Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Organizadora
COVID-19
O TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
EM TEMPOS DE PANDEMIA
editora científica
Samylla Maira Costa Siqueira
Organizadora
COVID-19
O TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
EM TEMPOS DE PANDEMIA
1ª EDIÇÃO
editora científica
2021 - GUARUJÁ - SP
Copyright© 2021 por Editora Científica Digital
Copyright da Edição © 2021 Editora Científica Digital
Copyright do Texto © 2021 Os Autores
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. É permitido
o download e compartilhamento desta obra desde que no formato Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos
autores, mas sem a possibilidade de alteração de nenhuma forma ou utilização para fins comerciais.
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Elielson Ramos Jr.
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Fabricio Gomes Gonçalves
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
Em meio ao enfrentamento de uma situação nunca experienciada por profissionais de saúde e população
em geral, apresentamos a obra intitulada “COVID-19: O TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
EM TEMPOS DE PANDEMIA”, a qual é produto do esforço conjunto de diferentes atores engajados na
organização de uma obra que, espera-se, possa contribuir substancialmente para a prática em saúde
durante o enfrentamento da pandemia de COVID-19, para o cuidado qualificado ao paciente acometido
por esse agravo e para a exortação da Ciência. O livro é composto por capítulos variados, todos voltados
para a prática de diferentes categoriais profissionais que se encontram ou não na linha de frente para o
combate à pandemia. Como diferencial, destaca-se o fato de abordar, além dos aspectos assistenciais, a
visibilidade às questões relativas ao processo de trabalho dos profissionais da Saúde. Reconhecendo-se
a inestimável colaboração de cada um dos seus partícipes, agradecemos pelo engajamento de todos os
envolvidos: autores e coautores, equipe editorial e ao veículo de publicação. Como forma de prestar a
devida homenagem àqueles que se comprometem com Ética, Ciência e Sensibilidade a cuidar da saúde
das pessoas, dedicamos essa obra aos profissionais de saúde que se encontram na linha de frente para
o combate à pandemia de COVID-19.
DOI: 10.37885/210203287................................................................................................................................................................................... 14
CAPÍTULO
02
A INTERDISCIPLINARIDADE DA TELESAÚDE E SUA VISIBILILDADE NA ÉPOCA DA PANDEMIA: NOVAS TECNOLOGIAS
RESOLVENDO ANTIGOS PROBLEMAS
Beatriz Vieira Gomes; Silvia Cristina Vieira Gomes; Rodrigo Fernando Marandola
DOI: 10.37885/201202650..................................................................................................................................................................................25
CAPÍTULO
03
A PESQUISA EM CIRURGIA EM TEMPOS DE PANDEMIA: O USO DE DISPOSITIVOS DE AQUECIMENTO EM PACIENTES
COM HIPOTERMIA PÓS-OPERATÓRIA NA FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE
Talita Araújo Sobreira; Andréa Costa de Andrade; Daniel Wajnperlach
DOI: 10.37885/210202999..................................................................................................................................................................................34
CAPÍTULO
04
ACNE VULGARIS PROVOCADA PELA MÁSCARA
Nágila Bernarda Zortéa; Alexandra Brugnera Nunes de Mattos; Micheila Alana Fagundes
DOI: 10.37885/210102700.................................................................................................................................................................................. 44
CAPÍTULO
05
ALOCAÇÃO DE RECURSOS PARA ASSISTÊNCIA À SAÚDE EM TEMPOS DA PANDEMIA DE COVID-19: REVISÃO INTEGRATIVA
Karla Rona da Silva; Fátima Ferreira Roquete; Adriane Vieira; Fernanda Gonçalves de Souza; Shirlei Moreira da Costa Faria; Bruno
César Ferreira Peixoto; Débora Luciana Aparecida Silva; Marina Lanari Fernandes
DOI: 10.37885/210202955................................................................................................................................................................................. 50
CAPÍTULO
06
BURNOUT ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM ÉPOCA DE CORONAVÍRUS: O QUE DIZEM AS EVIDÊNCIAS
CIENTÍFICAS?
Alice Beatriz de Oliveira Sampaio; Aline Paranaguá Cirqueira; Filipe Souza Leite de Brito; Samylla Maira Costa Siqueira
DOI: 10.37885/201202671.................................................................................................................................................................................. 64
SUMÁRIO
CAPÍTULO
07
CRIAÇÃO DE FLUXO ASSISTENCIAL PARA PESSOAS COM FERIDAS COMPLEXAS, NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA
COVID-19
Rose Ana Rios David; Fernanda Matheus Estrela; Claudia Silva Marinho; Renata da Silva Schulz; Juliana Bezerra do Amaral; Nayara
Silva Lima; Janaína Nascimento Lassala; Daniela Alencar Vieira; Ana Paula Fernandes; Onsli dos Santos Almeida; Amanda Cibelle
Gaspar dos Santos; Mirela Argolo Ferreira; Renata Pacheco Reis; Getisêmani Kundsen Menezes Santos
DOI: 10.37885/210203321................................................................................................................................................................................... 76
CAPÍTULO
08
CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM TEMPOS DE PANDEMIA: REVISÃO DE
LITERATURA
Gessianny Emanuelly de Lima Silva; Samira Mislane da Silva Santos; Taís Badé da Silva; Angélica de Godoy Torres Lima; Suênia de
Sousa Silva Batista; Iracema Mirella Alves Lima Nascimento; Mirtson Aécio dos Reis Nascimento
DOI: 10.37885/201202675.................................................................................................................................................................................. 84
CAPÍTULO
09
DESENVOLVIMENTO DE VÍDEO EDUCATIVO SOBRE OS IMPACTOS DO ISOLAMENTO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL DOS
IDOSOS
Denise Conceição Costa; Izadora de Sousa Neves; Ana Larissa Gomes Machado
DOI: 10.37885/210203409................................................................................................................................................................................. 95
CAPÍTULO
10
EVIDÊNCIAS ESTRATÉGICAS PARA O TRATAMENTO DE GESTANTES COM INFECÇÕES POR CORONA VÍRUS: REVISÃO
INTEGRATIVA
José Francisco Ribeiro; Arianne Lara Ibiapina Ribeiro; Adriana Pereira Ibiapina Ribeiro; Cleonilde Alves da Silva Costa; Maria Elidiane
Lopes Ferreira Lima; Annelli Victória Moura Oliveira
DOI: 10.37885/210202982............................................................................................................................................................................... 102
CAPÍTULO
11
IMPACTO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA NA MORTALIDADE DOS PACIENTES DE CÂNCER PULMONAR E DE
COVID-19
Khívio Dantas Souza; Gabriel Lucena Reis; Deborah Maria Simões; Ana Beatriz Mesquita Andrade; Lyvia Maria Fernandes; José Jailson
Costa Nascimento
CAPÍTULO
13
IMPACTOS NA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO ENFRENTAMENTO DA COVID-19
José Aderval Aragão; Layla Raíssa Dantas Souza; Bianca Holz Vieira; Francisco Prado Reis
DOI: 10.37885/210303550................................................................................................................................................................................133
CAPÍTULO
14
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE COVID-19 NO INTERIOR DE GOIÁS
Gabriela Camargo Tobias; Ligia Vanessa Silva Cruz Duarte; Amanda Caroline da Silva Faria; Bruna Aniele Cota; Cristiane Chagas Teixeira
CAPÍTULO
15
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS CONFIRMADOS DE COVID-19 NO ESTADO DE GOIÁS
DOI: 10.37885/201102353.................................................................................................................................................................................155
CAPÍTULO
16
PROCEDIMENTOS DE BIOSSEGURANÇA PARA AS REALIZAÇÕES DOS ATENDIMENTOS ODONTOLÓGICOS NO PERÍODO
PANDÊMICO DO COVID-19
Larissa Pinheiro de Araújo; Iany Rodrigues de Souza; Jabes Gennedyr da Cruz Lima; Luiz Gustavo Xavier; Cristiane Kalinne Santos
Medeiros; Débora Frota Colares; Thalita Yasmin Assis de Oliveira Guedes; Juliana Campos Pinheiro; Glória Maria de França;
Rafaella Bastos Leite
DOI: 10.37885/210203052................................................................................................................................................................................ 167
CAPÍTULO
17
PRODUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL E A COVID-19 NA CHAPADA VALE DO ITAIM-PI
10.37885/210203287
RESUMO
14
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
15
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
METODOLOGIA
16
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Conforme ocorreu o aumento de casos moderados e graves de Covid-19 associado
à consequente necessidade de cuidados mais intensivos, frente à ausência de estrutura
adequada para evitar a contaminação entre pacientes e à quantidade de profissionais afas-
tados por Covid-19, foram adotadas estratégias como a confecção própria de máscaras do
tipo face shield e a organização de setores específicos para pacientes contaminados. Além
disso, foi necessário realizar a contratação temporária de profissionais atuantes nas UTI
a fim garantir o suporte de atendimento, como também foi relatado por Rodrigues e Silva
(2020) em outro hospital.
Apesar das medidas tomadas e dos cuidados com a prevenção da infecção por SARS-
COV-2, a quantidade de pacientes e profissionais com o teste positivo ou suspeitos de
Covid-19 obtiveram constante aumento durante o pico do número de casos, em maio de
2020. Em algumas ocorrências, a infecção acontecia no próprio cenário deste relato, visto a
fácil transmissibilidade do vírus e a condição de saúde dos internados, levando a óbito até
mesmo pacientes que se encontravam hospitalizados antes do início da pandemia.
17
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
é restrito perante a demanda crescente de várias patologias, e decorrente da gravidade e
restrição necessárias na fase aguda da infecção por SARS-COV-2 a atuação direta com
essa população não foi possível. Dentro os seis terapeutas ocupacionais assistenciais, deste
um proveniente do Programa de Residência Multiprofissional, houve um afastamento por
gravidez, e três por infecção pela Covid-19, havendo momentos em que apenas um profis-
sional respondia pela assistência prestada na instituição.
Apesar de não ter sido remanejando um terapeuta ocupacional para a atuação com
pacientes de Covid-19, a exemplo do relatado por Santos et al (2020) que interviram direta-
mente com pacientes, familiares e equipe linha de frente através de prescrição de recursos
de tecnologia assistiva, ações para prevenir síndrome do imobilismo, ambiência e estratégias
de humanização; o serviço de Terapia Ocupacional seguiu atuante no reestabelecimento dos
pacientes vitimados por diversos traumas, havendo eventualmente algum paciente egresso
em decorrência de possível sequela por Covid-19.
Um caso que mostrou o quanto o conhecimento sobre os desfechos secundários da
Covid-19 ainda carecia de maiores estudos foi o atendimento a um paciente que desenvol-
veu trombose após, aproximadamente, 20 dias do final do ciclo de quarentena de 28 dias
orientado, evoluindo com amputação transfemoral. O paciente em questão foi identificado
com a infecção por SARS-CoV-2, sintomas leves a moderados, foi medicado e orientado o
período de quarentena, não havendo necessidade de internação. Porém o próprio paciente
identificou manchas arroxeadas em sua perna e procurou o serviço de urgência que identi-
ficou o quadro de trombose venosa profunda.
Cantamissa et al. (2020) relata em seu estudo que as repercussões do Covid-19 são
sistêmicas provando diversos desequilíbrios, dentre eles ressalta-se a o aumento na for-
mação de trombos por comprometer a microvasculatura e a macrovasculatura, acarretando
principalmente membros inferiores com edema, rubor, ardor e alto risco de tromboembolismo.
Casos de amputação já são frequentes na realidade brasileira, Biffi et al (2017) discorreu
em seu estudo que as principais causas de amputações no Brasil são de origem vascular.
O caso relatado, infelizmente, evoluiu com a necessidade de uma amputação a nível
transfemoral. As ações realizadas para contribuir com a independência do quadro caso em
questão considerava treinos de mobilidade funcional e vestir-se, considerando também a
prescrição de dispositivo auxiliar de marcha. Biffi et al (2017) identificou que dentre as ativi-
dades de vida diária, mobilidade funcional e vestir-se apresentam-se com maior frequência
entre as mais afetadas, dito isto reforça-se a necessidade do atendimento em fase aguda para
possibilitar uma reabilitação mais efetiva e culminando em maiores níveis de independência.
A intervenção terapêutica ocupacional na fase aguda contribui para um retorno mais
precoce a realização de suas atividades de vida diária, principalmente no que tange as
18
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
tecnologias assistivas para favorecer o desempenho ocupacional. O Ministério da Saúde
preconiza que treinos de mobilidade funcional são da fase pós cirúrgica, com intuito de pro-
mover independência e autonomia (BIFFI et al, 2017), logo o trabalho desenvolvido com a
pessoa amputada é de caráter crucial para desenvolver as habilidades de desempenho e
culminar em uma melhor e mais precoce reabilitação.
A incerteza sobre possibilidade de infectar ou ser infectado se fazia presente cotidia-
namente, seguido pela apreensão dos usuários e acompanhantes de pacientes traumatiza-
dos com relação à possibilidade de infecção por SARS-CoV-2, fez-se necessário adaptar a
rotina no serviço com o fortalecimento de ações em educação em saúde como estratégia
para sanar dúvidas e esclarecer medidas de prevenção. Estratégias de educação em saúde
apresentam-se como um desafio dentro da realidade brasileira, e a pandemia mostrou a
fragilidade que existe em reunir a sociedade em busca do bem coletivo através da adoção
de medidas restritivas, como isolamento social, em parte isso se credita a divulgação de
notícias falsas (PALÁCIO, TAKENAMI, 2020).
Por este motivo se faz necessário democratizar o acesso às informações, propagan-
do-as em linguagem que seja acessível a todos os públicos, em vista disso uma das ações
desenvolvidas foram a realização de atividades lúdicas na clínica pediátrica para disseminar
meios de precaução contra o vírus na rotina de cuidados com higiene, por meio de lingua-
gem acessível ao público infantil. Buscou-se também levar a informação as enfermarias com
pacientes adultos utilizando abordagens em grupo, incentivando a troca de saberes entre
pacientes, acompanhantes e equipe, com intuito também de esclarecer dúvidas.
Paralelo a pandemia por Covid-19, existe um trauma que, apesar de carecerem dados
fidedignos relacionados com o atual cenário da saúde brasileira, são frequente e acometem
idosos que são as fraturas de fêmur. Pedro et al (2019) descrevem as fraturas proximais de
fêmur como a epidemia do século XXI, fato este presenciado durante o período de quaren-
tena, podendo ser um trauma grave, estando intimamente relacionado com alta taxas de
morbimortalidade.
A presença de um paciente idoso no contexto hospitalar desperta na equipe, como
um todo, a necessidade de se fazer agentes disseminadores de educação em saúde no
momento inicial da epidemia. O zelo pelo bem comum, inicialmente visto como exagero pelo
senso comum, logo vai sendo tido como necessário para preservação da saúde coletiva.
Por ser uma população mais fragilizada, idosos ficam mais suscetíveis as infecções,
o estudo de Pedro et al (2020) relata que o ideal seja que a cirurgia ocorra dentro de 48
horas após a internação, sendo comum seu prolongamento por conta de indisponibilidade
de bloco cirúrgico e a presença de comorbidades e doenças de bases, sendo estes também
fatos comuns na instituição deste relato.
19
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Durante o período inicial foi comum ver idosos internando por conta de acidentes
domésticos, após avaliação terapêutica ocupacional inicial, logo iniciavam as intervenções
pautadas na manutenção de componentes do desempenho motor com intuito de prevenção
de lesões por pressão e manutenção de independência em atividades de vida diária, do
desempenho cognitivo para atenuar possíveis perdas advindas da internação, e as ações
de educação e saúde para disseminar a necessidade do uso de máscara, higienização fre-
quente das mãos e medidas de restrição de contatos, ato de difícil controle em enfermaria.
Mesmo com os cuidados sendo disseminados, o SARS-CoV-2 ainda vitimava idosos
que aguardavam pela cirurgia, o sentimento de ter falhado era nítido pela equipe que tentava
seguir com rotina, mesmo longe da linha de frente o perigo era real a cada atendimento.
Corroborando com o descrito por Veloso (2020) que a falta de segurança, falta de comunica-
ção, demandas elevadas e a pressão no trabalho, somadas a falta de suporte organizacional
são preletores para a síndrome de Burnout.
20
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Com a consolidação da pandemia, os profissionais de saúde lidaram com um espectro
de sentimentos, dentre eles o medo e a ansiedade relacionados à possibilidade de conta-
minação no ambiente de trabalho, no trajeto deste e a infecção de seus familiares (PRADO
et al., 2020). Além do isolamento social e consequente privação ocupacional, os profissionais
mantiveram suas atividades, em função do caráter essencial destas, e a rotina ocupacional
no ambiente domiciliar também precisou ser alterada, visto a maior exposição destes no
trabalho. Em decorrência dessa condição, sugere-se o aumento de patologias como a sín-
drome de Burnout (DE-CARLO et al., 2020; RODRIGUES; SILVA, 2020).
Em seu estudo Veloso (2020) descreveu fatores que podem desencadear a síndrome
de Burnout, estando intimamente ligados às condições de trabalho, como o aumento da
jornada deste, a carência de material e de equipamentos de proteção individual; e um fator
intrínseco do profissional, como a falta de experiência aliada ao trabalho em ambiente de
alto risco. Descrevendo o que o profissional, mesmo não constituindo a linha de frente de
cuidados, experimentou durante a primeira onda de infecção.
Diante do atual surgimento de mais casos ligados a novas variações do SARS-CoV-2,
unidades federativas chegam ao estado de calamidade na saúde pública em função da grande
quantidade casos graves e a limitação da disponibilidade de leitos, retornando, como um ciclo,
às condições relatadas. Logo no início de 2021 vimos o caos se instaurando em Manaus,
o agravamento da situação por uma variação do SARS-CoV-2, saturação dos sistemas pú-
blico e privado de saúde, número de óbitos voltando a aumentar, situação que o brasileiro
já havia vivenciado nos meses de março a maio, principalmente (ANDRADE et al, 2021).
Aliado a tudo isso, com quase 365 dias de pandemia oficializada pela Organização
Mundial da Saúde, a realidade aponta a ausência de estratégias efetivas de amparo ao
profissional de saúde, assegurando atenção à saúde mental e condições de trabalhos con-
tinuamente garantidas. Assim, os profissionais de saúde rememoraram toda uma variação
de sentimentos perante as incertezas que sobrepuseram a esperança da vacinação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
21
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
O atual contexto vivenciado propõe constante atualização, cuidados e adequações,
tanto aos profissionais de saúde, quanto aos gestores do seguimento e à população como
um todo, a fim de proteger a saúde individual e coletiva e a adaptação do funcionamento
de serviços de saúde.
REFERÊNCIAS
1. ANDRADE, Roberta Ferreira Coelho de et al. Ciência e resistência em tempos de pande-
mia. Reves - Revista Relações Sociais, [S.L.], v. 4, n. 1, p. 01-06, 26 jan. 2021. Universidade
Federal de Vicosa. http://dx.doi.org/10.18540/revesvl4iss1pp0001-0006ap.
2. BIFFI, Rubiani Ferracin; ARAMAKI, Alberto Luiz; DUTRA, Fabiana Caetano Martins Silva e;
GARAVELLO, Ivania; CAVALCANTI, Alessandra. Levantamento dos problemas do dia a dia
de um grupo de amputados e dos dispositivos de auxílio que utilizam. Revista de Terapia
Ocupacional da Universidade de São Paulo, [S.L.], v. 28, n. 1, p. 46-53, 8 jun. 2017. Uni-
versidade de Sao Paulo, Agencia USP de Gestao da Informacao Academica (AGUIA). http://
dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v28i1p46-53.
3. CANTAMISSA, Mariana Louback Dias; ALMEIDA, Walace Calixto Pereira de; SILVA, Emanuel
Francisco Graize; OLIVEIRA, João Marcos Fernandes; SILVA, Luiz Carlos Ferreira; SILVA,
Juliana Santiago da. RELATO DE CASO: trombose venosa periférica como consequência se-
cundária a infecção do novo coronavírus. In: VI SEMINÁRIO CIENTÍFICO DO UNIFACIG, 7.,
2020, S.I.. Anais [...] . S.I.: Unifacig, 2020. v. 6, p. 1-5. Disponível em: http://www.pensaraca-
demico.unifacig.edu.br/index.php/semiariocientifico/article/view/2233. Acesso em: 21 fev. 2021.
6. GUIMARÃES, Cátia. Antes, durante e depois da pandemia: que país é esse?. Escola Poli-
técnica de Saúde Joaquim Venâncio/ Fiocruz. Rio de Janeiro, p. 1-6. Set. 2020. Disponível
em: http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/antes-durante-e-depois-da-pandemia-que-
-pais-e-esse. Acesso em: 14.fev.21
7. MARCHETI, Maria Angélica; LUIZARI, Marisa Rufino Ferreira; MARQUES, Fernanda Ribeiro
Baptista; CAÑEDO, Mayara Carolina; MENEZES, Larissa Fernandes; VOLPE, Isabela Guima-
rães. Acidentes na infância em tempo de pandemia pela COVID-19. Revista da Sociedade
Brasileira de Enfermeiros Pediatras, [S.I.], p. 16-25, 29 out. 2020. Sociedade Brasileira de
Enfermeiros Pediatras. http://dx.doi.org/10.31508/1676-3793202000000123.
8. PRADO, A. D.; PEIXOTO, B. C.; DA SILVA, A. M. B.; SCALIA, L. A. M. A saúde mental dos
profissionais de saúde frente à pandemia do COVID-19: uma revisão integrativa. Revista
Eletrônica Acervo Saúde, n. 46, p. e4128, 26 jun. 2020.
22
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
9. PALÁCIO, Maria Augusta Vasconcelos; TAKENAMI, Iukary. Em tempos de pandemia pela
COVID-19: o desafio para a educação em saúde. Vigilância Sanitária em Debate, [S.L.], v. 8,
n. 2, p. 10-15, 29 maio 2020. Vigilancia Sanitaria em Debate: Sociedade, Ciencia y Tecnologia.
http://dx.doi.org/10.22239/2317-269x.01530.
10. PEDRO, João Ricardo; BRITO, Joaquim Soares do; SPRANGER, André; ALMEIDA, Paulo;
LANDEIRO, Filipa. Tratamento Cirúrgico E Resultados Obtidos Nas Fraturas Proximais Do
Fémur No Idoso: uma epidemia para o século XXI. Rev Port Ortop Traum, [S.I.], v. 27, n. ,
p. 167-180, set. 2019.
12. SANTOS, N. R. M.; BELO, A. C.; SANTOS, D. D. A.; BRITO, J. S.; NASCIMENTO, L. S.; CA-
VALCANTI, G. L. O. S.; SILVA, T. S. Plano de ação institucional de terapeutas ocupacionais
de um hospital escola de Pernambuco frente a pandemia de COVID-19. Rev. Interinst. Bras.
Ter. Ocup., Rio de Janeiro. v. 4, n. 4, p. 389-396, 2020.
13. STERZO, Mario Cesar Stocco, ROSAN, Rosano Antônio Carvalho, OLIVEIRA, Helder Santos,
FORNARI, João Victor, NONOSE, Nilson, NINOMIYA, André Felipe. Impacto Da Quarentena
Decorrente Da Pandemia De Covid-19 Na Rotina De Cirurgias De Diáfise Da Tíbia. Interna-
tional Journal Of Health Management Review, [S.I.], v. 6, n. 2, p. 1-6, 2020.
14. VELOSO, Rita Sofia da Silva. Burnout nos profissionais de saúde durante a pandemia
covid-19. 2020. 79 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado Integrado de Psicologia,
Universidade do Porto, Porto, 2020.
23
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
02
“ A interdisciplinaridade da Telesaúde e
sua visibilildade na época da Pandemia:
novas tecnologias resolvendo antigos
problemas
10.37885/201202650
RESUMO
26
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
27
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Diante do exposto, surge a seguinte questão norteadora: No contexto das novas tecno-
logias e sua interface com a sociedade, o trabalho na área da saúde por meio do implemento
de novas podem influenciar de maneira positivas a área dos profissionais da saúde?
Este estudo apresentou como objetivo geral identificar a telesaúde como ferramenta
viável a ser utilizada no Brasil.
Especificamente, buscou-se:
Para conseguir atingir tais objetivos, seguiu-se uma trilha metodológica científica.
METODOLOGIA
28
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
RESULTADOS E DISCUSSÕES
1 Embora nos remeta a contemporaneidade, questões sobre inovação tecnológica já foram abordadas por Schumpeter (1997), rela-
tando que inovações são as novas combinações de materiais e forças: a produção de coisas novas ou das mesmas coisas utilizando
método diferente, ou ainda, a combinação diferente dos mesmos materiais ou forças.
29
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
amplia para diversas outras frentes e conta com tipos de aplicações diferenciadas, como
descrita no Quadro 1.
30
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
desta pesquisa, que estão no mercado de trabalho não tiveram a oportunidade de cursar
tal disciplina na graduação, buscaram esse tipo de conhecimento na pós graduação. Já a
autora que encobtra-se na graduação, tem contato direto com a temática por meio de uma
disciplina específica, complementando sua formação e reverberando recurso humano com
competência e habilidade para atuar na telesaúde.
31
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. ANS. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Nota Técnica nº 6/2020. Disponível em: https://
www.ans.gov.br/images/stories/noticias/pdf/covid_19/nota-tecnica-6-2020-dirad-dides-dides.
pdf . Acesso em out. 2020
2. ASSUMPÇÃO, R.; ROCHA, O. C.; CASAES, R. S.; NUNES, R. S. C. Brazilian Journal Deve-
lopment. v. 6. n 10. Curitiba. 2020. O uso da telemedicina e telessaúde para os profissionais
da área veterinária durante a pandemia: a importância de teleconsultas para animais de pe-
queno e médio porte. Disponível em https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/
view/18172. Acesso em out. 2020.
3. CAETANO, R.; SILVA, A. B.; GUEDES, A. C. C; M; de PAIVA, C. C. M.; RIBEIRO, G; R.; SAN-
TOS, D. L.; SILVA, N. R. Desafios e oportunidades para telessaúde em tempos da pandemia
pela COVID-19: uma reflexão sobre os espaços e iniciativas no contexto brasileiro. Cadernos
de Saúde Pública. 36 n. 5. FIOCRUS. 2020. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?s-
cript=sci_arttext&pid=S0102-311X2020000503001 Acesso em out. 2020.
4. CFMV. Conselho Federal de Medicina Veterinária. Segunda plenária virtual aprova reso-
luções e debate assuntos emergenciais. Disponível em https://www.cfmv.gov.br/segun-
da-plenaria-virtual-aprova-resolucoes-e-debate-assuntos-emergenciais/comunicacao/noti-
cias/2020/05/20/. Acesso em out. 2020.
32
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
6. GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
v. 2, 2009.
7. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012.
9. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia Científica. 4ª. ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2004. SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação
sobre lucros, capital, credito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
11. VIEIRA, S. C.; BERNARDO, C. H.; LOURENZANI, A. E. B. S.; SATOLO, E. G.. La historia
de la extensión agrícola en Brasil: de la reproducción a la reflexión. Historia Actual On-line,
v. 52, p. 45-56, 2020. Disponível em https://historia-actual.org/Publicaciones/index.php/hao/
article/view/1868. Acesso em out. 2020. Acesso em out. 2020.
12. WEN, C, L.; HADAD, A. E. Projeto de Telemática e Telemedicina em apoio à atenção primária
no Brasil. Revista de Telemedicina e Telesaúde. v. 2, n 2. 2006. Disponível em https://teleme-
dicina.fm.usp.br/portal/wp-content/uploads/2015/01/jornal_dez2006.pdf. Acesso em nov. 2020.
14. WEM, C. L. Cadeia Produtiva de Saúde: uma concepção mais ampla da Telemedicina e Teles-
saúde. Revista de Telemedicina e Telesaúde. v. 2, n 2. 2006. Disponível em https://telemedi-
cina.fm.usp.br/portal/wp-content/uploads/2015/01/jornal_dez2006.pdf . Acesso em nov. 2020.
33
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
03
“ A pesquisa em cirurgia em tempos
de pandemia: o uso de dispositivos
de aquecimento em pacientes com
hipotermia pós-operatória na Fundação
Hospital Adriano Jorge
Daniel Wajnperlach
UEA/FHAJ
10.37885/210202999
RESUMO
35
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
Quando as notícias chegaram sobre um novo vírus que tinha se alastrado pela China
no final do ano de 2019, nunca imaginaríamos que ele chegaria ao Brasil, e muito menos a
cidade de Manaus. E assim seguíamos com nossas confraternizações de final de ano, tendo
a fé de que o vírus não chegaria a nossa “pequena” metrópole com quase 2,2 milhões de
habitantes (AMAZONAS ATUAL, 2021).
Com o aumento do número de casos, mortes na China e o rápido avanço da conta-
minação em outros países percebeu-se que não se tratava de uma “gripezinha”. Então, em
fevereiro de 2020, fora confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, era um homem que
tinha vindo da Itália, e residia em São Paulo. Nesse momento, acredito que muitas pessoas
começaram a ter medo que o vírus chegasse as suas cidades.
Em 13 de março de 2020, houve o primeiro caso confirmado da Covid-19 em Manaus.
Nessa época, os jornais não falavam de outra coisa além do avanço do vírus pelo mundo
e a devastação que o acompanhava. A população manauara aterrorizada com as notícias
começou a tomar suas medidas preventivas: comprar máscara, produtos de limpeza e mui-
to álcool em gel.
Com a alta procura pelas máscaras e por álcool em gel, os preços desses produtos
deram um salto, chegando a ficar mais caro que o litro da gasolina. Seguindo o histórico das
notícias, os caminhoneiros estraram em greve, os supermercados lotaram-se de pessoas
querendo comprar alimentos para estocar em suas casas, pois todos tinham medo de que
a cidade entrasse em um colapso total.
Com o rápido aumento de novos casos de Covid em Manaus, um clima de tensão pairou
sobre nós, e as felizes puladas de carnaval agora se transformavam em medo e incertezas
de se estar infectado. Aconteceu o início do primeiro colapso do sistema de saúde: falta-
vam respiradores, leitos e esperança. A chamada “primeira onda” deixou muitas sequelas
e perdas para muitas famílias amazonenses.
O período de restrição total ou também chamado de lockdown durou aproximadamente
um mês, até que os casos começaram a diminuir pela primeira vez em cerca de dois meses,
parecia que o pior havia passado. Todos nós tivemos que nos adequar aos novos modelos
de aula, e trabalhos em casa, por meio da internet fazendo videoaulas e videoconferências,
pois mesmo com os casos diminuindo as aulas não retornaram.
O roteiro da pesquisa modificou-se diante das devidas e necessárias restrições, dentre
elas a de distanciamento social. Outro fator interveniente relacionou-se à presença de pes-
soas nos hospitais, fato que tem dificultado o desenvolvimento do projeto e que fez com que,
nós pesquisadores, levássemos mais tempo do que o esperado para alcançar os resultados,
ao menos, parciais da pesquisa.
36
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
O temor constante, o medo de nos contaminarmos, o medo de contaminarmos as
pessoas as quais amamos e o medo do contato físico provocaram limitações. O que antes
era algo tão comum e humano, agora se tornou proibido. Mas, mesmo assim, diante deste
cenário caótico, precisamos ser fortes, ou pelo menos aparentar isso, pois afinal era em nós
profissionais que o paciente espera encontrar segurança, e é com nós, que nossos familiares
contam se algo acontecer com eles.
Apesar da Fundação Hospital Adriano Jorge-FHAJ não ser um hospital da linha de
frente contra a Covid-19, ele sofreu com a pandemia, e seus pacientes mais ainda. As cirur-
gias mais realizadas, por exemplo, com o paciente com Covid-19 foram as traqueostomias.
Por consequência, as cirurgias eletivas diminuíram drasticamente, ao ponto de apenas
realizarem-se as cirurgias de urgências que são oferecidas pelo hospital, devido o caos que
o sistema de saúde de Manaus vivencia. O olhar para os doentes do coronavírus agora é
prioritário, embora todos que estão ali estejam precisando.
A falta de oxigênio foi sem dúvidas a principal dificuldade encontrada, e que expôs a
fragilidade do sistema de saúde do Amazonas para o mundo e que deixou o Hospital Adriano
Jorge uma semana sem cirurgias pela falta de oxigênio na cidade. O olhar de chateação
e indignação dos pacientes que tiveram suas cirurgias canceladas era visível e, o olhar
de cansaço de muitos dos profissionais da saúde é marcante. Afinal, eles não trabalham
somente em um hospital, então são muitas horas trabalhadas, muito estresse constante e
vendo muitas vidas ceifadas, sem nada poder fazer.
Com tantas perdas e tanto sofrimento iminente, é difícil continuar sendo esperançosa,
mas sei que é preciso ser. Certa vez ouvi falar que “tudo aquilo que você foca, expande”
então tenho tomado essa frase como verdade para minha vida, e tentando focar nas coisas
boas que posso tirar dessa pandemia.
Focar naqueles que posso ajudar, focar nos bons profissionais que estão fazendo de
tudo por seus pacientes, focar na funcionária da limpeza que está dando o seu melhor para
deixar o hospital limpo e sem o vírus, focar nos profissionais que estão ajudando outros
profissionais com as crises de ansiedade por eles manifesta, focar na população com atos
de bondade doando oxigênio para o hospital, focar em empresários que estão enviando
suprimentos para os hospitais, enfim, focar na bondade das pessoas em frente ao caos.
Mas também aprender a valorizar: valorizar as pessoas que estão à nossa volta, va-
lorizar nossos familiares, valorizar coisas simples da vida como a ação de poder abraçar
alguém querido, valorizar sair na rua ou poder passear, assistir um filme ou simplesmente
olhar para o céu e saber e poder agradecer por está indo tudo bem com aqueles que ama-
mos. Valorizar o que era comum e era belo.
37
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
A Fundação Hospital Adriano Jorge-FHAJ é um centro de referência na área da saúde
dentro da cidade de Manaus e no Estado do Amazonas. Especializada em diversos procedi-
mentos, a mesma realiza um grande serviço à sociedade amazonense, realizando consultas
a nível ambulatorial e de alta complexidade devidamente equipadas juntamente com um
centro cirúrgico onde são realizadas diversas cirurgias. Segundo os dados fornecidos pela
FHAJ no ano de 2018, foram realizadas durante o exercício deste ano, 6.104 cirurgias, com
demanda média de 509 cirurgias ao mês, sejam estas eletivas ou mesmo de urgência.
No âmbito de cirurgias, embora os tantos avanços da medicina, existem ainda, diver-
sos acontecimentos que podem vir a ocorrer gerando complicações na cirurgia, dentre eles
o risco da infecção de sítio cirúrgico que está entre os três maiores, pois é um assunto de
grande relevância em todas as unidades hospitalares, por agravar a cirurgia do paciente e
gerar grandes preocupações para as instituições e para as equipes envolvidas neste contexto.
