada pelos genes iap e ibp, de origem plasmidial, é produzida na
forma de protoxina, sendo ativada na presença de enzimas proteolíticas. Seu mecanismo de
ação envolve desorganização do citoesqueleto das células com consequente morte celular.
Produzida apenas pelo tipo E (Petit et al., 1999).
Toxina beta-2 (β - 2). Codificada pelo gene cpb-2, de origem plasmidial, o qual segundo
investigações epidemiológicas demonstraram a maior ocorrência do gene cpb-2 entre os
animais doentes, sugerindo que a toxina codificada por este gene tem função relevante no
processo patogênico, como possível fator de virulência. Seu mecanismo de ação não está
completamente esclarecido, mas envolve a lise celular através da formação de poros na
membrana (Popoff & Bouvet, 2009).
Enterotoxina (cpe). Codificada pelo gene cpe, de origem cromossomal e/ou plas-
midial, tem seu mecanismo de ação envolvendo a ligação com receptores específicos na
superfície das células epiteliais do intestino dos animais, levando a formação de poros e
desequilíbrio osmótico com consequente lise celular (Popoff & Bouvet, 2009). Exerce seus
efeitos estimulando a perda de eletrólitos e líquidos da mucosa intestinal e inibe a absorção
de glicose, acredita-se que isso resulte diretamente no dano histopatológico do intestino
(Weese & Staempfli, 2000).
Dos cinco toxinotipos, C. perfringens tipo A é o mais comum e, está difundido no meio
ambiente e como comensal tanto de animais saudáveis quanto doentes. Outros toxinotipos
são menos frequentemente isolados do trato gastrointestinal de animais e seres humanos
e, são geralmente isolados apenas quando o quadro nosológico da doença está presen-
te. O controle natural de sua proliferação excessiva é realizado por outros microrganismos
que também estão presentes normalmente na microbiota intestinal comensal do animal por
meio de competição para manutenção da homeostase. Além disso, o próprio trânsito intes-
tinal ajuda a eliminar as bactérias e, consequentemente, as toxinas produzidas por elas.
Lembrando que todo Clostridium causa doença por produção de toxinas e não por ação
direta da bactéria sobre o organismo animal (Allaart et al., 2013).
No entanto, se ocorrer uma estase intestinal ou desequilíbrio na microbiota comensal,
os clostrídeos podem multiplicar-se em escala logarítmica e produzir elevadas concentrações
de suas toxinas, as quais são responsáveis pelos quadros clínicos das doenças. Há ainda
indícios de que a diminuição da atividade enzimática proteolítica no intestino pode favorecer
o crescimento de alguns toxinotipos da bactéria (Popoff & Bouvet, 2009). Contudo, Allaart
et al. (2013) alerta que a patogênese das enterites ocasionadas por C. perfringens permanece
ainda sob investigação e que circunstâncias ambientais podem direta ou indiretamente in-
fluenciar a microbiota comensal, assim como também a colonização, crescimento e produção

101
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
de toxinas. Entre os fatores relacionados está a contaminação ambiental, PH gástrico e
intestinal, nutrição, infecções simultâneas e a intervenção medicamentosa.
O tratamento específico das enterites e enterotoxemias ocasionadas por C. perfringens
geralmente não é realizado em função do caráter agudo e por serem as doenças causadas
pelas toxinas bacterianas (Songer, 1996). Já a prevenção está associado ao uso de probióti-
cos, prebióticos, ácidos orgânicos, óleos essenciais, bacteriófagos, lisozimas, bacteriocinas e
peptídeos antimicrobianos (Allaart et al., 2013). Entretanto a vacinação contra C. perfringens
ainda é a principal medida preventiva de controle para a proteção dos animais, no entanto,
ainda não é uma realidade para diversas espécies animais, como por exemplo, os animais
silvestres (Kotorri et al., 2016).
O diagnóstico confirmatório está na dependência direta da detecção da(s) toxina(s)
produzida pelos agentes, diretamente no conteúdo intestinal. O método convencional para
detecção destas toxinas é o teste de soroneutralização em camundongos. Também existem
diferentes técnicas de biologia molecular que, apesar de não detectarem diretamente a(s)
toxina(s) produzida pelos C. perfringens dos tipos A-E, detectam os genes que codificam
a produção das mesmas, permitindo a tipificação do C. perfringens envolvido em um de-
terminado caso ou surto. Apesar da presença de toxinas no conteúdo intestinal ser o mais
importante indicador das enterotoxemias, é necessário combinar este achado com outros,
especialmente o histórico do animal, sinais clínicos, achados de necropsia e histopatologia
dos órgãos com lesões (Songer, 1996).
No Brasil, assim como outros países da América Latina a fauna silvestre representa
uma importante fonte proteica para alimentação humana, principalmente nas regiões mais
carentes. O interesse por espécies de animais não convencionais para a suplementação de
proteína animal é crescente, associado à pobreza da população brasileira, porém a utiliza-
ção dessas fontes de alimentos ainda é pouco documentada e, quase não há informações
técnicas científicas sobre as condições microbiológicas das carnes silvestres disponíveis
para consumo, o que pode representa riscos à saúde humana (Sfaciotte et al., 2015). Assim
como também há um crescimento expressivo de pessoas adquirindo esses animais como
pets, e como já relatado C. perfringens está como um dos patógenos mais frequentemente
isolados em alimentos, sendo responsáveis por surtos de intoxicação alimentar em humanos,
além de poder sobreviver amplamente em diversos tipos de ambientes em função de sua
capacidade esporulativa (Silva et al., 2014a).

PEIXES

Em peixes, as clostridioses são tratadas de maneira mais geral não especificando qual a
espécie do gênero Clostridium estaria envolvida com os quadros clínicos, no caso específico
102
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
de C. perfringens raramente são relatados os tipos e as toxinas. Aschfalk & Müller (2002),
avaliaram amostras fecais de Gadus morhua L. (Bacalhau-do-Atlântico) para a detecção
de C. perfringens utilizando-se PCR e ELISA e identificaram que todos os isolados pertenciam
ao toxinotipo A, e em algumas das amostras pode-se detectar o gene cpb2. Apesar disso, até
então não existem relatos de C. perfringens tipo A ocasionando doenças em peixes. A co-
lonização bacteriana do intestino do peixe é dependente do meio ambiente aquático em
que vive e também por sua alimentação. C. perfringens não é comensal normal de peixes,
sugerindo que esta colonização pode ser transitória e estar relacionada à contaminação do
habitat por resíduos domésticos, transporte de sedimentos das águas costeiras, deposição
de material fecal de aves marinhas ou até mesmo o transporte atmosférico de partículas do
solo. Além disso também é discutível o risco na utilização da farinha de peixe contaminada
com toxina alfa de C. perfringens tipo A ofertada na alimentação de aves comerciais, como
fonte de intoxicação, uma vez que é a toxina alfa considerada a principal responsável por
determinar os casos de enterite necrótica em aves de corte.

RÉPTEIS

Vários países mostraram na última década um aumento de répteis como escolha de


pets exóticos. Atualmente, nos EUA, quase 4% dos lares possuem répteis, sendo esta a
mesma tendência observada nos países europeus. O Brasil foi classificado como 9º país
com maior número de répteis domesticados. Há poucas informações a respeito da ocorrência
de C. perfringens em répteis, a maioria dos estudos se limita ao isolamento da microbiota
oral, no entanto, o papel dos répteis como reservatório de microrganismos patogênicos não
pode ser desconsiderado (Ramos et al., 2019).
Ramos et al. (2019) coletaram swabs cloacais de 76 répteis oriundos de cativeiro,
vida livre ou tidos como animais de companhia e realizaram análises para identificação dos
mais diversos agentes etiológicos, entre eles, C. perfringens que foi isolado de 7,8% dos
animais, sendo todos isolados pertencentes ao toxinotipo A. Já Weese & Staempfli (2000)
relataram a detecção da enterotoxina de C. perfringens, em um caso de diarreia aquosa,
de coloração marrom-escura em uma Geochelone carbonaria (Jabuti-piranga), criada em
cativeiro. Ao exame clínico o animal apresentava-se os parâmetros vitais normais, entre-
tanto no histórico apesar de seu ambiente ser controlado por termostato, havia relato de
presença de muita matéria orgânica. Não houve relato de contato com outros animais, e que
a jabuti periodicamente tinha acesso ao ambiente externo, não se descartando, portanto, a
possibilidade de contato com fezes de aves. O diagnóstico foi realizado por meio de cultura
bacteriana, com a detecção da enterotoxina de C. perfringens pela técnica ELISA nas fezes,
associado com o diagnóstico diferencial e a exclusão de outros patógenos relacionados.
103
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Após uma semana de tratamento com metronidazol o quadro de diarreia cessou e a entero-
toxina não pode mais ser detectado em amostras fecais. Contudo, os autores enfatizam que
por ser um caso isolado o papel do agente não pode ser definitivamente confirmado, mas
que deve ser um patógeno considerado em casos de diarreia em jabutis e, talvez, outros
répteis da mesma Ordem.

AVES

A maioria dos relatos de C. perfringens em aves silvestres envolve quadros clínicos com
enterite necrótica ou enterotoxemia, de evolução aguda, com presença de diarreia aquosa
seguida de morte dos animais, e em muitos casos ocorrendo na forma de surtos. As aves
apresentam-se apáticas e, muitas vezes sem conseguir alçar voo, no exame necroscópico
a maioria delas apresentavam um bom escore corporal, com alterações macroscópicas
apenas no trato gastrointestinal. O intestino encontrava-se distendido, com conteúdo aquo-
so, de coloração marrom-avermelhado, aspecto granular e odor desagradável. Os exames
histopatológicos revelam necrose aguda e edema das vilosidades com congestão vascular,
hemorragia e uma infiltração por heterofilos e linfócitos, e em alguns casos com a vasculatura
da lamina própria congesta (Bildfell et al., 2001; Asaoka et al., 2004; Grau-Roma et al., 2020).
Pouco se sabe a respeito do mecanismo transmissão, mas acredita-se que ocorra por
meio do contato oral com fezes de aves contaminada. Entre os fatores que auxiliam na pato-
gênese da doença estão a mudança da microbiota intestinal, alterações na dieta ou danos na
mucosa intestinal, principalmente devido a casos de Coccidiose, que podem criar condições
favoráveis para o crescimento desse microrganismo anaeróbico. Entretanto, a contaminação
do alimento por esporos de Clostridium, estresse e imunossupressão devido a infecções
concomitantes também podem ser outros fatores (Hagen & Bildfell, 2007). A ocorrência de
parasitas também pode influenciar como no caso descrito por Bildfell et al. (2001) em que a
infestação de parasitas acantocéfalos (Plagiorhynchus cylindraceus) podem ter funcionado
como fator predisponente para ocorrência de enterite necrótica.
A confirmação diagnóstica de C. perfringens tipo A como uma causa de enterite é dis-
cutível, por ser o agente comensal do trato gastrointestinal, contudo, a combinação de um
grande número de bactérias em conjunto, associando com lesões intestinais hemorrágicas
e necróticas são fatores que sugerem o diagnóstico de enterite necrótica (Hagen & Bildfell,
2007). A presença de isolados de C. perfringens tipo A positivos para o gene cpb2 já foi re-
latada em aves silvestres, sendo este gene considerado fator de virulência e patogenicidade
associado ao aparecimento de doenças em animais de produção, como suínos, entretanto,
em aves comerciais o gene cpb2 é mais comum em animais saudáveis do que naqueles
com enterite necrótica (Silva et al., 2014a). Há evidências crescentes sobre o papel de cepas
104
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
enterotoxigênicas, com a presença do gene cpe, produtor da enterotoxina de C. perfringens
tipo A em quadros de diarreia em várias espécies de animais domésticos e humanos (Asaoka
et al., 2004), no entanto, a literatura diz que essa tendência seja raramente encontrado em
amostras de aves (Silva et al., 2014a).
O tratamento preventivo da enterite necrótica é descrito com a utilização de antimicrobia-
nos orais, via ração ou água, sendo as principais bases farmacológicas escolhidas baseadas
em estudos in vitro, por meio de teste de sensibilidade antimicrobiana, como realizado por
Silva et al. (2014a) demonstrando demonstraram que os isolados por foram sensíveis à pe-
nincilina, metronidazol, vancomicina, ciprofloxacina, enrofloxacina e norfloxacina, e também
foram resistentes a eritromicina, oxitetraciclina e lincomicina.

MAMÍFEROS

Apesar da importância de C. perfringens como patógeno em humanos e mamíferos


domésticos, a ação deste agente em carnívoros selvagens e demais mamíferos silvestres,
assim como também quais os toxinotipos mais prevalentes permanecem desconhecido
(Silva et al., 2017). Em alguns relatos os mamíferos desenvolveram depressão aguda, ano-
rexia e diarreia sanguinolenta alguns dias antes do óbito (Greco et al., 2005; Nikolaou et al.,
2009). Em outros as fezes apresentavam-se amarronzadas e com mal odor, sanguinolentas
e mucoides. Na necropsia e exame histopatológico o intestino delgado e grosso encontra-
va-se difusamente congestos, edematosos, necróticos e cheios de líquido hemorrágico, a
lâmina própria possuía infiltração difusa de linfócitos, plasma, neutrófilos e alguns eosinófilos
(Bacciarini et al., 2001; Zhang et al., 2012).
A prevalência de C. perfringens parece variar amplamente entre os animais silvestres
e, indivíduos em cativeiro aparentam ter maior probabilidade de serem positivos (Silva et al.,
2017). Os resultados em si sugerem que C. perfringens tipo A é comensal da microbiota de
carnívoros selvagens, como seria suspeito (Silva et al., 2014b). No entanto, como relatado
é um toxinotipo que já esteve associado a doenças gastrointestinais em mamíferos silves-
tres. Já C. perfringens tipo B aparece relacionado a um surto em especifico, no entanto, não
se pode comprovar sua prevalência em outras espécies animais em grande quantidade para
que se enfatize seu papel como causador de doença (Zeira et al., 2012). Fujita & Kageyama
(2006) relatam que o fornecimento de dietas artificiais para animais em cativeiro pode estar
positivamente correlacionado com o aumento de C. perfringens na microbiota intestinal, pois o
alto teor calórico e baixo teor de fibra das dietas pode ser favorável a multiplicação do agente.
Zhang et al. (2012) relata que gatos adultos alimentados com um alto teor de proteína em
sua dieta possuíam elevadas populações de C. perfringens. Alguns relatos discutem ainda a

105
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
respeito do jejum semanal de alguns felinos correlacionado ao surgimento de sinais clínicos
da ação de enterotoxina (cpe) por C. perfringens (Citino, 1995; Neiffer, 2001).
Em grande parte dos relatos o genótipo bacteriano identificado é o do tipo A, entretanto
a maioria dos relatos os animais estão assintomáticos, ou seja, aparentemente saudáveis
(Milton et al., 2017; Silva et al., 2017; Almeida et al., 2018). No entanto, uma enterocolite
hemorrágica grave foi observada em Panthera tigris altaica (Tigre-siberiano) e Panthera leo
(Leão) ocasionada por C. perfringens tipo A (Zhang et al., 2012), assim como também uma
enterotoxemia em Selenarctos thibetanus (Urso-negro-asiático) (Greco et al., 2005), enterite
ulcerativa em Loxodonta africana (Elefante-africano) (Bacciarini et al., 2001) e enterite em
Papio hamadryas (Babuíno-sagrado) (Nikolaou et al., 2009). Há também um caso suspeito
de neurotoxicidade por C. perfringens tipo B e toxina épsilon (Zeira et al., 2012), sendo
este toxinotipo relatado em outras espécies animais (Milton et al., 2017). Algumas amostras
também demonstraram a presença dos genes que codificam a toxina beta-2 (Silva et al.,
2014b; Silva et al., 2016; Milton et al., 2017) e enterotoxina (Citino, 1995; Neiffer, 2001; Silva
et al., 2014b). C. perfringens tipo C foi associado a relatos de mortes em raposas selvagens
(Jarosz et al., 2014) e em Lhamas de zoológicos (Kotorri et al., 2016)
Doze amostras coletadas pertencentes a espécies de Cachorro-do-Mato (Cerdocyon
thous), Onça-parda (Puma concolor), Gato-do-Mato (Leopardus tigrinus), Gato-mourisco
(Puma yagouaroundi), Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e Jaguatirica (Leopardus par-
dalis) foram susceptíveis a florfenicol, metronidazol, penicilina, vancomicina, eritromicina e
tilosina (Oliveira Junior et al., 2016) o que corrobora com resultados obtidos da susceptibili-
dade antimicrobiana nas mesmas espécies por Silva et al. (2014b). No entanto, em ambos
os estudos as amostras de Leopardus pardalis (jaguatirica) positivas para C. perfringens
foram resistentes a oxitetraciclina, Silva et al. (2014b) explica que isso se deve ao fato da
resistência bacteriana a esta classe de antibióticos ser considerada comum e é atribuída a
presença de genes de resistência a tetraciclina, como tetM e tetW. A avaliação da suscepti-
bilidade antimicrobiana pode ser útil para guiar veterinários durante o tratamento de doenças
causadas por C. perfringens (Oliveira Junior et al., 2016). Neiffer (2001) e Citino (1995) re-
latam o uso de metronidazol associado a fibra de Psyllium e tilosina para tratar felinos com
sucesso. Kotorri et al. (2016) relatam que para prevenir a recorrência da doença em Lhamas
do zoológico utilizaram a vacinação com o toxóides alfa, beta e épsilon de C. perfringens,
porém reitera-se que inexistem no mercado veterinário vacinas clostridiais de indicação
para animais silvestres. O que se faz em alguns casos é uso de vacinas clostridiais para
ruminantes domésticos serem utilizados em algumas espécies de mamíferos silvestres como
caso das Lhamas e Alpacas.

106
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
CONCLUSÃO

A constatação da detecção de C. perfringens tipo A na maior parte dos grupos e espé-


cies de animais silvestres nos trabalhos levantados, corrobora com a tendência observada
na literatura para animais domésticos, sendo este o toxinotipo mais comumente isolado de
amostras de fezes e do meio ambiente. Um fato relevante foi a presença significativa dos
genes cpb2 e cpe em grande parte dos relatos, contudo, ainda não é possível inferir a real
importância destes no surgimento de doenças visto que são identificados tanto em animais
saudáveis quanto nos doentes. Logo, a presente revisão de literatura demonstra e reitera a
necessidade de mais estudos para elucidar a epidemiologia de C. perfringens como comensal
ou mesmo agente patogênico nessas espécies silvestres, como também para esclarecer a
participação dos animais silvestres na disseminação destas bactérias para os animais do-
mésticos e humanos. É urgente conhecer quais patógenos os animais silvestres albergam e
principalmente, qual o papel desses animais nas cadeias epidemiológicas das clostridioses
e o risco zoonótico que podem representar para os seres humanos.

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110
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
09
Efeito da adubação fosfatada no
desenvolvimento vegetativo da
Brachiaria brizantha CV. Mg-5

Aline da Silva Vieira Weverton Peroni Santos


UNIR UFAC

Kelyane Ribeiro de Sousa Caio Bastos Machado


UNIR UNIR

Marciana Pereira da Silva Mariana Moreira dos Anjos


UNIR UNIR

Luciano Klippel Bins Amanda da Silva Vieira


UNIR UNIR

Juliana Caires Figueredo Raison Lucio da Silva Vieira


UNIR UNIR

10.37885/210203398
RESUMO

A Brachiaria brizantha cv MG-5 possui um grande rendimento produtivo e apresenta


alta exigência nutritiva, e o suprimento de fósforo garante grandes atribuições na etapa
inicial do desenvolvimento e manutenção desta gramínea. Objetivo: Avaliar a resposta
da Brachiaria brizantha cv. MG-5 em função da aplicação de diferentes doses de P2O5
aplicados na forma de superfosfato triplo no momento do plantio, para a avaliação de
matéria seca de folhas e colmos, altura de planta, número de perfilho e diâmetro do col-
mo, cultivadas em vasos de polietileno em casa de vegetação. Métodos: O experimento
foi conduzido na fazenda experimental da Fundação Universidade Federal de Rondônia
– Unir, no município de Rolim de Moura, RO. O delineamento amostral utilizado foi intei-
ramente casualizado, com 5 tratamentos sendo eles as dosagens de 0, 100, 200, 400 e
800 kg ha–1 de P2O5 e 5 repetições totalizando 25 baldes. Resultados: Houve diferenças
significativas com o aumento das doses de P2O5, as doses de 604 e 606 kg.ha–1 de P2O5
proporcionaram maior número de perfilho, a altura de plantas atingiu o ponto máximo
com as doses de 507 e 541 kg.ha–1 de P2O5. Para o diâmetro do colmo aos 60 DAS não
apresentou influência significativa em relação às dosagens. Na produção de matéria seca
também apresentaram respostas significativas, porém com dosagens elevadas acima
de 600 kg.ha–1 de P2O5. Considerações finais: De um modo geral, conclui-se que para
o manejo da Brachiaria Brizantha cv. MG-5 a dosagem em média requerida por essa
gramínea é de 576 kg.ha–1 de P2O5.

Palavras-chave: Exigência Nutritiva, Forragem, Produção de Biomassa.

112
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo ficando atrás da Índia, sendo
que a maioria dos rebanhos brasileiros é mantida a pasto, que é o menor custo na produção
da carne bovina se manejado corretamente. Segundo o IBGE (2016) o rebanho de bovinos
no Brasil alcançou 215,2 milhões de cabeças no ano de 2015, aumento de 1,3% frente a
2014 considerando um recorde no aumento do rebanho bovino, o Centro-Oeste teve o maior
número de cabeças de gado entre as grandes regiões com 33,8% da participação nacional.
Os resultados econômicos encontrados pela maioria dos pecuaristas brasileiros estão
muito abaixo da capacidade de produção que se deve principalmente a um manejo nutricio-
nal insatisfatório devido à baixa disponibilidade e qualidade da forragem produzida. Um dos
fatores que interfere na produtividade e na qualidade da forrageira é a baixa disponibilidade
de nutrientes no solo, de modo, em condições favoráveis de clima e precipitação, a fertilidade
se torna um fator determinante na sua produção (BARCELLOS et al., 2001).
A Brachiaria brizantha é uma espécie de boa fertilidade, persistência e capacidade de
rebrota, tolerância ao frio, seca, ao fogo e resistência ao ataque das cigarrinhas-das-pasta-
gens, respondendo muito bem à adubação fosfatada e apresentando boa tolerância a altos
teores de alumínio e manganês no solo (RIOS, 2015).
Diante do exposto se faz necessário estudo que leve a encontrar a melhor dosagem
que represente toda a eficácia do P para o crescimento e desenvolvimento da Brachiaria
visando uma melhor produtividade e uma forragem de qualidade para o animal.

OBJETIVO

Objetivou-se avaliar a resposta da Brachiaria brizantha cv. MG-5 em função da aplica-


ção de diferentes doses de P2O5 na forma de superfosfato triplo no momento da semeadura,
avaliando a produção de matéria fresca e seca de folhas e colmos, altura de planta, número
de perfilho e diâmetro do colmo.

MÉTODOS

O experimento foi conduzido entre março e julho de 2017, sob condições de casa de
vegetação instalada na fazenda experimental da Fundação Universidade Federal de Rondônia
– Unir, localizada na rodovia 383 km 15 norte, do município de Rolim de Moura/ RO, onde se
encontra sobre as seguintes coordenadas geográficas 11°43’47” S e 61°46’47” W. O clima
predominante nesta região segundo a Classificação de Koppen é do tipo Aw – Clima Tropical
Chuvoso onde a média anual da precipitação pluviométrica varia entre 1.400 a 2.600 mm/
113
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
ano, sendo que nos meses de junho, julho e/ou agosto a precipitação é inferior a 20 mm
(MARIALVA, 1999; SEDAM, 2010).
Foram coletadas amostras do solo de 0 - 0,20m de profundidade para fazer uma análise
química da fertilidade do solo como mostra a tabela 1:

Tabela 1. Analise química do solo realizada na camada de 0-20 m de profundidade coletada na área do experimento de
Capim Brachiaria brizantha cv. MG-5.
P K Ca+Mg Ca Mg H+Al Al H Na

mg dm–3 cmolc dm–3

2,56 0,36 5,82 3,66 2,14 4,95 0 4,05 0


SB CTC (t) CTC (T) V% m% MO
pH
cmolc dm –3
%

6,18 6,18 11,13 55,52 0 0,2 5,01

O experimento foi realizado em baldes de polietileno com capacidade de 8 dm3, sendo


preenchidos com Latossolo Vermelho já corrigido coletado na profundidade de 0 - 20 cm
passado em peneiras de 2 mm. A cultura utilizada foi a Brachiaria brizantha cv. MG-5 a qual
foram analisados o número de perfilho por planta, diâmetro do colmo, altura de planta, e teor
de matéria seca de folhas e colmos, submetida a tratamentos de 5 doses de P2O5 (0, 100,
200, 400 e 800 kg ha –1) em forma de superfosfato triplo no dia da semeadura.
O delineamento amostral utilizado foi inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e
5 repetições totalizando 25 baldes. Aos 15 e 30 DAS (dias após a semeadura) foram feitas
as adubações com a aplicação de N (nitrogênio) na forma de ureia (100 kg ha –1) e K2O na
forma de cloreto de potássio (60 kg ha –1) em cobertura. Foi realizado alternância entre os
baldes de 7 em 7 dias para que não houvesse influência do sol ou até mesmo da chuva
sobre o local no qual se encontravam.
A Brachiaria brizantha cv. MG-5 apresenta média resistência a pragas e em função disso
aos 20 e 35 dias DAS foram realizadas aplicações de inseticida a base de Teflubenzuron
com a dosagem de 50 a 100 ml por hectare.
Para avaliação do número de perfilho, diâmetro do colmo e altura das plantas foi
utilizado em média 4 plantas por balde, sendo esses dados obtidos no intervalo de 20,
40 e 60 dias. Já para determinação da matéria seca foi realizado um único corte com 60
DAS da cultura, acondicionada em sacos de papel e levadas à estufa por 72 horas para
posterior pesagem.
Para as análises estatísticas foi utilizado o programa computacional Assistat (Assistência
Estatística – ASSISTAT versão 7.7), no qual os dados foram submetidos à análise de va-
riância de regressão.

