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editora científica
REGINALDO DA SILVA SALES
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1ª EDIÇÃO
editora científica
2021 - GUARUJÁ - SP
Copyright© 2021 por Editora Científica Digital
Copyright da Edição © 2021 Editora Científica Digital
Copyright do Texto © 2021 Os Autores
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o download e compartilhamento desta obra desde que no formato Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos
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Internacional (CC BY 4.0).
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
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Elielson Ramos Jr.
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Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Erival Gonçalves Prata
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
CONSELHO EDITORIAL
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CONSELHO EDITORIAL
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
CONSELHO EDITORIAL
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
APRESENTAÇÃO
Das ciências naturais clássicas (Geologia, Biologia, Física e Química), a Química é a irmã caçula. Apesar
disso, para muitos, ela é a “Ciência Central”. Portanto, compreender os fundamentos dessa ciência é
essencial para a compreensão do mundo material. Falando em material, aquele decantado conceito de que
“matéria é tudo aquilo que possui massa e ocupa lugar no espaço” resume, simplificadamente, o objeto
de estudo da ciência das substâncias e suas transformações, a saber o mundo material. Certa vez, li
num antigo livro de Aristóteles, intitulado “Terra Matrem” , em tradução livre, “Mãe Natureza”, uma frase
tão simples, mas que abarca a amplitude do estudo da Química. Aristóteles começa o opúsculo fazendo
um esclarecimento onde diz que: “o que será tratado nesse livro é sobre o mundo material e não sobre
o mundo espiritual”, eis o campo de estudo da Química, o mundo material, logo, todas as substâncias
que formam nosso universo. Com o objetivo de contribuir na compreensão desse maravilhoso mundo
das substâncias, apresentamos QUÍMICA: ENSINO, CONCEITOS E FUNDAMENTOS. As transformações
materiais experimentadas pela humanidades ao longo dos últimos dois séculos perpassa pela evolução dos
conceitos e fundamentos da Química, desenvolvidos por pesquisadores e cientistas em muitas bancadas
de laboratório mundo afora. Ademais, aos educadores, através do ensino dos princípios químicos compete
a missão de torná-los acessível à compreensão de toda a sociedade. A obra reúne trabalhos de Educação
Química, Química Teórica, Química Orgânica, Físico-Química, Química Analítica, Biotecnologia, Energia e
Combustíveis, Fármacos, Química de Alimentos, de Produtos Naturais e de Produtos do dia a dia e, como
não poderia faltar, Química Experimental. Afinal, a Química é uma ciência essencialmente experimental.
De um químico dividido entre a bancada de um laboratório e a sala de aula.
Boa leitura!
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
SUMÁRIO
CAPÍTULO
01
EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA E OS TRÊS MOMENTOS PEDAGÓGICOS: UMA PRÁTICA COLABORATIVA DE
INVESTIGAÇÃO
Cleitor Jacob Konrad; Everton Bedim
' 10.37885/210604904................................................................................................................................................................................... 14
CAPÍTULO
02
DESVENDANDO FATOS: EXTRAÇÃO DE DNA DE BULBO E FRUTOS POR MEIO DE ATIVIDADES REMOTAS E DE BAIXO
CUSTO DESENVOLVIDA PELO PIBID
Ana Julia Moreschi; Cassia Vieira Vargas; Dielle Cristina Anastacio; Fabricio Gonçalves Ferreira; Gabriela Moreira de Almeida; Guilherme
Seminatti; Isabela Pereira Garcia; Naommy Kareana Miranda; Rafaela de Souza Barbosa; Saulo Ribeiro Andrade Silva; Thayná Victoria
Silva do Nascimento; Ricardo Rodrigues Jimenez; Romualdo Luciano da Silva; Marcelo Fabiano André
' 10.37885/210504566................................................................................................................................................................................... 27
CAPÍTULO
03
DOMINÓ DOS GRUPOS FUNCIONAIS: UMA PROPOSTA DIDÁTICA NO ENSINO MÉDIO PARA ASSOCIAR A FÓRMULA
ESTRUTURAL DOS GRUPOS COM SEU RESPECTIVO NOME
Rodrigo Aparecido de Souza Ribeiro; Elói Luis Krüger; Tayane Regina Campanholi Santos
' 10.37885/210604946.................................................................................................................................................................................. 39
CAPÍTULO
04
DECIFRANDO A COMPOSIÇÃO DOS DESODORANTES ANTITRANSPIRANTES: UMA VISÃO DO CONSUMIDOR SOBRE OS
BENEFÍCIOS, COMPOSIÇÃO E CURIOSIDADES
Melânia Lopes Cornélio; Elaine Cristina Castro Almeida
' 10.37885/210202977................................................................................................................................................................................... 48
CAPÍTULO
05
UMA REFLEXÃO NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE EQUILÍBRIO QUÍMICO A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA
INTERDISCIPLINAR
Cláudio Eduardo Rodrigues-Santos; Maria Clara Ramalho Freitas; Jaqueline da Rocha
' 10.37885/210303959.................................................................................................................................................................................. 60
SUMÁRIO
CAPÍTULO
06
DESPERTAÊ: UM PROJETO PARA MOTIVAÇÃO DE ALUNOS DO EJA À CONTINUIDADE DOS ESTUDOS
Laura Carolina Gonçalves; Nivaldo Rodrigues Santos; Juliana Barretto Toledo; Adilson Aparecido Cardoso
' 10.37885/210504572.................................................................................................................................................................................. 84
CAPÍTULO
07
O PAPEL DA PESQUISA NO ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO
Paulo José Menegasso
' 10.37885/210604899.................................................................................................................................................................................. 95
CAPÍTULO
08
ON TEACHING CHEMISTRY IN BRAZILIAN AND AMERICAN HIGH SCHOOLS: A BRIEF APPROACH
Mayker Lazaro Dantas Miranda; Lindsey Smaka
CAPÍTULO
09
O ENSINO DE MODELOS ATÔMICOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA ANÁLISE DOS TRABALHOS PUBLICADOS DO ENEQ
Lucas Giacomet; Bruna Jamila de Castro
CAPÍTULO
10
ENSINO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UM LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
DOS ÚLTIMOS QUINZE ANOS
Michele Batista dos Santos; Isabella Maria Buoro da Cruz; Estéfano Vizconde Veraszto
CAPÍTULO
11
AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA DE ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE JUSTICIA PECTORALIS JACQ. (ACANTHACEAE) EM
CERRADO GOIANO
Amanda Mendonça Domingos; Marcelo Garcez Rodrigues; Marcos Rodrigo Beltrão Carneiro; Josana de Castro Peixoto; Lucimar
Pinheiro Rosseto
' 10.37885/210504848................................................................................................................................................................................ 140
SUMÁRIO
CAPÍTULO
12
A AVALIAÇÃO DA CURCUMINA E ANÁLOGOS EM QUÍMICA TEÓRICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE POTENCIAIS
INIBIDORES DA ENZIMA ACETILCOLINESTERASE
Débora Pereira Araujo; Marcia Helena Rodrigues Velloso; Emanuel Henrique da Silva; Fagner Mulinari Lacerda
CAPÍTULO
13
DETERMINAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES, AÇÚCARES SOLÚVEIS TOTAIS E SACAROSE EM VINHAÇAS DA CANA-DE-
AÇÚCAR
Laira Sabrina Rosa dos Santos; Daiane Santos Zanelotti; Naiara Maria Pavani; Jacqueline Roberta Tamashiro; Daniel Angelo Macena;
Lucas Henrique Pereira Silva; Fabio Friol Guedes de Paiva; Maíra Rodrigues Uliana; Angela Kinoshita
CAPÍTULO
14
ANÁLISE MICROSCÓPICA DE SUJIDADES EM CAMARÕES SEM CASCA, VENDIDOS NO MUNICÍPIO DE BELÉM/PA
Ricardo Bruno Pereira de Souza; Beatriz Garcia Moura Pinheiro; Higo Octavio Brochado Campos; Tamirys Pereira Correa; Ana Karolina
dos Santos Barbosa; Maila Karen da Silva Palheta; Camila Cristine Ferreira Moura Lobato; Everton Lucas dos Reis Freitas Nunes;
Cynthia Letícia Serra Cabeça; Elenildo Garcia de Almeida
' 10.37885/210504703................................................................................................................................................................................. 178
CAPÍTULO
15
MATÉRIAS-PRIMAS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL: EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO ÓLEO DA BORRA
RESIDUAL DO CONSUMO DE CAFÉ
Juliana Limana Malavolta; Eloíza Perônio da Rosa; Natanael Nascimento Lencina
CAPÍTULO
16
EVOLUÇÃO DOS COMPONENTES GRAXOS NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE ÓLEO DE SOJA POR TRANSESTERIFICAÇÃO
ALCALINA
Benjamim Henrique de Lima e Silva; Amanda de Sena Gusmão; Marina Barros Cavalcanti; Suzana Pedroza da Silva
CAPÍTULO
18
REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NA CULTURA QUÍMICA
ÍNDICE REMISSIVO..............................................................................................................................................249
01
Experimentação no Ensino de Química
e os Três Momentos Pedagógicos: uma
prática colaborativa de investigação
Everton Bedim
ULBRA
10.37885/210604904
RESUMO
15
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO E APORTES TEÓRICOS
A experimentação no ensino de Química tem sido defendida por diversos autores por-
que se constitui em um recurso pedagógico importante, o qual pode auxiliar na construção
de conceitos e de saberes referentes a ciência química no aluno. A construção de conceitos
sobre química é importante porque, de acordo com Trespach, Güntzel e Bedin (2016, p.
625), “a Química é uma ciência que está constantemente presente na sociedade seja em
produtos, medicamentos, alimentação, combustíveis, geração de energia, meio ambiente
ou nas consequências para a economia entre outros”. Portanto, é preciso que os alunos
tenham “o mínimo de conhecimento químico para poder participar na sociedade tecnológica
atual” (TRESPACH; GÜNTZEL; BEDIN, 2016, p. 625).
Neste aporte, por ser também uma ciência experimental, a química precisa ser apre-
sentada aos alunos por diferentes veículos, sendo a experimentação um deles. Segundo
Hodson (1988 apud BEDIN, 2019), os experimentos devem ser conduzidos visando diferentes
objetivos, tal como demonstrar um fenômeno, ilustrar um princípio teórico, coletar dados,
testar hipóteses, desenvolver habilidades de observação ou medidas ou adquirir familiaridade
com aparatos instrumentais. Neste sentido, Reginaldo, Sheid e Güllich (2012) afirmam que
a realização de experimentos representa uma excelente ferramenta para que o aluno faça
a aquisição do conteúdo e possa estabelecer a conexão entre a teoria e a prática.
Desse modo, é de fundamental importância que o conhecimento dessas relações
teórico-práticasseja significativo para a constituição científica dos sujeitos, bem como para
que estes possam observar e avaliar na ciência algo que se aproxima da própria realidade,
despertando-nos, além do interesse e da curiosidade, uma visão construtiva em relação à
ciência. Afinal, os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula devem proporcionar
ao aluno a capacidade de reflexão em seu cotidiano, fazendo com que o sujeito expresse
suas ideias, pensamentos e críticas (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002).
Nesse contexto, as atividades experimentais podem proporcionar aos estudantes, quan-
do desenvolvidas em meio a competências e a habilidades docentes, a tomada de decisão
mais confiável, desenvolvendo a observação, a curiosidade e a autoconfiança (FERREIRA;
HARTWIG; OLIVEIRA, 2010).Afinal, de acordo com Bedin (2019, p. 104), “a experimentação
no ensino de química é uma forma de maximizar o conhecimento do educando, pois faz com
que o mesmo se questione a respeito do fenômeno que está sendo apresentado”. Ainda,
segundo o autor, “é interessante destacar que a experimentação no ensino de química deve
apresentar um aspecto filosófico e uma vertente pedagógica antenados com as questões
contemporâneas relativas à educação científica sobre o conteúdo” (BEDIN, 2019, p. 105).
Nesta perspectiva, é compreensível que “aspectos ligados a experimentação devem ser
considerados durante todo o processo” (BEDIN, 2019, p. 105). Assim, Hodson (1988 apud
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
BEDIN, 2019, p. 105) ajuíza três aspectos que devem ser considerados no desenvolvimen-
to de atividades experimentais: “1- a proposta do experimento; 2- o procedimento experi-
mental; 3- os resultados obtidos”. Para o autor, cada aspecto tem uma função pedagógica
específica. O 1º aspecto é importante no ensino e na compreensão do método científico; o
2º aspecto refere-se a ideia de aumentar a motivação dos alunos e ensinar-lhes as tarefas
manipulativas; e, o 3º aspecto contribui para a aprendizagem dos conceitos científicos.
Considerando o escrito, e tendo em vista as dificuldades apresentadas por alunos para
o entendimento dos conceitos científicos, é necessário que o docente desenvolva a experi-
mentação por meio de metodologias de ensino em um viés investigativo, a fim de que o aluno
possa participar ativamente do processo. A exemplo, este texto objetiva-se apresentar uma
discussão relacionada a uma atividade experimental desenvolvida à luz dos Três Momentos
Pedagógicos – 3MP – (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002): 1º: problematização
inicial; 2º: organização do conhecimento e 3º: aplicação do conhecimento. Esta atividade
teve por objetivo instigar a participação dos sujeitos em todas as etapas. Afinal, as atividades
experimentais que exemplificam a importância da ciência podem contribuir para o melhor
entendimento da disciplina (GUIMARÃES, 2009), e “as estratégias didáticas cooperativas são
alternativas que contribuem para este processo, tornando o aluno mais ativo e autônomo”
(DA SILVA; BEDIN, 2019, p. 67).
Perpassando tais aspectos, foi necessário inserir no desenvolvimento da atividade expe-
rimental a metodologia dos 3MP para instigar no sujeito a aprendizagem, quiçá, significativa
em relação ao tema polaridade. Os 3MP foram considerados a partir da concepção de que
o ensino por meio da experimentação, para ser expressivo à aprendizagem do aluno, deve
ocorrer através da problematização dos conteúdos, servindo “para fortalecer as metodologias
de ensino do professor e qualificar o processo de aprendizagem” (BEDIN, 2019, p. 105), sen-
do necessário contextualizar os conhecimentos aprendidos pelos alunos. Afinal, entende-se
que a “prática profissional se faz em caminhos de certezas e incertezas, decorrentes das
metodologias utilizadas e da singularidade, assim como das especificidades e dos conflitos
de valores dos sujeitos envolvidos no processo” (BEDIN; DEL PINO, 2018b, p. 223)
METODOLOGIA DA PESQUISA
O experimento foi realizado em uma aula para o terceiro ano do Curso Técnico em
Química integrado ao Ensino Médio na disciplina de Química Orgânica, em uma escola da
rede estadual de ensino, localizada na cidade de Dois Irmãos, Rio Grande do Sul. A aula
prática foi realizada no laboratório da escola, totalizando 5 períodos de aula (50 minutos
cada período). A turma era composta por 7 alunos, sendo o número de meninas (4) superior
ao de meninos (3).
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
Para desenvolver o experimento com os alunos, o professor considerou os 3MP de
Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002) (problematização inicial; organização do conheci-
mento e aplicação do conhecimento). No primeiro momento pedagógico, o professor propôs
um desafio inicial, instigando o estudante a pensar sobre o conceito de molécula polar e
apolar. No segundo momento pedagógico, o professor apresentou aos alunos os objetivos
da proposta a ser desenvolvida, enfatizando a teoria sobre interações intermoleculares, a
pesquisa em referências bibliográficas sugeridas e a aplicação do experimento da Síntese da
Ciclohexanona. No terceiro momento pedagógico, o docente realizouuma ação para o aluno
aplicar o conhecimento construído, instigando-o a uma reflexão crítica sobre o experimento,
a qual ocorreu por meio da resolução de um questionário.
Para o primeiro Momento Pedagógico, os alunos foram instigados a pensar, a partir da
teoria trabalhada em sala de aula, como o conceito de polaridade era empregado na prática
e entendido no contexto social.
O experimento proposto para o segundo Momento Pedagógico foi a Síntese da
Ciclohexanona, uma cetona intermediária utilizada na produção do Nylon. Para tanto, a parte
experimental foi desenvolvida com base nas 5 etapas a seguir: i) No frasco de erlenmeyer
de 250 mL, dissolveu-se 30 g de dicromato de sódio em 50 mL de ácido acético glacial,
aquecendo-se um pouco, para dissolver, resfriando-o posteriormente até 15ºC;ii) Misturou-
se, em outro frasco de erlenmeyer de 250 mL, 31,6 mL de ciclohexanol e 20 mL de ácido
acético glacial, deixando resfriar até 15ºC;iii) Verteu-se a solução de dicromato de sódio
sobre a solução de ciclohexanol, agitando bem e retirando do banho de gelo. A temperatura
do meio subiu até 60ºC, sendo preciso manter a mistura nesta temperatura durante 30 mi-
nutos, utilizando banho de gelo quando necessário; iv) Após abrandada a reação, deixou-se
esfriar até a temperatura ambiente e verteu-se o conteúdo do frasco sobre 500 mL de água
gelada; v) Transferiu-se a mistura para um funil de separação e se extraiu com 4 porções
de 70 mL de éter etílico.
Após a parte prática, os alunos responderam um questionário com o objetivo de pensar,
analisar, socializar e refletir sobre a construção de conceitos destes em relação à questão
do conceito de polaridade, findando-se o terceiro Momento Pedagógico. O questionário foi
composto pelas seguintes questões:
1. Qual ou quais os componentes são os que ficam na parte inferior do funil de decan-
tação?Justifique.
2. Qual ou quais os componentes são os que ficam na parte superior do funil de de-
cantação? Justifique.
3. O éter etílico é polar ou apolar?
4. Qual a função do éter etílico?
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
5. A cicloexanona é polar ou apolar? Justifique?
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
Imagem 1. Realização da atividade experimental.
Por meio das reações orgânicas estudadas na teoria, percebe-se que os alunos con-
seguem entender que o ácido acético, que eventualmente poderia estar presente na parte
inferior, é a substância que não reagiu. Assim, percebe-se que a atividade experimental,
para ser desenvolvida em um viés conceitual, o qual possibilita ao aluno compreender o fe-
nômeno por meio da investigação, deve ser “um processo situado em um contexto histórico
e social, que exige uma ruptura com procedimentos acadêmicos inspirados nos princípios
positivistas da ciência moderna” (BEDIN, 2019, p. 109). Isto é, na experimentação deve-se
possibilitar ao aluno a vivência da prática, bem como da construção de ideias e troca de
conhecimentos, a fim de que argumentos sejam construídos e os saberes ressignificados.
Afinal, é por meio da interação ativa que os alunos deixam de ser meros expectadores e
passam a ser participantes ativos na construção do próprio saber (DA SILVA; BEDIN, 2019).
Em relação à questão 2, a qual instigava os sujeitos por meio do questionamento: “Qual
ou quais os componentes ficam na parte SUPERIOR do funil de decantação?”, tem-se
que estes respondem, em sua totalidade, éter, ciclohexanol e ciclohexanona. Ou seja, é
possível observar que os alunos concluíram que as moléculas de éter etílico, ciclohexanol
e ciclohexanona são apolares e, portanto, não se solubilizam com os componentes pola-
res da parte inferior. Os alunos, também, mencionaram a correlação entre polaridade e o
tamanho da cadeia carbônica, afirmando que quando há o aumento da cadeia carbônica
(massa molecular), a molécula torna-se apolar, correlação ao ciclohexanol e ciclohexanona.
Desta forma, por meio das reações orgânicas estudadas na teoria, os sujeitos conseguiram
entender que o ciclohexanol,que eventualmente poderia estar presente na parte inferior, é
a substância que não reagiu.
Em relação à terceira questão: “O éter etílico é polar ou apolar?”, a tabela 1 apre-
senta as colocações dos alunos.
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
Tabela 1. Respostas dos alunos em relação a questão: O éter etílico é polar ou apolar?
Aluno 1 Apolar
Aluno 2 Apolar
Aluno 3 Apolar
Aluno 4 Apolar
Aluno 5 Não souberam responder
Aluno 6 Não souberam responder
Aluno 7 Não souberam responder
21
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Uma pergunta investigativa foi realizada aos alunos, os quais necessitaram apontar
qual foi à função do éter etílico na síntese do composto orgânico. A tabela 2 apresenta as
colocações dos sujeitos.
Tabela 2. Respostas dos alunos em relação a questão: Qual a função do éter etílico?
Aluno 1 Separar a Ciclohexanona dos compostos apolares
Aluno 2 Separar a Ciclohexanona dos compostos apolares
Aluno 3 Separar a Ciclohexanona dos compostos apolares
Aluno 4 Separar a Ciclohexanona dos compostos apolares
Aluno 5 Separar a Ciclohexanona dos compostos apolares
Aluno 6 Separar a Ciclohexanona e o Ciclohexanol dos compostos apolares
Aluno 7 Separar a Ciclohexanona e o Ciclohexanol dos compostos apolares
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. BEDIN, E. Filme, experiência e tecnologia no Ensino de Ciências Química: uma sequência
didática. Revista de Educação, Ciências e Matemática, 9(1), 2019. Disponível em: http://
publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/recm/article/view/4280. Acesso em: 17 abr. 2020.
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disciplinaridade no ensino médio politécnico. Revista Signos, 36(1), 2015b. Disponível em:
http://www.univates.com.br/revistas/index.php/signos/article/view/781. Acesso em: 17 abr. 2020.
3. BEDIN, E.; DEL PINO, J. C. Aprendizagem colaborativa e interação nas redes sociais: qua-
lificação da educação básica. Revista Areté| Revista Amazônica de Ensino de Ciências,
8(17), 187-201, 2015b. Disponível em: http://periodicos.uea.edu.br/index.php/arete/article/
view/190. Acesso em: 17 abr. 2020.
4. BEDIN, E.; DEL PINO, J. C. Concepções de professores sobre situação de estudo: rodas de
conversa como práticas formadoras. Interfaces da Educação, v. 8, n. 22, p. 154-185, 2017.
Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/interfaces/article/view/1600. Acesso
em: 17 abr. 2020.
5. BEDIN, E.; DEL PINO, J. C. Aprendizagem colaborativa nas redes sociais e a qualificação dos
processos de ensino e aprendizagem. Interacções, v. 14, n. 47, 65- 84, 2018a. Disponível
em: https://doi.org/10.25755/int.7138. Acesso em: 10 abr. 2020.
24
Química: ensino, conceitos e fundamentos
6. BEDIN, E.; DEL PINO, J. C. Interações e intercessões em rodas de conversa: espaços de
formação inicial docente. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 99, n. 251, 222-
236, 2018b. Disponível em: https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.99i251.3383. Acessado
em: 17 abr. 2020.
11. FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; OLIVEIRA, R. C. Ensino Experimental de Química: Uma
Abordagem Investigativa e Contextualizada. Química Nova na Escola, 32(2), mai. 2010. Dis-
ponível em: http://webeduc.mec.gov.br/portaldoprofessor/quimica/sbq/QNEsc32_2/08-PE-5207.
pdf. Acesso em: 17 abr. 2020.
12. FINGER, I.; BEDIN, E. A contextualização e seus impactos nos processos de ensino e apren-
dizagem da ciência química. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Matemática, v. 2,
n. 1, p. 8-24, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.5335/rbecm.v2i1.9732. Acesso em: 17
fev. 2020.
17. TRESPACH, R. R.; GUNTZEL, B.; BEDIN, E. Análise química sobre ferramentas tecnológicas
para ensinar química na Educação Básica à alunos surdos.
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
18. TecnéEpisteme y Didaxis: TED, 2016. Disponível em:file:///C:/Users/Bedin/AppData/Local/
Temp/4623-Texto%20del%20art%C3%ADculo- 12814-1-10-20170121.pdf. Acesso em: 17
abr. 2020.
26
Química: ensino, conceitos e fundamentos
02
Desvendando fatos: extração de
DNA de bulbo e frutos por meio de
atividades remotas e de baixo custo
desenvolvida pelo Pibid
10.37885/210504566
RESUMO
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
29
Química: ensino, conceitos e fundamentos
RELATO DE CASO
Elaboração da atividade
Extração do DNA.
30
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Materiais:
Procedimento:
31
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Figura 1. Fluxograma contendo os materiais e métodos para a realização da extração do DNA.
A apresentação da aula com os alunos foi realizada por vídeo chamada através da
plataforma Google Meet, introduziu-se a aula com uma abordagem ao tema de DNA, ques-
tionando os conhecimentos prévios dos alunos, foi bastante citado pelos estudantes, em
diferentes grupos, a informação de que cada indivíduo possui sua própria sequência de
DNA e que por ela é possível identificar as pessoas. Quando questionadas de onde adqui-
riram essa informação, foram citadas por eles diversos seriados de entretenimento como
“C.I.S. – New York”, “Criminal Minds” e vários outros. Também foi citado que com o DNA é
possível identificar seus pais e familiares, essa informação foi adquirida por eles através de
programas televisivos, como novelas, filmes e outros que abordam esse tema. Entretanto
quando questionado como realizar a extração de DNA e se era possível ver ele todos os
alunos citaram apenas exame de sangue, extração capilar e afins, revelando assim não
possuírem o conhecimento da extração de DNA de frutas e bulbo da forma como o experi-
mento os conduziu.
Esta etapa obteve diferentes resultados apresentados pelos grupos, essa variação dos
resultados se deu principalmente pela heterogeneidade de cada grupo, onde cada indivíduo
carrega diferentes conceitos e formas de o expressar, esses adquiridos ao longo de sua vida
(CENCI, 2020). Sendo assim, os dados obtidos são apresentados na Tabela 1.
32
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Tabela 1. Resultados de interação com alunos da eletiva antes do experimento.
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Grupos / Perguntas
Banana Cebola Morango Tomate Kiwi
Sabem o que é DNA? – Sim Sim Sim –
Já viram o DNA? – Não Não Não –
Acreditam conseguir extrair o DNA em
– Não Não Não –
casa?
Acreditam conseguir visualizar o DNA
– Não Não Não –
em casa?
Conforme visto na Tabela 1 dois grupos não conseguiram estabelecer contato com
os alunos, além desses, os que obtiveram comunicação, já possuíam a informação de “o
que é o DNA”, possivelmente um conhecimento adquirido por meio das séries e programas
televisivos citados por eles, porém, nunca tiveram contato direto com o ele. Sendo assim, se
tratava de um conceito teórico e abstrato. Quando questionados se acreditavam conseguir
extrair e visualizar o DNA em suas casas todas as respostas foram negativas, isso expõem
que há uma barreira dos alunos, que acreditam ser capazes de estudar ciências, contudo,
não acreditam ser capazes de reproduzi-la (DORIGO, 2020).
Explicação do experimento
Cada etapa do experimento possui grande importância para visualização do DNA e para
aprendizagem de química, nesse experimento trabalhou-se conceitos práticos da química,
como a extração por maceração, formação de soluções, divisões entre sólido e líquido, que-
bra de ligações, densidade de substâncias e suas influências por temperatura. Ao amassar
o substrato, facilita-se a absorção da solução (água, detergente e sal), fazendo que haja
interação com as células do meio. Com a adição de água, que deve estar morna ou quen-
te, possibilita que as moléculas se agitem. Já o detergente, realiza a quebra de lipídio, em
outras palavras, o detergente é o responsável do rompimento da bicamada lipídica que
compõe a membrana plasmática, sendo assim, com a ação deste, o desmanche da célula
se evidencia, removendo suas proteínas e tornando-se solúvel. O sal realiza um processo
de osmose, extraindo o DNA do interior da célula para o meio. Sendo o DNA insolúvel em
álcool, acontece uma precipitação, isso se deve a densidade – O DNA é menos denso que o
álcool, assim foi possível visualizar os filamentos de DNA no sistema heterogêneo formado,
tornando-se perceptível o aglutinamento do mesmo (GONÇALVES, 2020).
