Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Organizadores
1ª EDIÇÃO
editora científica
2021 - GUARUJÁ - SP
Copyright© 2021 por Editora Científica Digital
Copyright da Edição © 2021 Editora Científica Digital
Copyright do Texto © 2021 Os Autores
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. É permitido
o download e compartilhamento desta obra desde que no formato Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos
autores, mas sem a possibilidade de alteração de nenhuma forma ou utilização para fins comerciais.
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Elielson Ramos Jr.
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Fabricio Gomes Gonçalves
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
DOI: 10.37885/210203022.................................................................................................................................................................................. 12
CAPÍTULO
02
ESTUDO EMPÍRICO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO INTEGRAL NO MUNICÍPIO
DE FORTALEZA - CE.
DOI: 10.37885/210203023..................................................................................................................................................................................34
CAPÍTULO
03
A PSICOPEDAGOGIA COMO FACILITADORA DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
Maria Onete Brandão Araújo
DOI: 10.37885/210203117....................................................................................................................................................................................52
CAPÍTULO
04
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE FORTALEZA
Fabiola Fernandes de Menezes; Shirley Vieira de Lima
DOI: 10.37885/210203021.................................................................................................................................................................................. 62
CAPÍTULO
05
A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA ENTRE GESTÃO ESCOLAR E FAMÍLIA NO PROCESSO EDUCATIVO
Ana Cherlly Felipe de Aguiar Araújo
DOI: 10.37885/210202961.................................................................................................................................................................................. 80
CAPÍTULO
06
GESTÃO ESCOLAR PARA A APRENDIZAGEM: UM OLHAR SOBRE A LIDERANÇA RELACIONAL
Edgar Nogueira Lima; Iasmin da Costa Marinho
DOI: 10.37885/210404134................................................................................................................................................................................... 87
SUMÁRIO
CAPÍTULO
07
USO DAS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS EM UM CONTEXTO DE CRISE: UMA EXPERIÊNCIA EM UMA ESCOLA DE
ENSINO FUNDAMENTAL EM FORTALEZA
Kelly Regina Cintra de Medeiros
DOI: 10.37885/210404122.................................................................................................................................................................................. 99
CAPÍTULO
08
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NAS SERIES INICIAIS: UMA VISÃO PSICOPEDAGÓGICA
CAPÍTULO
09
ESPORTE EDUCACIONAL: UMA FERRAMENTA PARA FORMAÇÃO INTEGRAL
DOI: 10.37885/210203119.................................................................................................................................................................................122
CAPÍTULO
10
O ENSINO DE CRIANÇAS SURDAS NO CONTEXTO ESCOLAR
DOI: 10.37885/210203118.................................................................................................................................................................................135
ÍNDICE REMISSIVO...............................................................................................................................................151
01
Inclusão do aluno com deficiência
intelectual no ensino regular: interação
entre professor e aluno
10.37885/210203022
RESUMO
13
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
14
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
sociedade em relação à organização de serviços para atender as necessidades individuais
específicas dessa população”.
Entretanto, apesar da “marca” de exclusão subjacente à história das pessoas com
deficiência, a própria evolução histórica criou mecanismos de ruptura com os modelos tra-
dicionais e fez surgir novos paradigmas que vêm responder às demandas e necessidades
atuais de uma sociedade. Assim, há aproximadamente duas décadas, surgiu um movimento
mundial em luta pela inclusão das pessoas com deficiência, visto que esses sujeitos não
poderiam ser mais relegados e deixados à margem da sociedade, especificamente no que
diz respeito ao direito à educação de qualidade, de preferência no contexto regular de ensino.
O Brasil fez a opção pela construção de um sistema educacional inclusivo ao concor-
dar com a Declaração Mundial de Educação para todos, firmada em Jomtien, na Tailândia,
em 1990, e ao mostrar consonância com os postulados produzidos na Conferência Mundial
sobre necessidades educacionais especiais: acesso e qualidade, realizada em Salamanca,
na Espanha, em 1994. Por educação de qualidade no contexto regular de ensino entende-se
um sistema educacional capaz de responder às expectativas dos educandos. Observa-se
que os ditames legais de garantia à inclusão dos alunos com necessidades educacionais
especiais na escola regular é uma realidade, assim, é preciso que a escola consiga cumprir
os reais objetivos da inclusão. Para tal, necessita passar por reestruturações em nível de
organização e planejamento, sendo que a característica mais importante a ser adquirida é
a flexibilidade, de forma a adaptar o contexto educacional onde se manifestam as dificul-
dades. Nesse sentido, vi que ainda existe muito preconceito e resolvi fazer minha Tese de
doutorado – e após isso este artigo – uma maneira onde abordasse como principal objetivo
o desenvolvimento da aprendizagem e a maneira de olhar ao avaliar uma criança com de-
ficiência, principalmente intelectual, uma vez que essa criança possui um desenvolvimento
de aprendizagem diferente, pois a mesma tem suas limitações e possibilidades em seu
desenvolvimento cognitivo e como ser humano.
Hoje sou educadora e já tive a oportunidade de trabalhar com alunos com necessidades
educacionais especiais, o que para mim, fez com que eu amasse mais ainda o que tanto
almejo em me aprofundar e, foi neste período de aprendizado que percebi o sucesso no
processo de inclusão de alunos com deficiência no contexto regular de ensino, no que exige
dos profissionais da escola a compreensão de que esses educandos têm direito à educação
e de que a escola precisa buscar alternativas para o melhor desenvolvimento deles. Neste
sentido, o interesse primordial por estudar a inclusão dos alunos com deficiência intelectual
ocorreu em virtude da necessidade de compreender como a escola regular está reestru-
turando suas práticas, concepções e valores, com vistas a responder às necessidades de
desenvolvimento social, emocional e cognitivo desses sujeitos.
15
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Também de acordo com Abreu e Massetto (1996), toda aprendizagem precisa estar
embasada num bom relacionamento entre os elementos que participam do processo: alu-
no, professor e colegas de turma, de acordo com a maneira como essa interação se dá, a
aprendizagem do aluno pode ser mais ou menos facilitada. Diante do exposto, nosso pro-
blema de pesquisa consistiu na seguinte questão: Como se desenvolve a interação entre
professor e alunos com deficiência intelectual e em que medida contribui para a inclusão
escolar desses alunos?
O trabalho foi estruturado em quatro capítulos de forma que, o primeiro capítulo retrata
o conteúdo que será desenvolvido no trabalho. O segundo traz um pouco sobre a história da
educação inclusiva, relatando brevemente sobre a realidade no Brasil e sobre o caminho que
a inclusão vem percorrendo. O terceiro capítulo trata da deficiência intelectual abordando
alguns subtítulos. Em seguida o quarto capítulo aborda a inclusão e a aprendizagem dos
alunos com deficiência intelectual, e, por fim, o quinto capítulo os procedimentos metodoló-
gicos com análise dos dados coletados e os resultados obtidos.
Buscando respostas para essa indagação, estabeleceu-se como objetivo geral desta
pesquisa seria investigar como se desenvolve a interação entre professor e aluno com de-
ficiência intelectual em escola regular inclusiva, e em que medida essa interação contribui
para a inclusão. Contanto, especificamente, o estudo objetiva: 1) verificar e como ocorre a
interação entre professor e aluno com deficiência intelectual 2) caracterizar o tipo (conteúdo)
de interação mantida entre professor e os alunos com deficiência intelectual; 3) Analisar
como a interação contribui para a inclusão dos alunos com DI.
A intenção desse estudo é fazer um aprofundamento sobre materiais que abordem a
problemática sobre a expansão da educação inclusiva e adesão do maior número possível
de escolas que possam aderir a essa prática. Serão analisadas políticas públicas nacionais
e locais referentes à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais dentro
de seus quadros de discentes, o que demanda um número muito grande e significativo de
mudanças no âmbito escolar como um todo. As reflexões expostas no primeiro momento se
dispõem a analisar um embasamento teórico enquanto referencial bibliográfico que aborde
o tema em estudo, como diretrizes locais, nacionais e até internacionais, leis, decretos e
trabalhos acadêmicos que façam alusão ao tema apresentado e que busquem a fundamen-
tação necessária e específica para o embasamento do trabalho.
A relevância em que o tema Educação Inclusiva vem ganhando na sociedade contempo-
rânea, tem gerado inúmeros trabalhos que se tornaram exemplos no mundo inteiro, visando
atitudes de ruptura com os padrões históricos estabelecidos e propostas de mudança aos
sistemas de escolarização para um novo enfoque na prática de Educação Especial dentro do
sistema regular de ensino. Mediante o viés inclusivo ao qual vivenciamos hodiernamente, a
16
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
educação brasileira está num patamar de enorme desafio, que é o de inserir aprendizes com
necessidades educacionais especiais em escolas comuns, e com demais alunos sem essas
necessidades. Nesse sentido, intentamos analisar a situação como um todo e todas as estra-
tégias possíveis às políticas públicas disponíveis que nos auxiliem nessa difícil empreitada.
De acordo com Hamer et al. (2014), a família é percebida como o primeiro e principal
contato de comunicação da criança, sendo assim, o início de uma socialização. Referente
à aprendizagem humana dessa criança, o contexto familiar é visto como uma unidade de
relação afetiva, cognitiva e social. A partir do contato com seus familiares, o indivíduo come-
ça a adquirir suas experiências e formação de seus comportamentos, ações e resoluções
de seus problemas. Suas relações e emoções são estabelecidas, e podem proporcionar
experiências de realização, assim como também de fracasso.
De acordo com os estudos analisados por Nunes et al. (2013), Minatel e Matsukura
(2015), observa-se que mesmo com as leis sobre inclusão escolar, os pais se sentem inse-
guros e incertos com a adaptação de seus filhos envolvidos em todo esse processo. Minatel
(2013) afirma que as escolas especializadas continuam sendo as mais procuradas e indicadas
para os pais de crianças com deficiência intelectual e outras crianças com deficiência, pois
vai de encontro com um sistema de ensino que os pais mais se identificam como sendo o
melhor para seus filhos.
De acordo com as pesquisas feitas na revisão de literatura de Minatel e Matsukura
(2015), muitas das crianças que foram inseridas nas escolas regulares não continuam nas
mesmas escolas. Os pais, muitas vezes, se encontram em situações difíceis na inclusão
de seu filho, desde a procura por escolas que o aceitem até o curso do ano letivo naquela
escola. É notável que mesmo com a lei estabelecida no país, muitas escolas ainda não
aceitam crianças com deficiência, por não conseguirem se adaptar a ela, ou a escola não
ter estrutura física para receber essas crianças.
Segundo os autores Minatel e Matsukura (2015), em algumas escolas os pais, junta-
mente com seu filho que é deficiente, enfrentam o preconceito dentro do âmbito escolar, o
despreparo dos professores e a exclusão dentro da sala de aula, ocasionando o não desen-
volvimento social e afetivo daquele aluno incluído. Muitas vezes ocorre dos pais receberem
reclamações de que seu filho se comportou de forma agressiva, agitada ou que tem muita
dificuldade em acompanhar o ritmo de aprendizagem dos outros alunos. A partir dessas di-
ficuldades, os pais tendem a retirar seus filhos da escola regular ou a própria escola sugere
a transferência daquela criança. Nesse momento começa uma nova procura por escolas
que se adaptem a essa criança.
17
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Minatel e Matsukura (2015) relatam que os pais sentem dificuldades no processo
de procura por novas escolas que vão de acordo com as suas expectativas. Os autores,
em suas pesquisas, relataram que alguns pais ao trocarem seus filhos de escola, sentiam
medo e preocupação pelo fato de já terem vivenciado em outra escola experiências ruins
com o preconceito. Minatel e Matsukura (2015) trazem como resultado de sua pesquisa, o
fato das ações inclusivas ainda estarem focadas no processo de mudança/adaptação do
aluno dentro das escolas e não oferecendo tanto foco nas práticas escolares, no ambiente
interno das escolas, no processo de garantia de permanência dentro daquela escola e de
respeito com as crianças com deficiência intelectual. Sendo que esses não são os únicos
pontos a estarem em desenvolvimento, um exemplo disso é a falta de capacitação dos pro-
fessores, que pode também ser visto como algo preocupante para os pais de crianças com
deficiência intelectual.
De acordo com Silva e Arruda (2014), um desafio encontrado no processo de inclusão
nas escolas é a falta de professores capacitados para lidar com crianças com deficiên-
cias. Na formação desses profissionais, muitas vezes não existe aulas ou capacitações para
trazer como aprendizado formas de lidar com esses determinados alunos. Em outros casos,
os profissionais não buscam se aprofundar em estudos, procurar cursos, se aprofundar mais
nesse assunto que é incluir tais crianças em um ambiente mais sociável, desenvolver formas
de interagir com elas, trazendo-as para junto dos demais e fazendo uma única atividade.
A falta de capacitação profissional prejudica o desenvolvimento dessas crianças e
também o processo de inclusão. De acordo com Silva e Arruda (2014), a formação dos
professores é compromisso público do Estado, e com isso, os professores deveriam rece-
ber uma capacitação apropriada para lidar com tal público. Se observa que nos cursos de
graduação, não se dá tanta ênfase a esses assuntos, e nem existem muitas capacitações
ou outras formas de adquirir tais conhecimentos. Dentre as várias capacitações para profes-
sores, poucas são focadas na educação inclusiva. Silva e Arruda (2014) ao abordarem esse
assunto, relatam sobre a Lei Federal n. 11.502, que trata da responsabilização da formação
do professor, no qual é dirigida à Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes). Esta
ainda é entendida como uma prioridade do Ministério da Educação.
Silva e Arruda (2014) relatam que durante o processo de inclusão, o professor é visto
como mediador e facilitador, devendo planejar seu trabalho de uma forma flexível, obser-
vando as limitações existentes nesses alunos, possibilitando um melhor desenvolvimento
de interação em qualquer disciplina. É importante que o professor elabore novas estratégias
que possam usar outros ambientes dentro ou fora da escola, criando algo mais dinâmico
e interativo entre os alunos, considerando que o espaço escolhido precisa ser acessível e
adequado à idade das crianças.
18
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
É de grande importância pensar não só no ambiente, como também no acesso
e permanência nesse espaço como um todo, seja na escola como prédio ou
até mesmo nas mesas e cadeiras, sempre utilizando os meios ofertados pela
instituição (SILVA; ARRUDA, 2014, p. 7).
Pelo direito de ser, sendo diferente, o aluno com e sem deficiências já deveria
estar vivendo a liberdade de aprender, tendo o reconhecimento e a valoriza-
ção de seus mestres pelo que conseguisse construir no domínio intelectual,
segundo suas possibilidades (ROSA, 2005, p. 38).
Nesse sentido, as escolas para conseguirem bons resultados com todos os seus alu-
nos devem adotar, entre outros parâmetros, conforme as diretrizes do Programa Educar na
Diversidade - material de formação docente (BRASIL, 2006, p. 22),
19
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
a) Um projeto educacional para a diversidade, o qual deverá abranger os
seguintes aspectos:
- atitudes de aceitação e valorização da diversidade por parte da comunidade
educacional;
- liderança e comprometimento da direção da escola, com a aprendizagem e
a participação de todos os alunos e alunas;
- adequação do nível de formação dos docentes, em termos de necessidades
educacionais especiais e estratégias de atendimento à diversidade;
- desenvolvimento de um currículo o mais amplo, equilibrado e diversificado
possível e passível de ser adequado às necessidades individuais e sociocul-
turais dos alunos.
Esses dois parâmetros precisam estar bem explicitados no documento base orientado-
res das ações da escola, o seu Projeto político-pedagógico, cujo principal objetivo do Projeto
inclusivo deve ser a melhoria da capacidade das escolas para promover a participação e a
aprendizagem de todos os estudantes e o aprimoramento dos docentes. Desse modo o pla-
nejamento, a fixação de prazos, a avaliação constante, a proposição de alternativas para a
solução dos problemas são importantes ações que ajudam a melhorar as competências didá-
ticas dos docentes e devem ser prioritárias para o êxito dos projetos educacionais inclusivos.
Os parâmetros salientados são de extrema relevância, embora não possamos esquecer
que a verdadeira inclusão não exclui nenhum aluno de suas classes, de seus programas, de
suas aulas. No ambiente educativo inclusivo ensinam-se os alunos a valorizar a diferença
pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo ensino ministrado,
pelo aspecto sócio afetivo das relações estabelecidas no contexto escolar. Interfaces entre
deficiência intelectual e doença mental
A Organização Mundial da Saúde (OMS) organizou a Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, atualmente em sua
décima revisão, conhecido por sua sigla CID-10. Ela possui um capítulo exclusivo para dis-
túrbios mentais e do comportamento que pretende estar concordante com o DSM1, porém
apresenta algumas diferenças significativas.
Em geral é importante uma avaliação multiprofissional com psiquiatras, psicólogos e
profissionais afins conforme cada caso para o diagnóstico e tratamento adequados, ambos
apresentam: disfunção, ou seja, comprometimento do Sistema Nervoso Central - SNC. É ne-
cessária uma avaliação criteriosa por profissionais especializados para diferenciar os quadros
e definir condutas a serem adotadas, que vão caracterizar melhor a legislação e rede de
1 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais é um manual para profissionais da área da saúde mental que lista diferentes
20
categorias de transtornos mentais e critérios para diagnosticá-los, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria.
Inclusão na escola
2 Fonte: Marina da Silveira Rodrigues Almeida. Consultora em Educação Inclusiva. Psicóloga e Pedagoga especialista no Instituto
22
Inclusão. Brasilinclusao.brasil@iron.com.br
Portanto, não se pode pensar a questão da deficiência sem se analisar o tipo de rela-
ção que as pessoas, de modo geral, estabelecem com os indivíduos deficientes intelectuais.
Como a sociedade não está preparada para lidar com as diferenças manifestadas pelas pes-
soas com deficiência intelectual, de uma maneira geral, passa a culpá-las por suas próprias
impossibilidades e limitações. Atentar apenas para os aspectos orgânicos da deficiência
mental é desconsiderar os aspectos sociais e isentar a sociedade de sua responsabilidade
na constituição da deficiência intelectual.
Não estamos afirmando com isso que não exista a deficiência, mas o professor precisa
modificar o seu olhar sobre ela. As deficiências dos alunos devem ser consideradas como
condições a que a escola precisa atender. Assim, “[...] sem negar a etiologia orgânica que
uma considerável parcela de deficientes carrega. Pessotti (1984, p. 147) alerta para “[...]
os radicalismos nas considerações sobre a deficiência, no sentido de evitar uma postura
totalmente organicista e unitária, lembrando que o conceito de deficiência intelectual, seu
diagnóstico e classificação devem considerar o homem dentro de uma visão integrativa e
global”. Segundo Mantoan (1997, p.120), o processo de inclusão exige da escola novos
recursos de ensino e aprendizagem, concebidos a partir de uma mudança de atitudes dos
professores e da própria instituição, reduzindo todo o conservadorismo de suas práticas,
em direção de uma educação verdadeiramente interessada em atender às necessidades de
todos os alunos. No texto “Acerca dos processos compensatórios no desenvolvimento da
criança mentalmente atrasada”, Vygotsky comenta a tendência de aproximação da escola
especial para a escola comum,
A meta da inclusão é, desde o início, não deixar ninguém fora do sistema escolar,
que deverá adaptar-se às particularidades de todos os alunos à medida que as práticas
educacionais excludentes do passado vão dando espaço e oportunidade à unificação das
modalidades de educação, regular e especial, em um sistema único de ensino, “[...] ca-
minham-se em direção a uma reforma educacional mais ampla, em que todos os alunos
começam a ter suas necessidades educacionais satisfeitas dentro da educação regular”
(MANTOAN, 1997, p. 120).
Embora o foco principal da pesquisa ora desenvolvido não seja, propriamente, a forma-
ção de professores, entendo que uma pequena lembrança sobre o assunto é de fundamental
importância, pois não se pode discutir sobre o tema inclusão sem discutir a formação do
professor. Sob esse aspecto, considera-se que,
24
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
[...] estamos na situação de resolver reformar o avião em pleno voo”, pois não
se podem fechar as escolas para capacitar os professores, mas “os alunos com
deficiências estão chegando hoje na sala comum, e a maioria esmagadora dos
professores não sabe o que fazer com eles (GLAT; OLIVEIRA, 2007, p. 145).
A educação é um direito fundamental do ser humano, todos têm direito a uma educação
de qualidade, porém ainda existem muitas barreiras para que muitas pessoas tenham um
acesso à educação de qualidade. A educação deve ser acessível para todos mas também
deve atender as necessidades individuais.
CONCLUSÃO
Por muito tempo, pessoas com deficiência intelectual não eram consideradas incapazes
de aprenderem e serem educadas, somente durante o século XIX, com os estudos de Jean
Itard, pioneiro na educação especial, foi que alunos com deficiências intelectuais passaram
a serem educadas assim como outras pessoas, os estudos de Jean Itard, tinha como foco
os aspectos socioambientais.
A deficiência intelectual é entendida como um processo que afeta as capacidades de
aprendizagem, tornando esse processo mais lento do que o normal, essas deficiências podem
ser simples, apenas déficits de atenção ou fatores mais complexos relacionados a saúde
25
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
física e mental, assim nem todo mundo que possui dificuldade aprendizagem pode ser con-
siderado deficiente, em todos os casos o indivíduo desenvolve necessidades especiais que
precisam ser levadas em consideração no processo de ensino, para que ele seja capaz de
aprender e desenvolver conhecimento, por isso são criados métodos de ensino específicos
para essas pessoas. Essas deficiências também causam efeitos nas interações sociais, que
por vez de uma maneira ou de outra influenciam nos processos de aprendizagem individual.
Como foi dito, nem toda pessoa apresenta dificuldades de aprendizagem pode ser
considerada deficiente mental ou intelectual, os processos de ensino e aprendizagem são
muito complexos e são influenciados por uma diversidade de fatores que vão além das
capacidades mentais (TELFORD; SAWREY, 1988). Segundo Tessaro (2005), as maiores
dificuldades e limitações que pessoas deficiência enfrentam, são causadas pelas barreiras
criadas por outras pessoas, que lhes dão poucas oportunidades por considera-las incapa-
zes, isso faz com que o próprio deficiente crie barreiras que limitem as suas capacidades
a aprendizagem, ou seja, segundo a autora, em muitos casos a deficiência é apenas uma
questão secundária, que pode ser trabalhada e vencida.
