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GASTRONOMIA AOS ÒRÌSÀS E À SEUS

ADEPTOS

INTRODUÇÃO:

A princípio; muitos dizem: Sempre devemos iniciar nossos


conhecimentos pela cozinha de Òrìsàs, para no futuro, então,
realizarmos seus assentamentos. Concordo plenamente!
Porque nunca devemos colocar a carreta na frente dos bois
ou colocar as meias por cima do sapato! Outros exemplos: É
o mesmo que dar um avião ou um automóvel para quem não
sabe dirigir! Diga-me: Qual é o resultado em breve?

Portanto, afirmo que qualquer iniciante, sempre deve iniciar


pela cozinha, para que, no futuro então realize suas
Obrigações de assentamento de Òrìsàs.

Selecionei, alguns entre diversos ossés (comidas). Específico


que trata da alimentação dos Òrìsàs. A mais viva tradição da
prática religiosa trazida pelos “Negros Africanos”.

As várias,espécies alimentares trazidas, sem a menor dúvida,


é uma segurança para todos que têm compromissos com
Òrìsàs e que estão sujeitos ao cumprimento de Obrigações
Ritualísticas.

Com o objetivo de resgatar a legítima culinária da “velha


tradição” da Zona Sul do Estado (RGS), usada por vários Ilés,
que no passado e ainda hoje, realizam o Culto dos Òrìsàs.

Com certeza, é um ritual pleno de riqueza estética (o colorido


do vestuário, dos orins (cânticos aos Òrìsàs) e na saudação as
Divindades de poderes mágicos, nas danças e no batucar dos
Ilus, nos àses e os banhos de ervas). Destaque-se o como e o
porque das “oferendas e ossés” de Òrìsàs. Devo ressaltar e
elucidar as exigências das Divindades, como se pode ver no
variado cardápio culinário, todos saborosos e provocando
desejo à qualquer ser humano.

Antes, de mais nada, desejo deixar bem claro:


“O “Sal” e o “Alho” não devem fazer parte como tempero,
quando as oferendas se destinam à Òrìsàs. Observação: O
“sal”em alguns àses “sim”em outros “não”. Porque alguns não
dispensam, o mesmo, e é o diferencial. Mas de modo geral
não se usa o sal em oferendas aos Òrìsàs. Só utilizamos
quando se faz para os filhos de Òrìsàs, adeptos e
convidados.”

Róndémò ossé Òrísás

(róndémò = mostrando o caminho do saber), ossé (comida),


Òrìsàs (Divindades, força da natureza).

Obs.: A higiene, tanto da cozinha como dos cozinheiros, é


importantíssimo, toda s as pessoas que lidam na cozinha,
antes tomar banho de ervas. Tussú = amarrar pano na
cabeça em respeito aos Òrìsàs, para poder realizar os ossés
às Divindades.

1-ABÀRÁ = Ossé (comida), ofertado aos Òrìsàs Yansã ; Obá e


Ibeije. Pequeno bolo de massa feito com feijão miúdo ou
fradinho. Devemos cozinhar o feijão, para depois refogar com
cebola picadinha e azeite de dendê (epô), “sem sal” para os
Òrìsàs. Quando for para o povo podemos adicionar “sal”.
Depois de refogado a massa, iremos colocar envolto em
folhas de bananeiras, já brevemente passadas em água
quente. Como incremento ao ossé, podemos adicionar,
quando for para Ebó de Levantação, um camarão inteiro ou
picado. Já em outras ocasiões, podemos realizar esta,
saborosa comida, com galinha desfiada e refogada
brevemente e se misturando à massa de feijão.
2-ABARI = Ossé ofertado para os Òrìsàs Ògún e Obá . Bolo de
milho e feijão. Devemos cozinhar o milho e o feijão separados
para depois juntá-los. Realizando da mesma maneira do
Abará.