Após a replicação do experimento pelos alunos, foi exposto por eles informações so-
bre como se procedeu a extração e visualização, por meio de mensagens pelo Whatsapp
33
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Menssenger e por fotos enviadas também por este. Os dados baseados nas respostas e
observações feitas por eles são apresentados na tabela 2.
Legenda: (*) - Problemas com pectina. (–) - Não houve interação com os alunos.
Fonte: Autoria Própria.
Na tabela 2 é possível compreender que além dos grupos que não conseguiram es-
tabelecer comunicação, um outro grupo não conseguiu realizar a extração, sendo este
justificado pela falta de tempo dos alunos que estavam com excesso de atividades. Dos
grupos que tiveram êxito na extração, apenas um conseguiu visualizar o DNA. O grupo que
extraiu, mas não conseguiu visualizar, relatou ter visto no local dos filamentos de DNA uma
“camada espessa branca’’.
Imagens com os resultados esperados pela extração do DNA dos insumos escolhidos
para a aula foram enviadas, para efeito de comparação entre os grupos participantes, con-
forme se vê nas Figuras 2 a 6.
34
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Figura 3. DNA extraído da banana sobre diversos ângulos.
Com o intuito de fixação dos conceitos trabalhados e absorvidos pelos alunos, foi
desenvolvido uma poesia. Segundo Costa (2020) a poesia se faz como uma forma literária
35
Química: ensino, conceitos e fundamentos
interdisciplinar, sendo essa interdisciplinaridade uma estratégia eficaz para absorção de
conceitos e teorias novas, sendo assim a poesia foi elaborada e aplicada ao fim da atividade.
DNA envolvente
DISCUSSÃO
Como supracitado a decisão tomada para aplicação da atividade por meio do ERE foi
através de vídeos, os participantes do PIBID junto dos professores orientadores os realizaram
e conseguiram extrair o DNA com êxito. Contudo, o contato com os alunos foi prejudicado
por causa do ensino remoto, diferente do planejado. Alguns grupos, mesmo com as abor-
dagens por Whatsapp Messenger e chats online por meio do Google Meet, não obtiveram
respostas e interação dos alunos, e neste sentido não foi possível saber se realizaram o
experimento proposto o que prejudicou o processo de ensino aprendizagem por falta das
habilidades e competências almejadas.
Por outro lado, alguns grupos conseguiram interação e chegaram à realização do
experimento até o ponto de visualização do DNA, esses grupos alcançaram os resultados
esperados conforme a literatura apresenta. Um dos grupos, entretanto, teve dificuldades de
visualização do DNA, foi observado uma “camada espessa branca”, esse problema foi apu-
rado pelos participantes do PIBID e chegou-se à conclusão de ser uma camada de pectina,
36
Química: ensino, conceitos e fundamentos
a partir disso houve uma busca na literatura sobre ela e esses foram mediados para o grupo
que relatou essa experiência.
Realizando a comparação entre os saberes iniciais dos alunos da eletiva, tabela 1, e
os conhecimentos após o experimento, tabela 2, chegou-se à conclusão de que a respectiva
temática de ensino, possibilitou o entendimento dos alunos da eletiva e ao mesmo tempo
agregou conhecimento para os participantes do PIBID. A experiência de produção de vídeos
da extração de DNA e aplicação desse através do ERE propiciou desenvolvimento, tanto
acadêmico quanto profissional, de modo que os iniciantes à docência identifiquem a varie-
dade e diversidade de uma sala de aula para, assim, conseguir envolver a todos da mesma
maneira em práticas de ensino.
A extração do DNA foi feita pelos participantes do PIBID e alguns alunos da eleti-
va. A prática ocorreu como esperava-se se comparado com a literatura encontrada acerca
do tema (BRITO, 2017). Já no caso em que a visualização foi prejudicada pela presença da
pectina sabia-se por meio de FILHO, 2018 que esse poderia ser um resultado obtido.
Nesse sentido, através deste trabalho, pode-se reforçar a importância que uma abor-
dagem diferenciada para execução de aulas práticas, como estratégia didática e de baixo
custo, facilitam a mediação do conhecimento e compreensão de conteúdos teóricos nas
aulas de química. Além disso, fomentar experimentações acessíveis até mesmo em esco-
las com poucos recursos e espaços adequados faz parte do processo de popularização da
ciência. E com isso, enriquecer e humanizar a formação de todos os sujeitos envolvidos
no processo de ensino e aprendizagem, propiciando um conhecimento significativo e ao
mesmo tempo contextualizado para superar o ensino fragmentado pelo distanciamento
social (SILUS, 2020).
REFERÊNCIAS
1. BRITO, I. A. JUNGES, L. J. S. F.; DA SILVA OLIVEIRA, J. M. Atividades práticas de ex-
tração de DNA de diferentes materiais orgânicos como forma de estimular o ensino-
-aprendizagem. Revista Maiêutica, Indaial, v. 5, n. 01, p. 41-56, 2017. disponível em
<https://189-016-006-142.asselvi.edu.br/index.php/BID_EaD/article/view/1757/865>. Acesso
em: 25 nov. 2020.
3. CHIESSE, A.; ROCHA, E. A.; AVELINO, J. L.; OLIVEIRA, L.; SILVA, L.; SILVA, R. M. B.; AS-
SIS, M. E. S.; MOREIRA, M. M.; GARCIA, T. A.; ADÃO, T. M. S. Extração da molécula de
DNA em frutas como ferramenta para auxiliar o ensino de biologia em turmas de ensino
médio em uma escola no município de Volta Redonda -Rj. REVISTA PIBID – UGB/FERP
- V.1, 2016, p. 4-8, 2016. Disponível em: <http://www.ugb.edu.br/pibid/revista/assets/docs/BIO-
37
LOGIA_EXTRACAO-DA- MOLECULA-DE-DNA-EM-FRUTAS.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2020.
6. DORIGO, A.; ANJOS, A.; MARCATO, A. C.; PIRES, D.; GONÇALVES, L.; ANHOLETO, L.;
CHOLAK, L.; RAMALHO, M.; BORBA, R.; ORTELANI, M.; MELLO, D. Projeto Primeiros
Passos na Ciência: Rompendo barreiras sociais e estreitando laços entre a comunidade
acadêmica e o Ensino Médio público. Revista Brasileira de Extensão Universitária, v. 11, n.
1, p. 47-59, 13 mar. 2020. Acesso em: 22 mai. 2021.
7. GONÇALVES, A.; LEMOS, A. C.; FURLAN, C. L.; DEL VALLE GARNERO, A. G como uma
ferramenta didática. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 11,
n. 1, 14 fev. 2020. Acesso em: 20 nov. 2020.
8. FILHO, L. J. A.; BARBOSA, M. S.; BATISTA, B. C. SILVA, M. P.; ARAUJO, A. B. S.; Extração
de DNA utilizando diferentes plantas: uma alternativa para as sulas práticas de Bioquímica no
ensino de Ciências e de Biologia. Anais do III Conapesc, Campina Grande, 2018.
10. SANTANA, J. G. F.; FERNANDES, M. B.; LIMA, S. C. M. 16° SIMPEQUI - A utilização de ma-
teriais alternativos no ensino de ciências/química no âmbito do PIBID IF Baiano Câmpus
Guanambi, 06 a 08 de agosto de 2018. Disponível em: <http://www.abq.org.br/simpequi/2018/
trabalhos/90/601-26085.html.> Acesso em: 29 dez. 2020.
13. ______. Nota da Reitoria nº 06, de 28 de abril de 2020. Disponível em: <https://www.ifsp.edu.
br/images/reitoria/Comites/Covid19/Comite/
14. ______. Portaria Mec nº 376, de 03 de abril de 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/
en/web/dou/-/portaria-n-376-de-3-de-abrilde-2020-251289119>. Acesso em: 18 jun 2021.
38
Química: ensino, conceitos e fundamentos
03
Dominó dos grupos funcionais: uma
proposta didática no ensino médio
para associar a fórmula estrutural dos
grupos com seu respectivo nome
10.37885/210604946
RESUMO
O estudo dos compostos orgânicos é muito importante para o ensino de Química, pois
utilizamos essas substâncias na produção de combustíveis, medicamentos, alimentos
e entre outros produtos. A Química Orgânica é uma área que estuda os compostos de
carbono. Diante disso, o trabalho teve como objetivo criar e aplicar um jogo de dominó
dos grupos funcionais para desenvolver de maneira lúdica habilidades necessárias para
identificar e relacionar as fórmulas estruturais de cada grupo funcional com seus respec-
tivos nomes. O trabalho foi realizado com os estudantes do 3º ano do ensino médio de
uma escola pública do município de Nova Marilândia-MT. O diagnóstico realizado teve
como partida um questionário antes e depois da aplicação do jogo, nele continha várias
fórmulas estruturais de compostos orgânicos onde os estudantes tinham que reconhecer
corretamente os grupos funcionais e seus nomes. O recurso possibilita uma aprendizagem
mais significativa já que consegue prender a atenção dos estudantes, estimulando-os na
construção de habilidades para compreender o conteúdo abordado.
40
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A elaboração e o uso do jogo “dominó dos grupos funcionais” como ferramenta pedagó-
gica no ensino da Química Orgânica teve como finalidade avaliar a ludicidade, jogabilidade,
interatividade dos estudantes com o conteúdo abordado e verificar o jogo como um agente
facilitador para a aprendizagem. O trabalho foi realizado com os estudantes do 3º ano do
ensino médio de uma escola pública do município de Nova Marilândia-MT, o diagnóstico
realizado teve como partida um questionário antes e depois da aplicação do jogo, nele
continha várias fórmulas estruturais de compostos orgânicos. A atividade exigia reconhecer
corretamente os grupos funcionais e seus nomes, desse modo, analisando de forma quan-
titativa o quanto o jogo favorecia na aprendizagem dos estudantes.
O jogo possui 64 peças e deve ser jogado com no máximo 8 jogadores, isso, seguindo
o mesmo princípio do jogo de dominó tradicional. Os jogadores devem conectar o nome do
grupo funcional com a parte que corresponde a sua estrutura química. Assim, mantendo
um contato direto dos jogadores com o conteúdo e proporcionando o desenvolvimento de
habilidades de forma mais dinâmica.
42
Química: ensino, conceitos e fundamentos
REGRAS DO JOGO:
1.0 – O jogo inicia-se com o jogador que estiver com qualquer um “carretão” – é uma
peça especial que se encontra o nome do grupo funcional e sua respectiva estrutura
química, conforme na figura 1.
2.0 – Após a saída do “carretão” o próximo jogador deve conectar uma peça com a
estrutura química ou o nome do grupo funcional correspondente ao do carretão (o
sentido do jogo fica a critério dos jogadores);
2.1 – É importante salientar que de um lado do carretão deve ir uma peça com a es-
trutura química do grupo funcional e do outro lado do carretão outra peça com o nome
do grupo funcional como é mostrado na figura 2.
43
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Figura 03. Como as peças são conectadas durante o jogo.
4.0 – Vence o jogo aquele jogador que acabar primeiro com suas peças;
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 04. Estudantes jogando o jogo “dominó dos grupos funcionais” em sala de aula.
44
Química: ensino, conceitos e fundamentos
A tabela 01 retrata o percentual de acertos dos estudantes em relação a cada grupo
funcional no questionário aplicado antes e depois do jogo. É nítido ver um grande avanço
na quantidade de acertos após a aplicação do jogo, pois foram capazes de identificar cor-
retamente os grupos.
Foi obtido um aumento bem signficativo no acerto em relação a todos os grupos fun-
cionais estudados, o que retrata um cenário positivo em relação a objetividade inicial do
jogo que era o de promover uma aprendizagem de maneira mais dinâmica sobre o reco-
nhecimento dos grupos.
Note que antes da aplicação do jogo, alguns grupos já tiveram um indíce razoável de
acerto como, por exemplo, hidroxila (72%) e amina (64%) sendo acompanhados pelo éter
(56%), carbonila e nitrila (52%), isso, por serem considerados pelos estudantes grupos fun-
cionais mais fáceis de se identificar devido a estrutura conter um ou dois elementos.
Tabela 1. Resultado do número de certos dos estudantes antes e depois da aplicação do jogo.
45
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Nessa perspectiva, de acordo com as regras da IUPAC o composto de fórmula CH3
– CO – CH3 possui o nome de propanona e a função orgânica é uma cetona devido a po-
sição do grupo funcional carbonila (-CO) (BOTH, 2007).
Desse modo, substituindo um dos grupos metil (-CH3) do composto por uma amina
(-NH2) altera-se totalmente o grupo funcional, passando a ser uma amida (-CONH₂), isso,
resulta em uma outra função orgânica, o que vai ocasionar também mudança na nomencla-
tura do composto, que passa a se chamar de etanamida.
Diante disso, a cada momento em que se jogava o dominó a dificuldade que se tinha
em perceber essa junção entre os grupos foi diminuindo, pois os estudantes começaram a
ter mais atenção nesses grupos funcionais, ou seja, passaram a reconhecer com mais faci-
lidade os grupos, deixando de apresentar aquelas confusões que os impediam de enxergar
aqueles grupos formados pela junção de um com o outro (carboxila, éster e amida).
Note que os resultados obtidos após o jogo sobre esses grupos funcionais foi muito
satisfatório, pois houve consideravelmente um aumento na quantidade de acertos desses
grupos, o que retrata uma contribuição significativa do jogo para sanar essas dificuldade e,
assim, em cada momento em que se jogava, o processo de reconhecimento e memorização
das fórmulas estruturais e seus nomes era mais efetiva.
Na disciplina de Química Orgânica não é fácil encontrar uma metodologia que conec-
te a ludicidade com os conceitos a serem abordados em sala. Contudo, quando há essa
conexão é possível observar a importância na diversificação das aulas para a promoção do
ensino de Química (DIAS FILHO; ANTEDOMENICO, 2010).
CONCLUSÃO
Com a experiência vivênciada foi possível perceber como o jogo promoveu uma ótima
conexão com a aula e, também, no interesse dos estudantes em relação ao método tradi-
cional, pois nesse método o professor é apenas o centro da aula falando e propondo exer-
cícios. O jogo estimulou uma maior participação e motivação por parte de todos, havendo
uma grande interação entre os estudantes e contribuindo para que o conhecimento fosse
construído de maneira mais dinâmica e independente. De acordo com Brandão (2014) o
lúdico é uma ferramenta de ensino que proporciona momentos mais agradáveis, auxiliando
na apresentação dos conteúdos e de maneira mais prazerosa favorecendo o processo de
ensino/aprendizagem.
Portanto, o jogo demostrou ser um ótimo recurso motivacional em sala de aula, apre-
sentou características para a formação do conhecimento químico, permitindo através da
aprendizagem lúdica o desenvolvimento de habilidades para a memorização dos conteúdos
46
Química: ensino, conceitos e fundamentos
abordados, isso, pelo fato de ser simples, objetivo e com uma jogabilidade divertida e de
fácil compreensão.
REFERÊNCIAS
1. BOTH, L. A Química Orgânica no Ensino Médio: na sala de aula e nos livros didáticos.
2007. Dissertação (Mestrado em Educação) – Instituto de Educação. Universidade Federal
de Mato Grosso, Cuiabá, 2007.
6. SÁ, L. D. C.; OSÓRIO, L. R.; SOUSA, G. F. N.; SILVA, D. Contextualizando o estudo das
propriedades dos compostos orgânicos com uso de plantas medicinais no ensino mé-
dio no município de Floriano-Pi. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO QUÍMICA,
10., 2012, Teresina. Anais... Teresina: Associação Brasileira de Química e sua Regional Piauí,
2012. n. 280.
7. SANTOS, A. P. B.; MICHEL, R. C.. Vamos jogar uma SueQuímica? Química Nova na Escola,
v. 31, n. 3, 2009.
8. SOLOMONS, T. Wi. G.; FRYHLE, C. B. Química Orgânica. v. 1, 9. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2009. 675 p.
47
Química: ensino, conceitos e fundamentos
04
Decifrando a composição dos
desodorantes antitranspirantes:
uma visão do consumidor sobre os
benefícios, composição e curiosidades
10.37885/210202977
RESUMO
49
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
O presente estudo teve como objetivo decifrar a composição dos desodorantes anti-
transpirantes e desodorantes convencionais, bem como compreender a visão do consumidor
em relação a essa categoria de produtos cosméticos, além de entender os benefícios, riscos
e curiosidades relacionadas a esse produto.
MÉTODOS
Nosso estudo possuir um caráter quantitativo e qualitativo, com ênfase neste último,
recorremos novamente ao referido autor que assim esclarece “[...] na pesquisa qualitativa,
como o recorte espacial que diz respeito à abrangência, em termos empíricos do recorte
teórico correspondente ao objeto da investigação” (MINAYO, 2012, p. 62). Adicionalmente,
Gomes (2011) pontua sobre o objeto deste tipo de pesquisa: “Seu foco é, principalmente, a
exploração do conjunto de opiniões e representações sociais sobre o tema que se pretende
investigar.” (GOMES, 2011, p. 79)
51
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Quanto à caracterização e às etapas que compõem um estudo de cunho qualitativo,
Gil (2002) afirma:
RESULTADOS
Na obtenção dos dados que compõem a presente pesquisa, foram aplicados um total
de 150 questionários no ambiente virtual, destinados ao público em geral, contendo sete
perguntas, conforme já mencionado, abordando o uso dos desodorantes antitranspirantes e
dos desodorantes. Na análise das respostas, verificamos que os consumidores, não obstante
o grande volume de informações ao qual estão expostos, ainda apresentam muitas dúvidas
e manifestam curiosidade a respeito dessa classe de produtos cosméticos.
Na primeira pergunta, referente ao conhecimento da composição dos desodorantes
antitranspirantes e convencionais, 90% dos entrevistados responderam que não conhecem
a composição dos mesmos. O segundo item do questionário diz respeito ao conhecimento
sobre a diferença entre desodorantes antitranspirantes e desodorantes. Neste item, obtivemos
2% de respostas positivas e 76% de respostas negativas. Isso evidencia que a comunidade
ainda precisa de esclarecimentos sobre os produtos de higiene pessoal que são utilizados
em seu no dia-a-dia.
A terceira questão buscou descobrir se os consumidores sabiam se há diferenças entre
os desodorantes antitranspirantes femininos e masculinos. No quesito, 74% responderam
não haver diferença, ao passo que 26% afirmaram que havia diferenças. A esse respeito,
na realidade, a composição dos desodorantes antitranspirantes para homens e mulheres 52
Química: ensino, conceitos e fundamentos
tem composição muito similares. Na pergunta de número quatro, sobre as preferências do
consumidor em relação às embalagens ou apresentação dos produtos, 62% dos entrevista-
dos preferem o aerossol, por acharem a sua aplicação rápida e fácil; 22% preferem o roll-on;
10% fazem uso do squeeze-spray e 6% escolheram a fórmula em creme ou gel; a forma
stick não foi mencionada na pesquisa.
Na sequência do questionário, buscamos descobrir se o consumidor já teve alguma
alergia ou irritação em relação a algum tipo de desodorante antitranspirante e, em caso
afirmativo, solicitamos informar o tipo de problema. Neste item, 74% responderam que não
apresentaram alergia a esse tipo de produto cosmético e 26% responderam que já tiveram
alergia ou algum tipo de incômodo durante o uso desse produto. Neste caso, foram rela-
tados os seguintes inconvenientes coceira, ardência após depilação, glândulas crescidas,
vermelhidão, surgimento de resíduo do desodorante nas axilas.
Na sexta questão, indagamos aos entrevistados sobre suas curiosidades/dúvidas acer-
ca dos produtos em foco e, em caso afirmativo, solicitamos que especificassem os seus
questionamentos. Aqui, 72% afirmaram não ter curiosidades sobre o tema; já 28% afirmaram
possuir curiosidades a respeito. As curiosidades/dúvidas mencionadas pelos entrevistados
foram sobre os seguintes temas:
No último item foi solicitado aos participantes que relatassem os principais incômodos
em relação ao uso dos desodorantes, em geral. Em suas respostas esses consumidores
mencionaram os seguintes inconvenientes: manchas nas roupas, fragrância forte, aspecto
“grudento”, o pó branco deixado pelos antitranspirantes na região das axilas mancha ou
desbota o tecido das roupas.
DISCUSSÃO
A literatura mostra que os antitranspirantes são produtos constituídos por veículos (li-
quidos, sólidos, pastosos ou fluídos), emolientes, ativos antibacterianos e antibactericidas;
substâncias antitranspirantes como os sais de alumínio e seus derivados: clorihidrato de
alumínio, sesquicloridrato de alumínio, octacloridrato de alumínio zircônio, alumínio zircônio,
complexo de glicina tetraclorohidróxido de alumínio; conservante e fragrância (BARATA,
53
Química: ensino, conceitos e fundamentos
2018). Em relação aos componentes bactericidas , são eles que impedem a proliferação
das bactérias que causam o mau odor (LADEN, 1988).
Para esclarecer melhor sobre a diferença entre desodorantes e desodorantes antitrans-
pirantes, apresentamos a definição dessa categoria de produtos pela ANVISA (BRASIL,
2005, 2012, 2015):
Segundo Alves (2006), os desodorantes são aqueles produtos que tendem a reduzir o
cheiro ruim das axilas, por meio de fragrâncias e substâncias antibacterianas que modificam
o mau odor e controlam a proliferação das bactérias. Enquanto os antitranspirantes agem
na redução da transpiração, como o próprio nome já diz, pois possuem substâncias capazes
de diminuir a produção de suor onde as glândulas sudoríparas são responsáveis.
Recentes estudos realizados por Rudden et. al (2020) têm revelado que o mau odor
axilar é causado principalmente pela microbiota axilar, composta principalmente pelos se-
guintes microrganismos: Staphylococcus, Cutibacterium (anteriormente Propionibacterium),
Corynebacterium e a presença adicional de anaeróbios gram- positivos, a partir da produção
de suor pelas glândulas apócrinas. O mau odor axilar humano é formado por uma mistura de
compostos orgânicos voláteis com ácidos graxos voláteis e os tioálcoois que são os voláteis
mais pugentes (JAMES et. al, 2004; HERMAN, 2002).
Na pesquisa, verificamos que os consumidores usam os desodorantes antitranspirantes
disponíveis em várias formas farmacêuticas. Os produtos com propriedades desodorizantes
são formulados em suspensão, emulsão ou soluções. Isso possibilita uma oferta ao con-
sumidor de desodorantes antitranspirantes em diferentes embalagens e formatos. A forma
ou embalagem pela qual os desodorantes antitranspirantes se apresentam influencia na
escolha do consumidor, como confirmou a pesquisa. Em relação à forma de apresentação
dos desodorantes antitranspirantes, há uma variedade de formatos, a exemplo dos sabões
desodorizantes, cremes, gel, roll-on, stick ou aerossóis, sempre visando à praticidade na
aplicação (BARATA, 2003).
Em relação aos fatores determinantes nas preferências do consumidor por determina-
da forma farmacêutica de desodorantes antitranspirantes, conforme os relatos observados
na pesquisa, podemos citar: a fácil aplicação, o tempo de secagem do produto, beneficios
trazidos à pele das axilas como a ação hidratante, efeito clareador, minimização de pêlos,
54
Química: ensino, conceitos e fundamentos
efeito calmante da pele e tempo de ação do antitranspirante, garantindo proteção por de-
terminadas horas.
Sobre diferenças na composição dos antitranspirantes para homens e mulheres, a maior
parte dos consumidores (74%) considera não haver diferenças, enquanto 24% acredita que
existem diferenças na composição, em função do gênero a que se destinam. De fato, há
pequenas pequenas diferenças na composição para ambos os gêneros. Os antitranspirantes
femininos apresentam ativos para tratar a área das axilas, tais como ação hidratante, efeito
clareador, além de fragrâncias voltadas ao público feminino e trazem benefício de proteção
por 24 horas ou 48 horas. Já as formas farmacêuticas para o público masculino têm apelos
nos efeitos antitranspirantes como duração de 24 e 48 horas de proteção contra a trans-
piração e o mau odor e fragrâncias com notas olfativas para o perfil masculino, bem como
matérias-primas que absorvem mais a umidade na região axilar. A categoria de desodo-
rantes antitranspirantes tem utilizado tecnologia de sistema de liberação lenta de ativos ou
fragrâncias encapsulados, trazendo maior eficácia ao produto. De igual modo, as empresas
têm investido em tecnologia nas formulações para promover maior toque seco e têm também
utilizado matérias-primas que promovam maior absorção do suor, tais como: sílica hectoritas
e hidrolisado de tapioca; matérias-primas como umectantes que promovem uma hidratação
da pele das axilas; uso de ativos que promovem o clareamento das axilas e matérias-primas
que controlam os maus odores das axilas por meio da tecnologia de microencapusalação
das fragrãncias para liberar o frescor quando o consumidor está realizando alguma atividade
física, confirmando a proteção prolongada contra maus odores. Os compostos responsáveis
pela retirada do odor nas axilas são substâncias bactericidas capazes de impedir a sua
formação e também existem as fragrâncias que mascaram o mau odor. Além destes, existe
o bicarbonato de sódio e o carbonato de zinco que têm ação neutralizadora, controlando o
pH da região das axilas, reduzindo,assim, o mau odor (RUDDEN, 2020).
As alergias ou irritações frequentemente se originam em função das soluções hidroal-
coólicas que podem dar origem às ardências, ao se utilizar o produto; ou ainda, pelos sais de
alumínio ou zircônio que podem contrair os poros, causando obstruções, caso não haja uma
esfoliação adequada durante o banho, dando origem a glândulas crescidas (ALVES, 2006).
Com efeito, os desodorizantes são considerados os maiores responsáveis pelas dermatites
de contato, certamente pelas sua vasta e intensa utilização no dia- a dia (BARATA, 2018).
Em se tratando de manchas nas roupas, as substâncias responsáveis por causarem
esse efeito são os ésteres e óleos não voláteis. Os cloridratos de alumínio não causam
manchas, porém, se na formulação dos produtos houver resquícios de substâncias oleosas,
o seu uso cumulativo provocará manchas, modificando o tecido da roupa (BABA, 2006).
Quanto às diferentes formas de apresentação dos desodorantes, o formato squeeze- spray
55
Química: ensino, conceitos e fundamentos
apesar de possuir um custo-benefício baixo, pode resultar em irritações, já que o produto
possui altas concentrações de álcool em sua formulação. A apresentação roll-on é compos-
ta de emulsões com soluções hidroalcoólicas e suspensão de silicone anidro. Já os sticks
assemelham-se a uma cera, originada por saponificação ou por alguma outra formulação e
caracterizam-se por causarem menos irritação ao usuário (LEONARDI, 2008).
Do ponto de vista toxicológico, a primeira etapa da avaliação de segurança de um
produto cosmético consiste em avaliar o dossiê de segurança dos ingredientes escolhidos
para cada formulação. Essa avaliação implica em analisar os dados de toxicidade tópica
e sistêmica e de interações com outras substâncias. Evidentemente, todas as substâncias
empregadas para formular o produto devem ser referenciadas, conforme está estabeleci-
do na RDC nº 211/05 e na Portaria nº 295/98 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA); igualmente, as suas atualizações devem ser reconhecidamente seguras (BRASIL,
1998; BRASIL, 2005).