Devido a isso, é imprescindível na realização de cirurgias o uso de dispositivos de
aquecimento em pacientes com hipotermia pós-operatória. Portanto, é importante que seja
controlada a hipotermia do paciente no centro cirúrgico por ser fator fundamental no controle
da ISC e por se tratar de um evento corriqueiro acometido com os pacientes submetidos ao
procedimento anestésico-cirúrgico, sendo fator agravante para complicações futuras como
a infecção, por exemplo.
Em cirurgias, o controle da hipotermia é realizado pelo anestesiologista. Esses pro-
fissionais se utilizam de materiais como oxímetro, aparelho de pressão arterial, monitores
informando a saturação do paciente e outras informações vitais para que ocorra monitoriza-
ção adequada do cliente, visando a manutenção da homeostase corporal dentro dos limites
da cirurgia realizada.
O controle da hipotermia é realizado pelos anestesiologistas por meio de matérias como
dispositivos que podem ser classificados em passivos (cobertores, tocas, enfaixamento dos
membros com algodão ortopédico e atadura de crepe, mantas aluminizadas, entre outros) e
ativos (sistemas de aquecimento por ar, água, radiação, mantas de fibra de carbono, dentre
outros) (MOYSÉS, 2014).
É importante ressaltar que maioria dos anestésicos altera o controle da temperatura
central, inibe as respostas termorreguladoras contra o frio, como vasoconstrição e tremores
musculares. Além disso, a maioria desses fármacos tem efeito vasodilatador, considerado o
mecanismo responsável pelo fenômeno da redistribuição (SESSLER e MATSUWAKA apud
MENDONÇA et al., 2019). Durante a anestesia há redução da taxa metabólica, do consumo
de oxigênio e da produção de calor. A redistribuição interna de calor no organismo após
indução anestésica é a causa mais importante de hipotermia perioperatória e é proporcional
ao gradiente de temperatura entre os compartimentos centrais e periféricos (IBDEM, 2019).
38
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
A hipotermia não intencional, definida como temperatura sanguínea central menor que
36ºC ocorre frequentemente durante a anestesia e a cirurgia devido à inibição direta da ter-
morregulação pelos anestésicos, à diminuição do metabolismo e à exposição do paciente ao
ambiente frio das salas cirúrgicas. Didaticamente, classifica-se hipotermia em leve (34º C a
36º C), moderada (30º C a 34ºC) e grave (menor que 30ºC) (WARTTIG, 2014).
Dentre as implicações relacionadas à ocorrência da hipotermia perioperatória indesejada
incluem-se o aumento do risco de sangramento, taquicardia, eventos cardíacos mórbidos,
infecção do sítio cirúrgico (também conhecida por ISC) e prolongamento do período de in-
ternação além de fatores agravantes para a cirurgia (LI BASSI apud MOYSÉS et al., 2014).
Outras complicações possíveis são rebaixamento do nível de consciência, aumento da meia
vida farmacológica dos anestésicos, redução do débito urinário, tremores, exacerbação da
dor pós-operatória, aumento do risco de trombose venosa profunda por ocasionar estase
venosa e demanda elevada de oxigenação (MORETTI et al. apud MOYSÉS et al., 2014).
Até 20% dos pacientes desenvolvem hipotermia no período perioperatório. Essa inci-
dência aumenta significativamente no período pós-operatório, varia de 60% a 90%. Como
a hipotermia mesmo leve pode resultar em desfechos desfavoráveis, é imperativo que o
anestesiologista intervenha ativamente no mecanismo da hipotermia perioperatória para
prevenir seus efeitos deletérios (KURZ apud MENDONÇA et al., 2019).
A manutenção da normotermia reduz os efeitos indesejáveis da hipotermia, sendo a
prevenção através do aquecimento, o método mais efetivo (PEREIRA, 2019). Muitas são
as hipóteses para a ocorrência da hipotermia transoperatória, incluindo a indisponibilidade
de dispositivos térmicos ativos, a refrigeração da sala cirúrgica e o desconhecimento de
métodos mais eficazes dentre os disponíveis para sua prevenção.
METODOLOGIA
39
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Há poucas publicações sobre o uso de dispositivos em pacientes hipotérmicos e ainda
mais escasso no âmbito da FHAJ, amazonas, embora a FHAJ se realizar vasta variedade
de cirurgias e ter um quadro de anestesiologistas satisfatório para a pesquisa. Fomentando
assim informações úteis para sociedade acadêmica, equipe cirúrgica e pesquisas futuras.
A proposta de pesquisa surgiu após se verificar a necessidade de averiguar o uso de
dispositivos de aquecimento em pacientes com hipotermia dentro da Fundação Hospital
Adriano Jorge-FHAJ, bem como a proposição adequada do tema pelos orientadores que no
processo elaboração e execução tiveram papeis fundamentais. O modelo de estudo qualita-
tivo etnográfico prospectivo de estudo de série de casos contempla um questionário acerca
do uso desses dispositivos e sendo voltado especificamente para os anestesiologistas.
As hipóteses apresentadas são as seguintes: Se os anestesistas da FHAJ não possuem
conhecimento total sobre os dispositivos térmicos presentes na unidade ou a mesma não
possui os dispositivos adequados para o uso dos pacientes, seja por falta ou algum outro
problema relacionado poderia gerar uma complicação peri e/ou pós-operatória no paciente
decorrente do desconhecimento quanto a manutenção da temperatura. Ainda, uma segunda
hipótese, relaciona-se com a temperatura da sala de cirurgia não é monitorada de forma
adequada de acordo com os valores aconselhados, também, poderia causar prejuízos ou
danos à saúde do paciente submetido à cirurgia.
Por conseguinte, é valioso haver o conhecimento sobre a definição de cada pacien-
te para assim traçar um delineamento para e posteriormente averiguar a capacidade de
resolução de cada caso e quais materiais foram utilizados. A pesquisa tem sido aplicada
da seguinte maneira: um questionário feito com 10 perguntas que é encaminhado para o
anestesiologista acerca da sua conduta frente à monitorização do paciente e resolução
de possível desfecho de hipotermia no período transoperatório. O questionário é bastante
explícito e autoexplicativo, não deixando margens para interpretações que não sejam as
apontadas pelo estudo. Vale ressaltar que a confidencialidade de cada profissional é algo
importante neste projeto e, portanto, será preservada, não havendo retaliações ou punições
de nenhumas as partes, apenas interesse acadêmico e objetivo. As indagações a serem
respondidas são sobre materiais e procedimentos que o médico anestesiologista utiliza seja
no período operatório ou pós-operatório.
40
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Quadro 1. Questionário sobre o uso de dispositivos de aquecimento no pós-operatório
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO
PERGUNTAS
1) Você monitoriza a temperatura do seu paciente no período perioperatório?
Sempre
( ) Quase sempre.
( ) Ocasionalmente.
( ) Raramente.
( ) Nunca.
2) Qual seu local preferencial para a colocação do sensor de temperatura?
( ) Esôfago.
( ) Periorbitário.
( ) Axilar.
( ) Sublingual.
( ) Retal.
3) No período pós-operatório, você coloca sensor de temperatura no paciente?
( )Sempre.
( ) Quase sempre.
( ) Ocasionalmente.
( ) Raramente.
( ) Nunca.
4) No período pós-operatório, qual o local onde você afere a temperatura do seu paciente?
( ) Esôfago.
( ) Periorbitário.
( ) Axilar.
( ) Sublingual.
( ) Retal.
5) Você se preocupa com a temperatura da sala de cirurgia?
( ) Sempre.
( ) Quase sempre.
( ) Ocasionalmente.
( ) Raramente.
( ) Nunca.
6) Você solicita a alteração de temperatura da sala ao responsável com que frequência?
( ) Sempre.
( ) Quase sempre.
( ) Ocasionalmente.
( ) Raramente.
( ) Nunca.
7) Quais métodos estão disponíveis na unidade para aquecimento do paciente (marque todos que souber):
( ) Manta térmica.
( ) Aquecedor ativo de equipo (ranger).
( ) Cobertor elétrico.
( ) Lençóis aquecidos.
( ) Soros aquecidos.
8) Quais dos acima você utiliza com regularidade?
( ) Manta térmica.
( ) Aquecedor ativo de equipo (ranger).
( ) Cobertor elétrico.
( ) Lençóis aquecidos.
( ) Soros aquecidos.
9) Costuma fazer uso de Petidina (meperidina, dolantina) em pacientes com tremor (shivering) na SRPA?
( ) Sempre.
( ) Quase sempre.
( ) Ocasionalmente.
( ) Raramente.
( ) Nunca.
10) Abaixo de qual temperatura você considera intervir com métodos ativos de aquecimento do seu paciente?
( ) 36°.
( ) 35,7°.
( ) 35,3°.
( ) 34°.
Fonte: Próprios autores da pesquisa, 2020.
41
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÕES
42
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
mesmo acerca do tema e de dispositivos de aquecimento para a manutenção da temperatura
caso necessário.
A hipotermia acomete cerca de 20% dos pacientes no perioperatório, número que
aumenta no pós-operatório (KIM, 2019). Os pacientes hipotérmicos passam mais tempo in-
ternados quando comparados a pacientes normotérmicos (PRADO, 2015). A monitorização
sistemática pós-operatória é imprescindível para estes pacientes, mas ainda assim não é
um padrão de atendimento no Brasil.
REFERÊNCIAS
1. KIM, D. Hipotermia no pós-operatório. Crit. Careagudo, 2019.
4. PEREIRA, Nathália Haib Costa; MATTIA, Ana Lúcia De. Complicaciones postoperatorias rela-
cionadas con la hipotermia intraoperatoria. Enferm. glob., Murcia, v. 18, n. 55, p. 270-313, 2019.
43
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
04
“ ACNE vulgaris provocada pela máscara
10.37885/210102700
RESUMO
45
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
46
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
da mascara e por conta disso a infecção bacteriana se prolifera, em alguns casos até mesmo
fungos (WRBL.COM. 2020)
Dermatologistas descrevem as lesões cutâneas Maskne como lesões inflamatórias
cutâneas causadas por lesão mecânica. Histologicamente a acne de lesão mecânica é idên-
tica a acne vulgaris, porém pelo fato do uso constante da máscara e a ação queratinocítica,
pode se tornar processo crônico de longa duração, porém quando as forças mecânicas são
retiradas as lesões e pruridos são eliminados (DRENO, B; Et, al. 2015)
OBJETIVO
Esse estudo objetivou realizar uma busca na literatura considerando as atuais notícias
e decretos da pandemia mundial COVID19 fazendo a relação com o evento presenciado das
Maskne de lesões inflamatórias na pele característico de acne vulgaris, com a proposta de
elucidar e relacionar com estudos científicos o atual momento mundial.
METODOLOGIA
Esse estudo possui caráter de uma revisão integrativa de literatura, através de notícias
oficiais e decretos de organizações mundiais correlacionando com a literatura já existente
estabelecendo uma relação entre os atuais eventos.
RESULTADOS
O uso de máscaras teve início no campo cirúrgico, para trabalhadores da área da saúde,
em 1897, com o objetivo de proteger esses profissionais contra a exalação de patógenos
durante procedimentos (PAWLOWSKI, A. 2020). No entanto, o uso de máscaras pelo pú-
blico em geral se difundiu principalmente nos países asiáticos, devido ao surto da síndrome
respiratória aguda grave (SARS) na China em 2003, e, na sequência, em 2009, durante a
disseminação da influenza H1N1 (WANG, 2020). Com o surgimento da pandemia pelo co-
ronavírus, as pessoas foram estimuladas a utilizar as máscaras como método de prevenção
da contaminação pelo COVID-19 e diante desse cenário, doenças dermatológicas foram
exacerbadas e/ou desencadeadas pelo uso prolongado desses equipamentos de proteção
( SZEPIETOWSKI, J.C., 2020).
Os casos de Maskne vem aumentando devido ao uso da máscara. Pessoas que até hoje
não tinham sido acometidas pela acne vulgaris, vem relatando a presença dessa patologia.
Apesar dessa nova afecção ainda não ser totalmente elucidada, as dermatoses faciais já vi-
nham sido associadas ao uso de máscara por profissionais da saúde que utilizavam a máscara
47
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
em ambiente de trabalho por longo período (GOMOLIN, T. A; CLINE, A; RUSSO, M. 2020).
Mas as alterações na pele pelo uso da máscara são diversas, Szepietowski et al realizou
um estudo para avaliar a prevalência de prurido desencadeado pelo uso de máscaras na
população geral, foram selecionados 2315 estudantes poloneses e concluiu que derma-
toses prévias, como pele sensível, dermatite atópica, acne e dermatite seborreica podem
aumentar a sensação de prurido. (SZEPIETOWSKI, J.C., 2020). Nesse mesmo sentido, Zuo
et al realizou um questionário com 198 profissionais de saúde que utilizavam máscara do
tipo N95, entre o grupo 129 participantes continham dermatoses previamente e reportaram
exacerbação delas, sendo 43.6%(N=44) referentes a acne (ZUO, 2020). Apesar de atual-
mente, ter sido criado um termo para denominar a acne do uso de máscara, essa doença
não é recente, Foo et al havia descrito as alterações dermatológicas com o uso de equipa-
mentos de proteção em 2004, com a pandemia da SARS. O estudo avaliou profissionais da
saúde e constatou que 109 (35,5%) dos 307 funcionários que usavam máscaras relataram
acne (59,6%), prurido na face (51,4%) e rash na pele (35,8%) devido ao uso da máscara
N95 (FOO, 2006).
O surgimento ou piora da acne pode ter relação com alguns fatores resultantes da
oclusão realizada pela máscara, isso provoca alterações devido ao efeito da temperatura
mais alta e aumento da umidade no local, o que leva a um provável desequilíbrio da flora
bacteriana (HAN, I. 2020) O aumento da temperatura altera a a taxa de excreção de sebo
(TES) e transforma a estrutura do esqualeno. A TES varia diretamente quando a tempera-
tura local muda, e a excreção de sebo aumenta em 10% para cada aumento de 1°C , já o
esqualeno se torna mais lipídios de superfície (NARANG, I. 2019) Em relação à alteração da
umidade, esse fenômeno realiza um efeito de oclusão dos poros, principalmente por irritar as
porções superiores do ducto pilossebáceo e causar edema dos queratinócitos epidérmicos,
o que piora ainda mais a obstrução e leva à acne (HAN, I. 2020).
CONCLUSÃO
Apesar do termo atual “Mascne”, as alterações da pele com uso prolongado de más-
caras já são estabelecidas na literatura e, com isso, doenças dermatológicas como acne e
rosácea podem ser exacerbadas e pioradas pela oclusão inerente ao uso desse equipamento
de proteção individual. Por isso, é importante estimular os cuidados dermatológicas a fim de
manter a pele saudável e o usuário protegido contra o COVID-19. Contudo ainda sugerimos
estudos da patologia para elucidação do assunto.
CONFLITO DE INTERESSE
48
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de manejo clínico para o novo-coronavírus (2019-
nCoV). [cited 2020 set 15]. Available from: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/
fevereiro/11/protocolo-manejo-coronavirus.pdf.
2. DRENO, B; Et, al. Lesões cutâneas causadas por lesão mecânica. European Journal Der-
matology , Europa, v. 25, n. 2, p. 114-121, jun./2015.
3. FIGUEIREDO, Américo; Et al. Avaliação e tratamento do doente com acne . Revista Portu-
guesa de clínica geral, Portugal, v. 27, n. 1, p. 59-65, 2011.
4. FOO, C.C.I.; GOON, A.T.J.; LEOW, Y.H. et al. Adverse skin reactions to personal protective
equipment against severe acute respiratory syndrome a descriptive study in Singapore. Contact
Dermatitis, 2006; (5), 291–294.
6. HAN, C.; SHI, J.; CHEN, Y.; ZHANG, Z. Increased Flare of Acne Caused by Long-Time Mask
Wearing During COVID-19 Pandemic among General Population. doi: 10.1111/dth.13704.
7. NARANG, I.; SARDANA, K.; BAIPAI, R.; GARG, V.K. Seasonal aggravation of acne in summers
and the effect of temperature and humidity in a study in a tropical setting. J Cosmet Dermal.
2019 Aug;18(4):1098-1104.
8. PAWLOWSKI A. Coronavirus outbreak leads stores to sell out of face masks 2020 [acesso em
24 Set 2020]. Disponível em: https://www.today.com/health/coronavirusoutbreak leadsstores-
selloutfacemaskscanmaskst172730.
10. WANG, M.W.; ZHOU, M.Y.; JI, G.H.; YE, L.; CHENG, Y.R.; FENG, Z.H. et al. Mask crisis during
the COVID19 outbreak. Eur Rev Med Pharmacol Sci 2020; 24: 3397–3399.
11. WRBL.COM. ‘Maskne’ is the new acne and it’s caused by wearing a mask. Disponível em:
https://www.wrbl.com/news/health/coronavirus/maskne-is-the-new-acne-and-its-caused-by-we-
aring-a-mask/. Acesso em: 20 set. 2020.
12. WORLD HEALTH ORGANIZATION (2019). Report of the WHO-China Joint Mission on Coro-
navirus Disease 2019 (COVID-19). Disponível em: . Acesso em: 15 set. 2020
13. WORLD HEALTH ORGANIZATION. (2020). Advice on the use of masks in the context of CO-
VID-19: interim guidance, 6 April 2020. World Health Organization. https://apps.who.int/iris/
handle/10665/331693.
14. ZUO, Y.; HUA, W.; LUO, Y.; LI, L. Skin reactions of N95 masks and medial masks among
health care personnel: a selfreport questionnaire survey in China. Contact Dermatitis 2020
Apr 16. [Epub ahead of print].
49
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
05
“ Alocação de recursos para assistência
à saúde em tempos da Pandemia de
COVID-19: revisão integrativa
10.37885/210202955
RESUMO
51
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
52
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Nesse sentido, entende-se pertinente investigar quais informações têm sido publicadas
sobre a alocação de recursos no cenário da pandemia por Covid-19. Este estudo se justifica
por elucidar, diante da pandemia do Covid-19, quais ações têm sido desenvolvidas e discuti-
das no meio científico sobre a alocação de recursos. Os resultados têm o potencial de auxiliar
nas discussões e tomadas de decisões dos profissionais de saúde e pesquisadores da área.
Para a comunidade científica, o estudo é relevante pelo fato de o tema ser emergente e de
abrangência mundial, portanto, com capacidade de preencher lacuna importante na literatura.
Assim, este estudo teve por objetivo analisar as informações sobre a alocação de recur-
sos no contexto da pandemia do Covid-19, publicadas em periódicos científicos indexados,
no período de dezembro de 2019 a março de 2020.
DESENVOLVIMENTO
Percurso metodológico
53
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
O processo de seleção está representado na Figura 1. Vale destacar que de todas as
bases de dados da área de saúde existentes, foram localizados artigos apenas na base de
dados do Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), atendendo
aos critérios de inclusão estabelecidos. A Nota Técnica também fez parte desta revisão
devido à sua relevância para compreensão da temática em questão.
Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos para revisão integrativa de literatura, 2020
Após a seleção dos estudos, foi realizada leitura criteriosa do título e do resumo de
cada publicação, com o objetivo de verificar a consonância com a pergunta norteadora da
investigação. Quando ocorreram dúvidas referentes à inclusão ou exclusão de algum artigo,
o mesmo foi lido na íntegra de forma a reduzir potenciais perdas de publicações relevantes
para a pesquisa. A coleta de dados aconteceu na segunda quinzena do mês de março de
2020. Para a organização dos dados e viabilização da análise, um quadro sinóptico (Quadro
1) foi elaborado, utilizando-se o software Microsoft Office Word 2010.
De acordo com os aspectos éticos utilizados nesta revisão integrativa, foi assegurada
a autoria dos estudos pesquisados, de forma que todos estão devidamente referenciados.
54
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Resultados
No presente estudo, foram analisados seis artigos que atenderam aos critérios de
inclusão e exclusão estabelecidos. A seleção final dos estudos é apresentada no Quadro
1, segundo título, autores, ano e país de publicação, delineamento, objetivo e desfechos,
sendo as publicações apresentadas em ordem alfabética, por título.
Quadro 1. Síntese dos estudos analisados segundo título, autores, ano e país de publicação, delineamento, objetivo e
desfechos.
55
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Título, Autores, Ano e País Delineamento Objetivo Desfechos
Em relação aos estudos que compõem esta revisão integrativa, todos são oriundos
de revistas online e institutos científicos renomados, a saber: Institutos – MedRxiv (SJÖDIN
et al., 2020), Imperial College London (FERGUSON et al., 2020); Revistas - The New
England Journal of Medicine (EMANUEL et al., 2020), The Lancet Respiratory Medicine
(RAMANATHAN et al., 2020), Health Security (KOONIN et al., 2020) e NAM Perspectives
(HICK et al., 2020). A Nota Técnica (NORONHA et al., 2020) é um estudo selecionado que foi
escolhido por meio de busca manual no site do Centro de Desenvolvimento e Planejamento
Regional (CEDEPLAR), da Universidade Federal de Minas Gerais, sendo relevante para com-
por os subsídios das discussões desta pesquisa. Em relação ao delineamento dos estudos
selecionados, destacam-se o uso de pesquisas descritivas e quantitativas, com predomínio
das publicações nos Estados Unidos.
Pode-se perceber que os desfechos principais estão relacionados com as incertezas
frente à supressão ou mitigação da propagação do Covid-19 e os riscos das grandes de-
mandas para os serviços de saúde (SJÖDIN et al., 2020); a necessidade de se desenvolver
medidas para a tomada de decisão no que diz respeito à alocação de recursos (HICK et al.,
2020); recomendações para se considerar os valores éticos diante da escassez de recursos
(EMANUEL et al., 2020); estratificação das intervenções (FERGUSON et al., 2020); planeja-
mento e gerenciamento da escassez de recursos para controlar a pandemia (RAMANATHAN
et al., 2020); colaboração global e capacidade de adaptação em cenários de pandemias
(KOONIN et al., 2020).
56
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Discussão
57
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
leitos de UTI e equipamentos de ventilação assistida. O estudo considera a demanda em
função da pandemia de Covid-19 em um país em desenvolvimento, em intervalos de 01 a 06
meses. Os resultados evidenciaram que os principais problemas começariam a surgir quando
a taxa de infecção causada pelo Covid-19 alcançasse 1% da população para leitos gerais.
Ademais, o impacto sobre a capacidade de atendimento dependerá do horizonte temporal
dessa infecção, considerando serviços de saúde públicos e privados. Para leitos de Terapia
Intensiva e oferta de suporte de ventilação mecânica seria observada uma sobrecarga em
diversas microrregiões de saúde do país, o que é especialmente grave para a realidade da
rápida capacidade de propagação do Covid-19 (NORONHA et al., 2020).
É aconselhável que os tomadores de decisão e responsáveis pela alocação de recursos
façam uso de simulações para planejar o referenciamento dos recursos necessários para o
atendimento, por exemplo, a alocação de equipamentos de ventilação mecânica (NORONHA
et al., 2020). Ademais, vale mencionar, ainda, sua relevância para a divulgação e estímulo
à adesão das orientações para minimização da disseminação, o entendimento da capaci-
dade geral do sistema e posteriormente subsidiar discussões para elaboração de políticas
de saúde específicas para esta pandemia.
Outro aspecto evidenciado nos estudos foi a não referenciação de embasamento teóri-
co sobre alocação de recursos. Somente um estudo citou os princípios do Crisis Standards
of Care (CSC), um instrumento inicialmente desenvolvido para profissionais médicos e to-
madores de decisão que tem por objetivo garantir processos justos para tomar decisões
clinicamente informadas sobre a alocação de recursos escassos durante uma epidemia.
Tais princípios foram estruturados pelo Instituto de Medicina em 2009, e traçam estratégias
para melhor desenvolver a preparação, conservação, substituição, adaptação, reutilização
e realocação de recursos. Entretanto, cabe destacar que os próprios autores questionam se
esses princípios são razoáveis e éticos para situações de pandemias, especialmente para
o Covid-19 (HICK et al., 2020).
Identificou-se que a tomada de decisão para a alocação de recursos é algo conflitante
e que nem sempre os profissionais de saúde se sentem preparados para realizá-la (SILVA
et al., 2019; HICK et al., 2020). Eventos pandêmicos exigem serenidade, trabalho em equi-
pe e preparação técnico-científica dos profissionais, para que se possa potencializar ao
máximo os recursos existentes, que, em geral, são escassos (RAMANATHAN et al., 2020).
Ressalta-se que é preciso fazer um planejamento cuidadoso, alocação criteriosa de equi-
pamentos e treinamento de pessoal para fornecer atendimento de qualidade à população
(KOONIN et al., 2020).
A necessidade de alocação de insumos, equipamentos, leitos, medicamentos e recur-
sos humanos em situações de pandemia pode resultar em conflitos éticos e morais para
58
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
os tomadores de decisão, resultando em adoecimento físico e/ou mental (SILVA et al.,
2019). A tomada de decisão pode ser entendida como um processo permeado por delibe-
rações éticas que envolvem seleção individualizada de pessoas. Ademais, os processos
de gestão, a cultura organizacional, a não compreensão por parte dos profissionais sobre
a abrangência de sua atuação, sentimentos de impotência, falta de empoderamento e des-
conforto na prática profissional interferem na tomada de decisão (FARIA et al., 2019). Dessa
forma, é pertinente refletir sobre a importância da capacitação permanente dos profissionais,
das melhorias no processo de gestão e do acompanhamento da saúde desses profissionais.
Os estudos destacaram os custos sociais e econômicos das medidas a serem ado-
tadas. Existe uma necessidade urgente de atenuar a transmissão e, assim, diminuir a taxa
de avanço do crescimento desta pandemia. Outrossim, é preciso reduzir a altura do pico
epidêmico e do pico de demanda nos serviços de saúde, bem como abrandar o número total
de pessoas infectadas (EMANUEL et al., 2020; NORONHA et al., 2020). Caso isso não seja
efetivado, haverá uma demanda severa por recursos e, consequentemente, a necessidade
de racionar equipamentos e intervenções, o que poderá comprometer todo o atendimento,
aumentando-se os riscos de complicações e a taxa de mortalidade da população (WHO,
2020, HICK et al., 2020).
No que diz respeito à alocação de recursos no cenário de pandemia por Covid-19, foi
possível evidenciar que a discussão científica está ancorada na mitigação ou supressão
da pandemia, a partir de adoção de várias medidas de saúde pública elencadas pelas au-
toridades no assunto, com necessidade de ampla adesão social (EMANUEL et al., 2020;
HICK et al., 2020). Contudo, os pesquisadores ressaltam que as incertezas são muitas,
com necessidade de constante investimento em pesquisas científicas, políticas públicas e
sistemas de saúde robustos para elucidação e implementação das melhores estratégias de
intervenção (NORONHA et al., 2020; FERGUSON et al., 2020; SJÖDIN et al., 2020).
A fragilidade para tomada de decisão frente e melhor alocação de equipamentos ratifica
o despreparo dos profissionais para a alocação de recursos, pois essa não deveria estar
ancorada em medidas de controle da pandemia, mas sim em critérios pré-estabelecidos
para destinação do melhor recurso disponível para atender a uma data realidade popula-
cional (RAMANATHAN et al., 2020; KOONIN et al., 2020). Analises anteriores sugerem
que os princípios da bioética sejam utilizados como norteadores para o estabelecimento
desses critérios (SILVA et al., 2019; FARIA et al., 2019; KOONIN et al., 2020). Vale mencio-
nar que os princípios da bioética são: beneficência; não- maleficência; autonomia e justiça
(BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002).
Há desafios a serem superados no campo da alocação de recursos, principalmente
no que tange a definição de critérios e estratégias sólidas para esta atividade, pois durante
59
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
a pandemia as tomadas de decisão precisam ser rápidas e assertivas (RAMANATHAN
et al., 2020). Alguns autores têm proposto estratégias para alocação de equipamentos de
ventilação mecânica durante uma pandemia. Afirmam que as autoridades em saúde pública
precisam estar preparadas para o aumento abrupto da demanda assistencial, ou seja, preci-
sam identificar e consultar os serviços de saúde sobre sua capacidade de atendimento e a
possibilidade de ampliação desses antes que o fenômeno se instale (KOONIN et al., 2020).
É preciso realizar um inventário do quantitativo de recursos humanos, equipamentos,
medicamentos e insumos para o atendimento previamente, pois ninguém esta preparado
para uma pandemia. A infraestrutura também precisa ser avaliada, principalmente frente à
possibilidade de absorver recursos adicionais (RAMANATHAN et al., 2020; ZAZA et al., 2016).
Merece destacar que o estudo realizado por Emanuel et al. (2020) apresentou seis
recomendações específicas para alocar recursos médicos na pandemia de Covid-19, são
elas: maximizar os benefícios; priorizar os profissionais de saúde; não alocar por ordem
de chegada; ser sensível às evidências; reconhecer a participação na pesquisa; aplicar os
mesmos princípios a todos os pacientes (EMANUEL et al., 2020).
Assim, a partir do material analisado, apresenta-se evidenciação científica que sinaliza
no sentido da necessidade de se desenvolver estratégias proativas com planos de intervenção
sólidos e coerentes com a realidade vivenciada em cada país, considerando as particulari-
dades da população alvo. Isso visa otimizar o uso de recursos no caso de um agravamento
do atual cenário mundial, o que poderá contribuir para a intensificação das demandas pelos
diversos recursos em saúde.
Limitações do estudo
60
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
a importância das melhores práticas no que tange a alocação de recursos, diante da pan-
demia causada pelo Covid-19. Para a academia, os achados mostram a necessidade de se
ampliar as pesquisas no âmbito da gestão e das políticas públicas de saúde, em especial,
no que se refere aos aspectos éticos, financeiros e de custos, com vistas a contribuir com
subsídios para melhores decisões daqueles que necessitam fazer difíceis escolhas sobre
alocação de recursos em cenários de pandemia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise crítica dos artigos desta revisão permitiu evidenciar que a alocação de re-
cursos em cenários pandêmicos, como o do Covid-19, é realizada conforme emergem as
demandas. Os estudos apontam várias fragilidades no contexto da disponibilização de re-
cursos, tais como: baixo quantitativo dos recursos humanos, leitos gerais, leitos de UTI e
equipamentos de ventilação assistida, além do embasamento teórico e metodológico ser
incipiente. Quanto ao estabelecimento de critérios para a alocação assertiva, é notória a ine-
xistência de critérios universais e baseados em outras experiências similares para subsidiar
esta ação. Essa lacuna pode ser justificada pelo cenário que se apresenta a pandemia do
Covid-19, ou seja, um panorama permeado de incertezas, informações desencontradas e
dilemas morais, políticos, sociais e econômicos.
Assim, os resultados aqui descritos apontam para a necessidade das organizações de
saúde, profissionais e autoridades da área estar mais bem preparados para o uso adequado
dos recursos disponíveis, com a alocação baseada em evidenciação científica e maximização
dos recursos escassos. Dessa forma, potenciais danos individuais, sistêmicos e sociais em
sentido global poderão ser atenuados.
Algumas questões emergiram desta revisão integrativa, a saber: Como utilizar um sis-
tema de custos como ferramenta para a alocação de recursos? Como os recursos limitados
podem ser alocados de maneira justa em cenários de pandemia? Quem são os profissio-
nais preparados para a tomada de decisão frente a escassez de recursos neste fenômeno?
Quais conhecimentos, habilidades e comportamentos são necessários àqueles que tomam
decisões sobre alocação de recursos em cenários de pandemia? Quais são as melhores
práticas de alocação de recursos escassos descritas na literatura dadas a dimensão plane-
tária desta pandemia?
Essas e outras questões permanecem em aberto e percebe-se que ainda há muito
para se conhecer sobre esta temática. Futuros estudos são essenciais para contribuir com a
capacitação dos tomadores de decisão no que se refere à alocação assertiva de recursos em
saúde e para que estratégias abrangentes de resposta a essa doença sejam consolidadas.
61
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
REFERÊNCIAS
1. BEAUCHAMP T. L.; CHILDRESS J. F. Princípios de Ética Biomédica. São Paulo: Loyola;
2002. 574 p.
2. EMANUEL, E. J. et al. Fair Allocation of Scarce Medical Resources in the Time of Covid-19.
New England Journal Of Medicine, v. 382, n. 21, p. 2049-2055, 2020. Disponível em: https://
www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmsb2005114. Acesso em: 28 jan. 2021.
6. HICK J. L. et al. Duty to Plan: health care, crisis standards of care, and novel coronavirus sar-
s-cov-2. Nam Perspectives, p. 1-13, 2020. Disponível em: https://nam.edu/duty-to-plan-heal-
th-care-crisis-standards-of- care-and-novel-coronavirus-sars-cov-2/. Acesso em: 28 jan. 2021.
10. RAMANATHAN K. et al. Planning and provision of ECMO services for severe ARDS during
the COVID- 19 pandemic and other outbreaks of emerging infectious diseases. The Lancet
Respiratory Medicine, v. 20, n. 3, p. 1-9, 2020. Disponível em: https://www.thelancet.com/
journals/lanres/article/PIIS2213- 2600(20)30121-1/fulltext. Acesso em: 28 jan. 2021.
11. SILVA A. I. et al. Projeto Terapêutico Singular para profissionais da Estratégia de Saúde da
Família. Cogitare Enfermagem, v. 21, n. 3, p. 1-8, 2016. Disponível em: https://revistas.ufpr.
br/cogitare/article/view/45437. Acesso em: 28 jan. 2021.
62
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
13. SJÖDIN H. et al. Covid-19 health care demand and mortality in Sweden in response to nonphar-
maceutical (NPIs) mitigation and suppression scenarios. medRxiv, v. 23, n. 3, p. 1-15, 2020.
Disponível em: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.03.20.20039594v3. Acesso em:
28 jan. 2021.
14. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): Situation Report
- 51. 2020. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/
situation-reports. Acesso em: 28 jan. 2021.
15. ZAZA S. et al. A conceptual framework for allocation of federally stockpiled ventilators during
large scale public health emergencies. Health Security, v. 14, n. 1, p. 1-6, 2016. Disponível
em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26828799/. Acesso em: 28 jan. 2021.
63
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
06
“ Burnout entre profissionais de
enfermagem em época de coronavírus:
O que dizem as evidências científicas?
10.37885/201202671
RESUMO
65
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
66
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
quase um milhão de mortes, sendo a região das Américas aquela com maior número de
casos. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS, 2020) aponta que pouco mais de 4 milhões e
600 mil pessoas foram contaminadas e 140 mil vieram a óbito pela COVID-19, se tratando
de uma incidência de 2.231,6/100 mil habitantes e havendo uma mortalidade de 66,9/100
mil habitantes, com maior concentração de casos na Região Sudeste (1.660 mil casos
confirmados e 63 mil óbitos). De acordo com o mais recente boletim epidemiológico, foram
notificados cerca de 1 milhão e 200 mil casos suspeitos de COVID-19 em profissionais de
saúde, dos quais 388.269 foram confirmados e os enfermeiros estavam em 3º lugar com
45.817 dos casos confirmados (MS, Secretaria de Vigilância em Saúde, 2020).