114
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
RESULTADOS

Dentre as respostas biométricas das plantas de Brachiaria brizantha cv. MG-5 subme-
tidas às diferentes dosagens de P2O5 aos 20, 40 e 60 dias após semeadura (DAS), houve
efeito significativo de 1% de probabilidade para todas as variáveis analisadas, exceto para a
altura de plantas e diâmetro do colmo aos 60 dias que apresentaram respectivamente, corre-
lação significativa a 5% de probabilidade e efeito não significativo como mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Resumo da análise de variância para diâmetro do colmo (D), altura de plantas (H) e número de perfilho (N.P.)
durante o desenvolvimento de plantas de Brachiaria brizantha cv. MG-5 submetidas à diferentes dosagens de P2O5, aos
20, 40 e 60 DAS.

(20 DAS)
QM (Parâmetros)
FV GL
D (mm) H (cm) N.P.
Doses de P2O5 4 1,2223** 1532,2321** 20,0892**
Resíduo 20 0,6000 39,6388 0,2287
CV (%) - 9,31 16,16 17,33
(40 DAS)
Doses de P2O5 4 8,7508** 1887,6035** 76,6508**
Resíduo 20 0,2837 87,2136 0,78875
CV% - 12,30 11,66 17,35
(60 DAS)
Doses de P2O5 4 33,3969 ns 600,3571 * 77,1750**
Resíduo 20 8,4220 98,9450 0,7287
CV% - 55,67 11,67 13,90
(FV) = Fonte de Variação; (GL) = grau de liberdade; (QM) = quadrado médio; ( ns) não significativo; (*) e (**) significativo pelo teste F em
5% e 1% de probabilidade, respectivamente.

As melhores doses apresentadas aos 20, 40 e 60 DAS foram respectivamente 102,


464 e 557 kg. ha –1 de P2O5 como mostra o Figura 1.

Figura 1. Diâmetro do colmo de Brachiaria Brizantha cv. MG-5 submetido a diferentes dosagens de P2O5, analisado em
20, 40 e 60 DAS, respectivamente.

115
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Com relação aos coeficientes de variação (CV) para todos os períodos de avaliação,
o valor inferior a 10% (baixo) foi observado para o diâmetro do colmo aos 20 DAS. Valores
entre 10% e 30% (mediano) para altura de plantas, números de perfilho aos 20 e 40 DAS
e, para diâmetro do colmo aos 40 DAS. Valor acima de 30% (alto) para diâmetro do colmo
aos 60 dias após semeadura.
Na Figura 2, verifica-se que as doses de fósforo utilizadas influenciaram de forma sig-
nificativa a altura de plantas no período de 20 e 40 DAS com doses de 507 e 541 kg.ha –1 de
P2O5, respectivamente. No intervalo de 40 a 60 DAS observa-se que não houve influência
significativa, demostrando que com a aplicação da dose de 524 kg. ha –1
P2O5 alcançou a
altura máxima. Este resultado confirma a eficácia o fósforo sobre o crescimento de gramíneas.

Figura 2. Altura de plantas Brachiaria Brizantha cv. MG-5 submetidas a diferentes dosagens de P2O5, analisado em 20,
40 e 60 DAS, respectivamente.

Na Figura 3 pode se observar que as diferentes doses de fósforo aplicadas influencia-


ram de maneira significativa o número de perfilho com maiores rendimentos nas doses de
557, 604 e 606 kg. ha –1 P2O5 nos 20, 40 e 60 DAS respectivamente.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figura 3. Número de perfilho Brachiaria Brizantha cv. MG-5 submetido a diferentes dosagens de P2O5, analisado em 20,
40 e 60 DAS, respectivamente.

Podemos observar (tabela 3) que o parâmetro analisado foi significativo para a produção
de matéria seca com 60 DAS pela análise de regressão a 1% de probabilidade.

Tabela 3. Analise de variância da produção da massa seca das folhas e dos colmos (Kg. ha–1) em função de diferentes
dosagens de P2O5 aos 60 DAS do capim Brachiaria brizantha cv. MG-5.

(Massa Seca)

QM (Parâmetros)
FV GL
Folhas (kg) Colmo (kg)

Tratamentos 4 149,255,803.214** 3,630,904.37500**

Resíduo 20 555,975.1250 208,514.12500

CV (%) - 9.07 19.39


Parâmetros: (FV) = Fonte de Variação; (GL) = grau de liberdade; (QM) = quadrado médio; (ns) não significativo; (*) e (**) significativo pelo
teste F em 5% e 1% de probabilidade, respectivamente.

Observou-se, por meio da análise de regressão (Figura 4), efeito significativo das doses
de P sobre a produção de matéria seca de folhas, com resposta quadrática das forrageiras
obtendo-se a máxima produção com a dose de aproximadamente 588,45 kg. ha–1 de P2O5,

117
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figura 4. Produção de massa seca em kg.ha–1 de Brachiaria Brizantha cv. MG-5 submetido a diferentes dosagens de P2O5,
analisado em 60 DAS.

DISCUSSÃO

A inexistência de correlação entre as dosagens de P2O5 e o diâmetro do colmo aos 60


dias após a semeadura, pode se justificar pelo fato da cultivar B. brizantha ter grande limita-
ção à deficiência de P em sua fase inicial de desenvolvimento, ou seja, a disponibilidade de
fósforo à planta é considerada como fator de arranque no início de seu ciclo de vida, de modo
que, a planta tende a não recuperar esta falta posteriormente, mesmo que fornecido P em
quantidades adequadas para seu desenvolvimento juvenil, ocasionando assim resultados
insatisfatórios em sua produção (GRANT et al., 2001). Sendo assim, o diâmetro do colmo
por não apresentar nenhuma relação significativa à analise, evidencia que age de maneira
independentemente as demais variáveis (BONFIM-SILVA et al., 2012).
Quando trabalhamos com coeficientes de variação normalmente é considerado até 10%
como baixo, dentre 10% a 30% mediano, e acima de 30% como alta precisão experimental,
todavia essa classificação não leva em considera a espécie estudada, variáveis analisadas,
heterogeneidade do ambiente, e tamanho da parcela principalmente (COUTO et al., 2013).
Estudos realizados por BENETT et al. (2009) foi observado à altura de planta em função
das doses de fósforo, com ponto de máximo sendo estimado com aplicação de 242 kg ha–1
de P2O5. Este resultado confirma, o efeito positivo do fósforo sobre o crescimento das plantas
forrageiras, sendo assim, adubação fosfatada pode favorecer a rebrota desta gramínea, e
consequentemente, dar mais agilidade no manejo da pastagem.
Resultados semelhantes foram encontrados por REZENDE et al. (2011) onde o maior
número de perfilho foi encontrado nos tratamentos que receberam adubação fosfatada, este
118
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
fato pode ser explicado pela maior disponibilidade de P no solo, pois em geral, a aplicação
do P favorece o aumento do perfilhamento das plantas forrageiras.
Segundo RAMOS et al. (1997), ao avaliar doses de fósforo na produção de gramíneas
forrageiras em solos ácidos e de baixa fertilidade verificou que a máxima produção de ma-
téria seca seria obtida com a aplicação de 68,8 kg ha–1 no período chuvoso e 90 kg ha–1 de
P2O5no período seco. Obteve-se efeito significativo nas doses de P na produção de matéria
seca do colmo tendo uma resposta também quadrática sendo que a máxima produção foi
alcançada com a aplicação de aproximadamente 550,65 kg.ha–1 de P2O5. BENETT et al.
(2009) trabalhando com doses de fósforo em Brachiaria brizantha cv. Marandu, também
obtiveram resposta quadrática em relação a produção de matéria seca.
Pode-se observar que com a aplicação de doses superiores a 600 kg.ha–1 de P2O5 há um
decréscimo na produção de matéria seca em ambas as partes, sendo inviável sua aplicação,
o que se confirma nos resultados de MAGALHÃES et al. (2007), onde doses crescentes de
fósforo não influenciaram a produção de MS da folha da Brachiaria decumbens. O que de-
monstra a importância da utilização correta da dosagem de adubação, sempre se baseando
na análise química do solo, já que as fontes desse nutriente têm valor elevado e sua defi-
ciência pode acarretar, dentre outros fatores, a diminuição na produção de matéria seca das
plantas, devido à redução da síntese de ácidos nucléicos e de proteínas, e o retardamento
no crescimento das células (GRANT et al., 2001).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O capim Brachiaria Brizantha cv. MG-5 apresentou respostas significativas com o au-
mento das doses de P, aplicadas na forma de superfosfato triplo, sendo as doses crescentes
de 604 e 606 kg. ha–1 P2O5 onde proporcionaram maior número de perfilho, já a altura de
plantas atingiu o ponto máximo com as doses de 507 e 541 kg. ha–1 P2O5. O diâmetro do
colmo aos 60 DAS não foi alterado pelas doses de fósforo.
Observou-se que houve um aumento na produção de matéria seca das folhas e do
colmo de acordo com o aumento das doses de P, mas com dosagens elevadas sendo acima
de 600 kg. ha–1 P2O5 a uma diminuição na produção da mesma.
De um modo geral, conclui-se que para o manejo da Brachiaria Brizantha cv. MG-5 a
dosagem em média requerida por essa gramínea é de 576 kg. há–1 de P2O5, visando se obter
a melhor altura de plantas, número de perfilho, matéria seca e até mesmo diâmetro do colmo.

119
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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6. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PPM. Rebanho bovino alcança a marca
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120
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
11. RIOS, R. S. Monografia, Aspectos morfológicos de Brachiaria brizantha cv. Marandu sob dife-
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12. SEDAM. Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental.2010 [Acesso em 27 de fevereiro


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cons._Marcelo_FINAL[1].pdf>.

121
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
10
Escola um espaço importante de
informação em saúde bucal para
escolares do ensino básico da Escola
Municipal Francisca Mafra de Carvalho
de Manacapuru-Amazonas

Larisse de Vasconcelos Ramos


UEA

Sonia Maciel da Rosa


UEA

10.37885/210203146
RESUMO

Campanhas e ações educativas em saúde encontraram na escola o suporte necessário


para o seu desenvolvimento, sendo um espaço privilegiado de convivência e de intensas
interações sociais. Esta pesquisa objetivou avaliar o nível de conhecimento dos escolares
sobre saúde bucal e o programa que atua na escola. A pesquisa foi realizada com alu-
nos do 2º ano. Os procedimentos metodológicos consistiram em pesquisa bibliográfica
e questionário. A partir da análise das respostas, verificou que a escola é um espaço de
informação em saúde bucal onde acontecem ações de promoção de saúde através do
PSE (Programa de Saúde Escolar), desenvolvido pela equipe odontológica e que, embora
as ações do programa sejam executadas na Escola, ainda há falhas de informações entre
os escolares. E ainda permitiu a atualização das informações de prevenção quanto a
aspectos em que havia deficiência de informação, sendo necessário mais atenção com
as parcerias voltados para a promoção da saúde bucal.

Palavras-chave: Educação Básica, Saúde Bucal, Prevenção.

123
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

O PSE (Programa de Saúde Escolar) visa à integração e articulação permanente da


educação e da saúde, proporcionando melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
Tem como objetivo contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações
de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabi-
lidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública
de ensino. O público beneficiário do PSE são os estudantes da Educação Básica, gestores
e profissionais de educação e saúde, comunidade escolar e, de forma mais amplificada,
estudantes da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e da Educação de
Jovens e Adultos (PORTARIA 3696-10)
No PSE a criação dos Territórios locais é elaborada a partir das estratégias firmadas
entre a escola, a partir de seu projeto político-pedagógico e a unidade básica de saúde. O pla-
nejamento destas ações do PSE considera: o contexto escolar e social, o diagnóstico local
em saúde do escolar e a capacidade operativa em saúde do escolar. A Escola é a área
institucional privilegiada deste encontro da educação e da saúde: espaço para a convivência
social e para o estabelecimento de relações favoráveis à promoção da saúde pelo viés de
uma Educação Integral (PORTARIA 3696-10).
Desde o momento que nasce, o ser humano estabelece relações com a sociedade e
natureza, sofrendo assim agressões constantes. Desse modo, o corpo humano reage com
o surgimento de doenças. Estas são oriundas de uma diversidade de fontes que necessi-
tam ser diagnosticadas precocemente para que se retorne ao corpo saudável. Para que
isto seja possível, o indivíduo, desde a gestação, deve viver em meio favorável à saúde,
sendo acompanhado por profissionais capacitados para a prática de promoção da saúde
e prevenção de doença (MICKEOWN, 1982; MINAYO, 1993). Desse modo de acordo com
Czeresnia e Freitas (2003) a palavra saúde remete à pessoa de corpo e mente saudável,
sendo estabelecida num corpo quando seus órgãos trabalham em harmonia.
A doença cárie é um problema social, comportamental e odontológico. Abordagem
integral da cárie dentária requer a compreensão da estrutura e funcionamento da família,
costumes, hábitos alimentares e nível socioeconômico (SAITO et al, 1999). Para Bonow e
Casalli (2002) a etiologia da doença está associada a fatores biológicos, que incluem higiene
bucal deficiente e hábitos alimentares inadequados, além disso, é a doença mais prevalente
que afeta o ser humano, manifestando-se com índice muito alto, principalmente na infância.
Ela aparece com frequência em crianças em idade escolar (3 a 14 anos), onde ocorre alta
frequência de consumo de sacarose, associada a uma higiene bucal deficiente, favorecendo
a prevalência da mesma.

124
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Considerando que a cárie dentária se manifesta em altos índices na fase escolar,
recomenda-se a intensificação da atenção odontológica a essa clientela, principalmen-
te com ações preventivas e promocionais (CASTRO et al, 2002). Segundo Vasconcelos
et al (2001) a escola tem sido considerada um local adequado para o desenvolvimento de
programas de saúde por reunir crianças na faixa etária propícia à adoção de medidas edu-
cativas e preventivas.
De acordo com Moura (2005), no século XX, campanhas e ações educativas em saú-
de encontraram na escola o suporte necessário para o desenvolvimento dos programas de
saúde. Deste modo, a escola é considerada um espaço privilegiado para ações em saúde, é
um espaço de convivência e de intensas interações sociais, podendo vir a ser, portanto, um
terreno fértil para implantação de propostas, estratégias e ações que envolvam promoção
de saúde. O trabalho de educação em saúde constitui ferramenta poderosa para se alcançar
a saúde, se considerar a população escolar como um grupo favorável para trabalhar estas
práticas precocemente, com base na sensibilização, conscientização e mudança de hábitos.
Assim, a educação em saúde bucal vem sendo aos poucos introduzida na vida das
pessoas, levando à conscientização de que a cavidade bucal é tão importante quanto o
resto do corpo e, com isso, favorece a melhoria de saúde dos indivíduos. A proposta de
educação em saúde bucal dos programas do governo para escolares é uma estratégia para
mudar o panorama nacional da saúde bucal, afinal, os hábitos construídos durante a infância
perduram por toda a vida.
A Escola Municipal Francisca Mafra de Carvalho de Ensino Fundamental está localiza-
da nas proximidades de uma unidade Básica de saúde e verifica-se que a maior parte dos
estudantes são de famílias com baixas condições socioeconômicas, e também que grande
parcela desses alunos nunca teve acesso a atendimento odontológico. Dessa forma, torna-
-se interessante verificar o que os escolares sabem sobre saúde bucal e qual a influência
que o PSE exerce sobre os alunos do 2º ano do Ensino Fundamental da referida escola, a
partir disso trabalhar a importância da higiene bucal no dia-a-dia dos alunos, frisando que
a informação é o melhor caminho para a prevenção de doenças bucais, promovendo assim
saúde e qualidade de vida para essas crianças.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na Escola Municipal Francisca Mafra de Carvalho, localizada na


Rua Josefa Menezes, nº 214, Bairro Morada do Sol, município de Manacapuru-Amazonas.
Essa escola trabalha com a Educação Básica do Ensino Fundamental, com alunos na faixa
etária de seis a quinze anos de idade. Este trabalho teve uma abordagem quantitativa e
qualitativa, de modo que os dados foram obtidos diretamente com os escolares, permitindo
125
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
assim uma maior segurança na coleta dos mesmos. O estudo foi desenvolvido nas turmas de
Ensino Fundamental 2º ano A e B, cujos alunos encontravam-se na faixa etária de sete a oito
anos, no turno matutino. Cada turma era composta por 26 alunos, totalizando 52 discentes.
De acordo com o PSE ofertado pelo Ministério da Saúde foi redigido um questionário
aos escolares, que seria trabalhado em sala, visando levantar os conhecimentos prévios dos
alunos sobre saúde bucal. Em outro momento, aplicou-se um questionário à cirurgiã-dentista
da escola, com a finalidade de conhecer as concepções dessa profissional no que diz respeito
às ações de saúde bucal promovidas na unidade de ensino. Também foi entrevistada, por
meio de questionário com perguntas abertas, as duas professoras que lecionam nessas tur-
mas e uma amostra de dez pais, sendo cinco representantes de cada turma. O questionário
visou conhecer o trabalho da equipe desenvolvido na escola e a proposta do programa PSE
ofertada para os escolares. As informações dos questionários foram plotadas em gráficos,
no caso das questões fechadas, elaborados por meio do programa Microsoft Excel, a fim
de obter valores quantitativos e qualitativos das informações adquiridas
Após a obtenção dessas informações, trabalhou-se no mês de dezembro de 2014, com
os discentes, palestras educativas permitindo a abordagem dos conceitos em saúde bucal e
em uma das palestras contou com a presença da cirurgiã-dentista. Utilizou-se os seguintes
recursos oferecidos pela escola para a realização das palestras: macro modelo de boca
com dentes, modelo de escova e modelos de dentes com as principais doenças bucais.
Após a execução de todas as atividades, distribuiu-se aos escolares uma cartilha educativa
com as principais informações sobre saúde bucal, tendo como proposta motivar os alunos
a praticarem os hábitos de higiene bucal que aprenderam e divulgar essas informações a
seus familiares e à comunidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Concepções dos escolares sobre saúde bucal

Quando questionados sobre a natureza patológica da cárie dentária, a maioria dos


alunos responderam que consideram a cárie uma doença transmissível (Figura 1).

Figura 1. Concepção dos alunos acerca da natureza patológica da cárie dentária.

0%
19% 25%
Não é doença

É doença, mas não é


56% transmissível

126
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Em relação ao conceito de cárie dentária grande porcentagem dos escolares apresenta
conhecimento do conceito de que a cárie dentária é uma doença transmissível, visto que
alguns descreviam os agentes causadores dessa doença usando termos como “bichinhos
que atacam os dentes” e “bactéria da boca”, e que a pessoa “pode pegar pela colher e pela
escova”. A cárie dentária é definida como uma doença, pós-eruptiva, transmissível, influen-
ciada pela dieta e que é, quase sempre, caracterizada por uma destruição progressiva e
centrípeta dos tecidos mineralizados dos dentes (SOUZA; FRACASSO, 2010).
Em relação à frequência diária com que os escolares escovam os dentes a maioria
disseram que escovam os dentes três vezes ao dia. (Figura 2).

Figura 2. Frequência diária de escovação dos dentes pelos alunos.

Grande parcela dos escolares confirma que realiza a higiene dos dentes três vezes ao
dia, relatando que faz a higiene nos intervalos entre as refeições e principalmente à noite,
depois do jantar. Naressi e Moreira (1982) afirmaram que escovar os dentes três vezes ao
dia é importante na prevenção de doenças bucais.
Segundo Couto et al (1997) resultados satisfatórios em relação à higiene bucal so-
mente é conseguido se o indivíduo sentir necessidade de manter a sua própria higiene
bucal. Os alunos afirmam que são orientados à realizarem a higiene bucal sempre nos in-
tervalos mencionados, priorizando-se a escovação antes de dormir sendo a mais importante
na prevenção de doenças bucais.
Buischi (2000) relata que o uso frequente da escova não é sinônimo de limpeza e nem
evita a perda dental, o mais importante é a qualidade da escovação. As escovas dentais
são os instrumentos mais comuns e econômicos utilizados pelo indivíduo para remoção
mecânica do biofilme e a substituição das mesmas deve levar em consideração o local de
armazenamento, o tempo de uso, o estado de saúde da criança, além da deterioração das
cerdas (SGAN-COHEN E ADUT, 2003).
Com base nas informações a respeito do material utilizado para realizar a escovação,
83% realizavam escovação com sua própria escova e faziam uso de creme dental (Figura
3). É evidente que hoje se utiliza escova de dente e creme dental para a higienização dos
dentes, mas devido a fatores econômicos, ainda há relatos que pequena parcela dos alunos
127
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
participantes da pesquisa divide sua escova com alguém da família. Mas, como se esperava,
a grande maioria faz uso da sua própria escova para realizar a higiene bucal.

Figura 3. Material utilizado pelos alunos para escovação dos dentes em suas casas, como pasta e escova.

Tais alunos também relataram que seus responsáveis realizavam a troca periódica das
escovas. E isso coincide com Pereira et al (2005) e Fraga et al (1999) que observaram não
ser comum o uso da mesma escova por outros membros da família quando esses indivíduos
participam de programas de educação em saúde bucal.
Quando se perguntou sobre os motivos pelos quais se devem manter os dentes sau-
dáveis, a maioria dos discentes considerou que era para manter a saúde da boca (Figura 4).

Figura 4. Motivos pelos quais os alunos consideram importante ter dentes saudáveis e saúde bucal.

Observa-se que os escolares participantes da pesquisa, os quais ainda apresentavam


dentes decíduos, consideram importante manter a saúde dos dentes, pois estes desempe-
nham diversas funções, influenciando na qualidade de vida do indivíduo. Segundo Nogueira
et al (1998), o dente decíduo é importante para o bom desempenho das funções mastiga-
tórias, articulação, fonação e oclusão.
Ao se perguntar a respeito do flúor verificou-se que a maior parte dos alunos não tem
conhecimento sobre a utilidade dessa substância (Figura 5).

128
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figura 5. Conhecimento dos alunos sobre a utilidade do flúor, quanto a função do flúor para os dentes.

Observou-se que apenas uma pequena parcela tem conhecimento do que é o flúor,
ou seja, a maioria desconhece sua utilidade e, além disso, não sabem que fazem uso do
mesmo nos cremes dentais em casa e na escovação supervisionada executada na Escola
pelos profissionais capacitados. O flúor está associado à prevenção da doença cárie e tem
sido o elemento mais utilizado para fortalecer as estruturas dentais em todas as suas formas
de administração, seja ela sistêmica, através de fluoretação da água de abastecimento ou
prescrição de suplementos na forma líquida ou de comprimidos; e na forma tópica, através
dos dentifrícios, bochechos, géis e vernizes de flúor (NARVAI, 2000).

Considerações da cirurgiã-dentista sobre o PSE

Ao se realizar a entrevista com a cirurgiã-dentista que executa o PSE (Programa Saúde


Escolar) na escola Francisca Mafra de Carvalho, a primeira pergunta foi a respeito de como
esse programa é aplicado aos escolares e quais as atividades ofertadas pelo programa, a
profissional respondeu que são aplicadas em quatro etapas: exame epidemiológico, palestra,
escovação supervisionada e aplicação tópica de flúor.
De acordo com o Ministério da Saúde (2011) as ações coletivas devem ser executadas,
preferencialmente, pela equipe odontológica em específico o pessoal auxiliar ou técnico em
saúde bucal. A abordagem coletiva pode incluir os seguintes procedimentos: exame epide-
miológico; educação em saúde bucal; escovação dental supervisionada; entrega de escova
e dentifrício fluoretado e, sempre que possível, de fio dental; aplicação tópica de flúor (ATF):
para se instituir a aplicação tópica de flúor de forma coletiva, deve ser levada em consideração
a situação epidemiológica dos grupos populacionais locais em que a ação será realizada.
Em seguida questionou-se a profissional se as etapas eram cumpridas com os esco-
lares a resposta foi não, embora o programa seja elaborado com o objetivo de cumprir e
suprir todas as atividades propostas como (prevenção e curativa), infelizmente na maioria
das vezes deixa lacunas, por diversos motivos tais como falta de manutenção nos equipa-
mentos odontológicos necessários e indispensáveis para a parte curativa, ocorrendo assim
o não cumprimento de todas as atividades ofertadas pelo programa.
129
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Quando questionada a respeito se o programa traz benefício aos escolares e como
ela poderia constatar isso a resposta foi que sim traz benefício aos escolares, desde que
seja executado corretamente, proporcionando assim informações e ações importantes para
a manutenção de uma boa saúde bucal dos alunos.
A última pergunta questionava se, na opinião da cirurgiã-dentista, apesar de todas as
propostas ofertadas aos escolares, ainda existia deficiência de informações sobre saúde
bucal no meio discente. A profissional admitiu que sim, justificando, mesmo que atualmente
as informações cheguem a uma grande maioria, ainda existe falta de informação sobre saúde
bucal. Percebe-se pelas respostas que o programa de saúde bucal, ainda está se aperfei-
çoando, e mais recursos são necessários para que os resultados sejam mais eficientes.