Adicionalmente à avaliação de segurança, são realizados os testes de avaliação de
eficácia. São eles que garatem a efetividade de um desodorante antitranspirante em rela-
ção à proteção por tempo prolongado. Um dos testes usados para provar esse benefício
é chamado Sniff teste. Os sniffers ou avaliadores sensoriais são profissionais com o olfato
treinado para avaliação de odores corporais. Outro teste realizado é o chamado teste de
gravimetria no qual é medido o suor mínimo 100mg/20minutos, produzido nas axilas de
voluntários, em sauna seca a uma temperatura de 37°C, para verificar a eficiência da ação
dos antitranspirantes (GUIDELINES OTC, 2003). Dessa forma, por intermédio dos testes
disponíveis para averiguar a eficácia, as empresas comprovam a confiabilidade nos bene-
fícios antitranspirantes de seus produtos.
A análise dos dados da pesquisa também revelou um consumidor mais consciente, em
busca de produtos mais naturais e, portanto, menos agressivos à pele e mais saudáveis,
livres dos derivados dos cloridratos de alumínio como ativo dos desodorantes antitranspi-
rantes. As empresas têm investido em pesquisa e desenvolvimento para atender o mercado
com novos ativos, livres de alumínio, além de combater o mau cheiro com uso de novas tec-
nologias, a exemplo do encapusulamento de fragrâncias, ativos e substâncias naturais com
ação antibacteriana, utilizando para tanto óleos essenciais de plantas como sálvia, melaleuca
(tea tree), capim-limão, dentre outras. Nas respostas analisadas, é possível constatar que o
nível de consciência/exigência do consumidor não se restringe apenas à preocupação com
os produtos em si, mas também envolve a responsabilidade ambiental da empresa que, em
resposta a essa demanda, deve entregar um produto menos poluente e seguro, com um
processo de produção mais sustentável em relação ao uso racional de água e às campanhas
para reciclagem de suas embalagens.
56
Química: ensino, conceitos e fundamentos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar o estudo foi possível observar que o consumidor, apesar do imenso volume
de informações a que está exposto, ainda possui dúvidas das mais variadas em relação
aos desodorantes antitranspirantes, em itens como a sua definição, composição, uso diá-
rio, formas farmacêuticas, testes de avaliação certificadores de sua eficácia e curiosidades
gerais. Acreditamos que os dados levantados nesse estudo são relevantes, por tratarem de
uma categoria de produtos utilizados diariamente pelo consumidor e de elevado consumo
mundial. O consumidor tem buscado desodorantes antitranspirantes livres dos derivados
de hidróxido de alumínio, que protejam suas axilas e não contenham ingredientes suspeitos
de causar danos à saúde humana em função do uso cumulativo. Nesse sentido, as empre-
sas têm buscado novas tecnologias para oferecer ao consumidor um produto mais natural
e com eficácia e segurança garantidas. Como exemplo da inovação tecnológica, temos o
encapsulamento de fragrâncias e produtos que são aplicados nas roupas e nas axilas como
um diferencial no mercado de produtos antitranspirantes. A indústria também tem investido
em pesquisas que visam esclarecer como o mau odor é produzido no nosso corpo e como
podemos reduzí-lo, compreendendo e identificando os seus componentes; os estudos tam-
bém envolvem o controle do pH nas axilas para evitar a ação das bactérias responsáveis
pelo odor corporal e a investigação sobre o genoma e microbiota da pele para trazer mais
informação sobre o assunto. Neste contexto, insere-se o nosso artigo, apresentando o tema
dos desodorantes antitranspirantes, tanto em relação ao consumidor, seus conhecimentos,
dúvidas, anseios, quanto ao atual estado da arte das pesquisas e dos avanços tecnológicos
empregados em sua produção.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
1. ALVES, A.L.T.; TERCI, D.B.L.; TERCI, D.; PINHEIRO, T. Ap. L.; PINHEIRO, A.S. Fisiologia
da Sudorese e ação de Desodorantes e Antitranspirantes. Cosmetics & Toiletries. vol.18.
Kosmoscience. Valinhos – SP, set-out , p. 42-45, 2006
2. ABRUTYN, E.S. Desodorantes Antitranspirantes. Revista Cosmetics & Toiletries, São Paulo,
vol. 29, p.42-48, Jan/Fev 2017.
57
Química: ensino, conceitos e fundamentos
3. BABA, D.Y. Antitranspirantes e o bloqueio do suor. Revista Cosmetics & Toiletries, São
Paulo, vol. 18, p.50, setembro 2006.
7. BRASIL, Resolução ANVISA RDC nº 03, de 20 de janeiro de 2012. Regulamento Técnico que
estabelece listas de substâncias que os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes
não devem conter exceto nas condições e com as restrições estabelecidas. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, Poder Executivo, de 17 de agosto de 2012.
10. CORRÊA, M.A. Cosmetologia Ciência e Técnica. São Paulo: Ed Medfarma, 2012.
11. HERMAN, S.J. Odor reception: structure and mechanism. Cosmetics & Toiletries, v.117,
n.9, p.83-94, 2002.
13. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
14. GOMES, Romeu. Análise e interpretação de dados de pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria
Cecilia de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 30ª ed. Petrópolis/
RJ: Vozes.
15. JAMES, A. G.; HYLIANDS, D.; JOHNSTON, H. Generation of volatile fatty acids by axillary
bactéria. Int J Cosmet Sci; Jun: 26 (3): 149-156; 2004. doi: 10.1111/j.1467- 2494.2004.00214.x.
Acesso em 02/02/2021.
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17. LEONARDI, G.R. Cosmetologia Aplicada. 2ª ed. Buarque: Santa Isabel, 2008.
18. MINAYO, M. C. de S. (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 31 ed. Rio de
Janeiro: Vozes, 2012.
58
Química: ensino, conceitos e fundamentos
19. RIBEIRO, C. J. Cosmetologia Aplicada à Dermoestética. 1ª Ed, São Paulo: Ed Pharmabooks,
2006.
21. RUDDEN. M; HERMAN. R; ROSE. M et al., The molecular basis of thioalcohol production in
human body odour. Scientific Reports, 10:12500, 2020. doi.org/10.1038/s41598-020-68860-z.
Acesso em 02/02/2021.
22. VELASCO, M.V.R.; SARRUF, F.D.; PERES, D.D.; BABY, A.R. Desodorantes e Antitranspi-
rantes. Cosmetologia e Empreendedorismo: Perspectivas para a criação de Novos Negócios.
São Paulo: Pharmabooks, 2015.
59
Química: ensino, conceitos e fundamentos
05
Uma reflexão no ensino e aprendizagem
de Equilíbrio Químico a partir de uma
perspectiva Interdisciplinar
Jaqueline da Rocha
UFRRJ
10.37885/210303959
RESUMO
61
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A partir da literatura, foi realizado uma busca de artigos com temas sensíveis a socie-
dade como: meio ambiente, agricultura e saúde. Estes temas foram abordados de forma
sucinta, e foram correlacionados de forma didática aos conceitos de equilíbrio químico, tanto
de forma conceitual quanto de forma quantitativa, a fim de se explorar a interdisciplinaridade.
Dessa forma, elaborou-se uma produção textual, apresentando a ideia, por meio de
explicações didáticas, exposição de reações químicas e um pouco de álgebra. Utilizou-se
também, a plataforma YOUTUBE, a partir da qual selecionou-se e disponibilizou-se links
de vídeos de curta duração que elucidassem o assunto. Além disso, foi construído diversos
gráficos hipotéticos para que o aluno tenha uma visualização do processo como um todo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
À medida que mais dióxido de carbono é emitido na atmosfera, mais CO2 se dissolverá
nos oceanos, este processo faz com que haja a diminuição do pH, que por consequência
afeta diretamente as rochas com estruturas calcárias, podendo acarretar sua distribuição
nos oceanos. Segundo Hatje e colaboradores (2013), se a tendência continuar, o mar não
sustentará os ecossistemas coralinos e de organismos que produzem estruturas calcá-
rias (conchas e exoesqueletos) como mexilhões e algas calcárias (vídeo “A Natureza está
Falando”, duração: 1:36 min; https://www.youtube.com/watch?v=ZeytbM65wLI).
Além disso, a diminuição do pH pode afetar a disponibilidade de metais no ocea-
no, A diminuição de pH 8,2 para pH 7,4, aumentaria a disponibilidade do Fe (III), que é um
micronutriente, que por sua vez, aumentaria a atividade dos fitoplâncton, algas marinhas,
macroalgas, que, por sua vez, pode levar à formação de CO2, podendo contribuir para o
aquecimento da terra, criando um círculo vicioso.
À medida que há um aumento da concentração de dióxido gasoso na atmosfera, o
processo representado pela equação 1, sai do equilíbrio. Para que o equilíbrio de dióxido de
carbono se reestabeleça nas diferentes fases novamente, é preciso que haja um aumento
de concentração de CO2 aquoso (aq), ou seja, dissolvido em água, que, por sua vez, aumenta
a concentração de ácido carbônico (Eq. 2).
Neste caso (Eq. 4) gerando mais um hidrônio (H3O+) e outro ânion que é o carbonato
(CO32–), entretanto esse processo (seta azul) é mais difícil do que a dissociação do ácido
carbônico (Eq. 3), ou seja, quantidades muito pequenas são observadas no processo (seta
azul) de formação destes íons.
Como pode-se observar na figura 2, o aumento de dióxido de carbono na atmosfera,
faz com que o CO2 desloque mais no sentido das setas azuis, criando na sequência o H3O+,
que é a espécie responsável pela acidez, com isso diminuindo o pH (pH = –log [H3O+]).
Embora haja a necessidade urgente de apontar novas matrizes de energias mais limpas
na atualidade, ainda hoje a nossa principal fonte de energia é derivada de carbono, esses
derivados por conseguinte movimentam grande parte da frota de máquinas no mundo, e
o produto destas reações, combinado com queimadas florestais em grandes proporções,
como as que ocorrem na região amazônica, leva a altas concentração de dióxido de carbono
(CO2) e mais outros poluentes na atmosfera.
O O O
O
HO
OH OH OH
H OH
OH O
AL AC AF AS
A primeira medida implementada para cuidar da saúde bucal foi a fluoretação das águas
de abastecimentos das cidades. O composto mais utilizado neste caso é o fluoro silicato
de sódio (Na2SiF6) como relata um estudo do IPEA (Instituto de Planejamento Econômico e
Social) conduzido por Pinto (1983).
O esmalte do dente é formado por hidroxiapatita (Ca5(PO4)3OH) que tem um equilíbrio
com a água (eq. 6), dissolvendo em íons: cálcio (Ca2+), fosfato (PO43–) e hidroxila (HO–), as
concentrações destes são bem pequenas, ou seja, a reação neste sentido (sentido a direita)
é desfavorecida, porém, em presença de ácidos o processo é acelerado.
Como pode ser observado na Figura 4, todos ácidos orgânicos têm esse grupamento
R-COOH, e em água há uma pequena dissociação.
67
Química: ensino, conceitos e fundamentos
O pH da boca é levemente ácido, por volta de 6,8, a desmineralização ocorre por volta
de 5,5, que pode ser alcançado pela fermentação de açúcares e carboidratos na boca ou
através de sucos cítricos. Alguns refrigerantes podem levar a pH < 5,5 em minutos como
bem discutido por Silva e colaboradores (2001).
O ânion fluoreto (F–) liberado a partir de alguns compostos, seja a partir da fluoro silicato
de sódio (Na2SiF6) ou de outro composto, a partir da água tratada ou nas pastas para limpe-
za dentária, vão reagir com íons de cálcio (Ca2+) e fosfato (3PO43–) e formar a fluoroapatita,
Ca5(PO4)3F, (Eq. 8), que se adere ao dente, sendo menos suscetível a reações com ácidos
do que a hidroxiapatita – Ca5(PO4)3OH –, desta forma protegendo os dentes.
Processos como esses que foram apresentados até aqui, são chamados de processos
reversíveis, ou seja, normalmente produtos e reagentes irão coexistir, como calcular as
concentrações de reagentes e produtos nesta coexistência? Retornaremos posterior-
mente a esta pergunta (Tópico: Tipos de abordagens e conceitos sobre Equilíbrio).
Veja a reação abaixo (eq. 10), é um processo reversível, imagine que obtenha NO2
através de um processo qualquer, a partir do momento que se tenha NO2, parte dele vai reagir
com outra molécula para formar o seu dímero, N2O4. Em temperatura ambiente o NO2 se
encontra em maior proporção que seu dímero, por isso da diferença dos tamanhos das setas
(vídeo 1:38 min; https://www.youtube.com/watch?v=Qjz0LoD6-r0, acessado em 30/01/2020.
Observe o gráfico 1, como pode ser visto, a reação começa a partir do NO2, vai for-
mando o dímero (que tinha concentração molar zero), mas quando chega em tempo 1, não
há mais variação do reagente, neste caso, NO2, ou do produto, neste momento o sistema
entrou em equilíbrio, mesmo após o equilíbrio a concentração de NO2 é maior que seu dí-
mero ([ ]= mol.L–1).
68
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Gráfico 1. Reação de dimerização a partir do NO2, temperatura (T1) e pressão (P1) constantes.
Gráfico 2. Reação de dimerização a partir do N2O4, temperatura (T1) e pressão (P1) constantes.
A proporção dos componentes pode ser afetada à medida que aumenta ou diminui
a temperatura. No gráfico 3, pode-se observar que à medida que a temperatura diminui
(T2<T1), o sistema entra em equilíbrio após o tempo 1, entretanto, a concentração de NO2
é menor em relação a gráfico 2, após o sistema entrar em equilíbrio. Ao diminuir a tempera-
tura, O composto dióxido de nitrogênio se torna menos estável nesta temperatura, alterando
as proporções. E se por acaso diminui-se mais a temperatura?
69
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Gráfico 3. Reação de dimerização a partir do NO2, temperatura (T2) e pressão (P1) constantes.
Para tal situação, caso diminua-se ainda mais a temperatura (T3<T2), pode-se chegar
a situação bastante curiosa, a partir do tempo 1, quando o processo entra em equilíbrio, a
concentração de N2O4 é maior que NO2. A partir daí, podemos concluir a formação do díme-
ro é favorecida com a diminuição da temperatura, e por consequência o processo inverso,
formação do NO2 é favorecido pelo aumento da temperatura.
Gráfico 4. Reação de dimerização a partir do NO2, temperatura (T3) e pressão (P1) constantes.
É importante neste momento relatar que é a vizinhança (meio externo a reação) que
está fornecendo temperatura para o sistema (reação), ou seja, para o recipiente que está
ocorrendo as reações.
No século XIX, Cato M. Guldberg e Peter Waage, os dois pesquisadores chegaram à
conclusão, que as concentrações das espécies no equilíbrio estão relacionadas com suas
concentrações e com seus índices molares estequiométricos.
70
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Após um determinado tempo, as concentrações ([ ] = concentração molar) de reagen-
tes e produtos não se alteram, e se alcança um valor fixo, constante, quando se mantem a
temperatura e pressão constante.
Qual relação matemática existe entre reagentes e produtos? Logo abaixo é indi-
cado a relação entre reagente e produtos (equação 11)
Eq. 11
71
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Gráfico 5. Relação entre quociente das massas e efeitos que as afetam.
O esquema 1, mostra que QP ou KP, podem ser expressados em função das frações
molares de reagentes ( ) e produtos ( ), como pode ser visto após algumas manipulações
algébricas, nota-se que a Pressão total (PT) para esta reação (Eq. 12) encontra-se no deno-
minador, então se a pressão diminuir, o sistema sai do equilíbrio, passando a aumentar o
valor de QP (intervalo 2-3, linha preta), após um determinado tempo, restabelece o equilíbrio
novamente (KP), ou seja, para restabelecer o valor da constante, necessariamente a fração
de diminuirá, ou melhor, a concentração de produto diminuirá, este processo pode ser
representado pelo intervalo de 2-3 (gráfico 5).
72
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Reações na qual o Ʃ números de mols reagentes > Ʃ números de mols de produtos, pode se afirmar que quan-
do se diminui a pressão externa desfavorece a formação de produto. Quando se aumenta
a pressão, QP diminuirá e para restabelecer ao valor constante de KP, necessariamente
, aumentará, ou seja, a concentração de produto irá aumentar.
Agora a partir da reação hipotética representada pela equação 13, o que aconteceria
se houvesse uma diminuição da pressão? Observe que nesta equação temos: Ʃ números
de mols reagentes
< Ʃ números de mols de produtos, o oposto do caso anterior (eq. 12).
Pode-se afirmar que na prática em sistemas gasosos quando: (Ʃ números de mols reagentes
> Ʃ números de mols de produtos), a formação de produto é favorecida com o aumento da pressão, já
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
quando se tem: Ʃ números de mols reagentes < Ʃ números de mols de produtos, a formação de produto é favorecida
por diminuição da pressão, entretanto, em reações que se tem: Ʃ números de mols reagentes = Ʃ números
de mols de produtos
, a pressão externa não irá modificar, pois após processos algébricos a partir
das premissas do esquema 1, a pressão total não aparecerá na equação.
Na prática, experimentalmente o aumento da concentração de produto pode ser fa-
vorecido por determinadas perturbações no sistema, como por exemplo o aumentando da
concentração de um os mais reagentes (A ou B) com por exemplo na equação 14, ou reti-
rando o produto (C) formado no meio reacional, veja que em ambos os processos, significa
que Q diminui, o sistema sai do equilíbrio (em termos gráficos pode ser representado pelo
intervalo de tempo 4-5, gráfico 5) e para retornar ao equilíbrio, a concentração de produto
necessariamente precisa aumentar.
Quando uma reação acontece em fase gasosa, ela pode ser expressa em termos de
concentração molar, então chama-se a constante de equilíbrio de KC, e também pode ser
expressa em KP. Os valores de KC e KP não possuem unidades, normalmente não possuem
valores iguais, mas podem se correlacionar. A partir da reação abaixo (equação 15), con-
siderando a reação em fase gasosa e gases ideias, após algumas operações algébricas,
observa-se uma correlação existente entre as das constantes.
74
Química: ensino, conceitos e fundamentos
A equação resultante derivada no esquema 3, mostra que b sobescrito, se refere ao
número de moles dos produtos e a sobescrito indica o número de moles dos reagentes,
então a equação pode ser reescrita da seguinte forma:
A partir da equação 15, pode se notar que o único caso em que KP poderá ser igual
a KC será quando ƩnP - ƩnR = 0.
Cada constante de equilíbrio está associada com uma determinada temperatura, a partir
do momento que se eleva ou diminui a temperatura, há uma outra constante de equilíbrio
associada. Essa nova constante pode ser maior ou menor que a anterior.
No gráfico 6, numa situação hipotética, observa-se um processo reversível, que
entra em equilíbrio no tempo 1 a uma temperatura T1, a partir do momento que se eleva a
temperatura (T2>T1, linha pontilhada), os sistema sai do equilíbrio e quando mantenha-se
constante essa nova temperatura, o sistema volta ao equilíbrio, entretanto tem-se uma nova
constante de equilíbrio, K2, nota-se que esta nova constante é menor que K1, ou seja, a
formação do produto é desfavorecida em relação a K1, lembre-se, a concentração de pro-
duto se encontra no numerador. Já se ao invés de diminuísse a temperatura, (T3<T1), iria
observar uma nova constante, K3, que é maior que K1, ou seja, a concentração de produto
será favorecida. As constantes tiveram está ordem, por se tratar processo exotérmico. Este
caso pode ser ilustrado com a dimerização do NO2, que é um processo exotérmico, que
quando o sistema é resfriado a formação de mais produto incolor (vídeo 1:38 min; https://
www.youtube.com/watch?v=Qjz0LoD6-r0, acessado em 30/01/2020).
75
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Gráfico 6. Variação de K em relação a temperatura numa reação exotérmico qualquer.
76
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Esquema 4. Análise da equação de Van’t Hoff para um processo endotérmico e exotérmico.
78
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Esquema 5. Organização dos dados e organização e o polinômio.
Num processo que envolve equilíbrio, ou seja, processo que a princípio sempre vai
haver uma certa concentração de reagentes e produtos, um destes prevalece em termos de
concentração em relação ao outro depois do processo alcançar o equilíbrio.
Se o produto ou reagente possui maior concentração em relação ao outro, isso indica
que um é mais estável em relação outro, ou seja, há uma espontaneidade direcionando
para tal concentração durante a reação. Imagine duas reações acontecendo (a) e (b) no
qual pudesse monitorar a energia no decorrer de uma reação, ou melhor, em sua extensão
(gráfico 7). Essa tal espontaneidade está relacionada com as estruturas dos componentes,
e sua forma de distribuição no meio, isso reflete a sua estabilidade, ou seja, sua forma de
79
Química: ensino, conceitos e fundamentos
distribuição de energia e matéria. Dentro da química tem um ramo que trata disso de forma
clara que é chamada de termodinâmica, a constante de equilíbrio é um conceito que se
encontra inserido na termodinâmica. O processo (a), não importa em qual extremo que esteja,
a reação direcionará ao ponto de equilíbrio, e este possui maior concentração de produto
que reagentes, já o processo (b) assim como no processo (a) direcionará ao equilíbrio, mas
diferente da reação anterior, prevalecerá maior concentração de reagentes. O processo (a)
certamente terá K>1, já o (b) terá K<1.
Desta forma, o gráfico da figura 7 demonstra a variação da energia em função da
composição da reação. Na curva (gráfico 7) de cor preta (a) pode representar uma reação
hipotética abaixo:
A+B C
80
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Equilíbrio Químicos em fases heterogêneas
No equilíbrio químico pode-se dizer que a velocidade das reações nos dois sentidos,
da esquerda para a direita (Vd) e da direita para a esquerdas (Vi) são iguais. A partir da
reação mostrada no esquema 6, considere as seguintes condições:
CONCLUSÃO
82
Química: ensino, conceitos e fundamentos
REFERÊNCIAS
1. BROWN, Theodore L. et al. Química: a ciência central. 9.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
3. CHAVES, Sônia Cristina Lima. et al. Política de Saúde Bucal no Brasil 2003-2014: cená-
rio, propostas, ações e resultados Ciência & Saúde Coletiva . 22, 6, 1791-1803, 2017. DOI:
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7. KOTZ, John C; TREICHEL, Paul M.; WEAVER, Gabriela C. Química geral e reações químicas.
Vol 2. 5. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
8. OLIVEIRA, A. V., et al. Publ. UEPG Ci. Exatas Terra, Ci. Agr. Eng., Ponta Grossa, 14, 2, 133-
141, 2008.
11. SABADINI, E & BIACHI, J. C. A., Química Nova na Escola, 25: 10-13, Maio/2007.
83
Química: ensino, conceitos e fundamentos
06
Despertaê: um projeto para motivação
de alunos do EJA à continuidade dos
estudos
10.37885/210504572
RESUMO
A quantidade de alunos que concluem o ensino médio e dão continuidade aos estudos
é insignificante. Por conta disso, a grande maioria dos formandos acabam por somar
massa operária do chão de fábrica, ou nos setores mais baixos de todo ramo empregador.
Este projeto tem como principal objetivo alertar os alunos para a vida pós escola, para a
concorrência no mercado de trabalho, e mostrar que é possível ingressar em um curso
técnico ou superior, através de preparação e possuindo informações concretas e claras
da cidade e região em que vivem, mesmo concluindo a educação básica na modalidade
EJA. Através deste esclarecimento busca-se a colaboração dos alunos a partir do primeiro
dia de aula de Química, a fim de estabelecer uma relação de confiança, o obter maior
esforço e dedicação nas realizações das tarefas diárias.
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
Após a coleta dos dados, iniciou-se a palestra com um gráfico da escolaridade bra-
sileira comparando-se os anos de 2016 a 2018, mostrando primeiramente que os alunos
ali presente, caso concluam o ensino médio fazem parte de menos da metade de toda
população brasileira que concluiu a educação básica. Em segundo plano que o nível de
instrução dos brasileiros vem crescendo, a passos largos em ponto de vista percentual e
gigante em números.
A seguir foi exibido o gráfico de salários médios por nível de instrução do brasileiro,
mostrando que pessoas com nível superior completo ganham em média 169% a mais que
os que concluíram o ensino médio. Partindo deste ponto de vista iniciou-se a discussão
relacionando mercado de trabalho e escolaridade, notou-se com base na reportagem de
Gaberlli (2018), que a quantidade de pessoas que buscam emprego cresceu muito com a
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
crise dos últimos tempo, e o nível de escolaridade dessas pessoas também cresceu, com
isso os empregadores mesmo não necessitando de maior nível de instrução para as funções
a serem exercidas e sua empresa, acabam por contratar aquele que está mais qualificado
diante do grande leque de opções que se encontra disponível, sendo assim a taxa maior de
desemprego sobressai para os menos escolarizados.
Neste momento foi realizada uma dinâmica onde foi sugerido a um aluno ali presente
que imaginasse se tratar de um dono de um Super Mercado X, Sr. João:
– O Sr. João está procurando uma pessoa para ocupar o cargo de operador de caixa,
essa função exige alguns conhecimentos básicos de informática, matemática e co-
municação clara. Portanto o nível exigido para o cargo é de apenas ensino médio
completo. Porém o Sr. João recebeu diversos currículos de pessoas com ensino bá-
sico completo e também recebeu o currículo de Joana, que possuía além do ensino
médio, um curso de informática e técnico em administração .
– Sr. João, quem você contrataria? Joana ou Maria, que possui apenas ensinomédio
completo que o senhor exigiu para o cargo de sua empresa?
– Joana, com certeza!
Diante dessa dinâmica, os alunos do EJA puderam entender melhor o que se passa
na cabeça do empregador brasileiro na hora da contratação, em preferir sempre a melhor
opção disponível, mesmo que se seu cargo não necessite de pronto.
Esse contexto sugere também, que uma pessoa que estuda além da educação básica,
acrescenta não só a seu currículo, pois provavelmente quando João pensou em quem esco-
lheria, veio em sua percepção que Joana por ser mais estudada, era focada, esforçada, bus-
cava melhorias em sua vida, possuía inteligência em relacionamentos interpessoais. Ou seja,
o estudo acrescenta no profissional e eleva o status intelectual, enriquece o ser humano pra
vida. Este pensamento está em concordância com Favaro (2018).
Falado sobre a importância de se dar continuidade aos estudos, os licenciados segui-
ram para a desmistificação, começando por mostrar a quantidade de instituições de ensino
públicas e privadas, e alguns exemplos dos leques de cursos técnicos disponíveis e exis-
tentes na cidade e nas cidades vizinhas, a fim de mostrar a quantidade de oportunidades
ao alcance dos mesmos. Foi informado também período médio de um curso técnico e de
graduação. Relembrando que todo tempo investido em educação jamais será perdido, e
frisando o fato que existem cursos profissionalizantes a partir de 2 meses já capazes de
apresentar mudança significativa na vida.
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
Tendo o medo do vestibular como principal motivo para a não tentativa, foi exposto a
demanda por curso de alguns cursos importantes, mostrando que existem muitos cursos
bons, porém com pouca procura, dessa forma a concorrência se torna pequena e a nota
exigida para ingressar passa a não ser tão grande como muitos imaginam. Foi citado também
a quantidade de pessoas se inscrevem porém não vão prestar a prova, e a lista de espera
que tende sempre a correr algumas posições, devido a desistências, não matrículas, entre
outros fatores. Como por exemplo, o curso superior de Biocombustíveis disponível na Fatec
da Cidade de Jaboticabal no primeiro semestre de 2019, que obteve uma demanda de ape-
nas 1,85 por vaga, FATEC(2019), o curso de produção Industrial na Fatec de Sertãozinho
SP, que obteve uma demanda de 1,58 por vaga. Foi ressaltado que é sempre importante
tentar e também observar os cursos de menor procura que poderão levar a uma maior fa-
cilidade de ingresso.