Complementando esse pensamento, Omote (1994) ressalta que muitas das limitações
e dificuldades que pessoas com algum tipo de deficiência encontram ao longo da vida são
impostas pela própria sociedade e não pela deficiência em si. Ainda segundo o autor é a
própria sociedade que determina aquilo ou o que, é considerado como deficiente, pessoas
com essas dificuldades são tratas assim apenas porque a sociedade impôs essas tais limita-
ções e nomenclaturas, tornando a deficiência uma espécie de status sociais, estando ligada
mais a essa questão do que as questões físicas e mentais. Dessa forma, ao se falar sobre
deficiência e até mesmo ao desenvolver métodos pedagógicos para deficientes, principalmen-
te os intelectuais, deve-se levar em consideração os fatores e interações sociais, eles são
muitos relevantes no processo de ensino e aprendizagem, mesmo para as pessoas normais.
O professor deve ser atento e preparado para interagir com indivíduos que apresen-
tam quadros de deficiência intelectual, ainda que em baixo nível, pois a forma como ele se
relaciona com seus alunos, mesmo os sem deficiências, influencia bastante nos aspectos
da aprendizagem, dessa forma o professor que passa e ensina atividades de forma limita
tratando o aluno deficiente como incapaz, acaba fazendo com este apresente mais limi-
tações e barreiras do que aquelas causadas pelo seu problema, por isso é importante o
acompanhamento e preparo pedagógico para o ensino dessas pessoas. Quando pessoas
com deficiência estão sendo educadas a educação se foca muito em suas limitações, não
trazendo assim bons resultados, mas na verdade o fato que prejudica o ensino é a maneira
como os conhecimentos estão sendo passados a essa pessoa, muitos educadores acabam
26
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
não reconhecendo que o problema pode estar na sua maneira de ensino e não necessaria-
mente na deficiência do aluno (FERREIRA, 1995).
Vale ressaltar que isso não significa que não as limitações causadas pela deficiência
não influenciam na aprendizagem, pelo contrário, elas são bastante influentes, é por isso
que o professor deve adaptar a forma como ele ensina baseado na necessidade e imitações
desses alunos, mas isso não quer dizer que ele tenha que impor novas limitações a esses
jovens por causa de seus problemas. A sociedade atual está se tornando cada vez mais
inclusa, mas essa inclusão não pode estar ligada apenas a fatores numéricos, é preciso
adaptar o ambiente a essas pessoas para que elas se sintam inclusas de verdade, tendo
métodos e ferramentas especificas a suas necessidades.
A inclusão parte primeiramente de novas atitudes, principalmente por parte dos profes-
sores, a escola deve apresentar novos recursos para o processo de ensino, recursos estes
adaptáveis e apropriados para a inclusão de pessoas com deficiência (MANTOAN 1997).
Apesar dos professores terem um grande papel nesse processo, a escola também deve
contar com profissionais capacitados especificamente para a interação e auxilio dessas
pessoas, principalmente as com deficiências intelectuais.
Alunos com deficiência intelectual possuem muitas dificuldades de socialização e apren-
dizagem, são déficits específicos que afetam essas pessoas, que fazem com a absorção
de informações e conhecimentos sejam mais lentas, mas apesar disso não significa que
elas não sejam capazes de aprender, existem muitas maneiras de estimular os cérebros
dessas pessoas e permitir com que elas possam se desenvolver intelectualmente. A escola
e professores tem um importante papel nesse processo, por isso é importante que os edu-
cadores busquem conhecer as necessidades e limitações de seus alunos, entender como
eles pensam, do que eles gostam e o que é capaz de faze-los aprender.
A inclusão e interação entre alunos com deficiência intelectual com outros alunos e
professores é muito importante para o desenvolvimento escolar. O desempenho escolar
está diretamente associado a forma com o aluno se relaciona socialmente, antes de seu
desenvolvimento educacional ele precisa de desenvolvimento social, interagir com pessoas
e ambientes para que possa estar saudável psicologicamente para aprender os conteúdos
escolares. O professor deve interagir com seu aluno se colocando à disposição para ajudá-lo
a vencer suas limitações, evitando que eles possam cometer erros ao iniciarem novos pro-
cessos de aprendizagem, mas também dando liberdade para que ele realize as atividades
e obtenha êxito (ECHEITA; MARTIN, 1995).
Ao fazer isso o professor possibilita que esses alunos sejam capazes de se motivar
conforme vão aprendendo e executando novas tarefas. O processo de interação também é
importante para o professor, conforme vai convivendo e interagindo, ele aprende na prática
27
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
como é educar um jovem com deficiência intelectual, tornando o processo uma troca de
conhecimentos, pois também será capaz de aprender com seus alunos e seus saberes es-
pecíficos, conforme o professor se mostra interessado em seu aluno ele contribui para que
o aluno possa aprender e ensinar ainda mais motivado por encontrar alguém que não o trate
com indiferença e não veja suas limitações como uma barreira impenetrável.
Um dos processos de maior importância quando se busca o desenvolvimento intelectual
desses jovens é o alinhamento entre as atividades teóricas e práticas (VYGOTSK, 1998,
2004). As atividades práticas possibilitam mais dinamismo as aulas e melhores resultados,
pois trabalha com a contextualização de ideias, os conhecimentos teóricos por vezes são
muito rígidos e limitados, isso pode prejudicar o aprendizado de alunos com limitações e défi-
cits de intelectualidade, por isso ao desenvolver atividades práticas os professores permitem
que os alunos aprendam de maneira mais adequada, essas atividades permitem com que
os estudantes possam ver os resultados mais claramente daquilo que estão aprendendo.
Carneiro (2006), diz que a falta de desenvolvimento e limitações em alunos com defi-
ciência, é causada em sua maioria pela falta de acompanhamento pedagógico e pela falta
de oportunidades que essas pessoas têm de desenvolverem atividades, tornando a questão
orgânica um fato secundário. As limitações causadas pela deficiência podem ser superadas
com o devido auxilio, o mais difícil atualmente é vencer as limitações sociais, a escola é a
principal aliada dessas pessoas para vencer essa luta.
Segundo o art. 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: “O direito
da pessoa à educação é resguardado pela Política Nacional de Educação independente de
gênero, etnia, idade ou classe social” (BRASIL, 1988). Diante da lei a educação é para todos.
É perceptível que há uma série de dispositivos legais que regem a Educação Especial
no segmento interno do Brasil, tais como a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), como também há uma previsão a nível mundial dentro des-
sa perspectiva inclusiva no sentido de incrementar uma atenção na proposição de políticas
públicas viáveis no intuito de atender a essa inclusão, no caso, a Declaração de Salamanca
(1994 apud BRASIL, 2006, p. 330), que postula: “[...] as escolas deveriam acomodar todas
as crianças independentes de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
linguísticas ou outras”.
A Política Nacional de Educação Inclusiva, na perspectiva da Educação Especial, envol-
ve um gama de objetivos e direitos, implanta políticas públicas que promovem uma boa quali-
dade de educação para todos, principalmente na inclusão dos alunos especiais. A Educação
Especial é uma modalidade de ensino e transcorre em todos os níveis da Educação Infantil
ao Ensino Superior (BRASIL, 2007).
28
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
É fundamental que se tenha a consciência profissional de implantar uma Educação
Especial de excelência dentro de uma visão ampla de educação inclusiva, pois se trata de
um tipo de serviço profissional onde há uma carência em larga escala nas escolas do ensino
regular, nas quais os alunos com deficiência intelectual estão matriculados.
A educação de qualidade é algo prioritário para uma pessoa que está no ambiente
de inclusão educacional e social, e esse tipo de educação está disponibilizado no ensino
regular através do serviço de Atendimento Educacional Especializado (AEE), o qual tem
por objetivo complementar e/ou suplementar a aprendizagem das crianças deficientes no
ambiente escolar e nos demais locais (BRASIL, 2007).
As políticas públicas voltadas para a inclusão ainda são bastante teóricas, pois não
oferecem aparelhos voltados a uma excelência de educação inclusiva desprovida de uma
ação mais atuante e adequada para atender crianças com deficiência intelectual de forma
abrangente em todas as escolas brasileiras.
Neste sentido, não resta dúvida que é um tipo de política pública que visa resguardar os
direitos de tais pessoas, mas o que se clama é por uma qualidade constante no atendimento
especializado como também a inserção profissional do Psicopedagogo como profissional
de relevante valor para o acompanhamento no desenvolvimento educacional das crianças
com deficiência intelectual inseridas nesse contexto.
Cabe salientar que ocorreu uma série de movimentos desenvolvidos contínuos e regu-
lares no tocante à normatividade institucional por intermédio de leis, além de uma extensa
relação dos demais dispositivos, tipos de decretos, de portarias e de resoluções que trazem
diretrizes sobre o desenvolvimento de Educação Especial no Brasil.
Na prática, o sistema de ensino deveria organizar e elaborar melhor os espaços des-
tinados à educação inclusiva especializada, evidenciar recursos pedagógicos e de aces-
sibilidade, no sentido de melhorar o nível de ensino, aprendizagem e acompanhamento
psicopedagógico da criança com deficiência intelectual, para que se perceba as dificuldades
e para criação de possibilidades.
A Educação Inclusiva no Brasil é algo que necessita ser levado com profissionalismo
especializado, com compromisso e comprometimento, visto que a realidade educacional nes-
sa área, bem como a atuação de profissionais específicos para tal ofício, ainda não atende
as expectativas, e como consequência há uma defasagem considerável de Psicopedagogo
e de uma equipe interdisciplinar.
Mediante o exposto, constata-se que crianças com deficiência intelectual são um tipo
de público que cresce em todo o Brasil. Tem-se uma legislação compatível com a situa-
ção, no entanto, a prática com a devida qualidade de atendimento ao público ainda não é
compatível com a situação real dos mesmos. Faltam políticas públicas sólidas, práticas e
29
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
abrangentes, além da falta de um investimento constante no tocante às estruturas e logís-
ticas dos ambientes escolares para crianças com deficiência intelectual. O Psicopedagogo
é fundamental no atendimento das crianças com deficiência intelectual.
Vários são os problemas detectados entre eles, problemas de gestão, problemas de
visão apurada e real da situação de cada criança, problemas de não se ter um olhar e uma
escuta psicopedagógica detalhada e criteriosa. Quanto ao psicopedagogo, esse profissional
além de ser um suporte técnico dentro da escola, ele tem que ser ouvido em todo processo
de inclusão para explanar as carências que envolvem a presente realidade educacional no
tocante às crianças deficiência intelectual, como também é responsável para encaminhá-
-los a uma clínica psicopedagógica e serem assistidos por uma equipe interdisciplinar que
trabalhe na transdisciplinaridade.
É preciso fazer estudos sólidos para que todos os que são responsáveis pelas políti-
cas em educação tomem decisões bem fundamentadas e com grande chance de produzir
impacto positivo na aprendizagem dos alunos inclusos. Por fim, é fundamental a aplicação
de estratégias apropriadas para a inclusão do aluno com deficiência intelectual na escola,
e esta deve favorecer o aluno em seu desenvolvimento emocional, cognitivo e suas fun-
ções executivas, no intento de estimular para o planejamento das mesmas por meio da
preparação e controle de suas ações com uma aprendizagem significativa e com desejo de
aprender prazerosamente.
Em suma, quanto a inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular: in-
teração entre professor e aluno, percebemos ao longo da pesquisa, em nossas observações,
que os alunos juntamente com as professoras possuem peculiaridades afetivas, que somente
percebemos junto a um sentimento que se tem por um parente, ou seja, a afetividade, amo-
rosidade de ambos, aluno x professor, vice-versa é baseado na reciprocidade, na confiança
mútua. Para tanto, percebemos que o processo de ensino-aprendizagem é mais eficaz,
posto que todos na escola possuem uma consciência social, de que a ajuda voltada para a
educação deve ser plena, com a participação de pais, professores, gestão e comunidade.
Defendemos neste artifgo que mais pesquisas devem ser realizadas no intuito de apro-
fundar a relação entre professor e aluno com deficiência intelectual, para um processo de
inclusão e ensino-aprendizagem. Não esgotamos ainda possibilidades de nos aprofundar com
mais professoras especialistas em Psicopedagogia e outros cursos Latu Senso que preveem
uma técnica específica de lidar com alunos com limitações motoras ou mesmo intelectuais.
Esta pesquisa é recomendada para acadêmicos, mestres, doutores ou mesmo simples
pesquisadores que desejam permear o âmbito da inclusão de alunos com deficiência inte-
lectual, e como funciona seu universo a partir da interação professor-aluno.
30
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
REFERÊNCIAS
1. AAIDD. AMERICAN ASSOCIATION ON INTELLECTUAL AND DEVELOPMENTAL DESABI-
LITIES. Disponível em: <https://www.aidd.org> Acesso em: 21 maio 2019.
2. ABREU, M. C.; MASSETTO, M.T. O professor universitário em sala de aula: prática e prin-
cípios teóricos. São Paulo: Ed. Associados, 1996.
6. ______. A escola como espaço inclusivo. In. IV Congresso de Educação de Presidente Pru-
dente, Revista de anais. Presidente Prudente, 1998.
8. ______. Direito à Educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais: Orientações
e marcos legais, organizado e coordenado por Marlene de Oliveira Gotti. et. al. Brasília: MEC/
SEESP,2004
11. ______. Lei Federal nº 4024/61 de 21 de dezembro de 1961. Lei de diretrizes e bases da
educação nacional. Brasília: Diário Oficial.
13. ______. Lei Federal nº 5692/71 de 12 de agosto de 1971. Lei de diretrizes e bases da edu-
cação nacional. Brasília: Diário Oficial.
15. ______. Lei federal nº 7.853. Coordenadoria Nacional Para Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência. 1989. Os direitos das pessoas portadoras de deficiência: Decreto nº 914/93.
Brasília: CORDE.
31
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
19. ______. A Deficiência mental como produção social: De Itard à abordagem histórico-social.
In: BAPTISTA, Cláudio Roberto; BEYER, Hugo Otto et al. Inclusão e escolarização: múltiplas
perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.
23. HONORA M.; FRIZANCO M. L., Esclarecendo as deficiências: Aspectos teóricos e práticos
para contribuir com uma sociedade inclusiva. Ciranda Cultural, 2008.
24. MANTOAN M. T. E., Integração x Inclusão: Escola (de qualidade) para Todos. Campinas,
1993.
25. ______. (Org.). A integração de pessoas com deficiência. São Paulo: Memnon. SENAC, 1997.
26. ______. Ser ou estar, eis a questão: explicitando o déficit intelectual. Rio de Janeiro: WVA,2004
(org). Desenvolvimento Psicológico e Educação. Necessidades Educativas Especiais e
Aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, v. 3, 1995, p. 232-239
28. MANTOAN, A. Integração de Pessoas com Deficiências. Maria Teresa Egler Mantoan e
Colaboradores. Ed: Memmon Ano: 1997. Estante: Pedagogia
29. ______. O direito a diferença nas escolas. Pátio - Revista Pedagógica, Porto Alegre, v. 8,
n. 32, p. 12-15, 2004.
30. ______. O direito de ser, sendo diferente, na escola. Revista CEJ, Brasília, n. 26, p. 36-44,
2004.
32. ______. A integração de pessoas com deficiência: contribuições: uma reflexão sobre o
tema. São Paulo: 2000.
33. ______. Inclusão escolar - O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Editora Moderna, 2006.
34. ______. A Integração de Pessoas com Deficiência: Contribuições para uma Reflexão sobre
o Tema. São Paulo, Memnon: 1997.
32
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
37. OMOTE, S. A integração do deficiente: um pseudoproblema? Anais da XXIV Reunião Anual
da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto/SP, 1994.
42. PAN, Miriam. Abordagens, características, métodos, técnicas e recursos para o trabalho
na área de deficiência mental. Curitiba: IBPEX, 2004
43. ROSA, C.C. Os limites da Inclusão. Revista Pátio, Porto Alegre, v. 3, n. 32, p. 08-12, nov.
2004/ jan. 2005.
44. ROSA, E. F. Lecionando para ouvintes: desafios de uma professora surda. Monografia apre-
sentada na Especialização em Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: UCAM, 2005.
45. SILVA, S. C.; ARANHA, M. S. F. A interação entre a professora e alunos em sala de aula
como proposta pedagógica de educação inclusiva. Revista Brasileira de Educação Espe-
cial, Piracicaba, v.11, n. 3, p. 373-394, 2005.
46. VASCONCELOS, M. M. Retardo mental. Jornal de pediatria, Porto Alegre, v. 80, n.2, p.
S71-S82. Abr. 2004.
47. VYGOTSKY. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Histórico - social.
In: BAPTISTA, Cláudio Roberto; BEYER, Hugo Otto... et al. Inclusão e escolarização: múl-
tiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.
48. TELFORD, Charles W.; SAWEY, James M. O Indivíduo Excepcional. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara, 1988.
49. TESSARO, Nilza Sanches. Inclusão Escolar: concepções de professores e alunos da edu-
cação regular e especial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
50. TOLEDO, Elizabete H.; VITALIANO, Célia R. O professor do ensino fundamental e sua formação
para o processo de inclusão. In: IX CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE.
2009, Curitiba, Anais... Curitiba: PUCPR. p. 4112-4125. Disponível em: <http://www.pucpr.br/
eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3298_1674.pdf> Acesso em: 15 jun. 2019.
33
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
02
Estudo empírico das práticas
pedagógicas em uma escola pública
de ensino integral no Município de
Fortaleza - CE.
10.37885/210203023
RESUMO
Este trabalho se constitui num estudo empírico sobre as práticas pedagógicas utilizadas
em uma instituição de ensino municipal na cidade de Fortaleza-CE. Tal tarefa constitui-se
numa pesquisa quali-quantitativa na qual fizemos uso de um questionário com respostas
múltiplas cuja população amostral foi constituída de alunos do 9º ano de uma Escola de
Tempo Integral Dom Antônio de Almeida Lustosa, sediada no município de Fortaleza. A in-
vestigação está centrada nas práticas de ensino docente e no desvelamento destas por
parte dos alunos. A problemática em análise é a da aplicação de práticas pedagógicas
docentes capazes de aumentar a atenção do aluno motivando-o a participar, interagir e
aprender. Este estudo se direciona de forma prioritária para a reflexão das práticas utili-
zadas na escola e a implicação destas na qualidade da aula. Sabemos que os métodos
de ensino bem aplicados pelo docente, permitem que o estudante queira participar e
construir o seu aprendizado. Conquistar a concentração do aluno e consequentemente
que ele aprenda é o objetivo de todo professor e isso dependerá da prática pedagógica
adotada. Com a implementação da base nacional, o professor precisará promover uma
forma de educar consciente, flexível e inovadora, saindo dos moldes tradicionais da
aprendizagem e melhorando o processo da aprendizagem significativa. A metodologia
da pesquisa está pautada na idéia da pesquisa crítica colaborativa que tem por objetivo
criar na escola a cultura de análise, possibilitando aos seus professores a reflexão e
transformação de suas práticas. A inovação necessita de uma postura de mudança, de
adaptações no fazer cotidiano e desenvolver novas práticas pedagógicas que atendam
aos diferentes tipos de aprendizagens, ritmos e particularidades de cada aluno, requer
algum tempo, conhecimento pedagógico e compromisso por parte do professor. Sobre
a relevância deste trabalho, deve-se ao fato de que o aluno do século XXI passa a ser o
ator principal na construção e busca do conhecimento e o professor assume o papel de
mediador do processo de aprendizagem.
35
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda uma retrospectiva das metodologias de ensino que per-
meiam a trajetória da educação brasileira, bem como, se propôs a analisar o desenvol-
vimento das práticas pedagógicas presentes no cotidiano da Escola de Tempo Integral
Dom Antônio de Almeida Lustosa, em Fortaleza-CE, buscando trazer à tona o seu caráter
inovador. Entendemos por inovador as práticas pedagógicas nas quais os alunos tenham
sentimento de permanecerem motivados e que a aprendizagem realmente seja conduzida
de forma satisfatória.
Diante de tal premissa, surgiram algumas interrogações: como esse processo de ensi-
no aprendizagem é conduzido e porquê em alguns momentos não se consegue obter êxito
com as práticas de ensino aprendizagem? Que concepção pedagógica orienta a prática dos
profissionais da educação na ETI Dom Antônio de Almeida Lustosa? Tendo como referencial
epistemológico que a prática pedagógica requer constante aprendizado, procuramos nos
debruçar sobre o assunto e a desenvolver com os professores da escola o questionamento
sobre a prática pedagógica praticada por eles.
Uma prática profissional que traga em sua complexidade, os avanços necessários
para buscar uma efetiva interferência na aprendizagem de seus alunos, uma vez que os
profissionais docentes tem um papel de relevante importância no processo de mudança de
uma sociedade e as decisões pedagógicas só acontecem com a sua participação.
De forma mais específica, pretende-se também discutir sobre a forma de planejamento
da prática docente, mediante ao qual faz a seguinte indagação: O desenvolvimento de uma
prática pedagógica significativa pode colaborar na criação e/ou intervenção de situação de
aprendizagem eficaz?
Tendo como referência as mudanças introduzidas pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, Nº 9394/96, de 1996 (LDB/96) e os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) para o ensino fundamental (EF), trabalhamos uma pesquisa quantitativa sobre as
práticas pedagógicas, utilizadas por professores de uma instituição de ensino Municipal na
cidade de Fortaleza, Estado do Ceará.
Dentro dessa perspectiva, o objetivo geral deste trabalho é o de identificar e analisar
a prática pedagógica que os docentes utilizam na Escola de Tempo Integral Dom Antônio
de Almeida Lustosa, através do olhar dos alunos e para subsidiar a pesquisa foram traçados
os seguintes objetivos específicos:
Referencial teórico
38
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
que não apresentam deficiências de aprendizagem. O grande perigo é o professor pensar
a sua prática pedagógica para apenas um grupo.
Sob outro ponto de vista, podemos compreender a importância da prática docen-
te. E “Para que exista educação é preciso que haja construção e participação.
Assim, o contato entre professor e aluno será pedagógico se for construtivo e participa-
tivo” (DEMO, 1996, p.53), não pode haver uma meia aprendizagem ou meio ensino. O aluno
precisa ser considerado como protagonista do ato de aprender e ser capaz de promover a
sua competencia de aprendizagem.