O novo coronavírus é responsável por trazer sofrimento intenso entre o pessoal de
Enfermagem por se tratar de um problema até então não vivenciado por profissionais da
saúde de todo o mundo, gerando medo de contaminação por conta das atividades laborais e,
por consequência, o óbito destes trabalhadores. A junção de fatores como medo de contrair
a doença, receio de transmitir o vírus para pessoas do convívio íntimo, o isolamento social,
a desvalorização do serviço, a falta de material e ambiente adequado, os julgamentos e pre-
conceitos que culminam na hostilização dos profissionais causa um sofrimento significativo,
com possibilidade de evolução para o quadro da SB.
Considerando-se o aumento significativo de transtornos psíquicos e de vulnerabilidade
psicossocial, de um terço à metade da população na primeira fase da pandemia de COVID-19,
conforme evidenciado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ, 2020), é imprescindível o
desenvolvimento de estudos que tratem do sofrimento psíquico relacionado à pandemia do
novo coronavírus. Acredita-se que os resultados encontrados após elaboração do presente
estudo possam contribuir para implementação de novas práticas em relação ao cuidado
da saúde psicossocial dos profissionais de Enfermagem, amenizando o estresse laboral e
prevenindo futuras consequências resultantes do enfrentamento dos casos de COVID-19.
Garantir o bem-estar biopsicossocial do colaborador é resguardar uma assistência segura
e de qualidade para a população que é atingida pela pandemia.
OBJETIVO
MÉTODOS
67
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
baseada em evidências (PBE). Nesse sentido, o estudo obedeceu às etapas da revisão
integrativa, que se compõe por: 1) Elaboração da pergunta norteadora, estabelecimento dos
objetivos da revisão e critérios de inclusão e exclusão dos artigos; 2) Definição das informa-
ções a serem extraídas das pesquisas; 3) Seleção dos artigos na literatura; 4) Análise dos
resultados; 5) Discussão dos achados; e 6) Apresentação da revisão (MENDES et al., 2008).
Todas as etapas do estudo foram norteadas pela seguinte questão de pesquisa: “O
que dizem as evidências científicas acerca do Burnout entre profissionais de enfer-
magem em época de coronavírus?”. A coleta dos dados ocorreu em outubro de 2020 na
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) a partir dos seguintes descritores, consultados na biblio-
teca dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “enfermeiros”, “Burnout” e “COVID-19”,
combinados pelo uso do operador booleano AND.
Foram encontrados 10 trabalhos, os quais foram filtrados pelos seguintes critérios de
inclusão: artigos redigidos nos idiomas português e inglês, cujos textos pudessem ser aces-
sados na íntegra. Elegeram-se como critérios de exclusão os artigos repetidos nas bases
de dados, aqueles que não abordassem o tema de estudo e os que não respondessem à
pergunta de pesquisa elaborada.
RESULTADOS
A partir dos critérios de inclusão acima descritos foram selecionados 09 artigos. Estes
tiveram o título, resultados e conclusões lidos para análise inicial acerca da compatibilidade
com a temática proposta. Ao final, foi excluído 1 artigo por estar repetido na base de dados
e 04 por não responderem à pergunta de pesquisa, tendo sido selecionados 5 trabalhos
(sintetizados no Quadro 1) para a construção dos resultados.
Os artigos encontrados foram todos publicados na base de dados MEDLINE (n=5),
todos originais (n=5), de abordagem qualitativa (n=5). Todos os trabalhos foram de origem
internacional (n=5), sendo desenvolvidos: na Europa, Alemanha (n=1); no Oriente Médio,
na Turquia (n=1); na Ásia Oriental, na China (n=1); na Oceania, na Austrália (n=1); e na
região do Mediterrâneo Oriental (n=1). Os artigos foram desenvolvidos por médicos (n=2),
enfermeiros (n=1) e parcerias entre médicos e enfermeiros (n=2).
Quadro 1. Síntese dos artigos selecionados (n=5) quanto ao ano, autores, periódico, título e resultados Salvador - BA,
Brasil, 2020.
2020 – the year of the nurse and midwife: Foi evidenciada uma desvalorização social
Al-Mandhari Eastern Mediterrane- a call for action to scale up and strengthen e monetária dos profissionais, gerando
1 2020
et al. an Health Journal the nursing and midwifery workforce in the uma redução ainda maior de profissionais
Eastern Mediterranean Region em meio à pandemia da COVID-19.
68
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
ID Ano Autores Periódico Título Resultados
A Comparison of Burnout Frequency Among Foi evidenciado alto nível de controle en-
Journal of Pain and
Oncology Physicians and Nurses Working on tre profissionais da linha de frente quando
2 2020 Wu et al. Symptom Manage-
the Frontline and Usual Wards During the comparados a profissionais de enfermarias
ment
COVID-19 Epidemic in Wuhan, China usuais.
Enfermeiros que trabalham nas enferma-
rias do COVID-19 apresentam níveis mais
Psychosocial burden of healthcare professio- elevados de estresse, exaustão e humor
German Medical
3 2020 Zerbini et al. nals in times of COVID-19 – a survey conduc- depressivo, bem como níveis mais baixos
Science
ted at the University Hospital Augsburg de realização relacionada ao trabalho em
comparação com seus colegas nas enfer-
marias regulares.
Parteiras e enfermeiras apresentam inten-
sos efeitos psicológicos e dificuldade de
Archives of Psychiatric Psychological effects of nurses and midwives
4 2020 Aksoy; Koçak enfrentamento durante a pandemia de
Nursing due to COVID-19 outbreak: The case of Turkey
COVID-19, que causa ansiedade em todo
o mundo.
Evidenciou-se que os enfermeiros são o
Implications for COVID-19: A systematic re- maior grupo na linha de frente com grande
Fernandez International Journal view of nurses’ experiences of working in acu- senso de dever profissional que obtiveram
5 2020
et al. of Nursing Studies te care hospital settings during a respiratory um grande impacto físico e emocional ge-
pandemic. rando ansiedade elevada, medo e sofri-
mento psicológico.
DISCUSSÃO
69
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
No estudo de Zerbini et al (2020), realizado na Alemanha como objetivo de explorar
se os indivíduos trabalhando em enfermarias especiais COVID-19 estão passando por uma
maior tensão psicossocial em comparação com seus colegas trabalhando em enfermarias
regulares, os autores observaram que dos enfermeiros que participaram da pesquisa, 55%
(que atuavam na enfermaria COVID-19) e 12,5% (que eram plantonistas na enfermaria
regular) reclamaram de estresse no trabalho. Os autores concluíram que os enfermeiros
que trabalhavam em contato direto com pacientes de COVID-19 relataram exaustão, humor
depressivo, estresse no trabalho e baixa realização de forma significativamente maior que
os demais profissionais participantes da pesquisa.
Os enfermeiros que lidam diretamente com a COVID-19 estão mais expostos ao vírus e
as próprias atividades desenvolvidas por esses profissionais exigem um contato quase íntimo
com o paciente, diferente de outros profissionais da área da saúde, que conseguem manter
um nível menor de contato, sendo menos afetados pelas tensões psicológicas e medos
inerentes. O aumento da carga de trabalho, o estresse, a preocupação consigo mesmos e
com os familiares são fatores extras para a sobrecarga psicológica, além da exaustão física
e dos riscos já comuns à profissão.
Não há estudos similares que tratem da comparação entre enfermeiros que atuam em
enfermarias regulares e enfermarias COVID-19 no Brasil, porém o estudo de Souza e Agnol
(2013) referente à pandemia de influenza A (H1N1) revela preocupações e sentimentos
similares aos experimentados na pandemia ainda corrente de COVID-19. Iniciando com a
vulnerabilidade dos profissionais, os autores falam sobre incertezas e impotências frente a
não saber que conduta adotar, além de relatar medo nas falas dos entrevistados. A pande-
mia de COVID-19 fez ressurgirem problemas similares àqueles descritos por Souza e Agnol
(2013), sendo eles a falta de condições de trabalho em hospitais públicos, superlotação das
emergências e os problemas financeiros das instituições de saúde.
Sintomas de ansiedade elevada, medo e sofrimento psicológico foram citados na revisão
conduzida por Fernandez et al (2020), que referiram ser o medo e as preocupações sobre
a segurança de si mesmos e de suas famílias presentes em situações de crises na saúde,
apesar do forte senso de dever que os enfermeiros têm para com os pacientes.
O medo também foi evidenciado em outros estudos selecionados neste levantamen-
to. Na pesquisa de Zerbini et al (2020), na qual foi utilizado o Inventário de Burnout de Maslach
(Maslach Burnout Inventory – MBI) entre os participantes, foi observado que aqueles com
pontuações aumentadas para exaustão, depressão, ansiedade e estresse relataram um
maior medo de serem infectados com o vírus, tendo esses praticantes revelado um aumen-
to dos sintomas de Burnout e desgaste psicológico (ZERBINI et al., 2020). No trabalho de
70
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Aksoy e Koçak (2020), foram identificados, além do medo (19,4%), emoções intensas como
ansiedade (36,3%) e mal-estar (31,3%).
Diferente das pandemias enfrentadas anteriormente há hoje uma maior disseminação
de informações através das redes sociais, de forma que em épocas passadas as pessoas
não tinham acesso a informações detalhadas e em tempo real, como ocorre na atualidade.
Todo esse rol de tecnologias que permitem o acesso a um maior número de informações,
ao mesmo tempo em que contribuem para o maior esclarecimento das pessoas e adoção de
medidas de prevenção, também favorecem o aumento de sentimentos de ansiedade e medo.
Como mecanismo de enfrentamento do medo e das incertezas secundárias à COVID-19,
alguns profissionais responderam com alto nível de controle (WU et al., 2020). A este res-
peito, o estudo de Wu et al (2020) traz um comparativo entre enfermeiros de linha de frente
versus enfermeiros de enfermarias habituais, tendo evidenciado que os participantes que
continuaram a trabalhar em seus locais habituais eram mais preocupados consigo mesmos
ou com membros da família no que concerne à contaminação pelo vírus.
É visto no estudo de Aquino et al (2020) que devido à rápida emergência da pandemia
de COVID-19, muitas das medidas de controle foram introduzidas de uma só vez e tiveram
graus variados de adesão em diferentes países. Assim, é difícil avaliar a efetividade das
intervenções isoladamente. Portanto, no atual panorama sanitário, a implementação das
medidas de controle, incluindo o distanciamento social, tem sido recomendada pelas au-
toridades sanitárias, fazendo aumentar o controle tanto em nível individual como coletivo.
Frente ao cenário de pandemia da COVID-19, vê-se que a população está aprendendo
a se adaptar quando o assunto é controle. Realizando o tão difícil isolamento social, é pos-
sível observar que a população está tentando se adaptar às novas rotinas, ajustando tanto
a vida profissional e pessoal quanto a econômica.
Embora a maioria dos profissionais tenha conseguido atuar na assistência a pacientes
durante a pandemia de COVID-19, outros tiveram como resposta a dificuldade de enfren-
tamento, referida por Aksoy e Koçak (2020). No estudo realizado por estes autores, foi
auferido que das enfermeiras e parteiras que integraram a pesquisa, 54,5% referiram que
suas vidas pioraram desde o início do surto, 62,4% tiveram dificuldades em lidar com a
situação incerta no surto, 42,6% queriam apoio psicológico e 11,8% estavam alienadas de
sua profissão. Diante disso, os autores evidenciaram a existência de remorso relacionado ao
trabalho, e dificuldades tanto na profissão, como na família e vida privada devido à COVID-19
(AKSOY; KOÇAK, 2020).
Como uma das possíveis respostas às dificuldades que a COVID-19 gerou na pro-
fissão, pode-se citar níveis mais baixos de realização relacionada ao trabalho, referido no
estudo de Zerbini et al (2020). A baixa realização, além de estar associada aos efeitos
71
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
físicos e psíquicos da pandemia, também é reflexo da desvalorização social e monetária
dos profissionais, citada no estudo de Al-Mandhari et al (2020), segundo o qual na região do
Mediterrâneo, na luta contra a COVID-19, eles não apenas podem se infectar e colocar suas
próprias vidas em risco, mas também enfrentam angústia e esgotamento devido às longas
horas de trabalho. Al-Mandhari et al (2020) ainda traz que mesmo os compromissos feitos
no intuito de fortalecer a enfermagem não são suficientes, visto que não há uma melhoria
nos incentivos adequados.
A desvalorização do profissional enfermeiro em época de pandemia de COVID-19 se
mostra um verdadeiro descaso com a classe, que é um dos principais pilares da assistência
à saúde e que vêm sendo a linha de frente no combate ao novo coronavírus. A enfermagem
lida diretamente com vidas e a responsabilidade, o peso e a magnitude do cuidado prestado
pelo enfermeiro devem ser reconhecidos e remunerados adequadamente, pois todos os
profissionais se entregam de forma física e psicológica diariamente para que outras pessoas
possam ter um atendimento de qualidade, atendimento esse que é baseado em evidências
científicas e raciocínio clínico.
A prática de enfermagem durante as crises, especialmente aquelas que colocam os
enfermeiros em perigo de vida, significa que é importante reconhecer os impactos físi-
cos e emocionais dos profissionais e atuar sobre eles. Sem este apoio, os enfermeiros
provavelmente experimentam estresse significativo, ansiedade e efeitos colaterais físi-
cos, todos que podem levar ao esgotamento e perda da força de trabalho na Enfermagem
(FERNANDEZ et al.,2020).
É importante que os profissionais tenham o adequado reconhecimento, social e fi-
nanceiro, acerca do trabalho realizado em todo o tempo, especialmente no atual panorama
de enfrentamento de uma pandemia. Tais profissionais necessitam também de cuidados
psicossociais, com a disponibilização de programas de assistência, os quais são essenciais
para que estes trabalhadores sejam ouvidos, acolhidos e cuidados.
Neste estudo foi possível observar que as evidências acerca do Burnout entre profis-
sionais de enfermagem em época de coronavírus são a desvalorização social e monetária
dos profissionais, alto nível de controle, níveis mais elevados de estresse, exaustão, humor
depressivo e níveis mais baixos de realização relacionada ao trabalho, efeitos psicológicos,
dificuldade de enfrentamento, ansiedade elevada, medo e sofrimento psicológico.
Levando em consideração que o enfermeiro lida diretamente com pessoas e situações
de vida e morte, uma queda no desempenho da assistência prestada por um profissional
acometido pela síndrome pode ser um fator chave para resultados negativos na execução
72
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
das atividades laborais. As instituições, assim como o poder público, devem priorizar o
bem-estar biopsicossocial dos colaboradores através da valorização profissional, a gritante
necessidade de um piso salarial justo para que o profissional não se sinta forçado a ter
mais de um vínculo empregatício, carga horária de trabalho justa e equivalente ao salá-
rio, planejamento e implementação de medidas que viabilizem a minimização do estresse
laboral desencadeantes do Burnout como programas de apoio psicossocial, campanhas
institucionais, dentre outros. A classe necessita que as muitas homenagens dirigidas aos
profissionais de enfermagem durante a época de pandemia sejam revertidas em benefícios
reais e palpáveis para todos.
Ainda que haja evidências cientificas do crescente número de profissionais acometidos
pela Síndrome de Burnout que foi fortalecido pela pandemia, observou-se uma escassez
na literatura sobre a temática abordada, o que resultou na principal limitação deste estudo.
Portanto, sugere-se para estudos posteriores uma análise do modo como os profissionais
se adaptam ao estresse laboral durante uma pandemia, investigar a resposta cognitiva dos
profissionais para elaboração de medidas de prevenção do desenvolvimento da SB e ajudar
no seu enfrentamento.
REFERÊNCIAS
1. AKSOY, Y.E.; KOÇAK, V. Psychological effects of nurses and midwives due to COVID-19
outbreak: The case of Turkey. Archives of Psychiatric Nursing, v. 34, n.5, p.427-33, 2020.
2. AL-MANDHARI A., et al. 2020 – the year of the nurse and midwife: a call for action to scale
up and strengthen the nursing and midwifery workforce in the Eastern Mediterranean Region.
Eastern Mediterranean Health Journal, v.26, n.4, p.370-71, 2020.
4. BARELLO, S.; PALAMENGHI, L.; GRAFFIGNA, G. Burnout and somatic symptoms among
frontline healthcare professionals at the peak of the Italian COVID-19 pandemic. Psychiatry
Research, v. 290, p.113-29, 2020.
5. BEZERRA, G.D., et al. O impacto da pandemia por COVID-19 na saúde mental dos profissionais
de saúde: revisão integrativa. Revista Enfermagem Atual In Derme, v. 93, e-020012, 2020.
Disponível em: < https://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/758/714>.
Acesso em: 28 dez. 2020.
6. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Saúde Mental e Atenção psicosso-
cial na pandemia COVID-19: Recomendações para gestores. Disponível em: <https://www.
fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Sa%C3%BAde-Mental-e-Aten%C3%A7%-
C3%A3o-Psicossocial-na-Pandemia-Covid-19-recomenda%C3%A7%C3%B5es-para-gestores.
pdf>. Acesso em: 29 set. 2020
73
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
7. BRASIL. Ministério da Saúde. Painel Coronavírus. Disponível em: <https://covid.saude.gov.
br/>. Acesso em: 26 set. 2020
10. FERNANDEZ, R., et al. Implications for COVID-19: A systematic review of nurses’ experiences of
working in acute care hospital settings during a respiratory pandemic. International Journal of
Nursing Studies., v.111, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2020.103637>.
Acesso em: 16 dez. 2020
11. LANA, R.M., et al. Emergência do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e o papel de uma vi-
gilância nacional em saúde oportuna e efetiva. Cadernos de Saúde Pública, v.36, n.3,
e00019620, 2020. Disponível em <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-311X2020000300301&tlng=pt>. Acesso em: 30 set. 2020.
12. MENDES, K.D.S; SILVEIRA, R.C.C.; GALVÃO, C.M. Revisão integrativa: Método de pesquisa
para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enferma-
gem, v.17, n.4, p.758-64, 2008.
13. OLIVEIRA, J.S.A., et al. Trends in the job market of nurses in the view of managers. Revista
Brasileira de Enfermagem, v.71, n.1, p.148-55, 2018. Disponível em: <https://www.scielo.
br/scielo.php?pid=S0034-71672018000100148&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 09
dez. 2020
15. PINHEIRO, J.P.; SBICIGO, J.B.; REMOR, E. Associação da empatia e do estresse ocupacio-
nal com o burnout em profissionais da atenção primária à saúde. Ciência & Saúde Coletiva,
v.25, n.9, p. 3635-46, 2020.
16. ROLIM NETO, M. L., et al. When health professionals look death in the eye: the mental health of
professionals who deal daily with the 2019 coronavirus outbreak. Psychiatry Research, v.288,
112972, 2020. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7152886/>.
Acesso em: 24 set. 2020.
17. SILVA, J.L.L.; DIAS, A.C.; TEIXEIRA, L.R. Discussão sobre as causas da Síndrome de Burnout
e suas implicações à saúde do profissional de enfermagem. Aquichan, v.12, n.2, p.144-59,
2012.
18. SILVA, S.C.P.S., et al. A síndrome de burnout em profissionais da rede de atenção primária à
saúde de Aracaju – SE. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 10, p.3011-20, 2015.
19. SILVEIRA, A.L.P., et al. Síndrome de Burnout: consequências e implicações de uma realidade
cada vez mais prevalente na vida dos profissionais de saúde. Revista Brasileira de Medicina
do Trabalho, v.14, n.3, p.275-84, 2016.
74
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
20. SOUSA JÚNIOR, B.S.de., et al. Pandemia do coronavírus: estratégias amenizadoras do estres-
se ocupacional em trabalhadores da saúde. Enfermagem em Foco, v.11, n.1, p.148-54, 2020.
21. SOUZA, D.B.; AGNOL, C.M.D. Emergência de saúde pública: representações sociais entre
gestores de um hospital universitário. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.21,
n.4, [07 telas], 2013. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rlae/v21n4/pt_0104-1169-r-
lae-21-04-0998.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2020
22. TRIGO, T.R.; TENG, C.T.; HALLAK, J.E.C. Síndrome de Burnout ou estafa profissional e os
transtornos psiquiátricos. Revista de Psiquiatria Clínica, v.34, n.5, p.223-33, 2007.
23. WU, Y., et al. A Comparison of Burnout Frequency Among Oncology Physicians and Nurses
Working on the Frontline and Usual Wards During the COVID-19 Epidemic in Wuhan, China.
Journal of Pain and Symptom Management, v.60, n.1, e60-65, 2020. Disponível em: <https://
doi.org/10.1016/j.jpainsymman.2020.04.008 >. Acesso em: 16 dez. 2020.
24. ZERBINI, G., et al. Psychosocial burden of healthcare professionals in times of COVID-19 – a
survey conducted at the University Hospital Augsburg. German Medical Science, v.18, 2020.
Disponível em: <https://dx.doi.org/10.3205/000281>. Acesso em: 16 dez. 2020.
75
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
07
“ Criação de fluxo assistencial para
pessoas com feridas complexas, no
contexto da Pandemia da COVID-19
10.37885/210203321
RESUMO
77
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
78
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
pelo risco de contágio do vírus e troca de equipamentos com mais frequência, o que aumen-
tou os custos para os serviços5.
Nesse contexto, urge que os serviços da APS sejam reorganizados de modo a orga-
nizar o fluxo de atendimento aos pacientes com feridas complexas, minimizar danos aos
pacientes e aos profissionais de saúde e prestar uma assistência integral, humanizada e livre
de danos6. O objetivo é relatar a experiência da criação de um fluxo assistencial a pacientes
com feridas complexas na atenção primária à saúde no contexto da pandemia do Covid-19.
METODOLOGIA
79
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Medidas para evitar contágio do Covid-19 nas Salas de Curativos nas salas das
Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Estratégia de Saúde da Família (ESF)
80
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
dos casos suspeitos para Covid-19 dos demais usuários. Assim, o paciente com feridas ao
chegar à unidade com sintomas respiratórios, deve receber a máscara cirúrgica e ser con-
duzido por um profissional, o quanto antes, para uma área separada ou uma sala específica,
que deve ser mantida com porta fechada, janelas abertas e ar-condicionado desligado. Esse
profissional deverá, então, acionar a equipe de acolhimento informando da presença dos
usuários sintomáticos e orientar que após a avaliação o paciente deve retornar para a sala
de curativo, transferindo esse para o último atendimento9.
Para os pacientes com suspeita ou com Covid-19, uma das recomendações princi-
pais refere-se ao agendamento por horário, priorizando os últimos atendimentos do turno.
Quando já se tem conhecimento sobre o diagnóstico confirmado, realiza-se o agendamento,
de preferência ao final do dia ou turno de atendimento, evitando contato direto com a sala
de espera9. Salienta-se que também deve-se priorizar o atendimento de idosos, por estarem
no grupo de risco3.
Ademais, orienta-se que as ações de prevenção e controle de infecção sejam atua-
lizadas e intensificadas neste período da pandemia do Covid-19. Destarte, nos casos de
atendimentos a pacientes com diagnóstico confirmado, a sala de curativos deve ser mantida
aberta com o ar condicionado desligado e recomenda-se o uso de um biombo para manu-
tenção da privacidade do paciente. Ao concluir o procedimento deve-se realizar a troca do
lençol descartável da maca, realizar desinfecção com álcool a 70% e solicitar a presença
do auxiliar de higienização para a limpeza terminal da sala. Isso é ratificado nos manuais
de segurança do paciente nos serviços de saúde, inclusive destaca-se que em casos de
Covid-19 essa frequência de limpeza deve ser aumentada10,5.
81
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
antimicrobiano, a exemplo do PHMB, prata e iodo. Urge que haja um controle adequado da
infecção, o que favorece o controle da produção de exsudato11.
Para feridas extensas e exsudativas é preciso aumentar o número de troca dos cura-
tivos evitando exposição do efluente junto a contactantes no domicílio ou durante seu des-
locamento. Nesses casos, orienta-se que sejam ofertadas as gazes para troca do curativo
secundário em domicílio. Deve-se atentar para o descarte do material que deve ser separado
em saco duplo, nesse contexto, os familiares devem ser orientados a utilizar equipamentos
de proteção individual (EPI), caso prestem assistência a menos de 1 metro dos pacientes
suspeitos ou confirmados com infecção pelo Covid-193
No caso de ferimentos de membros inferiores, em tratamento com bota de unna, não
há menção em relação a pandemia, permanecendo a orientação da troca em até 7 dias12.
Cabe também o acompanhamento médico, social, nutricional e psicológico desses pacientes,
já que pessoas com esse tipo de ferimento precisam ter consideradas a sua qualidade de
vida, condição nutricional, revisão dos medicamentos utilizados, nível de atividade física e
estado emocional, pois implicam diretamente na melhor resposta cicatricial11.
Dessa forma, o atendimento de pacientes portadores de feridas complexas requer além
do fluxo de atendimento, uso de EPI’s pelos profissionais de saúde, uso de coberturas ade-
quadas para controle de infecção e exsudato, inclusive diminuindo as trocas das coberturas
especiais, além de suporte e acompanhamento interdisciplinar com outras especialidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência permite concluir que para a organização do fluxo assistencial das pessoas
com ferimentos crônicos, em meio a pandemia do Covid-19, foram necessárias reuniões
prévias com docentes e enfermeiras especialistas em organização em serviços de saúde e
enfermeiros com experiência prática da dinâmica dos fluxos anteriormente existentes. Desse
modo, deve-se reconhecer que a teoria alinhada à prática favoreceu todo o processo para
a elaboração do fluxo de atendimentos proposto neste trabalho.
Entende-se que a estrutura existente das unidades pode necessitar de adaptação, prin-
cipalmente no que envolve as salas de espera e a separação entre pessoas com sintomas
respiratórios e não respiratórios. As feridas crônicas exigem não só a triagem do paciente,
mas também a limpeza adequada das superfícies, acondicionamento correto dos resíduos
resultantes dessa assistência de cuidado, atenção à contaminação cruzada mesmo com a
utilização de EPI´s e o controle do exsudato de modo adequado.
A criação desse fluxograma poderá favorecer a melhor organização das unidades da
APS de modo que os pacientes portadores de feridas complexas possam continuar rece-
bendo um cuidado prestado de forma integral, holística e humanizada.
82
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
REFERÊNCIAS
1. Ribeiro, D. F. da S. Gestão do cuidado a usuários com feridas crônicas na Atenção Básica.
Care management to chronic wound carriers in Primary Health Care, 2019.
5. Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota técnica nº 04/2020– orientações para
serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a as-
sistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (Covid-19).
Atualizado em 31/03/2020.
6. Sarti, T. D. et al . Qual o papel da Atenção Primária à Saúde diante da pandemia provocada pela
Covid-19?. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 29, n. 2, e2020166, 2020 . Available from <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222020000200903&lng=en&nrm=-
iso>. access on 26 Feb. 2021. Epub Apr 27, 2020. https://doi.org/10.5123/s1679-
49742020000200024
7. Li X, Xu S, Yu M, Wang K, Tao Y, Zhou Y, et al. Risk factors for severity and mortality in adult
Covid-19 inpatients in Wuhan. J Allergy Clin Immunol. 2020 Apr. DOI: https://doi.org/10.1016/j.
jaci.2020.04.006
10. Daumas RP et al. O papel da atenção primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e
possibilidades no enfrentamento da Covid-19. Cad. Saúde Pública 36 (6) 26 Jun 2020. https://
doi.org/10.1590/0102-311X00104120
11. Soares RS, Cunha DAO da, Fuly PSC. Cuidados de enfermagem com feridas neoplásicas.Rev
enferm UFPE on line., Recife, 13(1):3456-63, jan., 2019. https://doi.org/10.5205/1981-8963-v0
1i01a236438p3456-3463-2019
12. Melo FA, Damasceno CAV, Medeiros ML, Fernandes RC, Mendonça ARA, Loyola ABAT.
Microbiota de úlceras venosas pós uso de “Bota de Unna”. Medicina (Ribeirão Preto, Online.)
2017;50(4):227-36. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v50i4p227-236
83
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
08
“ Cuidados de enfermagem ao paciente
com doença renal crônica em tempos
de Pandemia: revisão de literatura
10.37885/201202675
RESUMO
A Doença Renal Crônica (DRC) pode ser definida como a perda progressiva e irreversível
da função dos rins, sendo que sua causa está relacionada, frequentemente, a enfermi-
dades como diabetes melito, hipertensão arterial e glomerulonefrites. O objetivo deste
estudo é descrever os cuidados de enfermagem prestados ao paciente com doença
renal crônica no período de pandemia COVID-19. Trata-se de uma revisão de literatura
realizada através das bases de dados Pubmed, Google acadêmico e SciELO. Para a
realização da pesquisa foram utilizados Palavras-chave nos idiomas inglês e português:
doença renal crônica, cuidados de enfermagem, pandemia e COVID-19. Com a realização
da pesquisa notou-se a escassez de estudos sobre o assunto abordado, por isso se faz
necessário a reflexão sobre o tema abordado neste estudo para entender os cuidados
que devem ser prestados ao paciente doente renal em tempos de pandemia. Os principais
cuidados a esses pacientes foram um esforço conjunto das sociedades de especialista,
as quais instituíram protocolos baseados em medidas de proteção respiratória gerais a
fim de conter a contaminação de profissionais e pacientes que não puderam se afastar
do ambiente hospitalar, tais como nas salas de hemodiálise. Além da adaptação am-
biental das salas de hemodiálise, reorganização de escalas de pacientes e de trabalho,
além de mudanças comportamentais para todas as pessoas envolvidas nesse fluxo de
atendimento, tais como pacientes, acompanhantes e funcionários dos serviços.
85
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
A Doença Renal Crônica (DRC) pode ser definida como a perda progressiva e irre-
versível da função dos rins, sendo que sua causa está relacionada, frequentemente, a en-
fermidades como diabetes mellitus, hipertensão arterial e glomerulonefrites. Esta patologia
é classificada em 5 estágios, que inicia-se com a redução da TFG até a insuficiência renal
crônica em seu estágio final. Além disso, esta doença apresenta complicações que podem
afetar todos os sistemas do organismo (ROMÃO JUNIOR, 2004).
A doença renal crônica deteriora as funções dos rins lentamente, sendo irreversível,
progressiva e pouco sintomática, por esse motivo, na maioria dos casos, é descoberta em
seus estágios finais quando os sintomas começam a aparecer de forma mais proeminente
(AMMIRATI, 2020).
O Tratamento indicado poderá variar a depender do estágio da DRC, que consiste em
tratamento conservador nos estágios de 1 a 4, que consistem em uso de medicamentos,
dieta e orientações referentes a evolução da doença. Já no estágio 5 com consequente
insuficiência renal, o tratamento será através da terapia renal substitutiva das quais fazem
parte as terapias dialíticas, que são a hemodiálise ou a diálise peritoneal, e o transplante
renal, que é uma cirurgia em que o paciente recebe um rim saudável de um doador vivo ou
cadáver (BRASIL, 2014).
Dados disponibilizados pelo Ministério da saúde, em estudo realizado em 2018, mos-
traram que, em 2017, indivíduos em diálise, entre 65 e 74 anos, tiveram a maior taxa de
realização de Terapia Renal Substitutiva (TRS) por 100 mil da população, se comparadas
às demais faixas etárias. Com relação ao sexo, a maior predominância foi para o masculino,
com taxa de crescimento anual de 2,2% e de 2% para o sexo feminino. E, a modalidade de
terapia renal substitutiva mais realizada entre os pacientes com doença renal foi a hemo-
diálise, apresentando uma média de 93,2% em relação à diálise peritoneal com 6,8%, entre
2010 a 2017 (BRASIL, 2019).
De acordo com estudo realizado por Ribeiro (2016), no âmbito da assistência ao pa-
ciente renal crônico, as ações de enfermagem são muito importantes, pois estão pautadas
nos cuidados com o cateter de hemodiálise, na orientação familiar e do paciente quanto à
prevenção de complicações durante o tratamento dialítico, na solicitação de exames, no
acompanhamento da evolução das doenças de base e na promoção de qualidade de vida.
O novo coronavírus, até então, por causa desconhecida, emergiu em Dezembro de
2019, quando um grupo de pacientes com pneumonia foi detectado na cidade Wuhan,
província de Hubei, China (ZHU et al., 2019). Sabe-se, até o momento, que pacientes
86
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
diagnosticado com alguma comorbidade, como, hipertensão, diabetes, doença renal crô-
nica, são considerados de risco, pois estão ligados ao aumento de agravos ao COVID-19
(DELFINO et al., 2020).
Ainda não existe um estudo que comprove ao certo o que o coronavírus é capaz de
causar no corpo humano, porém, estudos realizados na China mostram que pacientes que
precisaram ficar mais de sete dias na UTI com ventilação mecânica apresentaram um quadro
de lesão renal aguda, estando associado ao aumento de número de mortes em decorrência
do COVID-19 (MOITINHO et al., 2020).
No ano de 2020, todas as atividades humanas, incluindo a assistência à saúde de
pacientes com doenças crônicas, foram diretamente afetadas pela pandemia causada pelo
coronavírus, desta maneira, faz necessário saber: Quais os cuidados de enfermagem presta-
dos aos pacientes com doença renal crônica em tempos de COVID-19? A resposta para esta
pergunta poderá contribuir diretamente para ações prestadas que contemplam os diferentes
níveis de complexidade que envolvem os pacientes com doença renal crônica, especialmente
aqueles em terapia dialítica.
Portanto, o atual trabalho se propõe a descrever os cuidados de enfermagem prestados
ao paciente com DRC em tempos de pandemia da COVID-19, apresentados pela literatura
científica. Espera-se que os resultados alcançados por esta pesquisa contribuam para o
aperfeiçoamento das ações de enfermagem, nos diferentes níveis de complexidade em que
estes profissionais estão inseridos, prestando cuidados aos pacientes com DRC.
Estes pacientes, devido a fisiopatologia da doença, são considerados grupo de risco
para a Síndrome Respiratória Aguda causada pelo vírus SARS-CoV-2, que é o agente etio-
lógico da COVID-19, então necessitam ser tratados com as recomendações de precaução
de contaminação que o momento exige.
METODOLOGIA
87
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Foram selecionados 36 (trinta e seis) artigos na base de dados da PUBMED, 07 (sete)
no Google acadêmico e 2 (dois) protocolos do ministério da saúde. A partir dos artigos elen-
cados, procedeu-se a descrição dos dados obtidos e principais resultados, analisou-se a
relação entre os dados obtidos e a pergunta da pesquisa. Após isso, os achados que poderão
contribuir com a literatura científica, no que diz respeito a esta temática serão apresentados,
por meio da interpretação dos resultados, a luz da fundamentação teórica descrita.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
88
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Devido suas características, essas sala aglomeram pessoas, pois muitos pacientes chegam
ao serviço com acompanhantes quando não possuem autonomia para o seu deslocamento.