Finalizando a apresentação de algumas das principais instituições de curso técnico
e superior da região, partiu-se para a forma de ingresso, muitos alunos não conhecem os
meios, o que os afasta ainda mais da continuidade dos estudos. A princípio foi explicado
sobre o ENEM, sua definição, como funciona a prova, em quantos dias é aplicada o que cai
e como é avaliada. O Enem é um instrumento para ingresso em muitos programas governa-
mentais, entre eles o SISU meio de ingresso nas Universidades Federais e algumas públi-
cas, O Prouni que é uma excelente oportunidade para quem busca cursar curso superior em
instituições privadas com descontos de até 100%, Sisutec, Pronatec, Enceja. E por último o
Fies dando ênfase de que se trata de um financiamento a longo prazo, e por tanto deve ser
muito pensado, porém para aqueles alunos que não conseguirem ingressar nem por meio
do SISU ou Prouni, se torna uma alternativa válida para garantia do diploma. Ainda falando
sobre desconto em instituições privadas, visto que o ingresso nas Universidades públicas
geralmente conta com bastante concorrência, foi levado a conhecimento dos alunos exem-
plos de Instituições privadas que concedem diversos tipos de descontos próprios e formas
facilitadas de pagamentos. Assim como oferecem cursos a distância geralmente com um
custo muito menor, e com igual qualidade e reconhecimento pelo MEC.
Estando desmistificados os tópicos: Custo, e Dificuldade de ingresso, partimos para
o último tópico: Transporte; Considerando que muitos alunos acreditam ser impossível in-
gressar em cursos longe de suas residências, por não possuírem veículo próprio, e quando
possuem não ter condições de arcar com os custo, assim como o custo do transporte par-
ticular. Iniciou-se a apresentação do programa de transporte realizado na cidade de Matão
em parceria com a prefeitura, que garante desconto no transporte fretado para as cidades
vizinhas, e até gratuito para aqueles alunos que comprovarem perfil de necessitados/ca-
rentes, ainda se tratando da mesma empresa, temos serviço de transporte para maior parte
89
Química: ensino, conceitos e fundamentos
dos destinos escolares dentro da cidade sem custo algum. Além de termos por exemplo no
IFSP de Matão, a possibilidade de se conseguir bolsas que auxiliam no custo do transporte.
Após concluída a palestra repetimos a pergunta para os alunos presentes:
– Você acha possível ingressar em um curso técnico ou superior após concluir o en-
sino médio ?
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conseguiu-se observar grande mudança no aspecto facial e corporal dos alunos du-
rante a palestra realizada em duas partes, quando entraram na sala de vídeo para assistir
e perceberam do que se tratava com as primeiras perguntas todos os alunos se demons-
travam descrentes e com fisionomias entristecidas e entediadas. A sala contava com um
total de 18 alunos.
Resultados da primeira pergunta:
Você acha possível ingressar em um curso técnico ou superior após con-
cluir o ensino médio?
R: apenas 4 alunos responderam que sim.
Dos que acham que não é possível, o motivo é:
a) Dinheiro?
R: 3 alunos responderam que sim.
91
Química: ensino, conceitos e fundamentos
b) Dificuldade de ingresso por conta da dificuldade do processo seletivo?
(prova/concorrência).
R: 13 alunos responderam que sim.
c) Transporte? ( valor/ dificuldade de locomoção).
R: 2 alunos responderam que sim.
92
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Podemos questionar aqui, o que faz com que esses alunos criem essa barreira tão gran-
de? Talvez o discurso que ouvem no decorrer dos anos escolares, ou em suas casas. E isso
é muito sério, precisa ser analisado com mais cuidado e atenção, pois se trata de vidas.
Considerando a tabela de diferença salarial por anos de estudo, os estudantes do
EJA puderam concluir que, avançar um pouco a mais no nível de escolaridade significa
muito mais que um currículo bem elaborado, se trata de melhoria de qualidade de vida do
aluno e da família.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
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periodicos.set.edu.br/fitshumanas/article/view/4800/2804 > Acesso em 12/09/2019.
94
Química: ensino, conceitos e fundamentos
07
O papel da pesquisa no ensino médio
politécnico
10.37885/210604899
RESUMO
Busca-se um novo enfoque ao Ensino Médio, que parece não cumprir o papel de pre-
paração do estudante para a graduação e nem mesmo para o exercício da cidadania.
Com objetivo de apresentar alternativas, este trabalho analisa o processo de ensino
politécnico numa escola pública. A fundamentação dessa proposta está apoiada no
educar pela pesquisa que tem como objetivo incentivar o questionamento dentro de um
processo de reconstrução de conhecimento. Segundo Moraes (2002) esse processo pode
ser entendido como a produção de um conhecimento inovador que inclui interpretação
própria, formulação pessoal, saber pensar e aprender a aprender. No Colégio Estadual
Dom João Becker existe, em Porto Alegre RS, desde 2006, uma experiência com enfo-
que em competências e habilidades integrando diversas áreas de conhecimentos e suas
tecnologias, com os eixos Cultura, Ciência, Tecnologia e Trabalho. Utilizando-se essa
experiência, há atualmente um processo de construção de projetos de pesquisa em cinco
turmas de primeiro ano do Ensino Médio diurno envolvendo cerca de cento e sessenta
alunos. A atividade está centrada no aluno, onde de forma individual ou em duplas es-
tão elaborando passo a passo a construção de projetos em temas por eles definidos e
constantes em quatro eixos previstos do programa proposto pela Secretaria da Educação
do RS. A orientação docente ocorre em turno inverso, e pela internet utilizando-se das
novas mídias e redes. Os docentes em ações multidisciplinares orientam diversos grupos
de alunos extrapolando os limites de aula, de assunto, e de atividade. Um grande mo-
vimento cultural e uma quebra de paradigma das atividades do Ensino Médio parecem
indicar como uma importante atividade na construção de novos saberes elevando o nível
cultural dos alunos do primeiro ano do Ensino Médio no campo da ciência e tecnologia.
Segundo Demo (1997) a pesquisa assume importante papel nesta etapa da educação
tornando-se uma maneira própria de aprender. O aluno passa de objeto do ensino para
parceiro de trabalho, assumindo-se sujeito do processo de aprender, tornando-se um
sujeito ativo e autônomo para criar, construir e articular informações com os conhecimen-
tos já adquiridos na busca de soluções para suas inquietações. Finalmente, observa-se
que na medida em que os alunos realizam as atividades de pesquisa, tornam-se mais
participativos, mais presente nas aulas e se tornam mais dedicados à leitura e escrita
elevando o seu nível cultural onde o centro do processo está no aluno, a escola e os
docentes são promotores e orientadores do processo.
96
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
97
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Esses textos foram importantes porque também os docentes se formam com um em-
basamento filosófico do processo ensino aprendizagem que o processo suscitou.
MATERIAIS E MÉTODOS
98
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Quadro 1. Competências e habilidades pretendidas com a pesquisa.
Competência 3 - Elaborar, executar e apresentar projetos de pesquisa aplicando metodologia cientifica, visando o empreendedo-
rismo e a busca de novas tecnologias
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entende-se que isso não é o bastante, pois para que um aluno-pesquisador tenha êxito
em seus trabalhos é necessário que o mesmo tenha uma base de apoio. Lamenta-se que
essa cultura de apoio, compromisso, participação efetiva não foi suficientemente compreen-
dida pela comunidade escolar, e nem se tem conseguido apoio financeiro.
Acredita-se que a proposição de utilizar a pesquisa como um processo de aprendi-
zagem se constitui como um fio condutor que move a curiosidade do aprendiz, para o pro-
cesso de construção do conhecimento, e que independe das disciplinas e dos conteúdos,
mas que se utiliza de informações de todas elas, tornando-se um processo motivador para
o aluno que retoma seus estudos regulares, porque além da descoberta ele se constrói 99
Química: ensino, conceitos e fundamentos
como cidadão, como ser pensante e proponente de alternativas científicas e tecnológicas
(MENEGASSO, 2011).
A maioria deles menciona que a pesquisa é uma busca de conhecimento, que os motiva
neste processo de fazer ciência, e que se torna mais claro no final de cada semestre quando
apresentam os resultados de seus projetos de pesquisa num seminário e tem se constituído
em um momento de divulgação de ciência na escola.
Numa escola pública, onde muitas vezes não há material para experimentação cien-
tífica, nem apoio para a realização de pesquisas, é uma ousadia dos alunos conseguirem
inovações partindo de seus questionamentos e conhecimento popular adquirido com suas
experiências de vida. Isto é uma demonstração clara de habilidades e competências cons-
truídas durante o processo de aprendizagem.
Aprimorar a iniciação científica através da superação das dificuldades apontadas pelos
alunos e docentes que vivenciaram o processo deve ser nossa meta. Precisamos envolver
os professores na construção de uma cultura de ciência de orientação aos alunos na cons-
trução de projetos de pesquisa.
Neste sentido, a educação pela pesquisa é, de acordo com o pensamento de Demo
(1997, p. 12) uma proposta de:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. COLL, C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Mé-
dicas, 1994.
101
Química: ensino, conceitos e fundamentos
08
On teaching chemistry in Brazilian
and American high schools: a brief
approach
Lindsey Smaka
University of Minnesota, St. Paul, MN, USA
10.37885/210504739
ABSTRACT
This brief chapter introduces and discusses the issue of the teaching and learning process
in Chemistry. Several High School Chemistry teachers have used out-of-date and traditio-
nal methodologies which do not fit new pedagogical trends while some neither correlate
nor make analogies between topics and students’ everyday lives since they apply the
methodology of memorization of chemical and abstract contents. Several studies in the
literature have shown that Chemistry teaching must be contextualized and integrate three
pillars, i. e., theory, practice and everyday life. Teachers who do not know how to stimulate
and motivate students to study Chemistry have drawn the attention of researchers in the
teaching area. In contrast, all Chemistry teachers should know how to identify difficulties
and pedagogical limitations in order to search for new teaching practices to improve their
students’ learning and stimulate knowledge construction. Even though traditional teaching
has predominated, new methodological conceptions have introduced different ways to
look at Chemistry teaching and raised interest in the area known as Chemistry Didactics.
Thus, this text aimed at investigating difficulties in Chemistry teaching and learning by
carrying out a brief bibliographical review and collecting teachers’ reports. Some attractive
solutions were proposed to make the teaching and learning process easier and improve
teacher-student relationships, which have been negative in many cases. In short, teachers
must think, study, update themselves and search for a way to make the teaching and
learning process in Chemistry useful in everyday life.
103
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUCTION
A lot of information has been available in modern society, even though it has not al-
ways been well addressed. Schools have been in charge of meeting the high requirement
for knowledge and transfer it to students. Therefore, most teaching has been carried out by
teachers who, in the development of technical-scientific knowledge, aim at boosting their
students’ skills continuously, a task that usually requires broad and contextualized work
(NUNES & ADORNI, 2010).
It has often been observed that, mainly in Chemistry teaching, students can neither learn
nor associate contents with their everyday lives; as a result, they lose interest in the topic. It is
worrisome and shows that teaching has frequently been decontextualized and disconnected
from other academic disciplines (NUNES and ADORNI, 2010).
It has been known that teachers are not always ready to work in an interdisciplinary way
to associate contents with student’s reality. Even though coursebooks may be – and have
been – used as educational instruments that help educators organize their ideas, assimilate
contents and teach them to students, teachers should avoid using them as their only teaching
resource (LOBATO, 2007). The following motto has been used in Brazil: “teachers should
adopt a coursebook but should not be adopted by it”.
Therefore, talking about Chemistry Education is needed so that the teaching and learning
process can be prioritized in a contextualized, problematized and dialogic way to stimulate
thinking and make students perceive the socio-economic importance of Chemistry in a tech-
nological society in a world of constant change (SANTOS & SCHENETZLER, 1996).
Taking this issue into account, the teaching and learning process, along with its difficul-
ties, should be analyzed and the following questions should be answered: what are learning
difficulties?; what are the main causes of learning difficulties?; and which factors hinder the
teaching and learning process in Chemistry?.
Learning takes place throughout the interpersonal and intersubjective relationship among
students, teachers and the object of knowledge in a dialectical relation which has cognitive,
affective, psychomotor, pedagogical, neurological, social, historical and cultural dimensions;
thus, a relationship based on dialogue and mutual trust is needed to continuously provide
means for teachers’ and students’ critical and human development (VYGOTSKY, 1987).
In some schools, teachers keep emphasizing content transference and memorization
of facts, symbols, names and formulas, rather than construction of scientific knowledge and
connections between knowledge in Chemistry and everyday life. This practice influences
students’ learning negatively, since they cannot perceive relations among what they study
in class, nature and their own lives (MIRANDA & COSTA, 2007).
104
Química: ensino, conceitos e fundamentos
The literature shows that, in their professional environment, Chemistry teachers still
tend to teach their discipline in a traditional way and use lectures which are not very attractive
to students since they are not interested in memorizing the periodic table of elements and
contents that are too complex for them to understand. Dictionaries have defined Didactics,
whose origin is the Greek word didaktiké, as the art of teaching. To make this art help stu-
dents learn Chemistry and understand its importance in their personal and professional lives,
teachers must also be updated in terms of what takes place in this science that is constantly
evolving (BERTON, 2015).
Besides questioning the reason why Chemistry is taught in High School, teachers should
aim at understanding the following issues: What is Chemistry teaching that prepares for
life?; How can teachers help students understand material and phenomena that constitute
and transform the world we live in?. It may refer to learning about compounds found in any
material, such as air, water, soil, food, medication, fabric, toothpaste, detergent, shampoo,
fuel, dye and packaging, while their properties and interaction with other material/compou-
nds and the environment are observed. It may also mean knowing and interacting with the
environment critically and responsibly (KHANAM, 2018).
According to Menezes (2012), teachers should start the school year by planning their
work with every class based on mean expectation on future students’ maturity, skills and
previous knowledge. However, work has to be continuously reformulated because High
School students that compose a certain class are different, a fact that means that all classes
are different. Thus, teachers should prepare themselves to teach heterogeneous classes,
rather than complain about them. To take into account their diversity is an essential condition
to be able to teach.
Considering these worrying facts, this brief chapter aims at systematically understanding
factors that hinder the teaching and learning process in Chemistry and at helping teachers find
and reflect on effective pedagogical techniques to teach this science in High School classes.
CORRELATED STUDIES
According to Rice (2002), teachers must better acknowledge and use new discoveries,
knowledge determinations, relations and applications, develop new hypotheses and theories
and be able to teach it all to students precisely and intelligently.
To make students involve themselves significantly with different approaches of Chemistry
teaching would be a way to help them better understand what they are learning and to see
how it applies to the world. Students need to become scientifically literate citizens with po-
tential to decide whether they want to choose a career in the Chemistry area and, mainly, to
be capable of solving problems in the real world (STAMMES et al., 2020).
105
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Chemistry, just like other sciences, exerts great influence on everyday life; thus, its
study is not limited to research in laboratory and industries. When teaching this discipline,
teachers should contextualize the fact that Chemistry plays a role in everybody’s daily lives
and touches them in some way. One of the strategies that must be used as soon as students
start attending the discipline is to read a text with them or bring examples of Chemistry in their
everyday lives so as to stimulate them to debate as a group, find Chemistry in their lives and
express their ideas. Students get very enthusiastic when they perceive that their concept – or
pre-concept – is the same that is introduced by their coursebook and scientifically proposed
by their teacher (TREAGUST et al., 2000).
Teachers may use many ways of teaching and many teaching strategies, such as
lectures, dialogic classes, dramatization, text/paper reading, problem-solving, seminars,
surveys, case studies, brain storming, trial simulation, games and ludic activities (PRIESS,
2012). Even though several strategies may be used to teach Chemistry, teachers may – and
should – innovate new teaching techniques while keeping in mind that “memorized knowledge
is not knowledge”.
Teaching strategies should also improve the following aspects: learning how to know,
learning how to do; learning how to live with others and learning how to be (PRIESS, 2012).
Firstly, Chemistry teachers may introduce contents in lectures while stimulating students to
learn how to know and understand the essence of concepts under study, rather than trying
to memorize them. In Chemistry teaching, it is very important to bring practical experiments
to class to enable students to learn how to do. As a result, students learn how to live with
others, since they also understand how to work as a team and get enthusiastic about this
science, a fact that leads to professionals that learn how to be.
Despite some important projects found both in Brazil and in other countries (such as
the Chemical Bond Approach (CBA), the CHEMstudy and the Nuffield Foundation Science
Teaching Project, from the USA, translated into Portuguese), little effort has been made in
the area. These projects have certainly brought innovation in terms of sequence and valo-
rization of certain contents. However, in general, Chemistry teaching in High School keeps
far away from students’ reality. Its curriculum is based on contents, knowledge is essentially
academic and the methodology highlights memorization of formulas, concepts, classifications,
rules and repetitive calculi which just seem to be useful to make students get good grades
(SCHNETZLER & ARAGÃO, 1995).
Chemistry teachers have had much technology to help explain, contextualize and make
a difference in this discipline. Therefore, certain practices, such as debates, case studies, de-
monstrations of Chemistry in everyday examples, reading of papers that deal with the issues
under study and educational and fun videos that make students understand the essence of
106
Química: ensino, conceitos e fundamentos
their study. Internet has helped teachers to stimulate students’ active participation; for ins-
tance, when teachers mention a concept, students look for a text or a video in Internet and
discuss it and, as a result, they make the teaching and learning process get more dynamic
without noticing it (SEERY, 2013).
This chapter invites Chemistry teachers to reflect on their educational practices and
their way of teaching Chemistry and making their students actually learn. That is why this
chapter encourages teachers to answer the following questions: “Are students learning or
memorizing?; In case students do not attend college, will this content also be important in
their lives?; Considering the time I have, is it really important to ensure that students stu-
dy orbital models, hybrid orbitals or any other specific topic?; If I teach everything that my
students need to attend college, will they succeed?; Which competence and skills can my
students reach if they study all concepts that I want and need to teach?; and Have I been
able to develop the competence and skills that my students need?.
METHODOLOGICAL DEVELOPMENT
Bardin’s Content Analysis (1977) was the instrument of data analysis. It is a technique of
data interpretation – based on discourse decomposition – which objectively and qualitatively
describes content expressed in communication. It enables main concepts and themes to be
identified in a certain text and subjects’ utterances to be reconstructed.
In Brazil, few High Schools teach Chemistry classes which highlight practice, even
though this science is essentially experimental. Many schools do not even have Chemistry,
Physics and Biology laboratories. However, some Brazilian schools have a laboratory which
is shared by the three areas for practical classes. High School students’ low performance in
Chemistry is a well-known fact in the country. Causes which are often considered responsible
for this uncomfortable and afflictive situation are some teachers’ professional unprepared-
ness, lack of opportunity to get updated, low salaries and lack of material conditions in most
schools (EVANGELISTA, 2007). It should also be mentioned that many teachers are real
heroes who have overcome several barriers in this complicated scenario and have been
capable of teaching quality classes.
Teaching Chemistry in Brazilian High Schools merely seems to discover students’ cog-
nitive stages and, consequently, try to adapt contents that have to be taught. Teaching has
107
Química: ensino, conceitos e fundamentos
been mostly verbal, which leads to mere information transfer, while learning has been seen
as a process of knowledge accumulation (TFOUNI, 1987).
To become effective and adequate, Chemistry teaching must be problematizing, chal-
lenging and stimulative so as to reach its aim, i. e., guide students to construct scientific kno-
wledge. By no means should it be conceived as teaching that simply introduces closed-ended
questions. Chemical knowledge must be introduced to students in a way that enables them
to interact actively and deeply with their environment and to understand their roles as actors
and stewards in the world.
In order to contribute to solve issues in Chemistry teaching, some scholars have brought
up relevant questions about new methodological conceptions that could improve it. Eichler
(2007) mentioned that some actions have tried – and should keep doing it – to re-structure
methodological and curricular bases of the Brazilian educational system so as to improve
Chemistry teaching in High Schools. An alternative could be the use of material prepared by
teachers to develop the main contents of the discipline.
According to Evangelista (2007), one of the main objectives of the discipline is to make
youngsters acknowledge the value of science in the search for knowledge of reality and to
use it in their daily lives. Thus, Chemistry teaching should be conceived as a research pro-
cess, considering that topics under study constitute problems that need solutions. Stages of
the teaching process are the ones of the research process, i. e., problem determination, data
collection, hypothesis formulation, experimental work carried out by students and teachers
and acceptance/rejection of hypotheses.
Hartwig (1985) stated that assimilation of chemical knowledge consists of concept
construction (qualitative principle) followed by numerical identification (quantitative princi-
ple). He added that this sequence must be respected, no matter if knowledge is developed
empirically or theoretically.
According to Chassot (1990), the reason why Chemistry is taught is the formation
of conscious and critical citizens. The author states this science must be understood as:
“Chemistry is also a language. Thus, teaching Chemistry must make reading the world easier.
Chemistry is taught to enable citizens to better interact with the world”. In Brazil, the number
of studies that focus on Chemistry teaching has increased since the 1980’s. Researchers
have constantly aimed at investigating teaching processes intertwined with students’ daily
lives and their social factors.
Other scholars, such as Maldaner (1998), believe that quality Chemistry teaching should
search for a methodology that favors experimentation/practical teaching. This form of kno-
wledge acquisition enables students to critically reflect on the world. Besides, students’
108
Química: ensino, conceitos e fundamentos
active, creative and constructive involvement in contents addressed in class develops their
cognitive skills.
Mortimer (1992) advocated the notion of epistemological profile in order to overcome
inappropriate perceptions in Chemistry. From this perspective, the approach of contents uses
the history of Chemistry as the basis and guiding axis of the teaching and learning process.
The author also states that facts that led to this knowledge production throughout history
reflect their essentially dynamic aspect. The methodology that uses the history of Chemistry
aims at going beyond traditional and dogmatic teaching which has still been deep-rooted in
Brazilian High Schools.
Regardless of the methodological conception, knowledge developed by Chemistry tea-
ching must be based on strategies that stimulate student’s curiosity and creativity to awaken
their sensitivity to invent and understand that this science and its knowledge permeate their
lives and can be found in the simplest everyday phenomena (ASTOLFI, 1995).
However, these ideas may bestow some intrinsic reductionism to research in Chemistry
teaching, which restricts it to mere speculation and application connected to the psychology of
science. On the other hand, this historical knowledge enables the development of Chemistry
Didactics, which is essential to any teacher. Teachers are told to use their own theories and
models as another scientific area of study and investigation, besides promoting consensus
to develop researchers in Chemistry teaching (SCHNETZLER, 2002).
The milestone in Chemistry teaching in Brazil is the fact that important researchers in
this area reinforced their studies in order to: encourage research and knowledge production
in Chemical Education by promoting scientific meetings; join professionals who are interested
in research in Chemical Education to present and discuss results of their activities and share
experiences; create opportunities to disseminate results of studies to enable Elementary and
High School teachers and professors to learn about methodological renewal and update
their knowledge in Chemistry, besides proposing solutions to issues in Chemistry teaching,
mainly in public schools; and constitute and publicize national and international production in
Chemical Education so that researchers, teachers and teachers-to-be can use it to improve
the quality of teaching and research in the country (Schnetzler, 2002).
Throughout reading this section, it is important to remember that this is just a snapshot
of the American education system, and only gives one perspective. Throughout my 9 years
spent in the Chemistry classroom, best practice pedagogies have shifted. During my licensure
program, we focused heavily on inquiry-based learning. “Inquiry-based science adopts an
investigative approach to teaching and learning where students are provided with opportunities
109
Química: ensino, conceitos e fundamentos
to scrutinise a problem, search for possible solutions, make observations, ask questions, test
out ideas, and think creatively, and in so doing, learn to reconcile their developing unders-
tandings with previous knowledge and experience” (GILLIES, 2020).
The American Education system does in fact set up teachers up for success in inquiry
education. For the most part, all chemistry classrooms come equipped with a laboratory, glas-
sware, chemicals and tools. The subject lends itself well to inquiry because of its lab-based
nature. As a teacher, it was important to include self-discovery in labs. During my teacher
training, we practiced taking cookie-cutter labs and including more inquiry and changing
questions into higher order thinking and reflections.
This was nearly 10 years ago. As times change, so do best practices in the classroom.
While inquiry-based learning is still extremely important, it has essentially become the norm
in the chemistry classroom. A new focus has turned to personalized learning. Personalized
learning is a form of pedagogy in which teachers and students essentially carve their own
paths towards mastering standards Although this concept has been around for years, it is
gaining rapid interest as education becomes more technologically advanced (PANE, J.,
STEINER, E., BAIRD, M., & HAMILTON, L., 2015).
Some students may learn a concept better by reading while other students may need
to hear it orally. With online tools becoming more robust, this is easier and more attainable
for teachers. For example in my own classroom, I will give students the choice to listen to my
pre-recorded lecture, read about it through the textbook or have a small-group discussion.
Students still learn the content, but all in their own unique way. This is also true for showing
mastery of the content. For some subjects, I allow students to show mastery by writing or so-
metimes they choose to verbally explain it. Either way students can show that they mastered
the content without always needed to take a standard and traditional paper and pencil test.
Another shift in my own classroom has been a focus on global issues in chemistry. As the
world becomes more interconnected, teachers look to include this in their classroom as
well. It is important to remember that although Chemistry is a stand-alone subject, it is extre-
mely intertwined with other disciplines. Chemistry requires a lot of writing and communica-
tion. Chemistry is the basis biology, while relies heavily on knowledge of physics. Chemistry
has been an important part of history - wars have been fought over things like salt and
guano. As people look to helping the environment, chemistry is a huge part of climate chan-
ge. As my teaching practices change, I find it more and more important to include all of the-
se different subject areas. The American education system places chemistry in a one year
course, while never formally circling back to any of the content. If we are able to intertwine
the subject areas, it is hopeful that students will realize the importance of not only chemistry,
but the other subject areas as well.
110
Química: ensino, conceitos e fundamentos
As I look to the future of chemistry, I look to the new Minnesota State science stan-
dards which will be implemented in the next couple of years. It is refreshing to see climate
action included, which is something I have focused on. But what is new is the inclusion
of Minnesota American Indian communities. For example one standard states, “Students
will be able to gather information about and communicate the methods that are used by
various cultures, especially those of Minnesota American Indian Tribes and communities,
to develop explanations of phenomena and design solutions to problems” (MINNESOTA
DEPARTMENT OF EDUCATION SCIENCE STANDARDS). With social issues coming into
the science classroom, it will be exciting to see if positive change comes with this new
form of pedagogy.
CONCLUSIONS
This chapter proposed to trigger some reflection on Chemistry teaching – often decon-
textualized and aseptic – based on different talks and thoughts. The great challenge to be
tackled in classes is to form citizens who are aware of their transformative roles in society.
Criticism is welcome! Search for solutions and alternatives, as well! Working collectively and
getting involved in social, economic and political issues – to analyse, discuss and change
reality – are expected, rather than individualism.
As mentioned throughout the chapter, effort has been made in the search for changes
in Chemistry teaching, but it has not always been problematized. In some situations, tea-
chers even carry out teaching plans whose guiding principles are experimentation, History of
Science and everyday teaching. However, it has been observed that teachers undertake these
principles in agreement with their beliefs, experiences and previous education processes.
Therefore, the huge distance between teachers’ early proposals and their real implementation
in the curriculum is revealed.
Teachers often see their professional practices as something essentially simple, i. e.,
knowing some contents and transferring them to students, who provide feedback in texts,
projects and tasks, are enough to make students reach what is expected from them (good
grades). In fact, teachers’ professionalization is an extremely complex topic that needs
further discussion.