3-ABERÉN = Ossé ofertado aos Òrìsàs Sakpata, Xapanã e


também Sobodan. Devemos utilizar a mesma farinha do
“akatsá” ( deixar de molho por alguns dias a canjica branca,
depois triturar no mó ou em máquina de moer, obtendo uma
farinha e peneirando a mesma, para termos a farinha bem
fininha). Devemos misturar a farinha com água e adicionar
um pouco de açúcar e logo após levar ao fogo, até obtermos
uma massa uniforme. Enrolando em folhas de bananeira,
estas já, brevemente, passadas em água quente. Neste ossé,
também podemos usar farinha de arroz, o processo é o
mesmo.

4- ÀBÀLÁ = Bolinhos de arroz com tempero verde. A farinha


de arroz, se faz da mesma maneira, como a do akassá. E a
maneira de fazer é a mesma do “ABERÉN”. Serve-se à
Yemonjá.

5- AKATSÁ = Quer dizer: Pão. Ossé de preferência de vários


Òrìsàs. Para Òòsààlá ( com canjica branca, realizar a farinha.
E fazer “sem sal”. Como fazer a farinha: Deixar de molho por
alguns dias a canjica branca, depois triturar no mó ou em
máquina de moer, depois peneira-se a farinha para se obter
uma farinha bem fininha. Junta-se água a farinha e “banha de
ori” depois vai-se mexendo e chamando pelo Òrìsà até formar
uma pasta, que ainda quente é envolto em folhas de
bananeiras, brevemente passada em água quente e murcha.
Já para outros Òrìsàs, fazer da mesma maneira mas, batizá-lo
com uma pitada de sal, sendo mais usado para Nanã, Ibeije e
Yemonjá, inclusive para Ó-Obara. Podendo fazer a estes
Òrìsàs com farinha de arroz, menos Ó-Obara. Também temos
o akatsá com farinha de arroz e com leite de coco e açúcar,
em ponto de gelatina trêmula. Chamado de akatsá de leite.

6-ÀKÀRÀIJÉ = ( àkàrà = bolo de feijão, frito; ijé = comida).


Ossé, preferido de Yansã. Outros Òrìsàs, como Sòngó, Obá e
Ibeije e, para alguns Ò-Obara, realiza-se em ossé anual.

Como fazer: Coloca-se, alguns dias de molho o feijão miúdo


ou até mesmo o fradinho. Depois retira-se a película que
cobre o feijão. Ele é descascado. Depois leva-se o feijão à
máquina de moer ou na pedra de mó e transforma-se o feijão
em uma massa bem fina. Devemos deixar descansar a massa
por um pequeno tempo. A pessoa, que for bater o àkàrìjé,
deve cobrir a cabeça com um pano e postar-se ao lado da
porta do Pará ou Peji em silêncio; vai mexendo sempre no
mesmo ritmo até crescer a massa, depois colocar três pedras
pequenas de carvão vegetal e logo em seguida adicionar o
tempero, ou seja, cebola moída, salsa bem picadinha e um
pouco de epô. O sal só iremos usar quando tirarmos para o
povo. Os primeiros àkàràijés são destinados aos Òrìsàs e sem
sal. Leva-se ao fogo em uma frigideira com azeite de dendê,
quase cheia, deixa-se ferver bem e frita-se a massa ( caso,
queira adicionar à massa um camarão, já brevemente, cozido
é opcional) em forma de bolinhos.Quando estiver bem corado
cada bolinho aí temos o delicioso àkàràijé.

Frios, servem-se à Mãe Yansã, Oyá, em travessas, alguidar,


enfeitando-se a borda com folhas de louro, verdes, que têm o
simbolismo da vitória e da glória. Para outros Òrìsàs, se
realiza o àkàrìjé, o feijão com casca.

7-ÈKURU ou também chamado de Kúdùrú: Ossé feito de


feijão “branco”ou até mesmo com feijão fradinho. Ossé
destinado aos Ibeije (gêmeos). Depois de deixar o feijão de
molho por alguns dias, remover sua película, ou seja, a pele
ou casca do mesmo. Após isto, moer no mó ou máquina,
realizar uma massa bem fininha.Não adicionar nenhum
tempero antes de bater a massa, após ter batido bem a
massa só colocar pouquinho cebola moída. Depois iremos
pegar potes de porcelana ou forminha de quindim e untar
com banha, após colocar a massa dentro da mesma. Colocar
os potes dentro de uma forma de assar com água(cozinhar
em banho Maria) e colocar dentro do forno do fogo, com fogo
baixo, cuidar para não queimar. Para verificar se está pronto,
espetar um palito. Quando for servir aos Ibeijes, colocar mel
por cima e enfeitar o prato com balas. Atenção: Do Èkuru,
após feito, é que, iremos fazer a farinha para Ossé Áoro de
Òsún.