LIBÂNEO (Ibdi., p.23) diz que:
39
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Como exemplo da ausência da didática, temos um projeto educativo em desequilíbrio,
ora dando ênfase ao espírito crítico e criatividade, ora propondo aos alunos práticas de
submissão e silenciamento. A falta de diretrizes e de critérios para organizar o fazer peda-
gógico é outra dificuldade, pois o professor se perde em não saber o que fazer diante de
classes tão heterogêneas na aprendizagem. Da mesma forma nas dificuldades para avaliar
e planejar o ensino realizado. A trajetória incerta dos alunos com resultados inexplicáveis,
você ensina e o aluno não aprende, ou quando o aluno no quarto ano era um excelente alu-
no e quando muda o professor, ele passa a ter um péssimo rendimento. Tudo isso a gente
sente quando a prática pedagógica não é subsidiada por uma diretriz, que dê coerência ao
processo educativo.
Assim sendo, a prática pedagógica nunca é neutra, sempre comprometida com alguns
valores, como aponta Paulo Freire (2003, p.40)” A educação, qualquer que seja ela, é sem-
pre uma certa teoria do conhecimento posta em prática.” Aprendemos a conhecer, depois
a fazer, mas temos dificuldade em nos conhecer interiormente e a nos relacionar com o
próximo. Na realidade de um professor que entra numa sala para dar aula, de forma cons-
ciente ou não, a sua prática pressupõe uma certa compreensão de mundo, do ser humano,
do processo educativo e social do entorno onde vive.
O processo de ensino aprendizagem, onde o docente transmite o conhecimento e o
discente o assimila, tem como ápice a formação de um indivíduo que desenvolveu plena-
mente suas capacidades de pensar, agir e transformar o meio em que vive.
Assim, o conhecimento adquirido pelo professor na disciplina de didática, em sua for-
mação, é fundamental para a sua prática em sala de aula, pois proporcionará uma forma
de trabalhar na qual o profissional se apodera para orientar sua prática de ensino e des-
sa forma promover a assimilação, pelos alunos dos conteúdos escolares sistematizados
pela humanidade.
Dessa forma, os cursos de formação docente devem suscitar aos futuros docentes, a
reflexão sobre a sua prática pedagógica. Uma prática carregada de significados, de reava-
liações, de questionamentos, de recomeços e que venham a auxiliar no processo de ensino
e aprendizagem dentro da estrutura sistematizada do serviço público.
O processo didático envolve várias etapas a seguir: a instrução, o ensino, o currículo, a
metodologia e as técnicas e meios de ensinar. Deter-nos-emos no planejamento, currículo,
a avaliação escolar e a metodologia e estratégias de ensino.
40
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em uma Escola Municipal de Fortaleza, situada no bairro Granja
Lisboa. A instituição em 2019 atende 452 crianças dos anos finais da educação básica (6º
ao 9º ano), apresenta boa infraestrutura, considerando as características gerais da cidade.
A metodologia utilizada nesta pesquisa é de natureza quali quantitativa e constituiu-se
em duas fases, a saber: uma de pesquisa bibliográfica, com análise de autores que discor-
rem sobre o tema pesquisado, através de livros, artigos, periódicos e folhetos, os quais nos
possibilitaram o aprofundamento nas teorias do processo de ensino aprendizagem e sua
prática pedagógica.
Posteriormente, já na segunda fase da pesquisa, foi utilizado o método quantitativo, que
utiliza a logicidade, o experimento, a estatística, a matemática. Através da aplicação de um
questionário estruturado com perguntas de múltiplas respostas, que constava de 04 (quatro)
blocos de perguntas, a saber: Bloco 1: Trajetória escolar; Bloco 2: Avaliação da escola; Bloco
3: Sala de aula e Bloco 4: Professores. A aplicação ocorreu no período de fevereiro a abril
de 2019, foi possível quantificar as respostas de 103 (cento e três) alunos das turmas A, B
e C do 9º ano do ensino fundamental da ETI Dom Antônio de Almeida Lustosa, com o obje-
tivo de conhecer e identificar suas ideias e concepções pertinentes aos assuntos tratados.
ANÁLISES DE DADOS
41
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Gráfico 2. Distribuição da frequência do número de alunos por gênero
No que se refere à causa da reprovação dos alunos, 78% (80) alunos disseram não
haver sido reprovados; 8% (8) alunos disseram que foram reprovados por não estudarem o
suficiente; 2% (2) alunos disseram que foram reprovados, pois seus professores não expli-
cavam bem a matéria; 1% (1) aluno disse que a escola foi exigente demais; 3% (3) alunos
disseram que seus professores foram injustos e o mesmo percentual de alunos disse que sua
reprovação se deu por problemas familiares e 5% (5) alunos disseram que estavam doentes.
42
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Fonte: Dados da pesquisadora
43
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019, cerca de 48% das
escolas de ensino fundamental públicas, dispõem de bibliotecas e/ou salas de leituras. Nas
escolas de tempo integral, por sua vez, 53,1% contam com bibliotecas e/ou salas de leituras.
Quanto aos professores: 41 alunos (40%) os consideraram muito bons; 34 alunos (33%)
os consideraram bons. Tais dados demonstraram um resultado positivo, o que denota a boa
relação entre alunos e professores.
Em relação à direção: 23 alunos (22%) a consideraram muito boa; 43 alunos (42%)
afirmaram que a direção da escola era boa. Este resultado mostra que o gestor próximo do
aluno, pode tornar a escola em um espaço de transformação do processo de ensino aprendi-
zagem, tornando-o, em um momento rico de troca de saberes, valores e conhecimento formal.
A coordenação pedagógica foi considerada por 26 alunos (25%) como muito boa; 42
alunos (41%) a consideraram muito boa. A coordenadora pedagógica da escola, tem tido
uma aceitação de quase 70% dos alunos, comprovando que ao estabelecer boas relações
com os alunos, fortaleceu laços de amizade dentro do contexto pedagógico.
Quanto à qualidade do ensino, 41 alunos (40%) a consideraram como muito boa; 36 alu-
nos (35%) a qualificaram como boa. Uma boa comunicação entre professor e aluno, permite
que em sala de aula existam momentos de intenso aproveitamento no processo pedagógico.
A pesquisa revelou que 46 alunos (45%) disseram que os professores têm que espe-
rar muito pelo silêncio dos alunos na maioria das aulas; 42 alunos (41%) relataram que em
44
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
algumas aulas há barulho e desordem na sala; 47 alunos (46%) disseram que os alunos
prestam atenção ao que o professor fala na maioria das aulas; 48 alunos (47%) destacaram
que em algumas aulas, os alunos respeitam as regras de convivência da escola; 39 alunos
(38%) declararam que em algumas aulas, os alunos procuravam o professor quando pre-
cisavam de ajuda e 60 alunos (58%) em algumas aulas, não conseguiam estudar direito.
Observa-se nas respostas dos alunos que estes perceberam claramente o processo indis-
ciplinar na sala de aula e como este interferia na sua aprendizagem.
46
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Gráfico 10. Distribuição do percentual de envolvimento dos professores nas tarefas escolares
Como demonstra o gráfico 10, em relação aos dados mais significativos sobre o en-
volvimento dos professores nas tarefas escolares, 70 alunos (68%) responderam que fre-
quentemente os professores estavam disponíveis para esclarecer suas dúvidas; 64 alunos
(62%) disseram que frequentemente os professores davam oportunidade para que os alunos
expusessem suas opiniões e 64 alunos (62%) falaram que os professores, frequentemente,
mostraram interesse pelo aprendizado de todos os alunos.
De acordo com o exposto no gráfico 10, verificamos que os alunos, em sua maioria,
consideraram satisfatório o envolvimento pedagógico dos professores em sala de aula.
47
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
aula. Ao se analisar este gráfico, percebemos que a maioria dos alunos está satisfeita com
a metodologia diversificada empregada em sala de aula pelos professores.
48
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
CONCLUSÃO
Ao professor se pede algo que está a seu alcance, de que ele possa se reinventar
diante das novas tecnologias, processos culturais, novas demandas, novo cenário. O papel
do professor é insubstituível para uma educação do futuro, mas necessitamos resgatar o
seu compromisso com a educação, com os seus alunos e com a nossa sociedade.
Recomenda-se que em estudos posteriores, seja abordada e feito um aprofundamento
da problemática das formações e mapeamento das práticas pedagógicas inovadoras na
ETI, para que sejam amplamente divulgadas e sirvam de complementação pedagógica aos
profissionais da educação básica que delas necessitarem.Ainda existe um longo caminho a
50
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
ser percorrido para que tenhamos um novo modelo de educação, com novas metodologias
de aprendizagem que complementarão as aqui verificadas.
A escola integral é hodiernamente, sem dúvida, a principal alternativa de educação de
qualidade, fortalecendo o aprendizado dos nossos jovens alunos e garantindo que essas
crianças tenham o sucesso em suas vidas escolares.
Ao final desta pesquisa e na perspectiva de ter contribuído de forma positiva para o
crescimento pedagógico dos profissionais da ETI, espero ter respondido à questão inicial
que permitiu a problematização de todo este estudo.
REFERÊNCIAS
1. ANASTASIOU, Léa das Graças Camargo; ALVES, Leonir Pessate. (orgs.) Processos de en-
sinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 3 ed.
Joinville, Santa Catarina: Univille, 2004.
2. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1996.
3. FARIAS, Isabel Maria Sabino de; Didática e docência: aprendendo a profissão. 3ed. Nova
ortografia. Brasília: Liber livro,2011.
4. JULIÃO. Antônio Osmar Ribeiro. Habitus e representação social dos mestrandos cearenses
em ciências da educação em uma instituição de ensino superior na cidade de Assunção.
Fortaleza: Premius gráficas e Editora,2019.
6. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da escola. Goiânia: Editora Alternativa, 2001.
8. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 19. ed. – São Paulo: Cortez, 2008.
9. MENEGOLLA, Maximiliano; SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar?
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
10. PEREZ, Tereza. BNCC – A Base Nacional Comum Curricular na prática da gestão escolar
e pedagógica. Fundação Santillana. Ed. Moderna. SP: Editora Moderna. 2008
11. PILETTI, Claudino. Didática Geral. Série educação. Edição rev. e atual. nova ortografia. 24
ed. São Paulo. Editora: Ática, 2010.
12. SAVIANI, Dermeval. História das idéias pedagógicas no Brasil.- 2.ed.rev.e ampl. – Campi-
nas, SP: Autores Associados, 2008.
13. VIEIRA, Sofia Lerche. História da educação no Ceará: sobre promessas fatos e feitos.
Fortaleza: Edições Demócrito Rocha; 2002.
51
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
03
A psicopedagogia como facilitadora
do processo de ensino aprendizagem
10.37885/210203117
RESUMO
O trabalho aqui apresentado diz respeito a pratica educativa que leva ao fracasso escolar,
focando no aluno como um aprendiz e o professor como um educador. O professor na
sua missão de docente carrega muitas vezes traços da educação tradicional em que não
oferecem espaços para os alunos desenvolver seus pensamentos, suas aprendizagens
de forma significativa. O tema nos traz uma realidade que está presente no nosso dia a
dia, quando leva a fazer dos nossos alunos máquinas de passar no vestibular. “O sonho
dourado” de todo professor que é ter um aluno participante, que se interesse pelo que
está sendo explanado em sala de aula, que saiba criticar e debater sobre os temas ex-
postos. Mostra-se com a interação aluno-professor e é de suma importância no processo
de aprendizagem. Debatemos também de quem é a culpa do fracasso escolar, dentro
de um contexto, podemos observar que a sociedade acaba por influenciar no sucesso
ou fracasso da criança na sua vida escolar.
53
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
A ação educativa nos dias de hoje, mais do que em qualquer outra época, reveste-se
de numerosos desafios para todos aqueles envolvidos no processo ensino aprendizagem.
Ensinar e aprender, aprender a aprender, aprender a ensinar, são palavras de ordem re-
petidas à exaustão por pedagogos e psicopedagogos que se debruçam sobre as questões
educacionais com o objetivo de apontar caminhos para melhoria da prática pedagógica em
todos os níveis de ensino.
A partir deste fato, deixar ainda mais claro o objetivo deste trabalho despertando em
toda comunidade escolar o interesse para proporcionar aos educandos a condição de per-
manecerem na escola e concluir com sucesso as etapas de seus estudos. Não resta dúvida
que um dos problemas que iremos encontrar é a situação socioeconômica que não permite
ao educando adquirir seu material escolar e isto dificulta o trabalho pedagógico do profes-
sor que tem de dobrar o seu trabalho para fazer o mínimo em favor da aprendizagem de
seus alunos. No entanto, cada ser humano é um, por sua vez, e portador de experiências
pessoais únicas; isto, por sua vez, torna a aprendizagem um processo único e diferenciado
para cada indivíduo. Contudo todos possuem esquemas gerais de aprendizagem (sistema
orgânico), que é à base de trabalho das Escolas e Academias.
Todo trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica e de várias inves-
tigações notando-se que a preocupação com a aprendizagem é uma questão recorrente na
história tendo suas origens nos moldes científicos do século XIX. Até este momento, estava
ligada aos médicos, filósofos e psicólogos. No interior deste amplo processo de se pensar
a educação, pode-se verificar que as idéias defendidas pela psicopedagogia também são,
acima de tudo, históricas. Muito antes de se pensar neste termo, houve vários estudiosos
como Mantaigne, Locke, Comênio e outros, que já defendiam uma educação significativa
que respeitasse às diferentes formas de aprender de cada aluno e as dificuldades delas
decorrentes, identificando princípios básicos do desenvolvimento afetivo emocional e sua
importância no processo de aprendizagem, as relações funcionais existentes entre o homem
e seu ambiente, especificamente a partir das relações com a família, com base no processo
de socialização.
Para a Psicopedagogia, entender o processo de ensino aprendizagem é necessário
e importante ir além da simples junção dos conhecimentos oriundos da Psicologia e da
Pedagogia, que ocorre com bastante frequência no senso comum, isto porque, em sua
própria denominação psicopedagogia aparece “suas partes constitutivas – psicologia + pe-
dagogia – e que oferece uma definição reducionista a seu respeito”.
Na realidade a psicopedagogia é um campo do conhecimento que se propõe a integrar,
de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas com a mente
54
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender
humano. Enquanto área do conhecimento multe disciplinar interessa a Psicopedagogia
compreender como ocorrem os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificul-
dades situadas neste movimento. Pra tal, faz uso da integração e as possíveis dificuldades
situadas neste movimento. Para tal, faz uso da integração e síntese de vários campos do
conhecimento, tais como a Psicologia, a Psicanálise, a filosofia, a Psicologia Transversal, a
Pedagogia a Neurologia, entre outros.
METODOLOGIA
A metodologia usada foi uma pesquisa bibliográfica através de várias investigações a li-
vros e documentários de pedagogos, psicólogos, psicopedagogos, psicanalistas e psiquiatras,
56
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
que se preocupam com o desempenho cognitivo principalmente com pessoas com algum
tipo de dificuldade de aprendizagem e notando-se que a preocupação com a aprendizagem
é uma questão recorrente na história, tendo suas origens nos moldes científicos do século
XIX. A educação especial tem um aspecto de caráter emocional. Apenas se identifica com
a causa pessoas comprometidas, para a realização desta pesquisa, foi utilizado o método
qualitativo que objetiva captar o pensamento e a expressão dos autores envolvidos na pro-
blemática que se quer estudar. Sua característica está calcada na interpretação dos dados
e informações, que segundo Pedron (1997, p. 23), partindo-se do pressuposto de que a rea-
lidade não se encontra fora do indivíduo, mas é por ele construída e, desta forma, somente
por meio de seu discurso pode-se percebê-la.
Dentro desta perspectiva, o papel do pesquisador passa a ser a de observador que
consegue captar a informação, interpretá-la e redigir de forma que outros possam também
‘vivenciar’ a experiência.
O método de abordagem utilizado nesta pesquisa foi o dedutivo, o qual consiste na
construção de conjecturas, que devem ser submetidas a testes, as mais diversas possíveis,
à crítica intersubjetiva, ao controle mútuo pela discussão crítica e ao confronto com os fatos,
para ver quais as hipóteses que sobrevivem como mais aptas. Deve se exercitar o método
da observação diariamente para que se possa obter um aprendizado contínuo sobre os
fatos que ocorrem no dia a dia, mas não a mera observação (ver e não notar) e sim uma
observação criteriosa. Cada fato observado apresenta diversas constatações, que muitas
vezes são desnecessárias ao objetivo buscado, embora interessantes. O observador não
deve se deixar levar por informações supérfluas para sua pesquisa e também não deve
deixar de lado fatos que ele considere irrelevantes, pois muitas vezes isso vem a contribuir
com os resultados.
RESULTADOS
58
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na perspectiva da
educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e
guia-intérprete, bem como de monitor ou cuidador dos alunos com necessidade de apoio nas
atividades de higiene, alimentação, locomoção, entre outras, que exijam auxílio constante
no cotidiano escolar.
59
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Na linha terapêutica, o Psicopedagogo trata das dificuldades de aprendizagem, diag-
nosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando pais e professores, estabele-
cendo contato com outros profissionais das áreas psicológica, psicomotora, fonoaudiológica
e educacional, pois essas dificuldades são multifatoriais em sua origem e muitas vezes
em seu tratamento.
Se o profissional deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da sim-
ples junção dos conhecimentos da Psicologia e da Pedagogia. No campo empresarial, o
Psicopedagogo pode contribuir com as relações, ou seja, com a melhoria da qualidade das
relações inter e intrapessoais dos indivíduos que trabalham na empresa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
60
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
REFERÊNCIAS
1. CHARLOT, B. “A liberação da escola – Deve-se suprimir a escola?” In BRANDÃO. Z. (org).
Democratização do Ensino: Meta ou mito? 2ª ed, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1985.
4. DIMENSTEIN, G & ALVES, R. Fomos Maus Alunos. Campinas: Papirus, 2003. Estado de São
Paulo, “Dificuldade de aprendizado é maior a cada ano”, Geral/Educação, A-13, 27/4/2003.
6. GROSSI & BORDIN (orgs). A Paixão de Conhecer o Mundo. São Paulo: Vozes, 1992.
10. SILVA, E. & LOPES – ROSSI, M. A. Caminhos para a construção da Prática Docente. Tubaté:
Cabral, 2003.
11. SOARES, M. Letramento – um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
12. STREET, B. V. Literacy in theory and practice. Cambridge: University Press, 1984.
61
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
04
Políticas públicas de acessibilidade
arquitetônica nas escolas municipais
de Fortaleza
10.37885/210203021
RESUMO
Essa pesquisa apresenta como tema central o estudo das garantias acerca da acessi-
bilidade arquitetônica a fim de garantir educação acessível no Município de Fortaleza
para os alunos com deficiência física e com mobilidade reduzida. Objetivou-se, de forma
geral, analisar as garantias de acessibilidade arquitetônica estabelecidas para atender
aos alunos com deficiência e mobilidade reduzida, bem como quanto ao direito à edu-
cação acessível do Município de Fortaleza. A mesma tem como objetivos específicos
compreender o conceito de pessoa com deficiência na atualidade e as noções gerais
da tutela jurídica no ordenamento brasileiro, analisar a legislação de regulamentação do
direito à educação e examinar o Plano Municipal de Políticas Públicas Inclusivas dos
Direitos das Pessoas com Deficiência de Fortaleza. Os resultados foram obtidos através
de investigação realizada por meio de pesquisa bibliográfica e documental, com o uso de
referências teóricas, de forma que se trata de pesquisa exploratória e qualitativa. A in-
vestigação averigua a necessidade da acessibilidade arquitetônica nas escolas, bem
como a eliminação de barreiras e a implementação das adaptações razoáveis, conforme
estabelece a Associação Brasileira de Normas Técnicas na Norma Brasileira 9050/2004.
Por fim, buscou-se analisar o Plano Fortaleza 2040, realizando estudo sobre as ações e
as metas instituídas para a educação dos alunos com deficiência física e com mobilidade
reduzida no município de Fortaleza. Concluiu-se que muitos são os desafios para a atual
implementação da legislação de promoção da acessibilidade da pessoa com deficiência ao
ambiente escolar e a implementação do Plano Fortaleza 2040 no eixo “Vida Comunitária,
Acolhimento e Bem”, o que tem especial relevância no fomento da conscientização das
práticas inclusivas, como forma de garantir os avanços aos alunos com deficiência física
da rede municipal de ensino de Fortaleza.
63
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
64
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
A terceira parte corresponde à análise das políticas públicas inclusivas atinentes ao
eixo educacional para o atendimento e acesso aos alunos com deficiência física relacionadas
no Plano Fortaleza 2040.
Quanto à metodologia, o presente estudo constituiu-se de procedimento técnico de
pesquisas bibliográficas e documentais, de natureza descritiva e exploratória, de abordagem
qualitativa e materiais concernentes aos estudos relacionados à educação acessível com a
finalidade de atender adequadamente às pessoas com deficiência física.
A importância dessa análise se dá no sentido de apresentar uma reflexão sobre a aces-
sibilidade arquitetônica em edificações públicas de ensino que cumprem sua função social
de inclusão, viabilizando o acesso como direito fundamental, ao mesmo tempo, que tem o
dever de proibir qualquer forma de exclusão relacionada ao acesso à educação, além de
promover igualdade de oportunidades e de tratamento para todas as pessoas, sem qualquer
tipo de discriminação.
Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e te-
mos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza.
Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma
diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.
65
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Ações afirmativas são exemplos de aplicação da lógica da igualdade material, realizadas
pelo Estado com objetivo de combater as desigualdades sociais resultantes de processos
segregatórios e discriminatórios, dirigindo-se a setores considerados em situação de vulne-
rabilidade historicamente construída, por isso compreendida como política compensatória
que visa à consecução da justiça social.
Um dos segmentos sociais que demandam por ações que promovam a igualdade
material é composto pelas pessoas com deficiência. Nesse sentido, importante instrumento
jurídico é a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência que foi assinada
em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, que foi ratificada pelo Brasil e passou a integrar
o ordenamento jurídico nacional por meio do Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009.