In short, when teaching is discussed, teachers state that: “Our fight aims at making tea-
ching less aseptic, less dogmatic, less abstract, less historical and less evaluation-based”. It is
feasible to develop and implement a proposal for Chemistry teaching that is more coherent
regarding the current economic, scientific, social and cultural context. It should be a proble-
matizing proposal which makes a difference in the environment and treats students as sub-
jects who have knowledge and as essential components of teaching and learning processes.
111
Química: ensino, conceitos e fundamentos
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113
Química: ensino, conceitos e fundamentos
09
O ensino de modelos atômicos na
educação básica: uma análise dos
trabalhos publicados do ENEQ
Lucas Giacomet
Unicentro
10.37885/210303637
RESUMO
115
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
118
Química: ensino, conceitos e fundamentos
e palavras-chave1 dos trabalhos, com o objetivo de identificar os que realmente tratavam de
trabalhos aplicados em sala de aula, excluindo aqueles de caráter puramente teórico. Como
resultado obtive-se 48 trabalhos.
Com a constituição deste corpus inicial passamos a segunda etapa, a “exploração do
material”, que consistiu em realizar uma leitura dos trabalhos a fim de operacionalizar e siste-
matizar as ideias iniciais “de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento
das operações sucessivas, num plano de análise” (BARDIN, 2011, p.126).
Tendo em vista nosso objetivo, optou-se por analisar de forma mais detalhada apenas
os trabalhos publicados no eixo temático “Ensino-aprendizagem”, por este reunir um número
maior de pesquisas que tratam de relatos de experiências acerca da abordagem dos modelos
no ensino de Química. Em seguida efetuou-se a codificação e decomposição dos trabalhos
tendo em vista categorizar os trabalhos de três formas: a) metodologias de ensino utilizadas;
b) recursos didáticos utilizados; c) modelos atômicos explorados.
Na última etapa da análise, o “tratamento dos resultados e inferências”, os resultados
da etapa anterior foram trabalhados de maneira a se tornarem significativos e válidos frente
ao objetivo da pesquisa, como é possível observar a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
119
1 Em alguns casos, em que não estava claro no resumo foi preciso realizar a leitura do trabalho completo.
É possível observar que o maior número de trabalhos publicados foi no ano de 2014
em Minas Gerais, contudo, não foi um valor expressivamente alto comparado aos outros
anos, neste sentido, é difícil fazer generalizações quanto o aumento, ou não, do interesse
quanto a temática ao longo dos anos neste campo de pesquisa.
Como destacado na metodologia, analisou-se mais minunciosamente apenas as pu-
blicações do eixo temático “Ensino e Aprendizagem” (EAP), um total de 21 publicações, 15
resumos e 6 trabalhos completos.
A maioria das pesquisas, 71,4 % (15), abordaram os modelos atômicos por uma pers-
pectiva histórica bastante generalista, sem dar mais detalhes acerca da ênfase de cada mo-
delo. Outros 33,3% (07) abordaram os quatro modelos atômicos mais difundidos no ensino
da Química na Educação Básica (os modelos de Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr), estes
modelos são comumente citados pelos autores de livros didáticos (DOMINGUINI; ORTIGARA,
2010) e por essa razão acabam sendo os mais utilizados em sala de aula, contudo, é valido
ressaltar que outros pesquisadores são mencionados dentro dos textos didáticos, porém
com pouco destaque, por essa razão a visão histórica e não linear da ciência acaba sendo
distorcida (DOMINIGUINI; ORTIGARA, 2010).
Notamos que conceitos mais atuais, como os relacionados ao Modelo Quântico, fo-
ram pouco explorados nos trabalhos. Somente 9,5% (02) dos trabalhos abordaram este
modelo de maneira mais profunda, todos os outros trabalhos ou ignoraram o modelo, ou o
mencionaram de maneira superficial sem demonstrar de fato que o modelo foi uma grande
quebra de paradigma, isto é, que o modelo atômico quântico abalou a compreensão acerca
de átomo, mudando o entendimento sobre a distribuição eletrônica e o conceito de valência.
Este modelo, conforme Riveros (2013), foi capaz de reunir e explicar de maneira coerente a
120
Química: ensino, conceitos e fundamentos
radiação de corpo negro, capacidade calorífica, os espectros de emissão e outros conceitos
relevantes para a Física atômica.
Interessante notar que mesmo quando o modelo foi abordado no trabalho as contribui-
ções de Plank, Heisenberg, Einstein e Balmer, que foram essenciais para a confecção do
modelo, são deixadas de lado, passando uma ideia de ciência desconexa e descontextuali-
zada da realidade (PARENTE; SANTOS; TORT, 2013; RAMÍREZ; RÓMULO; PÉREZ, 2010).
Essa é uma carência importante no ensino de modelos atômicos, visto que o modelo
de Bohr também é considerado a porta de entrada para o entendimento de modelos mais
complexos, é a partir dele, por exemplo, que se pode iniciar a compreensão do modelos de
Schrodinger e de Broglie (RIVEROS, 2013).
As dificuldades no ensino do modelo quântico pode ser consequência de três proble-
mas: a) a história da ciência é trabalhada de forma superficial (RAMÍREZ; RÓMULO; PÉREZ
2010); b) a transposição didática inadequada/ineficiente (BENTO; REGINA, 2009); c) o alto
grau de abstração da teoria quântica (GONZÁLEZ, 2015).
Segundo Fernandéz (2002), o primeiro problema pode resultar em deformações, como
a concepção empírico-dedutivista, em que se dá uma grande importância na práxis e pouca
nos modelos teóricos. Isso pode levar a obstáculos substancialistas, como uma noção de
cientista e ciência perfeita, a evolução linear da ciência, onde existe apenas uma mudança
contínua e imperturbável da ciência. Nesta esteira, os modelos científicos propostos são
apresentados como plenamente perfeitos e à prova de falhas.
Já o segundo problema, relaciona-se a transposição didática, que é a passagem/
adequação do conhecimento científico (saber sábio) para o conhecimento escolar (saber
ensinar) (CHEVALLARD, 1991). No caso do ensino do modelo quântico, há uma deficiência
nessa passagem do conhecimento cientifico para o nível das capacidades cognitivas dos
alunos (SILVA; CHAGAS, 2017). De acordo com Mortimer (1995) o estudante chega até a
sala de aula com concepções alternativas sobre a matéria e os principais obstáculos para se
assimilar os modelos científicos de átomo estariam em compreender a existência de espaços
vazios e a matéria não ser totalmente contínua. Bento e Regina (2009, p.900) identificam
três conhecimentos chaves para a transposição do modelo quântico “A Superposição de
Estados, a dualidade partícula-onda e o princípio de incerteza de Heisenberg”. Mas a trans-
posição didática desses elementos, segundo os autores, esbarra em aspectos filosóficos
da construção do pensamento humano.
Os principais conceitos para a transposição didática do modelo clássico para o modelo
quântico probabilístico podem ser interpretados através de experimentos de pensamento, ou
demonstrados através de formalismo clássico. Porém, os aspectos filosóficos, principalmente
121
Química: ensino, conceitos e fundamentos
as limitações das possíveis interpretações, norteiam muitas das concepções acerca dos
próprios conceitos.
Neste sentido, podemos dizer que a transposição é um grande desafio, pois ocorre
nesta etapa uma mudança do saber e uma consequente simplificação, que muitas vezes
ocasiona em distorções, erros conceituais e com isso um distanciamento e a descaracteri-
zação do conteúdo (SILVA; CHAGAS, 2017).
E o terceiro e último problema, refere-se a abstração necessária para o entendimento
de conceitos quânticos. Os fenômenos quânticos não apresentam correspondentes dentro
da física clássica e isso costuma confundir e desorientar os educadores e os educandos.
Como destacam Paulo e Moreira (2011, p. 422), o problema da abstração também está
atrelado a linguagem:
2 São exemplos de metodologias ativas: Aprendizagem baseada em problemas; Aprendizagem baseada em investigação; Aprendiza-
gem baseada em projetos; Aprendizagem baseada em Pesquisa; Aprendizagem baseada em atividades colaborativas; Aprendiza-
122
gem mediada por tecnologia/Ensino híbrido; Experimentação; Problematização; Gameficação; Estudo de Caso.
124
Química: ensino, conceitos e fundamentos
motivo os modelos devem ser utilizados até o ponto em que eles podem fornecer explicações
e substituídos quando não for possível, podendo ser substituído por outro (CHAMIZO, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta investigação, buscou-se compreender como os modelos atômicos tem sido abor-
dados em pesquisas que relatam experiência no ensino de Química na Educação Básica,
principalmente quanto as metodologias e recursos didáticos utilizados. Por meio da análise
dos trabalhos publicados nos anais do ENEQ identificamos que o átomo como construção
histórica da ciência é escassamente trabalhada, com poucos trabalhos buscando reflexões
críticas sobre o conceito e evolução científica do átomo, essas abordagens impactam negati-
vamente no processo de ensino-aprendizagem, pois o conceito trabalhado, ainda que tenha
sido utilizado boas referências, poucas vezes foi trabalhado o real contexto socio-histórico
das descobertas.
Em síntese podemos dizer que apesar das invocações em metodologias e recursos
didáticos, a transposição didática dos modelos atômicos ainda está mais próxima da ideia de
recepção/transmissão (de uma ensino reprodutivista), ainda que sejam utilizadas abordagens
que tentam motivar o aluno, empregando TICs e atividade lúdicas, eles ainda não parecem
atingir o cerne do problema, somente fazem com que o aluno possa fixar por mais tempo os
conteúdos, mas não necessariamente aprendê-los e utilizá-los de maneira a construir o saber.
Os conhecimentos foram apresentados de forma fragmentada e seguindo uma simples
cronologia de ideias, o que pode criar uma concepção de ciência equivocada. O aluno, desta
forma, pode acreditar que a ciência desenvolve-se de forma neutra, objetiva e sem conflitos,
graças à descoberta de cientistas e isolada do contexto social.
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
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127
Química: ensino, conceitos e fundamentos
10
Ensino de ciências da natureza e
matemática para deficientes visuais:
um levantamento bibliográfico dos
últimos quinze anos
10.37885/210504791
RESUMO
Nesse artigo foi feito um levantamento bibliográfico nos periódicos Capes (Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) nos últimos quinze anos, com o intuito
de se encontrar artigos de ensino de ciências da natureza ou matemática voltados para
deficientes visuais. Apenas vinte artigos foram considerados para esse trabalho. Através
da Análise de conteúdo concluiu-se que há uma ocorrência de pesquisas de ensino de
ciências e matemática para deficientes visuais cujo o foco seja a formação de professo-
res inclusivos, e a elaboração de materiais didáticos. E uma lacuna de pesquisas com
deficientes visuais relacionadas ao ensino de ciências e matemática nas seguintes temá-
ticas: Currículo e Políticas Públicas; Conteúdo Interdisciplinar; Cognição; Tecnologias;
Professores especializados e Sequências didáticas.
129
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
Referente à deficiência visual, foi por meio da portaria nº 2.678/02 do MEC que foram
aprovadas as diretrizes e normas referentes ao uso, ensino, produção e a transmissão do
sistema Braille em todo o ensino, abrangendo o projeto da Grafia Braille para a Língua
Portuguesa e a indicação para se utilizá-lo em todo o território nacional (SILVA, 2014).
Para Lippe (2010, p. 21) “cegueira significa que a pessoa usa o toque e a audição para
aprender e não tem uso funcional da visão, e sua acuidade visual é igual ou menor que 0,05
no melhor olho, com a melhor correção óptica”.
Um dos critérios de agrupamento dos indivíduos deficientes visuais é através da idade
em que o sujeito perdeu a visão. Sendo assim, temos a cegueira congênita que ocorre no
nascimento da pessoa até os dois anos de idade. E a cegueira adquirida que atinge o indi-
víduo logo depois dos dois anos de idade (LIPPE, 2010). Devido à falta da visão, o cego irá
utilizar ainda mais os outros sentidos (BRASIL, 2007).
Segundo Vidal, Cargin e Dallabona (2016) os processos de ensino e aprendizagem
passa a ganhar significado para o aluno deficiente visual, quando o professor promove
atividades lúdicas e diferenciadas como, por exemplo, práticas experimentais, e o uso de
objetos didáticos, dentre outros que possibilitam uma maior percepção do tema estudado
além da compreensão de conceitos.
130
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Vygotsky (2007) diz que as relações entre aprendizado e desenvolvimento devem ser
consideradas quando se procura entender o processo de ensino – aprendizagem. Para se
entender esses processos educacionais, Vygotsky (2007) divide em dois tópicos: a relação
entre aprendizagem e o desenvolvimento e, posteriormente, a especificidade desses aspectos
na relação idade escolar do sujeito (BAZON; LOZANO; GOMES, 2017).
A aprendizagem gera a construção de algo novo no desenvolvimento da criança, nisso
então temos o conceito de zona de desenvolvimento iminente proposta por Vygotsky (BAZON;
LOZANO; GOMES, 2017). A partir da tradução de Prestes (Vygotsky, 2004, p. 379 apud
PRESTES, 2010, p.173) temos a definição de zona de desenvolvimento Iminente.
132
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Quadro 1. Categorização das subcategorias.
Categorias Subcategorias
Formação de professores inclusivos
Tendências e Lacunas
Materiais didáticos.
Trabalhos com potencial Sem subcategorias
Fonte: Elaborado pelos autores.
Essa categoria refere-se aos trabalhos que parecem seguir uma tendência dentro
da educação especial no ensino de ciências, e que de certa forma contribuem para si-
lenciamentos. Percebeu-se que grande parte dos trabalhos levantados sobre deficientes
visuais no ensino de ciências tem como foco duas vertentes. Dessa maneira, foram criadas
duas subcategorias para a discussão desses dados: Formação de professores inclusivos e
Materiais didáticos.
Tabela 1. Subcategorias.
Nessa subcategoria foram agrupados os trabalhos cujo o foco principal era a formação
de professores inclusivos, seja ela continuada ou inicial.
133
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Quadro 2. Aspectos levantados em relação a trabalhos sobre formação de professores inclusivos
Formação Inicial de Professores de física: a questão da Levantar o que pensam os futuros professo-
inclusão de alunos com deficiências visuais no ensino res a respeito do tema “inclusão de alunos
Lima; Castro,
regular (Público alvo: alunos do Ensino superior) deficientes visuais em salas de aula regulares Física
(2012)
de física” em uma disciplina sobre deficientes
visuais
Análise do ensino de ciências biológicas para alunos Analisar como está sendo realizado o ensino
Souza; Prado,
com deficiência visual em escolas do distrito federal de ciências biológicas em escolas através de Ciências biológicas
(2017)
(Público alvo: professores de uma escola) entrevistas.
Ciclos de aprendizagem no ensino de física para Esse trabalho foca na formação de professores
deficientes Visuais (Publico alvo: Alunos do ensino Azevedo; San- por meio de ciclos de aprendizagem onde es-
Física
superior) tos, (2014) tudantes de um curso de física elaboram para
possível aplicação materiais didáticos.
As representações sociais dos licenciandos de física Pretende-se perceber o que os estudantes de
Lima; Machado
referentes à inclusão de deficientes visuais (Público uma disciplina inclusiva pensam sobre o ensino Física
(2011)
alvo: Alunos do ensino superior) de física inclusivo
O ensino não formal e a formação de um professor Barbosa- Lima; Desenvolvimento de um projeto didático que
de física para deficientes visuais (Público alvo: Alunos Gonçalve s usou o método de ‘ateliê’, de Schön, na disci- Física
do ensino superior) (2014) plina Ensino de Física e Inclusão Social.
Os licenciandos frente a uma nova disciplina: ensino Barbosa- Lima;
Pesquisa com o objetivo de saber formar um
de física e inclusão social (Público alvo: alunos do Machado Física
professor de física para deficientes visuais
ensino superior) (2012)
Inclusão de uma aluna cega em um curso de licencia- Não explicito. docentes pensam em como
tura em química (Público alvo: Professores do ensino Regiani; Mol trabalhar com uma aluna que possui defici-
Química
superior) (2013) ência visual e que ingressou em um curso de
química.
O ensino de física para deficientes visuais a partir Não explicito. O ensino de Física para pessoas
de uma perspectiva fenomenológica (Público alvo: com deficiência visual é investigado através
Costa; Neves;
Professores de escolas, e alunos deficientes visuais) de entrevista com professores de alunos com Física
Barone, (2006)
deficiência visual, e entrevista com alunos de-
ficientes.
Conceitualização em ciências por cegos congênitos:
Investigar a concepção de aprendizagem de
um estudo com professores e alunos do ensino médio Veraszto et al Física, química e
cegos congênitos para alunos e professores do
Regular (Público alvo: professores e alunos do ensino (2018) biologia.
ensino médio.
médio)
Fonte: Elaborado pelos autores.
Através desses dados percebe-se questões relevantes. Primeiro dos vinte trabalhos
analisados, nove são voltados para a formação de professores inclusivos. O que demonstra
uma tendência de pesquisas focadas nesse tema. Cinco trabalhos possuem como objeto
de pesquisa alunos de cursos de licenciatura. Três trabalhos concentram-se em professo-
res de escolas que possuem alunos deficientes visuais. Apenas um artigo é voltado para
professores do ensino superior. E um artigo também entrevista alunos deficientes visuais.
Dessa forma, percebe-se nesses nove trabalhos analisados um foco maior na formação
inicial de professores.
Nota-se também que seis pesquisas possuem como área de conhecimento a física, a
química e a biologia apenas um trabalho respectivamente, e nenhuma pesquisa que tenha
como foco a formação de professores inclusivos são da área da matemática. Dessa forma,
percebe-se que os cursos de física, ao menos nesses trabalhos levantados, preocupam-se
com a formação inicial e continuada dos professores de física em relação a inclusão. Quanto
134
Química: ensino, conceitos e fundamentos
a instituição desses pesquisadores, seis trabalhos são de autores do Sudeste e apenas três
artigos se concentram em outros estados.
Em relação a metodologia nesses trabalhos percebe-se que a maioria dos pesquisa-
dores se apropriaram de formatos de entrevista, sendo grupo focal ou questionário para
coletar seus dados.
Por fim, é vidente uma preocupação com a formação inicial de um professor inclusivo,
deixando lacunas na formação continuada de docentes do ensino superior e os atuantes
em escolas de ensino regular.
Nessa subcategoria foram agrupados os trabalhos cuja o foco principal eram ma-
teriais didáticos.
Nessa categoria foram colocados os artigos que apresentaram uma abordagem dife-
renciada e com um certo potencial que contribui para a evolução de trabalhos na área de
ensino de ciência e matemática para deficientes visuais.
Cinco trabalhos se destacaram durante a análise dessa pesquisa. Principalmente por
sua metodologia utilizada. Cunha e Sholl-Franco (2016) (área de conhecimento é a mate-
mática) falam sobre materiais didáticos, porém exploram a cognição e a lógica ao invés de
apenas elaborar materiais didáticos. Rosa e Baraldi (2015), também da matemática possuem
um trabalho voltado para narrativas, buscando um ângulo diferente de pesquisa. Marchi e
Silva (2016) (voltado para a química) abordaram tecnologias assistivas e promoveram um
curso chamado Mecdaisy pouco conhecido. Gomes (2018), química também, fez um mate-
rial didático, porém com recurso de áudio o que é bem interessante. Camargo et al (2009)
tentam compreender que contextos comunicacionais auxiliam o aluno cego em atividades de
óptica. Veraszto et al (2018) utilizam a Análise de Correspondência trazendo um novo ângulo
para pesquisas voltadas para a formação de professores de cursos de ciências da natureza.
Todas essas pesquisas são recentes e são focadas no ensino médio e no fundamen-
tal. As instituições que esses trabalhos são provenientes não residem apenas no sudeste
do país. E há novamente um empate entre matemática e química. Esses trabalhos são
considerados evolução pois se destacam trazendo novas abordagens de pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das análises percebe-se por meio dos trabalhos analisados que há uma ten-
dência de pesquisas de ensino de ciências e matemática para deficientes visuais focada
em formação de professores inclusivos e a elaboração de materiais didáticos. É importante
também ressaltar os poucos trabalhos encontrados nessa área. Em quinze anos, apenas
vinte artigos presentes nos periódicos Capes foram considerados para esse trabalho. Grande
parte desses artigos são recentes sendo que o mais antigo é do ano de 2006. A maioria dos
trabalhos tem como público alvo professores, promovendo formação continuada ou inicial,
ou levantando concepções acerca da dificuldade que é se ensinar conceitos científicos para
136
Química: ensino, conceitos e fundamentos
deficientes visuais. Vale ressaltar que grande parte das pesquisas com professores são pro-
venientes da área da física, enquanto a matemática e a química focam mais na elaboração
de materiais didáticos. Há uma maior concentração de pesquisas no sudeste do país. E uma
lacuna de pesquisas com deficientes visuais relacionadas ao ensino de ciências e matemática
nas seguintes temáticas: Currículo e Políticas Públicas; Conteúdo Interdisciplinar; Cognição;
Tecnologias; Professores especializados e Sequências didáticas.
Por fim, é importante lembrar que esses dados são provenientes da análise desses
artigos. É importante destacar que, talvez outros trabalhos pudessem aparecer, caso pala-
vras-chaves alternativas fossem utilizadas. Talvez a combinação dos mesmos termos com
inclusão, cegueira, etc, pudesse remeter a outros trabalhos. Para uma análise mais complexa,
seria necessário mais dados e para isso seria importante consultar outros bancos de dados,
para que se conseguisse um número maior de pesquisas e assim confirmar ou refutar os
dados obtidos por essa pesquisa. Tudo isso está sendo considerado para um trabalho futuro.
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139
Química: ensino, conceitos e fundamentos
11
Avaliação toxicológica de óleo
essencial das folhas de Justicia
pectoralis Jacq. (ACANTHACEAE) em
Cerrado goiano
10.37885/210504848
RESUMO
O bioma Cerrado apresenta uma rica biodiversidade de fauna e flora, porém, a degra-
dação das formações vegetais, realizada por diversas atividades antrópicas impactantes
tem como consequência, a redução da diversidade genética das espécies. Dentre as
várias famílias de plantas existentes no bioma Cerrado, destaca-se a família Acanthaceae
que abarca cerca de 275 gêneros e 4.000 espécies. Nesta família, o gênero Justicia
abrange aproximadamente 2.000 espécies, e caracteriza-se por ser o maior gênero
desta família, e dentre as espécies deste gênero, muitas são utilizadas popularmente
e caracterizam-se principalmente pela presença de alcalóides, ligninas, flavonóides e
terpenoides que são compostos responsáveis pelo potencial farmacológico apresentado.
Com o objetivo de realizar o controle de qualidade vegetal da Justicia pectoralis Jacq.
(ACANTHACEAE) foi realizada a caracterização morfológica e microscópica da folha,
a extração, qualificação e quantificação dos constituintes químicos do óleo essencial e
a prospecção fitoquímica da espécie. Através das análises da prospecção fitoquímica
observou-se a presença de saponinas e cumarinas e traços de heterosideos flavonoides
e cardioativos. A análise morfoanatômica demonstrou uma similaridade com membros
da família Acanthaceae. A análise do óleo essencial demonstrou a presença de diversos
compostos que sugerem a ação farmacológica da planta, podendo este farmacógeno ser
explorado para a obtenção dos compostos bioativos identificados, pois o seu processo de
obtenção utiliza as folhas sem comprometer a sobrevivência da planta como um todo e
atividade antimicrobiana similar aos resultados realizados para espécimes desta família.
141
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
143
Química: ensino, conceitos e fundamentos
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Material botânico
Caracterização morfológica
Os espécimes foram coletados com flores e/ou frutos e fotografados em campo utili-
zando câmera digital Canon t3i. O estudo se baseou principalmente em caracteres morfo-
lógicos de espécimes herborizados em coleções do herbário da UEG (campus Anápolis) e
dos exemplares coletados. Os materiais foram analisados à vista desarmada e com o auxílio
de microscópio estereoscópico binocular no Herbário da Universidade Estadual de Goiás
(campus Anápolis).
O óleo essencial extraído foi analisado por cromatografia gasosa acoplada à espec-
trometria de massas (CG/EM) e foram calculados os Índices de Retenção (IR), segundo os 144
Química: ensino, conceitos e fundamentos
valores de literatura dos componentes mais comuns de óleos essenciais. Utilizou-se um CG/
EM (Shimadzu QP5050), equipado com coluna capilar (CBP-5; 30 cm x 0,25 mm x 0,25 mm),
fluxo de 1,0 mL.min-1 de Hélio e temperatura programada (60ºC/2 min; 3ºC. min- 1/240ºC;
10º min-1, 280ºC/10 min.). A ionização por impacto de elétrons de 70 eV com intervalo de
massa entre 40- 400m/z em razão de amostragem de 1.0 scan/s. Os compostos foram
identificados por base de dados computadorizados, usando biblioteca digital de dados de
espectro de massa (National Institute of Standards and Technology, 1998), e por comparação
com seus índices de retenção e espectros de massa autêntico, relativos à coinjeção do óleo
essencial com uma mistura de hidrocarbonetos, C8 – C32, e com aplicação da equação de
Van Den Dool e Kratz (VAN DEN DOOL e KRATZ).
Atividade antimicrobiana
Foi submetido aos testes de atividade antibacteriana o óleo essencial obtido das folhas
de Justicia pectoralis. Os testes de microdiluição em caldo para o ensaio microbiológico
foram realizados conforme recomendações do Clinical and Laboratory Standard Institute
(CLSI), com modificações, para testes de susceptibilidade antimicrobiana de bactérias aeró-
bias (CLSI M7-A6, 2010). As leituras das placas foram feitas com a utilização da resazurina
(7- hidroxi-3H-fenoxazina-3-ona-10-óxido) como indicador visual de viabilidade bacteriana
(SARKER; NAHAR; KUMARASAMY, 2007) e colorimétrico de óxido-redução (SALVAT;
ANTONNACCI; FORTUNATO, 2001).
Foram utilizadas cepas-padrão American Type Culture Collection (ATCC) mantidas no
Laboratório de Microbiologia da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Anápolis,
descritas na Tabela 1:
145
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Tabela 1. Microrganismos utilizados na determinação da concentração mínima inibitória (CMI) utilizadas em experimentos
para avaliar atividade antibacteriana em óleo essencial de J. pectoralis ocorrente em Unidade Experimental, Anápolis, Goiás.
MICRORGANISMOS ATCC
Bactérias Gram (+)
Staphylococcus aureus 25923
Staphylococcus epidermidis 12228
Bactérias Gram (-)
Escherichia coli 25312
Pseudomonas aeruginosa 27853
Para realização dos ensaios microbiológicos, as cepas padrão foram mantidas e con-
servadas de acordo com o procedimento descrito por Silva, Costa e Chinarelli (2008) com
modificações. Antes da realização do ensaio, a fim de garantir a manutenção das culturas
microbianas, as cepas foram descongeladas em estufa a 37º C por até 2 horas. As bacté-
rias foram então repicadas para meio ágar BHI (Brain Heart Infusion) e incubadas a 35ºC
por 24 horas. Em seguida, foram transferidas de 3 a 5 colônias isoladas e típicas de cada
microrganismo para um tubocom 15 mL de caldo BHI mais 20% de glicerol. Os tubos foram
homogeneizados com agitador de tubos (vórtex) por 15 segundos e incubados por 12 horas
a 35ºC. Após a incubação, os tubos foram novamente homogeneizados em vórtex com pos-
terior fracionamento de alíquotas de 1 mL em microtubos do tipo eppendorfs, previamente
esterilizados e identificados. Os eppendorfs foram mantidos em geladeira durante sete dias
a 8ºC e congelados em freezer a -20ºC.