8-AÒ-RÒ = Ossé de Òsún.. Para se fazer o verdadeiro ossé


Aò-rò de Òsún, após ter feito o ossé Èkuru, devemos
desmanchar com as mãos e fazer uma farinha, depois
adicionar um pouco de epô e mel. Com a couve manteiga,
iremos tirar o talo, passar a mesma em água quente, após
isso, cortar bem fininho, tipo cabelinho de anjo, para depois
enfeitar com as mesmas, a borda do prato e com a farinha no
centro, ainda podemos colocar oito moedas passadas no mel.
Obs.: O Aò-rò de Òsún Demum, é diferente: Pegar alguns
Àkàràijés depois de pronto, triturar com as mãos , os
mesmos, e refogar no epô, depois de pronto, enfeitar da
mesma maneira com as couves o prato. Após ficar frio, servir
para Mães.

9- ALÈLÉ = Ossé de Òsún. Devemos realizar a massa da


mesma maneira que na feitura do Àkàràijé, só iremos utilizar
os seguintes temperos: cebola moída e cebola verde picada,
menos salsa e nem sal e carvão. As folhas de couve sem
talos, passar em água quente para murchar. Colocar a massa
dentro das folhas e fazer uma trouxinha, se possível amarrar
com cordão ou imbira. Elas devem ser cozinhadas no bafo.
Como devemos realizar o cozimento: Pegar uma panela,
colocar em seu fundo, tiras de bambu, fazendo uma armação,
como nem, fazer uma arapuca, colocar água, para então
depois colocar em cima as trouxinhas, fechar a panela, e
deixar cozinhar. Atenção: Querendo adicionar a massa
camarão moído e já pré-cozido, fica uma delícia. Obs.: Serve-
se frio para as Mães, regar com mel.

10- ADÀLÙ (Dàlù; quer dizer mistura): Ossé de Ògún e Obá.


Devemos cozinhar o milho vermelho,brevemente, escolhido e
lavado. Cozinhar o milho bem,após escorrer sua água.
Realizar da mesma maneira com feijão miúdo.Depois
devemos unir ambos, para refogar em uma panela, com os
seguintes temperos: Já, brevemente, feito com cebola picada,
cebola verde e camarão, tudo refogado no dendê. Ficando
pronto, serve-se em alguidar (obèrò) ou envolto em folhas de
imbiri, já brevemente passadas em água quente e murchas.
Para os Òrìsàs, serve-se frio e sem sal, já para o povo
podemos adicionar sal.

11-ÌJÉBO (AJABÓ ou AJÉBÓ) = Ìjé: alimento; bo: adorar,


cultuar “comida ritual”. = Ossé de Iroko (cultuado em
Pelotas) e também à Òòsàlufaa, como aos demais Òrìsàs.
Trata-se de um ossé de misericórdia. É feito dá seguinte
maneira: Iremos escolher bem os quiabos, lavar e picar, os
mesmos. Colocar dentro do pilão junto com um pouco de mel
e socar até desmanchar os quiabos, depois de pronto, servir
em alguidar ou prato de louça branca. Podemos colocar em
cima, akatsá aberto e regado com mel. Este ossé muitas
vezes substitui uma frente completa. É um eró awo (segredo,
culto secreto).