Fazem o tratamento três vezes por semana em dias alternados, em turnos fixos que duram
cerca de 4 horas por sessão. Os leitos estão dispostos de modo que facilita a visualização
de todo o ambiente, sem barreiras físicas entre um e outro (QUEIROZ; MARQUES, 2020).
Diferente dos cuidados já estabelecidos na hemodiálise que em sua maior parte são
direcionados para as doenças de transmissão sanguínea, a COVID-19 e sua transmissão
por via respiratória, desafiou a logística de funcionamento dos serviços de diálise. Esse
problema precisou ser resolvido através da vigilância em saúde dos grupos de interesse,
adaptando o fluxo de pessoas no serviço para o monitoramento de todo grupo de pessoas
que estão vinculados ao serviço de nefrologia, incluindo os intervalos sem diálise para pa-
cientes, a permissão de acompanhantes em casos extremamente necessários e o monito-
ramento de sinais e sintomas de todos que participam desse fluxo de pessoas no serviço
(QUEIROZ; MARQUES, 2020).
Com o período de propagação do vírus os hospitais precisaram adotar algumas me-
didas necessárias para evitar o contato de paciente com suspeita ou não de ter contraído o
vírus, como a criação de novas áreas exclusivas para avaliação de pacientes com suspeitas
de ter adquirido o vírus e tratamento para aqueles casos que foram confirmados depois de
feito todos os exames. Para os casos leves de COVID-19 de pacientes em hemodiálise
ambulatorial, caso o serviço não tenha sala exclusiva para a sessão desses pacientes, foi
recomendado a mudança de turno desses pacientes e um maior espaço entre os leitos de
diálise, além de profissional exclusivo para o seu atendimento, que deverá seguir todas
as medidas gerais de prevenção de propagação do vírus (VENTURA-SILVA et al., 2020;
KLIGER et al., 2020).
Para evitar a contaminação do novo coronavírus em paciente em situação de risco
durante o período da pandemia, algumas medidas foram tomadas, como, solicitar aos pa-
cientes e funcionários que quando possível evitassem utilizar o transporte público, já que
boa parte desses pacientes fazer uso desse meio para se deslocar, a implementação de
reuniões e atendimento médico por videoconferência, e em caso de necessitar comparecer
ao centro de diálise usar a máscara de tecido, por exemplo durante a sessão de hemodiálise
(SILVA et al., 2020).
A sociedade brasileira de nefrologia se posiciona favorável ao uso de máscaras de
pano em pacientes com doença renal crônica e a população em geral assintomática, por
meio da nota informativa do ministério da saúde n° 3/2020- CGGAP/DESF/SAPS/MS que
autoriza o uso e comprova que a máscara de pano atua como barreira para impedir a
89
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
disseminação de gotículas expelidas pelo nariz ou boca de possíveis infectados (ABREU;
RIELLA; NASCIMENTO, 2020).
Nesse período, a gestão em enfermagem que é responsável pela criação de estratégias
de racionalização dos materiais e na promoção da capacitação dos profissionais da equipe,
precisou estabelecer treinamentos através da educação permanente com a especificidade da
área de atuação profissional, sempre embasadas nas Metas Internacionais para Segurança
do Paciente, com destaque para as metas de Higiene das Mãos e da Comunicação Efetiva
a fim evitar a perda na padronização de ações da equipe e otimizar a comunicação com o
paciente (VENTURA-SILVA et al., 2020; QUEIROZ; MARQUES, 2020).
Quanto ao manejo de casos suspeitos, o enfermeiro deve informar sobre os principais
sinais e sintomas da COVID-19, orientar sobre qual o procedimento deve ser tomado caso
o usuário os apresente; reforçar a importância do comparecimento às sessões de tratamen-
to; auxiliar na elaboração de estratégias para utilização de medicações de uso regular e;
reforçar a importância da manutenção do esquema vacinal em dia, especialmente, contra
a influenza. Em relação aos casos confirmados, adotar caso disponível o uso de único dia-
lisador para este paciente, em sala de isolamento ou em horário diferenciado dos demais
(OLIVEIRA et al., 2020).
Uma dúvida frequente durante a pandemia do COVID-19 era sobre o uso de medi-
camentos bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), tais como
inibidores da enzima conversora de angiontesina (iECA) e antagonistas dos receptores
angiotensina, após descoberta de afinidade do vírus a receptores desse sistema. Algo que
aflingu pacientes e médicos na área de nefrologia visto que são as principais drogas utilizadas
no tratamento para retardar a progressão da DRC de pacientes em tratamento conservador.
Apesar de não haver estudos direcionados para essa temática, as sociedades de especialis-
tas em todo o mundo optaram por recomendar a continuidade do uso desses medicamentos
em pacientes que têm indicação, tais como renais crônicos e hipertensos (ABREU; RIELLA;
NASCIMENTO, 2020; LIM; PRANATA, 2020).
O cuidado de enfermagem em serviços de hemodiálise está ligada ao planejamento e
o cuidado direto de acordo com a necessidade de cada paciente está em tratamento, isso
acaba influenciando na adesão e qualidade do tratamento. Durante essa pandemia o uso
das técnicas de educação para saúde de formas ativas e reflexivas direcionadas para im-
portância da instrução para o autocuidado e na realização dos procedimentos foi a principal
aliada da equipe de enfermagem como medida de contenção da contaminação ambiental e
de pessoas (OLIVEIRA et al., 2020; QUEIROZ; MARQUES, 2020).
Outra preocupação que envolve a gerência dos serviços de diálise está no excesso
de trabalho que pode tornar os profissionais de saúde vulneráveis a infecções e outras
90
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
doenças. Já que profissionais das equipes de hemodiálise infectados precisam de isola-
mento e quarentena por no mínimo 2 semanas, o que resulta em falta de recursos huma-
nos. Semelhante a outras pessoas, os profissionais de saúde com suspeita de COVID-19
são incentivados a ficar em casa e relatar ao líder da equipe se não se sentirem bem
(LIM; PRANATA, 2020).
No estudo de Kliger et al (2020) recomenda-se um preparo para as próximas pande-
mias, através do estabelecimento de um grupo de pesquisa multinacional deve ser formado
para investigar todos os aspectos do organismo e da resposta do hospedeiro, incluindo o
reservatório de origem, genética, resposta do hospedeiro, vacinação, dentre outros aspectos
importantes sobre a doença.
A enfermagem precisou alinhar conhecimento científico e prático para atuar na linha de
frente do combate ao COVID-19, algumas medidas foram reforçadas para evitar a contami-
nação entre profissionais e pacientes, que vão desde medidas realizadas pelos indivíduos,
como também alterações ambientais e de gerenciamento de escalas e horários, tornando
a prestação de serviços de hemodiálise algo desafiador para profissionais e tenso para os
pacientes que não tinha a opção de ficar em isolamento social nos respectivos domicílios.
CONCLUSÕES
91
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a nossa família que nos apoiou em todos os momentos, aos nossos
professores, aos nosso colegas de sala, a cada pessoa que nos apoiaram direta ou indi-
retamente, ao Instituto Federal de educação, ciência e tecnologia de Pernambuco – IFPE
campus Belo Jardim por essa oportunidade de adquirir conhecimento e por todo apoio
prestado durante a pandemia, em especial a nossa professora e orientadora Me. Angelica
de Godoy Torres Lima.
DECLARAÇÃO DE INTERESSES
Nós, autores deste artigo, declaramos não possuímos conflitos de interesses de ordem
financeira, comercial, político, acadêmico e pessoal.
REFERÊNCIAS
1. ABREU, A. P.; RIELLA, M. C.; NASCIMENTO, M. M. A sociedade brasileira de nefrologia e a
pandemia pelo covid- 19. Braz. J. Nephrol, v.42, n.2, p.1-3, 2020. Disponível em: https://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S0101-28002020000500001&scr ipt=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em:
01 nov. 2020.
3. AMMIRATI, A. L. Chronic Kidney Disease. Rev. Assoc. Med. Bras., v. 66, supl.
1, p.03-09, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art text&pi-
d=S0104-42302020001300003&lng=en&nrm=iso. Acesso em 02 Sept. 2020.
4. BRASIL Insuficiência renal crônica. 2015. Acesso em: 02 set 2020. Disponível em: https://
bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2083-insuficiencia-renal-cronica.
5. BRASIL Saúde alerta para prevenção e diagnóstico precoce da Doença Renal Crônica. 2019.
Acesso em: 02 set 2020. Disponível em: https://www.saude.gov.br/ noticias/agencia-saude/
45291-ministerio-da-saude-alerta-para-prevencao-e-diagnostico-precoce-da-doenca-renal-
-cronica
6. BRASIL. Diretrizes clínicas para o cuidado ao paciente com doença renal crônica – DRC no
sistema único de saúde. Acesso em: 21 out. 2020. Disponível em: bvsms.saude.gov.br>bvs>-
direteizes—cliniicas-para-o-cuidado-ao-paciente-com-doenca -renal-cronica-drc-sistema-úni-
co-de-saude.
92
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
7. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Nota de esclarecimento – coronavírus.
2020. Acesso em 21 out. 2020. Disponível em http://www.cofen.gov.br/ cofen-publica-nota-de-
-esclarecimento-sobre-o-coronavirus-covid-19_77835.html .
10. FERREIRA, S. R. S.; PÉRICO, L. A. D.; DIAS, V. R. G. F. The complexity of the work of nurses
in Primary Health Care. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(Supl 1):704-9. [Issue Edition: Con-
tributions and challenges of practices in collective health nursing] Acesso em: 24 de Set. 2020.
11. HUANG, C et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan,
China. Lancet., v. 395, n. 10223, p. 497-506, 2020. Disponível em: https://www.thelancet.com/
journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)30 183 5/abstract. Acesso em 02 set. 2020.
12. LIM, M. A.; PRANATA, R. The Importance of COVID-19 Prevention and Containment in Hemo-
dialysis Unit. Clinical Medicine Insights: Circulatory, Respiratory and Pulmonary Medicine,
v. 14, p. 1–2, 2020.
13. KLIGER, A. S. et al. Managing the COVID-19 pandemic: international comparisons in dialysis
patients. Kidney International, v. 98, p. 12–16, 2020.
14. MOITINHO, M. S. et al. Lesão renal aguda pelo vírus SARS-COV-2 em pacientes com CO-
VID-19: revisão integrativa. Rev. Bras. Enferm, v. 73, supl. 2, p. e20200354, 2020. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672 020001400300&ln-
g=en&nrm=iso. Acesso em 02 set. 2020.
17. RIBEIRO, K. Cuidados de Enfermagem aos pacientes com insuficiência renal crônica no am-
biente hospitalar. Revista Científica de Enfermagem, v.6, p. 26-35, 2016.
18. ROMÃO JUNIOR, J. E. Doença renal crônica: definição, epidemiologia e classificação. J. Bras.
Nefrol., v. 26, n. 3 suppl. 1, p. 1-3, 2004.
93
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
20. SILVA, V. C. et al. Recomendações de boas práticas da sociedade brasileira de nefrolo-
gia aos serviços de diálise peritoneal em relação ao novo coronavírus (covid-19). J. Bras.
Nefrol, v. 42, n. 2, p. 18-21, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/ scielo.php?pi-
d=S0101-28002020000500018&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 20 nov. 2020.
23. ZHANG, D. et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. N Engl J
Med., v. 382, n. 8, p. 727-33, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1056/nejmoa2001017.
Acesso em 01 set 2020.
94
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
09
“ Desenvolvimento de vídeo educativo
sobre os impactos do isolamento social
na saúde mental dos idosos
10.37885/210203409
RESUMO
96
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
97
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
de conteúdo audiovisual disponibilizado na plataforma digital YouTube mostrou-se como o
método mais apropriado para a educação em saúde do público-alvo do projeto.
Considerando o cenário pandêmico, o fornecimento de informação simplória ou com-
plexa direcionada a saúde, deve ser reelaborado traçando-se caminhos para que tais in-
formações cheguem até a população de maneira que sejam mantidas as medidas para a
prevenção de contaminação. Em vista do aumento da quantidade de usuários de redes
sociais, e da busca por informações para sanar os desafios encontrados no enfrentamento
frente a pandemia da COVID-19 através desses meios, o uso de mídias mostra-se eficaz
quando se anseia um alcance considerável das estratégias de enfrentamento ao coronavírus.
OBJETIVO
METODOLOGIA
98
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
a gravação dos áudios e elaboração com posterior edição do vídeo para preservação da
qualidade, finalizando-se assim a etapa de produção. Ao término da construção do material,
o mesmo foi disponibilizado nas mídias sociais YouTube e Instagram, utilizadas como as
plataformas para apresentação do vídeo.
RESULTADOS
99
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
100
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
pelas publicações dos vídeos é dinâmico, tendo-se observado que as pessoas que conso-
mem o conteúdo produzido e publicado nas mídias referentes ao projeto abrange desde
profissionais da saúde, estudantes de todos os níveis e áreas, bem como pessoas leigas.
Dentre os aspectos positivos dessas ferramentas de divulgação, destaca-se o grande
número e pluralidade de pessoas alcançadas. Dessa forma, acredita-se que o conteúdo
pode ter chegado também aos idosos, familiares e cuidadores, alcançando assim o objetivo
ao qual o vídeo se propõe.
REFERÊNCIAS
1. ABBASI, M. et al. The pedagogical effect of a health education application for deaf and hard of
hearing students in elementary schools. Electr Phys. v. 9, n. 9, p. 5199-5205, 2017.
101
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
10
“ Evidências estratégicas para o
tratamento de gestantes com infecções
por corona vírus: revisão integrativa
10.37885/210202982
RESUMO
103
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
104
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
sucessão para insuficiência respiratória na mulher gravida. inclusivamente a tendência da
gravidez em relação ao domínio do sistema T-helper 2 (Th2), que ampara o feto, deixa a
mãe suscetível a infecções virais, que são mais efetivamente refreados pelo sistema Th1.
Esses reptos únicos demandam uma aproximação incorporada das gestações atingidas pela
SARS-CoV-2 (DASHRAATH et al., 2020).
Quanto as opções de tratamento da COVID-19 pesquisadores acrescentam que atual-
mente, não há vacina disponível e nem tratamento antiviral específico recomendado até o
momento. O tratamento é sintomático e os pacientes diagnosticados com infecção grave
são assistidos com oxigenoterapia. Nos casos de insuficiência respiratória, é imprescindível
a ventilação mecânica, enquanto o suporte hemodinâmico é relevante para o tratamento do
choque séptico (HAMID; MIR; ROHELA, 2020).
Em 28 de janeiro de 2020 a OMS publicou um documento sumariando as diretrizes clíni-
cas fundamentado em tratamento de epidemias anteriores de HCoVs. O documento alcança
as etapas para identificação e classificação de pacientes com doença respiratória aguda
grave, diretrizes para diagnóstico laboratorial, terapia e monitoramento de suporte precoce,
tratamento de choque séptico e insuficiência respiratória e métodos de tratamento para mu-
lheres grávidas (HAMID; MIR; ROHELA, 2020). Essas recomendações enfatizam abordagens
para afastar a insuficiência respiratória, inserindo ventilação mecânica segura e ventilação
não invasiva (VNI) ou oxigênio nasal de alto fluxo (HFNO) (HAMID; MIR; ROHELA, 2020).
Quanto as perspectivas de um tratamento terapêutico os estudos apontam que a prin-
cípio foram usados antibióticos de largo espectro, nebulização por interferons-α e antivirais
administrados com a finalidade de reduzir a carga viral, (NG et al., 2020) mas somente o
remdesivir apresentou potencial viral promissor. O remdesivir sozinho ou em associação com
cloroquina ou interferon β bloqueou expressivamente a replicação da SARS-CoV-2 e os pa-
cientes apresentaram boa recuperação clínica (AGOSTINI et al., 2018; WANG et al., 2020a)
Efeitos moderados foram ostentados por Favipiravir, Nitazoxanida, Ribavirin, Baricitinib,
Penciclovir, Ritonavir e Arbidol quando experimentados contra infecção em isolados clínicos
in vitro e em pacientes. Outras formulações também foram testadas contra infecções por
COVID-19 em seres humanos e camundongos, tais como combinações de antibióticos ou
drogas antivirais com os medicamentos tradicionais chineses (RICHARDSON et al., 2020).A
terapia com plasma convalescente foi testada por médicos em Xangai, China e nos EUA,
na qual o plasma sanguíneo foi isolado de pacientes tratados com COVID-19 depois injeta-
do nos pacientes infectados estes obtiveram resultados positivos com recuperação rápida
(SHEAHAN et al., 2020).
Levando-se em consideração a esses aspectos, faz-se necessário o desenvolvimento
de pesquisas que investiguem as principais evidências estratégicas de tratamento para
105
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
gestantes com infecções por corona vírus contribuindo, assim, para a descoberta de novas
perspectivas terapêuticas para a mulher gestante. De acordo com essas proposições surge
o seguinte objetivo: investigar as estratégias para o tratamento de gestantes com infecção
pela corona vírus.
MÉTODO
Quadro 1. Estratégia de busca realizada na base de dados MEDLINE/PubMed. Teresina, Piauí, Brasil, 2020.
Estratégia de busca
Search ((((Coronavirus Infections) OR “coronavirus infection”) OR “Infection, Coronavirus”) OR “middle east respiratory
P
syndrome”) OR “mers middle east respiratory syndrome”
P AND I AND Co
((((((“coronavirus infections”[MeSH Terms] OR (“coronavirus”[All Fields] AND “infections”[All Fields]) OR “coronavirus infections”[All Fields])
OR “coronavirus infection”[All Fields]) OR (“coronavirus infections”[MeSH Terms] OR (“coronavirus”[All Fields] AND “infections”[All Fields]) OR
“coronavirus infections”[All Fields] OR (“infection”[All Fields] AND “coronavirus”[All Fields]))) OR “middle east respiratory syndrome”[All Fields])
OR “mers middle east respiratory syndrome”[All Fields]) AND ((“pregnant women”[All Fields] OR “Pregnant woman”[All Fields]) OR “woman,
presented”[All Fields])) AND (((((“therapeutics”[MeSH Terms] OR “therapeutics”[All Fields]) OR (“therapeutics”[MeSH Terms] OR “therapeutics”[All
Fields] OR “therapeutic”[All Fields])) OR (“therapy”[Subheading] OR “therapy”[All Fields] OR “therapeutics”[MeSH Terms] OR “therapeutics”[All
Fields])) OR (“therapeutics”[MeSH Terms] OR “therapeutics”[All Fields] OR “therapies”[All Fields])) OR (“therapy”[Subheading] OR “therapy”[All
Fields] OR “treatment”[All Fields] OR “therapeutics”[MeSH Terms] OR “therapeutics”[All Fields]))
106
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Os artigos foram acessados pelo portal de periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A seleção foi realizada por dois
revisores, de forma independente, em duas etapas: na primeira, leu-se o título e resumo e,
na segunda, o texto completo. Nos casos de desacordos, houve discussão entre os dois
avaliadores para alcançar um consenso.
A busca resultou em 271 produções. Na primeira etapa, aplicando os critérios de in-
clusão e exclusão, selecionaram-se 27 artigos. Na segunda, removeram-se 19 produções,
totalizando 8 estudos os quais compuseram a amostra e foram analisados. A figura 1 des-
creve o fluxograma dos artigos selecionados.
Figura 1. Fluxograma do processo de identificação, seleção, elegibilidade e inclusão dos estudos, elaborado a partir da
recomendação PRISMA (WHITTEMORE; KNAFL, 2005). Teresina, Piauí, Brasil, 2020.
107
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
A extração dos dados foi realizada com auxílio de instrumento próprio, contendo infor-
mações sobre autores, periódico e ano de publicação, objetivo, tipo de estudo e estratégia
de tratamento, não houve limitadores para os tipos de estudo.
A apresentação dos resultados foi realizada de forma descritiva, apresentada
em quadro resumo.
RESULTADOS
Figura 4. Levantamento das estratégias de tratamento em gestantes com infecção pelo corona vírus. Teresina (PI), Brasil,
2020.
Relatar um caso fatal de MERS-CoV em uma mulher Oseltamivir empírico e vancomicina, ribavirina
(MALIK et al., 2016).Emerg Infect Dis. Emirados
grávida em tratamento com ribavirina-peginterferon-α. oral (400 mg e 600 mg) e peginterferon-α sub-
Árabes Unidos.
Relato de caso cutâneo (180 µg 1 × / sem)
Analisar a suscetibilidade do SARS-CoV-2 na gravidez e
os medicamentos que podem ser usados para tratar a
(ZHAO et al., 2020)Eur J Clin Microbiol Infect cloroquina, metformina, estatinas, lobinavir /
gravidez com COVID-19, de modo a fornecer evidências
Dis. China. ritonavir, ácido glicirrízico
para a seleção de medicamentos na clínica.
Estudo de revisão.
Relatar o curso clínico da infecção por MERS-CoV em
(ALSEREHI et al., 2016) uma mulher grávida que adquiriu a infecção durante o
vancomicina, azitromicina e oseltamivir
BMC Infect Dis. Arabia. último trimestre.
Relato de caso
Compartilhar uma estrutura que pode ser adotada pelas
maternidades terciárias que gerenciam as gestantes no
(DASHRAATH et al., 2020).
fluxo de uma pandemia, mantendo a segurança do pa- antiviral e cloroquina.
Am J Obstet Gynecol. China.
ciente e do profissional de saúde em seu cerne.
Estudo de revisão
Descrever as condições clínicas dos participantes; e uti-
lizar intervenções com medicamentos já estudados ou
(ROSA; SANTOS, 2020) interferons, cloroquina, hidroxicloroquina, ar-
aprovados para qualquer outra doença em pacientes
Rev Panam Salud Publica. bidol, remdesivir, favipiravir, lopinavir, ritonavir,
infectados com o novo cor
Rio de Janeiro. oseltamivir, metilprednisolona, bevacizumabe
onavírus SARS-CoV-2 (2019-nCoV). Artigo (base de da-
dos)
Discutir as características clínicas e imunológicas de
(ZHANG et al., 2020a) Clin Immunol. glicocorticóides, antagonista da IL-6, inibidores
pacientes graves.
China de JAK e choloroquina / hidrocoloroquina,
Estudo de revisão.
Revisar progressos recentes e desafios no desenvolvi-
(ABD EL-AZIZ; STOCKAND, 2020)
mento de medicamentos contra o coronavírus COVID-19
Infect Genet Evol. Favilavir, cloroquina. hidroxicloroquina
(SARS-CoV-2) - Uma atualização sobre o status.
China.
Estudo de revisão
Relatar qualquer evidência de terapêutica utilizada no
(RASMUSSEN et al., 2020)
tratamento de pacientes com COVID-19 na prática clí-
.Infection Prevention in Practice. Corticosteroides, Lopinavir, Oseltamivir
nica desde o surgimento do vírus.
China.
Artigo de revisão
108
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Autore(s), ano Periódico Local Objetivo/tipo do estudo Estratégia de tratamento
DISCUSSÃO
109
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
existem dados suficientes para examinar as consequências e resultados do COVID-19 du-
rante o período gestatório (MULLINS et al., 2020; HUI, 2017; SONG et al., 2019).
De acordo com esse contexto os pesquisadores adotaram normas de como administrar
a coronavírus 2019 na gestação, assim incluindo: isolamento precoce, condutas invasivas
de inspeção de infecções, oxigenoterapia, precaução de sobrecarga de fluidos, afeição por
antibióticos empíricos (secundários ao risco de infecção bacteriana), testes laboratoriais do
vírus e co-infecção, monitoramento da contração uterina e batimentos cardiofetal, ventilação
mecânica precoce para insuficiência respiratória progressiva, planejamento de parto indivi-
dualizado e uma abordagem em equipe com consultas multiespecializadas (RASMUSSEN
et al., 2020;ZHOU et al., 2020).
Quanto as opções de tratamento, com antivirais, a estrutura monitorada de uso emer-
gencial de intervenções não registradas (MEURI) da OMS deve orientar o uso ético de
medicamentos não licenciados na gravidez em períodos de pandemias. Estudos recentes
identificaram o remdesivir e a cloroquina como medicamentos bastante promissores para o
tratamento do COVID-19. Entretanto a ausência de terapia antiviral exclusiva para COVID-19
e a pronta disponibilidade do remdesivir como um potente agente antiviral, conforme estudos
pré-clínicos em infecções por SARS-CoV e MERS-CoV, neste momento (maio/2020) segue
em andamento um estudo randomizado, controlado e duplo-cego cuja finalidade é avaliar a
eficácia e segurança do remdesivir em pacientes hospitalizados com COVID-19 grave (fase
3). O remdesivir é um novo pró-fármaco antiviral de nucleotídeo de ação ampla que impe-
de verdadeiramente a replicação de SARS-CoV-2 in vitro e a de coronavírus associados,
abrangendo MERS-CoV em primatas não humanos(DE WIT et al., 2020);(MULANGU et al.,
2019). Estão em andamento nos Estados Unidos (ClinicalTrials.gov NCT04280705) e na
China (ClinicalTrials.gov número NCT04252664 e NCT04257656).
Em 1º de maio de 2020, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA autorizou o
uso de emergência’ para os médicos prescreverem o antiviral, remdesivir, que é administrado
por via intravenosa, em pacientes hospitalizados por covid -19 grave (WANG et al., 2020a).
A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou a cloroquina e a hidroxicloro-
quina para tratar a malária e, devido às suas propriedades anti-inflamatórias, algumas doen-
ças auto-imunes, como artrite reumatoide e lúpus. Em fevereiro, os pesquisadores mostraram
que a cloroquina pode reduzir a infecção por coronavírus de células humanas cultivadas
em laboratório. Poucos dias depois, chegou um relatório de ensaios clínicos em pacientes
com COVID-19 em dez hospitais na China. Tomados em conjunto, esses estudos sugeriram
que o tratamento com cloroquina pode reduzir a duração da doença (WANG et al., 2020a)
Até o presente momento (maio de 2020) está sendo conduzido um ensaio clínico ran-
domizado, aberto e multicêntrico (estágio 2), cujo objetivo é avaliar a segurança e eficácia
110
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
da cloroquina no tratamento de adultos hospitalizados com infecção por SARS-CoV-2 con-
firmada em laboratório no Vietnã (DAS et al., 2020).
É evidente o avanço das pesquisas em buscas de melhores tratamentos medicamen-
tosos para a população geral, mas os pesquisadores discutem quanto as opções terapêuti-
cas para as gestantes com COVID-19 tendo em vista o alto risco de complicações graves e
mortalidade por infecção por COVID-19, atrelado as alterações fisiológicas e imunológicas
inerentes a gravidez. Esses riscos incluem o desenvolvimento de insuficiência respiratória
hipoxemia materna devido a pneumonia grave, hospitalização em terapia intensiva, morte;
mas também, morbimortalidade fetal com angústia fetal crônica e / ou aguda, retardo de
crescimento intrauterino, morte intrauterina e morbidade neonatal, particularmente relacio-
nada ao parto prematuro induzido e transmissão materno-fetal (DASHRAATH et al., 2020).
O reconhecimento desses fatos epidemiológicos sobre a infecção por SARS-Cov-2
em gestantes está atualmente limitado a pequenas séries de casos. Nenhum medicamento
demonstrou evidências sólidas no tratamento do vírus SARS-Cov-2. No entanto, estudos e
testes in vitro em pacientes COVID-19 positivos tratados com hidroxicloroquina e azitromicina
merecem uma avaliação mais aprofundada. As gestantes, por motivo da própria gestação
são sistematicamente excluídas dos testes de drogas, e as opções de tratamento para essa
população de alto risco continuam não testadas. Portanto agora mesmo está sendo realizado
um estudo de intervenção (ensaio clínico randomizado e aberto) cujo objetivo é avaliar a
eficácia da azitromicina /hidroxicloroquina no tratamento de COVID-19 em mulheres grávidas
(estágio 3) (CHACCOUR et al., 2020; ZEKARIAS et al., 2020).
CONCLUSÃO
111
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
REFERÊNCIAS
1. ABD EL-AZIZ, T. M.; STOCKAND, J. D. Recent progress and challenges in drug development
against COVID-19 coronavirus (SARS-CoV-2) - an update on the status. Infection, genetics
and evolution : journal of molecular epidemiology and evolutionary genetics in infectious
diseases, v. 83, p. 104327, abr. 2020.
6. DAS, R. R. et al. Efficacy and Safety of Anti-malarial Drugs (Chloroquine and Hydroxy-
-Chloroquine) in Treatment of COVID-19 Infection: A Systematic Review and Meta-Analy-
sis.Frontiers in medicine, 2020.
7. DASHRAATH, P. et al. Coronavirus disease 2019 (COVID-19) pandemic and pregnancy. Ame-
rican journal of obstetrics and gynecology, v. 222, n. 6, p. 521–531, jun. 2020.
8. DE WIT, E. et al. Prophylactic and therapeutic remdesivir (GS-5734) treatment in the rhesus
macaque model of MERS-CoV infection. Proceedings of the National Academy of Sciences
of the United States of America, v. 117, n. 12, p. 6771–6776, mar. 2020.
9. HAMID, S.; MIR, M. Y.; ROHELA, G. K. Novel coronavirus disease (COVID-19): a pandemic
(epidemiology, pathogenesis and potential therapeutics). New microbes and new infections,
v. 35, p. 100679, maio 2020.
11. HUI, D. S. Epidemic and Emerging Coronaviruses (Severe Acute Respiratory Syndrome and
Middle East Respiratory Syndrome). Clinics in chest medicine, v. 38, n. 1, p. 71–86, mar. 2017.
12. LIU, H. et al. Why are pregnant women susceptible to COVID-19? An immunological viewpoint.
Journal of Reproductive Immunology, v. 139, n. February, p. 103122, 2020a.
13. LIU, K. et al. Clinical features of COVID-19 in elderly patients: A comparison with young and
middle-aged patients. The Journal of infection, v. 80, n. 6, p. e14–e18, jun. 2020b.
14. LIU, Y. et al. Clinical manifestations and outcome of SARS-CoV-2 infection during pregnancy.
The Journal of infection, mar. 2020c.
112
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
15. MALIK, A. et al. Middle East Respiratory Syndrome Coronavirus during Pregnancy, Abu Dhabi,
United Arab Emirates, 2013. Emerging infectious diseases, v. 22, n. 3, p. 515–517, mar. 2016.
16. MULANGU, S. et al. A Randomized, Controlled Trial of Ebola Virus Disease Therapeutics. The
New England journal of medicine, v. 381, n. 24, p. 2293–2303, dez. 2019.
17. MULLINS, E. et al. Coronavirus in pregnancy and delivery: rapid review. Ultrasound in obs-
tetrics & gynecology : the official journal of the International Society of Ultrasound in
Obstetrics and Gynecology, v. 55, n. 5, p. 586–592, maio 2020.
18. NG, C. S. et al. Spatio-temporal characterization of the antiviral activity of the XRN1-DCP1/2
aggregation against cytoplasmic RNA viruses to prevent cell death. Cell death and diffe-
rentiation, fev. 2020.
19. PEYRONNET, V. et al. [SARS-CoV-2 infection during pregnancy. Information and proposal of
management care. CNGOF]. Gynecologie, obstetrique, fertilite & senologie, v. 48, n. 5, p.
436–443, maio 2020.
20. RASMUSSEN, S. A. et al. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) and pregnancy: what obs-
tetricians need to know. American journal of obstetrics and gynecology, v. 222, n. 5, p.
415–426, maio 2020.
21. RICHARDSON, P. et al. Baricitinib as potential treatment for 2019-nCoV acute respiratory
disease.Lancet (London, England), fev. 2020.
22. ROSA, S. G. V.; SANTOS, W. C. Clinical trials on drug repositioning for COVID-19 treatment.
Revista panamericana de salud publica = Pan American journal of public health, v. 44,
p. e40, 2020.
23. SCHWARTZ, D. A.; GRAHAM, A. L. Potential Maternal and Infant Outcomes from (Wuhan)
Coronavirus 2019-nCoV Infecting Pregnant Women: Lessons from SARS, MERS, and Other
Human Coronavirus Infections. Viruses, v. 12, n. 2, fev. 2020.
24. SHEAHAN, T. P. et al. Comparative therapeutic efficacy of remdesivir and combination lopi-
navir, ritonavir, and interferon beta against MERS-CoV. Nature communications, v. 11, n. 1,
p. 222, jan. 2020.
25. SONG, Z. et al. From SARS to MERS, Thrusting Coronaviruses into the Spotlight. Viruses, v.
11, n. 1, jan. 2019.
26. WANG, M. et al. Remdesivir and chloroquine effectively inhibit the recently emerged novel
coronavirus (2019-nCoV) in vitro.Cell research, mar. 2020a.
27. WANG, X. et al. A Case of 2019 Novel Coronavirus in a Pregnant Woman With Preterm Delivery.
Clinical infectious diseases : an official publication of the Infectious Diseases Society of
America, v. 71, n. 15, p. 844–846, jul. 2020b.
28. WHITTEMORE, R.; KNAFL, K. The integrative review: updated methodology. Journal of ad-
vanced nursing, v. 52, n. 5, p. 546–553, dez. 2005.
29. WU, F. et al. A new coronavirus associated with human respiratory disease in China. Nature,
v. 579, n. 7798, p. 265–269, mar. 2020.
113
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
30. XIE, M.; CHEN, Q. Insight into 2019 novel coronavirus - An updated interim review and lessons
from SARS-CoV and MERS-CoV. International journal of infectious diseases : IJID : official
publication of the International Society for Infectious Diseases, v. 94, p. 119–124, maio 2020.
31. ZEKARIAS, A. et al. Sex Differences in Reported Adverse Drug Reactions to COVID-19 Drugs in
a Global Database of Individual Case Safety Reports. Drug safety, v. 43, n. 12, p. 1309–1314,
dez. 2020.
32. ZHANG, W. et al. The use of anti-inflammatory drugs in the treatment of people with severe
coronavirus disease 2019 (COVID-19): The Perspectives of clinical immunologists from China.
Clinical immunology (Orlando, Fla.), v. 214, p. 108393, maio 2020a.
33. ZHANG, Y. et al. Current targeted therapeutics against COVID-19: Based on first-line experience
in China. Pharmacological research, v. 157, p. 104854, jul. 2020b.
34. ZHAO, X. et al. Analysis of the susceptibility to COVID-19 in pregnancy and recommendations on
potential drug screening. European journal of clinical microbiology & infectious diseases :
official publication of the European Society of Clinical Microbiology, p. 1–12, abr. 2020.
35. ZHOU, F. et al. Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19
in Wuhan, China: a retrospective cohort study. Lancet (London, England), v. 395, n. 10229,
p. 1054–1062, mar. 2020.