Para o preparo dos inóculos, os eppendorfs foram retirados do freezer até adquirirem
temperatura ambiente. As cepas foram reativadas pela técnica do esgotamento. Os micror-
ganismos foram inoculados com auxílio de alça de platina em placas contendo ágar Muller
Hinton (MH) e em seguida incubados à 35 ºC por 24 horas.
Após incubação dos microrganismos em estufa, foram transferidas de 3 a 5 colônias
isoladas e típicas para um tubo com 5 mL de solução fisiológica 0,9%. Obteve-se uma
turvação correspondente a 0,5 da escala de McFarland (108 UFC mL–1), por leitura no es-
pectrofotômetro a 625nm (79,4% a 83,2% de transmitância). Em microbiologia, os padrões
de McFarland são utilizados como uma referência para ajustar a turvação de suspensões
bacterianas de modo que o número de bactérias estará dentro de um intervalo dado para
padronizar o teste microbiano (BRASIL, 2008). A solução foi então diluída utilizando 0,5 mL
da suspensão de microrganismos e 4,5 mL de solução fisiológica 0,9%, atingindo, portanto,
146
Química: ensino, conceitos e fundamentos
a concentração de células de 107 UFC mL–1. O procedimento foi realizado 15 minutos antes
da inoculação nos poços das placas de CMI.
Preparo da Amostra
A amostra do óleo essencial foi solubilizada acrescentando Tween 80® a 0,02% e di-
luída em caldo MH de modo a obter uma concentração de 2000; 1000; 500; 250; 125; 62,5
e 31,25 μg.mL–1.
Preparo do Antibiótico
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Erva ramificada, ereta ou decumbente até cerca de 1,5 m altura. Ramos hexagonais a
cilíndricos, com duas faixas longitudinais de tricomas, glabrescentes. Folhas sésseis ou com
pecíolo até 1 mm, lanceoladas, 3,5−6×0,4−0,6 cm, ápice agudo a atenuado, base atenuada,
margem crenada a inteira, ciliadas, pubescentes nas nervuras. Panícula secundiflora, eixos
da inflorescência hirsutos com tricomas tectores simples e glandulares. Flores sésseis,
brácteas e bractéolas subuladas, 0,5−1 mm comprimento; sépalas 5, linear-lanceoladas ca.
3 mm comprimento, glandular-pubescentes; corola branca com manchas róseas a lilases,
7−9 mm comprimento, tubo 3−5 mm comprimento, lábio superior ca. 3 mm comprimento,
unilobado, ápice arredondado, lábio inferior 4−5 mm comprimento, trilobado, palato com ve-
nação peninérvia evidente, lobos ca. 1 mm comprimento, lobos laterais ca. 1,5 mm largura,
148
Química: ensino, conceitos e fundamentos
lobo central ca.2 mm largura, ápice arredondado a obtuso; estames levemente exsertos,
tecas das anteras inseridas em alturas diferentes no conectivo, divergentes, sem apêndices,
a inferior menor (Figura 1).
Justicia pectoralis é uma espécie amplamente distribuída em regiões úmidas e quentes
da América tropical, especialmente em áreas perturbadas.
Figura 1. Hábito de Justicia pectoralis Jacq. A- Hábito; B. Fruto aberto com cálice persistente e semente.
Tabela 2. Teor de óleo essencial em porcentagem (v/p) das amostras de J. pectoralis coletadas em Anápolis, GO.
Espécime 1 0,02
Espécime 2 0,06
Espécime 3 0,07
Espécime 4 0,14
Espécime 5 0,08
149
Química: ensino, conceitos e fundamentos
0,4 a 0,3%. Neste sentido, são razoáveis os rendimentos encontrados para as diferentes
espécies de Justicia sp.
Tabela 3. Componentes do óleo essencial das folhas dos especimes de J.pectoralis ocorrentes em Anápolis, GO
determinados por CG/EM.
Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass Spectroscopy. Allured: Illinois, p. 804, 2007.
A variabilidade na produção e teor de óleos essenciais é conhecida por ser afetada por
fatores ambientais tais como luz, disponibilidade de nutrientes, estação do ano, período do
dia, ciclo e parte da planta (MULLER-RIEBAU et al. 1997).
Portanto, os espécimes avaliados neste trabalho possuem um rendimento de óleo
essencial abaixo do relatado na literatura citada. Este fato pode ser atribuído a fatores, tais
como, época do ano em que foi feita a coleta, estádio de desenvolvimento do vegetal, loca-
lidade geográfica (altitude), dentre outros fatores ambientais (OLIVEIRA; AKISUE, 1998).
150
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Tabela 4. Concentração Mínima Inibitória - CMI (μg.mL-1) do antitibiótico cloranfenicol frente a bactérias Gram-positivas
e Gram-negativas das cepas ATCC testadas.
Tabela 5. Concentração Mínima Inibitória - CMI (μg.mL-1) do óleo essencial de J. pectoralis frente a bactérias Gram-
positivas e Gram-negativas das cepas ATCC testadas.
151
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Estanislau et al. (2001) testaram a atividade antibacteriana dos óleos essenciais de
cinco espécies de Eucalyptus (E. cloeziana, E. citriododra, E. saligna, E. grandis e E. mi-
crocorys) cultivadas em Goiás. Verificaram que todos os óleos testados foram ativos contra
Staphylococcus aureus, bem como para Escherichia coli, com exceção do óleo de E. mycro-
corys que não apresentou atividade inibitória sobre esta cepa. Os óleos obtidos de E. cytrio-
dora e E. grandis não apresentaram atividade antibacteriana para Salmonella choleraeseus
mas os óleos das outras 3 espécies investigadas mostraram resultados satisfatórios na
inibição desse microrganismo.
A ação antimicrobiana dos óleos essenciais de cravo-da-índia (Caryophillus aromaticus
L.) e palmarosa (Cymbopogon martinii) foi avaliada para os microrganismos Staphylococcus
aureus, Escherichia coli, Salmonella thyphimurium, Pseudomonasaeruginosa e Clostridium
perfringens em estudo de Scherer et al. (2009). Os autores concluíram que o óleo obtido
das 2 espécies investigadas demonstraram moderada a forte ação antimicrobiana frente
aos microrganismos testados.
Dentre os compostos majoritários do óleo essencial de J. pectoralis, estão os ses-
quiterpenos beta-bourboneno e E-cariofileno. Óleos essenciais de plantas, que também
apresentaram o beta-bourboneno entre os seus majoritários, tiveram sua atividade antimi-
crobiana investigada.
Bougatsos et al. (2004) testaram o efeito inibitório do óleo essencial obtido das partes
aéreas de 2 espécies de Helichrysum (H. cymosum e H. fulgidum), coletadas na Tanzânia, so-
bre 6 cepas bacterianas (2 gram-positivas: Staphylococcus aureus e S. epidermidis; e 4 gram-
negativas: Escherichia coli, Enterobacter cloacae, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas
aeruginosa). Os autores verificaram que as bactérias gram-positivas apresentaram maior
susceptibilidade e que o óleo de H. fulgidum exibia uma atividade antimicrobiana mais sig-
nificativa que o óleo de H. cymosum frente aos microrganismos testados.
O óleo, contendo 8,51% de beta-bourboneno, de Centaurea ensiformis, endêmica da
Turquia, foi avaliado quanto à sua atividade antimicrobiana por Ugur et al. (2007), apresen-
tando efeito inibitório sobre o crescimento frente às bactérias testadas.
Bertini et al. (2005) analisaram a composição química do óleo essencial de 5 plantas
(Campylocentrum zehntneri, Croton argyrophylloides, Croton sonderianus, Cymbopogon
citratus, Lippia sidoides) de ocorrência no nordeste brasileiro. O E-cariofileno foi elucidado,
assim como em J. pectoralis, como um dos compostos majoritários do óleo da espécie C. son-
derianus, que teve sua atividade antibacteriana avaliada, demonstrando efeito inibitório sobre
cepas de Staphylococcus aureus e Escherichia coli.
Diante destas informações, pode-se inferir que os compostos beta-bourboneno e E- ca-
riofileno, presentes no óleo essencial de J. pectoralis, contribuíram ou foram os responsáveis
152
Química: ensino, conceitos e fundamentos
pela ação antibacteriana do óleo demonstrada neste trabalho uma vez que, segundo Lambert
et al. (2001), na composição dos óleos essenciais, existem compostos que apresentam maior
atividade antimicrobiana. Porém, a mistura de dois ou mais compostos, em quantidades
adequadas, podem apresentar melhor atividade frente a microrganismos mais resistentes.
Neste sentido, os monoterpenos (isopulegol e iso-isopulegol) como compostos majori-
tários no óleo essencial de J. pectoralis, podem ter contribuído para ação antimicrobiana do
óleo desta espécie medicinal verificada neste estudo. Isto porque, de acordo com Valeriano
et al. (2012), os monoterpenos apresentam ação antimicrobiana pelo efeito tóxico que pro-
movem na estrutura e função da membrana celular. Como resultado do caráter lipofílico, os
monoterpenos irão, preferencialmente, se deslocar da fase aquosa em direção às estruturas
da membrana, o que resulta em expansão, aumento da fluidez e permeabilidade da mem-
brana, desordenando as proteínas embebidas, inibindo a respiração e alterando o processo
de transporte de íons. Dessa forma, danos estruturais à membrana citoplasmática levam ao
comprometimento das funções, como barreira seletiva e local de ação enzimática e geração
de energia (TROMBETTA et al., 2005).
Embora haja exceções, bactérias gram-positivas, geralmente, são mais susceptíveis aos
compostos lipofílicos dos óleos essenciais do que bactérias gram-negativas (VALERIANO
et al., 2012), como verificado nos trabalhos de Bougatsos et al. (2004). Este fato também
foi observado neste estudo, uma vez que o óleo de J. pectoralis foi capaz de inibir o cres-
cimento das cepas de bactérias gram-positivas (S. aureus e S. epidermidis) testadas, mas
exerceu ação antibacteriana sobre apenas uma cepa de gram-negativa (P. aeroginosa),
sendo inativo sobre a de E. coli. Essa susceptibilidade, segundo Gutierrez, Barry-Ryan e
Bourke (2009), deve-se ao fato de que a parede celular de bactérias gram-negativas é rica
em polissacarídeos o que dificulta a penetração das substâncias antimicrobianas lipofílicas
dos óleos, pois existe uma barreira hidrofílica que impede a passagem de macromoléculas
e combinações hidrofóbicas, embora não seja totalmente impermeável.
Convém ressaltar que, apesar de inexistentes na literatura estudos sobre atividade
antibacteriana do óleo essencial de J. pectoralis, conforme já mencionado neste trabalho,
pesquisas que avaliaram a ação antibacteriana dos extratos aquoso e orgânicos, obtidos
desta espécie, já foram realizadas a saber.
Foi observado, por Chariandy et al. (1999), em ensaio de triagem de plantas medicinais
com propriedades antimicrobianas realizado em Trinidad e Tobago, que a fração éter de
petróleo, do extrato de J. pectoralis, apresentou atividade antimicrobiana acentuada contra
Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus epidermidis, Enterococcus
faecalis e Salmonella typhymurium, e a fração acetato de etila para P. aeruginosa, S. aureus
e S. typhymurium.
153
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Vera et al. (2007) avaliaram a atividade antibacteriana do extrato aquoso e orgânico
(acetato de etila e etanol) de J. pectoralis cultivadas em Tolima, Colômbia. Para os extratos
testados, registrou-se um único halo de inibição sobre S. aureus correspondente à fração
acetato de etila. O extrato aquoso de J. pectoralis, cultivada em Sobral no Ceará, também
teve sua ação antibacteriana analisada por Furtado et al. (2015) que não apresentou ativi-
dade inibitória sobre as cepas bacterianas (E. coli, S. aureus e K. pneumoniae) testadas.
Diante destes resultados, os autores destes estudos concluíram que os metabólitos
secundários responsáveis pela atividade antibacteriana de J. pectoralis são, em sua maioria,
de caráter apolar, de modo que o ineficaz efeito inibitório do extrato aquoso dessa espécie,
sobre o crescimento de bactérias, pode indicar que os componentes presentes nestes ex-
tratos são de natureza polar e, sugerem ainda, uma possível diferença na composição fito-
química relacionada com o local de coleta. Portanto, recomenda-se empregar solventes de
menor polaridade, para obtenção de extratos a partir de J. pectoralis, quando se for avaliar
a atividade antimicrobiana dos mesmos.
CONCLUSÃO
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
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158
Química: ensino, conceitos e fundamentos
12
A avaliação da curcumina e análogos em
química teórica para o desenvolvimento
de potenciais inibidores da enzima
acetilcolinesterase
10.37885/210504633
RESUMO
Objetivo: A doença de Alzheimer (DA) é uma patologia que representa a forma mais co-
mum de demência em idosos. Os fármacos utilizados atualmente para diminuir os efeitos
da doença são os inibidores da enzima acetilcolinesterase (AChE), que desempenham um
papel importante na melhora de aprendizagem devido à ativação do sistema colinérgico.
Entretanto, essas drogas têm demonstrado vários efeitos nocivos para os pacientes. Por
esse motivo, o objetivo desse trabalho foi avaliar por docking molecular o potencial de
interação da AChE com a curcumina (CUR) e nove análogos, além da donepezila (DON),
um dos fármacos utilizados para diminuir os efeitos da DA atualmente. Resultados:
Baseado nos resultados, observou-se que os análogos da CUR (compostos 1 a 9) e a
própria CUR apresentaram energias de ligação entre -102,4 a -80,8 kcal/mol, indicando
boa interação com o sítio ativo da AChE. Todos os compostos testados possuem anéis
aromáticos em suas estruturas, demonstrando grande facilidade para se ligar na cavidade
do sítio ativo da enzima, que tem grande porcentagem de resíduos de aminoácidos com
cadeias laterais aromáticas, possibilitando interações do tipo π,π-stacking e π-aniônica.
Entre os compostos testados, o composto 1 foi o mais promissor, apresentando energia
de ligação de -102,4 kcal/mol, e interação com um dos resíduos de aminoácidos da
“tríade catalítica”. Conclusão: Observou-se que todos os compostos foram promissores,
sendo que cinco análogos da CUR (compostos 1 a 5) demonstraram uma interação mais
eficiente com o sítio ativo da AChE quando comparados com a DON (-96,1 kcal/mol).
160
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
Figura 1. Esquema inicial de hidrólise da ACh no sítio ativo da AChE (Araújo et al., 2016).
A formação da colina deixa a AChE acetilada, tornando-a inativa. Para que a enzima
consiga retomar a sua atividade enzimática, ela deverá sofrer uma reação de hidrólise,
formando ácido acético e retomando a forma original dos resíduos de serina e de histidina
(Araújo et al., 2016).
Os fármacos inibidores da AChE, denominados anticolinesterásicos, retardam a degra-
dação da ACh, permitindo que o neurotransmissor fique mais tempo na fenda sináptica, inten-
sificando a transmissão colinérgica (Araújo et al., 2016; Bayinder et al., 2019). Os fármacos
161
Química: ensino, conceitos e fundamentos
utilizados, atualmente, como inibidores da AChE no tratamento da DA são a Tacrina, a DON,
a Rivastigmina e a Galantamina (Figura 2). Entretanto, o uso destes fármacos é limitado
pelos efeitos adversos como náusea, vômito, anorexia, diarreia, dor de cabeça, cãibra e fra-
queza muscular (Bayinder et al., 2019; El-Aziz et al., 2021). Por este motivo, muitos estudos
são necessários para a descoberta de novas drogas, mais eficientes e com menos efeitos
adversos, para o tratamento da DA.
NH2
N O N
N
O O N Tacrina O
O
O
HO
O
N Rivastigmina
Donepezila (DON)
Galantamina
O O
H3CO OCH3
HO OH
Fonte: O próprio autor.
Figura 4. Estrutura química do composto 4m, desenvolvido por Razavi e colaboradores (2013).
H
N
O
O N
O O
Fonte: O próprio autor.
MÉTODO
Para a análise de interação entre a CUR e seus análogos com a AChE utilizou-se o
programa iGemdock (Yang e Chen, 2004) para realização do docking molecular, e o programa
Discovery Studio e Pymol para estudo das interações com os resíduos de aminoácido (Da
Silva, 2017). Os arquivos das estruturas 3D dos ligantes foram retirados da base de dados
PubChen, e o arquivo da proteína retirado da base Protein Data Bank, registrada pelo código
163
Química: ensino, conceitos e fundamentos
4PQE. Baseado na literatura (Yang e Chen, 2004), foram definidos os seguintes parâmetros
para as análises de docking molecular no programa iGemdock: tamanho da população igual
a 200; número de soluções L = 2; o número máximo de gerações 70.
Cada simulação gera uma população de indivíduos, onde é calculado a energia de
ligação (Elig) do complexo ligante-receptor somando-se as energias de Van der Waals (Evdw),
das Ligações de Hidrogênio (Ehbond) e do potencial eletrostático (Eele), representadas na
Equação 1 (Yang e Chen, 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Onze compostos foram avaliados por docking molecular: nove análogos da curcumina
(1-9), a própria CUR e a DON, um fármaco já utilizado atualmente para diminuir os efeitos
da DA (Tabela 1).
Os compostos que apresentam melhores resultados são aqueles que demonstraram
menor energia de ligação. Por exemplo, a DON demonstrou energia de ligação de -96,1
kcal/mol (Tabela 1), ou seja, para desfaze-la seria necessário fornecer ao sistema 96,1 kcal
para cada mol de DON. Sendo assim, quanto mais negativo esse valor, maior a energia
necessária para desfazer a ancoragem.
O O
H3CO OCH3
1 -102,4 -97,33 -5,09 0
H3CO OCH3
OCH3 OCH3
O O
O2N NO2
2 -101,0 -94,36 -6,26 -0,38
O O
OH O O OH
4 -98,3 -90,8 -7,5 0
164
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Energia de ligação Energias de interação (Kcal/mol)
Análogos Estrutura química
(Kcal/mol) Evdw Ehbond Eele
O O
F F
5 -96,8 -96,85 0 0
N
DON O -96,1 -92,56 -3,5 0
H3CO
H3CO
O O
HO OH
O O
H3CO OCH3
CUR -95,1 -90,44 -4,68 0
HO OH
O O
7 O O -91,6 -91,6 0 0
O O
O O
8 -84,1 -84,1 0 0
H3CS SCH3
O O
9 -80,8 -77,29 -3,5 0
O perfil de interação dos cinco compostos mais promissores (Tabela 1) e da DON com
o sítio ativo da AChE pode ser observado nas imagens 3D geradas pelo Programa Discovery
Studio (Figura 5).
165
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Figura 5. As imagens 3D dos análogos 1, 2, 3, 4 e 5, e da DON com os respectivos resíduos de aminoácidos no sítio ativo
da AChE.
CONCLUSÃO
167
Química: ensino, conceitos e fundamentos
AGRADECIMENTOS E/OU FINANCIAMENTO
REFERÊNCIAS
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
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169
Química: ensino, conceitos e fundamentos
13
Determinação de açúcares redutores,
açúcares solúveis totais e sacarose
em vinhaças da cana-de-açúcar
10.37885/210303948
RESUMO
171
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
MÉTODO
AR = T x D x 1000/L (1)
Teor de Sacarose
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Valores de Açúcares Redutores (AR), Açúcares Solúveis Totais (AST) e sacarose em g/100 ml de solução.
AR AST Sacarose
(em g glicose/ 100 ml de solução) (em g glicose/ 100 ml de solução) (em g/ 100 ml) (Leme Filho, 2005)
OCR 2,13 ± 0,03 2,81 ± 0,03 0,65 ± 0,003
NRB 4,61 ± 0,12 5,38 ± 0,45 0,72 ± 0,92
BBNT 4,77 ± 0,23 5,57 ± 0,31 0,76 ± 0,28
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
175
Química: ensino, conceitos e fundamentos
REFERÊNCIAS
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na preparação de carvão ativado a partir de torta prensada de Raphanus sativus para
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
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19. PINTO, Luis Eduardo Vieira; DE ARAUJO, Fabio Fernando. Uso de vinhaça como biofertili-
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177
Química: ensino, conceitos e fundamentos
14
Análise microscópica de sujidades
em camarões sem casca, vendidos no
município de Belém/PA
Higo Octavio Brochado Campos Everton Lucas dos Reis Freitas Nunes
UEPA IFPA
10.37885/210504703
RESUMO
179
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
A busca por uma alimentação mais saudável e menos calórica por parte da população,
proporcionou um aumento no consumo de pescado (ALMEIDA FILHO et al., 2002). Dentre
os destaques mundiais está o camarão, um dos mais importantes produtos pesqueiros de
elevado teor nutritivo e valor econômico (CAMPOS; CAMPOS, 2006). Com o aumento da
demanda por esses produtos, faz-se necessário implementar práticas de conservação,
aliadas a fatores que garantam a estabilidade do produto.
A salga e a secagem são técnicas antigas de conservação do pescado e que objetivam
essencialmente prolongar a vida de prateleira do produto, sendo um processo simples, de
fácil elaboração e baixo custo, onde utiliza-se o cloreto de sódio para a desidratação osmó-
tica (FUENTES et al., 2008; PÉREZ et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2008). Segundo Lourenço
et al. (2001), para que haja uma maior conservação do produto em temperatura ambiente,
deve- se aliar a salga e a secagem do produto, com maior redução da umidade.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a qualidade do pescado salgado
ou pescado salgado seco está intrinsecamente vinculada à qualidade da matéria-prima, ao
método de salga, ao controle da temperatura e umidade durante o transporte, dentre outros
requisitos do processamento (ANVISA, 2007).
As transformações físicas e químicas que ocorrem no alimento durante o processo
de salga e secagem afetam as características macroscópicas dos tecidos, tais como cor,
aparência e textura, em diferentes medidas de acordo com as condições de processo e
natureza do produto (RAMALLO et al., 2007).
A higienização é um dos processos dentro da produção, sendo este um requisitos
básicos para obter um produto de qualidade para competir dentro de um mercado exigente,
seguindo este parâmetro o pescado salgado tem sido apresentado para o consumo, quase
sem viabilidade nos mercados do município de Belém (SILVA, 2005). Este problema é cau-
sado não só pela sua falta higiene no preparo da salga, mas também pela falha de controle
em todas as fases de produção (BOTELHO, 1974).
Sendo assim, Cunha et al. (2012) ressalta que os alimentos quando processados ou
manipulados de forma inadequada podem estar sujeitos à contaminação do tipo química,
microbiológica e física. O mesmo autor aborda a periculosidade dos contaminantes físicos,
do qual representam um risco, pois quando presentes nos alimentos podem causar danos à
saúde dos consumidores através da ingestão acidental, além de veicularem microrganismos
patogênicos. O camarão salgado seco descascado é um produto elaborado de forma arte-
sanal por meio da utilização de calor, sal e diferentes tamanhos de camarões, geralmente
os camarões menores (RODRIGUES, 2008).
180
Química: ensino, conceitos e fundamentos
As pesquisas de matérias estranhas e sujidades nos alimentos é de fundamental im-
portância para manutenção da qualidade física, sanitária e nutricional do produto. Conforme
definições da Association of Official Analytical Chemists (AOAC), pode ser classificado como
matérias estranhas, qualquer material diferente não pertencente ao alimento que possa
estar presente, devido às práticas inadequadas durante a produção, armazenamento ou
distribuição do produto. Dentre as matérias estranhas, estão às sujidades leves, citando-
-se como exemplos os insetos e seus fragmentos, ácaros, pelos de animais e bárbulas de
aves (AOAC, 2006).
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2001) as doenças de origem
alimentar são consideradas o maior problema de saúde pública em todo o mundo, sendo os
manipuladores citados como um dos principais veículos de contaminação.
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo verificar a presença de con-
taminantes físicos em análise macroscópica e de microscopia em 6 amostras de camarões,
estes oriundos de três supermercados e três feiras livres localizado na região metropoli-
tana do município de Belém, no Estado do Pará, podendo assim classificá- los quanto ao
grau de severidade.
MATERIAL E MÉTODO
181
Química: ensino, conceitos e fundamentos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: Autores,2021.
Figura 1. Material identificado no Microscópio Estereoscópio Leica modelo S6D. A) Pedaço de barata, B) Formiga e C)
Saco plástico.
Fonte: Autores,2021.
Nas amostras analisadas dos supermercados e das feiras foi encontrado insetos, como:
formiga, pernilongo e fragmentos de barata. Os insetos são importantes agentes contami-
nantes de alimentos, sendo prejudiciais à saúde humana, por serem vetores passivos de
patógenos causadores de doenças transmitidas por alimentos, como Shigella, Salmonella,
Escherichia coli, Campylobacter jejuni e Vibrio cholera (OLSEN, 1998; SCHULLER, 2000).
182
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Todos esses patógenos podem ser devidamente evitados se os manipuladores desta
matéria-prima fazerem uso das ferramentas de controle de qualidade como é observado na
RDC 216 de 2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Umas das observações do
qual é indicado as más condições higiênico-sanitária é a presença de cabelo humano nas
amostras, principalmente nas de supermercado, surpreendendo as análises, visto que as
amostras comercializadas em supermercado possuem uma embalagem e que visualmente
não apresenta riscos físicos, diferente das que foram adquiridas em feiras livres.
A comercialização do camarão salgado e seco em supermercado ocorre através de
embalagens de isopor, envolvidas em papel filme. As coletadas em supermercado mostraram
uma grande quantidade de contaminação e variedade de materiais estranhos, que podem
ter sido adquiridos em qualquer etapa da cadeia de produção.
As condições higiênico-sanitárias em muitas feiras são precárias, onde alimentos são
expostos a insetos, poeira, entre outros, podendo ser contaminado de forma física e mi-
crobiológica. Segundo Lima e Santos (2014), na maioria das feiras a comercialização dos
camarões ocorrem livremente em sacolas plásticas, lonas ou recipientes de fibras nativas
expostos à temperatura ambiente, sobre bancadas de madeira, revestidas em poucos casos
por lâminas de zinco ou alumínio.
Barreto et al. (2012) relata que a comercialização de pescado em feiras livres, por
exemplo, tem sido apontada como problemática, visto que na maioria delas, o pescado fica
exposto em barracas sem refrigeração e sem a proteção contra poeira e insetos.
Em trabalhos que abordaram a análise de sujidades com outras matérias primas, po-
de-se perceber que essa contaminação é bem comum nos mais variados alimentos, porém
para as análises de camarão não foi observado outros trabalhos para que houvesse uma
comparação sobre a eficiência desta metodologia para esta matéria- prima. Entretanto,
Pereira et al. (2006) em sua pesquisa com polpas de frutas observou através de análise
microscópica que as amostras apresentavam insetos inteiros e fragmentados, mostrando a
eficiência do método para a detecção de agentes que prejudicam a qualidade do produto.
Tomazini e Strohschoen (2012) pesquisaram sujidades em amostras de achocolata-
dos, onde em 20% das amostras analisadas observaram a ocorrência de sujidades leves,
como fragmentos de artrópodes, fragmentos de origem vegetal e pelos. Moretti et al. (2015)
avaliaram a presença de resíduos microscópicos em 16 unidades de derivados de tomate e
encontraram sujidades em todas as marcas, porém apenas uma marca de polpa de tomate
estaria inadequada com a legislação por apresentar pelos de ratos acima do permitido para
esse produto, sendo 1 pelo de rato para cada 100 g de produto.