Tendo em vista que seguiu o rito do §3º do artigo 5º da CF/88, a Convenção possui status
de emenda constitucional.
A Convenção assegura em seu artigo 2º uma série de definições fundamentais para
a compreensão do tema ora pesquisados, dentre os quais se destaca a discriminação por
motivo de deficiência:
Por este motivo, é possível dizer que a Convenção tem como fim assumir medidas para
abolir a discriminação e garantir os direitos sociais básicos das pessoas com deficiência,
tais como direito à proteção social, cidadania e trabalho, bem como prevê a promoção de
autonomia individual, liberdade e acessibilidade.
Na legislação infraconstitucional, destaca-se a Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015, a
chamada Lei Brasileira de Inclusão (LBI), também conhecida como Estatuto da Pessoa com
Deficiência (EPCD), com sua vigência a partir de janeiro de 2016. É uma lei específica para
regulamentar a matéria relacionada a assegurar e a promover as condições de igualdade,
dentre outros direitos, visando a inclusão social e cidadania da pessoa com deficiência, con-
forme às declarações da Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência de Nova Iorque.
Segundo Mara Gabrilli (2016), a LBI modificou largamente a legislação brasileira, de
modo a adequar o ordenamento jurídico brasileiro aos seus objetivos, eliminando incom-
patibilidades para haver adequação à Convenção Internacional e à Constituição Federal.
Dessa forma, não se pode olvidar que a LBI é considerada uma expressiva conquista
social, com normas inclusivas, de acessibilidade de conteúdo e práticas que contribuem para
66
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
o respeito à dignidade da pessoa humana e a observância da isonomia, com o objetivo de
asseverar a garantia plena dos direitos das pessoas com deficiência. A referida lei, todavia,
possui grandes desafios para realização de políticas públicas no que diz respeito à diversi-
dade e ao direito a igualdade das pessoas com deficiência.
Conforme Rebeca Ferreira (2019), a deficiência deve ser compreendida em termos de
direito ao desenvolvimento pleno, de forma que as principais medidas dos diversos progra-
mas humanitários devem sempre priorizar e incluir diretrizes expressas direcionadas aos
grupos das pessoas com deficiência.
É possível, portanto, fazer conexão com o princípio da dignidade da pessoa humana,
que, segundo Sarlet (2001), conduz à necessária observação do compromisso com o ab-
soluto e irrestrito respeito à identidade e à integridade de todo ser humano, sem exceções.
Ressalte-se que a atual conjuntura jurídico-constitucional está baseada no modelo social
de direitos humanos, cujo pressuposto é a importância e o reconhecimento da pessoa com
deficiência como sendo pessoa humana em primeiro lugar e titular de direitos com liberdades
fundamentais, independentemente de sua limitação funcional.
Deve-se observar, entretanto, que a CF/88 traz em sua redação a terminologia “pessoa
portadora de deficiência”, revelando uma terminologia que atualmente não mais é conside-
rada adequada para a identificação desse grupo de pessoas, apresentando um termo não
usual, que não define e não identifica o indivíduo.
A expressão pessoa portadora de deficiência revela-se equivocada, uma vez que é
um termo que causa estigma, dá a ideia que se trata de algo que consiga ser carregado de
um lado para outro e deixado após transportar. Nessa linha de raciocínio, Rebeca Ferreira
(2019) revela que a palavra portadora, manifesta um sentido errôneo, posto que “dá a ideia
de que a pessoa pode se desfazer de sua deficiência quando conveniente, quando, na ver-
dade, não é algo que possa ser desconectado da pessoa”.
Consoante Yvonete Santos e Elenilce Oliveira (2011, p. 47), a imagem da pessoa com
deficiência depende de atitudes sociais, que acabam representando o grande obstáculo à
participação plena e da igualdade das pessoas com deficiência. Desse modo, esse termo
compreende uma carga de negatividade e preconceitos, já que enfatiza a deficiência e não
a pessoa, não sendo adequado para abordar a inclusão de pessoas com deficiência.
A partir desta percepção, a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência estabe-
lece a expressão “pessoa com deficiência”, termo considerado mais adequado hodiernamen-
te, uma vez que individualiza a existência da limitação, do mesmo modo que não associa a
algo que possa transportar ou retirar a qualquer momento, trazendo humanização ao conceito,
uma vez que esta expressão permite uma identificação imediata para os titulares do direito.
67
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
O novo parâmetro valorativo do ordenamento jurídico brasileiro é a positivação da
nova nomenclatura pessoa com deficiência, transformação intimamente ligada à concepção
de deficiência adotada pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da
ONU, revelando a evolução do olhar da sociedade para essa realidade. Sobre este assunto
específico, é relevante ainda citar a definição de pessoa com deficiência da LBI, defini-
da em seu art. 2°:
69
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
O art. 205 da CF/88 prescreve que a educação é “direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho” (BRASIL, 1988).
A efetividade do direito à educação deve preparar o indivíduo enquanto cidadão para
que participe desses processos de escolha, agindo ativamente na estrutura social. Ou seja,
a mobilidade social ascendente, aqui, não se resume ao acesso ao consumo em razão de
salários maiores, mas também à formação de uma consciência cidadã que estimule o agir
comunitário e permita ao indivíduo além da melhoria financeira, seu desenvolvimento pleno,
nas diversas áreas de sua existência.
A educação se constitui um direito fundamental relevante e, em razão do seu valor,
o qual é indispensável ao desenvolvimento do ser humano, ao exercício e ao equilíbrio de
oportunidades para inserção da pessoa com deficiência nos diversos âmbitos da vida so-
cial, dessa forma, esse direito constitucional escalona significativo valor no ordenamento
jurídico contemporâneo.
Quanto ao dever do Estado, o art. 208 da CF/88 determina a garantia pelo Estado da
educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria. Inclusive, o parágrafo 1º desse artigo prescreve que o acesso ao ensino obrigatório
e gratuito é direito público subjetivo, e o parágrafo 2º prevê a responsabilização da auto-
ridade competente em caso de não oferecimento ou oferta irregular do ensino obrigatório
pelo Poder Público.
Para Maia e Avante (2013) todas as pessoas têm o direito fundamental à educação
e que a educação para todos representa um consenso mundial de uma visão muito mais
abrangente de educação básica. Representa um renovado compromisso para assegurar
que as necessidades básicas de aprendizagem.
Constata-se que o país deve se aparelhar para que esse direito fundamental seja res-
peitado no contexto escolar contemporâneo, de modo que a pessoa com deficiência tenha
acesso à educação com acessibilidade, garantindo a sua participação na vida escolar de
forma plena e com base na igualdade de oportunidades, como forma de assegurar o sistema
educacional inclusivo.
Conforme Cynthia Duck (2006, p.57):
Educação inclusiva diz respeito à capacidade das escolas para educar todas as
crianças, jovens e adultos, sem qualquer tipo de exclusão. A inclusão implica,
portanto, desenvolver escolas que acolham a todos os estudantes, indepen-
dentemente de suas condições pessoais, sociais ou culturais. As escolas que
adotam a orientação inclusiva valorizam as diferenças dos estudantes e a
70
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
diversidade humana como recursos valiosos para o desenvolvimento de todos
na classe e também para o aperfeiçoamento docente.
73
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Análise das políticas públicas inclusivas educacionais para o atendimento e acesso
aos alunos com deficiência física no Plano Fortaleza 2040
74
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Nota-se, portanto, dois objetivos estratégicos do eixo proposto no Volume quatro: o
primeiro contemplando a comunidade saudável (saúde, esporte, lazer, educação alimentar)
e o segundo a comunidade acolhedora, inclusiva com valorização e respeito à diversidade.
A organização do Plano de Ação referente à Pessoa com Deficiência está abrangida
em planos temáticos e setoriais com as seguintes linhas de ações: a Linha de Ação 01:
aborda o Fortalecimento Institucional; a Linha de Ação 02: contempla a área da Saúde; a
Linha de Ação 03: engloba a área da Educação e a Linha de Ação 04: abordagem sobre o
Controle Social. O enfoco desta análise será a área da educação, sendo, portanto a Linha
de Ação 03 a contemplada.
A elaboração do Plano de Ação desenvolveu-se a partir da necessidade de refletir a
construção de uma cidade com a visão de futuro que apontasse estratégias para a supera-
ção dos desafios em relação ao atendimento educacional, além do acesso e permanência
dos alunos com deficiência física, com a finalidade de promoção dos direitos da pessoa com
deficiência e a garantia da transversalidade e da intersetorialidade, assegurando os direitos
da população com deficiência de Fortaleza, respeitando a diversidade e a especificidade.
O Plano de Ação está voltado especificamente para as pessoas com deficiência, como
o objetivo de gerar o pleno exercício dos direitos básicos, bem como à educação, saú-
de, trabalho, desporto, turismo, lazer, previdência social, assistência social, transporte,
mobilidade, habitação, cultura e amparo à infância e maternidade, mediante o assessora-
mento, monitoramento e fiscalização da execução dos atos do poder público de Fortaleza
(FORTALEZA, 2016).
Avaliando a necessidade de Fortaleza se aperfeiçoar como cidade de ambiente de ino-
vação a Coordenadoria de Pessoas com Deficiência (COPEDEF) da Secretaria de Cidadania
e de Direitos Humanos (SCDH) tornou-se o setor responsável pela Promoção de Políticas
Públicas inclusivas e pelas garantias dos Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência,
atendendo a Política Municipal de Atenção às Pessoas com Deficiência (PADEF), junta-
mente com outros órgãos da Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF) sob a coordenação
do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR).
Nessa perspectiva, o Plano Fortaleza 2040 traz os princípios básicos da Política de
Direitos e Inclusão das Pessoas com Deficiência visando propiciar a plena e efetiva par-
ticipação das pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades, sendo, portanto, os
seguintes princípios (FORTALEZA, 2016):
Nessa linha de raciocínio, o Plano de Ação expõe nas suas diretrizes a garantia de
um sistema educacional inclusivo para atender alunos com deficiência, priorizando sua per-
manência nas escolas conforme adequação à acessibilidade, favorecendo, o aprendizado.
Especificamente, no que tange às metas estabelecidas, verifica-se que o Plano de Ação
projeta a implantação de 308 salas de recursos multifuncionais em toda rede de ensino,
com a previsão de que até o ano de 2017 atingiria o quantitativo de 130 salas de salas de
recursos multifuncionais e até o ano de 2025 contabilize o total de 178 salas de salas de
recursos multifuncionais implantadas.
A Ação de Implantação de salas de recursos multifuncionais nas escolas públicas
municipais possibilita aos alunos com deficiência um atendimento centrado nas suas poten-
cialidades e peculiaridades, tendo como órgão executor a Secretaria Municipal de Educação
(SME) de Fortaleza, bem como para as demais metas e ações planejadas pelo Plano de Ação.
76
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Até o ano de 2017 a meta era de 100% dos veículos com a garantia de acessibilidade na
frota municipal de veículos que realizam o transporte escolar para possibilitar o livre acesso
de alunos com deficiência ou mobilidade reduzida. Para o ano de 2025 a meta é 100% das
unidades escolares e de seus entornos, tornarem-se acessíveis, e para isso a ação projeta-
da é de realizar a remoção das barreiras arquitetônicas de acordo com a legislação vigente
e as normas técnicas da ABNT, garantindo a acessibilidade da pessoa com deficiência e
mobilidade reduzida aos ambientes das unidades educacionais e de seu entorno.
Ainda sobre as metas traçadas, até o ano 2020 é de que 50% das unidades escolares
tenham os equipamentos, mobiliários adequados e ergonômicos às diversas fases do ciclo
de vida e tecnologia assistiva e que até o ano de 2030 totalize 100% das unidades escola-
res com a disponibilidade das tecnologias assistiva necessárias para o desenvolvimento e
a educação das pessoas com deficiência e sem deficiência.
De forma coerente, as tecnologias englobam recursos, produtos, métodos, estratégias,
técnicas e serviços com a finalidade de proporcionar a funcionalidade, maior independência,
relacionada à participação e autonomia, qualidade de vida e inclusão social, indispensável
para o desenvolvimento educacional dos alunos com deficiência.
Outra meta prevista é a capacitação dos profissionais da educação até o ano de 2020
seja de 50% e até o ano de 2040, totalize 100% de formação continuada para os profissionais
de educação nas áreas de atuação e na perspectiva inclusiva; bem como os professores da
educação especial em formação; os profissionais de apoio em formação e os professores
em formação para o uso das tecnologias nas unidades escolares.
Evidencia-se, portanto, o desígnio de um plano de ação voltado para um projeto edu-
cativo inclusivo que consista em progressivamente ser inserido na realidade educacional
tornando as escolas acessíveis, através de novo paradigma do direito educacional, através
de uma escola democrática, justa e de equidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050: Norma Brasileira de Acessibilidade de
Pessoas Portadoras de Deficiência às Edificações, Espaço Mobiliário e Equipamentos Urbanos.
Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004.
7. CUNHA, Rogério Sanches; FARIAS, Cristiano Chaves de; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto
da Pessoa com Deficiência Comentado Artigo por Artigo. Salvador: JusPodivm, 2016.
8. DINIZ, Debora. O modelo social da deficiência: a crítica feminista. SérieAnis, Brasília, n. 28,
p. 1-8, 2003.
10. FERREIRA, Rebeca Costa Gadelha da Silveira Lopes. As adaptações razoáveis no modelo
de educação inclusiva para estudantes surdos. 2019. Dissertação (Mestrado em Direito)
– Faculdade de Direito, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2019.
12. GABRILLI, Mara. Guia sobre a Lei Brasileira de Inclusão. 2016. Disponível em: <https://www.
anoregsp.org.br/__Documentos/Uploads/Guia-sobre-a-LBI-digital.pdf>. Acesso em: Acesso
em: 20 maio 2020.
13. LOPES, Laís de Figueiredo. Comentário ao artigo 1º. In: FERREIRA, Laíssa da Costa (Coord.).
Novos Comentários à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. 3.
ed. atual. e rev. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 2014.
Disponível em: <https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/pessoa-com-deficiencia/
app/sites/default/>. Acesso em: 20 maio 2020.
14. MAIA, Maria Cláudia; AVANTE, Jhonathan Lucas. Direito à educação de qualidade: possibilida-
de de efetivação por meio do acesso à justiça. Revista Juris FIB, v. 4, n. 6, p. 143-158, 2013.
15. NONATO, Domingos do Nascimento. Acessibilidade arquitetônica como direito humano das
pessoas com deficiência. Orbis: Revista Científica, v. 2, n.2, p. 138-164, 2011
17. SANTOS, Vany Oliveira dos. O Acesso das Pessoas com Deficiência aos Direitos Funda-
mentais: Uma Reflexão à Luz da Constituição Federal. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Direito) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2009.
18. SANTOS, Yvonete Bazbuz da Silva; OLIVEIRA, Elenilce Gomes de. O princípio da igualdade
e a pessoa com deficiência. Revista de C. Humanas, v. 11, nº 2, p. 429- 440, jul./dez. 2011.
19. SASSAKI, Romeu. A escola para a diversidade humana: um novo olhar sobre o papel da
educação no século XXI. In: GUIMARÃES, T. M. (org.). Educação Inclusiva: construindo
significados novos para a diversidade. Belo Horizonte: SEE-MG, 2002.
20. SILVA, Flavia Natalia Ramos da; VOLPINI, Maria Neli Volpini. Inclusão escolar de alunos
com deficiência física: conquistas e desafios. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade,
Bebedouro-SP, v. 1, n. 1, p. 18-29, 2014.
21. SKLIAR, Carlos (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação. 1998.
79
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
05
A importância da parceria entre
gestão escolar e família no processo
educativo
10.37885/210202961
RESUMO
O objetivo desse artigo é investigar e refletir sobre a parceria entre escola, uma gestão
participativa e família, no almejo de garantir o sucesso escolar. Buscou-se como referen-
cial os estudos de Alencar, Bacman, Dória, Hora, Libâneo e Luckesi. Na qual é notório
que essa parceria traz benefícios aos alunos no processo educativo. Um fator importante
na escolha do tema é que a família está em primeiro lugar no que se refere à transmissão
de conhecimentos, valores morais e éticos aos filhos e a escola é um complemento para
essa formação, onde o papel do gestor escolar é conhecer a realidade e as peculiari-
dades da clientela e planejar um trabalho com diferentes estratégicas de conquista da
participação da família na escola, algo para muito além do acompanhamento do desem-
penho escolar. Espera-se que se todos participarem do processo de aprendizagem, se
conhecerem juntos as suas realidades, buscarão um novo trajeto para a construção do
conhecimento, conquistando, um resultado satisfatório em ambas relações. Portanto, se
faz necessário repensar a educação, buscando interagir efetivamente escola e família
no intuito de obter o sucesso escolar.
81
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
Apresenta-se nesse trabalho uma reflexão sobre o estudo da parceria família e escola
com a mediação e interferência da gestão escolar, visando o alcance do sucesso na vida
dos alunos, expõe o papel da família e escola dentro do contexto estudado. Sabe-se que a
participação da família na vida escolar dos filhos é de suma Importância para o desenvolvi-
mento educacional, pois é o primeiro grupo social do qual o homem faz parte e mantém um
contato prolongado, sendo de grande importância para seu desenvolvimento individual, ela
tem como função prioritária orientar e socializar seus membros. É onde o indivíduo nasce e
recebe a primeira educação que pode ser negativa ou positiva, dependendo de sua estru-
tura familiar. E a escola é uma das mais importantes instituições sociais que participam dos
processos de socialização da criança, cuja à função é ensinar conhecimentos e habilidades
que irão levar por toda a vida.
Pode-se perceber que a escola está deixando de ser um simples lugar de transmis-
são de conhecimentos e passando a ter uma multifuncionalidade na formação do caráter
humano, remetendo-se à compreensão do indivíduo como pessoa completa, concreta, em
que os domínios afetivos, cognitivos e motor abrangem todas as suas atividades. Seu de-
senvolvimento depende não apenas do aspecto orgânico, mais principalmente da qualidade
de interação que o indivíduo mantém com o meio em que vive, pois seu desenvolvimento
dependerá daquilo que o meio tem para oferecer.
Surgindo assim a necessidade da interação gestão e família durante todo o processo
educativo, para que se consigam excelentes resultados na vida escolar dos alunos.
DESENVOLVIMENTO
Vemos que a escola é uma importante instituição social que participa do processo de
socialização da criança, cuja função é ensinar certos conhecimentos e habilidades, que ser-
viram não só para preservação como também para uma eficaz modificação da sociedade.
O sentido da escola, não se limita apenas à comunidade escolar onde se verificam
as relações professor-aluno, mas toda a aprendizagem para realizar um trabalho. Ninguém
nasce sabendo, é preciso que se aprenda alguma coisa com outrem.
Da escola, espera-se que não seja apenas a instituição que ensine geografia,
matemática, história... visando conferir créditos para a obtenção de diplomas.
Escola deve ser sempre a sociedade preocupada com a formação integral
do aluno e com as transformações sociais progressistas. (DÓRIA, 1999:94).
Verifica-se, portanto, que a escola, como instituição pela qual se espera que passem
todos os membros da sociedade, coloca-se na posição de ser mais um meio social na vida
desses indivíduos onde veicula valores que podem convergir ou conflitar meios sociais que
os indivíduos frequentam ou à que são expostos. Que portanto, assumi explicitamente o
compromisso de educar os seus alunos dentro dos princípios democráticos.
83
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
A criança introjecta os sentimentos e valores familiares e culturais a respeito
dela mesma e da vida em geral. Esses sentimentos constituirão a sua base
ela própria e sobre a realidade, ou seja, os acontecimentos vividos pelo in-
divíduo em desenvolvimento determinarão o que ele vai aprender e em que
tipo de pessoa irá se tornar.
Por isso é importante uma educação que possa aliar os conhecimentos adquiridos no
dia a dia de cada educando, sustentando os questionamentos e argumentações acerca da
necessidade de interação escola/família.
O texto acima invoca a família e a sociedade para colaborarem, juntas no processo
escolar, interagindo suas experiências e funções. Surge então, a necessidade de uma nova
política de gestão participativa, onde se faz necessário que a escola crie vínculos mais es-
treitos com a comunidade, basicamente com os pais, as entidades e organizações paralelas
à escola. Necessitando de uma maior integração de professores, pais, alunos, funcionários,
e outros representantes da comunidade na busca de um modelo de gestão condizente com
a cultura na qual a escola está inserida.
Acredita-se que, educar para a cidadania, inclui participar das decisões dos grupos
sociais, respeitar e ser respeitado, ouvir e ser ouvido. Não se educa para a cidadania man-
tendo as pessoas passivas, dependentes de quem sabe mais, desinformadas de seus di-
reitos e deveres. Uma educação comprometida com a cidadania fornece instrumentos para
o resgate das dívidas sociais, que retardam a conquista de um mundo mais humano. Mas
requer também que o próprio processo de educar seja uma experiência em que o educando
é sujeito de seu desenvolvimento.
Ressalta-se com a citação acima, que se faz necessário à participação efetiva das fa-
mílias nas escolas, onde a gestão escolar planeje e promova ações e atividades que possam
favorecer a participação da família.
Eis aqui, algumas sugestões de atividades para essa atuação, tais como:
CONCLUSÃO
Portanto, feita a leitura e reflexão desse estudo, percebeu-se que a aprendizagem com
sucesso, dependerá da interação entre família e escola onde a gestão de forma interacional
atue diretamente e efetivamente nesse processo, que o objetivo sempre será o mesmo, o
de almejar o sucesso, formando cidadãos críticos e conscientes, sempre respeitando as
diferentes culturas, grupos sociais e valorizando a diversidade cultural.
Constata-se que a presença dos pais na escola traz inúmeros benefícios na busca do
sucesso escolar. Esta aprende com a família e vice-versa. Os alunos se sentirão mais va-
lorizados quando perceberem a importância que os pais dão à sua condição de estudante.
Um trabalho conjunto auxiliará a explicar algumas deficiências no processo de apren-
dizagem dos alunos. Assim, juntos, escola e família, com certeza, enfrentarão com mais
facilidade, os problemas tornando muito mais significativo o trabalho educativo. Todos lucram
quando interagem com o processo educativo do aluno. O respeito, a cumplicidade, o com-
panheirismo, e o sucesso escolar são alguns dos frutos que resultarão dessa aproximação
e acompanhamento realizado pelos pais.