Considerações do gestor e professoras sobre o PSE

Quanto aos questionamentos realizados com o gestor da escola ele relata que o progra-
ma PSE é muito importante, pois contribui para a saúde dos alunos e trabalha com atividades
direcionadas a prevenção. Quanto aos materiais motivacionais básicos ofertados nas ações
de saúde o gestor acha suficiente os modelos bucais utilizados pela equipe odontológica
e ressalta que esse trabalho vem repercutindo nos hábitos de higiene bucal dos alunos e
que a equipe sempre está presente nos dias normais de funcionamento da escola para o
acompanhamento. Quando questionado a respeito de sugestões para melhoria do PSE
na escola ele frisa que as palestras são ações importantes, mas que se faz necessário um
maior envolvimento dos membros do PSE nas reuniões dos pais e mestres da escola, para
que a interação pudesse ser maior e surtisse resultados mais satisfatórios com o acompa-
nhamento dos pais em casa.
A professora da turma A relata que a única atividade ofertada pelo PSE na escola é o
da higiene bucal. Quanto ao papel do professor para a efetivação do PSE ela acredita que
seja através do acompanhamento e divulgação desse projeto. Quando questionada se ela
trabalha os cuidados com a higiene bucal na sala de aula respondeu que sim, através de
conscientização e temas transversais de higiene e saúde. Enfatiza que o programa é muito
importante pois traz benefícios aos alunos.

Considerações dos pais sobre o PSE

Dentre os dez pais entrevistados todos foram do sexo feminino, sendo, mais frequentes
as mães para deixar os filhos na escola, predominando como profissão das mesmas pes-
cadora, costureira e dona de casa. Vale ressaltar que Manacapuru é uma cidade no interior
do Amazonas com 100 mil habitantes, sendo a terceira maior cidade do estado, drenada
pelo Rio Solimões e tem na pesca um de seus meios de subsistência. Nos questionamentos 130
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
realizados para as mães verifica-se uma unanimidade nas respostas onde relatam conhecer
as atividades de ações de saúde na escola, citando a presença da dentista, enfermeiras e
técnicas de enfermagem que aplicam as vacinas.
Quando questionadas se o filho (a) obteve conhecimento e hábitos de higiene bucal a
resposta foi positiva para todas as entrevistadas, ressaltando ainda que houve uma melhora
na escovação e que os mesmos realizam o processo por conta própria e com frequência de 3
a 4 vezes por dia, sempre após as refeições. A respeito da importância das ações de saúde
na escola consideram muito importante, pois evita a cárie e doenças, os alunos aprendem
muito e transmitem em casa para a família, não comem mais muito doce e mantém um bom
hálito bucal, realizando a escovação por conta própria.

CONCLUSÃO

Esse trabalho permitiu constatar que os alunos do 2ª ano do ensino Fundamental rece-
bem informações sobre saúde bucal promovido pelo programa PSE e permitiu a atualização
das informações com os escolares sobre saúde bucal, para que assim esses alunos criem
hábitos de higiene bucal, contribuindo na saúde e qualidade de vida para si e se possível
compartilhando essas informações aos seus familiares e amigos. O programa tem uma im-
portante repercussão na escola, os professores, pais, cirurgiã-dentista e gestor enfatizam a
importância do mesmo e as mudanças de hábitos que essa faixa etária vem apresentando,
tanto na escola como em casa. Ainda é necessário aperfeiçoamento do PSE na escola de
forma que haja maior interação entre a equipe, os alunos, pais e mestres para que os re-
sultados sejam mais satisfatórios quando os alunos forem questionados a respeito do tema.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por oportunizar a realizar esse trabalho. A Família pelo apoio e
compreensão nas ausências do dia a dia. A Universidade do Estado do Amazonas por
proporcionar a oportunidade de ingressar no curso de Ciências Biológicas na cidade de
Manacapuru. A professora Sônia Maciel da Rosa por suas orientações para realizar esse
trabalho. A escola Francisca Mafra de Carvalho pela permissão de realizar a pesquisa com
os alunos, a cirurgiã-dentista, professoras e gestor, pela sua disposição em contribuir para
a entrevista, enfim, a todos vocês meus eternos agradecimentos.

131
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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133
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
11
Diversity of Soil Filamentous Fungi
Influenced by Marine Environment in
São Luís, Maranhão, Brazil

Igor Vinı´cius Pimentel Rodrigues


NIBA

Katia Regina Assunção Borges


NIBA

Marcos Antonio Custo´dio Neto da Silva


UNICAMP

Maria do Desterro Soares Brandão


Nascimento
UFMA

Juliano dos Santos


UFMA

Alexandre Santana Azevedo


UFMA

Geusa Felipa de Barros Bezerra

10.37885/210303701
RESUMO

Introduction. In recent decades, there has been an intensification of environmental pro-


blems, which are becoming increasingly critical and frequent due to population growth.
Microorganisms, including soilborne fungi, play an essential role in maintaining and ba-
lancing the environment. One of the most impacted ecosystems in São Luís, Maranhão,
Brazil, is the Jansen Lagoon State Park, an important tourist spot, which has suffered
anthropogenic actions such as the dumping of household waste (sewage) in its body of
water. As a consequence, these pollutants can accumulate in the adjacent soil, since the
body of water is near this substrate. The objectives were to isolate and identify filamen-
tous fungi from the soil of the Jansen Lagoon State Park. Methods. Monthly soil samples
were collected and later processed using the modified suspension technique according to
Clark (1965). Results. The isolated genera were Aspergillus, Penicillium, Trichoderma,
Absidia, and Fusarium. Aspergillus is the fungal genus of greater dominance in the soil
of the Jansen Lagoon State Park. Aspergillus niger was the dominant species (37%),
followed by A. tamarii (21.6%). Conclusion. The main isolated fungi from the Jansen
Lagoon State Park were Aspergillus niger and Aspergillus tamrii. These fungi can be
used as biological markers of pollution and as biodegraders and/or bioremediators to
improve the area studied.

Palavras-chave: Fungi, Taxonomy, Diversity.

135
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
BACKGROUND

The twentieth century is a period in history marked by extremely dynamic civilizatio-


nal and technological development, such as industrialization, wars, and intensive use and
inappropriate disposal of heavy metals and synthetic xenobiotics, leading to many environ-
mental problems [1].
Soil contamination is a problem that is becoming increasingly alarming in many countries
mainly because of unbridled and often unplanned population growth. Contaminated lands
pose a potential risk to human health, and the perception about this problem during the last
few years has led to international remediation measures in these areas both in an attempt
to alleviate the health risk arising from the side efects caused by the contamination of these
en- vironments and to make this resource reusable [2].
Currently, there are data generated by epidemiological studies showing the important
role of fungi in respiratory diseases in the indoor and outdoor environments [3].
Fungal sensitization is not only found in patients with asthma, but it is now considered
a risk factor for the development of asthma [4,5].
However, fungi are also recognized for their remarkable ability to degrade complex
natural materials, such as lignin, chitin, and cellulose, into simpler substances. Specifically,
filamentous fungi are known for their distinct attributes to thrive under extreme pH, tempe-
rature, and nutrient vari- ability conditions and to tolerate high metal concentrations [6–8].
Taking advantage of this, researchers have been using these microorganisms to remove
pollutants from the environment. This process is called bioremediation and is eco- logically
correct and efective for the treatment of contaminated areas [2].In Brazil, bioremediation
still remains largely in the theoretical field, with few practical examples. However, there is a
potential for expansion of this reality because Brazilian soil has physicochemical characte-
ristics, such as high organic matter availability, that contribute to the degradation of several
contaminants. In addition, environ- mental factors such as high temperature, relative humidity,
and oxygen content create an environment conducive to the application of the bioremediation
technique [6].In São Luís, Maranhão, one of the most impacted ecosystems is the Jansen
Lagoon State Park, which sufered from the impoundment of the stream that receives the same
name, for the construction of Ana Jansen Avenue. This lagoon continuously receives releases
of sewage whose toxic substances are deposited in the sediments and in the adjacent soil [9].

136
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Therefore, this work aimed to isolate and identify filamentous fungi from the soil of the
Jansen Lagoon State Park in São Luís do Maranhão.

METHODS

Sample Collection

The soil was collected in the Jansen Lagoon State Park, which is located among São
Francisco, Renascença I, Renascença II, Ponta D’Areia, and Ponta do Farol districts (Figure 1)
The geographic coordinates of the area are 2°29′56″S 44° 17′59″W. It is located in the
northwest region of São Luís, 4.0 km away from the Historic Center—World Heritage Site.
Next to it are located the beaches of greater flow of bathers: Ponta D’Areia, Ponta do Farol,
Marcela, and Calhau.
The Jansen Lagoon is a coastal body of water with characteristics of mangrove.
The water is brackish and rich in organic matter and allochthonous materials, i.e., its
origin is not from the place where they are found. It occupies 140 hectares with an average
depth of 1.0 m and the soil at the north (N) point of the Jansen Lagoon State Park is sandy
and has a dark color due to the large amount of organic matter on it [10]. 0e surroundings
presented a lesser flow of people, despite the fact that there is a little playground nearby.
The soil at the south point (S) is sandy and drier than that at the north point. It has an
orange coloration and there is a large amount of litter on it. Plastic tailings were observed,
probably due to the fact that it is located near a region where there is a greater flow of people
(in front of a gym).
The soil at the east (L) point is located very near the body of water, being an extremely
polluted region where it was observed direct discharge of sewage in the water through a
pipe. The soil was very moist and muddy. Inadequately discarded plastic cups were ob-
served on the site.
The soil at the west (O) point is also located near the body of water and is sandy, pre-
sented an orange coloration, and also there is a large amount of litter on it. It is a region with
little flow of people.
Four (4) soil samples from the Jansen Lagoon State Park—São Luís, Maranhão, Brazil,
were collected in the months of April, May, June, August, September, and Oc- tober from
each point: north (2°30′13″S 44°17′53″W), south (2°29′35″S 44°17′52″W), east (2°29′37″S
44°18′10″W), and west (geographic coordinate: 2°29′35″S 44°17′52″W).
The samples were obtained from a depth of up to 20 cm, using a sterile spoon according
to da Silva et al. [11] with modifications because we did not randomize our samples. They

137
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
were then placed in a zipped plastic bag and trans- ported to the Laboratory of Mycology
(NIBA/DEPAT/ CCBS/UFMA) where they were processed.
The three first samplings occurred during the rainy season in São Luís, from April to
June 2016. The first sampling occurred in April, and the average temperature was 30°C and
the relative humidity was 75%. The second was carried out in May, where the average tem-
perature was 32°C and the relative air humidity was 79%. The third was carried out in June,
and the average temperature was 30°C and the relative humidity was 62% [12].
The three last samplings occurred in the dry season from August to October 2016. The
fourth sampling was carried out in August, and the average temperature was 29°C and the
relative humidity was 62%. The fifth sampling was per- formed in September, and the average
temperature was 32°C and the relative humidity was 61%. The sixth sampling was performed
in October, and the average temperature was 32°C and the relative humidity was 60% [12].

Isolation Method of the Filamentous Fungi Collected

To obtain the isolation of fungal colonies, the serial sus- pension technique was perfor-
med according to Clark [13] with modification, in which 25 g of soil sample was homogenized
in 225 mL of sterile distilled water. The dilutions of 10−2 and 10−3 containing 0.1 mL of the
suspension were pipetted on plates containing Sabouraud agar plus 10% chloramphenicol
solution (100 mg/10 mL alcohol) [14]. Petri dishes were incubated at room temperature for
five days until fungal colonies appeared (5–15 days according to the growth of fungi).
The different colonies were subcultured onto test tubes (18 x 180 mm) containing
Sabouraud agar to work on fungal purification. Petri dishes containing specific culture media
such as Czapek-Dox Agar and Potato Dextrose Agar (PDA) were also used for the identifi-
cation of isolated fungi according to morphology and cultural features.

Identification of Filamentous Fungi Collected

The macroscopic characteristics (texture and coloration of the obverse and reverse of
each colony) were observed. For the microscopic characteristics, the microculture technique
was used according to Ridel [15] with modification, following the protocols already existing in
the Mycology Laboratory (NIBA/DEPAT/CCBS/UFMA) [16–18] to ensure the visu- alization
of the fruiting structures of each fungus. With this microscopic finding added to the macros-
copic observations and, also, the aid of atlas [19], renowned scientific sites specialized in
the taxonomy of microscopic fungi [20], and taxonomic keys [21], the taxonomy of the fungi
was reached. A representative of each species was deposited in the Fungi Collection of the
Federal University of Maranhão.

138
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figure 1. Study area location: Laguna da Jansen State Park and the four collection points: N, S, E, and W.

Data Analysis.

The number of colony-forming units (CFU) was calculated by multiplying the number
of isolated colonies by the inverse of the inoculated dilution, following the formula: CFU/mL
number of colonies/inverse of the dilution [22].
For the calculation of dominance of the species found in this study, the following for-
mula was used [22]:

where d is the dominance of the species; ai is the total CFU of a given species; n and Σai
are the sum of CFUs of all species. For the calculation of species frequencies, the following
formula was used [22]: F b/a 100, where F is the frequency of the species, b is the number
of samples in which a given species was recorded, and a is the total number of samples.

Statistical Analysis

The data (number of CFUs isolated) were analyzed using the software Statistica version
7.0 for Windows (2007). The data of CFUs were transformed to log (x) in order to obtain a
normal distribution. Rarefaction curve of samples was made in Biodiversity Pro Software
[23]. Descriptive statistical techniques were used to assess all of the variables, with the aid
of graphs and tables of frequencies. After that, the ANOVA test was performed followed by
Tukey’s posttest according to the analysis, with statistical significance if p ≤ 0.05.

139
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
RESULTS

Dominance and Frequency of Fungal Species.

Regarding fungi collection and identification, our results showed that Aspergillus niger
was the dominant species (37%), followed by A. tamarii (21.6%), Penicillium citrinum (10%),
Aspergillus flavus (8.7%), and Trichoderma koningii (7.7%).
Aspergillus niger was the most frequent species, found in 50% of all samples, Aspergillus
flavus in 33%, Aspergillus tamarii and Penicillium citrinum in 17%, and Aspergillus sclerotio-
rum and Aspergillus fumigatus in 12% of the samples studied (Table 1).

Correlation of Environmental Factors and the Number of Colony-Forming Units


Recovered.

Table 2 shows that we recovered a greater number of colony-forming units (CFUs) in


the dry season (August to October) when compared to the rainy season (April to June) (p
0.0431). However, when the variables sampling sites and seasons were correlated, there
was no statistically significant difference between them (p = 0.41), as shown in Figure 2.

Rarefaction Curve of Fungal Species Collected.

The rarefaction curve showed that we made a satisfying sampling effort in this study,
since the curve that represents the diversity of species collected stabilized at the end of the
samplings, as shown in Figure 3.

DISCUSSION

In a Brazilian Cerrado region, located in Mato Grosso, Garcia et al. found that Penicillium
and Aspergillus were amongst the dominant fungal genera isolated, with percentages of 28%
and 5%, respectively, which was reasonable since both the areas studied in this research
and in our work are characterized by having a tropical climate with two distinct seasons: a
dry and a wet season [24]. In this work, we found that Penicillium and Aspergillus were the
dominant fungal genera, which was corroborated in other research studies using soil as the
substrate [25], since we found twelve species belonging to the genus Aspergillus and three
to the genus Penicillium.
During the dry season, greater fungal genera and colonyforming units were found,
suggesting that, in this period, there is, probably, a greater dispersion of the propagules

140
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
due to the greater intensity of the wind [26, 27] and a high concentration of spores in the air
results in increases in allergic diseases of the respiratory system [28].
Among the fungi found in the dry season, we highlight two species that, according to
the literature [29, 30], produce allergens substances that can trigger Igemediated allergic
reactions: Aspergillus fumigatus and Penicillium citrinum. It is important to emphasize that
these species were found in regions with a significant flow of people (south and east), which
makes this an alarming public health issue.
The high fungal abundance found in both rainy and dry seasons can be explained by the
characteristic environmental conditions of these climates. A high relative humidity is essential
for the development of fungi, whereas sunny weather contributes to the release of spores [17].

Table 1. Total number of colony-forming units of fungi isolated in Jansen Lagoon State Park, São Luis, State of Maranhão,
between April and October 2016, per sampling sites.

CFUs: colony-forming units.

Table 2: Total averages of CFUs per sampling sites and per season, in Jansen Lagoon State Park, São Luis, State of
Maranhão, in 2016

A,BSignificantly different averages by Tukey’s test (α= 0.05)

It was demonstrated that the fungus Aspergillus niger, also isolated from contaminated
soil, was able to remediate synthetic and industrial wastewaters after a biological system
called Fenton treatment was utilized. It was observed that when this treatment and the mi-
croorganism were combined, the decolorization of the effuents was even more effective [31].
141
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Also, another study found that two strains belonging to the Penicillium genera were
able to degrade crude oil from a petroleum-polluted area, thus presenting a high activity in
aliphatic hydrocarbon degradation [32]. A review pointed out that several Trichoderma spe-
cies, including T. koningii, which was isolated in this work, possess the ability to metabolize a
variety of both highand low-molecular-weight polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) such
as naph- thalene, phenanthrene, chrysene, pyrene, and benzo[a] pyrene. Therefore, these
fungi present remarkable potential as remediation agents in polluted soils [7, 33].
A study reported the ability of a species belonging to the Absidia genus to decolorize
Cresol Red 65%, a synthetic dye frequently used for monitoring the pH in aquaria, within 30
days under agitation condition [34]. All the fungal genera mentioned above were found in the
present work, dem- onstrating that these fungi are able to adapt to environments with some
degree of pollution and can be used as bio- indicators of contamination.
A research carried out in São Luís, Maranhão, Brazil, revealed that Aspergillus flavus
was able to biodegrade polypropylene, which is a polymer derived from recyclable plastic,
while Aspergillus terreus showed potential to degrade polyethylene terephthalate, also a ther-
moplastic polymer used as fibers for weaving and for packaging of beverages [35]. The fungi
used in this research were isolated from the soil of Aterro da Ribeira, São Luís, Maranhão,
Brazil, and retrieved from the Fungi Collection of the Federal University of Maranhão. These
two fungal species were also found in the area studied in this research, where the presen-
ce of inadequately dumped plastic materials was visible, indi- cating that these species, if
arranged in a microbial consortium, can contribute to the remediation of this environment.
We notify that Aspergillus is the dominant fungal genus in the soil of Jansen Lagoon
State Park; Aspergillus niger and Aspergillus tamarii are the predominant fungi in the soil of
Jansen Lagoon State Park. The presence of the fungi found in this study serves as a guide
for future bioremediation actions in this studied area, which are urgent, since the Jansen
Lagoon State Park is an important tourist point of São Luís and the pollution found in this
ecosystem represents a waste of its tourism potential and poses a health risk for the people
who attend this place.

142
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figure 2. Frequency distribution of colony-forming units of fungi isolated in the rainy season (April to June 2016) and dry
season (August to October 2016) in Jansen Lagoon State Park, São Luis, State of Maranhão.

Figure 3. Rarefaction curve of the collected samples in Jansen Lagoon State Park, São Luis, State of Maranhão, in 2016.

All the fungi isolated in this work are stored in the Fungi Collection of the Federal
University of Maranhão and available to researchers of the area. Each isolated fungus re-
ceives an identifying number to facilitate poste- rior use. The fungi collection is available to
the public in general.

Data Availability

The data of this research are all included in the manuscript and the authors have the
data bank with them.

Conflicts of Interest

The authors declare that they have no conflicts of interest.

143
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
ACKNOWLEDGMENTS

The authors would like to express their gratitude to the Federal University of Maranhão
(UFMA) for allowing the use of the Applied and Basic Immunology Center (NIBA) facilities.
This study was supported by Fundação de Amparo a` Pesquisa e ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico do Estado do Maranhão (FAPEMA)—CBIOMA.

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146
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
12
Impact of prenatal lipopolysaccharide
exposure on the development of rats

Marina Goulart da Silva

Guilherme Cabreira Daros

Gabriela Mazzuco dos Santos

Isabella Paes Angelino

Rafael Mariano de Bitencourt

Jucélia Jeremias Fortunato

Artigo original publicado em: 2020


Annals of the Brazilian Academy of Sciences - ISSN 1678-2690.
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98

10.37885/210203024
ABSTRACT

The intrauterine environment is infl uenced by several factors, genetic or environmental,


which are essential in understanding the pathophysiological mechanisms of some disea-
ses. In this study, the aim was to investigate the impact of prenatal lipopolysaccharide
exposure on the development of rats. Fifty pregnant rats received intraperitoneal adminis-
tration of lipopolysaccharide (100 μg/kg), or saline at the same dose, on the 9.5th day of
pregnancy. The offspring of these rats were analyzed for indicators of brain and somatic
development and maturation of physical characteristics. Refl ex ontogenesis was also
analyzed by vibrissae placement, negative geotaxis, palmar grasp, precipice aversion,
decubitus recovery and acceleration reaction. Administration of lipopolysaccharide on the
9.5th gestational day caused delayed opening of the auditory pavilion, reduction in the
length of the weight. Thus, maternal infections can interfere in the intrauterine environ-
ment, impairing functional and structural aspects of the central nervous system, as well
as the maturation of physical characteristics.

Keywords: Developmental Disorders, Immune System, Lipopolysaccharide, Somatic De-


velopment, Sensory Motor Development.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUCTION

During the ontogenic period, the central nervous system (CNS) is infl uenced by several
factors, genetic and environmental, that modulate epigenetic mechanisms and, therefore,
the functioning of these systems. The impairment of these molecular mechanisms, mainly
in critical periods, can cause irreversible changes, associated with neuropsychiatric disor-
ders (IZVOLSKAIA e colab., 2018; KEUNEN e colab., 2015; ZAKHAROVA, 2015). In this
context, the concept of programming was developed to explain the process by which the
organism adapts to environmental insults, which generate stable changes in the phenotype,
through changes in the proliferation and differentiation process (DEIRÓ, Teresa Cristina
Bomfim De Jesus e colab., 2008).
As adults, rodents exposed to adverse events during the intrauterine period — infec-
tions and pharmacological or nutritional manipulations — exhibit physiological and behavioral
changes, including vulnerability to cognitive disabilities, reduced corticosterone response to
stress and decreased social interaction (IZVOLSKAIA e colab., 2018). Further, the evidence
indicates that these changes are not limited to animals exposed isolatedly, but also to their
subsequent generation (DEIRÓ, Teresa Cristina Bomfim De Jesus e colab., 2008).
Experimental studies usually use lipopolysaccharide (LPS), an endotoxin presente in the
outer membrane of gram-negative bacteria, to simulate a bacterial infection and evaluate its
consequences for offspring. LPS induces systemic inflammation and acts directly on placental
cells, leading to the production of pro-inflammatory mediators, which induce microglial and
astrocyte activation and, consequently, the production of cytokines in the fetal brain (BALE e
colab., 2010; CAI e colab., 2000; DEIRÓ, Teresa Cristina Bomfim De Jesus e colab., 2008;
ZAKHAROVA, 2015).
One of the ways to study the development of the CNS is to observe the ontogenesis
of the reflex, since reflexes represent one of the behavioral expressions of brain function.
Reflex ontogenesis encompasses visual, auditory and motor maturation, and can be affec-
ted by any environmental or organic stimulus, generating consequences for the formation
of the nervous system (SOARES e colab., 2014). They are the result of stimuli and appear
in certain periods of development, following a pre-determined order, according to the age of
the animals (DEIRÓ, Teresa Cristina Bomfim De Jesus e colab., 2008). The maturation of
specific reflexes in rats has been well established, showing that disturbances at this stage of
growth may point to insults in neurological development (LEITE e colab., 2002).
Therefore, to better understand the genesis of disorders related to neurodevelop-
ment, which have a growing prevalence and important socioeconomic impact, this study
has been proposed.

149
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
OBJECTIVES

Investigate whether an insult during a critical period of CNS development in rats reflects
structural and functional changes in their offspring’s somatic and motor-sensory development.

METHODS

This was an experimental study in which the animals were kept at controlled tempera-
ture (22 ± 1°C), artificial light cycle (12 hours light/ dark) and received standard commercial
feed for laboratory rats and ad libitum water.
For the application of the prenatal inflammation protocol, 50 adults (60 days) virgin
female Wistar rats (Rattus norvegicus) — obtained from the University of the Itajaí Valley
vivarium — were used, weighing between 250 and 300g, to mate with 25 males of the same
lineage and age.
For mating, at the end of the light period (7 p.m.) the females were placed in the males’
cages, always using two females for each male. At 7 am the following day, pregnancy was
diagnosed using biological material collected trough vaginal lavage, which consists of intro-
ducing solution of sterile 0.9% NaCl through a plastic pipette into the animal’s vaginal canal.
Thus, secretion is obtained for analysis under an optical microscope in order to investigate
the presence of sperm next to the animal’s biological material (KIRSTEN e colab., 2010).
Once the presence of sperm was confirmed, gestational day (GD) zero was considered.
Next, the pregnant mothers were placed in individual cages and remained so throughout the
pregnancy period.
On the 9.5th GD, the females were randomly subjected to two treatments: saline exposu-
re (SAL group) and lipopolysaccharide exposure — obtained through phenolic extraction from
Escherichia coli, serotype 0127: B8 (Sigma®) — at 100 μg/kg (LPS group). Both applications
were intraperitoneal. LPS administration followed exposure protocol that mimics a bacterial
infection (LUNARDELLI e colab., 2014). Births happened naturally. In total, 184 animals were
used, male and female, divided according to the exposure protocol. Of these, 120 were used
for the assessment of somatic growth and maturation of physical characteristics and 64 for
post mortem brain assessments. Moreover, out of the 120 animals, 20 were also evaluated
for reflex ontogenesis.