12- ÀÁDÙN (adum ou adó) = (Ádùn = doçura) = Ossé de


Òsún. Como devemos fazer: Milho vermelho torrado clarinho,
reduzido a pó no pilão. Depois levar à frigideira e untar com
azeite de dendê (epô) e mel, ainda quente, realizar com as
mãos uma bola. Depois de frio, em um prato de louça branca
iremos colocar sob algumas folhas de couve manteiga e na
borda do prato moedas. Colocar esse Ossé ao lado do
assentamento da Òsún. Veja depois o resultado!
13- ABADÒ ou BADÒ DAN (Milho de Dan = Bessém ou Dàni
=“feminino do Dan”) = Devemos escolher o milho, depois
lavar e deixar secar ao sol. Para depois tirar o olho do milho
(muitos substituem pela canjica amarela). Devemos cozinhar
bem, depois refogar o milho com cebola picada, cebola verde,
salsa picada, epô, e com opcional, juntar camarões também
picados. Serve-se em louça branca.

14-BÀTÈTÈ (BÀ=bater; TÈTÈ= rapidamente) = Ossé de Ògún


Avagaa. Devemos em primeiro lugar descascar o inhame,
depois ralar, o mesmo, que fique em tirinhas. Colocar em um
prato de barro e adicionar epô, antes batizar com uma pitada
de sal. Servir ao nosso grande vencedor de demandas. Obs.:
Na falta do inhame, podemos usar batata inglesa.

15- ENÈ ou Endéa = (Ovos) = Ossé de Obá. Em primeiro


lugar, devemos reunir em um frigideira a parte uma porção
de temperos verdes ( salsa picada,cebola picada, cebola
verde picada e coentro moído, pouquinho) e refogar os
temperos em azeite de dendê (epô). Em outra frigideira com
epô devemos fritar 7 ovos e também cobrir os mesmos com
epô. Quando estiver pronto o tempero e os ovos, iremos
colocar em primeiro lugar em um prato ou travessa de barro
o tempero, fazendo uma cama para os ovos, para depois
colocar os ovos em cima. Não devemos deixar arrebentar os
ovos ao colocar. Para isso, quando iremos frita-los, antes
quebramos, os ovos, todos em um prato comum, para
ficarem unidos. Depois de frio, serve-se ao Òrìsà Obá.

16-EUÉ ou URÉRÉ (feijão) = Ossé de Oyá. Devemos cozinhar


o feijão miúdo, depois, inteiro e seco (sem caldo). Picar
bastante tempero verde (salsa). Cozinhar batata doce,
podemos realizar opetezinhos ou cortar em rodelas grossas,
sem casca. Colocar por cima um molho de epô, com cebolas,
salsa e camarões picado. Enfeitar, com bananas fritas no epô,
depois colocar um pouco de açúcar cristal. Serve-se em
travessa ou prato ao Òrìsà.

17- EFÓ = Ossé de Nanã e todos os Òrìsàs, menos para o


Òòsààlá. Esse ossé se realiza com a erva “língua de vaca”.
Devemos lavar e rasgar as folhas e pondo a se cozinhar.
Depois iremos escoar bem, para poder refogar. Devemos
realizar um molho com carne de sua preferência, ou seja,
carne de ovelha ou outras, bem como, camarões, após estar
bem cozida, iremos adicionar a língua de vaca, já pré-cozida
e misturar bem. Obs.: A carne, pode ser usada do animal que
você deseja oferecer esse ossé. Depois de frio, sirva ao Òrìsà
e ao povo.

18- ÀKÀTSÀ (Odé-Òtin) = Devemos limpar bem as espigas de


milho verde, depois ralar as mesmas e passar em uma
peneira. Ao líquido iremos adicionar, açúcar, canela em pau e
erva doce. Leva-se ao fogo, após ficar duro, tira-se com
colher de pau e coloca-se envolto da palha de milho, está já
brevemente, passada em água quente. Serve-se depois de
frio aos Òrìsàs e também ao povo. Muitos,dão o nome de
pamonha. Mas, é o akatsá de Odé-Òtin.

19- ANDÈRÉ (tenro,mole; emplastado) = Ossé de Nanã. É


uma feijoada de feijão miúdo, se misturando carnes e vários
temperos verdes e mais o azeite de dendê. Adicionado
também, farelo de pão dormido, ovos cozidos e picados. É
muito parecido com o vatapá. Serve-se em louça branca e em
sua borda com fatias de pão.