Contribuindo com a educação de seus filhos, juntamente com a escola, os pais se sen-
tem impelidos, sempre mais, a investigar o processo de aquisição de conhecimentos dos fi-
lhos, bem como observar a metodologia adotada pela escola para veicular os conhecimentos.
Percebe-se o quanto a interação, família e escola são positivas para se alcançar altos
padrões de uma educação de qualidade, o que se pode afirmar é que o papel da família é
imprescindível na escola e que a escola não consegue sozinha sem o apoio desta, garantir
o sucesso escolar.
Por fim, é notório que quando o gestor cria estratégias que incentive a participação da
família na escola e essa ação acontece, o crescimento e o resultado no processo educativo
dos alunos acontecerão com sucesso.
85
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
REFERÊNCIAS
1. ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. “A criança na família e na sociedade” Rio de Janeiro,
Vozes, 1992.
3. DÓRIA, Cristina Sodré. “Educando nossos filhos”. Petrópolis, Vozes, 1999. p.94.
4. HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na escola. Campinas, Papirus, 1993.
5. LIBÂNEO, J.C. Organização e gestão da escola; teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001.
6. LUCKESI, Cipriano Carlos. Prática Docente e Avaliação. Rio de Janeiro: ABT, 2000.
86
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
06
Gestão escolar para a aprendizagem:
Um olhar sobre a liderança relacional
10.37885/210404134
RESUMO
O artigo ora apresentado tem como objetivo refletir acerca das habilidades do gestor
escolar na liderança relacional tendo como base de investigação o processo de seleção
de diretores realizado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza (CE). Para tanto, recorreu-se
à procedimentos metodológicos como a pesquisa documental e bibliográfica, analisan-
do o perfil de gestão escolar desejável à rede municipal de ensino, tendo como base o
Edital de Chamada Pública da Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (2017),
bem como busca de dados e informações acerca das políticas públicas e de gestão nos
portais da prefeitura, e também em estudos e pesquisas sobre os temas da Liderança
Relacional e Gestão Escolar. Compreende-se, portanto, que a figura do gestor escolar é
de mediador das dimensões pedagógicas, administrativas, financeiras, patrimoniais e de
pessoas. Dessa forma, observa-se que são muitas as atribuições ao trabalho do gestor
escolar destacando-se a necessidade de construir alicerces firmes no âmbito relacional,
considerando que os bons resultados de desempenho e aprendizagem esperados são
frutos da coletividade dos atores que fazem a escola. No sentido de compreender melhor
sobre essas habilidades do perfil do gestor escolar, observou-se como essas reflexões
aparecem no processo seletivo dos diretores da rede municipal de educação de Fortaleza.
88
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
O artigo em tela tem como objetivo refletir acerca das habilidades do gestor escolar na
liderança relacional tendo como base de investigação o processo de seleção de diretores
realizado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza (CE) em 2017 e a produção de estudos e
pesquisas sobre o tema. Para tanto, recorreu-se à procedimentos metodológicos como a
pesquisa documental e bibliográfica, analisando o perfil de gestão escolar desejável à rede
municipal de ensino, tendo como base o Edital de Chamada Pública da Secretaria Municipal
de Educação de Fortaleza (2017), bem como busca de dados e informações acerca das
políticas públicas e de gestão nos portais da prefeitura, e também em estudos e pesquisas
sobre os temas da Liderança Relacional e Gestão Escolar.
Aproximando-se das dimensões da rede municipal de educação de Fortaleza (CE),
apresentamos brevemente a caracterização do parque escolar do município. O município
de Fortaleza dispõe de 587 unidades escolares, atendendo mais de 229 mil estudantes,
matriculados do Infantil I ao 9º ano do Ensino Fundamental, incluindo a Educação de Jovens
e Adultos (EJA) no ano de 20201. Esta rede escolar é composta por 277 Escolas de Tempo
Parcial, 27 unidades de Tempo Integral, 8 unidades de Educação Especial e 11 anexos,
97 creches e 167 Centros de Educação Infantil, de acordo com o decreto 14.786 de 04 de
Setembro de 2020 publicado em Diário Oficial nº16.855 que redefine o parque escolar da
capital Cearense. A gerência destas unidades são distribuídas em seis distritos de Educação,
que possuem a responsabilidade de manter seu funcionamento, garantindo-lhe as melhores
condições para isto.
Os desafios gerenciais de uma unidade escolar dizem respeito a situações de ordens
diversas, desde questões pedagógicas até relacionamentos intra e extraescolares, com os
professores, funcionários, alunos e pais destes. A construção de uma rede de trabalho ini-
cia-se com a seleção de bons gestores que consigam administrar bem este ofício cotidiano,
de modo a garantir que as escolas consigam galgar bons resultados com a aprendizagem
de seus alunos apesar dos constantes percalços que diariamente se impõem na sua roti-
na institucional.
Desde 2007, com a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), para
medir a qualidade do aprendizado nacional tendo como base os resultados de proficiência
em Língua Portuguesa e Matemática do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB)
e , os estados e municípios têm trilhado um caminho de acompanhamento dos resultados
de aprendizagem, tendo em vista as metas previstas pelo indicador. Nesse sentido, pode-se
1 Dados coletados em 10 de novembro de 2020 junto ao portal da Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (CE), disponível em
89
https://sge.sme.fortaleza.ce.gov.br/sge/rest/app/matricula-geral.
90
2 História disponível em https://paic.seduc.ce.gov.br/index.php/o-paic/historico/historia.
Figura 1. Titulação
TITULAÇÃO
PONTUAÇÃO
PONTUAÇÃO
MÁXIMA
Certificado/declaração de Curso de Especialização em nível de pós-graduação
lato sensu, acompanhado de histórico escolar, com carga horária mínima de 360 02 02
horas/aula, na área de educação.
EXPERIENCIA PROFISSIONAL
PONTUAÇÃO
PONTUAÇÃO
MÁXIMA
Tempo de experiência como gestor escolar (direção e vice-direção) 03 para cada ano 15
Tempo de experiencia como professor da educação básica. 01 para cada ano 05
PONTUAÇÃO MÁXIMA 20
PONTUAÇÃO TOTAL MÁXIMA 40
A gestão escolar exige um gestor que reúna variadas competências, tanto na ótica
administrativa, pedagógica, jurídica e financeira como relacional, e isso vai demandar vá-
rios aspectos a serem vivenciados pelo gestor, portanto sua formação não se faz somente
na academia, mesmo porque para ser gestor não basta ser professor ou administrador,
como foi no passado.
Com a nova reforma do ensino, inclusive da Constituição Federal de 1988 e da Lei
9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, baseada no princípio do direito
universal à educação para todos, foram implementadas diversas mudanças, com destaque
para gestão democrática do ensino público, bem como progressiva autonomia pedagó-
gica e administrativa e de gestão financeira das unidades escolares. Em seu artigo 14,
a LDB indica que:
Para o avanço das análises, entende-se que é necessário apresentar alguns elementos
teóricos que devem se constituir nas referências principais a serem consideradas frente a
esta reflexão sobre o papel do gestor na construção do projeto de democratização da es-
cola que demanda por um perfil de liderança relacional e de educador que se expresse nas
vivências desses sujeitos no cotidiano das escolas.
As mudanças no processo seletivo dos diretores escolares na capital cearense impri-
miram um novo perfil de diretor. Neste sentido, algumas novas tarefas passam a ser exigi-
das do diretor. Compreende-se que é preciso ter posturas de liderança e visão sistêmica,
valorizando o conhecimento e os bens culturais; selecionar o que é relevante, aprendendo
a investigar, questionar e pesquisar suas causas, comparando e estabelecendo relações;
um processo que deve conduzir à aquisição da confiança na própria capacidade de pensar
e encontrar soluções. Além disso, valores morais devem ser trabalhados visando a cons-
trução de novas relações sociais, sendo necessário aprender a respeitar diferentes pontos
de vista, exercitando o pensamento crítico e reflexivo e assumindo responsabilidades com
a construção social coletiva.
As novas exigências que surgiram, principalmente a partir dos anos 90, demandam
um tipo de gestor com perfil flexível, mais informado, devendo atender às reivindicações do
94
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
intenso movimento de reformas educacionais que vêm atingindo todos os níveis do sistema
educacional brasileiro. De acordo com Santos, Nascimento e Santiago (2018, p. 4):
administrar uma escola com êxito não depende apenas do domínio de teorias
de administração, uma vez que elas podem ser conduzidas apenas pela pres-
crição de regras decorrentes de uma teoria; nesse sentido, é preciso considerar
a complexidade que permeia as relações de trabalho. Avançando para uma
visão democrática que favoreça a participação ativa de todos os envolvidos
no processo, de forma autônoma e eficiente se faz necessária a liderança
relacional. Do contrário, corre-se o risco de se utilizar uma determinada teoria
para prescrever regras que acabarão se constituindo em mais um modismo
no campo da educação que, por si mesmo, não conseguirá resolver conflitos.
A gestão educacional do município de Fortaleza tem sido marcada por avanços nos
índices educacionais apresentados através das avaliações de rede. Isto denota um com-
prometimento de sua equipe de profissionais. Contudo, é importante lançar um olhar sobre
as unidades escolares e buscar compreender como acontece a gerência destes resultados
e como é orquestrado o dia a dia na escola para que o resultado final apareça nas ava-
liações externas.
As escolas são fonte de muitos encontros de expectativas por parte dos alunos, pro-
fessores, funcionários e secretaria de educação. No leme desta embarcação, encontra-se
o diretor escolar. Não é somente uma habilidade administrativa que espera-se atualmente
deste profissional. O mesmo precisa dotar-se de um manejo comportamental para orientar o
plasmático fluxo das relações intraescolares para que o resultado final na aprendizagem dos
alunos não seja prejudicado. Vale destacar as habilidades necessárias para gerir estas uni-
dades escolares no atual período pandêmico. Mas, isto é assunto para uma outra discussão.
Pensar em liderança relacional é propor um entendimento de si e do outro, significa
dizer, exercer empatia, estar aberto ao diálogo, ter escuta sensível e gerencial com olhar
em rede. Portanto a responsabilidade do gestor também é uma responsabilidade afetiva e
emocional com entendimento de que todos somos diferentes e, a partir daí, convoca a todos
para compartilhar conflitos e soluções, como disse Daniel Golemam:
Compreende-se que para que a escola cumpra seu papel não é necessário apenas o
cumprimento de simples tarefas ou aplicação de fórmulas. Há uma complexa rede de rela-
ções que precisam funcionar em consonância. Este funcionamento não é visto utopicamente
como ausente de conflitos ou divergências, mas precisa que os conflitos sejam geridos de
95
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
maneira a não prejudicar o andamento do trabalho coletivo. A gestão democrática, implica
em ponderar as especificidades do contexto em que se desenvolve, em considerar ainda a
necessidade de implementação de estratégias diferenciadas, além de propor um trabalho
que aproxime o relacional e o pedagógico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. BAUER, Adriana; GATTI, Bernadete A.; TAVARES, Marialva R. (Org.) Ciclo de debates:
vinte e cinco anos de avaliação de sistemas educacionais no Brasil: origem e pressupostos.
Florianópolis: Insular, 2013, 192 p. v. 1.
5. GOLEMAM, Daniel; SENGE, Peter. O foco triplo: Uma nova abordagem para educação. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2015.
6. LEITHWOOD, K., Day, C., SAMMONS, P. Harris, A. y Hopkins, D. Successful school le-
ardership. What it is and how it influences pupil learning. National College for School
Learership. Research Report n° 800. University of Nottingham, 2006.
7. LEITHWOOD, K.; SUN, J. The nature and effects of transformational school leadership:
a meta-analytic review of unpublished research. Educational Administration Quarterly,
Thousand Oaks: Sage , v. 48, n. 3, p. 387-423, 2012.
8. MACHADO, Cristiane; ALAVARSE, Ocimar Munhoz. Qualidade das escolas: tensões e po-
tencialidades das avaliações externas. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 2, p.
413-436, abr./jun. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/edreal/v39n2/v39n2a05.pdf.
Acesso em: março de 2021.
9. MARINHO, Iasmin da Costa; VIDAL, Eloísa Maia; VIEIRA, Sofia Lerche. Diretores escolares
do brasil: mudanças no perfil e na gestão pedagógica no período 2007 – 2017. Revista Atos
de Pesquisa em Educação / Blumenau, v.15, n.3, p.823-846, jul./set., 2020
12. ROBINSON, V., HOHEPA, M. y LLOYD, C. School leadership and student outcomes: Iden-
tifying what works and why. Best evidence synthesis iteration [BES]. New Zealand Ministry
of Educatins. 2009.
97
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
13. SANTOS, L.C. P..; NASCIMENTO, R. S.; SANTIAGO, R. C. C. A. Liderança Relacional: as-
pecto que sustenta a organização da Gestão Escolar democrática. Bahia. VIII Encontro
de Turismo de Base Comunitária e Economia Solidária - VIII ETBCE. 2018.
15. VIEIRA, Sofia Lerche and VIDAL, Eloísa Maia. Construindo uma história de colaboração na
educação: a experiência do Ceará. Educ. Soc.[online]. 2013, vol. 34, n. 125, pp. 1075-1093.
ISSN 1678-4626. http://dx. doi. org/10.1590/S0101-73302013000400004.
16. VIEIRA, Sofia Lerche; VIDAL, Eloisa Maia; NOGUEIRA, Jaana Flávia Fernandes. Gestão
Escolar no Brasil. – Rio de Janeiro: FGV Editora, 2020.
17. WEINSTEIN, JOSÉ Y MUÑOZ, Gonzalo. Cuando las atribuiciones no bastan: liderazgo
directivo y gestión pública ou privda de escuelas em Chile. In Weinstein, José y Muñoz,
Gonzalo. Qué sabemos sobre los diretores de escuela en Chile? Centro de Innovación en
Educación de Fundación Chile y Centro de Estudios de Políticas y Prácticas em Educación
(CEPPE). 2012. p. 55-79.
98
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
07
Uso das habilidades socioemocionais
em um contexto de crise: uma
experiência em uma escola de ensino
fundamental em Fortaleza
10.37885/210404122
RESUMO
O objetivo desse trabalho é trazer algumas reflexões sobre como as habilidades socioe-
mocionais podem ser um meio para tornar as relações educacionais efetivas e produtivas
em um contexto de crise e se elas podem contribuir para a gestão escolar, a partir de
uma experiência com turmas do 3º ano do ensino fundamental em uma escola pública
no município de Fortaleza. O relato dessa vivência que ocorreu no ano de 2020, durante
a pandemia causada pelo corona vírus, abrange as relações professor-aluno, professor-
-professor, as relações com o núcleo gestor e a parceria família e escola. Avaliamos os
resultados obtidos após uma ação sistemática usando habilidades socioemocionais de
cooperação, empatia, controle do estresse, criatividade, foco, persistência e abertura ao
novo com o intuito de buscar soluções, mediar conflitos e estabelecer canais de comu-
nicação efetivos nas relações escolares.
100
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO – CONTEXTUALIZANDO
Nas escolas a grande questão era: como dar continuidade ao ano letivo e manter
os vínculos com os alunos e suas famílias? Algumas escolas que dispunham de recursos
tecnológicos de última geração e que atendiam a uma clientela de alto padrão econômico,
com acesso à internet, celulares, computador e espaço físico em casa para estudar, as difi-
culdades de adaptação para o modelo remoto foram facilmente superadas. Nas escolas de
padrão médio, os professores tiveram que aprender rapidamente a usar os meios digitais
e as escolas investiram em recursos tecnológicos para atender as exigências do ensino
híbrido ou remoto.
A maioria dos alunos da rede pública de ensino fundamental em Fortaleza não tinha
um computador em casa. Muitos deles tinham algum familiar em casa que possuía um
celular e quando esse celular pertencia aos pais, o acesso ao conteúdo escolar acontecia
depois do expediente de trabalho, à noite, o que inviabilizava aulas on-line e nesse contexto
o único dispositivo móvel existente na casa servia para atender a todos os estudantes que
ali moravam. Então o acesso ao conteúdo, vídeos gravados ou material digitado tinha que
ser acessado e depois apagado para não sobrecarregar a memória do celular. A qualidade
da internet era outro fator que dificultava a visualização e mais rapidamente cansava os
alunos e seus pais. Todos os professores, alunos e seus familiares tiveram que aprender
a usar as tecnologias digitais, às vezes num contexto em que nem pais ou alunos estavam
alfabetizados. O progresso de alunos que apresentavam dificuldades de aprendizagem e
que precisavam de um acompanhamento mais personalizado foi diretamente proporcional
ao suporte tecnológico que dispunham e à atenção dos pais e investimento em tempo no
ensino a seus filhos.
Nesse meio tempo, as formas de acompanhar os alunos, de reunir a equipe pedagó-
gica e cumprir as exigências de relatórios, diários de classe, planejamento, participação
102
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
em treinamentos, avaliações escolares, apresentação de resultados e outras demandas
pedagógicas passaram todas para o modelo digital. Tivemos que nos equipar com celulares
mais potentes, computadores e outros recursos tecnológicos que dessem conta em tempo e
espaço das novas exigências que surgiam e também adaptar espaços na nossa casa para
gravar aulas, uma vez que ela se tornou parte da escola. A sobrecarga de trabalho foi intensa
e prolongada. O atendimento aos alunos e seus pais se estendia além do expediente, dias
de planejamento, finais de semana e feriados. Ao mesmo tempo, fazíamos cursos para nos
qualificar. Tudo isso acontecia dentro das nossas casas enquanto cuidávamos dos afazeres
domésticos. Uma situação ainda mais desafiadora se desenhava quando tínhamos familiares
ou amigos adoecidos ou falecidos, vítimas dessa nova doença.
O núcleo gestor da escola também teve que aprender e operacionalizar novas formas
de gestão que preservasse a saúde e a vida de todos os profissionais da escola que lá
permaneceram para dar suporte aos cuidados e manutenção dos espaços físicos, assim
como dar continuidade às políticas públicas de fornecimento alimentar para as famílias dos
alunos, entrega de material didático e tantas outras responsabilidades do fazer pedagógico
e administrativo. Para controle de frequência, acesso aos conteúdos, tarefas escolares e
comunicação entre todos que pertenciam a escola foram criados novos canais e novos re-
latórios para acompanhar esse novo modelo de escola e coibir a evasão escolar.
No nosso caso particular, havia uma outra questão que nos afligia. Começamos aquele
ano escolar em uma locação emprestada, enquanto as estruturas físicas da escola eram
reformadas. Estávamos num prédio menor e mal adaptado as necessidades de uma escola
mais robusta e pulsante, fora da vizinhança que atendia e com sérios desafios para conse-
guir manter o alto nível de desempenho que tinha alcançado ao longo dos anos. Iniciamos o
ano com grande esperança que logo retornaríamos para nosso prédio original uma vez que,
entre outras coisas, permanecer nessa locação provisória significava uma grande perda de
tempo e energia com os inúmeros traslados de uma escola à outra. Quando recebemos a
notícia da interrupção das aulas presenciais, sem prazo pra retorno, ficamos pasmos e com
a sensação de que estávamos vivendo uma situação totalmente desconhecida.
Havia uma grande necessidade de coesão por parte de todos os profissionais da escola
para dar conta da mudança de posturas, para seguir os protocolos sanitários e se equipar
de todos os recursos necessários para dar continuidade ao atendimento público. Um forte
trabalho de equipe, cada um contribuindo com suas habilidades, recursos e disposição se
fez necessário para mantermos a escola funcionando e atendendo a população local.
Toda essa conjuntura nos levou a trabalhar de forma inusitada. Antes o celular era
uma proibição dentro da sala de aula, agora ele era imprescindível a ela. A comunicação
com os pais via grupos de WhatsApp era desaconselhada, mas tornou-se o meio possível
103
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
de continuar o ensino. Professores tiveram que vencer seus medos e inibições, desenvolver
aptidão para usar os meios digitais, flexibilizar seu horário de trabalho, desenvolver habili-
dades como: empatia, amabilidade, tolerância ao estresse, foco e persistência.
Como foi possível uma mudança tão drástica no trabalho escolar? O que possibilitou
essa mudança? Os meios já eram conhecidos e a necessidade de incorporar os recursos
tecnológicos na escola já era discutida há anos, pois muitos currículos já contemplavam
essa mudança. Mas foi a realidade que se impôs e a determinação, esforço e persistência
de todos os envolvidos que viabilizou essa transformação.
Dia a dia nos vimos desafiados a vencer o medo, a usar nossa criatividade e estar
abertos ao novo e desconhecido. Descobrimos meios de nos conectar com nossos alunos
pelas mídias sociais usando vários recursos antes desconhecidos para nós. Essa postura nos
possibilitou alcançar nossos alunos, ainda que os meios fossem tão precários. Nos reorgani-
zamos e buscamos reequilibrar o ritmo de trabalho estabelecendo uma nova “normalidade”,
uma nova rotina, ajudando os alunos e seus familiares a também buscar equilíbrio e ade-
quar-se a situação. Cada vez mais foi ficando claro que precisávamos de uma transformação
profunda na escola, nas nossas metodologias, currículos, na nossa visão do educando, no
formato de aula, nas avaliações e tantas outras particularidades do fazer pedagógico. As me-
didas tomadas para conter a pandemia nos atingiram profundamente. As regras sanitárias,
o isolamento, as mortes e as proibições de ir e vir nos levaram a ponderar sobre o que era
mais importante, o que tínhamos que lutar para preservar, o que era fundamental à nossa
vida. É claro que não houve uma constatação universal e nem a mudança também será,
porém cada um parou para pensar e tentar entender o que estava e ainda está acontecendo
e buscar respostas e maneiras de lidar com esses desafios.
E nesse novo formato conseguimos estabelecer uma proximidade com as famílias de
nossos alunos que nunca havíamos experimentado antes, partilhando de suas dificuldades,
medos, impossibilidades, assim como de suas conquistas e esperanças. Conhecemos seus
nomes, suas rotinas, suas relações familiares e podemos efetivamente ser um suporte,
ajudando a aprenderem a usar a tecnologia que dispunham, auxiliando seus filhos com as
tarefas e no estabelecimento de rotinas, partilhando suas perdas, levando consolo e nos
solidarizando uns com os outros. Esse foi um ganho sem precedentes na parceria família-
-escola. Nunca a experimentamos de forma tão real. Como professores fomos reconhecidos
pelos pais como heróis e valorizados como profissionais. O nosso empenho diário para que
houvesse aprendizagem foi visto e reconhecido, as dificuldades de ensino foram partilha-
das, as estratégias para viabilizar o estudo foram conhecidas e a comunicação estabele-
cida seguia princípios de respeito mútuo, compreensão, paciência e interesse genuíno no
bem estar do outro.