Parameters analyzed

Somatic development and reflex ontogenesis were analyzed in these groups, having
as reference the following parameters:
150
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
• Somatic Growth Assessment: These measurements were obtained daily during the
lactation period using a caliper with 0.01mm accuracy. Bodyweight (BW), longitudi-
nal length (LL), tail length (TL), lateral-lateral axis (LLAxis) and skull anteroposterior
axis (SAAxis) measurements were evaluated (DEIRÓ, T.C.B.J. e colab., 2006; SIL-
VA, 2008).
• Maturation Assessment of Physical Characteristics: For each animal, the time in
days from birth to maturation of the following characteristics was recorded: opening
of the auditory pavilion (OAP), opening of the auditory conduit (OAC), eruption of
the lower incisor (ELI) and eyeopening (EO) (DEIRÓ, T.C.B.J. e colab., 2006; SIL-
VA, 2008).
• Indicators of sensorimotor development: From the first day of life, the consolidation
of the following reflexes was analyzed: palmar grasp (PG), decubitus recovery (DR),
precipice aversion (PA), negative geotaxis (NG) and acceleration reaction (AR). Re-
flex consolidation day was considered the first day of the sequence of three conse-
cutive days of full onset of the expected reflex response (DEIRÓ, T.C.B.J. e colab.,
2006; SILVA, 2008).
• Brain development indicators: Post mortem evaluations were performed on animals
at 8, 15 and 21 days of age. After craniotomy, the brain was removed from the
cranial box, and the following measurements were performed: weight, volume, dia-
meter and circumference of the encephalon, cerebelar weight, anterior-posterior en-
cephalic axis (APEA), anterior-posterior cerebellum axis (APCA), anterior-posterior
brain axis (APBA), laterolateral axis of the brain (LLBA), and laterolateral axis of the
cerebellum (LLCA) (MAGALHÃES e colab., 2006).

Ethical aspects

The use of animals in this study followed the Laboratory Animal Care Principles and
was approved by the Animal Use Ethics Committee of the University of South Santa Catarina
(protocol number 15.016.2.01.IV).

Statistical analysis

GraphPad Prism 7 was used for statistical analysis, and p-value of < 0.05 was conside-
red to be statistically significant. Parametric data were analyzed by analysis of variance for
multiple comparisons between groups (ANOVA), followed by Tukey post-hoc. For nonpara-
metric data, we used the Mann-Whitney test for two independent samples.

151
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
RESULTS

The anteroposterior axis of the skull

The results of the anteroposterior cranial axis growth parameter showed statistical sig-
nificance from one-way ANOVA [F (21, 1298) = 828.9, p < 0.0001]. The offspring in the LPS
group showed deficits in the parameter when compared to the offspring in the SAL group, on
days 1 (p < 0.0001), 7 (p = 0.0407), 9 (p = 0.0004) and 13 (p = 0.0002) postnatal.
No significant differences (p > 0.05) were observed when comparing the groups on the
other days analyzed (Figure 1).

Figure 1. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: the anteroposterior axis of the skull (n=120). The evaluation was performed from the 1st to the 21st day of life.
Data presented on average ± S.D. *p < 0.05.

Laterolateral axis of the skull

In the analysis of the lateral-lateral axis measurement of the skull of the pups by the
SAL and LPS groups, the one-way ANOVA showed significance [F (21, 1298) = 16.76, p
< 0.0001], however during the 21 postnatal days, no statistical difference was observed in
Tukey’s post-hoc (p > 0.05) (Figure 2).

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figure 2. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: laterolateral axis of the skull (n=120). The evaluation was performed from the 1st to the 21st day of life. Data
presented on average ± S.D. *p < 0.05.

Tail Length

As for tail length, the one-way ANOVA values were F (21, 1298) = 1249, p < 0.0001.
Followed by Tukey’s post-hoc, there was no difference in the comparison between the values
in the SAL group and LPS group during the first 7 postnatal days (p > 0.05). However, on days
9 (p = 0.0111), 13 (p = 0.0038), 15 (p < 0.0001), 17 (p = 0.0295), 19 and 21 (p < 0.0001), the
LPS group had a shorter tail length when compared to the SAL group (Figure 3).

Figure 3. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: tail length (n=120). The evaluation was performed from the 1st to the 21st day of life. Data presented on average
± S.D. *p < 0.05.

153
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Body length

Like the tail length, the development of the longitudinal axis of the body in the SAL group
did not show a significant difference during the first 7 postnatal days when compared to the
LPS group (p > 0.05). However, on days 9 (p = 0.001), 11 (p = 0.0446), 13 (p < 0.0001), 15
(p = 0.0406), 19 and 21 (p < 0.0001), the LPS group showed a reduced growth in comparison
with the SAL group (Figure 4). For this parameter, the one-way ANOVA results were F (21,
1298) = 1063, p < 0.0001.

Figure 4. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: body length (n=120). The evaluation was performed from the 1st to the 21st day of life. Data presented on average
± S.D. *p < 0.05.

Bodyweight

Regarding bodyweight, the results showed statistical difference from one-way ANOVA
[F (21,1298) = 445.2, p < 0.0001]. When assessing Tukey’s post-hoc, no significant differen-
ce was observed in weight progression between the SAL group and LPS group during the
first 15 postnatal days (p > 0.05). However, from the 17th to the 21st postnatal day, it was
observed that the LPS group had lower body weight when compared to the SAL group (p <
0.0001) (Figure 5).

154
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Figure 5. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: bodyweight (n=120). The evaluation was performed from the 1st to the 21st day of life. Data presented on average
± S.D. *p < 0.05.

Somatic development

Regarding somatic development, the one-way ANOVA test showed values of F (7, 472)
= 974.6 and p < 0.0001. In Tukey’s post-hoc, it was evidenced that the rats in the LPS group
presented delayed opening of the auditory pavilion when compared to the SAL group (p <
0.0001). Regarding the Other parameters analyzed, no significant diferences were observed
in the comparison between the two groups (p > 0.05) (Figure 6).

Figure 6. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: somatic development (n=120). The evaluation was performed from the 1st to the 21st day of life. Data presented
on average ± S.D. *p < 0.05.

OAP = opening of the auditory pavilion; OAC = opening of the auditory conduit; OE = eye opening;
II = eruption of lower incisors.

155
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Reflex ontogenesis

As for reflex ontogenesis, the one-way ANOVA test resulted in the values of F (9, 90) =
92.1 and p < 0.0001. In Tukey’s post-hoc, when comparing the SAL and LPS group, it was
observed that the maturation of the decubitus recovery (p = 0.0413) and precipice aversion
(p < 0.0001) parameters occurred first in the SAL group and later in the LPS group. As to
other reflexes, there was no statistically significant difference (p > 0.05) (Figure 7).

Figure 7. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: reflex ontogenesis (n=20). The evaluation was performed from the 1st to the 21st day of life. Data presented on
average ± S.D. *p < 0.05.

DR = decubitus recovery; PA = precipice aversion; PG = palmar grasp; AR = acceleration reaction;


NG = negative geotaxis.

Post mortem evaluation

The one-way ANOVA result for brain post-death indicators were, on the 8th day F (19,
150) = 905.7, on the 15th day F (19, 210) = 1372 and on the 21st day F (19, 220) = 714.3,
with p < 0.0001.
It was observed, in the Tukey’s post-hoc, that brain indicators APEA, LLBA, APBA,
weight, diameter and encephalon circumference did not differ when the SAL and LPS groups
were compared (p > 0.05). Similarly, there was no difference in APCA and cerebellar weight
indicators (p > 0.05).
However, during the 8th (p < 0.0001), 15th (p < 0.0001) and 21st (p = 0.0443) post-
-mortem days, it was evidenced that the SAL group had a higher brain volume in comparison
with the LPS group (p < 0.05) (Figures 8, 9 and 10).
156
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figure 8. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: post mortem brain (n=17). The evaluation was performed on the 8th postnatal day. Data presented on average
± S.D. *p < 0.05.

APEA = anterior-posterior encephalium axis; APBA = anterior-posterior brain axis; APCA


= anterior-posterior cerebellum axis; LLBA = laterolateral axis of the brain; LLCA =
laterolateral axis of the cerebellum; EW = encephalic weight; CW = cerebellum weight;
DIAM = diameter; VOL = volume; CIRC = circumference.

Figure 9. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the development
of rats: post mortem brain (n=23). The evaluation was performed on the 15th postnatal day. Data presented on average
± S.D. *p < 0.05.

APEA = anterior-posterior encephalium axis; APBA = anterior-posterior brain axis; APCA = anterior-
posterior cerebellum axis; LLBA = laterolateral axis of the brain; LLCA = laterolateral axis of the
cerebellum; EW = encephalic weight; CW = cerebellum weight; DIAM = diameter; VOL = volume;
CIRC = circumference.

157
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figure 10. Effects of prenatal exposure to lipopolysaccharide (LPS), compared to the control group (SAL), on the
development of rats: post mortem brain (n=24). The evaluation was performed on the 21st postnatal day. Data presented
on average ± S.D. *p < 0.05.

APEA = anterior-posterior encephalium axis; APBA = anterior-posterior brain axis; APCA = anterior-
posterior cerebellum axis; LLBA = laterolateral axis of the brain; LLCA = laterolateral axis of the
cerebellum; EW = encephalic weight; CW = cerebellum weight; DIAM = diameter; VOL = volume;
CIRC = circumference.

DISCUSSION

Human development is a complex process that comprises a series of changes initia-


tedsince fecundation (MOORE e colab., 2015). The evolutionary capacity present in hu-
mans is called phenotypic plasticity and is based on the ability that a genotype has to pre-
sent diferente phenotypes according to the exposure to different environmental conditions.
Experiences during the prenatal period are crucial for fetal health (GARLAND JR e KELLY,
2006). In mammals, some periods of development are extremely vulnerable to external insults.
These periods are dependent on critical cellular processes, such as proliferation, migration,
differentiation, synaptogenesis, myelination and apoptosis.
External stimuli, such as exposure to toxic substances and infections, are examples of
environmental insults that can affect na individual’s development during intrauterine life. The
occurrence of the mother’s imune system activation, resulting from an infection, for exam-
ple, directly affects the offspring, causing structural and functional changes in the nervous
system, both acute and lasting, which may predispose animals to neurological disorders in
postnatal life, such as autistic spectrum and other mental disorders. Clinical and experimental
observations have generated evidence indicating a multifactorial etiology, which is depen-
dent on the time, intensity and nature of immunological exposure, environmental factors and
genetic predisposition, defining long-term structural and functional changes in the offspring
158
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
exposed to maternal immune activation (ESTES e MCALLISTER, 2015; SCOLA e DUONG,
2017). In this study, we evaluated parameters related to the neurodevelopment of rats in
the face of maternal exposure to lipopolysaccharide in a critical period of fetal development.
LPS is an important constituent of the outer membrane in gram-negative bactéria and
is considered one of the most potente neuroinflammatory agents, interfering with behavioral,
psychological and neuroendocrine aspects (IZVOLSKAIA e colab., 2018). In the organism, its
release occurs when the bacteria multiply or are phagocyted and degraded by the defense
cells (CRUZ-MACHADO, 2010; NOH e colab., 2014; TUIN e colab., 2006). It has been used
to activate the innate brain immune response in animals, which supports the clinical use of
the term LPS-induced neuroinflammation (GUERRA, 2014). Furthermore, in mice, when
administered on the eighteenth gestational day, this endotoxin suppresses the expression
of factors related to neurogenesis, neuronal migration, and axonal cone growth (LIVERMAN
e colab., 2006).
Reflex ontogenesis involves a simultaneous sequence of events and the participation
of several regions of the CNS. It is considered na indicator of CNS development and matura-
tion (FOX, 1965; SMART e DOBBING, 1971). The evaluation of reflex development enables
the detection of possible changes since the beginning of the animal’s life. Infections during
pregnancy are associated with sensorimotor deficit related to reflex maturation. Therefore,
reflexes are motor responses of the Central Nervous System to internal or external stimuli and,
consequently, are survival mechanisms (IZVOLSKAIA e colab., 2018; MEYER, Urs, 2013).
During ontogenesis, the development of postural control — a prerequisite for motor
development, which interferes with cognitive development, verbal and non-verbal communi-
cation in children — depends on numerous neurobiological processes and the perception of
the external world (ALTMAN e SUDARSHAN, 1975; POLTORAK, 1998).
The assessment of motor ontogenesis is undoubtedly an important tool in the diagno-
sis of deficits related to changes in neuropsychomotor development (EICKMANN e colab.,
2002). To assess the animal’s postnatal development, we measured a series of reflexological
and physiological parameters. The present study has demonstrated that acute administration
of LPS at a critical period of rat brain development on the 9.5th prenatal day is detrimental
to developing puppies.
The various reflexes overlap each other, characterizing the simultaneous occurrence
of several events in the development of the CNS (FOX, 1965; SMART e DOBBING, 1971).
This is especially true for those that involve head movements and influence the position of
the legs, such as decubitus recovery. Thus, some reflexes express labyrinthine activities and
seem to be related to the animal’s survival, such as food and temperature conservation (FOX,
1965). In this study, prenatal exposure to toxin caused damage in reflexological parameters
159
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
recumbency recovery and cliff aversion. Changes in reflex maturation indicate a correlation
between biochemical and structural development and the ontogenesis of the nervous sys-
tem. This abnormality may be related to disturbances in neurocellular events resulting from
prenatal infection. These neurological changes have already been reported, along with the
observation that immunological disorders during the early fetal phases mainly affect prolife-
ration, differentiation, cell migration and synapse maturation (LUNARDELLI e colab., 2014;
SILVA, 2008). Furthermore, gestational day 9.5 is a critical period for CNS organogenesis
and interferences at this stage, such as infections, can result in neurocognitive disorders.
In addition, maternal exposure to inflammation during the critical period of neurodeve-
lopment (GD9/9.5) is capable of causing pathophysiological and behavioral disorders in the
offspring, including those related to motor-sensory function, as evidenced in our research.
Intrauterineexposure during a reported critical period appears to be linked to the nervous
system’s vulnerability to aggression. Although the CNS is known to be flexible and plastic,
experimental and clinical evidence show that aggression in these periods can trigger changes
in ontogenetic events (MEYER, U. e colab., 2008; MEYER, Urs e colab., 2006; MEYER, Urs
e FELDON, 2012).
Regarding the maturation of the structures that make up the head (opening of the
auditory pavilion and auditory conduit, eye-opening and incisor eruption), it is known that
its delay is related to somatic growth retardation (SILVA, 2008). It was observed that the
offspring of the neuro-inflamed group presented a delayed opening of the auditory pavilion
when compared to the control group. Because of this delay in neurodevelopment, hearing
may be impaired. As well as motor development. This fact may be related to neurocognitive
damage resulting from maternal immune activation.
Harmful effects of LPS exposure during pregnancy on fetal neurodevelopment, aside
from impairing the sensorimotor reflex, may also lead to differences in brain volume as obser-
ved in the postmortem analyzes found in this study (SOMINSKY e colab., 2013). The brain
volume observed at 8, 15 and 21 days of life of the SAL group was greater when compared to
the group with maternal immune activation. Which is consistent with previous literature which
says that there is a decrease in the overall neural cell population during the first 7 days of
postnatal life in the offspring of mothers which received LPS application. Therefore, prenatal
LPS exposure has specific detrimental effects on neuronal differentiation and affecting cell
proliferation. After the first 7 days, it is suggested that prenatal exposure to LPS also triggers
a neural proportion deficit (GRACIARENA e colab., 2010). In this study, the decrease in brain
volume from the 8th postnatal day represents an affected neurogenesis. In this sense, it can
be concluded that CNS changes resulting from prenatal immunological activation are depen-
dent on the inflammation period as well as on the postnatal age of the offspring analyzed.
160
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Age-related weight, height, and head circumference assessments are widely used in
humans to assess growth and development, as well as nutritional status. Head circumfe-
rence measurement, aside from assessing nutritional status, is an indicator of brain volume
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006, 2007).
Maternal inflammation during pregnancy can cause differentiation in the offspring’s body
weight gain when compared to those of healthy mother (HARDING e colab., 2014). Body
weight is considered a good indicator of physical development in rats. In the present study,
the SAL group had a higher weight gain compared to the LPS group from the 17th postnatal
day. The difference in weight between the groups is related to the fact that maternal immune
stress is linked to the reduction in the offspring’s body weight, especially in the first two weeks
of life (BAKOS e colab., 2004; GOLAN e colab., 2004).
The insult imposed on the mothers during the prenatal period seems to have been
decisive in causing a decrease in body weight and a delay in physical development. In the
presente study, matrix-induced inflammation affected body growth deficit and tail length in
neonatal rats. Similar results were found in previous studies, which showed delayed body
growth and tail length, as well as a connection between tail length and malnutrition in neonatal
rats (BARBOSA e SANTIAGO, 1994; GOLAN e colab., 2004).
There was also a decrease in the anteroposterior axis of the cranium. In rodents, the
skull does not develop as a single unit but divides into two distinct regions (neurocranium
and viscerocranium) (CHEVERUD, 1982). While the viscerocranium is used during feeding
and breathing, the neurocranium houses the brain and its development is mainly influenced
by its growth (CHEVERUD, 1982; HERRING, 1993; YOUNG, 1959). Thus, the anteropos-
terior axis of the brain represents the two regions, as it is measured from the anterior tip of
the nasal bone to the posterior edge of the occipital bone (L.D. BARROS e colab., 2018;
MILLER e GERMAN, 1999). The decrease in the animal’s skull size may be associated with
the decrease in brain volume observed in the LPS group.

CONCLUSION

Thereby, it is concluded that prenatal exposure to LPS in early pregnancy can interfere in
the intrauterine environment, impairing functional and structural aspects of the central nervous
system, as well as the maturation of physical characteristics. However, mechanisms related
to immune responses need to be better clarified and there is also a need to investigate the
effects of rodents’exposure to endotoxin in the adult life. It is expected that our study may
help to understanding of the genesis of disorders related to neurodevelopment, which have
an important socioeconomic impact and still have important therapeutic limitations.

161
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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165
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
13
Plant extracts display synergism with
different classes of antibiotics

Danielle Mendes Silva


UFV

Priscilla Almeida da Costa


UFV

Andréa de Oliveira Barros Ribon


UFV

Gislaine Aparecida Purgato


UFV

Gaspar Diaz-Muñoz
UFMG

Marisa Alves Nogueira Diaz


UFV

10.37885/210303718
ABSTRACT

One manner in which plant-derived compounds exert their antibiotic potential is the sy-
nergism, a positive interaction between two compounds. Studies indicate that the use of
plant extracts combined with antimicrobials may promote a significant reduction of the
minimum inhibitory concentrations of antibiotics for bacterial strains. This study aimed
to evaluate the activity of plant extracts and antibiotics as well as their combination on
Staphylococcus aureus. The activity of 15 plant extracts was evaluated using diffusion
assay. The minimum inhibitory concentrations (MICs) and the interactions between the
extracts and antibiotics as well as compound emodin were evaluated with the checker-
board method. The active extracts were a hexane extract of the leaves of Baccharis dra-
cunculifolia and the ethanol extracts of the leaves of Plectranthus ornatus, Inga edulis,
Salvia officinalis and Senna macranthera. The Plectranthus ornatus extract displayed
synergism with ampicillin (a β-lactam), kanamycin and gentamicin (aminoglycosides),
with 8-fold reductions in the MIC. The same reduction was observed for the extracts of
Salvia officinalis and Senna macranthera, which displayed the lowest MIC. Using these
combinations resulted in a reduction in the minimum dose required for effective antimi-
crobial effects, which is interesting because it may decrease both the risk of side effects
and the costs of treatment.

Keywords: Antibiotics, Bovine Mastitis, Plant Extract, Staphylococcus Aureus.

167
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUCTION

The increase in bacterial resistance to currently known drugs is an issue of global


concern and reinforces the need for new classes of antibacterial substances. Compounds
of natural origin are potential sources of new chemical scaffolds for antibiotic development
(ORTHOLAND & GANESAN, 2004) but unlike synthetic drugs, they are not associated with
side effects, are cheaper, come from renewable sources and have greater acceptance due
to a long history of use (CHANDA & RAKHOLIYA, 2011). One manner in which plant-derived
compounds exert their potential as antibiotics is synergism, a positive interaction created when
two agents are combined (GONZÁLEZ-LAMOTHE et al., 2011) that results in an inhibitory
effect greater than the sum of their individual effects (CHANDA & RAKHOLIYA, 2011). Many
currently used drugs are based on synergistic interactions between different antibiotics with
different targets (SIBANDA & OKOH, 2007). Studies indicate that the use of plant extracts
combined with antimicrobials promotes a significant reduction of the minimum inhibitory
concentrations of antibiotics for bacterial strains (BETONI et al., 2006; DARWISH et al.,
2002; SOUZA et al., 2011). Darwish et al. (2002) observed that the efficacy of the antibiotics
gentamicin and chloramphenicol was increased against isolates of Staphylococcus aureus
when the drugs were combined with extracts produced from Jordanian plants. Betoni et al.
(2006) also observed synergistic interactions between eight Brazilian herbal extracts with
antibiotics against S. aureus isolated from human infections. Sousa et al. (2011) reported
the antibacterial activity and the positive interference of extracts from the leaves and roots
of Lantana camara and Lantana lantana on the activity of aminoglycosides against Gram-
positive and Gram-negative strains.
Previous studies conducted by our group demonstrated that various extracts of
plants were effective in inhibiting the growth of bovine-origin S. aureus (DIAZ et al., 2010,
ROSSI et al., 2011).

OBJECTIVE

Evaluate the activity of plant extracts and antibiotics as well as their combination
on S. aureus isolates from animals affected with bovine mastitis.

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MATERIAL AND METHODS

Plant material

Plectranthus ornatus (voucher 39644), Solanum cernuum (voucher 011654), Calendula


officinalis (voucher 15593), Cymbopogon citrates (voucher 30283), Symphytum officina-
le (voucher 24060), Inga edulis (voucher 2173), Jacaranda cuspidifolia (voucher 21419),
Azadirachta indica, Salvia officinalis (voucher 1240), Bixa Orellana (voucher 31977),
Baccharis dracunculifolia (voucher 31322), Ocimum basilicum, Senna macranthera (voucher
1237), Helianthus annuus (voucher 7650) and Acrocomia aculeata specimens were collec-
ted in Viçosa, Minas Gerais, Brazil. A voucher of each specimen used was deposited at the
herbarium of the Department of Botany of the Federal University of Viçosa. The specimens
(Azadirachta indica, Ocimum basilicum and Acrocomia aculeate) that do not have voucher
are still up identification. The plant parts were dried at 40 °C for 24 h in an air circulation oven
before the extracts were prepared.

Extract preparation

The leaves (500 g) of P. ornatus, Solanum cernuum, C. officinalis, C. citrates, S. offi-


cinale, I. edulis, J. cuspidifolia, A. indica, S. officinalis, B. orellana and O. basilicum (500 g)
were extracted with ethanol (2 L) and the roots of S. macranthera (500 g) with dichloromethane
for 120 h at room temperature. The solvent was removed under vacuum at 40 °C to obtain
an ethanolic extract of each plant. The leaves of B. dracunculifolia, A. aculeate and seeds
of H. anus were extracted with hexane by the same procedure. All extracts were stored at 4 °C.

Bacterial strains

S. aureus 3993 and 4125 strains, (identified by the Embrapa Dairy Cattle from the Milk
Microbiology Laboratory) as an infectious reference microorganism which were isolated from
animals with mastitis infections, were kindly provided by Embrapa/CNPGL, Juiz de Fora, MG,
Brazil. The bacterial cultures were streaked on plates containing brain heart infusion agar
(BHA; Himedia ®) and incubated for 16h at 37 °C. Müeller Hinton broth (Himedia ®) was
used for testing antibacterial activities. The cell concentration was adjusted to 106 CFU mL−1
with an optical density set at 600 nm. Stock cultures were maintained in BHI agar containing
25% glycerol at -80°C.

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Antimicrobial activity

Antimicrobial activity was assessed using the agar diffusion assay. For this purpo-
se, 100 µL of a suspension containing 106 CFU.mL–1was spread in Petri dishes containing
Müeller Hinton agar (Himedia®). Holes of approximately 5 mm in diameter and 3 mm in
height were created in the agar and were filled with 30 µL of the extracts at a concentration
of 50 mg.mL–1.The controls were prepared with 30 µL of DMSO and 5 mg.mL–1of ampicillin
(Sigma®, A9518). The plates were incubated for 24h at 37 ºC, and the subsequent inhibition
zones were measured in mm. Inhibition zones greater than 7 mm were considered positive
(NASCIMENTO et al., 2000). Student’s t-test (p<0.05) was performed to compare the re-
sults of the inhibition zones obtained from the extracts with the positive control. Tests were
performed twice in triplicate.