114
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
11
“ Impacto da Ventilação Mecânica
Invasiva na Mortalidade dos Pacientes
de Câncer Pulmonar e de COVID-19
10.37885/210203002
RESUMO
116
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
117
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Sabe-se que o câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no mundo.
Isso ocorre em especial porque ele é inicialmente assintomático e normalmente descoberto
em estágios avançados. Essa neoplasia ocasiona diversas complicações clínicas, podendo
ocasionar riscos imediatos de morte.
Uma das principais consequências da enfermidade é a insuficiência respiratória agu-
da que pode ser ocasionada em função de uma pneumonia infecciosa, de uma invasão de
malignidade subjacente, de uma injúria pulmonar aguda pela quimioterapia, de um edema
pulmonar cardiogênico e não cardiogênico, ou de um sangramento alveolar difuso. Nesse
sentido, ocorre uma maior utilização de leitos de terapia intensiva visando o tratamento des-
ses pacientes. A internação na UTI é válida tanto para pacientes de menor risco, ou seja,
que apresentam complicações potencialmente reversíveis, como para os de maior risco,
aqueles com sepse ou aqueles submetidos à ventilação mecânica (VM).
Portanto, observa-se que a VM é um método de suporte para o tratamento de pacientes
com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada. Este sintoma é característico tanto
da Covid-19 como do câncer pulmonar, doenças que serão correlacionadas e discutidas
nesse estudo. Este suporte ventilatório possui como objetivos a manutenção das trocas ga-
sosas, a facilitação do trabalho da musculatura respiratória, além de evitar a fadiga dessa
musculatura e permitir a aplicação de terapêuticas específicas.
O método é classificado em ventilação mecânica invasiva (VMI) e não invasiva; ambas
têm como finalidade proporcionar uma ventilação artificial através da aplicação de pressão
positiva nas vias aéreas. A diferença entre esses dois tipos de ventilação está na forma
de liberação da pressão, ou seja, enquanto na ventilação invasiva se utiliza uma prótese
introduzida na via aérea, na ventilação não invasiva, utiliza-se uma máscara como interface
entre o paciente e o ventilador artificial.
Assim, diante das informações apresentadas, este artigo analisa a correlação entre a
ventilação mecânica invasiva feita em pacientes com câncer pulmonar e entre os pacien-
tes enfermos com Covid-19. Buscou-se, então, relacionar e avaliar a influência da VMI na
mortalidade dos pacientes submetidos a esse procedimento em UTI em ambos os casos,
visando à resposta do seguinte questionamento: qual o impacto da ventilação invasiva na
mortalidade dos pacientes de câncer pulmonar e de Covid-19?
OBJETIVOS
Objetivo geral:
118
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Objetivos específicos:
MÉTODO
O tipo de estudo realizado foi uma revisão integrativa da literatura, que, segundo Souza,
Silva e Carvalho (2010, p.102), é um método que proporciona a síntese de conhecimento
e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática. Para
isso, foram avaliadas evidências científicas que utilizaram a base de dados PubMed.
Nesse viés, buscou-se sobre a relação entre a mortalidade e a ventilação mecânica in-
vasiva nos pacientes com câncer pulmonar e Covid-19. Utilizaram-se os seguintes Descritores
em Ciências da Saúde (DeCS): lung câncer AND invasive mechanical ventilation e Covid-19
AND invasive mechanical ventilation.
Como critérios de inclusão, foram selecionados os artigos pertencentes à temática,
publicados integralmente entre as datas de janeiro de 2018 e junho de 2020, nos idiomas
português e inglês. Por outro lado, o critério de exclusão foi a não pertinência ao tema.
Com essa pesquisa, que se caracteriza de modo descritiva, exploratória e sistemática,
foram encontrados 86 artigos, e, desses, foram selecionados 16 para serem utilizados na
revisão em questão.
RESULTADOS
Entre os 273 pacientes analisados com câncer pulmonar, 64,1% utilizaram a ventilação
mecânica invasiva (Gráfico 01), e, dentre esse espaço amostral, obteve-se uma taxa de
30,6% de mortalidade (Gráfico 02).
119
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Gráfico 01. Análise dos pacientes com câncer pulmonar.
Gráfico 02. Análise dos pacientes com câncer pulmonar que utilizaram a ventilação mecânica.
Dos 2634 avaliados com Covid-19, 12,2% precisaram ser submetidos à ventilação
mecânica invasiva (Gráfico 03). Destes, 88,1% não sobreviveram e 11,9% sobrevive-
ram (Gráfico 04).
120
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Gráfico 03. Análise dos pacientes com Covid-19.
Gráfico 04. Análise dos pacientes com Covid-19 que utilizaram a ventilação mecânica.
121
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Gráfico 05. Análise dos pacientes com câncer pulmonar e Covid-19.
Gráfico 06. Análise dos pacientes com câncer pulmonar e Covid-19 que utilizaram a ventilação mecânica.
DISCUSSÃO
122
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
da pandemia da Covid-19, que ataca, preferencialmente, o sistema respiratório, fazendo
com que, ocasionalmente, um paciente acometido necessite desse recurso.
No dia a dia hospitalar, fica evidente que a mortalidade dos pacientes acometidos de
Covid-19 que estão internados em UTI e utilizando a VMI é alta. Sendo assim, o presente
estudo procurou elucidar se o uso VMI pode ser um indicador de maior probabilidade de
morte de pacientes com Covid-19 que necessitem desse recurso, em comparação com o
tratamento de pacientes com câncer pulmonar, por possuírem sintomas semelhantes.
Ao observar os resultados obtidos, ficou claro o que se cogitava. Enquanto os pacientes
com câncer pulmonar que utilizaram VMI tiveram uma taxa de mortalidade de 30,6%, os
com Covid-19 tiveram uma taxa de 88,1%.
Tal situação acontece, possivelmente, pelo fato de que quando um paciente acometi-
do de Covid-19 precisa de UTI e VMI, significa que a doença já está em estágio avançado
e grave, com alto comprometimento pulmonar, que, aliado ao fato de não haver nenhum
medicamento específico para a doença, torna a mortalidade bastante elevada.
Já nos pacientes com câncer de pulmão, a mortalidade, quando necessário o uso de
VMI, é bem mais baixa, isso ocorre, possivelmente, pois, por mais que o câncer esteja com-
prometendo as funções pulmonar e esteja em estágios avançados, essa doença é conhecida
há anos. Dessa forma, há inúmeros procedimentos e medicamentos específicos disponíveis
para seu tratamento, o que permite uma maior sobrevida desses pacientes. No entanto, quan-
do comparado aos pacientes que não precisam da VMI, apresenta-se uma elevação na taxa
de mortalidade, mesmo que em proporções diferentes entre Covid-19 e câncer pulmonar.
CONCLUSÃO
123
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
REFERÊNCIAS
1. NÃMENDYS-SILVA, Silvio; CHERIT, Guillermo. Recommendations for the management of
critically ill adult patients with COVID-19. Gaceta Médica de México. 2020. Disponível em:
https://gacetamedicademexico.com/frame_esp.php?id=430. Acesso em: 02 de julho de 2020.
2. JÚNIOR, José da Natividade; SILVA, Ludmilla Mota; SANTOS, Leonardo José Morais; COR-
REIA, Helena; LOPES, Wende; SILVA, Virgínia; ANJOS, Jorge; MARTINEZ, Bruno. The novel
coronavírus Disease-2019 (COVID-19): Mechanism of action, detection and recente thera-
peutic strategies. Virology. 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC7513802/. Acesso em: 02 de julho de 2020.
3. FERRER, R. COVID-19 Pandemic: the greatest challenge in the history of critical care. Med
Intensiva. 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7151426/.
Acesso em: 02 de julho de 2020.
4. JÚNIOR, José da Natividade Menezes; SILVA, Ludmilla Mota; SANTOS, Leonardo José Mo-
rais; CORREIA, Helena França; LOPES, Wende; PINHEIRO E SILVA, Virgínia Eugênia; AN-
JOS, Jorge Luis Motta; MARTINEZ, Bruno Prata. Reproducibility of respiratory mechanics
measurements in patients on invasive mechanical ventilation. Revista Brasileira de Terapia
Intensiva. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33053029/. Acesso em: 02
de julho de 2020.
5. ADAM, Ak; SOUBANI, Ao. Outcome and prognostic factors of lung câncer admitted to the
medical intensive care unit. European Respiratory Journal. 2008. Disponível em: https://
pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17715168/. Acesso em: 02 de julho de 2020.
7. PASSARO, A.; PETERS, S.; MOK, T.; ATTILI, I.; MITSUDOMI, T.; MARINIS, F. Testing for
COVID-19 in lung câncer patients. Annals of Oncology. 2020. Disponível em: https://pubmed.
ncbi.nlm.nih.gov/32278879/. Acesso em: 02 de julho de 2020.
8. CALABRÒ, Luana; PETERS, Solange; SORIA, Jean-Charles; GIACOMO, Anna Maria; BAR-
LESI, Fabrice; COVRE, Alessia; ALTOMONTE, Maresa; VEGNI, Virginia; GRIDELLI, Cesare;
RECK, Martin; RIZVI, Naiyer; MAIO, Michele. Challenges in lung câncer therapy during the
COVID-19 pandemic. Respiratory Medicine. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.
nih.gov/32278368/. Acesso em: 02 de julho de 2020.
9. BASTOS, Gisele; AZAMBUJA, Aline; POLANCZYK, Carisi; GRÄF, Débora; ZORZO, Isabel-
le; MACCARI, Juçara; HAYGERT, Lúcia; NASI, Luiz; GAZZANA, Marcelo; BESSEL, Marina;
PITREZ, Paulo; OLIVEIRA, Roselaine; SCOTTA, Marcelo. Clinical characteristics and pre-
dictors of mechanical ventilation in patients with COVID-19 hospitalized in Southern Brazil.
Revista Brasileira de Terapia Intensiva. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
gov/33263703/. Acesso em: 02 de julho de 2020.
10. XU, Yan; LIU, Hongsheng; HU, Ke; WANG, Mengzhao. Clinical Management of Lung Cancer
Patients during the Outbreak of 2019 Novel Coronavirus Disease (COVID-19). Chinese Journal
of Lung Cancer. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32077441/. Acesso
em: 03 de julho de 2020.
124
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
11. CHEN, Wei-Chih; SU, Vicent; YU, Wen-Kuang; CHEN, Yen-Wen; YANG, Kuang- Yao. Ob-
servational Study. 2018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29329356/. Acesso
em: 03 de julho de 2020.
12. YANG, L; XU, H; WANG, Y. Diagnostic and therapeutic strategies of lung câncer patients
during the outbreak of 2019 novel coronavírus disease (COVID-19). Zhonghua Zhong Liu
Za Zhi. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32118394/. Acesso em: 03 de
julho de 2020.
13. SCHABATH, Matthew; COTE, Michele. Cancer Progress and Priorities: Lung Cancer. Cancer
Epidemiology Biomarkers & Prevention. 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
gov/31575553/. Acesso em: 03 de julho de 2020.
14. ROGADO, Jacobo; PANGUA, Cristina; SERRANO-MONTERO, Gloria; OBISPO, Berta; MARI-
NO, Almudena; PÉREZ-PÉREZ, Mar; LÓPEZ-ALFONSO, Ana; GULLÓN, Pedro; LARA, Miguel.
Covid-19 and lung câncer: A greater fatality rate? Lung Cancer. 2020. Disponível em: https://
pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32505076/. Acesso em: 04 de julho de 2020.
15. ADDEO, Alfredo; OBEID, Michel; FRIEDLAENDER, Alex. COVID-19 and lung câncer: risks,
mechanisms and treatment interactions. Journal for ImmunoTherapy of Cancer. 2020. Dis-
ponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32434788/. Acesso em: 04 de julho de 2020.
16. HUA, Jing; QIAN, Chenchen; LUO, Zhibing; LI, Qiang; WANG, Feilong. Invasive mechanical
ventilation in COVID-19 patient management: the experience with 469 patients in Wuhan.
Critical Care. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32546258/. Acesso em:
04 de julho de 2020.
125
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
12
“ Impactos e desafios da assistência
oncológica durante a Pandemia da
COVID-19
10.37885/210303539
RESUMO
127
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
128
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
de casos e a sobrecarga nos serviços de saúde (AQUINO et al., 2020). Esse impacto é sen-
tido diretamente pela sociedade, instituições e pelos profissionais de saúde, sendo realizada
a busca contínua por medidas para superar essa doença trágica (OLIVEIRA et al., 2020).
Visto o grande desafio do enfrentamento contra o vírus, surge preocupação para os
profissionais da saúde e para os pacientes que pertencem ao segmento oncológico (CIRILO
et al., 2020). Em tempos de pandemia, manejar esse segmento coloca em questão a base
estrutural do sistema de saúde, uma vez que, os pacientes portadores de neoplasias care-
cem de serviços médicos especializados e com medidas de segurança elevadas, a fim de
promover maior proteção contra a contaminação por Covid-19 (ARAUJO et al., 2021).
Entretanto, assim como outros países, o Brasil tem enfrentando grandes desafios para
ofertar a continuação do tratamento de câncer durante o combate contra o novo coronaví-
rus, sendo que esse, em muitos locais encontra-se altamente comprometida, pois muitas
vezes falta o atendimento, falta vagas em UTI, ou até mesmo insumos ou medicamentos
(DO NASCIMENTO et al., 2020). Contudo, a interrupção do tratamento e dos cuidados
pode comprometer no prognóstico positivo do paciente, levando-o a desenvolver quadros
obstrutivos, metástases e, até mesmo, óbito, visto que, tumores mais agressivos evoluem
negativamente em torno de 3 a 4 meses (WANG et al., 2020).
Somado a isso, também há o repto existente enfrentado pelo Sistema Único de Saúde-
SUS, no qual em circunstâncias prévias à pandemia já enfrentava desafios em exercer prazos
estabelecidos para tratamentos (BAPTISTA e FERNANDES, 2020). Assim, durante e após
o fim da pandemia, os pacientes oncológicos podem enfrentar dificuldades ainda maiores
quanto ao diagnóstico, consultas, exames, tratamento e procedimentos cirúrgicos, pois
muitas vezes os prazos estabelecidos não serão concluídos (CUEVAS-LÓPEZ et al., 2020).
Ademais, estudos demonstram que indivíduos com câncer são mais vulneráveis a
contrair o vírus e evoluir com complicações (terapia intensiva, ventilação mecânica invasiva
ou óbito), devido ao quadro de malignidade e imunossupressão, acentuada pelo tratamento
com quimioterapia e radioterapia (LIANG et al., 2020). Sendo assim, estudos realizados em
centros hospitalares na cidade de Wuhan evidenciaram que pacientes portadores de neo-
plasias possuem duas vezes mais chances de se infectarem do que em pessoas hígidas
(JING YU et al., 2020).
Dessa forma, visando à menor exposição, mas com a continuação do tratamento,
estão sendo fomentados a diminuição da frequência das consultas, adiamento de cirurgias
eletivas ou quimioterapias adjuvantes em tumores de baixos índices metastáticos ou de
complicações reduzidas, mas essas medidas podem gerar um decréscimo nos diagnósticos
de câncer (AL-SHAMSI et al., 2020).
129
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
O estigma carregado pela doença neoplásica, por si só, é responsável por alterações
psicológicas em decorrência da ameaça à saúde do indivíduo, visto que, passam por longos
ciclos hospitalares, por procedimentos invasivos e efeitos adversos das drogas, afetando
nutrição, autoestima e autoidentidade (SILVA et al., 2019). No entanto, estudos mostram
efeitos emocionais ainda mais frequentes e intensos durante o período de pandemia, evi-
denciado por ansiedade, depressão, angústia e estresse agudo (CIRILO et al., 2020).
Desse modo, considerando a atual adversidade enfrentada no manejo dos pacientes
oncológicos durante a pandemia, o Conselho Federal de Medicina (CFM), no Brasil em março
de 2020, autorizou temporariamente o uso da telemedicina como nova forma assistencial
com substituição parcial à presença física (CFM, 2020). Sendo assim, a nota declarada
liberava médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas a realizarem
abordagens profissionais remotas usando tecnologias da informação e comunicação (BINDA
FILHO e ZAGANELLI, 2020).
Esse recurso oferta aos usuários consultas com profissionais de saúde de forma efi-
ciente, rápida, cômoda e segura, auxiliando na triagem de eventuais sinais e sintomas (seja
pelo tratamento neoplásico ou de infecção viral), nas medidas de prevenção e tratamento,
bem como, orientações acerca da comorbidade existente, o que gera proteção não somente
para o paciente, mas também para toda equipe de saúde (SAMPAIO et al., 2020).
Para complementar o impacto de atuação da telemedicina, ao avaliar a necessidade
de uma assistência presencial sem a necessidade de procedimentos hospitalares, profis-
sionais da saúde são designados a consultar nos próprios lares (SAVASSI et al., 2020).
Assim, intensificou-se o atendimento domiciliar, auxiliando na redução da transmissão da
Covid-19, tendo em vista que, o paciente não vai se expor a ambientes ambulatoriais e nem
hospitalares; e promovendo assistência clínica e psicológica, bem como, forjando conexões
entre os profissionais e os familiares (BINDA FILHO e ZAGANELLI, 2020).
CONCLUSÃO
130
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
negativa, é duas vezes maior do que em pessoas hígidas. Contudo, ainda há a necessidade
da inserção de outras abordagens que amparem tais pacientes durante e após a pandemia,
uma vez que a redução de consultas físicas precisa ser ponderada, visto que intervalos
maiores em casos específicos, podem cursar com mal prognóstico devido rápida progressão
da doença. Ademais, além das consultas médicas através da telemedicina, é importante
enfatizar a necessidade de uma equipe multiprofissional, para proporcionar uma assistência
completa, com acesso à psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros. Por sua
vez, campanhas de rastreio precisam estar presentes mesmo nesse período de pandemia,
pois, no que diz respeito às doenças oncológicas diagnóstico precoce ainda é a melhor
forma de prevenção do agravamento da doença e da possibilidade de terapêutica precoce.
REFERÊNCIAS
1. AL‐SHAMSI, Humaid O. et al. A practical approach to the management of cancer patients du-
ring the novel coronavirus disease 2019 (COVID‐19) pandemic: an international collaborative
group. The oncologist, v. 25, n. 6, p. 936, 2020.
3. ARAUJO, Sérgio Eduardo Alonso et al. Impacto da COVID-19 sobre o atendimento de pacientes
oncológicos: experiência de um centro oncológico localizado em um epicentro Latino-Americano
da pandemia. Einstein (São Paulo), v. 19, 2021.
4. BAPTISTA, Anderson Barbosa; FERNANDES, Leonardo Vieira. COVID-19, análise das estraté-
gias de prevenção, cuidados e complicações sintomáticas. Desafios- Revista Interdisciplinar
da Universidade Federal do Tocantins, v. 7, n. Especial-3, p. 38-47, 2020.
5. BINDA FILHO, Douglas Luis; ZAGANELLI, Margareth Vetis. Telemedicina em tempos de pan-
demia: serviços remotos de atenção à saúde no contexto da covid-19. Humanidades e tec-
nologia (finom), v. 25, n. 1, p. 115-133, 2020.
131
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
9. DA SILVA, Mygre Lopes; DA SILVA, Rodrigo Abbade. Economia brasileira pré, durante e
pós-pandemia do covid-19: impactos e reflexões. Observatório Socieconômico da COVID-
FAPERGS, 2020.
11. HANNA, Timothy P. et al. Cancer, COVID-19 and the precautionary principle: prioritizing treat-
ment during a global pandemic. NatureReviewsClinicalOncology, v. 17, n. 5, p. 268-270, 2020.
12. JING, YU, M. D et al. Transmissão de SARS ‐ CoV ‐ 2 em pacientes com câncer de um hospital
terciário em Wuhan. JAMA Oncol, 2020.
13. LIANG, Wenhua et al. Pacientes com câncernainfecçãopor SARS-CoV-2: infection: a nationwi-
deanalysis in China. The Lancet Oncology, v. 21, n. 3, p. 335-337, 2020.
14. MALTA, Deborah Carvalho et al. A pandemia da COVID-19 e as mudanças no estilo de vida
dos brasileiros adultos: um estudo transversal, 2020. Epidemiologia e Serviços de Saúde,
v. 29, p. e2020407, 2020.
15. OLIVEIRA, Adriana Cristina de; LUCAS, ThabataCoaglio; IQUIAPAZA, Robert Aldo. O que a
pandemia da covid-19 tem nos ensinado sobre adoção de medidas de precaução?. Texto &
Contexto-Enfermagem, v. 29, 2020.
16. SAMPAIO, Simone Garruth dos Santos Machado; DIAS, Andrea Marins; DE FREITAS, Re-
nata. Orientações do serviço médico de uma unidade de referência em cuidados paliativos
oncológicos frente à pandemia de Covid-19. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 66, n.
Tema Atual, 2020.
17. SAVASSI, Leonardo Cançado Monteiro et al. Recomendações para a Atenção Domiciliar em
período de pandemia por COVID-19. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comuni-
dade, v. 15, n. 42, p. 2611-2611, 2020.
18. SILVA FILHO, Paulo Sérgio da Paz et al. Gerenciamento dos pacientes com câncer du-
rante a pandemia de COVID-19. Research, SocietyandDevelopment, v. 9, n. 7, p.
e628974609-e628974609, 2020.
19. SILVA, Sabrina et al. Bárbara. A recidiva em oncologia pediátrica a partir da perspectiva dos
profissionais. Psicologia, Saúde & Doenças, v. 20, n. 2, p. 542-555, 2019.
20. STERNBERG, Cinthya et al . Oncology practice during COVID-19 pandemic: a fast response
is the best response. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo , v. 66, n. 3, p. 338-344, Mar. 2020.
21. WANG, Hanping et al. Risk of COVID-19 for patients with cancer. The Lancet Oncology, v.
21, n. 4, p. e181, 2020.
132
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
13
“ Impactos na saúde mental dos
profissionais de saúde no enfrentamento
da COVID-19
10.37885/210303550
RESUMO
Objetivo: Identificar os principais fatores que impactam na saúde mental dos profissionais
da saúde no enfrentamento da COVID-19. Metodologia: Trata-se de uma revisão integra-
tiva da literatura utilizando as bases de dados SciELO, PubMed e Google Acadêmico, por
meio de ferramentas de pesquisa avançada, o que resultou em 19 trabalhos para serem
analisados. Resultados: Após revisão da literatura, observou-se que os médicos e os
enfermeiros foram os profissionais mais afetados por esse cenário, sendo que, dentre
essas duas categorias, a enfermagem e os técnicos em enfermagem apresentam maiores
problemas psicológicos. Os índices médios de sintomas de ansiedade, medo e depres-
são foram mais significativos na equipe médica, de acordo com o nível de exposição à
doença, como os profissionais que atuam em setores como pronto-socorro, unidade de
terapia intensiva e de doenças infecciosas. Os profissionais de saúde do sexo feminino
mostraram-se mais vulneráveis a sintomas como transtorno do estresse pós-traumático,
ansiedade, depressão e angústia. Conclusão: A seriedade da COVID-19 é notória por
todos e o trabalho dos profissionais de saúde é fundamental para a qualidade de vida
da população. Por isso, é imprescindível o monitoramento dos fatores estressantes que
configuram risco para a saúde mental desses profissionais, como as condições de tra-
balho, carga horária extensa, pouco suporte psicológico e contato direto com infectados.
134
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
135
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
É notório que os profissionais de saúde, principalmente os que atuam na linha de fren-
te de combate a COVID-19, estão submetidos a um constante e elevado risco de contágio
(VELOSO, 2020) e enfrentam, nem sempre, confiáveis condições de trabalho, pois estão
em ambientes inseguros, com inadequada infraestrutura, submetidos a uma longa carga
horária de trabalho, lidando com escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e
preocupados com a saúde de seus pacientes (BEZERRA et al., 2020).
Essas condições ocasionam altos níveis de desgaste profissional, adoecimento físico
e psicológico, má qualidade de vida e cuidados à saúde (BEZERRA et al., 2020), propor-
cionando ainda o surgimento de hipertensão arterial, náuseas, estresse, doenças entéricas,
esgotamento mental, depressão e prejuízos no sono (RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020).
Desse modo, é possível observar, em situações de pandemia que alguns transtornos men-
tais podem ser desencadeados pela maratona de trabalho, como a ansiedade e depressão
(RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020).
A ansiedade pode ser conceituada como um sentimento vago e desagradável de medo,
apreensão, com características de tensão ou desconforto derivado da antecipação do pe-
rigo, de algo desconhecido ou estranho. É considerado um estado emocional que atinge
componentes psicológicos, sociais e fisiológicos. Está condição em seres humanos, quando
excessiva, pode se tornar patológica, atingindo o ambiente psicossocial do indivíduo, afetando
diversos âmbitos, como, por exemplo, as interações sociais, o convívio familiar e a atuação
no trabalho (DAL’BOSCO et al., 2020).
A depressão, por sua vez, é caracterizada por uma lentificação dos processos psíquicos,
humor depressivo e/ou irritável, redução da energia, incapacidade parcial ou total de sentir
alegria ou prazer, desinteresse, apatia ou agitação psicomotora, dificuldade de concentração,
pensamento de cunho negativo, com perda da capacidade de planejamento e alteração do
juízo da verdade (DAL’BOSCO et al., 2020).
Assim, diante de um tema de grande relevância e grande impacto mundial, o presente
estudo tem por objetivo realizar uma revisão integrativa para relatar os principais fatores
que impactam a saúde mental dos profissionais da saúde no enfrentamento da COVID-19.
MÉTODOS
136
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Foram utilizados os descritores, intercalados pelos operadores, COVID OR sars-
-cov-2 OR COVID-19; Depression AND Physicians; Depression AND Health professional
no MeSH. Nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), foram utilizados os descritores
com os operadores: COVID-19 AND DEPRESSÃO; COVID-19 AND DEPRESSÃO AND
PROFISSIONAIS DE SAÚDE. Na SciELO, a busca foi feita com palavras e expressões entre
parênteses dos títulos ou dos resumos.
A busca totalizou 64 artigos, o que possibilitou a elaboração dos critérios de inclusão
e exclusão: distanciamento do tema pré-determinado e duplicidade. Para aplicar esses cri-
térios, foi realizada uma leitura crítica e reflexiva dos títulos, resumos e introduções, após
a exclusão de 46 trabalhos, para realização deste trabalho foram selecionados 16 artigos.
Para auxiliar na análise desses artigos selecionados, inicialmente foi realizada uma
leitura exploratória, identificando e transcrevendo trechos relevantes que correspondiam aos
tópicos pré-estabelecidos, relacionados aos impactos na saúde mental de profissionais da
saúde no enfrentamento da COVID-19 (Quadro 1). A caracterização dos artigos seleciona-
dos está representada no Quadro1.
O impacto da pandemia por covid-19 Revista Enfer- Identificar os fatores que impactam na saúde mental
1 BEZERRA et al., 2020 na saúde mental dos profissionais da magem Atual dos profissionais da saúde no enfrentamento da CO-
saúde - revisão integrativa. In Derme VID-19.
Fatores de risco para a síndrome de Revista Enfer- Analisar os fatores de risco para o desenvolvimento
2 BORGES et al., 2021 Burnout em profissionais da Saúde magem Atual da Síndrome de Burnout em profissionais da saúde
durante a pandemia de covid-19. In Derme durante a pandemia da COVID-19.
Factors associated with mental health Avaliar a magnitude dos resultados de saúde mental
JAMA network
6 LAI et al., 2020 outcomes among health care workers e fatores associados entre profissionais de saúde que
open
exposed to coronavirus disease 2019. tratam de pacientes expostos ao COVID-19 na China.
137
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
N Autores e ano Título Periódico Objetivo
Revista Inter-
A dor e o sofrimento causado pelo CO- Apresentar os principais fatores associados as reper-
MOREIRA, FEITOSA, faces: Saúde,
11 VID-19: As repercussões psiquiátricas cussões psiquiátricas para os profissionais da saúde
ROLIM, 2020 Humanas e
para os profissionais de saúde. durante a pandemia da COVID-19.
Tecnologia
Adoecimento mental na população ge- Mapear a literatura sobre adoecimento mental na po-
MOREIRA, SOUSA, Texto & Contex-
12 ral e em profissionais de saúde durante pulação geral e em profissionais de saúde durante a
NÓBREGA, 2020 to-Enfermagem
a covid-19: scoping review. pandemia da Covid-19.
Não foi necessária a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), por se tratar
de uma revisão integrativa, com o objetivo de realizar uma análise secundária de dados, não
envolvendo seres humanos.
138
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
RESULTADOS E DISCUSSÃO
139
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
podendo infectar outras pessoas, como amigos ou a própria família (BORGES et al., 2021;
LÓSS et al., 2020; RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020; TEIXEIRA, 2020).
Esses trabalhadores não possuem o suporte adequado, uma vez que há escassez
de equipamentos de proteção individual (EPI) (AYANIAN, 2020; BORGES et al., 2021;
BEZERRA et al., 2020; LÓSS et al., 2020; MOREIRA; SOUSA; NÓBREGA, 2020); falta de
medicamentos específicos para o tratamento da doença (BORGES et al. 2021); insuficiência
de ventiladores e outros equipamentos médicos essenciais no cuidado de pacientes graves
(AYANIAN, 2020; MOREIRA; SOUSA; NÓBREGA, 2020) e escassez de leitos de terapia
intensiva, o que pode levar o profissional ao extremo estresse de ter que decidir qual a prio-
ridade de cada paciente, ocasionando o desenvolvimento de sentimentos de cobrança, de
incapacidade e de culpa, e afetando, assim, o desempenho profissional (BORGES et al.,
2021; CARVALHO et al., 2020; RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020).
O papel de agente cuidador e a necessidade de atendimento imediato e especializado
para uma significativa parcela de pessoas com sintomas da COVID-19 (RIBEIRO; VIEIRA;
NAKA, 2020); agressões ditas por pessoas que procuram atendimento e não podem ser
acolhidas, devido à limitação de recursos (BORGES et al., 2021); exaustão emocional rela-
cionada à crescente demanda por cuidados, seja de pacientes em geral, seja de colegas de
trabalho (AYANIAN, 2020; BEZERRA et al., 2020; MOREIRA; SOUSA; NÓBREGA, 2020);
ou, ainda, acesso insuficiente a serviços de saúde mental, contribuem para o sofrimento
emocional de enfermeiros, médicos, terapeutas respiratórios e auxiliares de enfermagem
(AYANIAN, 2020; MOREIRA; SOUSA; NÓBREGA, 2020). Somado a esses fatores, tem-se
a frustração causada pela perda de pacientes, que é um fator de grande impacto emocional
(CARVALHO et al., 2020).
Além disso, a necessidade de tomadas de decisões críticas, mesmo sem a presença
dos familiares, uma vez que não é permitida a presença de visitantes nos hospitais, promo-
vem tensão emocional e psicológica (SILVA et al., 2020). Ademais, como esses profissionais
estão sob pressão para equilibrar as demandas profissionais e familiares, são tomados pelo
medo e pela exaustão (RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020).
Desse modo, em virtude desse cenário pandêmico, têm-se relatado sentimentos de
medo, de angústia, de desamparo e de outros sentimentos relacionados ao desconhecimento
desse novo vírus (MOREIRA; SOUSA; NÓBREGA, 2020; PRADO, et al., 2020), impactando
a saúde mental e aumentando os casos de ansiedade, depressão, insônia, como também o
consumo de drogas (BEZERRA et al., 2020; TEIXEIRA et al., 2020). Ademais, alguns fatores
como a presença de um histórico psiquiátrico e o trabalho em unidades com maior risco de
contaminação acentuam as oportunidades de desenvolvimento de problemas psicológicos
140
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
(CARVALHO et al., 2020). Assim, é perceptível o quanto a compreensão e a capacidade de
tomada de decisão dos trabalhadores de saúde são afetadas (SILVA et al., 2020).
Tem sido ainda observado que os danos não se restringem somente à saúde mental:
fatores físicos podem estar associados a essas alterações emocionais, como mudanças
no sistema cardiovascular, endócrino e imunológico, podendo gerar sintomas irreversíveis.
Essas alterações são consequências da qualidade de sono, que é prejudicada pelo contexto
da pandemia e pela exigência de alto desempenho, o que, a longo prazo, pode interferir em
vários aspectos fisiológicos, como na imunidade, no aprendizado e na memória, propiciando
maiores chances de adoecimento (BEZERRA et al, 2020). Outrossim, a pressão e o estresse
sofridos ativam o sistema nervoso autônomo simpático e o sistema endócrino, desencadean-
do respostas sobre a glândula adrenal, ocasionando consequências negativas na saúde
física, prejudicando assim, a luta desse profissional contra a COVID-19 (SILVA et al., 2020).
Vale ressaltar que os problemas não afetam todos os profissionais de saúde da mesma
maneira, sendo necessária, portanto, uma atenção específica e direcionada às especifici-
dades de cada um deles (TEIXEIRA et al., 2020).
Portanto, o sofrimento emocional desencadeado, além de promover uma diminuição da
qualidade de vida do profissional de saúde, prejudica a assistência prestada (CARVALHO
et al., 2020; RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020), a qualidade do cuidado e a segurança do
paciente (DAL’BOSCO et al., 2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
141
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
como as condições de trabalho, carga horária longa, pouco suporte psicológico e contato
direto com infectados.
REFERÊNCIAS
1. AYANIAN, J. Z. Mental Health Needs of Health Care Workers Providing Frontline COVID-19
Care. JAMA Health Forum. Editor’s Comment COVID-19. Abr, 2020.
2. BEZERRA, G. D. et al. O impacto da pandemia por COVID-19 na saúde mental dos profissio-
nais de saúde: revisão integrativa. Revista Enfermagem Atual In Derme, v. 93, p. e-020012,
jun./ago. 2020.
7. LAI, J. et al. Factors associated with mental health outcomes among health care workers ex-
posed to coronavirus disease 2019. JAMA network open, v. 3, n. 3, p. e203976-e203976,
mar. 2020.
8. LIMA, S. O. et al. Reflexão sobre o estado físico e mental dos profissionais de saúde em época
de Covid-19. Interfaces Científicas-Saúde e Ambiente, v. 8, n. 2, p. 142-151, mar. 2020.
9. LÓSS, J. DA C. S. et al. A saúde mental dos profissionais de saúde na linha de frente contra
a COVID-19. Revista Transformar, v. 14, n. 2, p. 54-75, maio/ ago. 2020.
11. MORAIS, C. P. T. DE et al. Impacto da pandemia na saúde mental dos profissionais de saúde
que trabalham na linha de frente da Covid-19 e o papel da psicoterapia. Brazilian Journal of
Development, v. 7, n. 1, p. 1660-1668, jan. 2021.
12. MOREIRA, J. L. DE S.; FEITOSA, P. W. G.; ROLIM, M. D. A dor e o sofrimento causado pelo
COVID-19: As repercussões psiquiátricas para os profissionais de saúde. Revista Interfaces:
Saúde, Humanas e Tecnologia, v. 8, n. 3, p. 818-820, nov. 2020.