20- EUÉ EFÚ, ÒÒSÀÀLÀ (feijão branco de Òòsààlá) =


Devemos deixar de molho o feijão branco, após ter escolhido
e lavado. Iremos tirar a casca do feijão, depois cozinhar bem,
em água com açúcar. Quando o feijão estiver cozido, colocar
um pouco de côco ralado e leite de côco. Devemos servir em
prato branco e forrado com algodão, pulverizar a massa do
feijão, com côco ralado ou merengue moído. Depois de frio,
serve-se ao Bàbá.

21- BENGUÈ = Devemos cozinhar o milho branco inteiro,


quando ficar em estilo de flor, iremos adoçar o mesmo. Esse
ossé serve tanto para Sòngó; Ó-Obara Ajelu; Odé-Òtin;
Òòsààlá. Para servir devemos usar de acordo o prato,
alguidar ou gamela.

22- AMIÓ OLUBÓ = Ossé de Ibeije. Em primeiro lugar,


devemos desfiar vários peitos de galinha ou frango, aves da
Obrigação. Refogar a carne desfiada com epô, cebola picada e
temperos. Em segundo lugar, devemos realizar o Olubó
simples, ou seja, a água fervente e ir derramando a farinha
de mandioca (Eri-dú) aos poucos até formar o pirão, que nos
dá o Olubó. Em determinados casos: Podemos adicionar ao
peito desfiado, camarão moído, como também, podemos
adicionar à água fervente antes de realizar o Olubó. O sal, só
para o povo. É nota 10, esse ossé, em uma Mesa de Ibeije
(Mesa de Inocente). Obs.: O camarão no Olubó, chama vários
Òrìsàs.
23- OMÙ TÉ-HI-VÍ EJÁ = (massa de inhame (aipim) com
peixe), esse ossé assemelha-se ao Bobó realizado na Bahia.
Ossé de Sòngó e Yansã. Devemos fazer da seguinte maneira:
Descascar o aipim, cortar em pedaços pequenos, colocar para
cozinhar até que possa transformá-lo em uma massa,
passando em uma máquina de moer. Em uma panela a parte,
devemos realizar um molho com epô, cebola picada, cebola
verde e outros temperos, já adicionando o peixe moído ou
camarão picado; bem refogado. Depois devemos unir a
massa de aipim ao refogado de peixe e misturar ambos.
Depois de frio, servir aos Òrìsàs. Ao povo colocar sal a gosto.
Obs.: Quando colocarmos o aipim em rodelas e mais o molho,
serve-se esse ossé para Mãe Òsún.

24-OMÚLÚKÚ = (Omú: massa; lú: bater ou diluir; kú:


esmagar “grãos”) = Ossé de Òsún e, com feijão branco para
Nanã. Feijão miúdo depois de escolhido e lavado, deixamos
de molho por um dia, para facilitar o seu cozimento. Depois
de cozido, iremos escorrer o seu caldo. A primeira, para as
Òsúns novas. Em uma panela, iremos refogar com azeite de
dendê, cebola picada; depois iremos adicionar parte do feijão
cozido e mexer. E quando formar uma pasta, colocar salsa
picadinha. Servir em prato de louça branca as Òsúns. Digo:
Temperar com sal só para o povo. Segunda, para Òsún velha.
Em outra panela, iremos refogar com mel, cebola picada;
depois iremos colocar o restante do feijão cozido e mexer.
Quando formar liga, e ter consistência, iremos juntar o resto
da salsa picadinha. Servimos em prato branco e adicionamos
dois ovos cozidos, cortados em rodelas (medalhão), por fim,
regamos com mel. Depois de frio, servimos aos Òrìsàs. Obs.:
Para o Òrìsà Nanã, iremos utilizar o “feijão branco” e refogado
com epô e temperos, cebola e salsa. E enfeitado com ovos
cozidos, cortado em rodelas, após isso, regamos com mel.
Servimos em louça branca, após estar frio.