Minimal Inhibitory Concentration (MIC) assay

The activity of the extracts on bacterial growth was determined using the microdilution
method described in CLSI (2003). The microorganisms were initially grown on BHI agar plates
(Himedia®) and pre-incubated for 24 h at 37 ºC. Isolated colonies were then inoculated into
Müeller-Hinton broth (Himedia®) and incubated at 37 ºC with shaking at 180 rpm until the
exponential phase was reached. The culture was subsequently diluted to an optical density
corresponding to the standard 0.5 on the McFarland scale (OD620=0.10). Microplate wells were
filled with 100 µL of Müeller-Hinton broth that had extracts concentrations ranging from 0.1mg.
ml–1 to 10 mg.mL–1 and 106 CFU.mL–1of bacterial suspensions. Whereas the DMSO could
be bactericidal a control of microbial growth in this solvent was done with 100 µL of bacterial
suspension and 100 µL of Müeller-Hinton broth with DMSO at the highest concentration used
in the preparation of the extract. After 24 h at 37 ºC, 4µL of p-iodonitrotetrazolium (INT, I8377,
Sigma®) was added to each well, and the plate was incubated for an additional 2 h at 37
ºC. A change in the color of the medium from yellow to pink-violet was used as an indication
of bacterial growth. The minimal inhibitory concentration of the antibiotics was determined by
the same procedure, with concentrations ranging from 0.1 µg.mL–1 a 500 µg.mL–1.

Evaluation of the interactions between plant extracts and antibiotics

The checkerboard method, which is commonly used for measurement of interactive


inhibition, was used to determine the interactions between the antibiotics and the natural
antimicrobials (PALANIAPPAN & HOLEY, 2010). Synergistic interactions involving the plant
extracts (drug A) plus the antibiotics (drug B) were tested. The concentrations of the agents
used started from twice their MIC value and were serially diluted in five-fold steps. The effects

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of combinations were evaluated by calculating the FIC (Fractional Inhibitory Concentration)
index for each combination using the formulas displayed below:
FIC of drug A (FICA) = MIC of compound A in combination/MIC of compound A alone
FIC of drug B (FICB) = MIC of compound Bin combination/MIC of compound B alone
FIC index = FICA + FICB
Synergy was defined as an FIC index ≤0.5. An FIC ≥4.0 indicated antagonism between
the two agents, between 4.0 and 1.0 indicated indifference, and between 1.0 and 0.5 was
evaluated as an additive interaction.

RESULTS

This study evaluated the antimicrobial potential of plant extracts from Viçosa, Minas
Gerais, Brazil. The activity of these extracts was tested on strains of S. aureus isolated from
cows affected with mastitis. Five of the 15 plant extracts tested displayed antimicrobial acti-
vity, as indicated by inhibition zones greater than 7 mm (Table I). The active extracts were
the hexane extract of the leaves of B. dracunculifolia and the ethanol extracts of the leaves
of P. ornatus, I. edulis, S. officinalis and S. macranthera.

Table I. Staphylococcus aureus inhibition zones of the active extracts (mm).

S. aureus 4125 S. aureus 3993


Extracts p value p value
Inhibition zones ± SD Inhibition zones ± SD
t test (0.05) t test (0.05)
Baccharis dracunculifolia 10.16 ± 0.71 0.001 9.83 ± 0.24 0.01
Inga edulis 14.00 ± 0.94 0.001 16.66 ± 1.41 0.001
Plectranthus ornatus 12.49 ± 1.65 0.005 9.16 ± 0.71 0.003
Salvia officinalis 21.83 ± 2.59 0.001 20.33 ± 0.47 0.012
Senna macranthera 15.49 ± 0.23 0.005 12.66 ± 0.47 0.027
DMSO 0.00 ± nd Nd 0.00 ± nd nd
Ampicillin 24.25 ± 0.35 0.005 24.10 ± 0.28 0.003
nd = not detected

The MICs for the active extracts were determined (Table II). Among the plant extracts
tested, S. macranthera displayed the lowest MIC (0.2 mg.mL–1), followed by S. officinalis (0.3
mg.mL–1). The highest MICs were observed for the extracts of P. ornatus (2.0 mg.mL–1) B. dra-
cunculifolia (5.0 mg.mL–1) and I. edulis (7.0 mg.mL–1).

Table II. Values of minimum inhibitory concentrations (mg.mL–1) obtained for the active plant extracts.
Minimum inhibitory concentration (MIC) (mg.mL–1)
Extracts
S. aureus 3993 S. aureus 4125
Baccharis dracunculifolia 5 5
Plectranthus ornatus 1.2 1.2
Salvia officinalis 0.3 0.3
Inga edulis 7 7

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Senna macranthera 0.2 0.2

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In addition to the antimicrobial potential of plant extracts, in this study, we investigated
the combined effect of the active extracts with antibiotics traditionally used to treat bovine
mastitis. First, the MICs of five antibiotics, namely ampicillin, kanamycin, chloramphenicol,
gentamicin, and tetracycline were determined (Table III). The checkerboard method was
used to determine the interactions between the antibiotics and the active extracts. The con-
centrations of the extracts and antibiotics varied between 1/8 MIC to 2MIC when combined.
Based on the lower combined concentrations where bacterial growth inhibition was observed,
the fractional inhibitory concentration index (FIC) was calculated and the type of interaction
was determined (Table IV).
In almost all combinations of extracts and antibiotics tested, additive or synergistic
interactions were observed. Only the interaction between S. officinalis and chloramphenicol
was indifferent. No antagonistic interactions were detected.

Table III. Values of minimum inhibitory concentrations (µg.mL–1) obtained for the tested antibiotics.
Minimum inhibitory concentration (MIC) (µg.mL–1)
Antibiotic
S. aureus 3993 S. aureus 4125
Ampicillin 0.3 7
Kanamycin 2 2
Chloramphenicol 8 8
Gentamicin 0.8 0.6
Tetracycline 0.3 0.25

Table IV. Interaction between plant extracts and antibiotics on Staphylococcus aureus strains.
S. aureus 3993 S. aureus 4125
Extract Antibiotic
FIC ant FIC ext ∑FIC Interaction FIC ant FIC ext ∑FIC Interaction
Ampicillin 1/8 MIC 1/8 MIC 0.25 Synergism 1/8 MIC 1/4 MIC 0.375 Synergism
Kanamycin 1/8 MIC 1/8 MIC 0.25 Synergism 1/8 MIC 1/8 MIC 0.25 Synergism
Plectranthus
Chloramphenicol 1 MIC 1/8 MIC 0.75 Additive 1 MIC 1/8 MIC 0.75 Additive
ornatus
Gentamicin 1/8 MIC 1/4 MIC 0.375 Synergism 1/8 MIC 1/8 MIC 0.25 Synergism
Tetracycline 1/2 MIC 1/4 MIC 0.75 Additive 1 MIC 1/8 MIC 0.875 Additive
Ampicillin 1/8 MIC 1/8 MIC 0.25 Synergism 1/2 MIC 1/8 MIC 0.625 Additive
Kanamycin 1/8 MIC 1/4 MIC 0.375 Synergism 1/8 MIC 1/4 MIC 0.375 Synergism
Salvia offici-
Chloramphenicol 1/2 MIC 1 MIC 1.5 Indifferent 1/2 MIC 1 MIC 1.5 Indifferent
nalis
Gentamicin 1/8 MIC 1/8 MIC 0.25 Synergism 1/4 MIC 1/8 MIC 0.375 Synergism
Tetracycline 1/4 MIC 1/8 MIC 0.375 Synergism 1/4 MIC 1/8 MIC 0.375 Synergism
Ampicillin 1/2 MIC 1/8 MIC 0.5 Synergism 1/4 MIC 1/8 MIC 0.375 Synergism
Kanamycin 1/8 MIC 1/4 MIC 0.375 Synergism 1/8 MIC 1/4 MIC 0.375 Synergism
Senna macran-
Chloramphenicol 1/2 MIC 1/8 MIC 0.625 Additive 1/2 MIC 1/4 MIC 0.75 Additive
thera
Gentamicin 1/4 MIC 1/8 MIC 0.325 Synergism 1/4 MIC 1/8 MIC 0.325 Synergism
Tetracycline 1/4 MIC 1/8 MIC 0.325 Synergism 1/4 MIC 1/8 MIC 0.325 Synergism

The P. ornatus extract displayed synergism with ampicillin (β-lactam), kanamycin and
gentamicin (aminoglycosides), with 8-fold reductions in the MIC. The same reduction was
observed for S. officinalis extract, which demonstrated synergism with ampicillin, kanamycin,
gentamicin and tetracycline but displayed an indifferent interaction with chloramphenicol. The
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same results observed for the S. officinalis extract were observed for the S. macranthera
extract, except for the interaction between chloramphenicol and S. macranthera extract,
which was additive.

DISCUSSION

S. aureus is an important human pathogen and also a relevant pathogen that causes
diseases in animals. In dairy cattle this bacteria causes mastitis, an inflammation of the udder
that causes significant economic losses worldwide. Antibiotic therapy is commonly used by
veterinarians to treat infection increasing the chance of antimicrobial resistance over the years
(OLIVER & MURINDA, 2012). Saini et al. (2012) showed that intramammary administration
of a penicillin-novobicin combination used in the treatment of mastitis was associated with
increased antimicrobial resistance, in particular to ampicillin. Other studies conducted in dif-
ferent countries showed that resistance of bovine S. aureus strains can range between 5.2%
and 77.3 % for ampicillin (LI et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2012) between 0% and 44.2% for
gentamicin (JUMARNOVIĆ et al., 2011; PERSSON et al., 2011) and between 3% and 60%
for tetracycline (JUMARNOVIĆ et al., 2011; LI et al., 2009). In this sense, new methods to
reduce the development of resistance to antibiotics are urgently needed.
A large variety of molecules with potential antimicrobial activity are produced from plant
secondary metabolism. It should be highlighted that most of these molecules have a weak
antibiotic activity when compared to antibiotics produced by bacteria or fungi (HEMAISWARYA
et al., 2008). However, these compounds can act in synergism with antimicrobials to poten-
tiate their effect and help the host to overcome the infection.
This study evaluated the antimicrobial potential of fifteen plant species on bovine-ori-
gin S. aureus. Although the antimicrobial activity of most of the species tested here has been
already described for other bacterial species (PARENTE et al., 2009; SHARMA et al., 2009;
VARGAS et al., 2010) this is the first time their activity was assayed against S. aureus.
Extracts of B. dracunculifolia, P. ornatus, I. edulis, S. officinalis, and S. macranthera
displayed biological activity. S. officinalis extract displayed the largest inhibition zones (Figure
1). The antimicrobial potential of the plant extracts of S. officinalis on Gram-positive bacteria
other than S. aureus and Gram-negative bacteria has been previously reported (BARA &
VANETTI 1998, HAIDA et al., 2007).

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Figure 1. Inhibition zones of sage (S. officinalis) extract on S. aureus 4125. The positive control of growth inhibition
antibiotic ampicillin was identified in the figure by number 1. The negative control of inhibition was done with DMSO (D).

There is no consensus on the acceptable level of inhibition when comparing natural


products with antibiotic standards. Some authors consider natural products only effective
when they have levels of inhibition similar to antibiotics. Others, however, accept compounds
as efficacious with levels of inhibition lower than the normal levels observed with commercial
antimicrobials (DUARTE, 2006). A plant material classification based on MIC results was
proposed by Aligiannis et al. (2001) where extracts with strong inhibition have an MIC of 0.5
mg.mL–1; moderate inhibition, between 0.6 to 1.5 mg.mL–1; and weak inhibition, above 1.6
mg.mL–1. Using these criteria, the extracts of S. officinalis (MIC of 0.3 mg.mL–1) and S. macran-
thera (MIC of 0.2 mg.mL–1) can be considered to have displayed strong inhibition. In contrast,
extracts of P. ornatus (MIC of 1.2 mg.mL–1) can be considered to have displayed moderate
inhibition, B. dracunculifolia and I. edulis, with an MIC of 5.0 mg.mL–1 and 7.0 mg.mL–1, res-
pectively, are classified as displaying weak inhibition.
Based on the checkerboard assay, synergism was observed between the P. ornatus
extract and ampicillin, kanamycin or gentamycin, with an 8-foldreductionin the MIC. The extract
of S. officinalis also displayed synergism with ampicillin, kanamycin, gentamicin, and tetra-
cycline, though the extract displayed an indifferent interaction with chloramphenicol. An 8-fold
decrease in the MIC value was also detected. The same reduction was observed for the extract
of S. macranthera; however, its interaction with chloramphenicol was considered additive.
The main components of S. officinalis and P. ornatus extracts are the essential oils
caryophyllene, eugenol, and thymol, although lower concentrations of rosmarinic acid,
caffeic acid, carnosol, and flavonoids are also found in the former (VELICKOVIC et al.,
2003; DE ALBUQUERQUE et al., 2007). S. macranthera is rich in phenolic compounds as
emodin, physcione and chrysophanol and have been used by some farmers to treat bovine
mastitis, a chronic infection that produces an inflammatory response in cow’s udders and that
is caused by S. aureus (ANDRADE, 2015), suggesting that compounds present in this extract
could be responsible for the decrease observed in MIC combined with β lactams antibiotic.
No specificity to a group of antibiotics was observed which suggests that the crude
extract of these plants might contain a mixture of compounds that potentiate the activities of
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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
different antibiotics. These compounds facilitate a reduction in the minimum dose required
for effective antimicrobial activity. This is interesting because smaller doses can reduce the
chance of side effects as well as reduce the costs of treatment. However, for the purposes
of therapeutic use, the mode of action of plant extracts should be explored togain a com-
prehensive view of the molecular mechanisms involved in their interactions.

CONCLUSION

Synergism against the two strains of S. aureus was observed between the extracts
of P. ornatus, S. officinalis and S. macranthera and different antibiotics used in the treatment
of bovine mastitis. The interactions displayed between the extracts of S. officinalis and S. ma-
cranthera and chloramphenicol were additive and between the extract of P. ornatus and
chloramphenicol was indifferent. The present results are promising and may enhance the
use of natural products instead of antibiotics or these can be used in association with active
extracts to reduce the use of existing antibacterial drugs. Using these combinations can re-
sult in a reduction in the minimum dose required for effective antimicrobial effects, which is
interesting because it may decrease both the risk of side effects and the costs of treatment
of infectious diseases.

ACKNOWLEDGEMENTS

Bacterial isolates were kindly provided by the Empresa Brasileira de pesquisa


Agropecuária (EMBRAPA) Dairy Cattle, Juiz de Fora, Minas Gerais. The scholarship of DMS
was provided by the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

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177
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
14
Prospecção de Bactérias Produtoras
de Plásticos Biodegradáveis na região
sudoeste da Amazônia

Sabrina Sondre de Oliveira Reis


UFAC

Vanderley Borges Santos


UFAC

Francisca Silvana do Nascimento


UFAC

Antônio Gilson Gomes Mesquita


UFAC

10.37885/210404310
RESUMO

Os Polihidroxialcanoatos (PHA) são poliésteres completamente biodegradáveis, e sin-


tetizados por bactérias a partir de diversas fontes de carbono. Os PHAs em despertado
interesse comercial por apresentar-se como uma alternativa à substituição dos plásticos
convencionais derivados do petróleo. Os PHAs se acumulam no interior de bactérias na
forma de grânulos. O objetivo do trabalho foi isolar bactérias de diferentes ambientes
da Amazônia Sul-Ocidental potencialmente produtoras de PHAs. Dos 250 isolados bac-
terianos coletados no Parque Zoobotânico da UFAC, 130 mostraram-se positivos para
a coloração Sudan black. Nas águas do Rio Acre, entre os 250 isolados, 104 manifes-
taram-se como positivas. Já em óleo de andiroba, 110 dos 250 isolados demonstraram
ser positivas para a produção de PHA. Os resultados obtidos inicialmente nesse estudo
permitem especular que os bacterias que habitam os diversos ambientes da Amazônia
devem ser considerados como potenciais produtores de PHAs.

Palavras-chave: Bactérias, Polihidroxialcanoatos, Sudan Black.

179
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

Os polímeros sintéticos (plásticos) são utilizados largamente na indústria e no comércio


e estão presentes em grande escala no nosso meio. Muitos objetos são produzidos por plás-
ticos petroquímicos e como consequência da produção de plásticos vão surgindo problemas
ambientais, esgotamento dos recursos não renováveis e o equacionamento do lixo urbano.
Torna-se urgente a adoção de alternativas ao uso desses materiais (DIMITROV,2009).
Umas das alternativas é a substituição dos polímeros de origem petroquímica pe-
los polímeros biodegradáveis (ALVAREZ-CHAVEZ et al, 2012). Os polihidroxialcanoa-
tos ou bioplásticos são polímeros que podem ser produzidos de maneira sustentável e
ecologicamente correta, utilizando matérias-primas renováveis ou residuais industriais
(DELGADO; CORDOBA,2015).
Os polihidroxialcanoatos (PHAs) são sintetizados por bactérias como um pool intrace-
lular de carbono e energia. Essas bactérias podem produzir biopolímeros a partir de fontes
baratas de carbono, normalmente sem valor comercial como os resíduos (CARDOSO,2017;
HERNÁNDEZ et al,2018) e são importantes devido a sua semelhança aos de plásticos
à base de petróleo, tais como polipropileno e polietileno. Estes compostos químicos têm
características físicas semelhantes aos plásticos à base de petróleo, tais como densidade,
resistência à tração, alongamento e ponto de fusão, com a vantagem de serem facilmente
degradados (JUAN et al,2015).
Os polihidroxialcanoatos possuem aplicações desde a medicina até construção civil
e a agricultura. O uso de polihidroxialcanoatos nas áreas biomédicas é particularmente
promissor. Podem ser utilizados em fio de suturas, substitutos pericárdicos e sistemas de
liberação de fármacos (ECHAVARIA,2016) e em biomateriais (LI et al,2016).
Nos últimos anos tem-se observado com maior frequência a publicação de numero-
sos artigos e o desenvolvimento de pesquisas com relação à produção, vantagens e des-
vantagens da obtenção de PHA. Neles, diferentes fatores físico-químicos são avaliados e
testados, com o intuito de conhecer e instituir aqueles que apresentam maior incidência na
produção desses biopolímeros (DELGADO; CORDOBA,2015). No entanto, ainda existem
muitos polihidroxialcanoatos potenciais produzidos por bactérias e que ainda permane-
cem desconhecidas. Nos últimos anos, vários pesquisadores tentaram isolar novas PHAs
produzindo bactérias de vários ambientes, a fim de produzir novos constituintes do PHA
com potenciais aplicações (LELLIOTT et al,2015). Portanto nosso objetivo neste estudo foi
avaliar o potencial da diversidade bacteriana para a produção de polihidroxialcanoatos na
Amazônia Sul-Ocidental.

180
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
MÉTODO

O isolamento das bacterias foi realizado a partir de amostras de solos do parque zoo-
botânico da Universidade Federal do Acre, amostras de águas do Rio Acre e amostras de
óleo de andiroba. Todas as amostras foram coletadas no município de Rio Branco (Ac).

FIGURA 01. Locais de coleta das bacterias. Parque zoobotânico da ufac. Rio Acre e óleo de Andiroba.

Fonte: fotos de autoria própria

As amostras de solo (10 g) ,de água (100 ml) e de óleo ( 100 ml)foram transferidas para
100 mL de solução salina (NaCl 0,85%) em erlenmeyers de 250 mL, a qual foi submetida
agitação a 150 rpm, durante 1 hora, a 30°C. Após, a solução mencionada permaneceu em
repouso durante 30 minutos para a sedimentação do material particulado. A partir da solução
obtida, foram realizadas diluições decimais em solução salina até o fator 10–5. Alíquotas de
100 μL da solução e de suas diluições foram submetidas ao espalhamento em superfície
em meio mineral sólido TSB. As placas foram incubadas a 30°C por até 7 dias. Os isolados
foram transferidos para o meio mineral incubados por até 72 h a 30°C, sendo estriados até
a obtenção de culturas puras.

Seleção de bactérias produtores de PHAs

A seleção de potenciais produtores de PHAs foi realizada esfregaços das bactérias


cultivadas em meio TSB foram corados com sudan black, segundo metodologia descrita por
(OLIVEIRA et al,2008) adaptada por Paula (2008) e modificada neste estudo. Foram feitos
250 esfregaços bacteriano de cada local. Os esfregaços foram corados com uma solução de
Sudan Black B 0,02% em etanol 96%, durante 20 minutos, sendo descorados com etanol por
1 minuto. As bactérias com coloração azul escura foram consideradas produtoras de PHA
(PHA+), enquanto as colônias levemente azuladas ou não coradas foram consideradas não
produtoras deste. A observação foi em microscópio óptico, com lente de imersão (aumento
de 1000 vezes) e as imagens capturadas através de fotografias para posterior análise.

181
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
FIGURA 02. Esfregaços corados com sudan black

Fonte: fotos de autoria própria

Resultados e Discussão

Isolamento e seleção de bactérias produtoras de PHA

Bactérias com capacidade de acumular PHA segundo a coloração Sudan black foram
detectadas em cada um dos locais estudados, sugerindo que o nesses locais há uma grande
diversidade de bactérias produtoras de polihidroxialcanoatos. Dos 250 isolados bacterianos
coletados no Parque Zoobotânico da UFAC, 130 mostraram-se positivos para a coloração
Sudan black, com um índice de 54% de bactérias produtoras de biopolímeros. Nas águas do
Rio Acre, entre os 250 isolados, 104 manifestaram-se como positivas. Já em óleo de andi-
roba, 110 dos 250 isolados demonstraram ser positivas para a produção de PHA (Figura 3).
O número de isolados positivos para a produção de PHA se torna expressivo em se
tratando de Amazônia que ainda têm estudos escassos sobre a produção de biopolímeros
por bactérias. Trabalhos similares identificam bactérias em outros ambientes, como em amos-
tras de floresta, onde foram avaliadas 107 linhagens de microrganismos através da reação
com o corante Sudan Black. Entre os 107 micro-organismos isolados de ecossistemas de
Mata Atlântica, 11 isolados apresentaram reação positiva ao corante Sudan Black B, sendo
considerados potenciais produtores de PHAs. A partir de 76 linhagens isoladas de solo de
Floresta Ombrófila Densa (MA), foram obtidas 5 linhagens PHA+. A partir de 31 micro-orga-
nismos de solo de Mangue (MG), 6 isolados apresentaram potencial de produção de PHAs
(OLIVEIRA et al,2008).

182
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
FIGURA 03. Bactérias produtoras de polihidroxialcanoatos.

Isolados bacterianos produtores de PHA foram encontrados por FARAGO (2015) em


amostras de solo, água contaminada e areia. Das 32 colônias analisadas, 4 mostraram-se
potenciais produtoras de PHA, através da coloração Nilo red.
Em outros estudos com bioprospecção de bactérias capazes de acumular PHA, LICIO
(2011) analisou amostras de lodo e esgoto doméstico e solo, obteve 261 isolados como po-
sitivos para a produção de PHA. 161 desses isolados eram provenientes do lodo de esgoto
e 100 desse isolados eram provenientes do solo. Os isolados positivos foram detectados
através dos corantes Nilo red e Sudan Black. Sendo que o número maior de isolados foi
detectado através do corante Sudan Black.
SILVA et al (2016) isolou 24 colônias bactérias provenientes de solo de mata Atlântica e
lodo de lagoa de sedimentação da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) no município de
Coruripe (AL) em meio mineral mínimo. As Quatro bactérias selecionadas (Enterobacter ae-
rogenes BMA-10, Pseudomonas fluorescens BMA-05, Klebsiella oxytoca BMA-13 e Bacillus
pumilus BLD-07) foram selecionadas por serem capazes de turvar acentuadamente o meio
mínimo mineral indutor de produção de PHAs, mediante diferentes fontes de carbono, além
de reterem o corante preto de Sudão e apresentarem em seu genoma o gene phaC, codante
da PhaC sintase.
Em nosso conhecimento, não tinha sido ainda relatada a produção de biopolímeros
em bactérias presente em óleo vegetal de Andiroba. O que torna esse resultado importante
já que o objetivo deste trabalho é a busca a diversidade de bactérias produtoras de polihi-
droxialcanoatos em diferentes ambientes.
De acordo com a literatura a bioprospecção de bactérias produtoras de PHAs pode
ser realizada através da utilização do corante Sudan Black, que é ligeiramente solúvel em

183
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
solvente orgânico e insolúvel em água; ao ligar-se a estruturas hidrofóbicas confere colora-
ção negra azulada, visível em microscópio óptico (MATSUDA,2009).
GUZMAN et al (2017) coletaram bactérias a partir de amostras de águas salinas no
Peru. Os autores coletaram amostras de 200 mL de água em frascos de vidro de boca larga
previamente esterilizados e identificados. Eles obtiveram 203 isolados de bactérias halofílicas,
utilizando o corante Sudan Black para a triagem das bactérias produtoras de PHA, 38,92%
dessas bactérias foram detectados grânulos de PHA.
O corante Sudan Black também serviu para identificar 1 isolado como produtor de
PHAS em estação de efluentes de Santa Cruz do sul (SC). Moraes et al (2017) coletou 23
isolados nessa estação, visto que somente o isolado E10 apresentou-se como positivo para
a produção de PHA.
O corante sudan black atua por difusão simples, corando corpos lipofílicos como os
grânulos de PHAs, gerando uma coloração negra azulada, a qual possibilita sua visuali-
zação em microscópio óptico e indica resultado positivo (LELLIOT; STEAD, 1987). Assim,
pode-se inferir que 54% das bactérias analisadas são potencialmente produtoras de PHAs,
apresentando pontos negros azulados com diferentes distribuições, dimensão e intensida-
de. A observação dos grânulos mais intensos e alterações mais expressivas na morfologia
do isolados ocorreram em algumas lâminas (FIGURA 4,5 e 6).
A triagem por coloração com sudan black é uma técnica indicativa de acúmulo de
corpos lipofílicos, no entanto, a realização da técnica para quantificação e identificação, de
Cromatografia Gasosa (CG) Cromatografia Gasosa com Espectrometria de Massas (CG-
Massas), Espectrometria de Infravermelho (IR), entre outras é fundamental para a seleção
das linhagens (RODRIGUES et al,2015).