142
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
14. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Novel Coronavirus (2019-nCoV): relatório de situação,
mar. 2020.
16. PRADO, A. D. et al. A saúde mental dos profissionais de saúde frente à pandemia do COVID-19:
uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 46, p. e4128-e4128, jun. 2020.
143
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
14
“ Perfil epidemiológico de COVID-19 no
interior de Goiás
10.37885/201102355
RESUMO
145
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
146
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
MATERIAIS E MÉTODOS
Delineamento da pesquisa
Neste estudo foram incluídos dados de casos notificados e óbitos do Mundo, Brasil,
Goiás e Aparecida de Goiânia. Os dados referentes ao Mundo foram extraídos do Painel da
Doença de Coronavírus da Organização Mundial de Saúde (OMS) (WHO, 2020b), os dados
do Brasil foram obtidos do Painel Coronavírus do Ministério da Saúde (BRASIL, 2020e) e,
os dados do Estado de Goiás e Aparecida de Goiânia foram obtidos do Painel do Estado de
Goiás (SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE GOIÁS, 2020). Todos os dados foram
extraídos no dia 04 de agosto de 2020.
Procedimentos
147
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
sobre COVID-19 apresentados no painel têm como fontes os Sistemas de Vigilância de SRAG
(SIVEP Gripe), e-SUS Notifica e RedCap – do Ministério da Saúde, Laboratório de Saúde
Pública da SES e laboratórios da rede particular de saúde. Esses dados foram tabulados e
analisados usando-se o programa Microsoft Excel.
Não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, uma vez que
se trata de um estudo que utiliza dados secundários, sem identificação dos participantes e
os dados são de domínio público, atendendo à Resolução do Conselho Nacional de Saúde
(CNS) n. 466, de 12 de dezembro de 2012 (BRASIL, 2012).
RESULTADOS
Quadro 01. Distribuição de casos confirmados, óbitos, taxa de incidência e letalidade de COVID-19 no Mundo, Brasil,
Goiás e Aparecida de Goiânia, Goiás, 2020.
Incidência/ 100 mil
Localidade Casos Confirmados Óbitos Letalidade
hab.
Mundo 18.318.928 2347,7 695.043 3,8%
Brasil 2.801.921 1333,3 95.819 3,4%
Goiás 74966 1068,1 1.830 2,43%
Aparecida de Goiânia 15146 2.619,6 267 1,76%
Fonte: World Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) Pandemic; 2020 - Ministério da Saúde (BR). Coronavírus. Situação
dos casos. Painel Coronavirus; 2020 - Secretaria de Estado de Saúde de Goiás. Atualização dos casos de doença pelo coronavírus
(COVID-19) em Goiás; 2020.
Em relação à distribuição dos casos por data de início de sintomas, verificou-se que
os primeiros casos iniciaram na SE 9 e as maiores frequências de casos foram na SE 27
(2.175) na SE 30 (2.250) (Figura 1).
148
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Figura 1. Distribuição dos casos de COVID-19 por data de início de sintomas, SE 9 a SE 31, Goiás, 2020.
A Tabela 1 mostra que do total de indivíduos com COVID-19, 1.072 (7,0%) tinham algu-
ma comorbidade, sendo 2,3% com diabetes, 2,8% doença cardiovasculares, 1,6% doenças
respiratórias e 0,4% imunossupressão.
Tabela 1. Distribuição dos casos confirmados de COVID-19 segundo a presença de comorbidades, SE 9 a SE 31, Aparecida
de Goiânia, Goiás, 2020.
VARIÁVEIS N %
Diabetes
Sim 349 2,3
Não 14556 96,1
Ignorado 241 1,6
Doença Cardiovascular
Sim 430 2,8
Não 14478 95,6
Ignorado 238 1,6
Doença Respiratória 0
Sim 236 1,6
Não 14662 96,8
Ignorado 248 1,6
Imunossupressão
Sim 57 0,4
Não 14839 98,0
Ignorado 250 1,7
TOTAL 15146 100
Fonte: Brasil. Coronavirus. Situação dos casos. Painel Coronavirus; 2020.
149
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Tabela 2. Evolução dos casos de COVID-19, SE 9 a SE 31, Aparecida de Goiânia, Goiás, 2020.
RECUPERADO N %
Sim 14437 95,3
Não 709 4,7
TOTAL 15146 100
Fonte: Brasil. Coronavirus. Situação dos casos. Painel Coronavirus; 2020.
DISCUSSÃO
150
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
No presente estudo mais de 90% casos confirmados evoluíram para a recuperação.
Resultados semelhantes foram encontrados em estudos nacionais (FREITAS; NAPIMOGA;
DONALISIO, 2020; CAVALCANTE; ABREU, 2020; MAGALHÃES et al., 2020).
Estudos destacam que a identificação, o controle, o isolamento dos casos suspeitos, a
quarentena domiciliar e o distanciamento social dos idosos e indivíduos de grupos de risco
podem reduzir o pico da demanda de assistência médica em até dois terços e o número de
mortes pela metade contribui para a recuperação dos casos de COVID-19 (FERGUSON
et al., 2020; GOMES; BUSATO; FERNANDES DE OLIVEIRA, 2020).
Partindo do pressuposto que as medidas imediatas e comuns na gestão das emer-
gências em Saúde Pública, tem foco na gestão reativa e corretiva para reduzir os riscos
atuais. O município em estudo focou também na integração dessas ações a uma gestão
prospectiva dos riscos, orientada para a redução das vulnerabilidades, o fortalecimento das
capacidades de respostas do setor saúde e outros envolvidos (defesa civil, economia, edu-
cação, transportes, água e saneamento, meio ambiente, proteção social, agricultura, entre
outros) e, prevenção de novos riscos ou riscos futuros relacionadas as consequências da
pandemia ocasionadas na vida da população.
Entre algumas estratégias utilizadas pelo município para o enfrentamento da COVID-19,
está a instituição do regime de escalonamento para o funcionamento dos estabelecimentos
que exerçam as atividades econômicas, obedecendo critérios de Macrozonas, conforme
definido no Plano Diretor do Município (DIÁRIO OFICIAL ELETRÔNICO, 2020b). Nesse
escalonamento, foram definidos os dias da semana para não funcionamento das atividades
econômicas presentes nas Macrozonas listadas, evitando aglomeração em determinadas
localidades, conforme o Nível de risco Epidemiológico do Município baseado na Matriz de
Risco elaborada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2020f).
As Macrozonas urbanas são regiões administrativas do território municipal que es-
tão delimitadas em virtude de suas especificidades fáticas, com características peculiares
quanto a aspectos territoriais, socioeconômicos, paisagísticos e ambientais. Diante disso,
a Secretaria Municipal de Saúde passou a publicar diariamente a matriz de risco no seu
Boletim Epidemiológico Municipal e, caso a mudança de risco permaneça estável por pelo
menos três dias, emitirá nota que será divulgada no seu site, comunicando a mudança do
risco e a necessidade dos estabelecimentos comerciais se adaptarem ao cenário. A partir do
comunicado de mudança de Cenário de Risco por parte da Secretaria Municipal de Saúde,
as atividades comerciais de Aparecida de Goiânia terão quatro dias para cumprimento do
novo escalonamento.
Essa estratégia implantada pelo município está baseada no fato de que os efeitos da
pandemia da COVID-19 não podem ser tratados de modo isolado e pontual, pois combina
151
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
crises econômicas, políticas e sanitárias, resultando em um efeito cascata, ampliando as
condições de vulnerabilidades e riscos presentes e futuros, impactando de modo muito mais
acentuado as condições de vida e saúde dos mais pobres e vulneráveis. Diante disso, os
gestores de Aparecida de Goiânia vêm construindo as condições que permitam não só uma
melhor preparação e alerta para o risco atual da doença, mas também dos processos de
reabilitação, recuperação e reconstrução das condições de vida e saúde.
Entre as limitações deste estudo estão o uso de dados secundários, disponíveis em
uma plataforma com dados automatizados dos sistemas de saúde do Ministério da Saúde,
portanto, os dados são preliminares e ainda estão em fase de tratativas por parte dos municí-
pios do estado, com evidente atraso entre notificação e conclusão dos casos, que influenciam
no número de casos. Além disso, sabemos que há um elevado número de subnotificação
que pode sugerir falsa estimativa da real dimensão do número de casos.
CONCLUSÃO
152
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Portaria MS/GM n. 188, de 3 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saú-
de Pública de importância Nacional (ESPIN) em decorrência da Infecção Humana pelo novo
Coronavírus (2019-nCoV), 2020a. Disponível em: http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-
-188-de-3-de-fevereiro-de-2020-241408388. Acesso: 27 jul. 2020.
4. BRASIL. População residente - estimativas para o TCU – Goiás, 2020d. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/poptgo.def. Acesso: 04 ago. 2020.
5. BRASIL. Coronavirus. Situação dos casos. Painel Coronavirus; 2020e. [citado em 2020 Ago
4]. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/. Acesso: 04 ago. 2020.
8. CAVALCANTE, J.R.; ABREU, A.J.L. COVID-19 no município do Rio de Janeiro: análise espa-
cial da ocorrência dos primeiros casos e óbitos confirmados. Epidemiologia e Serviços de
Saúde, v.29, n.3, e2020204, 2020.
9. CHENG, Z.J.; SHAN, J. 2019 Novel coronavirus: where we are and what we know. Infection,
v.48, n.2, p.155-163, 2020.
10. DIÁRIO OFICIAL ELETRÔNICO (BR). Município de Aparecida de Goiânia. Decreto “n” nº 115,
de 16 de março de 2020a. Declara situação de emergência em Saúde Pública no Município
de Aparecida de Goiânia e dispõe sobre medidas de enfrentamento da pandemia provocada
pelo Coronavírus (COVID-19) e dá outras providências. Disponível em: https://webio.aparecida.
go.gov.br/diariooficial/download/1356. Acesso: 07 ago. 2020.
12. FERGUSON, N.M. et al. Impact of non-pharmaceutical interventions (NPIs) to reduce COVID-19
mortality and healthcare demand. Imperial College COVID-19 Response Team, 2020.
153
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
13. FREITAS, A.R.R.; NAPIMOGA, M.; DONALISIO, M.R. Análise da gravidade da pandemia de
Covid-19. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.29, n.2, e2020119, 2020.
14. GOMES, E.B.; BUSATO IMS, FERNANDES DE OLIVEIRA MM. Covid-19 e a atuação da Or-
ganização Mundial da Saúde. Hygeia, v.11, 2020.
15. GUAN, W.J. et al. Clinical characteristics of coronavirus disease 2019 in China. The New En-
gland Journal of Medicine, v.382, p.1708-1720, 2020.
16. HEYMANN, D.L.; SHINDO, N. COVID-19: what is next for public health? Lancet, v.395, n.10224,
p.542-545, 2020.
17. KANG, D. et al. Spatial epidemic dynamics of the COVID-19 outbreak in China. International
Journal of Infectious Diseases, v.94, p.96-102, 2020.
20. SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE GOIÁS. Atualização dos casos de doença pelo
coronavírus (Covid-19) em Goiás, 2020. Disponível em: http://www.saude.go.gov.br/coro-
navirus. Acesso: 04 ago. 2020.
21. WHO - World Health Organization. Emergency Committee regarding the outbreak of novel
coronavirus (2019-nCoV). Geneva; 2020a: World Health Organization; 2020a. Disponível em:
https://www.who.int/news-room/detail/30-01-2020-statement-on-the-second-meetingof-the-in-
ternational-health-regulations-(2005)-emergency-committee-regarding-the-outbreak-of-novel-
-coronavirus-(2019-ncov). Acesso: 27 jul. 2020.
22. WHO -World Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) Pandemic, 2020b. Dis-
ponível em: https://covid19.who.int/. Acesso: 04 ago. 2020.
154
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
15
“ Perfil epidemiológico dos casos
confirmados de COVID-19 no estado
de Goiás
10.37885/201102353
RESUMO
156
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
MÉTODO
157
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
de 2020. Além disso, utilizou-se dados de notificações de casos confirmados de indivíduos
residentes em Goiás para descrever o perfil epidemiológico no estado, ocorridos no período
de março a agosto de 2020, referente a Semana Epidemiológica (SE) 9 a 32.
O estado de Goiás está localizado na Região Centro Oeste do Brasil e é dividido
por 18 Regiões de Saúde: Centro Sul, Estrada de Ferro, Sul, Norte, Serra da Mesa, São
Patrício I, Pirineus, São Patrício II, Central, Oeste I, Oeste II, Rio Vermelho, Entorno Norte,
Entorno Sul, Nordeste I, Nordeste II, Sudoeste I e Sudoeste II.
Os casos confirmados foram classificados seguindo os seguintes critérios: critério
laboratorial: caso suspeito de SG ou SRAG com teste de Biologia Molecular (RT-PCR em
tempo real) com resultado detectável para SARS-CoV2; ou com Teste Imunológico (teste
rápido ou sorologia clássica para detecção de anticorpos) com resultado positivo para anti-
corpos IgM e/ou IgG, em amostra coletada após o sétimo dia de início dos sintomas. Critério
clínico epidemiológico: caso suspeito de SG ou SRAG com histórico de contato próximo ou
domiciliar, nos últimos 07 dias antes do aparecimento dos sintomas, com caso confirmado
laboratorialmente para COVID-19 e para o qual não foi possível realizar a investigação la-
boratorial específica (BRASIL, 2020c).
Neste estudo foram incluídos dados de casos notificados e óbitos do Mundo, Brasil e
Goiás. Os dados referentes ao mundo foram extraídos do Painel da Doença de Coronavírus
da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2020b), os dados do Brasil foram obtidos do Painel
Coronavírus do Ministério da Saúde (BRASIL, 2020d) e os dados do Estado de Goiás foram
obtidos do Painel do Estado de Goiás (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE GOIÁS,
2020). Todos os dados foram extraídos no dia 04 de agosto de 2020.
Para traçar o perfil epidemiológico dos casos confirmados do Estado de Goiás, foram
incluídos dados sobre a semana epidemiológica de início de sintomas, região de saúde, sexo,
faixa etária, raça/cor, presença de comorbidades e evolução/recuperação. Os dados sobre
COVID - 19 de Goiás apresentados no painel têm como fontes os Sistemas de Vigilância de
SRAG (SIVEP Gripe), e-SUS Notifica e RedCap – do Ministério da Saúde, Laboratório de
Saúde Pública da SES (LACEN - GO) e laboratórios da rede particular de saúde. Os dados
foram tabulados e analisados utilizando o programa Microsoft Excel.
Não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), uma
vez que, se trata de um estudo que utiliza dados secundários, sem identificação dos parti-
cipantes e os dados são de domínio público. A Resolução do Conselho Nacional de Saúde
(CNS) n. 466, de 12 de dezembro de 2012, foi atendida (BRASIL, 2012).
158
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
RESULTADOS
Quadro 1. Distribuição de casos confirmados, óbitos, taxa de incidência e letalidade de COVID-19 no Mundo, Brasil e
Goiás, 2020.
INCIDÊNCIA/ 100 MIL
LOCALIDADE CASOS CONFIRMADOS ÓBITOS LETALIDADE
HAB.
Mundo 18.318.928 2347,7 695.043 3,8%
Brasil 2.801.921 1333,3 95.819 3,4%
Goiás 74966 1068,1 1.830 2,43%
Tabela 1. Distribuição dos casos confirmados de COVID-19 nas Regiões de Saúde do Estado de Goiás, período de março
a julho de 2020.
Central 21725 29,0
Centro Sul 15357 20,5
Entorno Sul 8261 11,0
Entorno Norte 1849 2,5
Estrada de Ferro 2046 2,7
Nordeste I 134 0,2
Nordeste II 340 0,5
Norte 331 0,4
Oeste I 966 1,3
Oeste II 1173 1,6
Pirineus 3754 5,0
Rio Vermelho 1935 2,6
São Patrício I 1341 1,8
São Patrício II 1136 1,5
Serra da Mesa 862 1,1
Sudoeste I 9378 12,5
Sudoeste II 2129 2,8
Sul 2249 3,0
TOTAL 74966 100,0
159
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
na SE 27 com 10.903 casos confirmados, seguida da semana epidemiológica 28 com 10.335
casos, começando a reduzir nas semanas seguintes. Importante ressaltar que apesar de
se observar um baixo número de casos na SE 32, pode ser explicada pela não liberação
dos resultados de exames laboratoriais realizados nos últimos dias ou pelo fato de casos
confirmados recentemente ainda não terem sido registrados no sistema (Figura 1).
Figura 1. Distribuição dos casos de COVID-19 por data de início de sintomas, SE 9 a SE 32, Goiás, 2020.
VARIÁVEIS N %
SEXO
Feminino 38250 51,0
Masculino 36716 49,0
RAÇA/COR
Branca 19698 26,3
Parda 35671 47,6
Amarela 11650 15,5
Preta 2569 3,4
Indígena 73 0,1
Ignorada 5305 7,1
FAIXA ETÁRIA
< 10 anos 1709 2,3
10 a 14 anos 1047 1,4
15 a 19 anos 2234 3,0
20 a 29 anos 15267 20,4
30 a 39 anos 19194 25,6
40 a 49 anos 15375 20,5
50 a 59 anos 10228 13,6
60 a 69 anos 5478 7,3
70 a 79 anos 2759 3,7
>= 80 anos 1675 2,2
160
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
VARIÁVEIS N %
A Tabela 3 mostra que do total de indivíduos com COVID-19, 8.101 (10,8%) tinham
alguma comorbidade, sendo 3,6% com diabetes, 4,8% doença cardiovasculares, 1,9% doen-
ças respiratórias e 0,5% imunossupressão.
Tabela 3. Distribuição dos casos confirmados de COVID-19 segundo a presença de comorbidades, SE 9 a SE 32, Goiás, 2020.
VARIÁVEIS N %
DIABETES
Sim 2718 3,6
Não 69819 93,1
Ignorado 2429 3,2
DOENÇA CARDIOVASCULAR
Sim 3587 4,8
Não 69019 92,1
Ignorado 2360 3,1
DOENÇA RESPIRATÓRIA
Sim 1390 1,9
Não 70945 94,6
Ignorado 2631 3,5
IMUNOSSUPRESSÃO
Sim 406 0,5
Não 71900 95,9
Ignorado 2660 3,5
TOTAL 74966 100
Tabela 4. Evolução dos casos de COVID-19 no estado de Goiás, no período de março a julho de 2020.
RECUPERADO N %
Sim 66937 89,3
Não 8029 10,7
TOTAL 74966 100,0
DISCUSSÃO
161
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
esses variam de acordo com ações, rotinas, disponibilidade de suprimentos, quantidade
de testagens realizados, estrutura de serviços de saúde e de vigilância, questões culturais
e políticas (FREITAS; NAPIMOGA; DONALISIO, 2020). Além disso, importante ressaltar
que a baixa capacidade de testagem pelo RT-PCR fez com que o Ministério da Saúde re-
comendasse que apenas os casos graves fossem testados, portanto, nem todos os casos
suspeitos foram examinados.
Quanto a taxa de letalidade, a menor taxa também foi no estado de Goiás (2,4%), quan-
do comparado com o Mundo (3,8%) e Brasil (3,4%). A taxa de letalidade pela COVID-19,
estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foi de 3,4% (WHO, 2020c), sendo
mais alta na China e mais baixa no resto do Mundo. Essa taxa de letalidade é semelhante
à da gripe espanhola (2 a 3%) (WHO, 2009) e, muito mais elevada do que a da influen-
za A H1N1 (0,02%) (KHANDAKER et al., 2011) ou da gripe sazonal (0,1%) (FAUCI; LANE;
REDFIELD, 2020).
No período analisado foram identificados no estado de Goiás, 74.966 casos confirmados
de COVID-19. Entre as Regiões de Saúde de Goiás, as maiores frequências foram encon-
tradas nas Regiões de Saúde Central e Centro Sul. A Região Central tem em sua jurisdição
26 municípios, sendo o principal deles Goiânia, capital de Goiás, com a maior população de,
aproximadamente, 1.412.364 habitantes. A região Centro Sul abrange população de 849.421
habitantes, distribuída em 25 municípios, sendo o maior deles Aparecida de Goiânia com
a maior população de 511.323 habitantes. O fato de serem as Regiões de Saúde com os
maiores números de municípios em sua jurisdição, justifica os maiores números de casos
testados e confirmados.
Os casos começaram a ser identificados em Goiás na SE 9, com provável pico epidêmi-
co na SE 27, com redução nas semanas seguintes. Observa-se um crescimento progressivo
de casos a partir da entrada em vigor do decreto que flexibilizou as medidas de controle da
doença (BRASIL, 2020e).
Devido à rápida emergência da epidemia de COVID-19, muitas das medidas de controle
da epidemia foram introduzidas de uma só vez, e tiveram graus variados de adesão nos
diferentes países e estados, e isso influenciou diretamente na velocidade da disseminação
dos casos, assim, é difícil avaliar a efetividade das intervenções isoladamente (AQUINO
et al., 2020), entretanto, em Goiás fica evidente que o isolamento foi muito importante para
o retardamento dos casos e não esgotamento dos serviços de saúde.
Além disso, a confirmação dos casos da COVID-19 é o principal dado para entendi-
mento da evolução da doença em uma região, com isso, é possível planejar o atendimento
da população e avaliar o impacto de ações de combate à doença, com medidas de isola-
mento (AQUINO et al., 2020). Porém, o curso rápido da pandemia e o baixo número de
162
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
testes realizados dificultam a estimativa do real número de casos confirmados, conferindo
o problema de subnotificação.
Entre os casos confirmados de COVID-19 em Goiás, as maiores frequências foram em
indivíduos do sexo feminino, raça/cor parda e faixas etárias de 20 a 49 anos. Corroborando
estudo no município do Rio de Janeiro, que mostrou que do total de casos de COVID-19,
51,4% eram do sexo feminino, e média de idade de 49 anos (CAVALCANTE; ABREU, 2020).
Entretanto, divergente dos estudos internacionais, como um estudo realizado na China mos-
trou que 50,7% dos acometidos pela COVID-19 eram do sexo masculino e idade entre 60
a 69 anos (49,3%) (ZHANG et al., 2020). Outro estudo mostrou que 58,1% dos portadores
de COVID-19 eram do sexo masculino, e a maioria (51%) tinham idade entre 15 a 49 anos,
com mediana de 47 anos (GUAN et al., 2020). E um terceiro estudo mostrou que dos casos
confirmados de COVID-19, 67% eram do sexo masculino e 58% tinham idade entre 50 a 59
anos (YANG et al., 2020).
No presente estudo, 10,8% dos indivíduos confirmados tinham alguma comorbida-
de: diabetes (3,6%), doença cardiovasculares (4,8%), doenças respiratórias (1,9%) e imu-
nossupressão (0,8%). Corroborando estudo realizado com dados de 1.099 pacientes com
COVID-19 na China, que do total de pacientes, 173 (15,7%) tinham alguma comorbidade,
como hipertensão (23,7%), diabetes mellitus (16,2%), doenças coronárias (5,8%) e doença
cerebrovascular (2,3%) (GUAN et al., 2020).
Em outro estudo com 140 pacientes internados com COVID-19 em um hospital da
China, 30% apresentavam hipertensão e 12% tinham diabetes (ZHANG et al., 2020).
Um terceiro estudo realizado com 52 pacientes críticos com pneumonia por SARS-
CoV-2 admitidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) mostrou que 21 (40%) apresentou
alguma comorbidade, entre elas: doença cardíaca (10%), doença pulmonar (8%), 13,5%
doenças cerebrovasculares (13,5%) e diabetes (17%) (YANG. et al., 2020).
No presente estudo, a maioria dos casos confirmados (89,3%) evoluíram para re-
cuperação, e 10,7% ainda permanecem internados ou evoluíram para óbito. Estudo rea-
lizado na China mostrou que do total de confirmados de COVID-19, 23,1% foram a óbito
(YANG et al., 2020).
Em outro estudo da China, 5% receberam alta hospitalar, 1,4% morreram, 0,8% cura-
ram, e 93,6% ainda permaneciam internados durante o estudo (GUAN et al., 2020).
Embora já seja consenso de que 80% dos casos de COVID-19 apresentarão infecções
respiratórias e pneumonias mais leves, as formas graves acometem pessoas mais idosas e
portadoras de doenças crônicas subjacentes (EUROSURVEILLANCE EDITORIAL TEAM,
2020) que, irão requerer hospitalização, cuidados intensivos e uso de ventiladores mecânicos
e, consequentemente, estarão mais propensos a evoluírem ao óbito.
163
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Entre as limitações deste estudo estão o uso de dados secundários, disponíveis em uma
plataforma com dados automatizados do Sistema de Saúde do Ministério da Saúde, portanto,
os dados são preliminares e ainda estão em fase de tratativas por parte dos municípios do
estado, com evidente atraso entre notificação e conclusão dos casos, que influenciam no
número de casos. Além disso, sabemos que há um elevado número de subnotificação que
pode sugerir falsa estimativa da real dimensão do número de casos.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. AQUINO, E.M.L. et al. Social distancing measures to control the COVID-19 pandemic: potential
impacts and challenges in Brazil. Ciência e Saúde Coletiva, v.25, suppl.1, p.2423-2446, 2020.
3. BRASIL. Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Dispõe sobre as medidas para enfrenta-
mento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus
responsável pelo surto de 2019, 2020b. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/
lei-n-13.979-de-6-de-fevereiro-de-2020-242078735. Acesso em: 07 ago. 2020.
164
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
4. BRASIL. Guia de Vigilância Epidemiológica Emergência de Saúde Pública de Importância
Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019. Vigilância Integrada de Síndromes Respira-
tórias Agudas Doença pelo Coronavírus 2019, Influenza e outros vírus respiratórios, 2020c.
5. BRASIL. Coronavirus. Situação dos casos. Painel Coronavirus; 2020d. Disponível em: https://
covid.saude.gov.br/. Acesso em: 27 jul. 2020.
8. CAVALCANTE, J.R.; ABREU, A.J.L. COVID-19 in the city of Rio de Janeiro: spatial analysis of
first confirmed cases and deaths. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.29, n.3, e2020204,
2020.
10. FAUCI, A.S.; LANE, H.C.; REDFIELD, R.R. Covid-19 - Navigating the Uncharted. The New
England Journal of Medicine, v.382, p.1268-1269, 2020.
11. FREITAS, A.R.R.; NAPIMOGA, M.; DONALISIO, M.R. Assessing the severity of COVID-19.
Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.29, n.2, e2020119, 2020.
12. GUAN, W.J. et al. Clinical Characteristics of Coronavirus Disease 2019 in China. The New
England Journal of Medicine, v.382, n.18, p.1708-1720, 2020.
13. KHANDAKER, G. et al. Systematic review of clinical and epidemiological features of the pan-
demic influenza A (H1N1) 2009. Influenza Other Respir Viruses, v.5, n.3, p.148-156, 2011.
14. SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE GOIÁS. Atualização dos casos de doença pelo
coronavírus (Covid-19) em Goiás, 04 de agosto de 2020. Disponível em: http://www.saude.
go.gov.br/coronavirus. Acesso em: 04 ago. 2020.
16. WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Statement on the second meeting of the Inter-
national Health Regulations (2005). Emergency Committee regarding the outbreak of novel
coronavirus (2019-nCoV). Geneva: World Health Organization, 2020a. Disponível em: https://
www.who.int/news-room/detail/30-01-2020-statement-on-the-second-meeting-of-the-internatio-
nal-health-regulations-(2005)-emergency-committee-regarding-the-outbreak-of-novel-corona-
virus-(2019-ncov). Acesso em: 27 jul. 2020.
165
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
17. WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Coronavirus disease (COVID-19) Pandemic,
2020b. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019.
Acesso em: 27 jul. 2020.
19. WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Pandemic Influenza preparedness and response:
a WHO guidance document. Geneva: World Health Organization; 2009.
20. YANG, X. et al. Clinical course and outcomes of critically ill patients with SARS-CoV-2 pneu-
monia in Wuhan, China: a single-centered, retrospective, observational study. The Lancet
Respiratory Medicine, v.8, n.5, p.475-481, 2020.
21. ZHANG, J.J. et al. Clinical characteristics of 140 patients infected with SARS-CoV-2 in Wuhan,
China. Allergy, v.75, n.7, p.1730-1741, 2020.
166
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
16
“ Procedimentos de biossegurança
para as realizações dos atendimentos
odontológicos no período pandêmico do
COVID-19
10.37885/210203052
RESUMO
168
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
O vírus da Covid-19 (Novo Coronavírus fez com que diferentes países se preparas-
sem para enfrentar a proliferação da doença em seus territórios. Sua rápida propagação
gerou muitos impactos para todos os setores sociais, principalmente no âmbito da odonto-
logia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das principais vias de
transmissão direta do vírus é a saliva, o contato, e, até mesmo, o ar. Esse fato colocou a
carreira dos profissionais da odontologia entre uma das áreas mais vulneráveis ao
contágio
(VICENTE et al., 2020). Desta forma, o atendimento durante a pandemia passou a repre-
sentar um alto risco de contágio pelo covid-19, uma vez que o cirurgião-dentista e equipe
auxiliar estão expostos continuamente ao contato direto com pacientes, a saliva, e a alta
geração de aerossóis. O que levou à formulação de diretrizes específicas para o atendimento
odontológico por diversos países (SILVA et al., 2020).
Em março de 2020, o Conselho Federal de Odontologia divulgou recomendações
para o atendimento odontológico em enfrentamento ao Covid-19. Essas recomendações se
baseiam a quatro agentes essenciais: cuidados a serem adotados na clínica, pelo dentista,
equipe auxiliar e pacientes. A Odontologia, especificamente, engloba questões éticas na
relação de segurança entre proteção do paciente e da equipe odontológica, contribuindo
para a qualidade dos procedimentos (CARRARO et al., 2012).
No entanto, com o surgimento do coronavírus, esses cuidados tiveram que ser inten-
sificados. A biossegurança passou a ser ainda mais importante na odontologia, em prol de
evitar a transmissão de microrganismos (VICENTE et al., 2020). Portanto, o objetivo do
presente estudo foi descrever os procedimentos de biossegurança para as realizações dos
atendimentos odontológicos no período pandêmico do Covid-19.
METODOLOGIA
169
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Figura 1. Fluxograma dos artigos incluídos no presente estudo.
Fonte: Autores.
A análise dos dados foi feita de forma analítica-reflexiva, com o intuito de alcançar
teorias relevantes para subsidiar as discussões pertinentes ao objetivo da presente pesqui-
sa: descrever os procedimentos de biossegurança para as realizações dos atendimentos
odontológicos no período pandêmico do Covid-19.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
170
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Autor Título Periódicos Objetivo Resultados
171
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Os estudos abordam os EPIs na pandemia, bem como os procedimentos necessários
para o atendimento no período pandêmico, recomendações, práticas e cuidados adotados no
atendimento odontológico e na triagem de pacientes, evidenciando que o uso de elementos
de biossegurança é peça chave para reduzir o risco de contágio.
No âmbito dos cuidados organizacionais da clínica de odontologia, segundo NUNES
et al. (2020) e PINTO et al. (2020), as salas de espera que concentram um fluxo elevado de
pessoas necessitam ser adaptadas a fim de evitar aglomerações. As cadeiras devem ser
distribuídas estrategicamente a dois metros de distância entre os indivíduos para manter
a distância apropriada e evitar o contágio. Além disso, SANTOS e BARBOSA (2020) reco-
mendam que o ambiente detenha boa ventilação, a distribuição de máscaras descartáveis
e medidas adicionais que objetivem a diminuição no uso de itens compartilhados. Ademais,
devem ser disponibilizados pia e sabão para higienização das mãos e do rosto, e, associado
a isso, a fricção com álcool 70% durante 20 segundos.
A pré-triagem no tempo de Covid-19 realizada por telefone ou internet, se tornou essen-
cial ao cirurgião dentista, para captar indícios de pacientes acometidos pelo vírus. No entanto,
como expõem SANTOS e BARBOSA (2020) e MONTALLI et al. (2020), é preciso descartar
que existem pacientes assintomáticos e a realização de apenas um procedimento neste
paciente pode gerar aerossóis e deixar toda a área contaminada.
Por isso, SANTOS e BARBOSA (2020), defende que a aferição de temperatura corpó-
rea e adequação aos testes para Covid-19 são práticas inseridas no contexto odontológico
que podem contribuir no combate ao vírus. Para MEDEIROS et al. (2020) e RIATTO et al.
(2020), caso o paciente esteja com temperatura superior a 37,3ºC, recomenda-se que a
consulta seja remarcada e o paciente encaminhado a uma instituição de saúde para acom-
panhamento médico.
Medidas como o uso frequente de desinfetante para as mãos, aumento da rotina de
limpeza de superfícies, higienização previamente da boca do paciente mediante escovação
e/ou bochecho com antisséptico, são técnicas citadas como eficazes na redução da carga
viral (MEDEIROS et al., 2020, CAVALCANTI et al., 2020).
A literatura também reforça o uso dos EPIs, como óculos de proteção, respirador (N95
ou FFP2), protetor facial, pijama cirúrgico e avental descartável (Medeiros et al., 2020).
Como expõem SILVA et al. (2020), MACHADO et al. (2020), ATHER et al. (2020) e
MAIA et al. (2020), máscaras cirúrgicas não podem ser utilizadas se a intervenção envolver
geração de aerossóis, devendo ser substituídas por máscaras respiratórias ou autofiltran-
tes. As máscaras respiratórias (como N95) são indispensáveis durante o atendimento de
pacientes com infecções respiratórias transmitidas por partículas transportadas pelo ar, como
o caso do Covid-19. Além disso, segundo estudos realizados por MONTALLI et al. (2020),
172
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
SILVA et al. (2020) e ATHER et al. (2020), uma grande concentração de gotículas pode
ser encontrada na face distal da manga do jaleco, o que reforça a necessidade de jalecos
impermeáveis de mangas compridas (polipropileno a 40 g / cm2).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. ATHER, A.; PATEL, B.; RUPAREL, N. B.; DIOGENES, A.; HARGREAVES, K. M. Coronavirus
Disease 19 (Covid-19): Implications for Clinical Dental Care. J Endod. v.6, n.5, p. 584-595, 2020.
7. Nunes, L. M. N., Ongaratto, A. M. A., Dionísio, D. S. M., Gonçalves, E. M. C., & Barbosa, W.
C. S. Os desafios da prática odontológica em tempos de pandemia. Revista Interface –Inte-
grando Fonoaudiologia e Odontologia. v.1, n.1, p.1-15, 2020.
173
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
8. PINTO, L. G.; OLIVEIRA, J. J. M.; ANDRADE, K. S.; FARIAS, M. F.; FIGUEIREDO, N. F. D.;
ROMÃO, T. C. M.; COSTA, D. F. N. Recommendations for dental practices during Covid-19
pandemic. Research, Society and Development. v.9, n.7, p.1-15, 2020.