25- ÀKÀTSÀ “Ó-OBARA” = Iremos fazer com uma porção de


farinha de milho fina. Leva-se ao fogo com água, para
cozinhar, mais ou menos endurecido. Tempera-se com epô,
opcional com cebola ralada. Quando estiver no ponto, tira-se
do fogo. E retira-se com uma colher de pau aos bocados, que
são envolvidos em pedaços de folha de imbiri, passadas em
água quente para murchar, também podemos usar as folhas
de mamona (baga). Serve-se em alguidar, regando-se com
epô. Depois de frio,serve-se ao Òrìsà de Rua.

26- SINSIM ADIÉ ou ADÉA (GALINHA) = Ossé de Ibeije e


Òsún. É um alimento preparado com galinhas de Obrigação,
depois de limpas; deixando-se cozinhar a galinha inteira, para
depois desfia-la. Após desfiada, iremos refogar com azeite de
oliva ou epô, cebola picada e temperos verdes. Na água em
que foi cozinhada a galinha, iremos colocar aos poucos a
farinha de milho média e, ir mexendo, quando estiver cozida,
então iremos colocar epô ou azeite de oliva, mexer mais um
pouco. Depois iremos adicionar a farinha o refogado de
galinha desfiada e mexer bem, por fim, iremos colocar o leite
de côco. O sal só iremos colocar na parte quando servir ao
povo. Na “Nação de Oyó de Pelotas”em uma “Mesa de Ibeije”
é servido juntos o “Ámálá de Sòngó e Sinsim de Òsún. Sendo
que os mesmos saem do “Peji”para a “Mesa”e da
“Mesa”retornam para o “Peji”. Já em Porto Alegre, em vários
“Ilés”, vejo, servirem canja de galinha, sai do fogão para
“Mesa de Ibeije”e retorna para cozinha e não para o “Peji”. Se
canja fosse ossé de Òrìsà, constaria nos ossés de frente aos
mesmos e deveria estar arriado perante aos Òrìsàs! Respeito.
Dizem que a canja é uma tradição!? Deixo que julguem o
“Fundamento”! O que eu aprendi, que canja se usa em uma
mesa, quando solicitamos misericórdia à uma criança
moribunda, sendo que, o seu resto é despachada em
determinado lugar, pedindo saúde aquela criança. Bom. Então
pergunte aos entendidos, porque, Eles não colocam canja
dentro do “Peji”?

27- SARRABULHO ou SARAPATEL = Òrìsà Nanã = A mais


antiga, das Mães d’água. Òrìsà das chuvas que recebe
Obrigações na clareira das matas e em riachos dentro do
mato e em outros lugares.
No RGS., é realizado dos “èsés” internos, dos animais de
quatro pés, sacrificados na Obrigação. Tiram-se as vísceras,
ou seja, (coração, fígado, bofe, passarinha, etc...). Lava-se
muito bem, depois iremos esfregar com limão as peças.
Depois de tudo bem limpo, levamos ao fogo e damos uma
boa fervura. Depois de pronto, corta-se em pedacinhos bem
pequenos. Iremos preparar um tempero que consta de cebola
picada, coentro, hortelã, manjericão, alecrim, louro, deixando
a salsa picadinha após ficar quase pronto. Iremos refogar
bem os temperos na banha, depois colocamos os picadinhos e
ir mexendo, depois adicionamos o aricum (coloral) depois
juntamos a salsa. Depois de frio, serve-se em tigela ou
alguidar aos Òrìsàs. Obs.: Tanto o Sarrabulho como Sarapatel
se realiza com o sangue do animal, recolhendo em uma bacia
e, em pouco tempo estará coagulado e ferventa-se bem, para
depois se juntar ao picadinho. Mas, quando se trata de
Obrigação, é lógico! Não iremos usar o sangue no ossé.
Atenção: Quando servimos ao povo, adicionar sal à gosto.