Atualmente há uma crescente exigência do mercado consumidor por produtos de qua-
lidade. É essencial que seja trabalhada as Boas Práticas de Fabricação e Manipulação
183
Química: ensino, conceitos e fundamentos
com os manipuladores de alimentos, e que tenham melhores condições de espaço físico,
vestimenta, higienização pessoal e dos seus instrumentos, para que o processamento dos
alimentos seja feita de forma adequada e segura.
CONCLUSÃO
Com base no trabalho realizado, as amostras das feiras e dos supermercados foram
analisadas e identificou-se uma grande quantidade de contaminantes físicos que podem ter
ocorrido durante o transporte ou até mesmo durante a manipulação no local de venda, es-
tes podem causar danos à saúde dos consumidores, pois são capazes de veicular agentes
patogênicos para os alimentos e ainda indicam falhas nas Boas Práticas.
Os espaços físicos dos mercados devem ser melhorados, assim como o transporte do
produto, de forma que possibilite o bem-estar dos trabalhadores, consumidores e adequado
para comercialização.
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185
Química: ensino, conceitos e fundamentos
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laboratório visando estabelecer a vida-de-prateleira. Relatório técnico- cientifico, PIBIC, 2005.
186
Química: ensino, conceitos e fundamentos
15
Matérias-primas para produção de
biodiesel: extração e avaliação do
potencial do óleo da borra residual
do consumo de café
10.37885/210504742
RESUMO
Objetivo: O presente artigo objetiva a extração do óleo da borra residual de café consumi-
do no campus Jaguari do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Farroupilha
– IFFar, para utilização como matéria-prima na produção de biodiesel. Método: Foram
desenvolvidas as etapas de extração do óleo em Soxhlet com etanol, estudo dos parâ-
metros de extração, como modificação do solvente, variação da temperatura, tempo de
extração e proporção de solvente e avaliação do potencial do óleo como matéria-prima
na produção de biodiesel através da reação de transesterificação via catálise básica em
metanol. Tanto o óleo como o biodiesel foram quantificados e caracterizados através da
determinação do índice de acidez, teor de água, dentre outros. Resultados: As atividades
foram desenvolvidas em escala laboratorial no Laboratório de Ciências da instituição,
obtendo-se o óleo da borra do café em bons rendimentos, no entanto, com parâmetros
um pouco acima do esperado. Para as reações de transesterificação, o biodiesel foi ob-
tido com bons rendimentos, mas também com alguns parâmetros acima do esperado,
o que pode ser atribuído às características do óleo utilizado. Conclusão: O desenvolvi-
mento do trabalho e os resultados obtidos possibilitam o aproveitamento do resíduo de
café e os resultados são promissores quanto à sua utilização como matéria-prima na
produção de biodiesel.
188
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
A busca constante por novas fontes de energia que preservem o meio ambiente traz à
tona a crescente pesquisa e discussão acerca da utilização de biocombustíveis, combustí-
veis oriundos de fontes renováveis em substituição aos combustíveis derivados do petróleo.
Segundo a Lei nº 9.478/97, biocombustível é uma “substância derivada de biomassa
renovável, tal como biodiesel, etanol e outras substâncias estabelecidas em regulamento da
ANP, que pode ser empregada diretamente ou mediante alterações em motores a combustão
interna ou para outro tipo de geração de energia, podendo substituir parcial ou totalmente
combustíveis de origem fóssil” (BRASIL, 1997).
Ao analisar os diferentes biocombustíveis hoje utilizados, percebe-se no Brasil, um
incentivo à utilização do biodiesel como combustível para motores Diesel. Neste contexto,
surge em 2005 o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) que vem fa-
zendo com que a utilização, cada vez maior deste biocombustível, se torne uma realidade.
A produção de biodiesel, baseia-se em uma reação química de transesterificação, onde
óleos vegetais e/ou gorduras animais reagem com um álcool na presença de um catalisa-
dor para produzir alquil ésteres - Biodiesel (KNOTHE et al., 2011). Assim, o biodiesel pode
ser produzido a partir de uma grande variedade de matérias-primas como óleos vegetais,
gorduras animais, óleos de descarte, dentre outros.
O desenvolvimento de pesquisas na área fez com que surgissem diferentes gerações de
biocombustíveis, sendo estas baseadas na matéria-prima utilizada e na forma de obtenção:
a primeira geração é caracterizada essencialmente por ser proveniente de matérias-primas
cultivadas e pela baixa complexidade tecnológica para sua produção; a segunda geração é
oriunda de recursos não destinados à alimentação, sendo sua matéria-prima predominan-
temente composta por resíduos e exige alta complexidade tecnológica para sua produção;
a terceira geração caracteriza-se pela utilização de matéria-prima de alta velocidade de
crescimento e alto teor de óleo e carboidratos. (FERREIRA et al., 2010)
Dessa maneira, é possível concluir que a pesquisa na área se concentra, dentre ou-
tros fatores, principalmente na busca por diferentes matérias-primas para a produção deste
combustível, merecendo destaque as oriundas de biomassa e aproveitamento de resíduos,
que são potencializadas pela competição que o setor de combustíveis impõe com o setor
alimentício, considerando que atualmente a principal matéria-prima utilizada na produção
de biodiesel é o óleo de soja, como mostrado na Figura 1.
189
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Figura 1. Matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel em março de 2021.
MATERIAL E MÉTODOS
A borra de café coletada semanalmente no IFFar Campus Jaguari passou por processo
de secagem em estufa ventilada à 100º C por 4 h. Após remoção da umidade o material
obtido passou por peneira, foi armazenado em sacos herméticos contendo 100 g de amostra
cada e levado ao freezer de forma a minimizar os processos de oxidação ao ar e contami-
nação por fungos.
Para a etapa de extração o procedimento utilizado foi o método de Extração com
Solventes, utilizando extrator Soxhlet, hexano como solvente e manta de aquecimento para
fornecimento de calor ao sistema (MACÊDO et al., 2016). Foi utilizada uma amostra de 100
g de borra de café seca, a qual foi colocada no balão com 200 mL do solvente. O sistema foi
fechado com rolha para evitar a evaporação do solvente e colocado na capela em repouso
por um período de 4 horas. Decorridas as 4 horas, o balão foi acoplado ao extrator Soxhlet
operado a 60º C por 2 horas. Após extração a mistura óleo/solvente foi levada ao evaporador
rotatório para remoção do solvente e as amostras armazenadas em dessecador até massa
constante, garantindo que apenas os óleos estivessem presentes. Os óleos extraídos foram
armazenados em frascos de vidro e resfriados à -10º C.
O óleo obtido teve seu rendimento calculado e sua caracterização realizada por de-
terminação do teor de umidade, densidade, índice de saponificação e índice de acidez
(INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).
Em uma etapa seguinte, passou-se à realização de estudos acerca dos parâmetros de
extração do óleo, visando a obtenção do óleo com melhor rendimento. Nesta etapa foram
testados parâmetros como: tempo de extração, temperatura, solvente utilizado e proporção
solvente: borra de café.
Após esta etapa, a extração do óleo passou a ser realizada utilizando uma amostra de
100 g de borra de café seca, a qual foi colocada no balão com 600 mL de solvente etanol aco-
plado ao extrator Soxhlet operado a 70º C por 4 horas. Após extração a mistura óleo/solvente
foi levada ao evaporador rotatório para remoção do solvente e as amostras armazenadas
191
Química: ensino, conceitos e fundamentos
em dessecador até massa constante, garantindo que apenas os óleos estivessem presen-
tes. Os óleos extraídos foram armazenados em frascos de vidro e resfriados à -10º C.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
192
Química: ensino, conceitos e fundamentos
solvente. No uso da técnica é importante considerar que os solventes utilizados devem ter
algumas características específicas, dentre as quais podemos citar a miscibilidade.
Considerando que as frações lipídicas dos óleos, assim como o solvente hexano, pos-
suem uma estrutura não-polar, em um primeiro momento, a extração do óleo da borra de
café foi realizada em hexano.
Para quantificação do processo, foi determinada a porcentagem de lipídeos to-
tais, realizando as análises em triplicata, sendo o resultado expresso pela média das
três análises. A porcentagem de lipídios totais presente nas amostras foi calculada atra-
vés da Equação 01:
Equação 01
A quantidade média de óleo obtido a cada 100 g de borra seca utilizada foi de 5,2 g,
ou seja, um rendimento, conforme a Equação 01, de 5,2 %.
De acordo com Ullmann (1986), a composição do café do tipo Arábica, predominante no
Brasil, no que tange ao teor de lipídeos é de aproximadamente 15% (Tabela 01), os quais são
potenciais materiais de partida para reações de transesterificação e obtenção de biodiesel.
O mesmo autor traz a composição dessa fração lipídica no café, conforme Tabela 02.
193
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Observa-se assim, que a fração lipídica é composta majoritariamente por triglicerídeos,
os quais permanecem praticamente inalterados durante a torração do café. Quanto à com-
posição química do óleo extraído da borra de café, podemos considerar em quantidades
equivalentes ao apresentado na Tabela 02, tendo em vista que na preparação da bebida a
fração de lipídios, não sendo solúvel em água, permanece na borra descartada.
Assim, de posse dos dados da primeira extração, foram desenvolvidos estudos acerca
dos parâmetros de extração visando a obtenção do óleo com melhor rendimento. A partir
disso, buscou-se a troca do solvente de maneira a reduzir os impactos ambientais causados
pela utilização do hexano, o qual apresenta alta toxicidade além de ser de origem fóssil, mas
que fosse possível ainda, um aumento no rendimento.
Nesse sentido, optou-se pela utilização do etanol, o qual apresenta vantagens com
relação ao hexano uma vez que é renovável e não tóxico, além de ser disponível no Campus,
o qual possui uma usina de produção de etanol da cana-de-açúcar.
Cabe ressaltar que, como dito anteriormente, as frações lipídicas possuem uma estrutu-
ra não-polar, ou seja, apresentam menor miscibilidade em etanol. No entanto, estudos na lite-
ratura demonstram que a miscibilidade dessas frações em etanol é aumentada consideravel-
mente com o aumento da temperatura (CALVO, 2009; HERYANT, 2007; e PEIXOTO, 1988).
Assim, foram realizados testes de otimização de condições de extração utilizando etanol
como solvente e variando-se a proporção café:álcool, o tempo e a temperatura.
Esses parâmetros foram testados considerando que o tempo de contato é o tempo
que a partícula fica dentro do extrator em contato de fato com o solvente, o qual pode ser
afetado, dentre outros fatores, pela quantidade de solvente em relação à quantidade de
matéria-prima, por exemplo.
Inicialmente foram realizados testes no intuito de determinar a proporção ideal, borra
de café:álcool que fornecesse o melhor rendimento. Foram utilizadas duas proporções, 1:3
(m/v) e de 1:6 (m/v), nomeadas como A e B respectivamente, e todos os testes foram desen-
volvidos em triplicata, considerando como resultados a média dos três testes. A Tabela 03
traz os resultados obtidos, evidenciando que a proporção 1:6 teve os melhores rendimentos.
Tabela 03. Rendimentos obtidos na extração do óleo da borra de café considerando a proporção borra:álcool.
Proporção borra:álcool Tempo de extração Temperatura Rendimento
Amostra
(m/v) (h) (º C) (%)
Amostra A 1:3 2 60 4,12
Amostra B 1:6 2 60 7,85
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
194
Química: ensino, conceitos e fundamentos
temperatura. A Tabela 04 traz os dados das amostras B - D, onde observa-se que o tempo
de 4 h foi o de melhor rendimento.
Tabela 04. Rendimentos obtidos na extração do óleo da borra de café considerando o tempo de extração.
Proporção borra:álcool Tempo de extração Temperatura Rendimento
Amostra
(m/v) (h) (º C) (%)
Amostra B 1:6 2 60 7,85
Amostra C 1:6 3 60 8,49
Amostra D 1:6 4 60 9,87
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
Tabela 05. Rendimentos obtidos na extração do óleo da borra de café considerando o tempo de extração.
Proporção borra:álcool Tempo de extração Temperatura Rendimento
Amostra
(m/v) (h) (º C) (%)
Amostra D 1:6 4 60 7,85
Amostra E 1:6 4 65 8,47
Amostra F 1:6 4 70 10,33
Amostra G 1:6 4 75 9,88
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
195
Química: ensino, conceitos e fundamentos
O Índice de Acidez (IA) foi determinado no intuito de conhecer o teor de ácidos graxos
livres do óleo extraído. Para tal, a amostra foi solubilizada em uma solução de éter:etanol
(2:1) e titulada com hidróxido de potássio fazendo uso de fenolftaleína como indicador. As ti-
tulações foram realizadas em triplicata e a média das titulações utilizada para a determinação
do índice de acidez através da Equação 02:
Equação 02
Equação 03
Onde:
A: volume gasto na titulação da amostra, em mL.
B: Volume gasto na titulação do branco, em mL.
f: fator de correção da solução de HCl.
P: massa da amostra, em gramas.
196
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Com relação ao IS, a análise realizada teve como resultado 220 mg KOH/g, um pouco
acima do esperado. A determinação do IS é importante tendo em vista medir os teores de
ácidos graxos livres, além dos triglicerídeos totais, possibilitando determinar a massa molar
do triglicerídeo para posterior reação de transesterificação (PEREIRA, 2012).
A densidade do óleo foi determinada através do uso de um picnômetro completo com
água. Para tal, uma porção da amostra foi colocada no picnômetro e aquecida em banho-
-maria (25º C) durante 30 minutos. Posteriormente pesou-se o conjunto e então a densidade
obtida foi determinada através da Equação 04.
Equação 04
Onde:
A: massa do recipiente contendo o óleo.
O valor obtido para a densidade do óleo extraído foi de 0,986 g/cm3, valor próximo
ao encontrado na literatura por Camargo (2005), para o óleo de grãos de café defeituo-
sos (0,895 g/cm³).
Para determinação do teor de umidade utilizou-se a razão da massa do óleo antes e
depois de secagem em estufa a 100º C. Para tal, uma amostra do óleo foi pesada em um
béquer, o qual foi levado à estufa a 100º C durante uma hora, sendo posteriormente resfriado
em dessecador com sílica.
O procedimento repetiu-se até a massa se tornar constante e completo resfriamen-
to do béquer, o qual foi pesado novamente. O teor de umidade foi determinado atra-
vés da Equação 05.
Equação 05
Onde:
A: massa do conjunto inicial (béquer+óleo).
B: massa do conjunto final (béquer+óleo) após secagem.
Para o teor de umidade, KNOTHE et al., (2011) recomenda um valor máximo de 0,5%
para utilização do óleo na produção de biodiesel, tendo em vista que a umidade elevada pode
levar à reação de saponificação ao invés da transesterificação. Neste trabalho encontramos
um valor superior, sendo de 1,23 %, o que pode então, acarretar problemas na utilização do
óleo como matéria-prima para a produção de biodiesel.
197
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Utilização do óleo como matéria-prima na produção de biodiesel
Assim, podemos considerar que a massa molar média do óleo é 765g/mol. Com base
nessa informação, pode-se estimar a quantidade de álcool necessária em uma reação de
transesterificação.
Conforme representado na Figura 03 a relação estequiométrica óleo:álcool é de 1:3,
respectivamente, ou seja, para cada mol do material lipídico são necessários três mols do
álcool para dar origem a três mols de biodiesel e um mol de glicerina. Considerando que o
álcool seja o metanol e que sejam utilizadas 2 g do óleo na reação temos:
Tabela 06.Parâmetros de qualidade do biodiesel obtido e comparativo com os índices ideais conforme Resolução nº
45/2014 – ANP.
Analisando os dados obtidos, observa-se que os níveis dos três parâmetros analisa-
dos estão acima dos limites permitidos pela Resolução 45 da ANP. Podemos inferir que
200
Química: ensino, conceitos e fundamentos
os elevados teores de água encontrados no biodiesel obtidos sejam provenientes do óleo
extraído, mesmo passando por processos de remoção de umidade, tendo em vista que na
análise dele também encontramos teores elevados.
No que diz respeito à densidade, a literatura traz um decréscimo na ordem de 5,6%
entre o óleo extraído e o biodiesel final (OLIVEIRA, 2012). Os resultados encontrados de-
monstram um decréscimo no entanto, bem menor que o esperado e relatado na literatura
e ainda acima dos parâmetros definidos pela ANP. A avaliação da densidade é um critério
importante pois mensura a pureza do biodiesel, tendo em vista que a presença de mono,
di e triglicerídeos e catalisador remanescente provenientes da reação de transesterificação
incompleta podem alterar sua densidade.
Em relação ao índice de acidez (IA), este é um parâmetro de fundamental importância
no que tange à qualidade do biodiesel produzido pois determina a quantidade de ácidos
graxos livres presente no mesmo. Neste sentido, os dados obtidos mostram que o biodiesel
sintetizado apresenta um índice de acidez maior que o aceito pela ANP, podendo apresentar
problemas na sua estocagem, bem como nos motores que o utilizam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em face dos objetivos traçados e dos resultados obtidos, considera-se que a metodo-
logia adotada para extração do óleo da borra de café é eficiente, fornecendo o óleo em bom
rendimento quando comparado com os dados da literatura.
Os estudos realizados, tanto de extração do óleo da borra de café como de obtenção
de biodiesel, no que tange aos parâmetros de qualidade analisados estão um pouco acima
do permitido pela legislação vigentes, mas ainda dentro do esperado de acordo com da-
dos da literatura.
Assim, a extração do óleo da borra de café e sua posterior utilização na produção de
biodiesel mostram-se como promissores, necessitando de análises mais aprofundadas e
desenvolvimento de técnicas mais eficientes, especificamente nos processos de purificação
e reação de transesterificação.
A borra de café constitui-se como potencial matéria-prima tendo em vista o baixo custo
para a obtenção do produto e o alto valor agregado, além de reduzir os impactos ambientais
causados pelo descarte de tal resíduo no ambiente. Os processos aqui estudados fomentam
a discussão acerca da utilização de novas matérias-primas, especialmente as residuais,
para a produção de biodiesel.
Ainda, ressalta-se a promoção do desenvolvimento científico da instituição de ensino,
a qualificação dos estudantes do curso Técnico em Sistemas de Energia Renovável do
201
Química: ensino, conceitos e fundamentos
campus através da interlocução entre ensino e pesquisa, bem como a colaboração com a
formação integral dos estudantes.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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Química: ensino, conceitos e fundamentos
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203
Química: ensino, conceitos e fundamentos
16
Evolução dos componentes graxos na
produção de biodiesel de óleo de soja
por transesterificação alcalina
10.37885/210404101
RESUMO
205
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
Desde a metade do século XIX, combustíveis fósseis derivados de petróleo são utiliza-
dos como fonte de energia nos principais meios de transportes humano, tais como ferroviário,
marítimo, automotivo e aéreo. São também fundamentais para o crescimento e manutenção
de indústrias e usinas elétricas, estando diretamente relacionado com o desenvolvimento
nacional e crescimento econômico dos países (HAJJARIA et al., 2017; SOUZA et al, 2016;
VERMA et al., 2016).
No entanto, devido ao caráter não renovável desses combustíveis, a poluição atmos-
férica gerada com seu uso e os conflitos ocorridos nas principais zonas de extração, que
dificultaram sua oferta, forçou a busca por combustíveis alternativos. Nesse contexto, o
biodiesel surgiu como alternativa de destaque ao diesel de petróleo, pois se trata de um
composto obtido a partir de fontes renováveis e tem menor caráter poluente e tóxico que o
diesel de petróleo (OLIVEIRA e COELHO, 2017; SINGH et al., 2020).
Inserir os biocombustíveis na matriz energética mundial é muito importante por ser
energia limpa e sustentável. Além disso, tais combustíveis poderiam reduzir a dependência
de alguns países quanto ao petróleo e seus derivados e beneficiar/incentivar a produção
agrícola e a melhoria das condições de vida no campo (SOUZA et al, 2016).
O biodiesel é uma mistura de ésteres mono-alquílicos de ácidos graxos. Seu principal
método industrial de produção é através transesterificação alcalina de oleaginosas ou gordura
animal utilizando álcoois de cadeia curta, tais como o etanol, metanol e propanol. Geralmente
hidróxidos de sódio ou de potássio são utilizados como catalisadores básicos (AL-SAKKARIA
et al., 2017; CÉSAR et al., 2019; ELANGO et al., 2019; VEILLETTE et al.; 2017).
Algumas características do biodiesel, sobretudo: viscosidade cinemática, ponto de
fusão, ponto de fulgor, calor de combustão, número de cetano e estabilidade à oxidação
dependem diretamente das propriedades dos ésteres graxos que o compõe como estrutura
molecular, comprimento da cadeia de hidrocarboneto e o número de ligações insaturadas
(CHOZHAVENDHAN et al., 2020; KNOTHE, 2017; VIEIRA et al., 2018).
A viscosidade cinemática é uma medida da resistência oferecida pelo fluido para o seu
próprio escoamento. A viscosidade aumenta com o aumento do comprimento da cadeia e
diminui com o aumento do grau de insaturação. A presença de sabões ou de glicerídeos
não reagidos (mono-, di- e triglicerídeos) e os produtos da degradação oxidativa do biodiesel
também aumentam a viscosidade do biodiesel (CHUM-IN et al., 2017; GÜLÜM e BILGIN,
2017; ZHENG et al., 2020).
O ponto de fusão é o parâmetro usado para avaliar a adequação de ésteres graxos
individuais em relação às propriedades do biodiesel à baixa temperatura, pois o biodiesel
apresenta propriedades de fusão semelhantes às dos ésteres que o compõe. O ponto de
206
Química: ensino, conceitos e fundamentos
fusão está diretamente relacionado com o número de átomos de carbono, aumentando com o
aumento da quantidade de átomos de carbono menor será o ponto de fusão, e com o número
de ligações insaturadas, ésteres graxos insaturados possuem ponto de fusão menores que
aqueles saturados com o mesmo número de átomos de carbono (DIAS, 2016; KNOTHE e
RAZON, 2017; KNOTHE, 2008; KNOTHE et al., 2006).
O ponto de fulgor é uma medida da inflamabilidade do biodiesel, sendo definido como
a temperatura mínima onde é observada a liberação de vapores de um líquido, em quanti-
dade suficiente para formar uma mistura inflamável com o ar. O ponto de fulgor possui maior
dependência com o comprimento da cadeia hidrocarbônica, aumentando com ela. Quanto
ao grau de insaturação, diminui levemente com o aumento de ligações duplas (LÔBO e
FRREIRA, 2009; DIAS, 2016).
O calor da combustão é indicador do consumo do combustível pelo motor. Quanto maior
o calor da combustão, maior será a eficiência do motor e menos combustível será consumido.
Ele aumenta com o comprimento da cadeia carbônica e com o aumento da saturação. Assim,
biodieseis com alto teor de ésteres graxos insaturados e/ou de cadeia curta apresentarão
menores valores para o calor de combustão e, provavelmente, maior consumo na queima
em um motor diesel (KNOTHE e RAZON, 2017; KNOTHE, 2008; KNOTHE et al., 2006).
O número de cetano é um indicativo do tempo de atraso na ignição de combustíveis
para motores do ciclo diesel, logo, reflete a qualidade da ignição do combustível. Uma com-
bustão é de qualidade quando após a ignição segue-se uma rápida, completa e uniforme
combustão do combustível (BESSA, 2016). Aumenta com o comprimento da cadeia car-
bônica não ramificada e diminui com o aumento da insaturação. Compostos ramificados e
aromáticos têm baixos valores de número de cetano (KNOTHE e RAZON, 2017; KNOTHE,
2008; KNOTHE et al., 2006).
A estabilidade à oxidação está associada à existência das ligações insaturadas nas
cadeias carbônicas. Ésteres graxos saturados não oxidam com facilidade, enquanto as liga-
ções duplas conferem aos ácidos graxos a suscetibilidade à reação com oxigênio. Quanto
maior o número de insaturações, mais susceptível está a molécula à degradação tanto tér-
mica quanto oxidativa, formando produtos insolúveis que ocasionam problemas de formação
de depósitos e entupimento do sistema de injeção de combustível do motor (BITU, 2018;
KUMAR, 2017; LÔBO e FERREIRA, 2009; RAMOS et al., 2017).
Dessa forma, informações sobre a evolução temporal das concentrações dos ésteres
graxos individuais permitirão melhor controle sobre o processo de produção de biodiesel
e auxiliará na tomada de decisão a fim de se obter o produto com propriedades quími-
cas adequadas. Nesta direção, avaliou-se as reatividades químicas dos ácidos e ésteres
graxos individuais, os perfis de suas concentrações ao longo do tempo nos processos de
207
Química: ensino, conceitos e fundamentos
transesterificação de óleo de soja refinado por rotas metílicas e etílicas, usando hidróxido
de sódio como catalisador.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para obter a massa molar do óleo, utilizou-se uma média ponderada das massas mo-
lares dos ácidos graxos individuais (Equação 1). A percentagem individual de cada ácido
na composição do óleo (xi) foi determinada experimentalemente pelo método de Hartman e
Lago (1973) e análise por cromatografia gasosa, método normalização de áreas.
(1)
Onde o índice i os ésteres graxos individuais; MM, massa molar; H representa o átomo
de hidrogênio e O, o de oxigênio.
CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS
209
Química: ensino, conceitos e fundamentos
(2)
Sendo, x a concentração do biodiesel (m/m); a área total dos picos dos ésteres
individuais, exceto o heptadecanoato de metila; Ap, a área do pico correspondente ao hep-
tadecanoato de metila; Cp a concentração da solução de padrão interno (heptadecanoato
de metila). Vp é o volume, em mililitros, da solução do padrão interno e m é a massa, em
miligramas, da amostra de biodiesel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA
O valor da massa molar média do óleo calculado pela Equação 1 foi de 871,2 g/
mol. A partir desse valor calcularam-se as massas de álcool e óleo utilizadas em cada
processo. A Tabela 1 dispõe a composição centesimal em ácidos graxos do óleo obtida
por cromatografia gasosa. Os percentuais mássicos para os ácidos graxos do óleo de soja
utilizado estiveram de acordo com o previsto na literatura (Tabela 1) (KNOTHE e RAZON,
2017; PERES et al., 2009).
210
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Na transesterificação, destaca-se as seguintes etapas de transferência de massa dos
triglicerídeos para a fase álcool: 1) transferência de massa dos triglicerídeos da fase óleo
para a interface da fase álcool, componente utilizado em excesso; 2) dissolução dos triglice-
rídeos nesta interface; 3) transferência de massa desta interface para o seio da fase álcool.
Figura 1. Esquema das etapas de transferência de massa de triglicerídeos entre as fases óleo e álcool.
Figura 2. Evolução dinâmica das concentrações dos triglicerídeos na fase (a) metanol e (b) etanol.
Condições: RA:O = 6:1; T = 60ºC; N = 600rpm. C16:0 – éster do ácido palmítico; C18:0 – éster do ácido esteárico; C18:1
éster do ácido oleico; C18:2 – éster do ácido linoleico; C18:3 – éster do ácido linolênico.
Figura 3. Evolução dinâmica das concentrações dos ácidos graxos na fase (a) metanol e (b) etanol.
Condições: RA:O = 6:1; T = 60ºC; N = 600rpm. C16:0 – éster do ácido palmítico; C18:0 – éster do ácido esteárico; C18:1
éster do ácido oleico; C18:2 – éster do ácido linoleico; C18:3 – éster do ácido linolênico.
(3)
Tabela 2. Valores das seletividades dos ácidos graxos transferidos para a fase álcool ao longo do tempo.