104
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Outro ganho foi a parceria construída entre professores. Muitos de nós éramos iletrados
digitais e tínhamos um desafio comum: aprender a linguagem digital, usar nossos celula-
res como ferramenta de trabalho e descobrir como ensinar de modo eficaz remotamente.
Formamos grupos de WhatsApp e neles partilhamos conteúdos, ideias, anúncios de cursos
gratuitos, materiais didáticos, aplicativos para gravação de aulas, livros, filmes, palestras e
tudo que fosse útil para estruturar nosso trabalho. Também era um espaço para discutir pos-
turas, organizar lutas por direitos, partilhar dores, pedir orações e fortalecer uns aos outros.
Estratégias de trabalho
Resultados obtidos
Tínhamos cinco turmas cursando o 3º ano fundamental nos dois turnos, das quais duas
estavam sob nossa responsabilidade direta. Iniciamos o isolamento social com 53 alunos
e em setembro contávamos com 55. No mês de março contabilizamos 15 alunos que não
conseguíamos estabelecer contato e desde a última semana de junho conseguimos acesso
a todos permanentemente. As avaliações realizadas tiveram o maiores números de parti-
cipação das 5 turmas existentes. Dos 11 alunos que apresentavam grandes dificuldades
de leitura e escrita, 3 avançaram do nível 1 e 2 para o nível 3, pelos critérios da Avaliação
Diagnóstica de Rede (ADR). A participação dos alunos no envio de tarefas foi sempre
106
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
aumentando ao longo dos meses em número de tarefas por criança e no percentual de
crianças que enviavam tarefas.
No final do mês de maio as turmas do 3º ano estavam envolvidas em um projeto de
Arte com objetivos interdisciplinares que se chamava “Festa junina, patrimônio cultural do
nosso povo”. Esse trabalho foi finalizado na primeira semana de julho contando com gran-
de envolvimento dos alunos e seus familiares, sendo a atividade com maior participação
das famílias em todas as 5 turmas do 3º ano. Tivemos dezenas de vídeos gravados com
as maquetes feitas pelas crianças e seus pais participando dessa criação. Alguns com
canções juninas tocando ao fundo ou pais cantarolando as músicas. Também recebemos
fotos das comidas juninas que eles fizeram e dos trajes e festejos que organizaram em suas
casas. Os registros dessas atividades foram uma demonstração significativa de como as
famílias estavam envolvidas na dinâmica escolar, da possibilidade de adaptarmos as nossas
tradições e festejos à realidade possível, de usar nosso repertório cultural e aplicá-lo aos
meios digitais e de como foi profícuo o tema cultural escolhido, mobilizando afetos, cultivando
nossa identidade cultural, incentivando a expressão artística, promovendo a valorização da
cultura nordestina e aguçando a curiosidade dos alunos pela imersão nesse universo através
da aplicação de metodologias ativas.
A pandemia da COVID-19 nos levou a uma crise sanitária que evidenciou nossa vul-
nerabilidade e as desigualdades sociais e econômicas existentes entre nações no mundo
todo. Essa constatação abriu espaço para diversas discussões e uma maior conscientização
das amplas mudanças que devem ocorrer nas sociedades atuais para alcançarmos maior
equilíbrio e consequentemente, maior fortaleza. Às vezes, os desafios que vivemos nos
forçam a dar um salto de qualidade elaborando novos conceitos e avançando nas nossas
práticas para podermos responder satisfatoriamente a imposição de uma realidade que foge
ao nosso controle e que inviabiliza nossos planos. Esse mesmo é o terreno favorável para
o nascimento criativo de novas estratégias, possibilidades e planos. Nessas circunstâncias
ressaltamos como as habilidades socioemocionais são imprescindíveis para a superação
dos obstáculos e a reestruturação de uma nova forma de nos relacionarmos e trabalharmos
pelo desenvolvimento da nossa comunidade. O esforço de pessoas que buscam desenvolver
essas habilidades favorecem a construção de uma sociedade mais solidária, equilibrada e
justa, capaz de vencer desafios e superar limites pela soma de pequenos esforços mútuos
e combinados para alcançar um bem maior. Não se trata apenas de uma escolha pessoal
em desenvolver ou não habilidades socioemocionais, mas de as incluirmos nos nossos
currículos e promovermos seu desenvolvimento em nós mesmos e nas gerações que estão
107
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
se formando. As características do mundo atual exigem uma mudança nas escolas e na
maneira com lá trabalhamos para cumprirmos a tarefa de preparar as nossas crianças
para uma realidade cada vez mais complexa e incerta que exigirá uma grande capacidade
de adaptação e criatividade. E devemos lembrar uma lição poderosa que aprendemos na
pandemia: precisamos uns dos outros. Talvez lembrar isso seja fundamental para termos
atitudes mais humanas, mais humildes, mais justas e solidárias.
REFERÊNCIAS
1. Delors, Jacques – Educação um Tesouro a Descobrir. 7ª ed., Ed. Cortez.
2. Diamond, Jared – Armas, Germes e Aço. 23ª ed., Ed. Record, Rio de Janeiro, 2017.
4. Lilian Bacich, José Moran – Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora, Ed. Penso,
Porto Alegre, 2018.
108
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
08
Dificuldades de aprendizagem
nas series iniciais: uma visão
psicopedagógica
10.37885/210203285
RESUMO
110
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
Ultimamente percebe- se que a prática de leitura e escrita tem se tornado cada vez
mais preocupante para professores, pais de alunos e profissionais da educação em geral,
e se transformado em alvo de várias discussões nos meios acadêmicos.
Logo, é válido destacar que essa tensão se dá por diversos fatores que transpõem os
limites deste estudo, pois nosso objetivo aqui é discutir como vem sendo constituída ao lon-
go do tempo as metodologias adotadas para o exercício do ensino da leitura nos primeiros
anos de escolarização, além do apoio da família e dos profissionais psicopedagógicos no
que tange a reversão desse grande desafio.
O fato é que muitas crianças têm a escola como único espaço que lhes possibilita
contato com publicações de toda ordem, incluindo os livros. No entanto, muitas vezes, há
certa insegurança quando o assunto é leitura, seja pela falta de livros atrativos nas bibliote-
cas ou ainda por fatores mais agravantes como a falta de estímulo dos educadores ou até
mesmo da própria família que, isenta de suas obrigatoriedades delega a escola toda a sua
responsabilidade.
É justamente nesse sentido que, utilizando os conhecimentos teóricos de Kato (1999),
Bossa (2004) e Sampaio (2012), dentre outros teóricos importantes, procuramos entender ao
longo do estudo, quais os principais fatores influenciadores aos déficits de leitura e escrita
aos ambientes escolares, quais os principais eixos de contribuição para reversão desse
quadro e principalmente sobre a importância da psicopedagogia mediante as estratégias
de facilitação a esse processo de aprendizagem, qual o valor da sua atuação mediante o
compromisso de interação junto aos educadores e principalmente em suporte a família, já
que como bem cita Smith (2017, p. 33):
Mediante tais informações, nos damos conta de que a família em colaboração à insti-
tuição escolar e os profissionais da psicopedagogia têm em suas mãos o desafio de mudar
a realidade da educação. Porém, é preciso cautela, organização e principalmente humildade
em reconhecer que sozinhos nenhum terá o potencial de alcançar tamanho objetivo. Portanto,
é essencial que todos percebam a importância do princípio da coletividade, onde direção,
professores, pais, alunos e o psicopedagogo se engajem ao mesmo ideal.
111
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
A LEITURA E A ESCRITA: PROCESSOS E DIFICULDADES NA SUA
AQUISIÇÃO
A aprendizagem da leitura e da escrita constitui-se como uma das tarefas básicas pro-
postas à educação. Contudo, aparentemente simples, essa ação se apresenta atualmente
como um dos problemas educacionais da atualidade que mais chama atenção, e por isso
tem sido objeto de estudo de várias pesquisas, além de muito questionado por pais, profes-
sores e especialistas em educação, não só no que diz respeito ao domínio da leitura e da
escrita propriamente dita, mas às repercussões dessa aprendizagem aos vários aspectos
da escolaridade da criança.
O fato é que ao ingressar na escola, tanto a criança como a família, almejam como
perspectiva que a mesma aprenda a ler e escrever. A princípio, os pais e o próprio educando
não têm, em geral, razão para duvidarem do sucesso nessa nova aprendizagem. No entan-
to, o que muitas vezes estes ou até mesmo os próprios educadores não consideram é que
a leitura e a escrita são habilidades que exigem do educando a atenção para aspectos da
linguagem aos quais ela precisa dar importância antes mesmo de aprender a ler e escrever.
A leitura oral, por exemplo, é um conjunto de respostas verbais articuladas, emitidas
seletivamente ante um conjunto de estímulos visuais constituídos pelo que chamamos de
letras, sílabas, palavras ou textos. Se a resposta verbal é sistemática, correta, e, se diante
dos elementos gráficos emite sempre um som, logo os estímulos visuais em questão (os ele-
mentos gráficos) são alcançados junto com o poder de controle sobre aquela resposta verbal.
Assim, o ensino da leitura propriamente dita, é um processo complexo que modifica o
caráter que certos estímulos visuais têm para o sujeito ou para certas respostas do sujeito,
influenciado pelos significados estruturados ao longo do processo de aquisições inter e in-
tra-socias. Neste caso, podemos considerar o ensino da leitura como um processo mediante
o qual se modifica o caráter que certos estímulos visuais têm para o sujeito, ou para certas
respostas do sujeito.
[...] a leitura pode ser entendida como um conjunto de habilidades que envol-
vem estratégias de vários tipos: a de encontrar parcelas significativas do texto;
a de estabelecer relações de sentido e de referência entre certas parcelas do
texto; a de estabelecer coerência entre as proposições do texto; a de avaliar
e ver assimilação e a consistência das informações extraídas; a de inferir o
significado e o efeito pretendido pelo autor do texto. (KATO (1999, p. 87).
Nesse sentido, entende- se através dos conhecimentos supracitados pelo autor que,
aprender a ler vai muito além de uma manipulação mecânica de palavras ou frases, já que
esse processo exige uma relação dinâmica que vincula linguagem e realidade. Logo, a urgên-
cia de uma alfabetização total, aponta para eixos de leitura que precisam ser concretizados
112
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
aos ambientes escolares, relacionando-os a uma tipologia textual variada que faça parte do
dia a dia das crianças nas salas de aula, assim como bem afirma Kato (1999, p.90):
Com essa proposta é possível acreditarmos que a escola precisa proporcionar a seus
educandos textos condizentes com a sua realidade, atendendo a diferentes propósitos e
cumprindo com a sua responsabilidade, que é apresentar aos mesmos, vários tipos de textos
e modelos importantes à apropriação e recriação de um aluno/ leitor. Segundo VYGOTSKY
(1996, p. 43) “a escola precisa trazer para dentro de si a língua escrita e não se debruçar
somente sobre esta como sistema de anotação. As atividades de leitura e escrita não deve
nunca se desvincular do campo mais amplo da linguagem”.
Outra proposta, inclusive bastante discutida por autores importantes da literatura bra-
sileira perpassa sobre a análise do ambiente facilitador proporcionado à criança durante
o seu processo de aprendizagem de leitura e escrita. Estudos mostram, inclusive que, o
sucesso alcançado durante esse processo pode estar intrinsecamente ligado a situações
oferecidas a elas. “As crianças que recebem um incentivo carinhoso durante toda a vida
tendem a ter atitudes positivas, tanto sobre a aprendizagem quanto sobre si mesmas.”
(SAMPAIO, 2012, p. 33).
Com esse enfoque, pode- se ter uma visão mais ampla dos possíveis fatores capazes
de favorecer ou prejudicar a relação da criança com a aprendizagem. Por isso, outro ponto
significativo a essa fase de desenvolvimento da criança é reconhecer a família como a base
de toda a sua formação e a escola o local de estímulo ao desenvolvimento de suas capa-
cidades, comprovando, dessa forma, a importância da interação entre essas instituições e
o poder que ambas representam diante da busca por alternativas que propiciam o sucesso
educacional do filho/ aluno.
É notório que, o prazer e o conforto que a criança sente em casa influencia nas suas
atividades no ambiente escolar. Por isso, é importante que a mesma seja estimulada a fazer
perguntas e interferir nas tarefas diárias para que se sinta encorajada a exteriorizar seus
113
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
pensamentos e emoções. Assim, a linguagem escrita adquire um caráter de maior proximi-
dade, e os momentos de interação com o educador (interlocutor letrado) e com as outras
crianças é garantido.
Evidentemente que, em sala de aula existem alguns fatores agravantes que também
podem influenciar a criança ao retardo do desenvolvimento da habilidade de ler e escrever.
Aspectos como falta de estrutura, de materiais pedagógicos necessários ao incentivo da
leitura e da escrita e o despreparo de alguns professores são pontos marcantes ao longo
desse processo de escolarização.
Logo, é muito importante que o educador fique atento para garantir que todas as
crianças, inclusive aquelas mais tímidas, possam pelo menos visualizar o livro e dele extrair
informações que serão transmitidas por meio de desenhos, por exemplo, ou outros métodos
em que se sintam seguros. As imagens, nessa faixa etária de aprendizagem, exercem maior
fascínio sobre elas, e na prática podemos notar a ansiedade que experimentam quando não
enxergam o que está sendo lido.
Além de ser muito importante que as histórias sejam vivenciadas pelas crianças, es-
pecialmente as mais novas, de diversas maneiras (contar histórias, representá-las em dra-
matizações, assisti-las em filmes e projeções, etc.), nos momentos de leitura, o educador
deve sempre procurar exercer um caráter interpretativo a sua leitura, usando variações de
entonação (inclusive para caracterizar a prosódia), de forma clara e agradável. Reduzir
ou modificar o texto escrito, transformando-o em linguagem coloquial, priva a criança de
experimentar e perceber auditivamente as características que a linguagem escrita carrega
(que diferem da linguagem oral). De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1998, p.36):
114
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Nesse sentido, os próprios PCNs apresentam a sala de aula como um ambiente que
deve estimular a criança em seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Cabe ao
educador criar situações que permita ao aluno descobrir o prazer da leitura, assim como,
instigar o querer descobrir, o que está escrito nos livros, nos cartazes, nas revistas, enfim,
que desperte a criança para os diversos tipos de textos e “saberes” que circulam ao seu
redor. Assim, a mesma conseguirá aprender como um sujeito ativo que interage de forma
criativa com o seu objeto de conhecimento.
Outra questão que vale a pena salientar diz respeito à frequência com que essas ativi-
dades serão ministradas. A leitura de histórias, por exemplo, só terão maior eficácia conforme
sua recorrência aumenta, pois é comum, inclusive, crianças nesse processo de aprendi-
zagem, solicitar até mesmo a repetição da leitura por várias vezes. Contudo, a proposta é
que essa prática incorpore- se à rotina diária da escola, o que não necessariamente implica
sempre a exposição de textos diferentes, mas adequados ao nível de desenvolvimento e
estímulo de cada criança. Na visão de Rego (1995, p. 23):
Assim, uma criança que já aprendeu a leitura (enquanto conduta simplesmente arti-
culada), chegará a ser reforçada e controlada pelos reforços sociais e pelo significado da
mesma função de grau de aquisição de todas as complexidades próprias da linguagem oral.
Quando o seu nível de linguagem é adequado, imagens e emoções provocadas pelo que
lê são capazes de reforçar intermitentemente sua conduta leitora. Em tal caso, tem-se uma
criança propensa à leitura, habituada a interagir complexamente com seu entorno mediante
a linguagem em todas as suas modalidades.
Neste caso, é possível dizermos que à medida que a criança vai tendo domínio maior
da linguagem escrita, a mesma conseguirá perceber que todo texto tem como finalidade
veicular uma ideia. Logo, é tarefa do leitor desvendá-la e perceber que isso é muito mais do
que identificar personagens ou detalhes: é ler também o que não é dito, mas encontra- se
nas entrelinhas ou ainda relaciona- se o que estamos lendo com aquilo que já vimos ou já
lemos em outros textos. Enfim, concordar ou discordar estabelecendo uma relação de diá-
logo com o texto e seu autor, haja visto que, essa relação será cada vez melhor na medida
em que a criança tiver mais experiência significativa com o texto.
115
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Todavia, todo esse processo exige esforço e paciência da família e da escola, pois ainda
é bem verdade que ambas instituições são a cada dia desafiadas a conhecer o problema de
cada filho/ aluno e saber como agir para obter o sucesso desejado. Diante desse impasse,
a atuação da psicopedagogia que assume um papel primordial na avaliação, identificação e
intervenção de tais dificuldades de aprendizagem assume um papel significativo, mostrando
que o ser em sua forma plena, possui habilidades cognitivas que inserido ao meio social
pode influenciar ou ser influenciado por ele. Por esse motivo cabe- nos agora esclarecer
um pouco sobre a forma como a Psicopedagogia entende e age diante das dificuldades
de aprendizagem.
116
vai construindo a autoria de pensamento e o reconhecimento de que é capaz
117
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
É nesse momento que nos damos conta do olhar multifatorial que a Psicopedagogia
proporciona aos ambientes escolares, uma vez que, ao oferecer à escola os recursos ne-
cessários para fazer uma leitura minuciosa dos processos cognitivos e afetivos da criança,
também apresenta metodologias que proporciona a solução ou pelo menos a minimização
dos obstáculos que impede o educando de desenvolver suas habilidades de leitura e escrita
ou demais dificuldades de aprendizagem.
Ao desenvolver o trabalho junto à instituição escolar, o psicopedagogo busca de início,
realizar uma análise sobre a organização do ambiente, como funciona o papel do ensinante
e do aprendente naquele momento, além do tipo de relação que está sendo estabelecida
entre professor e aluno e demais sujeitos que compõe aquele grupo.
É função também do psicopedagogo institucional analisar a conduta do professor jun-
to ao discente, propondo ao mesmo que reflita sobre a sua prática pedagógica, além de
auxiliá- lo com ferramentas que promova a criação de um vínculo afetivo entre os mesmos
e a superação da dificuldade estabelecida pelo discente. A esse respeito Bossa (2004, p.
27) destaca que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe- se que um dos direitos estabelecidos por lei é justamente a igualdade de oportu-
nidade e educação para todas as crianças, independentemente de sua cor, raça ou religião.
Logo, isso implica dizer que, a criança em sua mais significativa inocência, tem direito a uma
educação de qualidade, com educadores que se esforcem e se empenhem ao máximo para
o desenvolvimento de suas habilidades. É justamente o que a Lei de Diretrizes e Base da
Educação Nacional – LDB menciona em seu artigo 2º quando especifica que:
Por isso, a determinação maior em realizar este estudo deu- se justamente por conta
da necessidade de explanar a importância da valorização das capacidades de cada criança,
encontrando caminhos e subsídios essenciais que nos faça acreditar que, mesmo diante
de tantas indiferenças e preconceitos, é possível mudarmos a realidade de uma criança.
As dificuldades de leitura e escrita, assim como outras graves deficiências presentes ao
cotidiano escolar, representam hoje os grandes desafios a serem superados pelas crianças,
pais, professores e profissionais da educação. Tudo isso porque, é impossível não questio-
narmos esse problema sem antes alinharmos os personagens principais e suas ações como
forma enriquecedora de superação desse problema.
REFERÊNCIAS
1. BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto
Alegre, Artes Médicas, 2004.
8. REGO, Lúcia Lins Browne. Literatura Infantil: uma nova perspectiva da alfabetização na
pré-escola. 2ª ed. São Paulo: Editora FTD, 1995.
120
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
10. SAMPAIO, S.; FREITAS, I. B de (Orgs.). Transtornos e dificuldades de aprendizagem:
entendendo melhor os alunos com necessidades educativas especiais. Rio de Janeiro:
Wak editora, 2011.
11. SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de Aprendizagem de a-z: guia completo para educadores
e pais. Porto Alegre. Penso editora, 2017.
12. VIANIN, P. Estratégias de ajuda a alunos com dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre:
Penso, 2013.
13. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem (Tradução Jefferson Luiz Camargo). São Paulo,
Martins Fontes, 1996.
121
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
09
Esporte Educacional: uma ferramenta
para formação integral
10.37885/210203119
RESUMO
Este artigo tem por objetivo compreender e refletir sobre a função educacional do esporte
dentro da educação, com ênfase na sua funcionalidade para a educação. Trata-se de
uma pesquisa bibliográfica, com análise de livros, artigos acadêmicos e consultas de
periódicos. O presente trabalho analisa as contribuições dos desportos para a vida. O es-
porte educacional precisa mais do que nunca ser visualizado como alicerce primordial na
construção de uma sociedade voltada para a formação de cidadãos críticos e saudáveis,
capazes de tomar decisões conscientes a respeito do seu estilo de vida individual e social.
123
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
O esporte pode ser um instrumento de inclusão social se for trabalhado com tal fi-
nalidade, pois consegue envolver um número significante de participantes. Na escola sua
função é oportunizar atividades prazerosas, além proporcionar a integração e obtenção de
conhecimentos diferenciados. Vejamos:
Dessa forma a atividade esportiva, quando bem conduzida por profissionais, pode
trazer benefícios tanto para o desenvolvimento global do praticante, quanto dos demais
ambientes nos quais ele está inserido, como a família e o grupo de iguais ampliando as
contribuições para a sociedade de forma geral. Assim como em qualquer outro segmento,
cabe ao profissional da educação à preocupação de avaliar o seu trabalho para que suas
aulas venham a dispor de recursos educacionais que possibilitem o desenvolvimento dos
aspectos educativos do esporte de forma ampla e concisa.
Dessa forma, buscamos discutir e refletir sobre o esporte como possível instrumento
de educação, bem como este pode contribuir para o processo de formação dos envolvidos.