28- DÙGBÒLU (entrechocar-se) = DOBURÚ ou DUBURÚ


(pipocas, milho especial) = Ossé de Sakpata, Xapanã (RS.).
Também chamado de flor destes Òrìsàs, pois, foi o único ossé
que amansou. No RS., realizamos de duas maneiras. A)
Pipocas simples sem tempero. B) Pipocas depois de
estraladas, untam-se as mãos com dendê para deixar as
pipocas amarelinhas. Depois de acondicionadas no alguidar se
rega com mel e se pulveriza com côco ralado e enfeita-se
toda orla com “fatias de côco” com casca (preto e o branco do
côco), indicando linhas semicirculares, mergulhando uma das
pontas no ossé e deixando a outra ponta para fora, indicando
o chão (terra). Esse ossé (B) é muito usado nos rituais de
Jèje.

29- ABADÓ DE YANSÃ = Ossé de espigas de milho verde para


Yansã. Dentro de seu àse, escolhemos as espigas de milho
verde e devidamente limpas, guardando as palhas verdes
para o enfeite no alguidar. Colocamos à cozinhar as espigas.
Depois de cozidas as espigas, iremos passar epô nas mãos e
passar nas espigas e depois mel. No alguidar, devemos forrar
com as folhas verde do milho para depois acondicionar as
espigas.Depois de frias, serve-se à deusa dos ventos.

30-OBÈ EJÁ OLUBÓ = (ensopado de peixe com pirão) = Ossé


à todos Òrìsàs. Depois de limpos os peixes, devemos esfregar
limão e logo após coloca-los de molho no tempero, já
brevemente preparado. Em uma panela a parte iremos
construir um molho com cebola picada, manjericão, louro,
salvia, alecrim, açafrão, orégano, cominho, azeite de oliva e
tomate picadinho, sem casca. Em outra panela, iremos
realizar uma armação em seu fundo com taquarinhas, para o
peixe não grudar no fundo da panela, logo após iremos
acomodar os peixes ( normalmente usamos o pitado que é o
mais farto de nossa região, também podemos realizar com
camarões ou outro peixe), depois de feito isso, iremos
adicionar o molho por cima e fechar bem a panela por vinte
minutos, após à este tempo, está pronto o ensopado; só
iremos colocar o sal após tirar o prato dos Òrìsàs. A parte,
iremos fazer o Olubó com farinha de mandioca e água, após
ficar endurecido, tiramos a parte para os Òrìsàs. Depois
iremos adicionar o sal para servir ao povo. Após esfriar arriar
aos Òrìsàs.

Desejo esclarecer: Que nos fins dos anos cinqüenta até fins
dos anos sessenta: na região Sul do Estado onde eu morava,
“Cerrito”, era muito difícil encontrar-se peixes, bem como,
camarões, e também de difícil conservação, pois naquela
época poucas pessoas possuíam refrigeradores. Já no Rio
Grande e em Pelotas se encontrava, mas era muito difícil a
sua conservação. Quero dizer, que muitos ossés de origem
Africana que em sua base tinha peixe ou camarões se
perderam no tempo, por motivos, de alguns locais não ter o
material ou de fazer sua conservação. E, em muitos ossés, o
peixe, foram substituídos por carne vermelha. Assim como, o
azeite de dendê, vinha sob encomenda da Cidade de Rio
Grande, em garrafões; usava-se muito o azeite de oliva e
banha de porco. Já em Porto Alegre, após os anos setenta,
tornou-se mais fácil à aquisição de peixes, camarões e azeite
de dendê e, aí começarão a surgir velhas receitas com peixe e
camarões à Òrìsàs.

Receita de bolinho de peixes (trairá, lambari, pintado ou outro


qualquer), receita dada pela “Negra Velha, Dorotéia, mais
conhecida por Vó Doca”.

Material: 1/2 kgr. de peixe; 2 kgr. de farinha de trigo; 6 ovos


(clara e gema); fermento de bolo. Temperos: Cebola picada,
salvia, coentro e salsa picada, azeite de oliva.

Devemos cozinhar o peixe inteiro, após de limpo, extraímos


as espinhas ou passa-se na máquina de moer. Refogamos a
massa do peixe com os temperos. Realizamos a mistura de
farinha com os ovos e o fermento e um pouco de água para o
fermento trabalhar. Depois devemos unir a massa do peixe
com a massa farinha e adicionar a salsa picada. Fritamos os
bolinhos na banha de porco ou até no azeite de dendê. Serve-
se aos convidados.

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