Metanol Etanol
tempo SC16:0 SC18:1 SC18:2 SBaixa SC16:0 SC18:1 SC18:2 SBaixa
(min) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
2 12,2 23,8 53,6 10,4 12,6 21,9 60,5 4,9
4 11,9 24,0 53,4 10,6 11,9 22,5 56,8 8,9
6 11,8 24,1 53,4 10,6 11,9 22,5 56,0 9,5
8 11,8 24,2 53,4 10,6 12,0 22,6 55,2 10,2
10 12,6 24,0 52,8 10,6 13,5 22,2 54,0 10,3
15 12,5 23,9 53,2 10,4 13,8 23,0 52,9 10,3
20 12,4 24,0 53,0 10,6 12,1 23,2 54,4 10,3
25 11,8 24,1 53,6 10,5 12,0 23,2 54,3 10,4
30 11,5 24,1 53,8 10,6 12,8 23,8 52,8 10,7
35 12,4 24,1 53,0 10,5 11,7 24,4 53,3 10,6
40 12,6 25,0 52,2 10,2 11,8 24,2 53,6 10,5
50 12,6 25,0 52,2 10,2 11,9 24,0 53,6 10,5
Condições: RA:O = 6:1; T = 60 ºC; N = 600 rpm. C16:0 – éster do ácido palmítico; C18:0 – éster do ácido esteárico; C18:1
éster do ácido oleico; C18:2 – éster do ácido linoleico; Baixa – ésteres em menor concentração.
(4)
213
Química: ensino, conceitos e fundamentos
A Tabela 3 mostra os valores dos rendimentos da transferência de massa dos ácidos
graxos para as fases metanol e etanol, respectivamente. Em ambas, é possível ver que os
rendimentos máximos são alcançados nos tempos de 40 minutos.
Tabela 3. Valores do rendimento da transferência de massa dos ácidos graxos para a fase álcool ao longo do tempo.
Metanol Etanol
tempo RC16:0 RC18:1 RC18:2 RBaixa RC16:0 RC18:1 RC18:2 RBaixa
(min) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
2 6,6 5,6 6,7 6,7 1,3 1,0 1,5 0,6
4 4,3 3,8 4,5 4,5 3,3 2,7 3,6 2,9
6 8,7 7,4 8,2 4,1 2,3 1,9 2,5 4,5
8 7,2 6,5 7,6 7,7 7,6 6,2 8,0 7,6
10 9,1 7,8 9,2 9,2 8,5 6,1 7,9 7,7
15 11,0 9,2 10,8 10,7 18,0 13,1 16,0 15,9
20 11,2 9,5 11,1 11,3 14,0 11,8 14,7 14,2
25 14,6 13,0 15,4 15,4 21,0 17,6 21,7 21,3
30 30,3 27,7 32,8 33,1 17,9 14,5 17,1 17,7
35 35,1 29,7 34,6 34,8 44,1 40,1 46,4 46,9
40 41,3 35,8 39,5 39,4 60,0 53,7 63,0 62,7
50 40,2 35,5 37,2 38,4 56,9 50,0 59,1 58,9
Condições: RA:O = 6:1; T = 60 ºC; N = 600 rpm. C16:0 – éster do ácido palmítico; C18:0 – éster do ácido esteárico; C18:1
éster do ácido oleico; C18:2 – éster do ácido linoleico; Baixa – ésteres em menor concentração.
Tanto para o metanol quanto etanol, os ácidos graxos C8:1 estão em menor composi-
ção nos triglicerídeos transferidos que no óleo puro (Tabela 1). Também atingiram menores
valores de rendimentos, conforme pode ser visto na Tabela 3.
Para os ácidos C18:2 ocorre o oposto, e em ambos os processos apresentam valores
maiores de seletividade. Assim como os CBaixa, esse grupo é composto por ácidos graxos
possuindo, todos praticamente, 18 átomos de carbono (Os CBaixa são compostos por C18:0
e C18:3 com traços de C14:0). A solubilidade no álcool dos ácidos graxos com cadeias de
mesmo comprimento, aumenta com aumento do número de insaturações, que tornam as
moléculas menos apolares. Isso explica o comportamento dos ácidos graxos C18:1, que
tendo apenas uma insaturação tem menor solubilidade que os ácidos graxos C18:2 e os
CBaixa (constituído majoritariamente de C18:3) na fase álcool (Tabela 3).
O aumento do número de insaturações, no entanto, diminuem a mobilidade das molé-
culas, pois os sítios de insaturações são zonas com cargas negativas que atraem os átomos
de oxigênio e hidrogênio do álcool (MCMURRY, 2005). Essas interações podem provocar
a retenção do ácido graxo dentro do álcool, diminuindo a velocidade de transferência de
massa. Isso pode explicar o comportamento inicial dos ácidos C18:2 e CBaixa na fase eta-
nol (Tabela 2): os ácidos C18:2 evoluem inicialmente (2-8 minutos) com valores superiores
à composição inicial (Tabela 1), enquanto os ácidos CBaixa iniciam com valores inferiores.
214
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Os ácidos CBaixa são constituídos majoritariamente de ácidos C18:3, que por serem
mais insaturados que os ácidos C18:2, podem ter menor mobilidade na fase álcool. Além
disso, há também que se considerar o efeito da concentração. Os CBaixa estão em menores
concentração no óleo e possuem menores gradiente de concentração (uma das forças mo-
trizes da transferência de massa), entretanto sugere-se que sejam realizados mais estudos
para explicar este fenômeno observado.
Na Tabela 3 pode-se observar que os valores obtidos para o rendimento dos ácidos
graxos RC16:0 e RC18:2 foram próximos. Para explicar esse fenômeno devemos considerar
que tanto o tamanho da cadeia hidrocarbônica do ácido quanto a presença de insaturações
influenciam na solubilidade na fase álcool.
A dissolução depende das forças intermoleculares que mantêm as fases unidas: solven-
te-solvente (fase álcool) e soluto-soluto (triglicerídeos). De forma simplificada, o mecanismo
de dissolução pode ser dividido teoricamente em três etapas:
215
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Figura 4. Evolução temporal das concentrações de biodiesel: (a) metanol; (b) etanol.
Figura 5. Evolução das concentrações experimentais dos ésteres metílico e etílico individuais. (a) biodiesel metanoico;
(b) biodiesel etanoico.
Condições: NaOH = 0,50 %(g/g), RA: O: 6: 1, 600 rpm, 333 K. C16:0 – éster do ácido palmítico; C18:0 – éster do ácido esteárico; C18:1
éster do ácido oleico; C18:2 – éster do ácido linoleico; C18:3 – éster do ácido linolênico.
Tabela 4. Valores das seletividades dos ácidos graxos na reação de transesterificação do óleo de soja.
Tabela 3. Valores do rendimento dos ácidos graxos na reação de transesterificação do óleo de soja.
218
Química: ensino, conceitos e fundamentos
CONCLUSÃO
No sistema sem reação, observou-se o efeito de solubilização dos ácidos graxos indivi-
duais na fase álcool metanol e etanol. Os triglicerídeos se transferiram mais rapidamente para
a fase metanol, enquanto que atingiram maiores níveis de transferência de massa no etanol.
A análise da transferência de massa dos ácidos graxos individuais mostrou que valeu o
efeito da concentração, onde os ácidos graxos em maiores concentrações na matéria-prima
alcançaram maiores níveis de transferência de massa na fase álcool. Os valores da seletivi-
dade e do rendimento mostraram que os ácidos oleicos foram desfavorecidos no processo,
enquanto que os ácidos linoleicos se transferiram com maior preferência.
Nos sistemas reativos, os resultados mostraram que na metanólise há um atraso ini-
cial atribuído a limitações de transferência de massa. Também se observou nos sistemas
reativos que o principal efeito foi o da concentração: os ésteres graxos em maiores con-
centrações no biodiesel corresponderam aos ácidos graxos em maiores concentrações
no óleo. As análises da seletividade e do rendimento mostraram que os ésteres de ácidos
palmíticos e linoleicos foram favorecidos no processo, enquanto que os de ácidos oleicos
apresentaram menor reatividade.
AGRADECIMENTOS
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221
Química: ensino, conceitos e fundamentos
17
Biomassa da uva como matéria-prima
para a produção de biodiesel: da
pesquisa para a sala de aula
10.37885/210504743
RESUMO
223
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
Para utilização do óleo extraído como matéria-prima para produção de biodiesel op-
tou-se pela investigação de duas técnicas. Assim, o óleo extraído da variedade Bordô foi
submetido à reação de transesterificação acompanhada por Cromatografia em Camada
Delgada (CCD) na presença de álcool metílico, utilizando hidróxido de potássio como cata-
lisador em um estágio (KNOTHE, et al., 2011), e em dois estágios utilizando hidróxido de
potássio e ácido sulfúrico como catalisadores em metanol (FONTOURA et al., 2013).
• Transesterificação em um estágio:
226
Química: ensino, conceitos e fundamentos
A reação de transesterificação foi realizada em um balão de fundo redondo sob agitação
magnética, acoplado a um condensador de refluxo. Inicialmente uma solução alcoólica de
KOH foi preparada em um béquer onde foram adicionados o KOH (1% da massa do óleo) e
6 mL de metanol sob agitação a 65º C. O sistema permaneceu sob agitação e aquecimento
até a completa dissolução do sólido. Posteriormente, em um balão de fundo redondo foram
pesadas 5g do óleo das sementes de uva, ao qual foi adicionada a solução alcoólica. A mis-
tura reacional foi aquecida 65º C sob agitação vigorosa durante 60 minutos. Ao final do
tempo a mistura foi transferida para um funil de separação no qual permaneceu 24 horas
para decantação. A fase inferior, composta por glicerina, subproduto da reação de transes-
terificação, foi retirada e a fase superior, composta pelo biodiesel, foi lavada com água para
remoção do catalisador e demais impurezas, seca com sulfato de sódio anidro e levada ao
evaporador rotatório para remoção do excesso de álcool.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Equação 01
A quantidade média de óleo obtido a cada 50 g de material de partida utilizado foi de 6,7
g para a variedade Bordô e 5,9 g para a variedade Isabel, correspondendo à um rendimento
de 13,4% e 11,8%, respectivamente. Desse modo, observa-se um rendimento ligeiramente
superior para a variedade Bordô.
Com base nos dados obtidos, optou-se por realizar a caracterização e os testes na
obtenção do biodiesel apenas com o óleo extraído das sementes da variedade Bordô, onde
foram determinados índice de acidez, índice de saponificação, densidade e teor de umidade
(INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).
O Índice de Acidez (IA) foi determinado através de titulação do óleo em etanol com
solução de hidróxido de potássio 0,1 mol/L e fenolftaleína como indicador. As titulações
foram realizadas em triplicata e a média das titulações utilizada para a determinação do
índice de acidez.
O Índice de Saponificação (IS) foi determinado através da solubilização da amostra em
solução alcoólica de KOH 4% (m/v). A mistura foi aquecida até fervura para sua completa
saponificação. Após resfriar, a mistura foi titulada com solução de HCl 0,5 mol/L, utilizando
228
Química: ensino, conceitos e fundamentos
fenolftaleína como indicador. As análises foram realizadas em triplicata e a média das titu-
lações utilizada para a determinação do índice de saponificação.
A densidade do óleo foi determinada através do uso de um picnômetro, onde uma
porção da amostra foi colocada no picnômetro e aquecida em banho-maria (25ºC) durante
30 minutos. Posteriormente pesou-se o conjunto e então a densidade foi determinada.
Por fim, o teor de umidade foi determinado através da razão da massa do óleo antes
e depois de secagem em estufa a 100ºC. Para tal, uma amostra do óleo foi pesada em um
béquer, o qual foi levado à estufa a 100ºC durante uma hora, sendo posteriormente resfriado
em dessecador com sílica. O procedimento repetiu-se até a massa se tornar constante e
completo resfriamento do béquer, o qual foi pesado novamente.
A Tabela 01 traz os dados da caracterização através do Índice de Acidez, Índice de
Saponificação, densidade e teor de umidade do óleo extraído das sementes de uva da
variedade Bordô.
Análise Resultados
Índice de Acidez (mg KOH/g) 1,23
Índice de saponificação (mg KOH/g) 186,28
Densidade (g/cm3) 0,94
Teor de Umidade (%) 0,72
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
231
Química: ensino, conceitos e fundamentos
Tabela 02. Parâmetros de qualidade do biodiesel obtido e comparativo com os índices ideais conforme Resolução nº
45/2014 – ANP.
Analisando os dados obtidos, observa-se que os níveis dos três parâmetros analisados
estão de acordo com os limites permitidos pela Resolução 45/2014 da ANP.
A literatura traz que no caso da transesterificação para obtenção do biodiesel, a den-
sidade do óleo utilizado como matéria-prima é superior ao do produto final, ou seja, a trans-
fericação acarreta em um descréscimo na densidade, o que é observado nos resultados
encontrados para este trabalho, tendo em vista que a densidade da matéria-prima determi-
nada foi de 0,94g/cm3 e a do produto final 0,86g/cm3 (OLIVEIRA, 2012).
Em relação ao índice de acidez (IA), este é um parâmetro de fundamental importância no
que tange à qualidade do biodiesel produzido, pois altos índices podem acarretar problemas
em tanques de armazenamento e de motores, além de favorecer a degradação do produto.
Após o desenvolvimento das etapas de extração do óleo das sementes de uva e sua
utilização como matéria-prima para a produção de biodiesel, frente aos ótimos resultados
encontrados, a relativa facilidade e eficiência dos processos adotados e as múltiplas abor-
dagens possíveis acerca da temática, no âmbito do Curso Técnico em Sistemas de Energia
Renovável Integrado ofertado na instituição, optou-se pela produção de um roteiro de ativi-
dade prática investigativa para utilização na disciplina de Química e em outras disciplinas
do curso, incentivando a interdisciplinaridade.
O roteiro produzido traz os procedimentos experimentais adotados e tem a intencio-
nalidade de incentivar os estudantes a refletir, investigar e discutir, tendo em vista que a
pesquisa como princípio educativo faz parte do processo emancipatório e de construção do
conhecimento, conforme Demo (2006, p.50) “[...] se a pesquisa é a razão do ensino, vale o
reverso, o ensino é a razão da pesquisa. O importante é compreender que sem pesquisa
não há ensino. A ausência da pesquisa degrada o ensino a patamares típicos de repro-
dução imitativa”.
Além disso, a temática colabora com a qualificação e formação integral dos estudantes,
permitindo uma abordagem interdisciplinar e contextualizada, as quais se constituem como
os maiores desafios do currículo integrado.
232
Química: ensino, conceitos e fundamentos
O quadro abaixo traz alguns, dos inúmeros tópicos, presentes nas ementas de algu-
mas disciplinas, que podem ser abordados de maneira interdisciplinar por meio da temática,
considerando a organização curricular presente no Projeto Pedagógico do Curso Técnico em
Sistemas de Energia Renovável Integrado do IF Farroupilha campus Jaguari (IFFAR, 2020).
Disciplina Conteúdos
Segurança e instrumentação em laboratório de química; transformações da matéria;
separação ou desdobramento das misturas; funções inorgânicas; funções orgânicas;
Química estrutura e propriedade dos compostos orgânicos; reações químicas; introdução às
técnicas analíticas: espectrometria e cromatografia; cálculos químicos; soluções;
cinética química.
Física Grandezas físicas e sistema internacional de unidades; energia; termodinâmica.
Energia e matéria nos ecossistemas; educação ambiental: impactos ambientais; Reino
Biologia
Plantae; biotecnologia.
Os grandes domínios da vegetação no Brasil; recursos minerais e energéticos: explo-
ração e impactos; transformações na estrutura produtiva no século XX: novas técnicas
Geografia
de produção e seus impactos; Brasil industrialização e política econômica; fontes de
energia renováveis e não renováveis.
Introdução à Energia Renovável e Legislação Fontes renováveis e não renováveis; tipos de energia renovável.
Segurança no Trabalho Condições de segurança: equipamentos de proteção individual e coletivos.
Conceitos gerais e definições; Matérias-primas para produção de biocombustíveis;
Biocombustíveis tecnologia de produção de biodiesel; caracterização e controle de qualidade de bio-
combustíveis.
Sociologia Interseccionalidade entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente.
Filosofia A atitude científica
Matemática Proporções; regra de três; estatística.
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
1. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Painel Dinâmico
Produtores de Biodiesel. Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOTlkODYyO-
DctMGJjNS00MGIyLWJmMWItNGJlNDg0ZTg5NjBlIiwidCI6IjQ0OTlmNGZmLTI0YTYtNGI0Mi1i-
N2VmLTEyNGFmY2FkYzkxMyJ9&pageName=ReportSection8aa0cee5b2b8a941e5e0%22.
Acesso em: 21 maio 2021.
3. BALAT, M.; BALAT, H. Progress in biodiesel processing. Applied Energy, 2010, 87, 1815.
4. BERTÊ, A. M. A.; LEMOS, B. O.; TESTA, G.; ZANELLA, M. A. R.; OLIVEIRA, S. B. Perfil Socio-
econômico – Corede Vale do Jaguari. Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul, 2016, 26, 909.
5. BRASIL. Lei nº 9478 de 06 de agosto de 1997. Brasília 1997. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9478.htm. Acesso em: 10 maio de 2021.
6. BRASIL. Lei nº 11097 de 13 de janeiro de 2005. Brasília 2005. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11097.htm. Acesso em: 10 de maio de 2021.
7. CATANEO, C. B.; CALIARI, V.; GONZAGA, L.V.; KUSKOSKI, E. M.; FETT, R. Atividade antio-
xidante e conteúdo fenólico do resíduo agroindustrial da produção de vinho. Semina: Ciências
Agrárias, 2008, 29, 93.
8. DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. Ed. São Paulo: Cortez, 2006, 128p.
9. ENCINAR, J. M.; GONZALEZ, J. F.; SABIO, E.; RAMIRO, M. J. Preparation and properties of
biodiesel from Cynara cardunculus L. oil. Industrial & Engineering Chemistry Research, 1999,
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10. FERNÁNDEZ, C. M.; RAMOS, M. J.; PÉREZ, A.; RODRÍGUEZ, J.F. Production of biodiesel
from Winery waste: extraction, refining and transesterification of grape seed oil. Bioresource
Technology, 2010, 101, 7019.
234
Química: ensino, conceitos e fundamentos
12. FREITAS, E. B. Desenvolvimento de procedimentos de extração do óleo de semente de uva
e caracterização química dos compostos extraídos. Tese. Programa de Pós-Graduação em
Química. Instituto de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
13. GERIS, R. et al. Biodiesel de soja – reação de transesterificação para aulas práticas de química
orgânica. Química Nova, 2007, 30, 1369.
14. GÓMEZ, A. M.; LÓPEZ, C. P.; de la OSSA, E. M. Recovery of grape seed oil by liquid and
supercritical carbono dioxide extraction: A comparison with conventional solvent extraction.
The Chemical Engineering Journal, 1996, 61, 227.
15. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos químicos e
físicos para análise de alimentos. 3. Ed. São Paulo: IMESP, 2008.
17. KNOTHE, G.; GERPEN, J. V.; KRAHL, J.; RAMOS, L. P. Manual de Biodiesel. São Paulo:
Blucher, 2011.
18. MARTINELLO, M.; HECKER, G.; PRAMPARO, M. C. Grape seed oil deacidification by molecular
distillation: analysis of operative variables influence using the response surface methodology.
Journal of Food Engineering, 2007, 81, 60.
22. QUESSADA, T. P.; GUEDES, C. L. B.; BORSATO, D.; GAZZONI, B. F.; GALÃO, O. F. Obten-
ção de biodiesel a partir de óleo de soja e milho utilizando catalisadores básicos e catalisador
ácido. Enciclopédia Bioesfera. Goiânia. v.6. N.11. pg. 25. 2010.
23. RAMOS, L. P.; SILVA, F. R.; MANGRICH, A. S.; CORDEIRO, C. S. Tecnologias de Produção
de Biodiesel. Rev. Virtual Quim., 2011, 3, 385.
24. RAMOS, M. J.; FERNANDÉZ, C. M.; CASAS, A.; RODRÍGUEZ, L.; PÉREZ, A. Influence of
fatty acid composition of raw materials on biodiesel properties. Bioresource Technology 2009,
100, 261.
25. ROCKEMBACH, C. T. et al. Síntese de Biodiesel derivado do Óleo da Semente de Uva Pro-
movida por Ultrassom. Rev. Virtual Quim. 2014, 6, 884.
27. SILVA, J. B. M. D. Extração do óleo de semente de uva por diferentes métodos e sua alteração
durante o armazenamento. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso Superior de Tecnologia
em Alimentos. Departamento Acadêmico de Alimentos. Universidade Tecnológica Federal do
235
Paraná, Londrina, 2019.
10.37885/210504872
RESUMO
237
Química: ensino, conceitos e fundamentos
INTRODUÇÃO
239
3 https://www.anais.ueg.br/index.php/ciced/index
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
posso ser professor se não percebo cada vez mais e melhor que, por não
poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de
posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não
posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o
quê. Não posso ser professor simplesmente do Homem ou da Humanidade,
frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prá-
tica educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor
242
Química: ensino, conceitos e fundamentos
da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade,
da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor
a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a
dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor
contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na
fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.
Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor
a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não
cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas
condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre
o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador
pertinaz, que cansa mas não desiste. Boniteza que se esvai de minha prática
se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de
me admirar. (FREIRE, 1996, p. 115–116).
Portanto, acatando a explicação de Rios (2003), inspirado em Freire, para o qual letra-
mento tanto pode prevenir como solucionar problemas, vez que na cultura ocidental há um
pressuposto comum pelo qual o letramento é o meio apropriado para transmitir o conheci-
mento especializado de muitas áreas do mundo natural e humano, pois o
que está sendo problematizado aqui é que uma ênfase exagerada no papel
do letramento, como no modelo autônomo, é ideologicamente construída para
justificar a dominância, através da escolarização, de tipos de letramento particu-
243
Química: ensino, conceitos e fundamentos
lares sobre outros modos comunicativos no interior de contextos socioculturais
diversos. (RIOS, 2003, p.06).
Então, seria o letramento impresso produzido para intervir nos modos culturais de fa-
zer e pensar, e, portanto, ligado a uma função racional e moral na sociedade escolarizada
e que o privilegiamento da escrita em detrimento de outros modos comunicativos afastou e
tornaram os oprimidos cada vez mais oprimidos? Ikeda e Toynbee rechaçam o utilitarismo
puro e simples da Cultura e da Educação, uma vez que
CONSIDERAÇÕES FINAIS
245
4 Pint of Science em Formosa/GO em 2018: https://pintofscience.com.br/
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos estudantes que, de forma ativa, ágil, curiosa, entusiasmada, interessada,
perguntadora, indagadora, observadora, arrebatada, vivente, participaram das realizações
das SEQUIM’s para movimentar com suas criatividades o desenvolver de um raciocínio
científico, superando com dedicação e afinco quaisquer adversidades. Ao Colegiado de
Química do câmpus Nordeste, sede Formosa, Diretório Acadêmico e à Pró–Reitoria de
Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis, instâncias da Universidade Estadual de Goiás
(UEG). Agradecendo de modo especial aos coordenadores de curso, gestores e profissio-
nais, técnicos do corpo administrativo do campus que neste período forneceram importante
apoio para a realização dos eventos; bem como agradeço a todos os que participaram das
246
Química: ensino, conceitos e fundamentos
várias edições das SEQUIM’s, por acreditarem na necessidade de atividades e ações que
justifiquem a existência da Universidade, ou seja, a indissociabilidade entre o Ensino, a
Pesquisa e a Extensão para a comunidade.
REFERÊNCIAS
1. BOTTECHIA, Juliana Alves de Araújo. Plano de Curso da Disciplina de Monografia da Uni-
versidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Formosa, março de 2013 (Impresso),
Química, UEG/ UnU–Formosa, 2013.
2. ______. Cultura química: o uso do livro didático Química & Sociedade no processo de produ-
ção de uma inovação pedagógica em escolas públicas brasileiras. Tese de doutoramento.
Departamento de Educação e Inovações Pedagógicas da Universidade da Madeira, Funchal,
2013, convalidada na USP-Universidade de São Paulo, em 2014. Disponivel em: http://hdl.
handle.net/10400.13/1077
3. BOTTECHIA, Juliana Alves de Araújo; SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos. Cultura Química
e a Prática do Professor: um desafio a ser transposto. In Anais. VII Encontro Nacional de
Pesquisa em Educação em Ciências – ENPEC, 08 a 13 de novembro de 2009. Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
4. ______ A Formação de uma Cultura Química na Educação Básica. In Anais. VIII Simpósio
Brasileiro de Educação Química – SIMPEQUI, 25 a 27 de julho de 2010, Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, em Natal, 2010.
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CICED - Congresso de Iniciação Científica Estágio e Docência. Disponivel em: https://www.
anais.ueg.br/index.php/ciced/index
8. GOIÁS. Universidade Estadual de Goiás - UEG, campus Nordeste, sede Formosa, Biblioteca
para acesso aos TCC, disponivel em: https://www.gnuteca.ueg.br/
9. GOIÁS. Universidade Estadual de Goiás - UEG, campus Nordeste, sede Formosa, Blog Quí-
mica - Licenciatura/ UEG - Formosa. Disponivel em: https://quimicaformosa.blogspot.com/
10. IKEDA, Daisaku; TOYNBEE, Arnold. Escolha a Vida: Um diálogo sobre o futuro. Rio de Ja-
neiro. Record, [1976]: 1986.
247
Química: ensino, conceitos e fundamentos
SOBRE O ORGANIZADOR
113, 115, 116, 118, 119, 120, 122, 123, 124, 125,
A 126, 127, 128, 134, 137, 139, 237, 239, 247
Ácidos Graxos: 54, 196, 197, 198, 201, 205, Ésteres Graxos: 205, 206, 207, 208, 216, 217,
206, 207, 208, 210, 212, 213, 214, 215, 217, 219
218, 219, 221, 224, 228, 229, 230
Experimentação: 14, 15, 25, 118, 120, 122, 239
Açúcares: 173, 174
Eynon: 171, 173, 174, 175, 176
Antitranspirantes: 49, 57, 58, 59
I
Aprendizagem: 15, 24, 25, 47, 101, 115, 119,
120, 122, 126, 127 Interdisciplinaridade: 47, 61
Átomo: 116, 117, 120, 121, 123, 125, 126, 127, K
167, 208
Knowledge Construction: 103
B
L
Biodiesel: 188, 189, 190, 202, 203, 219, 220,
221, 224, 234, 235 Lane: 171, 173, 174, 175, 176
C M
Café: 202
Mercado de Trabalho: 29, 85, 86, 87, 92
Cerrado: 140, 141, 142, 143, 144, 155, 156
O
Class: 103
Óleo: 140, 141, 143, 144, 145, 146, 147, 149,
Composição: 49, 80, 144, 155, 193, 210 150, 151, 152, 153, 154, 155, 187, 188, 189,
191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199,
Consumidor: 49 200, 201, 202, 203, 204, 205, 208, 209, 210,
211, 213, 214, 215, 216, 217, 218, 219, 223, 224,
Content Contextualization: 103 225, 226, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 235
Cultura Química: 247
P
D
Pesquisa: 25, 37, 38, 58, 86, 96, 101, 122, 134,
Deficiência Visual: 129 138, 168, 203, 234, 235, 247
Desodorante: 49 Pibid: 27
E Q
Educação: 5, 6, 7, 8, 9, 24, 25, 29, 41, 47, 94, Qualidade: 179, 185
96, 101, 112, 115, 116, 118, 120, 122, 125, 126,
127, 137, 138, 139, 188, 238, 240, 244, 245, 247 Química Orgânica: 40
Ensino: 7, 14, 17, 24, 25, 37, 38, 47, 61, 96, 97,
editora científica