O processo evolutivo dos esportes passou por inúmeras situações transitórias no decor-
rer do tempo, perpassando através das sociedades até atingir a atual conjuntura de instrumen-
to social, sendo um dos principais fenômenos culturais do mundo. Este fenômeno teve seus
primeiros relatos no período denominado pré- histórico, onde todas as atividades humanas
dependiam do movimento do ato físico. Oliveira (1987) analisa a cultura primitiva e conclui
que em qualquer que seja a dimensão estudada, fica nítida a importância das atividades
físicas, para nossos “irmãos das cavernas”. De acordo com o autor (OLIVEIRA, 1987, p.16):
124
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
No contexto da Antiguidade Oriental, os exercícios físicos continuaram com a ênfase
alcançada no período da pré-história, no entanto, não é dessa época a origem de uma edu-
cação física de cunho cientifico. Na Antiguidade Oriental as atividades físicas são registradas
pela escrita, tornado assim mais fácil a analise dessas atividades, que eram de ordem guer-
reira, terapêutica, esportiva e educacional. A civilização grega marcou o inicio de um novo
ciclo na história, com o surgimento de um novo mundo civilizado, onde se iniciou de fato a
história da Educação Física. O ideal grego de educação era alicerçado na educação física,
intelectual e espiritual, essa educação possuía características guerreira e cavalheiresca,
buscando sempre a excelência.
Acerca dessa temática Rúbio (2002, p. 13) citando Tubino (1992) diz que “o esporte
exerceu grande influência sobre a formação do homem grego, sendo considerado como um
dos três pilares da educação da criança e do jovem, juntamente com as letras e a música.”.
Esse direcionamento aos esportes pela sociedade grega, é oriundo e alicerçado fun-
damentalmente em dois motivos: o primeiro era que a prática esportiva resultava em be-
nefícios nos conflitos armados que eram habituais naquela época; e o segundo, devia-se a
noção de educação integral denominada de “Paideia1” que só poderia ser consolidada com
a Educação Física.
Os gregos são considerados os criadores do esporte por terem realizado o primeiro
evento com destinação esportiva. Os jogos nesse período eram considerados uma celebração
aos deuses, e quem participava do evento era exclusivamente os membros da elite. Os Jogos
Olímpicos eram uma das quatros grandes competições que ocorriam na Grécia denominados
Pan-helênicos, ocorriam em quatro e quatro anos em cidades diferentes.
A história da Educação Física na cidade de Atenas, no período de formação histórica
é extremamente significativa. A ginástica e o atletismo ocupavam um lugar de destaque na
educação, semelhante ao que ocorreu em Esparta, no entanto, a educação não possuía um
caráter eminentemente militar como ocorreu na vida espartana.
Os ambientes reservados à prática esportiva, não eram de uso exclusivo da educação
física, eram utilizados também para a formação intelectual do povo. O pedótriba equivalia ao
que denominamos hoje de professor de Educação Física e, estava nivelado em cultura e no-
toriedade ao médico, sendo responsável pelo desenvolvimento do caráter dos jovens efebos.
Segundo Oliveira (1987, p.26) a compreensão de educação grega nessas circunstâncias “era
baseada na comunhão do corpo e do espirito, o que a tornava a mais humanista de todas”.
O percurso histórico da Educação Física na cidade de Roma pode ser contada à luz
da análise das suas instalações esportivas, onde acontecia os seus ludi.Ludus, e tinham a
conotação de treinamento ou jogo, não sendo ou resultando em competição. Dentre todas
125
1 Paideia segundo o autor Policarpo são os princípios orientadores da formação humana.
[...] não podemos deixar de fazer uma referência especial à Inglaterra que des-
de essa época destaca-se como o núcleo de uma mentalidade verdadeiramente
esportiva no mundo ocidental. Ao contrário dos gregos que consagraram um
lugar de honra ao atletismo, o esporte medieval preferiu atividades coletivas.
O período do Renascimento foi um marco intelectual, estético e social que permeou uma
nova compreensão do homem e do mundo, existindo um redescobrimento do espirito crítico
e da liberdade no ser humano. Esse conceito humanista direcionou o olhar a valorização do
belo, trazendo de volta a importância do corpo. A Educação Física, nesse sentido torna-se
a assunto dos intelectuais, num esforço em busca da reintegração do físico e do estético.
Vários pensadores renascentistas como Da Vinci, Monatigne entre outros dedicaram
reflexões sobre a importância dos exercícios físicos, sendo precursores de uma nova tendên-
cia que dava aval a inclusão de jogos, ginastica e esporte nas escolas. As ideias oriundas
desses pensadores fertilizaram o campo onde, na segunda metade do século XVIII, foram os
fundamentos que deram sustentação a educação física escolar. Entre os pensadores que,
numa fase pós-renascentista, influenciaram a Educação Física, não podemos deixar de citar
Locke e Rousseau, ambos deram destaque a Educação Física como elemento da educação.
Assim, para efetivarmos de fato a nossa analise do contexto histórico do esporte e
consequentemente do ensino de Educação Física continuamos apresentando o processo
evolutivo dessa temática com foco no Brasil.
A Educação Física escolar no Brasil surge por volta do século XVIII e XIX, com forte
influência da medicina, que se preocupava com a alta taxa de mortalidade da população
branca brasileira por falta de cuidados básicos de higiene. Esta inclusão foi reforçada pelos
interesses da Instituição Militar e do nacionalismo (Betti, 1991). A medicina trazia as ideias
das descobertas sobre os benefícios que a prática esportiva trazia para o corpo, por outro
126
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
lado os militares estavam preocupados com aptidão da população e o vigor como sendo
primordiais para seus ideais. Bracht (1992, p. 73) comenta:
A Educação Física, portanto, organizava-se com objetivos pautados pela higiene, saúde
e eugenia, preocupada em oferecer atividades saudáveis que produzissem homens prepara-
dos para atividades intelectuais e mulheres prontas para gerar filhos fortes e cuidar da família.
No período até 1945, estava a frente da presidência Getúlio Vargas, nessa época, era
de responsabilidade da Educação Física, enquanto dispositivo da ideologia do poder vigente
atender as demandas de segurança nacional aos perigos internos (revoltas existentes) e
externos (Brasil na 2ª guerra), qualificando mão de obra especializada para garantir a marcha
acelerada do processo de industrialização implementado no país. Como argumenta Soares
et al (1992, p. 51):
Com o término das grandes Guerras (1931- 1945) e do Estado Novo, inicio- se uma
sequência de discussões realizadas por diversos educadores sobre os caminhos da educa-
ção. Em relação à Educação Física levantou-se como proposta integrá-la como componente
educativo no campo de ação da rede pública de ensino.
No período da década de 1970, o governo militar apoiou a Educação Física na escola
objetivando à formação de um exército composto por jovens forte e saudáveis que se tra-
duzisse “na formação de hábitos de disciplina mental e corporal favoráveis ao desempenho
pleno, correto e útil da personalidade” (Betti, 1991, p.76) e também à desmobilização de
forças oposicionistas.
Nesse sentido, estreitaram-se os vínculos entre esporte e nacionalismo. Fortaleceu-se,
desta maneira, o conteúdo esportivo na escola, ratificou valores como a nacionalidade, a
eficiência e a produtividade. Nesse momento, o modelo denominado Escola Nova ganhava
força na educação, repercutindo no discurso da Educação Física.
Na década de 1980, com o novo cenário politico inerente à abertura democrática, a
Educação Física entra em crise de identidade, contestando fortemente os paradigmas de
127
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
esporte de rendimento para a escola. Como fruto deste descontentamento, surgem novas
formas de se pensar a Educação Física escolar. Como relata Santos (2006) aput Maia (2010):
[...] na escola o esporte tem que tomar uma conotação diferente, na qual o
aluno tenha uma perspectiva crítica, onde possa realmente fazer o seu es-
porte levando em consideração suas características e a sua situação real e
não apenas praticá-lo.
Nesse ideal, o educador não deve minimizar o esporte unicamente a sua prática, pois
este excede de forma positiva a sua função no contexto educacional. Assim cabe ao edu-
cador estimular o aluno a buscar o entendimento do porque se realizar tal atividade. Dessa
forma, o aluno deve ser o indivíduo atuante, critico e compreendendo melhor a sua função
no contexto social.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) entende a Educação Física como com-
ponente responsável por desenvolver as práticas corporais em suas diversas formas de
codificação e significação social. A Educação Física dentro da BNCC está inclusa na área
de Linguagens e avança em relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino ao
inseri-la junto com a Língua Portuguesa, Artes e Língua Estrangeira. Segundo a BNCC
(Brasil, 2018, p.217):
Essa nova forma de compreender a Educação Física enquanto componente tem como
objetivo formar um cidadão pleno, que desenvolve as suas capacidades e habilidades es-
portivas, mas que sabe refletir sobre a sua utilidade para a vida.
Embora a sociedade tenha evoluído, o elemento ao qual fez a Educação Física se ins-
taurar no contexto escolar continua a crescer a cada dia. A sociedade moderna, apesar de
ser denominada “moderna” permanece sendo dominada socialmente pelo modo capitalista,
que influência diretamente o modo de como devemos viver.
O esporte nesse sistema tornou-se mais um meio que um fim, um meio de afirmação
pessoal, de prazer, de vendas. Um atrativo econômico lucrativo, o que acaba muitas vezes
por contaminar as aulas de Educação Física, pois alguns professores acabam por buscar
128
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
o fator competição, fundamental para a manutenção do sistema capitalista. O esporte des-
se modo funciona como ótimo suporte para o prolongamento da luta pelo prestígio, pela
vitória individual.
A Educação Física neste contexto encontra um obstáculo perigoso multifacetado para
o desenvolvimento da sua função educacional, pois se deve trabalhar o esporte sem que
este se transforme em um instrumento de treinamento ou de competitividade.
A competitividade, principalmente pode desenvolve um ambiente repleto de desenten-
dimentos ou algo do tipo, que devem ser banidos da Educação Física, pois todos buscam
objetivos semelhantes como o aprendizado, o entretenimento, a diversão no ambiente escolar.
A grande diferença entre esporte da escola e esporte na escola, e que o esporte da
escola tem a sua função educacional aplicada, pois estimula à prática esportiva em prol do
lúdico, do desenvolvimento da cooperação, do companheirismo, do entreter, busca a am-
pliação dos atributos do esporte que são voltados para educação. Já o esporte na escola
busca aplicação de todas as regras, não possibilita nenhuma adaptação, adentra a esfera
do esporte de auto rendimento. Como comenta Soares (1992 p. 70):
Principio da inclusão
A sistematização de objetivos, conteúdos, processos de ensino e aprendiza-
gem e avaliação tem como meta a inclusão do aluno na cultura corporal de
movimento, por meio da participação e reflexão concretas e efetivas. Busca-
-se reverter o quadro histórico da área de seleção entre indivíduos aptos e
inaptos para as práticas corporais, resultantes da valorização exacerbada do
desempenho e da eficiência.
Principio da diversidade
O principio da diversidade aplica-se na construção dos processos de ensino
e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos, visando a am-
pliar as relações entre os conhecimentos da cultura corporal de movimento e
os sujeitos da aprendizagem. Busca-se legitimar as diversas possibilidades
de aprendizagem que se estabelecem com a consideração das dimensões
afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos.
Categorias de conteúdos
Os conteúdos são apresentados segundo sua categoria conceitual (fatos,
conceitos e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal (normas,
valores e atitudes). Os conteúdos conceituais e procedimentais mantêm uma
grande proximidade, na medida em que o objeto central da cultura corporal de
movimento gira em torno do fazer, do compreender e do sentir com o corpo.
129
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
Incluem-se nessas categorias os próprios processos de aprendizagem, orga-
nização e avaliação. Os conteúdos atitudinais apresentam-se como objetos de
ensino e aprendizagem, e apontam para a necessidade de o aluno vivencia-los
de modo concreto no cotidiano escolar, buscando minimizar a construção de
valores e atitudes por meio do currículo oculto.
A Educação Física neste contexto deve incluir nas suas práticas o maior número possí-
vel de aulas que sejam voltadas para a diversificação dos conteúdos, onde o aluno consiga
entender a sua cultura corporal, aspectos sociais entre outros elementos primordiais para
seu desenvolvimento enquanto ser social.
Paiva (2012) afirma que as metodologias de ensino do esporte educacional devem
considerar que todos os indivíduos, indiferente de seu nível de habilidade ou experiência na
modalidade, devem ter oportunidade de praticá-lo, isto é, as atividades devem proporcionar
condições de prática para todos.
O planejamento pedagógico deve levar em consideração os comportamentos e valores
que se pretende ensinar através da prática esportiva. Segundo Paiva (2012), observados
esses requisitos elementares de ensinar esporte para todos o “próximo passo é planejar a
pedagogia do esporte, respeitando os princípios do esporte educacional”.
O esporte moderno teve sua estrutura alicerçada a partir de elementos característicos
da sociedade capitalista, onde originaram-se algumas críticas por parte daqueles que o
tinham como instrumento de dominação burguesa. Bracht (1992, p. diz que:
130
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
cabe ao professor engajado na luta mais ampla, que excede o âmbito da es-
cola e do sistema de ensino, escolher entre fazer de sua ação pedagógica um
instrumento que apenas reproduz as violências educacionais (desigualdades,
discriminação, preconceitos, etc.) ou torná-la uma poderosa arma de negação
desta caótica situação.
Assim, compete ao professor a forma como deve ser trabalhado a prática esportiva
na ação pedagógica, ela pode ser uma ferramenta no combate a competitividade, a indivi-
dualidade entre os indivíduos, como pode sacraliza essas práticas tornando-as ainda mais
visíveis na nossa sociedade.
O esporte educacional tem como função desenvolver a cultura esportiva, quando traba-
lhado de forma correta, desenvolvendo o cultivo de atividades lúdicas, educa os indivíduos
para o uso pleno da cidadania, incentiva o conhecimento e o prazer pelo esporte.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais segundo Brasil (1998, p.63) dispõem que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, pudemos verificar a importância dos desportos na educação e qual a sua
funcionalidade para a formação das crianças e jovens do nosso país. Constatamos como
é difícil para aqueles que trabalham nesta área conseguirem demostrar a função educa-
cional dos desportos. Infelizmente, ainda existe uma grande desconfiança com relação aos
desportos, sobre o seu papel na educação, mas para aqueles que estudam e conhecem o
132
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
trabalho dos desportos na educação, veem nele com certeza um elemento indispensável
para a formação educacional.
A prática esportiva em si não é uma ferramenta educacional, no entanto, alguns fatores
que envolvem o seu aprendizado podem ser desenvolvidos para tal finalidade. O esporte
é uma atividade praticada em grupo, que depende de cooperação e interação, elementos
fundamentais na nossa vida, já que na sociedade temos que conviver em concordância com
o próximo e desenvolver habilidades para cooperar em sociedade.
O esporte como instrumento educacional deve contribuir para a construção de valores
morais e éticos, coibindo a competição exacerbada e a conquista de resultados a qualquer
custo. Dessa forma o esporte praticado na escola não deve prioriza a utilização de regras
rígidas, mas buscar a preparação do aluno para o ingresso na vida social, onde desenvolva
aptidões para manter um convívio saudável em comunidade.
A prática desportiva é importante tanto dentro como fora da escola, pois ela contribui
não só para aptidão física, mas consegue melhorar o desempenho dos indivíduos nas ati-
vidades cotidianas. Além disso, o esporte tem uma grande aceitação por parte dos jovens
em geral, a sua flexibilidade e o grande número de modalidades fazem com que ele alcance
um grande número de adeptos, embora nas aulas de Educação Física, estes fiquem mais
limitados. Geralmente as modalidades esportivas mais praticadas são o futebol (culturalmente
o esporte preferido do nosso país), o voleibol, o basquete e o handebol.
Esse componente contém muitos recursos para serem utilizados em prol da educação
de nossas crianças e jovens. A junção aula teórica e prática são componentes que produzem
conhecimentos para a vida toda. Quando se pratica aquilo que se estuda há uma motivação a
mais para o aprendizado, o que significa automaticamente melhor aprendizagem dos alunos.
As instituições de ensino tem que dispor de mais materiais didáticos e materiais para
melhor execução das aulas práticas de Educação Física, embora esta questão seja um
pouco mais complexa, já que não depende somente dela, mas também dos recursos que
são direcionados a este fim pelos órgãos competentes da educação.
Contudo, ainda nos resta a um fio de esperança em um futuro melhor e mais digno
para o componente de Educação Física em si, como para a educação de nosso país em
geral, que as metas direcionadas a educação sejam de fato colocadas em prática, deixando
o papel literalmente no passado.
133
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Base Nacional Comum Curricular. Brasília: 2017.
Disponível em: https://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ BNCC_EI_EF_110518_ver-
saofinal_site.pdf.2020. Acesso em: 15/01/2020.
3. BRACHT, Valter. Educação Física e Aprendizagem Social. Porto Alegre, Magister, 1992.
4. BENTO, J.O. Do desporto. In. Tani, G.; Bento, J. & Petersen, R. Pedagogia do Desporto. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
6. CARMO, Apolônio Abadio do. Educação Física: competência técnica e consciência política:
em busca de um movimento simétrico. Uberlândia, UFU, 1985.
9. NOBREGA, Terezinha Petrucia. Qual o lugar do corpo na educação? Notas sobre conhecimen-
to, processos cognitivos e currículo. Educação e Sociedade, v.26, n. 91, p. 599-615, ago. 2005.
10. NUNES, Cézar. O pedótriba e a educação física antiga. Filosofia e Educação (Online), ISSN
1984-9605- Revista Digital do Paideia Volume !. Número Especial de lançamento. 2009. Dis-
ponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br . Acesso em: 15/02/2021.
11. OLIVEIRA, Marinho Vitor. O que é educação física?São Paulo. Editora brasiliense, 6ª ed.,
1987.
13. RUBIO, Kátia. Do Olimpo ao Pós-Olimpismo: elementos para uma reflexão sobre o esporte
atual. Revista Paulista Educação Física. São Paulo. Editora CDD, edição 20. Pág. 130-143.
14. SANTOS, Luis Silva. O Desporto em si não educa. Revista da Educaçaõ Física/UEM 2000.
11(1), Pág. 77-85.
15. SOARES, Carmem Lúcia et al. Metodologia do ensino de educação física/coletivo de au-
tores- São Paulo. Cortez, 1992.
16. TUBINO, M.J.G. Dimensões sociais do esporte. 2ª ed. São Paulo. Cortez, 2001.
134
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
10
O ensino de crianças surdas no
contexto escolar
10.37885/210203118
RESUMO
Este artigo tem por objetivo compreender e refletir sobre o ensino de crianças surdas no
contexto escolar. A educação inclusiva nos últimos anos está sendo bastante debatida
nas escolas brasileiras. A comunidade escolar, em sua maioria, não compreende as
diversidades culturais que existem na sala de aula. As metodologias e avaliações de-
vem ser aplicadas pelos professores de acordo com as singularidades de cada aluno,
respeitando suas limitações. O aluno surdo, por exemplo, deve ser instigado o sentido
visual. As instituições escolas devem propiciar um trabalho dedicado para o ensino das
libras e da essencialidade dela para obtenção de conhecimento. Muitas vezes, por não
ter uma formação acadêmica na área o docente não consegue se comunicar com o
educando não ouvinte transferindo essa responsabilidade para o intérprete, que tem a
função de mediação.
136
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
INTRODUÇÃO
138
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
países. A sociedade generaliza a incapacidade, mesmo sendo ela voltada apenas para
alguns aspectos, como: cognitivo, sensorial, emotivo ou físico.
A visão errada do surdo como pessoa incapaz, torna a busca por direito ainda mais
difícil, nos locais públicos, na mídia e na escola. Embora existam políticas voltadas para
diminuir ou extinguir a exclusão, ainda vivenciamos situações explícitas de desrespeito e
falta de humanidade. Há uma diferença incisiva entre compreender a surdez como uma
deficiência ou compreendê-la como uma diferença. O indivíduo surdo apresenta uma dife-
rença de linguagem, em que as pessoas precisam discernir suas potencialidades e limites.
Os não ouvintes se orientam em virtude da sua visão, ainda que possua uma audição
parcial que lhe der pistas de sons, isto é, a percepção é essencial para essas pessoas.
Movimentos e expressões do corpo e da face são entendidos por meio do ato de ver, que
integra com outros critérios a língua de sinais, sendo um padrão gestual-visual.
A surdez provoca mudanças na funcionalidade e na estrutura do corpo, uma inaptidão
que limita a atividade e restringe a participação do indivíduo nas situações da vida cotidia-
na. É um prejuízo que inicialmente não é percebido, especialmente na criança pequena que
não pode se expressar verbalmente que não está ouvindo bem, pois se não identificada e
tratada precocemente, pode levar a um retardo grave no desenvolvimento de fala e lingua-
gem, além de gerar problemas sociais, emocionais, educacionais e de saúde.
139
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
O surdo tem, até hoje, vivido um movimento de resistência, buscando o reco-
nhecimento de sua cultura, tentando, fazer-se presente como minoria linguís-
tica, mesmo que ainda fragmentado e dividido pelo grupo que se submete a
hegemonia cultural.
Uma grande parte das crianças surdas não convivem com a comunidade cultural a qual
pertence, às vezes por falta de informação e outras pela a intolerância das famílias, perden-
do dessa forma sua identidade cultural e política. Com isso, a instituição escolar precisa ter
uma abertura para a cultura surda, reconhecendo a importância do processo de inclusão,
proporcionando metodologias linguísticas para que o indivíduo surdo se desenvolva de forma
autônoma, preparando-o para a resolução de conflitos.
A comunidade escolar precisa perceber que surdo não é diferente pela necessidade
especial que porta, mas porque desenvolve habilidades culturais distintas das dos ouvintes,
que são centradas na linguagem e na experiência visual. A respeito das pessoas que não
tiveram a chance de conviver com a cultura surda desde os primeiros meses de vida, é atra-
vés do conhecimento da língua de sinais que será possível formar sua personalidade em
diversos aspectos (linguístico, intelectual e social) e se relacionar com as demais pessoas.
O indivíduo que nasce surdo ou se torna surdo nos anos iniciais de existência, tem
dificuldade em adquirir uma linguagem e de socialização, ocorre um “travamento” da parte
do cérebro responsável pela linguagem, por não receber estimulação a linguagem acaba
ficando debilitada. E só é possível a obtenção de experiências se as crianças surdas inte-
ragirem com outras pessoas que possuam essa mesma necessidade.