FIGURA 04. Características macroscópicas e microscópicas de bactérias isolas do parque zoobotânico.

Fonte: fotos de autoria própria

184
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
FIGURA 05. Características macroscópicas e microscópicas de bactérias isolas do Rio Acre .

Fonte: fotos de autoria própria

FIGURA 06. Características macroscópicas e microscópicas de bactérias de óleo de andiroba.

Fonte: fotos de autoria própria

O teste morfológico mostra que quase todos os micro-organismos isolados com poten-
cial para produção de PHA apresentam crescimento rápido apresentam formação de muco.

CONCLUSÃO

A produção de polihidroxialcanoatos (PHA) como material de reserva e energia é uma


particularidade que muitas bactérias apresentam. Embora o Brasil seja conhecido como um
país de grande diversidade biológica, poucos trabalhos foram realizados de forma a identificar
genes presentes em bactérias responsáveis pela produção de polihidroxialcanoatos (PHA).
Os PHAs podem servir de matéria prima para a fabricação dos mais variados artefatos
como embalagens, garrafas, filmes, produtos de higiene, inseticidas entre outros. Contudo,
apesar do critério ambiental, a produção em larga escala dos plásticos biológicos é mais
cara do que a produção do plástico de origem petroquímica.Torna-se justificável o investi-
mento em estudos que procurem aperfeiçoar processos de produção, buscando barateá-los,
bem como estudos que busquem identificar novos organismos capazes de sintetizar novos
185
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
polímeros, ou capazes de oferecer novos genes que venham contribuir para a produção
acessível. Os resultados obtidos inicialmente nesse estudo permitem especular que os
microrganismos que habitam os diversos ambientes da Amazônia devem ser considerados
como potenciais produtores de PHAs. As analises feitas nesse trabalho, são uma etapa
preliminar e uma importante ferramenta para um melhor direcionamento experimental.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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187
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
15
Reprodução e desenvolvimento de
minhocas Eisenia andrei (Bouché
1972) utilizando resíduos orgânicos
domésticos

João Batista Medeiros Silva


UEMS/UFCG

Maria Ingrid de Souza


IFPB

10.37885/210303574
RESUMO

Vermicompostagem é um meio de decomposição de matéria orgânica onde se faz o uso


de minhocas, aumentando o contato do substrato com a superfície, aumentando a ação
microbiana na decomposição do material, acelerando o processo de degradação. O ob-
jetivo desse trabalho foi observa a capacidade reprodutiva e adaptabilidade de minhocas
da espécie Eisenia andrei em diferentes substratos. As minhocas foram expostas aos
substratos: T1- composto orgânico (testemunha); T2- composto orgânico + casca de
abacaxi + pimentão; T3- composto orgânico + tomate + casca de melancia; T4- composto
orgânico + cascas de batatinha + cenoura. Durante o período de experimento foi realizado
por duas vezes o desmonte dos vasos para contabilizar a taxa de reprodução e remanên-
cia das oligoquetas em seus respectivos substratos. Os tratamentos demostraram que
as minhocas são capazes de se adaptar e reproduzir em diferentes substratos, sendo o
tratamento 2 o que atingiu melhor desempenho, superando os demais tratamentos, com
medias ao final do experimento com média de minhocas de 17,00 e casulos de 39,60.

Palavras-chave: Substrato, Reprodução, Adaptabilidade, Remanescente.

189
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

A vermicompostagem é um método considerado eficiente no processo de ciclagem de


resíduos orgânicos, e se torna o meio que contribui para a procriação de minhocas e adubo
de qualidade levando em consideração os tipos de resíduos utilizados em sua alimenta-
ção. O crescimento populacional traz como consequência o aumento da demanda na pro-
dução de alimentos e matérias- primas, causando a degradação desordenada dos recursos
naturais, seja pela exploração agrícola, industrial ou pela urbanização, gerando o desgaste
no solo e corpos de água, recursos estes de extrema importância para a manutenção da
vida (NADOLNY, 2009). Estima-se que o brasileiro produza em média cerca de 1kg de lixo
por dia, produzindo no país inteiro em torno de 241.614 toneladas de lixo/dia, onde 60% são
resíduos orgânicos (FILHO, 2012).
No ano de 2016 segundo Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais- ABRELPE, foi produzido diariamente 214.405 toneladas de resíduos
sólidos urbano com 1,040 Kg/habitante/dia, diferentemente do ano 2015 onde se produziu
218.874 toneladas por dia e 1,071 kg/habitante/dia, quantidade superior ao ano de 2016
(ABRELPE, 2017).
Cerca de 50% do que se considera lixo presentes nos aterros sanitários é composto por
materiais que podem ser reutilizados ou reciclados segundo Serviço Brasileiro De Resposta
Técnica- SBRT, 2004. Esses dados são corroborados por NADOLNY (2009), que afirma que
52% dos resíduos gerados pela população é de origem orgânica e que tal resíduos tem total
condições de serem reaproveitados utilizando processos de reciclagem adequado.
Considerando os danos causados ao meio ambiente pelo uso abusivo de fertilizan-
tes, além da busca por meios que evite o seu uso, é de extrema importância que técnicas
sustentáveis que respeite o meio ambiente como a vermicompostagem seja disseminada,
buscando melhorar a qualidade do solo e consequentemente o produto resultante do cultivo,
além do descarte correto do lixo orgânico doméstico (SILVA, 2017).
O processo de vermicompostagem pode ser realizado em quatro diferentes escalas:
doméstica, industrial, média escala e laboratorial. Variando de acordo com o objetivo dese-
jado, seja para a produção de húmus ou para a produção de minhocas (CASARIL, 2014).
Para realização de pesquisa é sugerido pelos autores Bidone e Povinelli (1999) apud Casaril
(2014), que o experimento seja realizado utilizando recipientes pequenos, estes podem
ser constituídos por qualquer tipo de material, desde que possuam sistema de captação,
armazenado assim, o liquido produzido durante o processo. Na vermicompostagem voltada
para agricultura familiar, onde o húmus produzido é utilizado apenas para adubação em sua
propriedade, construir um minhocário de baixo custo que possua manutenção fácil de ser
realizada é a melhor escolha, a produção do composto pode ser realizado com a utilização
190
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
de estercos, restos de matéria orgânica produzido na propriedade e a estrutura do minhocário
pode ser construída com madeiras ou estrutura de alvenaria, utilizando como cobertura capim,
palha ou qualquer meio facilmente encontrado ao redor da propriedade (SHIEDECK, 2007).
Há diversas formas de realizar a construção de minhocário, entre estas Eckhardt et al.,
(2016), destaca o minhocário “campeiro”, sua construção é simples, fazendo uso apenas
de bambus sobrepostos um sobre o outro formando uma estrutura firme, dispensando o
uso de arames, pregos ou qualquer outro meio para fixar sua estrutura. Além do campeiro,
o de alvenaria se torna uma ótima opção, apesar de possuir custos, pode ser construído
aproveitando instalações já existentes na propriedade. Além desses meios econômicos de
realizar a vermicompostagem, o mercado fornece meios sofisticados para realizar esse pro-
cesso, existem vários tipos de composteiras que podem ser encontradas no site Minhobox,
empresa responsável pelo desenvolvimento de composteiras que atendem desde a escala
domestica até a industrial, fornecendo diferentes produtos com a finalidade de criação e/ou
produção de húmus.
Os benefícios causados pelo o uso de húmus é destacado por vários autores, e se-
gundo Motta (2014), a eliminação de sementes invasoras e micro-organismos patogênicos
devido ao aumento da temperatura durante o processo de decomposição, uso de restos
vegetais, nutrientes fornecidos ao solo e plantas, são alguns dos benefícios de realizar o
uso desse composto. Silva (2017), ressalta que as principais vantagens de fazer o uso de
húmus são: não ser agressivo para o ambiente; não contaminar o solo e água como os
fertilizantes químicos; enriquecer o solo com nutrientes; serve de grande fonte de nutrien-
tes para as plantas; controla a toxicidade do solo, corrigindo excessos de alumínio, ferro e
manganês; aumenta a resistência das plantas a pragas e doenças; facilita a maior absorção
dos nutrientes pelas raízes das plantas; favorece a entrada de ar e circulação de água no
solo; melhora a estrutura do solo; propicia produção de alimentos mais saudáveis; produção
de adubo de alta qualidade.

OBJETIVO

Desta maneira o objetivo desta pesquisa consiste em investigar do comportamento


de oligoquetas Eisenia andrei em diferentes tipos de habitat, avaliando de acordo com seu
comportamento qual combinação de alimentos beneficiou seu desenvolvimento, viabilizan-
do a produção de um substrato de melhor qualidade e o desenvolvimento de técnicas que
contribuam para a otimização da minhocultura.

191
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
MÉTODOS

O cultivo das minhocas Eisenia andrei foi realizado no período de 60 dias, sendo feito
avaliações mensais em relação a taxa de reprodução e sobrevivência das minhocas. O experi-
mento foi desenhado levando em consideração as descrições dos trabalhos de Santos (2009).
Sendo constituído por 4 tratamentos e 5 repetições, totalizando 20 unidades experimentais.
Cada tratamento recebeu a mesma quantidade de composto, alimento e minhocas por vaso.
Sendo o tratamento um, testemunha, (T1) consistindo apenas composto orgânico (600g),
tratamento 2 (T2): Composto orgânico (600g) + casca de abacaxi (150g) + pimentão (150g),
tratamento 3 (T3): Composto orgânico (600g) + tomate (150g) + casca de melancia (150g),
e tratamento 4 (T4): Composto orgânico+ cascas de batatinhas (150g) + cenoura (150g).

Tabela 1. Alimentos fornecidos

Tratamento 1 - Composto orgânico (600g)

Tratamento 2 - Composto (600g) + Casca de abacaxi (150g) + pimentão verde (150g)

Tratamento 3 - Composto (600g) + Tomate (150g) + Casca de melancia (150g)

Tratamento 4 - Composto (600g) + Cascas de batatinha (150g) + Cenoura (150g)

Os vasos plásticos utilizados possuíam uma capacidade de 1,7 L (altura 14 cm, diâ-
metro superior 16 cm e inferior 11 cm), contendo drenos de 2,5 cm no fundo. Cada vaso foi
forrado com material semelhante a tecido, de polipropileno vulgarmente chamado de “TNT”
ou “cami” para impedir a fuga das minhocas. Os vasos foram devidamente identificados e
mantidos em bancadas na casa de vegetação.

Figura 1. Vasos de plásticos utilizados no experimento

Os recipientes foram dispostos em um Delineamento Experimental Inteiramente


Casualizado (DIC), ou seja, distribuídos ao acaso, sendo utilizada 10 minhocas em cada
recipiente da espécie E. andrei, com duas datas de avaliação, cinco repetições e quatro

192
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
tratamentos, totalizando 20 unidades de tratamento. As unidades experimentais foram dis-
postas em bancadas juntamente com suas quintuplicadas.

Figura 2. Esquema da disposição dos vasos na bancada.

O experimento foi monitorado diariamente, a fim de observa o comportamento das mi-


nhocas e verificar qualquer situação que pudesse interferir em seu rendimento no processo
de estabilização do resíduo orgânico (RO). Nas datas de avaliação do experimento, os va-
sos foram desmontados e o composto foi depositado em bandejas plásticas, para realizar a
contagem de minhocas e casulos, meio este utilizado para avaliar qual tratamento beneficiou
a minhocas na sua adaptação e reprodução.

Figura 3. Contagem das minhocas (A) e casulos (B)

Os valores resultantes foram representados em média e desvio padrão por


meio da porcentagem.

RESULTADOS

Através dos valores dispostos na tabela 1 verifica-se que o tratamento T1 (Testemunha)


foi o que obteve a menor quantidade de minhocas remanescentes, e diferentemente dos
demais não apresentou reprodução, possivelmente devido à ausência de alimentos. O tra-
tamento T2 (casca de abacaxi + pimentão) ao final do experimento obteve taxa de minhocas
193
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
remanescentes e reprodução acima dos demais tratamentos. Seguido pelo tratamento 3
(tomate + casca de melancia), em relação a taxa de reprodução, e tratamento 4 (cascas de
batatinha + cenoura), na taxa de minhocas remanescentes e reprodução.

Tabela 1. Médias das minhocas e casulos encontrados ao final do experimento em cada tratamento expresso em
valores de porcentagem.
30 dias 60 dias
Tratamento Minhocas Casulos Minhocas Casulos
T1 *7,70 ± 1,41 0 *4,20 ± 3,19 0

T2 *9,00 ± 1,22 *15,80 ±11,92 *17,00 ± 14,78 *39,60 ± 31,46

T3 *8,00 ± 1,58 0 *7,40 ± 1,67 *18,20 ± 22,20

T4 *6,80 ± 3,63 *2,80 ± 6,26 *10,40 ± 12,13 *17,80 ± 34,33


Fonte: Autores, 2018, *Média ± Desvio Padrão (%).

DISCUSSÃO

O T1 (Testemunha) consistiu no único tratamento que não recebeu alimentos, o que


pode ter ocasionado uma baixa adaptabilidade das minhocas sendo comprovado através
dos índices de reprodução e sobrevivência. Verificou-se que a população de minhocas re-
manescentes sofreu queda nas duas avaliações, aos trinta dias o resultado da população
foi igual a 7,70, chegando aos sessenta dias com 4,20 de remanescentes.
De acordo com as médias resultantes nesse tratamento, nota-se que o material testado
não beneficiou no desenvolvimento e reprodução das minhocas. Devido ao tratamento 1
apresenta nas duas avaliações médias reprodutivas igual a zero e brusca queda popula-
cional, este tratamento não foi significativo para a técnica de reprodução de minhocas se
comparado aos demais tratamentos.
No tratamento T2 (composto + cascas de abacaxi e pimentão), os resultados se mos-
traram positivos, de acordo com as médias obtidas essa combinação de alimentos quando
comparada aos valores encontrados nos demais apresentou uma maior aceitabilidade pelas
minhocas. O tratamento 2 (Casca de abacaxi + pimentão) na primeira avaliação registrou
média populacional de 9,00, com taxa reprodutiva igual a 15,80. Diferentemente do que foi
observado nos outros tratamentos, a média populacional e reprodutiva se manteve crescen-
te. Na primeira avaliação a média de remanescentes foi de 9,00 e reprodução 15,80, ao final
do experimento a média populacional foi igual a 17,00 e de casulos 39,60, as médias desse
tratamento se mantiveram acima do encontrado nos demais tratamento durante o experi-
mento. Santos, (2009) ao utilizar como alimento para as minhocas esterco curtido + solo +
casca de laranja e de banana, não obteve bons resultados, e segundo o autor o que pode
ter influenciado na queda populacional durante seu experimento, foi o processo de fermen-
tação na casca de laranja que assim como a casca de abacaxi utilizada nesse tratamento,
194
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
são frutas cítricas. Mas, diferentemente do resultado descrito por Santos (2009), apesar da
utilização de alimento com teor de acidez (casca de abacaxi) o resultado no tratamento 2
foi consideravelmente satisfatório, de acordo com as médias a combinação de alimentos
utilizada foi bem aceita pelas minhocas.
No tratamento 3 (Tomate + casca de melancia), observou-se que na primeira avalia-
ção a média populacional foi de 8,00 e a reprodutiva igual a 0,00, mas apesar da média de
minhocas remanescentes encontrada na segunda avaliação ser menor que a encontrada
na primeira, a média reprodutiva foiigual a 18,20, diferindo significativamente do valor re-
gistrado no primeiro mês. A falta de reprodução e perda populacional no primeiro mês de
experimento pode ter ocorrido devido os alimentos (tomate e casca de melancia) inicialmente
não estarem aptos para o consumo, e por serem alimentos frescos é importante que ocor-
ra o processo de decomposição, para que as minhocas possam vir a se alimentar desse
material. O aumento da média reprodutiva encontrada na segunda avaliação é indicativo
que após a estabilização do RO, as minhocas se adaptaram bem ao material. Em estudo
realizado por Gonçalves, (2017), o autor testou a adaptação de minhocas Eisenia foetida
em cinco tratamentos diferentes, os resultados demostraram que o tratamento que continha
brachiaria na sua combinação (cama de equino constituído de casca de arroz + brachiaria)
obteve bons resultado reprodutivo (média de 23 casulos) e população de minhocas (média
de 113 minhocas). Segundo o autor a brachiaria pode ter melhorado o substrato contribuindo
na reprodução das minhocas. É ressaltado pelo autor a importância de oferecer as minhocas
alimentos que beneficie sua reprodução e desenvolvimento.
O tratamento 4 (cascas de batatinhas e cenoura) apresentou média de minhocas
remanescentes na primeira avaliação igual 6,80 e reprodutiva de 2,80. O baixo desenvol-
vimento e reprodução das minhocas no primeiro período do experimento pode ter ocorrido
devido os alimentos não estarem propicio para o consumo de acordo com as necessidades
estabelecidas. Vaz (2017), afim de analisar o comportamento das minhocas em resíduos
orgânicos, verificou que ao utilizar cenoura ralada como alimento, gerou stress causando
fuga e morte das minhocas. Segundo o autor, o uso de cenoura ralada pode ter estimulado
a produção de gás etileno, resultando na morte das minhocas através de intoxicação, pois
ao utilizar cenoura inteira, as minhocas se adaptaram bem ao composto.
De acordo com Raven et al. (2007), quando o vegetal é cortado, tende a estimular a
produção de gás etileno, isso ocorre devido o material estar em contato direto com oxigê-
nio, resultando na aceleração no processo de decomposição. Dessa forma, os resultados
encontrados nos tratamentos 3- 4, podem ter ocorrido pelo material usando ter produzido
gás toxico prejudicando o desenvolvimento das minhocas.

195
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Como pode ser observado na tabela 4, a média de minhocas remanescentes na segun-
da avaliação foi de 10,40 e de reprodução igual a 17,80, valores esses consideravelmente
maiores que os encontrados na primeira avaliação, a aceitabilidade do composto pelas
minhocas, beneficiou o aumento populacional e reprodutivo. A variação dos resultados
encontrados durante o experimento apresentou-se de acordo com o descrito por RAVEN
et al. (2017) e VAC (2017), que afirma que os resultados iniciais podem ter ocorrido pelo fato
dos alimentos não estarem propícios para o consumo ou liberação de alguma substância
tóxica prejudicando o desenvolvimento das minhocas, o que pode justificar os diferentes
resultados encontrados.
Ao comparar as médias dos tratamentos 3 e 4, nota-se que apesar da média repro-
dutiva do T3 ao final na segunda data de avaliação ser menor que a do T4, as médias de
reprodução não apresentaram diferenças significativas. Gonçalves, (2017), descreve que em
dois dos tratamentos testados em sua pesquisa, foram obtidos resultados de reprodução e
população de minhocas semelhantes, segundo o autor essa semelhança ocorreu devido à
presença de brachiaria na combinação de ambos os tratamentos. Diferentemente da com-
binação utilizada por esse autor, e apesar de terem sido constituídos por combinações de
alimentos distintos, o tratamento 3 e 4 obtiveram valores reprodutivos aproximados.
Os tratamentos analisados nesse trabalho apresentaram variações tanto na taxa po-
pulacional quanto na reprodutiva, durante o processo de vermicompostagem. Segundo os
autores Aquino et al. (1994) apud Loureiro et al. (2007) é esperado que com a falta de ali-
mentos ocasionado pela produção de húmus, resulte na mortalidade das minhocas. Através
dos resultados descritos, a combinação de alimentos que beneficiou no desenvolvimento
das minhocas durante todo o período do experimento foi o tratamento 2 (T2). As médias de
remanescentes assim como de reprodução se mantiveram acima dos demais tratamentos
ao longo de todo o período de teste. E apesar da baixa reprodução e desenvolvimento nos
demais tratamentos, as minhocas sobreviveram e produziram casulos.

CONCLUSÃO

Os tratamentos analisados nesse trabalho apresentaram variações tanto na taxa po-


pulacional quanto na reprodutiva, durante o processo de vermicompostagem. Através dos
resultados descritos, a combinação de alimentos que beneficiou no desenvolvimento das
minhocas durante todo o período do experimento foi o tratamento 2 (T2), viabilizando a repro-
dução e sobrevivência da espécie, apresentando médias de remanescentes assim como de
reprodução acima dos demais tratamentos ao longo de todo o período de teste. E apesar da
baixa reprodução e desenvolvimento nos demais tratamentos, as minhocas sobreviveram e
produziram casulos. Sendo assim, a vermicompostagem além de ser um meio eficiente para
196
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
criação e reprodução de minhocas, é uma técnica viável e econômica de se realizar a cicla-
gem dos resíduos orgânicos, que em sua maioria são destinados para locais inadequados.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Cassilândia MS (PGAC), e a


Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS).
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, Campus Picuí.

FINANCIAMENTO

Fundação Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, (PIBAP/CAPES).

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198
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
16
Utilização de bactérias no controle de
fungos fitopatogênicos de importância
econômica

Ingrid Reis da Silva


CBA

Ivanete Ferreira de Souza


CBA

Rosangela Santana Martins de Matos


CBA

10.37885/210404307
RESUMO

O uso de bactérias como agentes antagônicos contra fitopatógenos tem se mostrado po-
tencialmente útil em substituição aos defensivos químicos, sendo apontado como alternati-
va viável para os sistemas de produção agrícola. Fitopatógenos do gênero Colletotrichum
são frequentemente relacionados a antracnoses em diversas culturas como o abacate,
cacau, cupuaçu e, etc. O gênero Fusarium tem sido reportado como agente causal de
diferentes fitopatologias em mais de cinquenta plantas tropicais e subtropicais, principal-
mente o guaranazeiro (Paullinia cupana). Desse modo, este trabalho buscou investigar
o potencial de 28 bactérias, entre endofíticas e de solo, em controlar in vitro os fungos
fitopatogênicos: Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium decemcellulare e Sclerotinea
sclerotiorum. As bactérias foram avaliadas pelo método de cultivo pareado com os fito-
patógenos, utilizando como parâmetros: a formação de halo de inibição exercido pelo
fitopatógeno, o tamanho da colônia do patógeno e a porcentagem de inibição do cres-
cimento micelial do patógeno. Com relação ao teste de antagonismo pelo método de
cultivo pareado, 13 bactérias inibiram o crescimento in vitro de Fusarium decemcellulare,
11 inibiram Colletotrichum gloeosporioides. Dessas, 10 bactérias inibiram dois dos três
fitopatógenos avaliados. As bactérias com maior potencial para inibição foram: CBA
1855 (com 46% e 39 % de inibição frente à Fusarium decemcellulare e Colletotrichum
gloeosporioides, respectivamente) e CBA 1853 (com 40% e 39 % de inibição frente à
Colletotrichum gloeosporioides e Fusarium decemcellulare, respectivamente). Nenhuma
bactéria teve potencial para inibir Sclerotinea sclerotiorum. Estudos futuros serão rea-
lizados para testar a capacidade destes microrganismos na proteção in vivo da planta.

Palavras-chave: Antagonismo, Bactérias, Fitopatógenos.

200
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

A utilização de microrganismos para fins de controle biológico tem sido amplamente


estudada. Esses estudos evidenciam um importante avanço para a agricultura por utilizar
diversos mecanismos, entre eles o potencial biotecnológico de bactérias isoladas de solo,
que surgem como ferramentas importantes para o controle biológico aplicado (ROMEIRO
et al., 2005; HALFELD-VIEIRA et al., 2006; RYAN et al., 2008). Neste contexto, o uso de
bactérias como agentes antagônicos contra fitopatógenos, tem se mostrado potencialmente
útil em substituição aos defensivos químicos, sendo apontado como alternativa viável para os
sistemas de produção agrícola. Fitopatógenos do gênero Colletotrichum são frequentemente
relacionados a antracnoses em diversas culturas como o abacate, cacau, cupuaçu, guaraná
e, etc. O gênero Fusarium tem sido reportado como agente causal de diferentes fitopatolo-
gias em mais de cinquenta plantas tropicais e subtropicais, principalmente o guaranazeiro
(Paullinia cupana) (FREEMAN et al., 2000; BENTES e BARRETO, 2004 ; ANDRADE et al.,
2007). Diante disso, o objetivo deste trabalho foi selecionar bactérias da coleção microbio-
lógica do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) capazes de inibir, in vitro, o cresci-
mento de fitopatógenos como, Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium decemcellulare e
Sclerotinea sclerotiorum, visando estabelecer métodos de controle alternativo para estes
patógenos causadores de doenças em culturas de interesse econômico da região Amazônica.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi utilizada a técnica de cultura pareada (MARIANO, 1993) para avaliação do antago-
nismo dos isolados endofíticos contra fitopatógenos, respeitando-se o tempo de crescimento
dos isolados e fitopatógenos avaliados. Para este estudo, foram escolhidos os fitotógenos
Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium decemcellulare e Sclerotinea sclerotiorum que são
de grande importância econômica para a região. Os discos contendo micélio dos patógenos
foram obtidos de colônias crescidas em meio BDA, durante sete dias, incubadas em câmara
BOD, com temperatura de 25 °C. Após esse período, os discos foram retirados da borda das
colônias, com diâmetro inicial de dez milímetros e colocados em uma extremidade de cada
placa de Petri. Na outra extremidade, foram inoculados 100 µL dos metabólitos centrifugados
de cada bactéria da Coleção CBA a serem avaliadas. As placas foram incubadas em câmara
BOD por um período de 7 a 14 dias, quando foi realizada as avaliações. Para determinar a
porcentagem de inibição do crescimento do patógeno, o diâmetro das colônias foi medido,
subtraindo-se o diâmetro do disco de micélio inicial (QUIROGA et al., 2001) e calculada de
acordo com Edginton et al. (1971), pela fórmula:

201
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
– Porcentagem de inibição (PI%) = (Dc – Dt / Dc) x 100

Em que Dc é o diâmetro médio da colônia do patógeno das placas testemunhas (sem


antagonista) e Dt é o diâmetro médio da colônia dos patógenos frente ao antagonista (bac-
térias teste). A metodologia utilizada está exemplificada na Figura 1.