10. SANTOS, K. F.; BARBOSA, M. Covid-19 and Dentistry in current practice. Rev Ciências da
saúde. v.6, n.12, p.1-25, 2020.
11. SILVA, R. O. C.; ZERMIANI, T. C.; BONAN, K. F. Z.; DITTERICH, R. G. Protocolos de atendi-
mento odontológico durante a pandemia de COVID-19 nos países do MERCOSUL: similaridades
e discrepâncias. Vigilância Sanitária Em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia– Visa
Em Debate. v.8, n.3, p.86-93, 2020.
12. VICENTE, K. M. S.; SILVA, B. M.; BARBOSA, D. N.; PINHEIRO, J. C.; LEITE, R. B. Diretrizes
de biossegurança para o atendimento odontológico durante a pandemia do covid-19: revisão
de literatura. Revista Odontológica de Araçatuba. v.41, n.3, p.29-32, 2020.
174
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
17
“ Produção do cuidado em saúde mental e
a COVID-19 na Chapada Vale do Itaim-PI
10.37885/210203328
RESUMO
176
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
1 OMS/ WHO. Plan d’action global pour la santé mentale 2013-2020. 2013. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/hand-
le/10665/89969/9789242506020_fre.pdf;jsessionid=C88B4FC42F2EDD01129FB077CA43152D?sequence=1.
177
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
As cinco Redes Temáticas de Atenção à Saúde foram estabelecidas no Brasil, após
a pactuação tripartite, em 2011, se destacam por serem pontos prioritários na Saúde do
país, são elas: a Rede Cegonha, que tem um recorte de atenção à gestante e à criança até
24 meses; a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS); a Rede de Atenção às pessoas com
Doenças Crônicas; a Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência e a Rede de Urgência e
Emergência (RUE). Todas as redes têm caráter transversal nos temas: qualificação e edu-
cação; informação; regulação; e promoção e vigilância à saúde (BRASIL, 2011).
Enfatizaremos em nossa análise, os desafios postos à RAPS, rede que se ancora nos
princípios de autonomia, do respeito aos direitos humanos e no exercício da cidadania; busca
promover a equidade, garantir o acesso a cuidados integrais com qualidade; desenvolver
ações com ênfase em serviços de base territorial e comunitária; organizar os serviços em rede
com o estabelecimento de ações intersetoriais; desenvolver ações de Educação Permanente;
ancorar-se no paradigma do cuidado e da Atenção Psicossocial; além de monitorar, avaliar a
efetividade dos serviços e reconhecer os Determinantes Sociais em Saúde (BRASIL, 2011).
Dentre os serviços da RAPS, destacaremos os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS),
“que oferecem atendimento às pessoas em sofrimento mental, articulado com vários serviços
por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída pela Portaria nº 3.088, de 23
de dezembro de 2011” (CRUZ et al, 2020, p. 98).
Nesse sentido, pensar a multiplicidade de dimensões que envolvem a produção do
cuidado na Saúde Mental, requer a compreensão do papel das políticas sociais e de sua
relação com a questão social presente na vida desse segmento de população. Entende-se
por questão social o conjunto multifacetado “das expressões das desigualdades sociais en-
gendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado”
(IAMAMOTO, 2001, p. 16). As políticas sociais são atravessadas por conflitos uma vez que
constitui “um processo internamente contraditório, que simultaneamente, atende interesses
opostos” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 24). As políticas sociais são respostas e formas
de enfrentamento, quase sempre setorializadas e fragmentadas, às expressões da questão
social no capitalismo (op. cit., p. 53).
A política social é um conceito complexo, que não condiz com a “ideia pragmática de
mera provisão, ato governamental, receita técnica ou decisões tomadas pelo Estado e aloca-
das verticalmente na sociedade para além de um conceito” (PEREIRA, 2014, p. 24). Pereira
(2011, p. 99) assinala que não há como “assegurar direitos sociais sem a garantia do Estado,
materializada pela oferta e pela regulação dos serviços e benefícios de proteção social”.
É nesse contexto que mediante criteriosa análise definimos como objetivo deste estu-
do a produção do cuidado quanto aos riscos dos agravos à saúde por conta da pandemia
2
2 O projeto de pesquisa de Doutorado, ora em andamento, foi submetido à apreciação e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal do Piauí (CEP - UFPI) com CAAE de cadastramento n° 39432620.0.0000.5214, com parecer favorável re-
cebido em 23.11.2020.
178
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Jaicós e Paulistana, localizados na Chapada Vale do Itaim. Não estamos discutindo o con-
junto de municípios do Território. Escolhemos os dois municípios citados com a intenção de
compreender como se materializa a Atenção Especializada em municípios que se organizam
de forma diferenciada, tendo em vista que apresentam configuração de Rede distintas e
porte populacional semelhante.
Utilizamos como recurso analítico a fonte primária de informação: entrevistas e grupos
focais com os profissionais da Rede de Atenção Psicossocial nos municípios citados, entre
os meses de novembro de 2020 a fevereiro de 2021 e como fonte secundária documentos
oficiais públicos. Neste texto trabalhamos na análise apenas com as entrevistas realizadas
com os profissionais da RAPS pensando na dimensão singular de cada profissional com o
trabalho. Cabe destacar que em virtude da situação de pandemia que preconiza isolamento
social como forma de proteção à saúde e vida, utilizamos tecnologia remota na realização
das abordagens individuais e grupais.
O material das entrevistas segue a orientação: identificou-se os profissionais da
Enfermagem que trabalham na Rede de Atenção Psicossocial, seguido do município onde
trabalha, por: profissional da Enf. 01 Município Paulistana, profissional da Enf. 02 Município
Paulistana, e assim sucessivamente com os demais profissionais: profissional da Educação
Física, por: profissional da EF. 01 Município Paulistana, profissional da Fis. 01 Município
de Paulistana, profissional da Fis. 01 Município de Jaicós. Para preservar a identidade dos
profissionais utilizamos este critério supracitado e a numeração se deu com base na ordem
de aceite de participação dos profissionais na pesquisa.
O texto segue dividido em sessões, na primeira sessão trataremos sobre: A pandemia
do Coronavírus e a Saúde Mental, na sessão seguinte: Desafios para a produção de cuidado
no trabalho em Saúde Mental no contexto da pandemia, teremos como base os depoimentos
dos trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial em Jaicós e Paulistana.
179
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
estado de calamidade pública, sendo que rapidamente casos foram sendo confirmados e,
infelizmente, também os óbitos foram aumentando.
A pandemia evidencia também “o acesso reduzido à assistência à saúde e o aumento
da desigualdade social” (ARAUJO; OLIVEIRA; FREITAS, 2020, p. 5). Assinalam Campos
(2020) e Barreto (2020) que a pandemia evidenciou a desigualdade social já existente no
país. Campos (2020), assinala que a pandemia revelou a “desigualdade crônica do nosso
país” (p. 4). Vimos que as vítimas da COVID-19 são pessoas com maior vulnerabilidade
social, pessoas que vivem nas “periferias e subúrbios, pessoas em privação de liberdade e
asilamento, pessoas dependentes do transporte púbico, trabalhadores que lidam com outras
pessoas – comerciários, autônomos, profissionais de saúde” (op. cit, p. 4).
Barreto (2020), afirma que as medidas preventivas recomendadas pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) trazem à tona as desigualdades de acesso às políticas sociais,
maximizam desigualdades sociais existentes no Brasil. A pandemia “se depara com a popu-
lação brasileira em situação vulnerável, com altas taxas de desemprego e cortes profundos
nas políticas sociais” (WERNECK; CARVALHO, 2020, p. 3).
Guimarães (2020) assinala que os fatores sociodemográficos têm sido outro ponto a
destacar neste contexto de pandemia, pois estão associados com os maiores números de
infecção e consequentemente de óbitos relacionados à COVID-19, apontando os índices
maiores de infecção para populações que habitam em espaços menos favorecidos, princi-
palmente devido às dificuldades em manter os hábitos de higiene, ao convívio em espaço
pequeno dividido com inúmeras pessoas ao mesmo tempo e que tiveram convívio com outras
pessoas ao longo do dia, seja por necessidade de trabalhar fora de casa, seja por trabalhar
com outras pessoas e inclusive enfocando no deslocamento ao trabalho, muitas vezes em
transportes públicos e com grandes aglomerações.
A vulnerabilidade socioeconômica atinge de forma diferenciada “grupos em detrimento
de outros, considerando um país de dimensões continentais como o Brasil, com enorme
diversidade sociocultural e desigualdades intrínsecas” (GUIMARÃES, 2020, p. 132). Koga
(2011) tem assinalado que em contextos de fortes desigualdades sociais, onde está presente
a tendência “à focalização cada vez mais presentes nas propostas de políticas sociais, o
território representa uma forma de fazer valer as diferenças sociais, culturais que também
deveriam ser consideradas nos desenhos das políticas públicas locais” (KOGA, 2011, p. 56).
180
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
a Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004), é considerada cidade de Pequeno
Porte I aquelas que apresentam menos de 20.000 habitantes, com perfil populacional se-
melhante, contudo, possuem diferentes configurações de Rede de Atenção Psicossocial.
A abordagem qualitativa é “empregada para a compreensão de fenômenos específi-
cos e delimitáveis mais pelo seu grau de complexidade interna do que pela sua expressão
quantitativa” (MINAYO; SANCHES, 1993, p. 245).
Intentamos “conhecer o fazer micropolítico, aquele que se constitui nos encontros
intensivos entre distintos tipos de sujeitos das ações, naqueles cenários de práticas [...],
com a perspectiva de poder olhar [...] e abrir novos tipos de conhecimentos sobre a relação,
acesso e cuidado em saúde” (MERHY et al., 2016, p. 11), considerando suas dimensões
tecnológicas em conformidade com a denominação empregada pelo autor, como tecnologias
duras, leve-duras e leves (MERHY, 2002).
Merhy et al. afirmam que, quando realiza estudos, que visam construir conhecimento
sobre os processos de produção do cuidado, ele tem optado por realiza-los “de modo com-
partilhado, com os protagonistas dos processos de cuidado no campo da saúde” (2016, p.
42). O autor conceitua a “produção do cuidado em saúde como um acontecimento micro-
político, na construção efetiva das redes vivas de existências” (op. cit, p. 41). Feuerwerker
(2014) destaca que no campo da saúde,
Merhy et al. assinalam que há um campo de disputa que posiciona as muitas éticas
que atravessam essa produção do cuidado, segundo ele, que se materializam no ato do seu
acontecer (2016, p. 41). Os autores se referem às seguintes dimensões: 1) a ética centrada
na lógica das profissões, 2) a da lógica burocrática organizacional, 3) a da ética marcada
pelo campo do mercado da saúde e, por último, 4) a da ética da produção da vida em si,
com a qual os ‘usuários marcam a fabricação do cuidado em saúde com o seu território”
(op. cit., p. 42).
O estudo apresenta alguns dos desafios na produção de cuidado dos profissionais de
saúde mental de dois municípios do Estado do Piauí, situado na Região Nordeste do Brasil,
na zona considerada meio norte do País. Kerr et al. (2020), assinalam que quanto aos casos
confirmados para COVID-29, até outubro de 2020 (data da publicação do artigo citado), que
“o Nordeste, uma das regiões mais pobres do país, representa 27% da população brasilei-
ra e apresenta cerca de um terço de todos os casos (34%) e dos óbitos (32%)” (p. 4100).
181
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Atualmente até dia 09 de fevereiro de 2021, no Estado do Piauí constam 163.087 casos
confirmados de COVID-19 (SESAPI, 2021).
O Estado do Piauí é composto por 224 municípios, distribuídos em uma área de
251.529,186 km2. Está dividido em quatro Macrorregiões: a Litoral, Meio-Norte, Semiárido e
Cerrados, estando organizado com base em doze Territórios de Desenvolvimento (TDs). A Lei
Complementar nº 87/2007, define que os TDs são “espaços socialmente organizados, com-
postos por um conjunto de municípios, caracterizados por uma identidade histórica e cultural,
patrimônio natural, dinâmica e relações econômicas e organização, constituindo as principais
unidades de planejamento da ação governamental”.
Tabela 1. Macrorregiões de Saúde, número de municípios por Territórios de Desenvolvimento do Estado do Piauí
Territórios de
Macrorregião Municípios
Desenvolvimento
Planície Litorânea 11
1- Litoral
Cocais 22
Carnaubais 16
2- Meio-Norte Entre Rios 31
Vale do Sambito 15
Serra da Capivara 18
Vale dos Rios Piauí e Itaueiras 19
4- Cerrados
Tabuleiros do Alto Parnaíba 12
Chapada das Mangabeiras 24
Fonte: JOAZEIRO; ARAÚJO (2020, p. 487), elaborada com base em CEPRO (2017).
182
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Mariana Pires Ferreira e em Jaicós: 09 Equipes da Estratégia da Saúde da Família, 01
NASF I, SAMU. São municípios de Pequeno Porte I que distam da capital mais de 300 km.
Um dos desafios que está posto à produção do cuidado a pessoa com transtorno mental
consiste na compreensão da lógica que norteia a organização e a composição dos Centros
de Atenção Psicossocial e de suas modalidades de equipamentos substitutivos ao hospital
psiquiátrico ancorada no paradigma do tratar em liberdade.
CAPS I e CAPS II: são CAPS para atendimento diário de adultos, em sua
população de abrangência, com transtornos mentais severos e persistentes.
CAPS III: são CAPS para atendimento diário e noturno de adultos, durante
sete dias da semana, atendendo à população de referência com transtornos
mentais severos e persistentes. CAPSi: CAPS para infância e adolescência,
para atendimento diário a crianças e adolescentes com transtornos mentais.
CAPS Ad: CAPS para usuários de álcool e drogas, para atendimento diário à
população com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias
psicoativas, como álcool e outras drogas. Esse tipo de CAPS possui leitos de
repouso com a finalidade exclusiva de tratamento de desintoxicação (BRASIL,
2004, p. 22).
Esse trabalho, que não é só o trabalho, mas o trabalho efetivo, é você ter
a continuidade, é ter um trabalho qualificado, ter a equipe e ver a efetividade
desse trabalho e quanto mais profissionais chegam, eles somam e o trabalho
se torna melhor porque os olhares são diferenciados e a gente consegue
observar mais aspectos nas situações diversas que acontecem e a gente con-
segue potencializar e qualificar o nosso trabalho (Fragmentos do depoimento
de profissional da Enf. 01 Município Paulistana).
183
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Nesses encontros com os protagonistas do trabalho, eles buscam explicar a potência
da Rede, mas o que sobressai nesses encontros é uma busca de compreender e de decifrar
os territórios, mas eles sempre enaltecem a importância da equipe, a relação com os usuá-
rios e os desafios para a tessitura de relações sinérgicas na equipe profissional visando a
construção dos projetos terapêuticos, enfim, a efetivação do trabalho em equipe.
Nesse sentido, o trabalho em equipe requer que cada profissional realize a sua interven-
ção tendo como base “as particularidades de cada profissão, mas [que] utilize a cogestão para
assegurar saúde de qualidade para quem necessita” (BENEVIDES, 2014, p. 132). Joazeiro
(2018), assinala que “no cotidiano do trabalho na saúde, os profissionais enfrentam desafios
singulares e coletivos para realizar a assistência específica deles demandadas” (p. 136).
184
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Muitas pessoas ficaram assustadas com o que está acontecendo, aquele medo
de pegar, de sair de casa. Eu acredito que aumentaram os transtornos mentais
e essa pandemia foi um fator para aumentar ainda mais os números, porque
já vem aumentando bastante. A gente já observa que número de pessoas
com problemas mentais já vinha aumentando em escolas, nos adolescentes,
em casa e com isso, eu acredito que a pandemia, influenciou mais ainda, não
é? Que as pessoas ficaram mais apreensivas, com medo, e eu acredito que
o retorno das atividades, quando elas estiverem normais, eu acredito que a
gente vai ter a demanda maior, infelizmente a pandemia é uma realidade que
a gente está vivendo? (Fragmentos do depoimento de profissional da EF.01
Município Paulistana).
“Um estudo que avaliou profissionais de saúde identificou que 39% apresentavam al-
gum sofrimento psíquico” (SANTOS et al. 2020, p. 5). Os trabalhadores aludiram ao contexto
pandêmico. Daí a importância do cuidado também aos profissionais. “Então, a pandemia
trouxe muitos impactos para os usuários e até para os profissionais também. Acabou gerando
sobrecarga maior e estamos sobrecarregados” (Fragmentos do depoimento de profissional
da Fis. 01 Município de Paulistana).
Os profissionais de saúde se encontram na linha de frente, seja diretamente com pes-
soas infectadas, seja em diversos serviços da rede, eles permanecem atuando. Há o risco
de contaminação enfrentando dificuldades quanto aos Equipamentos de Proteção Individual
185
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
(EPIs), que “em geral, estes equipamentos de segurança não faziam parte de suas rotinas,
e a depender do nível de contato com as pessoas infectadas pelo vírus, estes EPIs são
extremamente desconfortantes” (OLIVEIRA, E. et al., 2020, p. 5).
Assinala Souza (2020), que “devemos registrar que um histórico de fragilização dos
sistemas públicos de saúde, decerto, implicou menos eficiência no enfrentamento da pan-
demia a tempo, assim como maior exposição dos seus profissionais de saúde ao adoeci-
mento” (p. 2475).
Saraceno (2020, no prelo) assinala em sua apresentação no: IX ATELIER UFPI ALASS:
Formação Profissional e Trabalho na Saúde: Intersetorialidade como desafio para o Sistema
Único de Saúde, afirma que “esta pandemia tem desencadeado processos de transformação
de categorias conceituais e nos obriga a tomar nova consciência sobre a dramática ausência
da democracia dos sistemas de saúde em geral”. O autor prossegue assinalando que, “será
necessário colocar os Determinantes Sociais no centro da intervenção de saúde e não dei-
xá-los como fundo que se limita a intervenções individuais” (SARACENO, 2020, no prelo).
Sarraceno (2020, no prelo) ainda assinala que “é somente dentro desse marco geral da
democracia em saúde que podemos ver os desafios futuros para a Saúde Mental, somente
em um marco geral de democratização de sistemas de saúde”. Paim (2019) assinala que no
Brasil, o maior desafio nos tempos atuais continua sendo o desafio político de “atravessar
a tormenta, resistindo aos ataques e riscos de desmantelamento do SUS pelas políticas de
186
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
ajuste fiscal” (p. 24). Seixas et al., 2021 assinalam sobre a realidade do SUS e da Emenda
Constitucional nº 95,
“Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 95, que impõe corte radical no teto de
gastos públicos e com as políticas econômicas implantadas atualmente, há um crescente
e intenso estrangulamento dos investimentos em saúde e pesquisa no Brasil” (WERNECK;
CARVALHO, 2020, p. 3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
187
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
REFERÊNCIAS
1. ARAUJO, J. L. de; OLIVEIRA, K. K. D. de; FREITAS, R. J. M. de. Em defesa do Sistema Único
de Saúde no contexto da pandemia por SARS-CoV-2. Revista Brasileira de Enfermagem, Bra-
sília, v. 73, supl. 2, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0034-71672020001400402&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 jan. 2021.
3. BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. 8. ed. São Paulo:
Cortez, 2011. p. 23- 54.
188
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
11. CAMPOS, G. W. de S. O pesadelo macabro da COVID-19 no Brasil: entre negacionismos e
desvarios. Trabalho, Educação e Saúde, v.18, n.3, Maio-2020. Disponível em: https://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-77462020000300302. Acesso em: 27 jan.
2021.
12. CEPRO. Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí. Piauí em números, 8.
ed. Teresina, 2007. Disponível em: http://www.cepro.pi.gov.br/download/201104/CEPRO06_af-
f9b5f5a6.pdf. Acesso em: 27 jan. 2021.
19. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico. 2010. Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dados referentes ao número populacional da
Chapada Vale do Itaim. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/?lang=&coduf=22&sear-
ch=piaui. Acesso em: 27 jan. 2021.
189
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
22. KERR, L. et al. COVID-19 no Nordeste brasileiro: sucessos e limitações nas respostas dos
governos dos estados. Ciência e Saúde Coletiva. v. 25, suppl. 2, p. 4099-4120, 2020. Dis-
ponível em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/covid19-no-nordeste-brasileiro-
-sucessos-e-limitacoes-nas-respostas-dos-governos-dos-estados/17729?id=17729. Acesso
em: 31 jan. 2021.
23. KOGA, D. Medidas de cidades: entre territórios de vida e territórios vividos. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2011. p. 42- 59.
24. MERHY, E. E. Em busca do tempo perdido: a micropolítica do trabalho vivo em saúde. In:
MERHY, E. E.; ONOCKO, R. (Orgs.). Agir em saúde: um desafio para o público. 3. ed. São
Paulo: Hucitec, 1997, p.71-112.
25. MERHY, E. E. Saúde: cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2002.
26. MERHY, E. E. et al. Redes vivas: multiplicidades girando as existências, sinais da rua. Impli-
cações para a produção do cuidado e a produção do conhecimento em saúde. In:
30. OLIVEIRA, E. N. et al. Com a palavra, profissionais de saúde que estão na linha de frente do
combate COVID-19. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.], v. 9, n. 8, 2020. Dis-
ponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/5145. Acesso em: 31 jan. 2021.
32. OMS/ WHO. Plan d’action global pour la santé mentale 2013-2020. 2013. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/89969/9789242506020_fre.pdf;jsessionid=-
C88B4FC42F2EDD01129FB077CA43152D?sequence=1.
33. PAIM, J. S. Os sistemas universais de saúde e o futuro do Sistema Único de Saúde (SUS).
Saúde em Debate. v. 43, número especial, 2019. Disponível em: https://scielosp.org/article/
sdeb/2019.v43nspe5/15-28/#. Acesso em: 31 jan. 2021.
34. PEDUZZI, M.; AGRELI, H. F. Trabalho em equipe e prática colaborativa na Atenção Primária à
Saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 22, n. Suppl 2, 2018. Disponível em:
https://www.scielosp.org/article/icse/2018.v22suppl2/1525-1534/#. Acesso em: 31 jan. 2021.
35. PEREIRA, P. A.P. A intersetorialidade das políticas sociais na perspectiva dialética In. MON-
NERAT G. L. ALMEIDA, N.L.T, Souza, R.G. A intersetorialidade na agenda das políticas
sociais. Campinas (SP): Papel Social, 2014, p. 21-40.
190
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
36. PEREIRA, P. A. P. Política Social: temas & questões. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
37. PIAUÍ. Lei Complementar nº 87/ 2007. Estabelece o Planejamento Participativo Territorial
para o Desenvolvimento Sustentável do Estado do Piauí e dá outras providências. Disponível
em: http://legislacao.pi.gov.br/legislacao/default/ato/13144. Acesso em: 20 jun. 2020.
38. PIAUÍ. Secretaria de Saúde do Piauí (SESAPI). Painel Epidemiológico do Piauí, 09 de fe-
vereiro de 2021, Teresina-PI, 2021. Disponível em: https://coronavirus.pi.gov.br. Acesso em:
10 fev. 2021.
39. RIBEIRO, A. et al. COVID-19: Medos e desafios dos profissionais de saúde antes da pandemia.
Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, [S.l.], v. 9, n. 12, 2020. Disponível em: file:///C:/
Users/Cliente/Downloads/10712-Article-146242-1-10-20201213%20(1).pdf. Acesso em: 31
jan. 2021.
41. SARACENO, B. Sessão de abertura. In.: IX ATELIER UFPI ALASS: Formação Profissional e
Trabalho na Saúde: Intersetorialidade como desafio para o Sistema Único de Saúde, Serviço
Social e Saúde, No prelo.
42. SEIXAS, C. T. et al. A crise como potência: os cuidados de proximidade e a epidemia pela
COVID-19. Interface (Botucatu), 25 (Supl. 1), 2021. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.
org/controlecancer/resource/pt/biblio-1134603?src=similardocs. Acesso em: 27 jan. 2021.
43. SOUZA, D. de O. A pandemia de COVID-19 para além das Ciências da Saúde: reflexões
sobre sua determinação social. Ciência e Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 25, supl. 1, p.
2469-2477, jun. 2020. Disponível em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/a-pan-
demia-de-covid19-para-alem-das-ciencias-da-saude-reflexoes-sobre-sua-determinacao-so-
cial/17562?id=17562. Acesso em: 30 jun. 2020.
45. WERNECK, G. L.; CARVALHO, M. S. A pandemia de COVID-19 no Brasil: crônica de uma crise
sanitária anunciada. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 5, 2020. Disponível
em: https://www.scielosp.org/article/csp/2020.v36n5/e00068820/en/. Acesso em: 27 jan. 2021.
191
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
18
“ Sentimentos desenvolvidos pelos alunos
do último ano do curso de enfermagem
relacionado à COVID-19
10.37885/210203349
RESUMO
193
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
INTRODUÇÃO
194
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
precárias de habitação e saneamento, sem acesso constante à água, em situação de aglo-
meração e com alta prevalência de doenças crônicas.
Desde o início do atual surto do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da
COVID-19, ocorreu uma grande preocupação frente a essa doença que se espalhou insi-
diosamente em várias regiões do mundo, corroborando em diferentes impactos. De acor-
do com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 18 de março de 2020, já haviam
ultrapassado 214 mil os casos confirmados da Covid-19 em todo o mundo (FREITAS,
NAPIMOGA E DONALISIO et al., 2020).
Com isso, faz-se necessário medidas como isolamento, fechamento de escolas e uni-
versidades, o que também pode consistir em um fator estressor para todos nesse período
ainda que o foco esteja na proteção, o cenário de pandemia no Brasil interferiu de forma
abrupta no processo educacional da formação de futuros profissionais da saúde, preocupação
em função da não integralização das cargas horárias preconizadas, e atividades previstas
para alguns campos de prática suspensas, tendo com única alternativa antecipação das
formaturas e do uso adicional de tecnologias educacionais à distância, que podem impactar
a execução do projeto pedagógico original dos cursos, bem como das próprias diretrizes
curriculares nacionais (DE OLIVEIRA, POSTAL e AFONSO, 2020).
Devido pandemia do novo coronavírus, vários impactos drásticos tonam-se impostos
na rotina da população mundial. Diversas áreas foram atingidas por essas mudanças, entre
elas, a educação. Logo, após a OMS declarar situação de emergência de saúde pública
mundial pela pandemia da covid-19, o Ministério da Educação passou a adotar critérios para
a prevenção ao contágio da COVID-19 nas escolas. Desse modo, o desafio fundamental da
educação brasileira tem sido se readequar ao cenário para que os estudantes não sejam
prejudicados com a pandemia (PEREIRA, NARDUCHI e DE MIRANDA, 2020).
Junior et al., (2020) descreve que muitos sentimentos são manifestados durante a
vivência de uma pandemia, as incertezas e o medo vão desencadeando demais emoções
que em maioria são negativas. Traçar planos que minimizem o fluxo exacerbado desses
sentimentos faz parte do processo de educação em saúde, ferramenta da Enfermagem, e
que deve ser utilizada e desenvolvida pelos discentes. O momento exige que todas as áreas
da sociedade criem alternativas para driblar os impactos negativos (JUNIOR et al., 2020).
Segundo Esteves et al., (2018) o acadêmico de enfermagem guarda uma expectativa
enorme sobre o último ano da graduação, realização de estágio supervisionado, momento
de grande importância, pois será a última oportunidade, durante a graduação, de avaliar os
conhecimentos adquiridos, favorecendo e desenvolvendo as habilidades obtidas, é também
um momento complexo, pois exige que este tenha conhecimento, habilidades e atitudes para
desenvolver a competência profissional que tanto almeja. Com certeza isto faz com que o
195
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
acadêmico desenvolva vários sentimentos, que com o isolamento social, devido a pandemia,
são acentuados e pode gerar uma infinidade de efeitos negativos.
Pereira et al., (2020) discorre que existem muitos efeitos negativos que o isolamento
social pode gerar, como nas emoções, pensamentos e no corpo, e com essas medidas, de
fechamento de escolas, universidades, estabelecimentos e de contatos físicos rotineiras,
o medo, ansiedade em pessoas intensificam cada vez mais e sendo principal causador de
medo, ansiedade, incerteza pelo futuro, tristeza, solidão, irritabilidade e angústia.
Por isso, obter a percepção dos acadêmicos é essencial para ter o conhecimento
acerca do que deve ser desenvolvido para os mesmos de forma que a receptividade deles
auxiliará num bom decurso dos processos pedagógicos, instigando-os a ampliação da cons-
ciência crítica sobre possíveis soluções e estratégias para o enfrentamento das dificuldades
resultantes de uma pandemia. Os discentes do último ano de enfermagem logo serão os
futuros profissionais atuantes no mercado, e trabalharão com as consequências e impactos
causados pela COVID-19.
Somadas as discussões e reflexões originadas frente à preocupação e sentimen-
tos desenvolvidos pelos estudantes do último ano do curso de enfermagem relacionado à
COVID-19, indaga-se a seguinte questão que norteia esta pesquisa: Qual a preocupação e os
sentimentos dos estudantes do último ano do curso de enfermagem frente a pandemia, bem
com e a importância da educação em saúde como estratégia de enfrentamento da COVID-19?
OBJETIVO
MÉTODOS
196
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
concluintes do curso no ano de 2020 e 2021 independentemente do gênero, com idade a
partir de 18 anos, e que assinarem o TCLE de forma voluntária e marcarem na plataforma
que entenderam o TCLE e aceitam participar da pesquisa. Critérios de exclusão: foram
excluídos desta pesquisa acadêmicos que enviaram o formulário fora do prazo estipulado e
aqueles que não enviaram o TCLE assinado. Princípios éticos e legais: O estudo foi de-
senvolvido obedecendo ao estabelecido na Resolução n.º 466/2012/CNS/MS e a Resolução
n.º 510, de 7 abril de 2016, do Conselho Nacional de Saúde. E em virtude de se tratar de
uma pesquisa com seres humanos, o estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) UNINORTE, a qual expediu parecer favorável sob o n.º 4.316.908 e após parecer
favorável, iniciou-se a coleta de dados. Procedimento e instrumento: Para coleta de da-
dos foi utilizado uma plataforma totalmente online Google Forms, esta é um serviço gratuito
compatível com qualquer navegador e sistema operacional e é muito utilizado para criar
formulários e coletar dados. O formulário foi enviado através desta plataforma online para
traçar o perfil dos acadêmicos com 10 questões objetivas de múltiplas escolhas, abordando
sobre a forma com que a pandemia, o isolamento social e as atividades propostas iriam
acrescentar na formação e futura vida profissional bem como a visão sobre o isolamento
social e o sentimento desenvolvido frente à COVID-19. Primeiramente foi enviado ao parti-
cipante da pesquisa o link do Google Forms, contendo o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE, após a ciência do mesmo, mediante assinatura eletrônica, o acadêmico
recebeu um novo link do Google Forms contendo o instrumento da pesquisa para coleta
de dados. Ressaltamos que no TCLE estava grifado a importância de que o participante de
pesquisa guardasse em seus arquivos uma cópia do documento e/ou garantindo o envio da
via assinada pelos pesquisadores ao participante de pesquisa, bem como, a obrigatorieda-
de da leitura do TCLE, objetivos, procedimentos, riscos e benefícios da referida pesquisa.
Acadêmicos tiveram 9 (nove) dias para responder o questionário que estava disponível no
link do Google Forms, nesse período as pesquisadoras ficaram disponíveis para esclarecer
as possíveis dúvidas individualmente a cada participante, sem interferis na resposta. As in-
formações colhidas foram analisadas e tabuladas no programa Microsoft Office Excel 2016.
RESULTADOS
197
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
sentimentos frente a pandemia do COVID-19, a visão sobre isolamento social e o processo
ensino aprendizagem e contribuição da educação em saúde em tempos de pandemia.
Na tabela 1, na caracterização dos participantes da pesquisa evidenciou-se predomi-
nância do sexo feminino (87,7%). Ademais, destaca-se no quesito faixa etária foi (46,6%)
entre 26 à 36 anos, (61,4%) declaram serem solteiros e (52,6%) informaram ser alunos do
10º período e (47,4%) do 9º período do curso de Enfermagem.
Tabela 01. Relação da caracterização dos acadêmicos do último ano do curso de enfermagem em uma IES – Porto Velho
– RO, 2020 (n=57).
Variável nº Amostral %
Sexo
Masculino 7 12,3
Feminino 50 87,7
Total 57 100
Idade
Até 25 anos 22 38,6
Entre 26 a 36 anos 26 45,6
Entre 36 a 45 anos 8 14
Entre 46 a 55 anos 1 1,8
>56 anos 0 0
Total 57 100
Estado civil
Casado (a) 20 35,1
Viúvo (a) 0 0
Solteiro (a) 35 61,4
Separado/divorciado (a) 2 3,5
Total 57 100
Reside com
Ninguém 3 5,3
Pais 24 42,1
Conjugue 25 43,9
Irmãos 5 8.7
Amigos 0 0
Total 57 100
Período do curso
9º período 27 47,4
10º período 30 52,6
Total 57 100
Na tabela 2, pode se observar que a maioria dos participantes dos acadêmicos (49,1%)
buscam constantemente informações sobre o covid-19 e (31,6%) buscam por essas infor-
mações casualmente.
Tabela 02. Relação dos acadêmicos do último ano do curso de enfermagem em uma IES – Porto Velho – RO, a frequência
com que buscam informações sobre a Covid-19, 2020 (n=57).
Variável nº Amostral %
Constantemente 28 49,1
Uma vez ao dia 06 10,5
Três vezes na semana 02 3,5
198
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Variável nº Amostral %
Casualmente 18 31,6
Não busca informações 03 5,3
Total 57 100
A da tabela 03, mostra que um acadêmico deixou de responder essa questão, sendo
número amostral total de 56 alunos, porem (55,4%) afirmam que buscam informações em
relação a pandemia da COVID-19 em mídias do Ministério da Saúde, permitindo novos
aprendizados frente a essa realidade e (19,6%) afirmam buscar novas informações em re-
des sociais, haja visto que informações sem fontes fidedignas podem acarretar em estragos
maiores na vida dos usuários.
Tabela 03. Relação dos acadêmicos do último ano do curso de enfermagem em uma IES – Porto Velho – RO, onde procuram
buscar informações sobre a Covid-19, 2020 (n=56).
Variável nº Amostral %
Televisão 05 8,9
Rádio 0 0
Redes Sociais 11 19,6
Mídias do Ministério da Saúde 31 55,4
Artigos Científicos 09 16,1
Revistas Científicas 0 0
Total 56 100
Na tabela 04, os participante poderiam escolher mais de uma opção, em sentimento foi
desenvolvido em relação à COVID-19, (50,9%) dos acadêmicos disseram sentir-se ansiosos,
(43,9%) responderam que se sentem estressado devido a tudo isso que está acontecendo,
(42,1%) sentem medo, já (35,1%) sentem-se sobrecarregados diante ao enfrentamento da
Covid 19, e (29,8) relatam estar desmotivados, ainda tiveram os que se manifestaram em
porcentagens significativas de acordo com a tabela abaixo.