A língua de sinais é um instrumento determinante para o desenvolvimento emocional
e cognitivo adequado, é por meio da língua que construímos e desconstruímos pensamen-
tos. È uma ponte de ligação do surdo com outros mundos, com o trabalho e os vínculos
afetivos. Além disso, a educação bilíngue parte do pressuposto que a primeira língua a ser
ensinada as pessoas surdas deve ser a de sinais, dando autonomia a sua linguagem natural,
depois também deve ser ensinada a oral, tendo como prioridade o aprendizado da língua
escrita, já que o letramento dos surdos é diferenciado ao dos ouvintes. Para SANTANA e
BERGAMO (2005, p. 21):
140
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
As escolas devem proporcionar um trabalho voltado para o ensino das libras e da
importância dela para aquisição de conhecimentos, pois ela traz impressões positivas para
a construção da pessoa surda. Se por acaso algumas instituições escolares, não acharem
relevantes tais aspectos, a relação do não ouvinte com os pares pode produzir conflitos nas
várias esferas: psicológica, pedagógica e social, produzindo baixo rendimento escolar desses
indivíduos. Muitos surdos relatam como insatisfatório os resultados obtidos após sucessivos
anos escolares, pois a educação inclusiva não pode acontecer a qualquer custo. Porque
dessa forma acaba desconsiderando assuntos essenciais a respeito da cultura, linguagem
e de comunidades pouco lembradas no processo educacional. O obstáculo primordial é a
maneira como a língua de sinais é compreendida e acolhida nos projetos pedagógicos.
A Lei 10.436, o Decreto nº 5626/2005 instituiu a Libras como disciplina curricular obri-
gatória para cursos de formação de professores e optativa para os demais cursos de edu-
cação superior, estimulando muitos debates sobre a expectativa de elaboração de cursos
superiores voltados para esses sujeitos. Além disso, as políticas educacionais para inclusão
devem permitir as pessoas surdas o direito de compartilhar sua língua nas instituições pú-
blicas de ensino regular.
A educação baseada no bilinguismo é um grande desafio a ser enfrentado pelos pro-
fessores, intérpretes e gestores escolares. Algumas escolas brasileiras têm acesso aos
intérpretes, que disponibilizam ao surdo manter a comunicação pela língua de sinais, mas
muitas vezes se detém apenas na tradução da língua oral, como um mero recurso peda-
gógico, deturpando sua real importância para o contexto social do educando. As salas de
recursos multifuncionais são voltadas para o atendimento educacional especializado, onde
o ensino de libras é mais eficaz, porém não é focada apenas nos indivíduos surdos, faz a
intervenção didática para todas as crianças especiais do ambiente escolar, complementando
os conhecimentos adquiridos na sala regular.
O bilinguismo ganhou mais espaço na última década no Brasil, tendo impacto na
estruturação da materialização pedagógica, principalmente nas metodologias abordadas
pelos professores.
141
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
ainda mais eficaz. Esses métodos permitem aos alunos surdos e ouvintes, a oportunidade
de discussões, trocas de saberes e experiências.
Geralmente os educandos surdos chegam ao espaço escolar com conhecimento de
mundo reduzido em relação aos alunos ouvintes. Além disso, tem que haver uma troca
mútua entre o professor regente da sala de aula com o intérprete de libras, ambos precisar
executar ações coordenadas para ter êxito no trabalho pedagógico.
A pedagogia é a ciência que tem como objeto de estudo a educação, o processo de
ensino e a aprendizagem, tenta sempre acompanhar as tecnologias, principalmente as vi-
suais. Atualmente, dispomos de vários meios visuais, como a televisão que esta ao alcance
de quase todas as pessoas, expondo diversos espaços visuais. A escola está interligada
com a era digital e não se pode mais falar sobre esses processos de forma separada. Pois
as tecnologias estão presentes em diversos componentes, como por exemplo, na educação
artística, onde está direcionada para a arte e a cultura visual, criando instrumentos e métodos
próprios, objetivando o desenvolvimento da criatividade plástica e visual. Na informática,
podem ser produzidos programas pedagógicos que utilizam a tecnologia da computação
para ensinar de maneira mais dinamizada a comunidade surda.
Uma imagem causa no indivíduo que faz a leitura reflexões de contextos, da socieda-
de, denunciando componentes de exclusão social, consumismo, tristeza, entre outros da
nossa sociedade. As imagens são muito abordadas pela mídia televisiva e jornalística, uma
vez que causa um grande impacto nas opiniões do público que assiste, corroborando com
suas convicções ou desconstruindo as mesmas. È nesse sentido, que a leitura de imagens
poderiam ser utilizada nas escolas para a construção de significados.
Assim, recursos simples como maquetes, mapas, gráficos, tabelas, fotografias, vídeos,
trechos de filmes poderia ser ferramentas úteis para a exploração de um tema ou conteúdo
de ciências, física, geografia, história, entre outros componentes. Mas o que se percebe nas
salas de aula é o tradicionalismo, isto é, aulas pautadas em leitura de conceitos e reprodução
dos mesmos, sem instigar o aluno a pensar criticamente, a expor seu ponto de vista. Para o
intérprete é muito mais acessível ter uma aula repleta de discussões, com debates amplos,
pois o aluno surdo terá uma aprendizagem mais efetiva, porque tem mais possibilidades de
refletir sobre os temas apresentados.
Ainda dentro de uma ótica de instrumentos de uma pedagogia visual, temos os mapas
conceituais, sendo utilizados para organizar e retratar o conhecimento para temas simples
e complexos, se sustentando na representação gráfica de duas proporções de um conjunto
de conceitos interligados pela esquematização dos conhecimentos.
O método de construção de mapa conceitual deve ser solicitado sempre que pos-
sível pelo professor, pois é uma maneira de sintetizar o conteúdo aprendido a partir da
142
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
interpretação do que foi visto. Outro recurso interessante é a peça teatral, onde os surdos
criam situações problemas que são encenadas através de mímicas e da sua linguagem
própria, construindo significados apropriados.
Esclarece que a educação de surdos, tendo uma proposta bilíngue, deve gozar
de um currículo organizado com perspectiva visual-espacial para garantir ao
aluno surdo o acesso a todos os conteúdos escolares na Língua Brasileira
de Sinais. O Bilinguismo seria a proposta mais adequada para o ensino de
crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua
natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita.
143
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
O intérprete faz a transposição da língua de sinais para o português ou vice-ver-
sa. O ofício do intérprete é mais difícil do que podemos imaginar, requer dos profissionais
não apenas o ato de interpretar, sendo mais profundo conhecimento teórico a respeito da
área desenvolvida em sala de aula. No exercício do trabalho dos intérpretes alguns temas
precisam ser abordados para refletirmos quanto à educação do aluno surdo. A presença
do profissional em sala de aula traz vários aspectos positivos, como: O aluno não ouvinte
consegue assimilar os conteúdos propostos com mais facilidade, sente-se com uma maior
autoconfiança e tem mais possibilidade de compreender e ser compreendido, o processo
educacional fica menos cansativo para o professor e os educandos ouvintes, o educador
dispõe de maior tempo para atender as necessidades educacionais dos demais, a LIBRAS
passa a ser mais conhecida e acessível, o aluno surdo conseguirá se desenvolver melhor,
possibilitando sua aprendizagem da língua portuguesa.
Em contrapartida, também existem aspectos desfavoráveis, os ouvintes ficam desaten-
tos a fala do professor, pois ficam observando as caricaturas gestuais dos intérpretes, esses
profissionais podem não conseguir transmitir os conteúdos com o mesmo grau de realidade,
o professor não se relaciona diretamente com o surdo, entre outros itens.
Na atualidade, o intérprete tem o papel de dar suporte ao desenvolvimento educacio-
nal. Às vezes, parece acontecer uma mudança de funções, onde o intérprete adquiriu o papel
da instituição escolar, apoiando o ensino de surdos. Portanto, ficam algumas indagações
referentes ao papel real dos intérpretes. É esse tipo de educação inclusiva que desejamos
para os indivíduos surdos? Em decorrência disto, podemos entender que não acontecem
modificações efetivas de estrutura curricular, mas de maquiarmos a realidade, sem alcan-
çarmos nossos objetivos de saciar as necessidades reais dos alunos.
A introdução desses profissionais precisa ser realizada com cautela e bastante refle-
xão, pois a prática inclusiva vivenciada até hoje é de não conhecimento da comunidade não
ouvinte, falta também capacitação para debates a cerca dessas possibilidades. Além do que,
essa prática exige trabalho intenso, com doação de muitas horas por dia, dedicação quase
que exclusiva para o desempenho da atividade, porque o intérprete precisa se planejar e
estudar assuntos, para poder transmitir com qualidade para os alunos surdos.
Também devemos levar em consideração o ato de interpretar, ao qual é conferida
muita importância, já que é um processo intelectual pelo qual se transmite mensagens de
uma língua a outra, através da oralidade ou dos sinais. Os dois verbos a seguir se diferem
interpretar e traduzir, este se refere a restrito, único, ao processo de permutação de men-
sagens escritas de uma língua para outra.
A interpretação é por si só um processo de tomada de medidas sintáticas, semânti-
cas e pragmáticas, em que confrontada com uma situação-problema, a resolução passa
144
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
imprescindivelmente pela língua. Acredita-se também que só o conhecimento da língua
não solucionou o problema da educação de educandos surdos, apesar de algumas ações
ainda temos professores não surdos que permanecem com o diálogo que não conseguem
lecionar para o aluno, desconhecem sua língua e sua cultura.
O intérprete sempre faz um canal entre dois sujeitos, construindo uma ponte de conhe-
cimento entre uma cultura a outra, fazendo inversões, numa relação baseada na conversação
mútua entre alunos surdos e professores ouvintes. Todo intérprete deve ter um conhecimento
amplo a trafegar entre as duas línguas, dedicando-se para adquirir definições linguísticas e
culturais das comunidades inseridas, para que todo o significado que se transmita da reflexão
de um falante para o outro venha cheio de ligeiras variações para que sofram alterações
próprias de cada pessoa.
Outra dificuldade encontrada está no tempo da fala verbal que não é o mesmo na língua
de sinais. Pode atrasar mais ou menos em distintas situações e conteúdos, o que prejudi-
ca a interpretação, uma vez que é feita ao mesmo tempo em que é realiza a explanação
oral. Os conteúdos podem sofrer redução, mesmo que o intérprete seja habilidoso, além,
disso, existem imensas diferenças linguísticas entre uma língua de categoria auditivo-verbal
e outra língua de categoria visual-motora. Mesmo com essas dificuldades apresentadas o
intérprete tem uma função de extrema importância no processo ensino-aprendizagem as pes-
soas com necessidades especiais nas escolas de modalidade básica, no sentido de expandir
a língua. Na maioria dos casos, ele é o único que compreende a língua na instituição escolar.
A história do Brasil é marcada pela exclusão dos indivíduos surdos no contexto escolar,
local em que a oralidade e a escrita são adquiridas. Durante vários anos os surdos frequenta-
ram instituições filantrópicas, isto é, institutos ou associações voltadas para o humanitarismo.
A lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira determina que os sistemas de ensino
devam garantir, em especial, aos docentes com especialização ou capacitados, que possam
exercer seu trabalho com qualquer indivíduo especial na sala de aula. Entretanto, este pode
ser um procedimento demorado, já que a maioria dos docentes do ensino regular não estão
capacitados para atuar com educandos com necessidades especiais.
Em várias instituições escolares inclusivas da rede regular de ensino, o processo de
incluir se dar pela mediação de um intérprete. Tendo como papel a tradução, para a língua
de sinais, dos assuntos que o professor está abordando. O docente continua tendo a fun-
ção de explicar os conteúdos curriculares para os alunos que ouvem e o intérprete é um
dos integrantes que faz com que os surdos sejam incluídos no ambiente da sala de aula.
Segundo SILVA (2003, p.32):
145
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
A integração escolar tem como objetivo inserir o aluno com deficiência na es-
cola regular, porém, essa escola permanece organizada da mesma forma e é
o aluno que foi inserido que deverá adaptar-se a ela. No entanto no sistema
de ensino inclusivo é a escola que se reorganiza para atender a especificidade
de cada aluno. Sendo assim, o foco da integração é o aluno com deficiência
e o foco da inclusão é o sistema de ensino que tem que oferecer um ensino
de qualidade a todos.
As escolas em sua maioria não apontam uma situação de inclusão de estudantes com
deficiências educacionais especiais, dentre esses, os não ouvintes. Infelizmente, ainda
existem necessidades de infraestrutura adequada de salas de aula, de materiais, recursos
visuais, métodos pedagógicos, e de docentes com especialização ou intérpretes.
Para a escola ser pautada no processo de inclusão precisa sofrer uma reestruturação,
um aperfeiçoamento dos professores, inovar suas metodologias contemplando os alunos
surdos, refazer políticas voltadas para educação, elaborar projetos educacionais que visem
à inserção desses estudantes e a qualidade do ensino. Para que o aluno surdo consiga de-
senvolver suas potencialidades, o professor precisa instigar o aluno a pensar e raciocinar,
assim como fazem com os educandos ouvintes.
O educador deve planejar suas aulas e executá-las por meio de procedimentos pe-
dagógicos que estimulem o aluno a elaborar o seu próprio conhecimento. Entretanto, em
muitas escolas os conteúdos são repassados ainda numa ótica tradicional, sem levar em
conta as dificuldades apresentadas pelos alunos. Desse modo, o educando não consegue
desenvolver uma aprendizagem eficaz. Temos que compreender que em todas as salas
de aula haverá uma grande heterogeneidade de culturas e conhecimentos. Pertencerá ao
professor o desafio de realizar estratégias que viabilize a diminuição das desigualdades e
trabalhar as diferenças dentro do contexto escolar.
Há uma enorme dificuldade das pessoas surdas terem facilidade na comunicação, o
que requer do outro estar disposto a tentar compreendê-lo. Os não ouvintes exibem na maio-
ria das vezes uma comunicação baseada em gestos e ruídos, causando certa estranheza,
podendo dar início ao preconceito, pois diante de tal situação muitas pessoas iriam despre-
zá-lo. Antigamente, a exclusão dos surdos ainda era maior, visto que não conseguiam ter
acesso ao mercado de trabalho, devido à falta de preparo dos surdos e da empresa. Com o
passar dos anos foram sido criadas leis que permitem a abertura de vagas para deficientes
em concursos e seleções públicas.
A implantação do processo de inclusão como uma conjuntura em que cada criança
é essencial para garantir a riqueza do conjunto, sendo interessante que todas as classes
regulares tenham uma pluralidade de culturas, onde a escola tem que ser criativa para ela-
borar políticas que mantenham o aluno na sala regular, sem aumentar os índices de evasão
escolar, que é um problema que aflige todas as escolas brasileiras. Com a permanência
146
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
desses alunos será possível obter resultados positivos em seu desempenho tanto de cunho
acadêmico quanto social.
A inclusão é observada como um processo dinâmico e paulatino, que pode obter for-
matos diferentes, dependendo das necessidades dos educandos, visto que se pressupõe
que essa interação\ inclusão, permite a elaboração de processos linguísticos apropriados,
de aprendizagem dos conteúdos e de utilização na sociedade da leitura e escrita. Os alunos
surdos chegam à escola com uma linguagem completamente diferente dos demais com-
ponentes da instituição, não partilhando uma língua com seus pares e professores, nesse
momento, a escola tem que promover a justiça, utilizar se preciso meios pedagógicos dis-
tintos, como o método de avaliar, com o propósito de não cometer injustiças.
A instituição escolar tem que reconhecer os problemas existentes na educação de
surdos, mas jamais pode fugir da sua responsabilidade ou agir como se essas dificuldades
fossem inexistentes. A maior problemática a cerca da educação inclusiva está nas desigual-
dades sociais, presente no Brasil e em outros países subdesenvolvidos. A fragilidade da
inclusão está no fato de que, habitualmente, o discurso é bem distinto da realidade, onde
nos deparamos com salas de aula superlotadas, professores com péssimas remunerações,
infraestrutura precária, quadro de professores com qualificação deficiente na área.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabemos que a educação inclusiva nas escolas brasileiras ainda está engatinhando,
há muito a ser feito, o governo precisa dar apoio financeiro e técnico. As famílias têm o
dever de matricular seus filhos portadores de surdez nos anos inicias do ensino fundamen-
tal I, permitindo dessa maneira o desenvolvimento das suas habilidades cognitivas e físicas.
Somente obteremos resultados positivos na educação inclusiva para não ouvintes se todas
as esferas colaborarem e se empenharem para vencer os desafios.
O ministério público, por exemplo, precisa elaborar materiais didáticos adaptados à
língua de sinais, dar suporte e incentivar a abertura de cursos de licenciatura e bacharel no
ensino de libras nas universidades e faculdades. As políticas públicas devem está mais volta-
das para a formação continuada dos professores, principalmente para a educação especial,
capacitando esses profissionais a atuarem com mais autonomia e segurança. Também se
faz necessário valorizar e incentivar os profissionais da educação e os futuros profissionais,
favorecendo um plano de carreira que os motive a fazer um trabalho pedagógico construtivo.
A realidade da educação de alunos surdos, ainda é algo a ser debatido e melhor
explanado. As estratégias metodológicas em sala de aula devem ser adequadas e que
favoreçam os alunos não ouvintes que estão integrados, sendo o docente o responsável
147
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
pela intermediação na elaboração do conhecimento por meio da comunicação do educando
surdo com seus colegas.
Atualmente, o bilinguismo está sendo usado no Brasil como o recurso mais adequado
para o desenvolvimento das potencialidades educacionais dos não ouvintes no cenário
inclusivo. No entanto, não basta apenas que o surdo esteja incluso em sala com o aluno
ouvinte, ou que tenha a presença de um intérprete, é essencial que a comunidade escolar
respeite a língua de sinais e a singularidade da cultura surda.
Temos que compreender que a pessoa surda tem o direito de frequentar salas de
aula regular, de participar ativamente de todos os projetos pedagógicos desenvolvidos no
ambiente escolar. Direito de expressar seu pensamento crítico, cultural e artístico. São as-
segurados a ter metodologias compatíveis com suas necessidades e sentirem-se inserido
no contexto escolar.
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jaqueline Dias de. Inclusão do aluno com deficiência auditiva: Um desafio à
família e aos profissionais de educação. Brasília, v.1, p. 12- 63, 2011.
3. GÓES, Alexandre Morand, et al; Língua brasileira de sinais; São Paulo; Secretaria de edu-
cação a distância; 2011.
5. LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem
alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Campinas, v.26, n.69, p. 163-
184, 2006.
7. NEGRELLI, Maria Elizabeth; MARCON, Sonia Silva. Família e criança surda. Maringá, v.5,
n.1, p.98-107, 2006.
9. RIJO, Marcos Giovane de Quevedo. A inclusão de alunos surdos nas escolas públicas de
Passo Fundo. Cuiabá, v. 1, p. 10-30, 2009.
10. RODRIGUES, Ana Filipa; PIRES, Antonio. Surdez infantil e comportamento parental. Santa
Maria, v.1, p. 389-399, 2002.
148
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
11. ROSA, Danielle Gomes da. Educação e surdez – em defesa da língua de sinais para a
inclusão social dos surdos. Rio de Janeiro, v.1, p. 07-45, 2013.
12. SILVA, Angélica Bronzatto de Paiva e, et al. Mães ouvintes com filhos surdos: Concepção
de surdez e escolha da modalidade de linguagem. Brasília, v.23, n.3, p. 279-286, 2007.
13. SILVA, Carine Mendes da; SILVA, Daniele Nunes Henrique. Libras na educação de surdos:
o que dizem os profissionais da escola?São Paulo, v. 20, n.1, p. 33-43, 2016.
149
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
SOBRE OS ORGANIZADORES
Shirley Vieira de Lima
Graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Licenciada Plena
pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde concluiu também o curso de Especialização em
Gestão Escolar (Lato Sensu). Especialista em Ensino de Biologia (Lato Sensu) pela Universidade
Farias Brito. Mestrado em Ciências da Educação pela Universidade Interamericana (Stricto
Sensu), Doutorado em Ciências da Educação pela Universidade Interamericana (Stricto Sensu).
Atuou na Secretaria da Educação Básica do Ceará nas áreas de Gestão Educacional, exercendo
assessoria técnica da Coordenadoria de Gestão Articulação e Gestão Educacional e na Coordenação de
Recursos Humanos. Exerceu assessoria técnica na Coordenadoria de Regulação, Acompanhamento
e Controle das Instituições Educacionais, no Conselho Estadual de Educação do Ceará.
Atualmente atua na Educação de Jovens e Adultos e na educação de crianças como voluntária
no projeto comunitário de reforço escolar. Tem interesse nas temáticas de gestão educacional,
voluntariado, inclusão educacional e desenvolvimento de práticas de inclusão nas redes de ensino.
150
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
ÍNDICE REMISSIVO
Inclusão: 12, 13, 22, 31, 32, 33, 63, 66, 75, 78,
A 79, 148
Acessibilidade Arquitetônica: 63, 79 Inclusiva: 16, 22, 28, 29, 31, 33, 79, 136
C M
Conhecimento: 92, 136 Magistério: 53
D P
Deficiência Física: 63 Pandemia: 96, 100
Educação: 5, 6, 7, 14, 15, 16, 18, 22, 25, 28, 29, Psicopedagogia: 30, 53, 54, 55, 56, 59, 110,
31, 32, 33, 36, 44, 51, 59, 60, 61, 64, 69, 70, 71, 116, 117, 118, 120
75, 76, 79, 88, 89, 90, 91, 94, 97, 98, 108, 119,
120, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, S
133, 134, 138, 145, 149
Seleção de Diretores: 88
Ensino: 7, 28, 35, 53, 61, 79, 89, 90, 91, 100, Sucesso Escolar: 81
128, 131, 136
Surdo: 136
Ensino Aprendizagem: 35
Escola Integral: 35
F
Família: 81, 110, 148
G
Gestão Escolar: 87
Gestão Participativa: 81
H
Habilidades Socioemocionais: 100
I
151
Gestão Escolar: desafios e possibilidades
VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS
editora científica