Figura 1. Fluxograma com as etapas da metodologia utilizada: 1) Reativação das bactérias a serem avaliadas em meio
líquido e reativação dos fungos fitopatogênicos em placa por 7 a 10 dias a 25°C; 2) Obtenção dos metabólitos secundários
das bactérias da Coleção CBA a serem avaliadas; 3) Teste qualitativo em cultivo pareado (bactérias x patógenos); 4)
Avaliação da Porcentagem de inibição segundo Quiroga et al., (2001).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As 28 bactérias foram avaliadas pelo método de cultivo pareado com os fitopatógenos,


utilizando como parâmetros: a formação de halo de inibição exercido pelo fitopatógeno, o
tamanho da colônia do patógeno e a porcentagem de inibição do crescimento micelial do
patógeno, segundo a metodologia de Mariano, (1993) com modificações.
Os testes realizados através do método in vitro revelaram o potencial antagonista de al-
guns metabólitos bacterianos, por pareamento direto, contra Colletotrichum gloeosporioides e
Fusarium decemcellulare, constatado através da formação de halo de inibição, que reduziram
o crescimento micelial dos fitopatógenos. Com relação ao teste de antagonismo, 13 bacté-
rias inibiram o crescimento in vitro de Fusarium decemcellulare, 11 inibiram Colletotrichum
gloeosporioides aos 14 dias de incubação. Dessas, 10 bactérias inibiram dois dos três fito-
patógenos avaliados. As bactérias com maior potencial para inibição foram: CBA 1855 (com
46% e 39 % de inibição frente à Fusarium decemcellulare e Colletotrichum gloeosporioides,
202
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
respectivamente) e CBA 1853 (com 40% e 39 % de inibição frente à Colletotrichum gloeos-
porioides e Fusarium decemcellulare, respectivamente). Nenhuma bactéria avaliada foi efi-
ciente em para inibir Sclerotinea sclerotiorum. Estudos futuros serão realizados para testar
a capacidade destes microrganismos na proteção in vivo da planta. Na Figura 2. Podemos
observar os melhores resultados no controle biológico frente a Fusarium decemcellulare.
Colletotrichum gloeosporioides.

Figura 2. Resultados obtidos nos ensaios biológicos: (A) Bactérias CBA 1529 e CBA 1855 inibindo o crescimento de
Fusarium decemcellulare; (B) Bactéria CBA 1853 inibindo o crescimento de Fusarium decemcellulare. C (frente) e D
(verso) Bactérias CBA 1855, CBA 1811, CBA 1853 e CBA 1529 inibindo o crescimento de Colletotrichum gloeosporioides.

Os resultados obtidos neste trabalho são semelhantes aos obtidos por Silva (2015), que
avaliou a porcentagem de inibição de um isolado endofítico da semente de guaranazeiro fren-
te ao fitopatógeno C. gloeosporioides, obtendo uma porcentagem de inibição (PI) de 52,41%.
Souza et al., (2015) também avaliou o potencial de bactérias endófitas, onde foi obtida
a inibição de fitopatógenos, entre eles Fusarium solanie e Colletotrichum gloeosporioides.
Silva et al., (2016), avaliaram o potencial de 8 endofíticos isolados de guaranazeiro
frente a Fusarim decemcellulare. Todos os isolados endofíticos avaliados inibiram o cresci-
mento dos três isolados de F. decemcellulare utilizados.
Resultados semelhantes aos deste trabalho foram obtidos por Zhang et al. (2012),
quando diferentes isolados de B. subtilis reduziram a incidência dos fitopatógenos Fusarium
oxysporum e Verticillium.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste estudo mostram o potencial da utilização de bactérias de


solo no controle biológico de Colletotrichum gloeosporioides e Fusarium decemcellulare. 203
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Perspectivas sobre o uso dessas espécies em formulações comerciais projetadas para
controlar doenças de planta são promissoras, necessitando avaliar sua eficiência em casa
de vegetação e campo.

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204
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
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205
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
17
Utilização de mapas conceituais em
aulas de biologia e química no ensino
médio para avaliar a aprendizagem
significativa

Késia Filadélfia Dionizio Silva


UFAL

Clézia Dionizio Silva


UAB

10.37885/210404426
RESUMO

Este artigo tem o objetivo de apresentar mapas conceituais como instrumentos avaliati-
vos do aprendizado do aluno, além disso, que é possível através dos mapas identificar
se tal aprendizado ocorreu de forma significativa. Este trabalho tem como base a Teoria
da Aprendizagem Significativa de Ausubel. Posteriormente, Novak baseado na teoria
de Ausubel criou e teorizou os mapas conceituais. A pesquisa foi desenvolvida com um
grupo de seis alunos numa escola pública de ensino médio. Para a investigação os alu-
nos criaram dez mapas conceituais de conceitos de Química e Biologia. A análise dos
mapas criados pelos alunos foi de cunho quantitativo e qualitativo através da taxonomia
topológica. Os resultados mostram que é possível identificar a ocorrência da aprendiza-
gem significativa a partir da análise dos mapas conceituais feitos pelos alunos, além de
analisar como ocorreu a evolução dessa aprendizagem.

Palavras-chave: Aprendizagem Significativa, Mapas Conceituais, Ensino Médio.

207
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

Sabemos que o professor enfrenta grandes desafios em seu campo de atuação, prin-
cipalmente no Ensino Médio com as disciplinas de Ciências da Natureza e Matemática, uma
vez que os alunos trazem consigo um preconceito de que tais disciplinas são complexas e
difíceis de serem compreendidas. Dentro desse contexto, as disciplinas de Biologia, Química,
Física e Matemática possuem um desafio pontual que está relacionado ao processo ava-
liativo. Em muitos casos a avaliação acaba estimulando o aluno a memorizar o conteúdo,
as fórmulas sem buscar significados ou relações com outros conceitos que foram vistos,
onde o mesmo não identifica o que realmente foi aprendido e acaba tendo uma visão de
aprendizagem sem significado.
É muito importante que o professor entenda como ocorreu a mudança conceitual no
aluno, como se deu a evolução da aprendizagem, a aquisição dos novos conhecimentos,
bem como verificar se o mesmo aprendeu ou não de forma significativa. Assim, é preciso
utilizar métodos mais satisfatórios quanto à forma de avaliar os alunos. Normalmente o que
se percebe é a insistência tradicional por parte dos professores de avaliar de utilizar a prova
escrita e individual como instrumento principal de avaliação. Um método defendido pelos
autores deste trabalho é o uso de mapas conceituais como instrumento de avaliação, esses
mapas, proporcionam uma melhor exposição dos conceitos que os alunos aprenderam. Uma
das grandes vantagens do mapa conceitual é que não direciona o aluno para uma questão
única e fechada, ao contrario, os alunos se apropriam de uma infinidade de maneiras de
expor os conceitos que foram aprendidos. As respostas expressas nos mapas são únicas e
os alunos poderão realizar uma série de inferências que exijam não somente o significado
dos conceitos, mas das inter-relações entre os mesmos.
A Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel fundamenta este trabalho e também
serve de guia para a análise proposta. Aqui, propõe-se uma análise quanti e qualitativa de
mapas conceituais elaborados por um grupo de 6 alunos da Escola Estadual Comendador
José da Silva Peixoto (EECJSP) na cidade de Penedo-Alagoas. A análise qualitativa se
baseia na taxonomia topológica de Cañas et al. (2006); nos traços semânticos do mapa,
onde se verifica a qualidade dos conceitos, das relações, ramificações, etc. (VALERIO,
LEAKE & CAÑAS, 2008); e por fim, a partir desta parte qualitativa, pontuaram-se os mapas
a partir dos critérios sugeridos por Gowin e Alvarez (2005) e aplicando a fórmula proposta
por Uibson (2012).
Neste artigo serão mostrados os resultados do projeto de pesquisa1 que busca apre-
sentar o uso dos mapas conceituais na avaliação da aprendizagem dos alunos. Esta con-
tribuição é importante tendo em vista o grande objetivo que o ensino tem que é o de levar

208
1 Mapas Conceituais: Instrumento Avaliativo da Aprendizagem Significativa para o Ensino Médio (EECJSP – Penedo-Al).

Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
o aluno a ter algum aprendizado e a partir da avaliação por meio de mapas conceituais o
professor poderá analisar a evolução da aprendizagem e se essa se deu com significado.

DESENVOLVIMENTO

Este trabalho está teoricamente fundamentado na Teoria da Aprendizagem Significativa


que foi criada por David Paul Ausubel, o qual defende que a aprendizagem resulta no ar-
mazenamento organizado de informações na mente do ser que aprende, e esse complexo
organizado é conhecido como estrutura cognitiva (MOREIRA, 2009). O conceito principal
da teoria de Ausubel é o de Aprendizagem significativa, que é:

Um processo através do qual uma nova informação se relaciona, de maneira


substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura
cognitiva do indivíduo. Neste processo a nova informação interage com uma
estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel chama de “conceito
subsunçor” ou, simplesmente “subsunçor”, existente na estrutura cognitiva de
quem aprende (MOREIRA, 2009).

De acordo com Ausubel, o fator isolado mais importante influenciando a aprendizagem é


o que o aprendiz já sabe (MOREIRA, 2009), são os conhecimentos prévios do aluno. Os no-
vos conhecimentos para serem assimilados e retidos (armazenados) vão depender direta-
mente da qualidade da estrutura cognitiva prévia do aprendiz. Os conhecimentos prévios
do aprendiz, de acordo com a TAS, servirão de “ponto de ancoragem”, onde as novas infor-
mações irão encontrar um modo de se integrar e interagir àquilo que o indivíduo já conhece.
A aprendizagem significativa ocorre quando o aprendiz consegue atribuir significado
ao que está sendo aprendido, porém estes significados têm sempre atributos pessoais.
Sendo assim, uma aprendizagem em que não exista uma atribuição de significados pessoais
nem uma relação com o conhecimento prévio do aluno, não é considerada como sendo
significativa e sim mecânica, que é aquela em que as novas informações são aprendidas
praticamente sem interagirem com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva,
sem ligarem-se a conceitos subsunçores específicos (MOREIRA, 2009). Ou seja, a nova
informação armazena-se de forma arbitrária e literal.
Para promover a aprendizagem significativa, Ausubel propõe que a programação do
conteúdo a ser ensinado obedeça basicamente a dois princípios básicos: a diferenciação
progressiva e a reconciliação integrativa.
A diferenciação progressiva para Moreira (2009) é o princípio segundo o qual as ideias
e conceitos mais gerais e inclusivos do conteúdo da matéria de ensino devem ser apresen-
tados no início da instrução e, progressivamente, diferenciados em termos de detalhe e
especificidade. Ou seja, as ideias mais inclusivas devem esta no topo da estrutura conceitual
209
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
do aprendiz e, progressivamente, incorporam proposições, conceitos e fatos menos
inclusivos e mais diferenciados.
A reconciliação integrativa é o princípio programático segundo o qual a instrução deve
também explorar relações entre ideias, apontar similaridades e diferenças importantes e
reconciliar discrepâncias reais ou aparentes (MOREIRA, 2009). Porém, de acordo com o
próprio autor, Ausubel esclarece que se trata de relações que o aprendiz faz dos novos
conceitos com aqueles já existentes na sua estrutura cognitiva. Sendo assim, à medida que
novas informações são adquiridas, os elementos existentes na estrutura cognitiva podem
reorganizar-se e adquirir novos significados.
Para que ocorra a aprendizagem significativa, de acordo com Novak (2000), são ne-
cessários três requisitos fundamentais, que são:

• I) Conhecimentos anteriores relevantes: ou seja, o formando deve saber algumas


informações que se relacionem com as novas, a serem apreendidas de forma não
trivial.
• II) Material potencialmente significativo: ou seja, os conhecimentos a serem apre-
endidos devem ser relevantes para outros conhecimentos e devem conter concei-
tos e proposições significativos.
• III) O formando deve escolher aprender significativamente. Ou seja, o formando
deve escolher, consciente e intencionalmente, relacionar os novos conhecimentos
com outros que já conhece de forma não trivial.

A ocorrência da aprendizagem significativa está relacionada diretamente com as con-


dições anteriores. Em relação ao primeiro requisito, é preciso que existam subsunçores
relevantes na estrutura cognitiva do aprendiz para que os novos conhecimentos possam se
relacionar com eles. Quando o aprendiz não tem os subsunçores necessários para assimilar
o conteúdo específico, é preciso introduzir os chamados organizadores prévios, que são
“materiais introdutórios, apresentados antes do próprio material a ser aprendido, porém,
em um nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade do que esse material”
(MOREIRA, 2009).
O segundo requisito, expressa que o material de aprendizagem precisa ser potencial-
mente significativo. De acordo com o Ausubel, um material potencialmente significativo, é
todo material que seja passível de se relacionar com as ideias relevantes ancoradas na
estrutura cognitiva do aprendiz. (AUSUBEL, 2003). Percebe-se que o material contendo
estas características, pode influenciar a predisposição para aprender do aluno, facilitando
assim a aprendizagem significativa.

210
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
O terceiro requisito afirma que o aprendiz precisa manifestar vontade (disposição)
para aprender. Onde o mesmo não é um mero receptor de conhecimentos, ele é um sujeito
que decide querer aprender ou não. Ocorre que, “ninguém aprenderá significativamente se
não quiser aprender. É preciso uma predisposição para aprender, uma intencionalidade”
(MOREIRA, 2009).
Para facilitar a aprendizagem significativa Novak sugere o uso de duas ferramentas:
a primeira foi elaborada por ele mesmo, que são os mapas conceituais; a segunda foi pro-
posta por Gowin (2005), que é o diagrama V não serão tratados neste texto, pois fugiria do
objetivo deste trabalho. Os mapas conceituais foram criados por Novak e colaboradores no
intuído de entender as mudanças conceituais das crianças na compreensão da ciência. Para
Novak e Cañas (2006) mapas conceituais são “ferramentas gráficas para a organização e
representação do conhecimento. Eles incluem conceitos, geralmente dentro de círculos ou
quadros de alguma espécie, e relações entre conceitos, que são indicadas por linhas que
os interligam.” Sobre essas linhas colocam-se palavras ou frases de ligação, que tornam
mais claro e específico o relacionamento entre os conceitos.

Mapas Conceituais (MC)

A base teórica dos mapas conceituais é a teoria da aprendizagem significativa mos-


trada anteriormente. Tendo em vista o conceito trabalhado de aprendizagem significativa,
onde esta mesma implica na atribuição de significados idiossincráticos, mapas conceituais,
traçados por professores e alunos, refletirão tais significados (MOREIRA, 2009). Ou seja,
tanto mapas usados por professores como recurso didático como mapas feitos por alunos
em uma avaliação têm componentes idiossincráticos.
Os mapas conceituais originaram-se na busca, por Novak (2000), em entender as
mudanças conceituais das crianças na compreensão da ciência. Foram criados dentro de
um programa de pesquisa na Universidade de Cornell em 1972, no qual pesquisadores
entrevistaram um grande número de crianças e tiveram dificuldade na identificação de mu-
danças conceituais sobre o conhecimento científico, analisando apenas as transcrições das
entrevistas, surgiu assim à necessidade de se criar uma nova ferramenta que permitisse
identificar melhor tais mudanças. Sendo assim, Novak e Cañas ratificam que,

Diante da necessidade de encontrar uma melhor forma de representar a com-


preensão conceitual de crianças, surgiu a ideia de que o conhecimento infantil
fosse representado na forma de mapa conceitual. Desse modo, nasceu uma
nova ferramenta não apenas para o uso em pesquisa, como também para
muitos outros (NOVAK E CAÑAS, 2006).

211
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Os mapas conceituais são diagramas de significados, de relações significativas; de hie-
rarquias conceituais (MOREIRA, 2009). O termo conceito é muito importante na aprendizagem
significativa e no próprio uso de mapas conceituais, tal termo pode ser definido como uma
regularidade percebida em eventos ou objetos, designada por um rótulo (NOVAK E CAÑAS,
2006). Já o rótulo, na maioria dos conceitos, representa a(s) palavra(s) ou até mesmo símbo-
los. Outro termo relevante, em mapas conceituais, é o de proposições, que são enunciações
sobre algum objeto ou evento no universo, seja ele natural ou artificial. Geralmente as pro-
posições contemplam dois ou mais conceitos conectados por palavras de ligação ou frases
para compor uma afirmação com sentido. Sendo assim, chamadas também de unidades
semânticas ou unidades de sentido.
A hierarquização é outra característica fundamental em mapas conceituais. Para tanto
os conceitos mais inclusivos e gerais no topo e os mais específicos e menos gerais dispostos
hierarquicamente abaixo. (NOVAK E CAÑAS, 2006). Os autores completam afirmando que a
estrutura hierárquica de uma área específica de conhecimento também depende do contexto
no qual o conhecimento está sendo aplicado ou considerado. A partir de então, busca-se
com o mapa conceitual, responder a uma questão, chamada de questão focal. As ligações
cruzadas também ganham destaque, são o que Novak e Cañas (2006) chamam de cros-
s-links. Elas representam as ligações e/ou relações entre conceitos dentro de diferentes
níveis ou segmentos.

MÉTODO

Esta pesquisa foi realizada com um grupo de 6 alunos do Ensino médio, sendo 3 alu-
nos do 1º ano e 3 alunos do 2º ano. O local da pesquisa foi a Escola Estadual Comendador
José da Silva Peixoto na cidade de Penedo – Alagoas.
A metodologia desta pesquisa foi a da pesquisa-ação, que se trata de uma forma de
investigação-ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar a ação que
se decide tomar para melhorar a prática (TRIPP, 2005). O autor ainda completa afirmando
que as técnicas de pesquisa devem atender aos critérios comuns a outros tipos de pesquisa
acadêmica isto é, enfrentar a revisão pelos pares quanto a procedimentos, significância,
originalidade e validade.
No campo da Educação a pesquisa-ação tem uma grande importância, pois é uma es-
tratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam
utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus
alunos. Ferrance (2000) defende que a investigação feita pelo professor, por exemplo, lhe
trará subsídios para possíveis mudanças em sua prática.

212
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
As fases da pesquisa-ação consideradas neste trabalho seguirá o ciclo proposto por
Tripp (2005), onde considera que o planejar, o descrever e o avaliar também se constituem
uma ação, o termo implementação é utilizado para descrever o agir. Sendo assim, fica mais
claro representar o ciclo da pesquisa-ação como uma sequência de três fases de ação nos
dois diferentes campos da prática e da investigação sobre a prática.

Instrumentos de Coleta

A coleta dos dados se deu através dos mapas conceituais feitos pelos alunos que
voluntariamente participaram do projeto. Estes mapas foram construídos em sala de aula
de forma bem simples e acessível. Foi utilizado folha em branco e canetas coloridas para
diferenciar as ramificações.
No primeiro momento foi mostrado um modelo de mapa conceitual aos alunos e ex-
plicado como os conceitos estavam relacionados na forma de esquemas. Em seguida foi
pedido que o grupo de alunos construísse mapas conceituais a partir dos assuntos estudados
na serie do aluno. Foram escolhidas duas series do ensino médio e em cada uma delas foi
chamado três alunos voluntários. Assim, foram formados dois grupos de três alunos e cada
grupo construiu cinco mapas conceituais.
As disciplinas foram distribuídas da seguinte forma:

• Grupo de três alunos do 1º ano do Ensino Médio – Conceitos de Química


• Grupo de três alunos do 2º ano do Ensino Médio – Conceitos de Biologia

Com o auxilio do professor responsável pela turma foram entregues textos de caráter
introdutório dos principais conteúdos já abordados em sala de aula, ou seja, os textos podem
ser classificados como organizadores prévios, cujo objetivo neste caso foi o de reforçar os
subsunçores dos alunos.

Instrumentos de Análise

Para a avaliação estrutural dos mapas conceituais foi utilizada a taxonomia topológica,
esta considera a complexidade estrutural do mapa, sem dar importância ao significado dos
conceitos e proposições, e serve para medir o progresso no início, quando o estudante está
aprendendo os aspectos elementares na construção do mapa (CAÑAS et al., 2006). A taxo-
nomia de Cañas et al. (2006) classifica os mapas em 07 níveis (de 0 a 6), os quais enfatizam
alguns critérios, como: a utilização de conceitos, ao invés de recortes do texto; o estabeleci-
mento de relações entre conceitos (palavras de enlace); o grau de ramificação (o número de
pontos de ramificação e; a presença de ligações cruzadas (formando um circuito fechado).
213
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Para completar a análise topológica realizou-se também uma análise dos traços se-
mânticos, estes de acordo com Valério, Leake e Cañas (2008), buscam verificar se “são as
proposições corretas? como são expressas as frases de ligação? a questão foco é respondida
pelo mapa conceitual?” A partir dessas duas análises os autores citados defendem que um
mapa conceitual bem estruturado é considerado melhor do que um mapa mal estruturado,
mesmo que seus conteúdos sejam equivalentes.
O passo seguinte agora é o olhar quantitativo dos mapas conceituais. Esse olhar é bas-
tante eficaz dentro do ambiente de uma sala de aula. Busca-se assim, dar a cada mapa uma
pontuação, de acordo com alguns critérios propostos por Gowin e Alvarez (2005). Para tanto,
verificam-se aspectos como: hierarquia, relações, ramificações, ligações cruzadas, exemplos.
A partir desses critérios é que usa-se a fórmula proposta por Uibson (2012), a qual leva
em conta os pontos obtidos pelo aluno em seu mapa e também os pontos do mapa molde
feito por um especialista (professor). A fórmula citada é

onde:
PMapa => pontos do mapa
PRe => pontos das relações entre conceitos PRa => pontos das ramificações no mapa
PNE => pontos referente ao número de níveis e aos exemplos dados no mapa
PLC => pontos das ligações cruzadas
PEspec => pontos do mapa do especialista

A pontuação de cada mapa será obtida com esta fórmula. Lembrando que quando se
analisa as relações, ramificações, ligações cruzadas e exemplos, verifica-se também se
estas são válidas ou não.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os níveis propostos pela taxonomia de Cañas et al. (2006), é possí-
vel observar que ocorreu uma evolução estrutural nos mapas conceituais feitos pelos dois
grupos de alunos. A evolução estrutural dos mapas pode ser observada e comprovada por
uma linha de tendência traçada nos Gráficos 1 e 2. A linha de tendência mostra o aumento
dos níveis taxonômicos.

214
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Gráfico 1. Análise estrutural: níveis taxonômicos – Conceitos de Química

Fonte: Autores, 2021

Gráfico 2. Análise estrutural: níveis taxonômicos – Conceitos de Biologia

Fonte: Autores, 2021

Os mapas conceituais que pertencem ao nível 2 e 3 são aqueles que não apresentam
longas explicações e falta palavras de ligação e não possuem ligações cruzadas. Os ma-
pas que pertencem ao nível 4 possuem ramificações médias (3 ou 4 ramificações), com
explicações satisfatórias e possuem apenas 1 ou 2 ligações cruzadas. Já os mapas que
pertencem ao nível 5 possuem explicações mais detalhadas e extensas com ramificações
altas (5 ou mais ramificações) e possuem níveis de hierarquia em suas ramificações com
mais de 2 ligações cruzadas.
Quantitativamente, a pontuação dos alunos foram obtidas a partir da fórmula mostrada
na seção anterior sugerida por Uibson (2012). Para facilitar o cálculo da nota sugere-se a
construção de uma tabela no Excel onde coloca-se em cada campo as informações refe-
rentes a cada ponto analisado no mapa e em seguida coloca-se também a fórmula. Para
todos os mapas foram construídas essas tabelas e o calculo realizado com sucesso e faci-
lidade (Tabela 1).

215
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Tabela 1. Pontuação dos Mapas conceituais.