Tabela 04. Distribuição conforme os sentimentos dos acadêmicos, do último ano do curso de enfermagem, desenvolvidos
no enfrentamento à COVID-19. Porto Velho – RO, 2020.
Variável N amostral Frequência %
Medo 57 24 42,1
Angústia 57 10 17,5
Desespero 57 07 12,3
Desmotivação 57 17 29,8
Ansiedade 57 29 50,9
Frustração 57 13 22,8
Estresse 57 25 43,9
Sobrecarga 57 20 35,1
Tristeza 57 07 12,3
Solidão 57 03 5,3
Solidariedade 57 09 15,8
Esperança 57 07 12,3
Otimismo 57 04 12,3
199
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Os resultados apresentados no gráfico 1, mostram a visão do acadêmico sobre o isola-
mento social, (56,1%) acreditam que com o cumprimento do isolamento social podemos ter
uma diminuição na propagação do vírus, já (42,1%) concorda que a essa medida diminua
a propagação do vírus no entanto esta medida prejudica outras áreas como por exemplo a
economia e apenas (1,8%) discorda do isolamento.
Gráfico 01. Distribuição conforme a opinião dos acadêmicos, do último ano do curso de enfermagem, em relação ao
isolamento social. Porto Velho – RO, 2020 (n=57).
Tabela 05. Distribuição conforme a opinião dos acadêmicos, do último ano do curso de enfermagem, em relação ao
descumprimento do isolamento social. Porto Velho – RO, 2020
Variável N amostral Frequência %
Desinformação 57 11 19,3
Ignorância 57 25 43,9
Influências Políticas 57 10 17,5
Necessidade de trabalhar (Serviços essenciais, como saúde, segurança, ali-
57 36 63,2
mentação)
Necessidade de trabalhar, devido a renda. 57 34 59,6
Necessidade de trabalhar, instabilidade no emprego. 57 19 33,3
Irresponsabilidade Social 57 19 33,3
Falta de empatia 57 01 1,8
Alguns é por ignorância mesmo 57 01 1,8
200
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
em porcentagens significativas como: não realizar o estágio supervisionado, não conseguir
estabilidade na renda financeira e ser infectado.
Gráfico 02. Distribuição conforme a preocupação dos acadêmicos, do último ano do curso de enfermagem, em relação
à situação em que vivemos, atualmente. Porto Velho – RO, 2020 (n=57).
Tabela 06. Distribuição dos acadêmicos do último ano do curso de enfermagem em Porto Velho – RO, em relação as
atividades de Educação em saúde voltadas para a pandemia da Covid-19, o que acreditam que pode agregar em sua
formação acadêmica. Porto Velho – RO, 2020 (n=57)
N amostral
Variável Frequência %
77%
Aprimorar habilidades técnicas e científicas para planejar e executar ações
57 29 50,9
de Educação em Saúde.
Desenvolver habilidade técnica e científica para intervir frente a intercorrên-
57 23 40,4
cias e situações desconhecidas.
Oportunidade para aprimoramento de sobre atividades de promoção de
57 18 31,6
saúde.
Subsídios teóricos e práticos com estímulo a reflexão sobre a atuação dos
57 24 42,1
profissionais de enfermagem frente a uma pandemia.
Estímulo a reflexão sobre o papel da enfermagem no desenvolvimento indivi-
57 29 50,9
dual da população na promoção, prevenção e reabilitação da saúde.
Aquisição de conhecimentos frente ao desconhecido. 57 13 22,8
Outros 57 0 0
201
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
ter tido novas experiências, haja vista o enfrentamento dos profissionais de saúde e socie-
dade neste cenário de pandemia , (16,1%) concordam que tiveram novas oportunidades de
conhecimento e (10,7%) referem incerteza em sua futura vida profissional.
Tabela 07. Distribuição conforme a percepção dos acadêmicos, do último ano do curso de enfermagem, em relação a
futura vida profissional após a pandemia do Coronavírus. Porto Velho – RO, 2020 (n=57).
Variável nº Amostral %
Aprendizado 40 35,7
Oportunidade 18 16,1
Reconhecimento 11 9,8
Experiência 30 26,8
Incerteza 12 10,7
A pandemia abriu margem para que o governo, estados e municípios pudes-
01 0,9
sem gastar mais que acima do teto de gastos previstos.
Total 57 100
Tabela 08. Distribuição de como está sendo o processo de ensino-aprendizagem com uso dos recursos tecnológicos,
plataformas digitais e aulas remotas dos acadêmicos de enfermagem. Porto Velho – RO, 2020 (n=57).
Variável nº Amostral %
Não me adaptei, pois não tenho deforma acessível os recursos tecnológicos. 0 0
Não me adaptei, pois tenho dificuldade em utilizar e manusear os recursos
04 7
tecnológicos.
Me adaptei parcialmente, pois tive dificuldades em conseguir alcançar tudo
32 56,1
que foi proposto.
Me adaptei, pois já utilizava de recursos tecnológicos no meu cotidiano. 21 36,9
Total 57 100
DISCUSSÃO
Sobre esses achados, é importante enfatizar que neste estudo houve um predomínio do
sexo feminino com 87,7%, dados estes corroboram estudo realizado por Déssia et al.,( 2017)
onde encontrou prevalência do sexo feminino nos cursos de enfermagem, fato que nos faz
refletir que embora o número de homens que buscam a profissão da enfermagem estejam
em ascensão, percebe-se ainda o predomínio de mulheres nos cursos de enfermagem. Este
fato pode estar associado ao preconceito relacionado ao gênero na enfermagem no Brasil.
Dal’Bosco et al., (2020) ressalta que a dominação do gênero feminino na enfermagem pode
ter relação com questões históricas e culturais, pois ao olharmos ao passado percebemos
que a noção popularmente difundida e de que a enfermagem não era para homens, ou seja
em determinados períodos da história, limitou a inclusão masculina na Enfermagem.
202
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Quanto à idade observou demonstrando a maioria dos acadêmicos está concluindo a
graduação com uma idade entre 26 e 36 anos, fato este nos leva a acreditar que tenham
ingressado na universidade adultos, dados estes divergem do encontrado por Araújo et al.,
(2020) em seu estudo em um a instituição de Ensino Superior onde a variação de idade dos
ingressantes no curso de Enfermagem variou de 17 a 20 anos, a Lei número 12.852, de 5
de agosto de 2013 são considerados jovens são consideradas jovens as pessoas com idade
entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade.
De acordo com Lima et al., (2019) o ingresso tardio na graduação é uma realidade
de vários brasileiros, onde estes que encontram a oportunidade de se reinventar ou ainda
complementar seu conhecimento em áreas em que já tem experiência, em sala maioria
os filhos estão crescidos e encaminhados, e é nesta fase que o desejo de se desafiar
começa a aparecer.
Vizzotto, Jesus e Martins (2017) discorrem que o crescimento do ensino superior revela
uma democratização, também exprime as novas vivencias enfrentadas pelo próprio sistema
de ensino, além disso, é notada uma diversificação do perfil dos indivíduos que ascendem
a esse grau escolar. Essa expansão vem favorecendo a recomposição social e profissional;
contudo as condições de vida desses estudantes, nas esferas como a família, o trabalho,
recursos, práticas sociais e padrões de saúde também vêm sendo mudados de modo que o
vínculo empregatício é a primeira conquista para uma vida adulta, enquanto que o casamento
e a saída da casa dos pais estão associados ao meio de sobrevivência.
No estudo quando questionados os acadêmicos sobre a busca de informações sobre o
COVID-19, maioria referiu buscar constantemente informações, e o fazem através de mídias
do Ministério da Saúde e ou artigos científicos.
Em circunstância emergencial no âmbito da saúde, como surtos, epidemias e pande-
mias, a comunicação torna-se fundamental e o conhecimento preciso dos acontecimentos
auxilia os órgãos responsáveis a adotarem medidas adequadas e eficazes (BRASIL, 2020).
O Ministério da Saúde (MS), desde o princípio, priorizou a informação e a comunicação
para a população e a mídia como estratégias fundamentais para o enfrentamento da epide-
mia. O quantitativo de casos confirmados e óbitos passaram a ser disponibilizados diaria-
mente. Boletins epidemiológicos foram publicados, contendo informações para a atuação da
vigilância. Além disso, entrevistas coletivas eram realizadas quase todos os dias, reforçando-
-se o compromisso do MS com a transparência na informação e a agilidade na comunicação
a respeito da situação epidemiológica e das ações de resposta (OLIVEIRA et al., 2020).
Neste cenário da pandemia de COVID 19, convém salientar que devido ao rápido
avanço da doença e o excesso de informações disponíveis, algumas vezes discordantes, se
torna um âmbito favorável para alterações comportamentais impulsionadoras de adoecimento
203
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
psicológico, que podem gerar consequências graves na Saúde Mental do indivíduo. Nessa
perspectiva, pode se afirmar que juntamente com a pandemia de COVID 19 surge um es-
tado de pânico social em nível global e a sensação do isolamento social desencadeia os
sentimentos (de angústia, insegurança e medo), que podem se estender até mesmo após
o controle do vírus (PEREIRA et al., 2020).
De acordo com a OMS, em decorrência do surto de COVID-19 uma considerada quan-
tidade de informações fora divulgada, em sua maioria não verídica, as quais causam uma
maior dificuldade para identificar fontes idôneas e confiáveis. As informações não verídicas,
também chamadas de fake news, se espalham principalmente por meio das redes sociais.
São informações compostas por textos afirmativos, onde o leitor não procura a veracidade da
mensagem e muitas vezes compartilham com outras pessoas, disseminando a notícia falsa.
Sousa Júnior; Petroll; Rocha (2019) acreditam que o desenvolvimento da comunica-
ção com o passar dos anos e a facilidade na criação, compartilhamento de informações e
divulgação proporcionada pelos meios de comunicação social, e estas trazer implicações
não somente para o ambiente on-line como também para a realidade global, um exemplo
seria a popularização das Fake News.
A mídia segundo Coutinho et al., (2020), é um canal de informação relevante para a
divulgação de notícias com conteúdo corroborado, a fim de combater informações falsas.
Discorre também que o papel da ciência, diante dessa pandemia é essencial, o comparti-
lhamento imediato de informações científicas é uma forma eficaz de evitar o medo que a
Covid-19 vem causando. Desta maneira, os estudos científicos resultantes de projetos de
pesquisa são uma fonte de consulta para a preparação de notícias que procuram disseminar
os progressos científicos para a sociedade.
Para os autores Guinancio et al (2020), com o surgimento do COVID 19, as pessoas
entraram em desespero pela sua rápida propagação e pelo misto de informações transmiti-
das, encontrando dificuldades na adaptação de suas rotinas às essas novas circunstâncias,
e em alguns indivíduos os impactos podem ser mais eminentes, devido ao seu maior grau de
vulnerabilidade desenvolvem emoções negativas. Diante dos diversos fatores estressores, as
variações comportamentais mais comuns são as alterações nos hábitos alimentares, tendo
em vista o consumo de alimentos menos saudáveis durante a pandemia, desequilíbrio das
horas de sono, redução da exposição solar e da prática de atividades físicas, interferindo
na qualidade de vida e com isso, trazer resultados prejudiciais para a saúde da população.
Ficou evidente no estudo que os acadêmicos apresentaram diversos sentimento ne-
gativos predominando a ansiedade, estresse, medo e sobrecarga. Segundo Ribeiro et al.,
(2020), sentimentos como medo, ansiedade e tristeza são compreendidos como normais
em momentos de pandemia, deve-se atentar ao limiar desta normalidade, e quando exceder
204
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
é importante a procura de auxílio para manter o equilíbrio da saúde mental. Com o intuito
de minimizar esses sentimentos, é relevante que meios de comunicação enunciem notícias
positivas sobre o enfrentamento da pandemia e que programas de lazer, lives e eventos
religiosos entre outras atividades online sejam identificados, por ressaltarem as emoções,
gerando um estado de coesão em grupo mesmo no distanciamento social.
As epidemias de doenças infecciosas de acordo com Santana et al., (2020), afetam
não apenas a saúde física das pessoas, mas também a saúde psicológica e o bem-estar
da população não infectada. Assim, a crescente ameaça da pandemia da COVID-19 levou
a uma atmosfera global de ansiedade, depressão e estresse, devido à interrupção planos
de viagem interrompidos, sobrecarga de informações da mídia, pânico para comprar itens
domésticos indispensáveis, como os alimentos, e, principalmente, ao isolamento social.
Neste cenário da pandemia da COVID-19, convém ressaltar que devido ao rápido
contágio da doença e o excesso de informações disponíveis, algumas vezes discordantes,
se torna um âmbito favorável para alterações comportamentais impulsionadoras de adoeci-
mento psicológico, que podem gerar graves consequências na Saúde Mental do indivíduo
(PEREIRA et al., 2020).
Estudos têm sugerido que o medo de ser infectado por um vírus potencialmente fa-
tal, de rápida disseminação, cujas origens, natureza e curso ainda são pouco conhecidos,
acaba por afetar o bem-estar psicológico de muitas pessoas. Sintomas de depressão, an-
siedade e estresse diante da pandemia têm sido identificados na população geral e, em
particular, nos profissionais da saúde. Ademais, casos de suicídio potencialmente ligados
aos impactos psicológicos da COVID-19 também já foram reportados em alguns países
(SCHMIDT et al., 2020).
Além do medo de contrair a Covid-19, pode ser notada na população a insegurança
relacionada aos aspectos da vida, desde as metas coletivas e individuais que foram plane-
jadas e acabaram sendo frustradas pela pandemia e isolamento social, o que implica em
sua qualidade de vida, tangenciado em seu bem estar psicológico, resultando no apareci-
mento de stress, medo, ansiedade, pânico, culpa e tristeza, pois esses indícios se refletem
em sofrimento psíquico e culminam o surgimento de transtornos psicossomáticos. Em vista
disso, esse público deve receber um atendimento, atenção especial em saúde, pois se en-
contram em situação de vulnerabilidade a desenvolver transtornos psicossomáticos como,
por exemplo, a depressão (DIAS et al., 2020).
A pandemia e a variante de comportamentos provoca uma significativa ansiedade no
individuo em geral e, principalmente, naqueles que estejam em conclusão acadêmica. Diante
disso, torna--se importante destacar o impacto da C0VID-19 no aprendizado da graduação,
rotina, produtividade e aspectos emocionais dos acadêmicos (GOMES et al., 2020).
205
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
Observar a prática do cotidiano do enfermeiro, as fragilidades humanas fazem com
que o acadêmico vivencie sentimentos como medo, angústia, tristeza, decepção e ansie-
dade, podendo acarretar no acadêmico sentimento de incapacidade perante as incumbên-
cias da graduação, tendo influência direta na formação e na relação profissional-paciente
(ROCHA et al., 2020).
Não podemos deixar de ressaltar que a saúde física e saúde mental andam jun-
tas. O prolongado do confinamento, a falta de contato com os colegas de classe, o medo
de se infectar, a falta de espaço em casa, torna o estudante menos ativo fisicamente, são
fatores de estresse que atingem a saúde mental de boa parte dos estudantes. Estimular a
solidariedade, a resiliência e a continuidade das relações sociais entre educadores e alunos
nesse período é fundamental, pois ajuda a minorar o impacto psicológico negativo da pan-
demia nos estudantes. Agora, importa prevenir e reduzir os níveis elevados de ansiedade,
de depressão e de estresse que o confinamento provoca nos estudantes em quarentena
(DIAS, PINTO 2020).
Ficou evidente que a maior parte dos acadêmicos do último ano de enfermagem com
a necessidade do isolamento social, e inferem , em sua maioria, que o descumprimento do
isolamento social, ocorra pela necessidade de trabalhar nos serviços essenciais (saúde,
segurança, alimentação e etc.), e pela a instabilidade financeira faz com que as pessoas
quebrem o isolamento social para irem trabalhar.
O isolamento social, segundo a Cruz et al,.(2020), é um grande instrumento de proteção
para a população, servindo como proteção para a disseminação do novo vírus, além de ser
uma política de saúde pública que visa amenizar os impactos da Covid-19 nos serviços de
saúde. Essa medida aponta que práticas sanitárias entram em ação em larga escala, como
a atenção à etiqueta respiratória, cuidados com a higiene, inibição de aglomerações que
resultam no distanciamento social.
Neste contexto, é preciso pontuar a diferença entre o isolamento social, o distancia-
mento social e a quarentena. O primeiro termo segundo Oliveira et al., (2020), refere-se à
retirada e separação do convívio social de pessoas que não compõem a família, uma forma
válida principalmente para os pessoas assintomáticos; enquanto que o segundo, faz alusão
ao espaço necessário de uma pessoa para outra, quando o isolamento não é possível, para
essa medida é sugerido o distanciamento de no mínimo 2 metros; e o terceiro, que é a qua-
rentena, faz menção a reclusão temporária, baseada no período de incubação do agente
etiológico da pessoa infectada ou outra que manteve o contato com ela, a fim de evitar a
propagação da doença para outros indivíduos.
A prática do isolamento social tem causado muitas polêmicas no país, uma vez que
algumas autoridades se mostram céticas quanto à sua eficácia. O fato é que a maior parte
206
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
dos tomadores de decisão optaram por incentivar essa medida, adotando estratégias de
controle da mobilidade da população, como o fechamento de escolas e universidades, do
comércio não essencial, e de áreas públicas de lazer etc. Como resultado, grande parte da
população brasileira apoiou e aderiu ao movimento do isolamento social9 com o objetivo
de se prevenir da COVID-19 e de colaborar com a atenuação da curva de contágio no país
(BEZERRA et al., 2020).
Segundo BatistaMoutinho (2020), nem todas as pessoas poderiam parar de trabalhar
e exercer o isolamento domiciliar. Serviços essenciais tinha necessidade de continuar a ser
prestados, comércios de produtos essenciais precisariam funcionar, ou seja, alguns grupos de
pessoas continuariam mais expostos ao risco que outros. Mas é fundamental salientar que,
ao ficarmos em casa em casa, estamos protegendo aqueles que não têm essa opção, por
diminuir o risco de transmissão. Destaca-se que a força de trabalho que está mais exposta
à doença nessa pandemia, exceto os profissionais de saúde, seria a nova classe trabalha-
dora que se não correr o risco de adoecer, corre o risco de ser demitida ou ficar sem renda.
São trabalhadores de aeroportos, do setor de logística, de supermercados, dentre outros.
Quando analisamos os dados referentes a preocupação dos acadêmicos, do último ano
do curso de enfermagem, observa-se a grande maioria estão preocupados em perder um
familiar diante da situação vivida seguidos pela preocupação de não conseguirem realizar
a conclusão da graduação.
Backes et al., (2020) discorre que capacidade humana para imaginar o pior não tem
limites, e diante da situação a qual estamos vivenciando uma série de indagações advém
sobre qual medo se sobressai frente a pandemia, o de contrair a doença, o de morrer ou
perder um familiar, o da solidão, o do desemprego, o da redução da renda e ou do colapso
do sistema de saúde e econômico.
Vieira et al., (2020) acreditam que as respostas comportamentais das pessoas diante da
pandemia, podem afetar e gerar consequências sociais, as quais podem afetar a percepção
positiva ou negativa diante das mudanças que ocorrem em sua vida. Santos et al., ( 2020)
corroboram e discorrem que o medo, ansiedade e outras manifestações psicológicas que
podem prejudicar essa relação da população com o combate a pandemia, são advindos de
uma quantidade de informação em massa e sobrecarregada que é disponibilizada pela mídia,
em que se difunde uma enorme quantidade de informações falsas que alarmam as pessoas.
As doenças mentais trazem uma diminuição de expectativa de vida e saúde física,
além disso mesmo com alguns tratamentos eficazes disponíveis, a maioria dos pacientes
não possuem acesso ou não procuram pelo tratamento devido ao tabu em torno de trans-
tornos mentais que ainda persiste nos dias atuais. O isolamento social, ou seja, a recomen-
dação de “ficar em casa”, adotada para frear a disseminação da COVID-19, impactou de
207
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
diversas formas a vida dos brasileiros. O isolamento social é incômodo e exige paciência.
São usuais situações de ansiedade, estresse e angústia. As pessoas que tendem a ser
efusivas podem sofrer mais com o isolamento social e ansiar por encontros sem mais tardar
(VIEIRA et al, 2020).
No decorrer do estudo ainda foi possível observar que os acadêmicos do último ano
do curso reconhecem que as atividades de educação em saúde realizada agregará na for-
mação acadêmica, seja pela aprimoração de habilidades técnicas e científicas para planejar
e executar ações de Educação em Saúde, bem como o estímulo e a reflexão sobre o papel
da enfermagem no desenvolvimento individual da população na promoção, prevenção e
reabilitação da saúde, ou seja afirmam que pandemia da COVID-19, permitiu e continua
permitindo novos aprendizados frente a essa realidade.
Segundo Júnior et al., (2020) a educação em saúde é uma estratégia utilizada que visa
despertar aos indivíduos conhecimentos e habilidades que sirvam como auxílio nas esco-
lhas sobre sua saúde, instigando a consciência crítica, reconhecendo assim os fatores que
influenciam a saúde e oferecendo subsídios que os encorajem a modificar o comportamento,
baseado na interação respeitosa da cultura popular com os saberes técnicos científicos.
A educação está baseada em pilares como: aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a conviver e aprender a ser. Que definem os aprendizados considerados essenciais
para que os estudantes se desenvolvam cognitivamente e socialmente. Seguindo estes pila-
res os acadêmicos podem ter uma formação completa. Ou seja, não somente se preparam
para o mercado de trabalho, mas também para viver em sociedade e se tornarem cidadãos
mais justos, empáticos e preparados para lidar com adversidades (NHANTUMBO, 2020).
Costa et al., (2020) discorre que aos 200 anos do nascimento de Florence Nightingale,
a sociedade mundial vivencia um momento indicado pelos epidemiologistas como um dos
maiores desafios sanitários em escala global deste século: uma pandemia de COVID-19
em andamento. No período em que o Brasil cumpre as determinações de distanciamento
social e que vários setores da atividade econômica se ajustam às medidas inovadoras, é,
também, refletir sobre o impacto deste cenário sobre o sistema educacional, e em especial
sobre o ensino universitário em enfermagem.
Segundo Franklin, Vasconcelos e Eduardo, (2020), o estágio extracurricular possibilita
uma melhor desenvolvimento profissional ao enfermeiro, pois o mesmo desenvolve relações
saudáveis, supera desafios próprios do trabalho em equipe e melhora as habilidades para
ao procedimentos de enfermagem, além de ter a inserção no mercado de trabalho facilitada
devido ao fato de ter adquirido um grande conhecimento durante o período de estágio.
O estágio supervisionado em enfermagem visa o crescimento do aluno a partir de com-
petências profissionais adquiridas que vão favorecer o desenvolvimento das competências
208
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
necessárias ao trabalho. Proporciona ao acadêmico a visão profissional de forma ampla e
concreta, oferecendo experiências de âmbito técnico-científico, com o desenvolvimento de
funções com responsabilidade, ética, liderança, capacidade de comunicação e tomada de
decisões (LIMA et al., 2020).
À respeito do processo de ensino-aprendizagem, com o uso dos recursos tecnológicos,
plataformas digitais e aulas remotas durante a pandemia, a maioria dos entrevistados infor-
mam que se adaptaram parcialmente, o que pode remeter a algum prejuízo durante o estudo.
Na atual situação de Pandemia de Covid-19, com a suspensão das atividades didáticas
presenciais, o ensino à distância é uma real necessidade, pelo que deverão ser adotadas
as melhores soluções disponíveis e asseguradas as necessárias condições que promovam
um ensino de qualidade neste contexto. Todavia, o ensino à distância promove um novo
desafio, para o qual alguns docentes e alguns acadêmicos, ainda não estão devidamente
preparados, encontrando-se mesmo um pouco desorientados, pelo que as diversas ações
de formação nesse âmbito podem promover o sucesso do processo de ensino-aprendizagem
(SILVA et al., 2020).
Cavalcante, Bezerra e Noronha (2020), descrevem sobre a realidade observada em
diversas faculdades e universidades mostra o dilema vivido por essas instituições, uma vez
que se veem na necessidade de tomar decisões que envolvem a continuidade do proces-
so de ensino aprendizagem, ao mesmo tempo em que buscam manter seus funcionários
e alunos protegidos de uma doença que se mostra grave, expande-se com rapidez, além
disso, está distante em ter seus mecanismos fisiopatológicos bem compreendidos. Sendo
assim, muitas instituições optaram por cancelar em sua totalidade, as atividades presen-
ciais e estabeleceram o uso das tecnologias digitais e o ensino remoto como as principais
ferramentas e estratégias para continuar o ensino.
CONCLUSÃO
209
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
ou mesmo se contaminar prevalece, porém acreditam que as atividades de educação em
saúde, contribuem de forma significativa para o aprimoramento de suas habilidades técnicas
e científicas, ainda assim estes esperam que o aprendizado e as experiências vivenciadas
durante a pandemia tenham uma significativa contribuição para sua vida profissional.
Por conseguinte, a pesquisa apontou ainda que os estudantes desenvolveram vários
sentimentos como: preocupação, tristeza, solidão, estresse, medo, sobrecarga e desmoti-
vação. Mas também sentimentos bons, como solidariedade, esperança e otimismo.
Contudo, foi diante desse cenário de pandemia e distanciamento social que se resgatou
tantos valores e sentimentos que se perderam com o tempo. Repentinamente, despertamos
mais importância à higiene pessoal e a saúde mental, o que se torna de extrema importância
para manutenção da saúde física e emocional.
REFERÊNCIAS
1. BACKES, Marli Terezinha Stein et al . Novo coronavírus: o que a enfermagem tem a aprender
e ensinar em tempos de pandemia?. Rev. Bras. Enferm., Brasília , v. 73, supl. 2, e20200259,
2020
210
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
9. CRUZ, Roberto Moraes et al . COVID-19: emergência e impactos na saúde e no trabalho. Rev.
Psicol., Organ. Trab., Brasília , v. 20, n. 2, p. I-III, jun. 2020 .
11. DE OLIVEIRA, Sandro Schreiber; POSTAL, Eduardo Arquimino; AFONSO, Denise Herdy. As
Escolas Médicas e os desafios da formação médica diante da epidemia brasileira da
COVID-19: das (in) certezas acadêmicas ao compromisso social. APS EM REVISTA, v.
2, n. 1, p. 56-60, 2020.
12. DÉSSIA, Arilson José et al. PERFIL SÓCIO CULTURAL DE DISCENTES DO CURSO TÉC-
NICO E GRADUANDO EM ENFERMAGEM. REVISTA UNINGÁ, [S.l.], v. 52, n. 1, jun. 2017.
13. DIAS, Érika; PINTO, Fátima Cunha Ferreira. A Educação e a Covid-19. Ensaio: aval.pol.públ.
Educ., Rio de Janeiro , v. 28, n. 108, p. 545-554, Sept. 2020 .
16. FREITAS, André Ricardo Ribas; NAPIMOGA, Marcelo; DONALISIO, Maria Rita. Análise da
gravidade da pandemia de Covid-19. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 29, n. 2, e2020119,
2020.
17. GOMES, Vânia Thais Silva et al . A Pandemia da Covid-19: Repercussões do Ensino Remoto
na Formação Médica. Rev. bras. educ. med., Brasília , v. 44, n. 4, e114, 2020.
18. GUINANCIO, Jully Camara. COVID 19: Desafios do cotidiano e estratégias de enfrentamento
frente ao isolamento social. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, e 259985474, 2020.
19. JÚNIOR, Adilson Mendes et al. Percepção de acadêmicos de Enfermagem sobre educação
em saúde na perspectiva da qualificação do cuidado. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v.
12, n. 1, p. e1964-e1964, 2020.
20. LIMA, Raimundo Ferreira et al. O ingresso tardio no ensino superior e seus desafios: reapren-
dendo a aprender. Conexão Unifametro 2019: diversidades tecnológicas e seus impactos
sustentáveis. Fortaleza|: Unifametro, 2019,
21. MACEDO, Yuri Miguel; ORNELLAS, Joaquim Lemos; DO BOMFIM, Helder Freitas. COVID–19
NO BRASIL: o que se espera para população subalternizada?. Revista Encantar-Educação,
Cultura e Sociedade, v. 2, p. 01-10, 2020.
211
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
23. OLIVEIRA, Wanderson Kleber de; DUARTE, Elisete; FRANÇA, Giovanny Vinícius Araújo de;
GARCIA, Leila Posenato. Como o Brasil pode deter a COVID-19. Epidemiol. Serv. Saude,
Brasilia, v. 29, p. 1-8, abr. 2020. Disponível: https://www.scielosp.org/article/ress/2020.v29n2/
e2020044/pt/ acesso em 20 d\e novembro d 2020.
24. - PEREIRA, M. D.; et al,. The COVID-19 pandemic, social isolation, consequences on mental
health and coping strategies: an integrative review. Research, Society and Development, [S.
l.], v. 9, n. 7, p. e652974548, 2020. Acesso em: 05 maio 2020
26. RIBEIRO, Eliane Gusmão et al. Saúde Mental na Perspectiva do Enfrentamento à COVID
-19: Manejo das Consequências Relacionadas ao Isolamento Social. Rev Enfermagem e Saúde
Coletiva, Faculdade São Paulo – FSP, 2020.
27. ROCHA, Natália Loureiro et al. Construindo o Projeto Cuidadosamente: reflexão sobre a saúde
mental dos graduandos de Enfermagem frente ao COVID-19. Revista de Saúde Coletiva da
UEFS, [S.l.], v. 10, n. 1, p. 13-17, may 2020.
28. SANTANA, Viviane Vanessa Rodrigues da Silva et al. Alterações psicológicas durante o
isolamento social na pandemia de covid-19: revisão integrativa. REFACS (online) Jul/Set
2020
29. SANTOS, Ingrid Aparecida Mendes dos et al. COVID-19 e Saúde Mental. ULAKES J Med, 2020.
30. 30- SCHMIDT, Beatriz; CREPALDI, Maria Aparecida; BOLZE, Simone Dill Azeredo; NEIVA-
-SILVA, Lucas; DEMENECH, Lauro Miranda. Impactos na Saúde Mental e Intervenções Psi-
cológicas Diante da Pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19). SciELO Preprints, 2020.
32. SILVA, Thayná Milena de Oliveira da; SILVA, Kézia Raquel Gomes da; SOUSA, Regina Pereira
de; SILVA, Yasmin Palyohanne Ezequiel da; MACEDO, Suzana Araujo de. CONCEITOS DOS
DISCENTES DE ENFERMAGEM SOBRE AULAS REMOTAS. Revista Diálogos em Saúde,
Sao Paulo, v. 3, n. 1, p. 47-61, 5 jun.2020.
33. SOUSA JÚNIOR, J. H.; PETROLL, M. D. L. M.; ROCHA, R. A. Fake News e o Comportamen-
to Online dos Eleitores nas Redes Sociais durante a Campanha Presidencial Brasileira
de 2018. In: XXII SEMEAD – SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, USP, São Paulo, 2019.
34. VIEIRA, K. M. et al. Vida de Estudante Durante a Pandemia: Isolamento Social, Ensino
Remoto e Satisfação com a Vida. EaD em Foco, v. 10, n. 3, e1147, 2020. Acessado em
19.11.2020.
35. VIZZOTTO, Marília Martins; JESUS, Saul Neves de; MARTINS, Alda Calé. Saudades de casa:
indicativos de depressão, ansiedade, qualidade de vida e adaptação de estudantes uni-
versitários. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 9, n. 1, p. 59-73, abr. 2017.
212
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
SOBRE A ORGANIZADORA
Profª. Dra. Samylla Maira Costa Siqueira
Doutora e Mestra em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem
da Universidade Federal da Bahia (PPGENF/UFBA), na linha de pesquisa “O Cuidar em
Enfermagem no Processo de Desenvolvimento Humano”, com área de concentração em
Saúde da Criança e do Adolescente. Graduada em Enfermagem pela Faculdade de Tecnologia
e Ciências de Itabuna-BA (2011). Membro do Grupo de Estudos Sobre Saúde da Criança e
do Adolescente (CRESCER) da EEUFBA e do corpo editorial da Revista Brasileira de Saúde
Funcional (REBRASF). Atualmente, exerce atividades profissionais na área da docência - no
curso de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA) como professora substituta
- e na área assistencial como funcionária pública da Secretaria Municipal de Saúde da cidade
de Salvador-BA, lotada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Tem experiência na
área de enfermagem, atuando principalmente nos seguintes temas: urgência e emergência,
saúde da criança e do adolescente, saúde da população negra e comunidades vulneráveis.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3092396911756689
213
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
ÍNDICE REMISSIVO
A H
Ansiedade: 69, 134, 199 Hipotermia: 43
C I
Câncer: 115, 116 Infecções: 106, 145, 156, 168
Coronavírus: 24, 45, 51, 52, 53, 55, 56, 74, 78, M
106, 117, 131, 135, 145, 146, 147, 148, 153, 156,
158, 164, 165, 169, 179, 194, 202, 210, 211, 212 Mascara: 45
Covid: 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 36, 37, 51, Maskne: 45, 46, 47, 49
52, 53, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 73, 77,
78, 79, 80, 81, 82, 83, 93, 116, 117, 118, 119, Mortalidade: 115, 116
120, 121, 122, 123, 125, 127, 128, 129, 130,
132, 137, 138, 142, 143, 154, 165, 168, 169, N
170, 171, 172, 173, 174, 194, 195, 198, 199,
Neoplasias: 127
201, 204, 205, 206, 209, 211
P
Cuidado: 178, 188, 189
Pacientes: 80, 115, 131, 132
Cuidados de Enfermagem: 83, 84, 85, 87
Pandemia: 15, 24, 25, 50, 62, 73, 75, 76, 80, 84,
D 85, 101, 126, 131, 132, 176, 209, 211, 212
Depressão: 134 R
Desafios: 32, 127, 131, 132, 179, 211 Recursos: 51, 53
Doença: 74, 85, 86, 92, 93, 103, 135, 146, 147, S
149, 153, 158, 165
Saúde Mental: 188
E
Soluções Tecnológicas: 26
Enfermagem: 62, 66, 67, 72, 73, 74, 75, 79, 83,
93, 106, 132, 137, 138, 142, 179, 188, 191, 193, T
195, 198, 203, 211, 212
Tecnologia Educacional: 101
Enfermeiros: 23, 65, 69
Telemedicina: 26, 31, 33, 127, 131
Epidemiologia: 132, 145, 153, 154, 156, 165,
190 Terapia Ocupacional: 15
Estudante: 193, 212 Trabalho: 74, 176, 186, 189, 190, 191
G
Grávidas: 103
214
COVID-19: o trabalho dos profissionais da saúde em tempos de pandemia
VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS
editora científica