Mapas conceituais: Mapas conceituais:


Pontuação Pontuação
Conceitos de Química Conceitos de Biologia

Propriedades dos materiais 6,0 Sistema circulatório 4,5

Substancias químicas 8,2 Sistema respiratório 6,8

Separação de misturas 8,4 Sistema digestório 10

Estrutura do átomo 10 Sistema locomotor 8,4

Ligações químicas 8,6 Sistema nervoso 8,6


Fonte: Autores, 2021

Pelos dados mostrados na tabela acima temos uma concordância entre a parte quantita-
tiva com a qualitativa, ou seja, percebemos que quanto maior a evolução da aluna na questão
estrutural do mapa é perceptível também a evolução conceitual dos alunos. A medida que
os alunos vão ganhando habilidade na construção dos mapas aumenta significativamente
sua quantidade e qualidade de conceitos, as relações e ramificações entre os mesmos,
mostrando assim um desenvolvimento em sua estrutura cognitiva, que neste caso sofreu
uma profunda transformação na aquisição de novos significados. A seguir será mostrado
um dos mapas conceituais construídos pelos alunos.

Figura 1. Mapa conceitual construído pelos alunos

Fonte: Autores, 2021

CONCLUSÃO

De acordo os resultados aqui mostrados, é possível identificar que os mapas concei-


tuais são boas ferramentas para se avaliar a aprendizagem conceitual dos alunos do ensino
médio. Sugere-se ainda, num contexto de avaliação com mapas conceituais, que o professor
use nesta avaliação, atributos qualitativos e quantitativos. Isso para que a verificação da
aprendizagem do aluno fique mais completa. Com base nas análises feitas aqui, foi possí-
vel identificar que os alunos aprendeu de forma significativa. Isso se afirma com base nos
216
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
resultados mostrados onde foi possível perceber uma grande evolução dos alunos em seus
conhecimentos sobre os assuntos abordados. Infere-se assim que os alunos apresentaram
uma estrutura cognitiva bastante elaborada, bem ramificada, complexa, onde os conceitos
estão interligados e coesos, características essas de um aluno que aprendeu significativa-
mente. Fica a sugestão, do uso dos critérios aqui adotados, assim como a fórmula para se
obter uma pontuação do mapa, para futuras pesquisas com mapas conceituais, principal-
mente para a identificação da aprendizagem significativa.

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217
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
18
Utilização do filme “A cinco passos
de você” como instrumento didático
para o ensino de genética

Cássio Gomes Rosse


FIOCRUZ

Leandra Chaves Marques Melim


UFRRJ

Maria de Fátima Alves de Oliveira


FIOCRUZ

10.37885/210404199
RESUMO

O aprendizado de conteúdos de Genética é fundamental para que os estudantes pos-


sam entender e refletir sobre a diversidade da vida no planeta. Entretanto, a Genética
escolar apresenta baixos índices de compreensão. Na literatura da área de ensino, há
materiais didáticos que buscam desenvolver um olhar mais crítico e reflexivo sobre essa
área científica. Entre eles, podem ser destacados o uso de filmes de maneira contextua-
lizada. Nesse relato de experiência docente foi utilizado o filme “A cinco passos de você”
como forma de sensibilizar e despertar o interesse dos estudantes para os conceitos
de Genética. O filme foi exibido em duas turmas de 9º ano do Ensino Fundamental em
uma escola pública da rede Municipal de Miguel Pereira (RJ). Ao final da exibição do
filme, os estudantes participaram de uma discussão com toda turma e responderam a
um questionário avaliativo. Durante a exibição, os estudantes mostraram-se atentos e
interessados no enredo no filme. As cenas que envolveram maior comoção, como a perda
de uma paciente ou quando os protagonistas desafiam as orientações médicas foram as
relatadas pelos estudantes como as que mais chamaram sua atenção. Ao final, o filme
ainda suscitou a discussão de temáticas mais amplas sobre a fibrose cística, formas de
contaminação, transplante de órgãos e qualidade de vida. Analisados conjuntamente,
a participação dos alunos e seus relatos indicaram que o filme possui potencial para
abordar temas de Genética, de forma de sensibilizar e despertar o interesse dos jovens
a essa área de estudo.

Palavras-chave: Ensino de Genética, Fibrose Cística, Filmes Comerciais.

219
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
INTRODUÇÃO

A nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatiza que a área de Ciências da
Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envol-
ve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas
também de promover sua transformação com base nos aportes teóricos e processuais das
Ciências. (BRASIL, 2018). Os conteúdos da área da Genética, juntamente com outras áreas
como a Zoologia e Ecologia, são fundamentais para que os estudantes possam entender e
refletir sobre a diversidade da vida no planeta. Segundo a BNCC, o ensino de Genética está
previsto desde o 9 ano do Ensino Fundamental e busca desenvolver as seguintes habilidades:

1. Associar os gametas à transmissão das características hereditárias, estabelecendo


relações entre ancestrais e descendentes.
2. Discutir as ideias de Mendel sobre hereditariedade (fatores hereditários, segrega-
ção, gametas, fecundação), considerando-as para resolver problemas envolvendo
a transmissão de características hereditárias em diferentes organismos.

A Genética é uma área estruturante para que os estudantes desenvolvam uma visão
holística a respeito da biodiversidade e dos processos evolutivos envolvidos. Atendendo
a essa demanda, a BNCC incluiu as habilidades necessárias a serem desenvolvidas
na área de Genética de maneira conjunta com o estudo da Evolução Biológica e da
Biologia da Conservação.
Apesar da sua importância para promoção da alfabetização científica, a Genética es-
colar apresenta baixo índice de aprendizado, devido ao alto grau de abstração necessário
para assimilação dos seus conceitos, associado a um modelo de ensino que supervaloriza
o livro didático, dando ênfase a memorização de conteúdos fragmentados e dissociados
da vida cotidiana dos estudantes (BONADIO et al. 2015). Soma-se a isso, o pouco tempo
disponível para os docentes trabalharem esse conteúdo, uma vez que os currículos oficiais,
como a BNCC, destinam apenas um bimestre para abordagem da Genética.
Alguns estudos se propuseram a avaliar as concepções que estudantes concluintes do
Ensino Médio de escolas públicas apresentam sobre Genética. Há indicação de que a maioria
dos estudantes apresenta visões superficiais sobre a temática, mesmo após completar o
período de escolarização (LEAL et al. 2019). Segundo as autora, os estudantes entendem
que se trata de um assunto que envolve a hereditariedade, mas o correlacionam de manei-
ra linear, com poucas associações a conceitos estruturantes de área. Outro grupo avaliou
as concepções de estudantes do Ensino Médio sobre a utilização de transgênicos e suas
consequências. De maneira análoga, os pesquisadores identificaram que os estudantes se
220
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
mostram interessados pelo tema, mas demonstram fragilidade no entendimento dos conceitos
que estão envolvidos. Os autores discutem que essa fragilidade traz dificuldade para que
os alunos se posicionem em relação as implicações socioambientais sobre os transgênicos
(RATZ et al. 2013).
Os professores, por sua vez, atribuem a falta de tempo em sala de aula como o principal
fator interveniente ao processo de ensino e aprendizagem em Genética. Silva et al. (2016)
realizaram uma pesquisa com docentes em diversos estados brasileiros e detectaram que os
professores conhecem aspectos didáticos importantes a serem utilizados para o ensino de
Genética (como é a o caso da valorização da história da Ciência e a conexão com a Evolução
Biológica, por exemplo), mas nem sempre o fazem por falta de tempo. Segundo os autores,
não se trata de uma problemática da ordem de formação docente, mas essencialmente de
estruturação curricular (SILVA et al. 2016).

FILMES COMO RECURSOS DIDÁTICOS

A literatura na área de ensino de Ciências destaca algumas iniciativas e recursos


didáticos que buscam desenvolver um olhar mais crítico e reflexivo frente aos conteúdos
da Genética. Entre esses métodos podem ser destacados o uso de recursos audiovisuais
e, particularmente, de obras cinematográficos enquanto recurso didático. Os filmes são
atraentes aos jovens pelos efeitos de som, imagem, ação e enredo, fazendo representações
múltiplas de situações. Os temas podem comover, promover cultura e veicular informações
interessantes (ALMEIDA et al. 2018).
Os filmes podem ser utilizados na íntegra ou podem ser utilizados trechos específicos,
caso o filme seja muito extenso ou o professor não dispuser de muito tempo, o que é uma
realidade na maioria dos casos (FRIEDRICH; DOS SANTOS, 2011; NASCIMENTO et al.
2016;). Os filmes podem ser inseridos ainda dentro de uma sequência didática que envolva
outras atividades ou metodologias, de maneira a despertar atenção dos jovens, ilustrar ou re-
visar certos conceitos e vivenciar, na prática, como os assuntos teóricos apresentados podem
se associar com a realidade ou a ficção (GUEDES; MOREIRA, 2016; GÜNZEL et al. 2019).
Vários filmes comerciais já foram utilizados no contexto na Genética escolar. Scheid
e Pansera de Araújo (2008) utilizaram o drama “Questão de sensibilidade” para suscitar
discussões de aspectos biológicos, como determinação gênica e cromossômica do sexo,
diferenciação sexual, análise gênica, além de aspectos éticos e morais envolvidos. Almeida
et al. (2018) propuseram uma sequência didática a partir da utilização da ficção científica
“GATTACA”. Os autores discutem que o filme pode trazer aproximações aos conceitos for-
mais de Genética, a partir de um enredo instigante aos jovens, além de promover discussões
da área de bioética.
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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Outros filmes de ficção também foram descritos como boas ferramentas para o ensino
de Genética no ambiente escolar, é o caso do filme “X-Men primeira classe”. Nascimento et al.
(2016) produziram um guia do educador para o filme em questão, indicando que ele pode ser
utilizado para discussão de conceitos não só da área de Genética, mas também da Evolução.
Os filmes podem ainda ser utilizados de maneira a proporcionar um olhar mais crítico
da realidade. Por exemplo, boa parte dos filmes que apresentam personagens albinos, os
representam como vilões, pessoas exotéricas ou com poderes sobrenaturais, o que influencia
diretamente nas concepções do grande público (MONTEIRO, 2018). Pode-se utilizar essas
obras ou fragmentos delas para justamente desenvolver um olhar mais atento, crítico e re-
flexivo sobre as conceitos e estereótipos exibidos.
Outras obras cinematográficas podem ser exploradas pelos docentes em sala de aula,
de maneira a tornar o ensino da Genética mais contextualizado (e, por conseguinte, menos
abstrato), mais instigantes aos jovens, de maneira a promover discussões que não se res-
tringem aos limites da disciplina de Biologia ou Ciências. Nesse trabalho utilizou-se o filme
“A cinco passos de você” com o objetivo de despertar o interesse e sensibilizar estudantes
para temas da Genética.

O FILME “A CINCO PASSOS DE VOCÊ”

Trata-se de um filme americano inspirado em fatos reais, classificado nos gêneros


de drama/romance. O filme contou com a direção de Justin Baldoni e foi escrito por Mikki
Daughtry e Tobias Laconis. Foi lançado nos EUA em março de 2019 pela CBS films e ar-
recadou mais de 80 milhões de dólares mundialmente. Foi, portanto, um filme comercial de
alta bilheteria.
Na trama, Stella Grant (Haley Lu Richardson) é uma adolescente de 16 anos com
muitos sonhos. Ela é uma jovem inteligente, bem-humorada, além de excessivamente orga-
nizada. Stella também se mostra bem próxima a seus amigos e familiares. A jovem convive
com uma doença genética chamada fibrose cística. Por isso, ela vai constantemente ao
hospital para monitorar sua condição de saúde, realizar seu tratamento e procedimentos
médicos. No hospital, ela tem contato com outros pacientes com fibrose cística. Um deles é
Will Newman, jovem popular e talentoso que chegou ao hospital para fazer um tratamento
novo (BRITO, 2019).
Um aspecto bastante explorado no filme é a impossibilidade das pessoas com fibrose
cística se aproximarem uma das outras, devido ao risco de contaminação cruzada. Por se
tratar de uma doença que afeta principalmente as vias respiratórias, Stella e Will, assim como
outros pacientes, são obrigados a manterem uma distância de seis passos uns dos outros.
Condição bastante incomum, mas excessivamente limitante entre jovens apaixonados.
222
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Do ponto de vista didático, acredita-se que o filme pode ser explorado por professores
de Ciências e Biologia. Relatos a respeito da fibrose cística são comuns nos livros didáticos,
nos capítulos sobre Genética, especialmente associando a doença a casos de herança de
monoibridismo recessiva (BAIOTTO; LORETO, 2018). Os materiais destacam que indivíduos
com fibrose cística possuem dois pares de alelos recessivos, enquanto que os indivíduos
normais apresentam um ou dois alelos dominantes, que não os condiciona a doença. Outro
exemplo clássico para relatar casos de monoibridismo em populações humanas é o albi-
nismo. Porém, a visão reducionista com que esses casos são apresentados não colabora
para o desenvolvimento de uma visão mais ampla e sistêmica a respeito dessas condições
genéticas (MONTEIRO, 2018).
Acredita-se que o filme “A cinco passos de você” possa ser um instrumento importante
para que os estudantes desenvolvam um olhar mais holístico e reflexivo a respeito da fibrose
cística, uma vez que é um filme inspirado em fatos reais e retrata bem a rotina de pessoas
com a doença. Como os protagonistas do filme são jovens em idade escolar, os estudan-
tes podem ter mais identificação com os personagens e um envolvimento emocional com
a obra. Esses fatores, sem dúvida, poderão motivar os jovens para se iniciar no ensino e
aprendizagem de Genética.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é apresentar um relato de experiência da utilização do fil-


me “A cinco passos de você”, de maneira a despertar o interesse dos jovens por con-
teúdos de Genética.

MÉTODO

O relato de experiência é um texto que descreve precisamente uma dada experiência


que possa contribuir de forma relevante para uma área de atuação. É a descrição que um
autor ou uma equipe fazem de uma vivência profissional tida como exitosa ou não, mas que
contribua com a discussão, a troca e a proposição de ideias na área de pesquisa em questão.
O filme foi exibido na íntegra para 45 estudantes de uma escola pública da rede muni-
cipal de ensino de Miguel Pereira, município localizado na região centro-sul do estado do Rio
de Janeiro. Participaram da atividade duas turmas de 9º ano do Ensino Fundamental, cada
uma com 25 estudantes. Em termos curriculares, as turmas se encontravam no início do
módulo de Genética da disciplina de Ciências. Como o compromisso com exercícios, regras e
abordagens matemáticas ainda não foi exigido a esse público, a utilização de filmes ou outras
mídias são aconselhados, como forma de despertar a curiosidade e interesse dos jovens.
223
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
O filme possui 116 minutos de duração. Ao todo, ele foi exibido em três tempos de
aula. Os dois primeiros tempos de aula foram dedicados a exibição contínua do filme. No ter-
ceiro tempo foi possível realizar um debate com os estudantes a respeito de algumas ques-
tões abordadas ao longo do mesmo. Por último, os estudantes responderam, individualmente,
a questionário com uma pergunta sobre o que haviam mais gostado no filme. A pergunta
continha o seguinte enunciado: “A história de Stella Grant e Will Newman, assim como os
demais personagens nos comove em vários momentos. Comente sobre alguma cena que
tenha chamado sua atenção durante o filme e justifique”

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir serão apresentados e discutidos os relatos mais comuns entre os estudantes,


acompanhados de reflexões sobre a experiência docente. As siglas A1, A2, A3... referem-se
aos relatos dos estudantes – resguardando sua identificação.
A cena que mais chamou a atenção dos estudantes foi sobre a morte de Poe, melhor
amigo de Stella. Alguns relatos feitos pelos alunos sobre essa cena destacam:
A1: A cena que mais me comoveu durante todo o filme foi a morte do Poe, o melhor
amigo da Stella. Eu só conseguia imaginar como deve ser terrível e angustiante per-
der uma pessoa tão importante na sua vida, tão jovem, sem sequer ter sido capaz de
abraçá-la. Ou então como tudo mudou em questão de poucas horas, passando de um
momento tão feliz para o falecimento de alguém, mostrando os diferentes aspectos
em que a fibrose cística afeta o dia a dia dos portadores da doença.
A2: A cena que me comoveu e me chamou atenção foi quando o melhor amigo da
Stella morreu. Eles não podiam se tocar e isso mexeu mais ainda comigo porque
imagina você ver seu melhor amigo morrendo sem poder fazer nada e não poder dar
se quer um abraço pra expressar o amor que você sente? Tenso!
A3: A cena que me chamou atenção foi quando o melhor amigo de Stella morreu,
apesar de ter feito os mesmos tratamentos, no mesmo período, passando a vida toda
no hospital, com a mesma doença; sendo que todos estavam no mesmo local, co-
memorando o aniversário do Will, sempre tomando os cuidados de estar a 5 passos
longe um do outro.
Outros momentos bastante relatados pelos estudantes foram aqueles em que Stella
e Will tiveram contatos mais próximos, apesar de conhecerem bem as advertências
médicas a respeito dos riscos da proximidade entre eles.
A4: Sinceramente, todas as cenas me chamaram atenção, o filme ao todo é muito
bom! Porém, uma parte muito marcante foi quando ela pega o taco de sinuca e mede
5 passos (ou pelo menos quase, haha). Dá para refletir bastante sobre, mesmo que
224
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
não possam estar juntos (“grudados”) eles lutam para estarem cada vez mais perto
e as vezes nós que podemos estar pertinho não valorizamos. “Se a vida te afastar,
lute por cada centímetro”.
A5: A parte em que a Stella usa um “taco” para conseguir ficar perto de Will mesmo
não podendo, achei muito bonito, pois por mais que não pudesse chegar perto do
mesmo ela deu um “jeitinho” de estar com ele.
A6: A cena em que ele a salva fazendo respiração boca a boca. Me impressionou
pelo fato da doença do Will (que era muito pior que a da Stella) não ter sido passada
pelo contato, tanto boca com boca, quanto com a saliva. Ainda mais porque no filme
foi constantemente destacado que eles não poderiam se aproximar para não agravar
o estado de Stella.
É possível destacar que o filme, além de contribuir para uma compreensão de uma
doença genética importante, comoveu os jovens com a peculiar história de amor e compa-
nheirismo entre os protagonistas. Durante a exibição foi possível perceber ainda que vários
estudantes chegaram a se emocionar. Acredita-se que eles se identificaram com as pro-
tagonistas do filme, especialmente pela faixa-etária dos jovens. Eles compartilham muitos
anseios, medos, angústias, mas também os sonhos, a amizade e o amor. Essas impressões
corroboram a ideia de uma expectador ativo e crítico, um sujeito social dotado de valores,
de crenças, de saberes e de informações próprios de sua cultura, e que interage, de forma
ativa, na produção dos significados das mensagens (BALBINOT; MIQUELIN, 2017).
Além do forte apelo emocional, o filme também se mostrou um recurso didático impor-
tante para discussão de conceitos de Genética e de Saúde. Após sua exibição foi feita uma
discussão com toda classe no terceiro tempo de aula, em ambas as turmas. A seguir serão
destacados alguns tópicos importantes provenientes das discussões. Eles podem ser utili-
zados como um guia para que outros professores utilizem o filme de maneira direcionada,
corroborando com o ensino e aprendizagem de Ciências.
1. Fibrose cística – na discussão foi perguntado se os alunos tinham conhecimento a
respeito da doença. Apenas alguns poucos alunos que já tinham assistido ao filme no cinema
e a conheciam. Em geral, eles estão mais habituados a estudar doenças de caráter infec-
tocontagioso, especialmente as viroses e infecções. O docente aproveitou o momento para
apresentar aos estudantes a causa da fibrose cística: um defeito em um gene que produz
uma proteína reguladora de condutância (CFRT) e que transporta íons pela membrana das
células. Adicionalmente, o docente discutiu a respeito do diagnóstico da doença, confirmado
na maioria das vezes por testes de avaliação do teor de sais no suor.
2. Contaminação cruzada – os estudantes questionaram o motivo pelo qual as pes-
soas com fibrose cística não poderem ter contatos mais próximos com outros pacientes
225
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
com a doença. Por apresentarem infecções recorrentes, algumas delas difíceis de serem
combatidas por antibióticos convencionais, os agentes infecciosos de uma pessoa poderiam
ser transmitidos para outras. Por isso a necessidade de manterem uma distância segura de
até 6 passos. Esse ponto foi bastante enfatizado no filme e os estudantes mostraram terem
assimilado o conceito adequadamente.
3. Transplantes – o filme tem um apelo importante para conscientização sobre a im-
portância da doação de órgãos. Apesar de ser um assunto difícil de ser debatido em sala,
o filme corrobora a importância da doação de órgãos, especialmente por retratar o drama
de Stella. A jovem aguardava um transplante de pulmão, órgão que após ser transplantado
dura, em média, apenas 5 anos. A partir dessa realidade eles puderam, ainda que mini-
mamente, ser ambientados sobre a dificuldade que muitas pessoas enfrentam na fila para
doação de órgãos.
4. Qualidade de vida – foi discutido também o conceito de Saúde. Assim como a maior
parte das pessoas, muitos estudantes ainda possuem uma visão de saúde enquanto ausên-
cia de doença. Foi discutido que apesar das condições limitantes imposta pela doença, a
expectativa e qualidade de vida de pessoas com fibrose cística tem aumentado nos últimos
anos. Esse aumento se deu por conta na melhora no diagnóstico durante a infância e aos
tratamentos disponíveis para controlar os efeitos da doença. Como forma de estimular os
alunos a conhecerem mais sobre o tema, o professor repassou o site do Instituto Brasileiro
de Atenção a Fibrose Cística - https://unidospelavida.org.br/ - para que pudessem fazer
buscar adicionais e se aprofundarem no tema.

CONCLUSÃO

A partir dos relatos dos estudantes, foi possível inferir que o filme “A cinco passos de
você” despertou o interesse de jovens do 9º ano do Ensino Fundamental. A maioria dos es-
tudantes se mostrou interessada e atenta ao filme, o que pode ser percebido pela maturidade
da discussão e dos relatos apresentados. Além disso, o filme contribuiu para despertar um
olhar mais abrangente a respeito da fibrose cística, distanciando-se de visões preconceituo-
sas, estereotipadas ou com conceitos equivocados sobre a doença.
Acredita-se também que o material apresentado nesse relato de experiência pode
complementar a maneira estritamente técnica como os livros didáticos apresentam essa
doença nos capítulos sobre Genética. Além disso, o uso de filmes comerciais representam
um recurso relativamente simples que atende a uma demanda dos jovens por aulas de maior
caráter prático. Recomenta-se que o filme possa ser exibido na íntegra, uma vez que ele
propicia uma comunicação e diálogo bastante próximos ao público de adolescentes.

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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
REFERÊNCIAS
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Científica Ensino Interdisciplinar, v. 5, n. 13, 2019.

11. MONTEIRO, T. B. O ensino de ciências e o cinema: [re]construindo o conceito de albinismo.


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Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
SOBRE O ORGANIZADOR

Erival Gonçalves Prata


Possui Graduação em Ciências Naturais pela Universidade Federal do Pará (2014), Especialização em
Metodologia do Ensino de Biologia e Química pela Faculdade Integrada de Goiás FIG - Polo Breves
(2017), Mestrado em Zoologia pelo Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade
Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi (2020). Doutorado em andamento pelo Programa
de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi.
Membro do Conselho Editorial da Editora Científica. Revisor do periódico Journal of Education of
Science and Health. Atua no estudo de Ecologia de Ecossistemas de Água Doce e Ensino de Ciências.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0609477803818104

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ÍNDICE REMISSIVO

A F
Adaptabilidade: 189 Fibrose Cística: 219, 225

Antibiotics: 167 Filmes Comerciais: 219

Aplicativo: 41 Fitopatógenos: 200, 201

Aprendizagem Significativa: 209 Florística: 15

Aulas Práticas: 33 Forragem: 112

B Fungi: 11, 72, 78, 134, 135, 138, 142, 143

Bactérias: 12, 178, 179, 182, 183, 203 Fungos: 76, 77, 204

Biossurfactantes: 50 H
Bovine Mastitis: 167 Habilidades e Competências: 33

C I
Caatinga: 15, 16, 21, 24, 29, 30 Inibidores Enzimáticos: 80

Castellani: 69, 71, 72, 73, 75, 76, 77 Interação Planta: 80

Cinética Enzimática: 80 M
Clostridium Perfringens: 11, 96, 97, 98, 99, Malvaceae: 10, 14, 15, 16, 18, 30, 31
100, 107, 108, 109, 110
Mapas Conceituais: 216
D
Microbiologia: 33, 34, 35, 36, 37, 39, 145, 187
Developmental Disorders: 148
Morfologia: 15
Diversity: 11, 134, 145, 187
P
E
Plant Extract: 167
Ecoquímica: 41, 43, 45, 46
Polihidroxialcanoatos: 179, 186, 187
Ensino Médio: 212
Praga: 92
Ensino Técnico de Nível Médio: 33
Preservação: 77
Enzimologia: 80, 82
Prevenção: 123, 132
Ervas: 19, 22, 25, 41, 48
Produção de Biomassa: 112
Estética: 41
R
Exigência Nutritiva: 112
229
Biologia: Ensino, Pesquisa e Extensão - Uma Abordagem do Conhecimento Científico nas Diferentes Esferas do Saber
Remanescente: 189

Reprodução: 12, 188, 189, 198

S
Saúde: 39, 41, 123, 124, 126, 129, 132, 133,
163, 225, 226, 227

Somatic Development: 150, 155

Staphylococcus Aureus: 167, 168, 171, 172,


176, 177

Substrato: 189

Sudan Black: 179, 182

T
Taxonomia: 15

Taxonomy: 217

Toxina Alfa: 100

Toxina Beta: 100, 101

Toxina Épsilon: 100

Toxina Iota: 101

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VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS

editora científica

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